domingo, 11 de agosto de 2019

Aula 07 – A MORDOMIA DOS DÍZIMOS E OFERTAS – Subsídio


3º Trimestre/2019
Texto Base: Malaquias 3:7-12
“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança" (Ml.3:10).
Malaquias 3:7-12
7-Desde os dias de vossos pais, vos desviastes dos meus estatutos e não os guardastes; tornai vós para mim, e eu tornarei para vós, diz o SENHOR dos Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?
8-Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas.
9-Com maldição sois amaldiçoados, porque me roubais a mim, vós, toda a nação.
10-Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança.
11-E, por causa de vós, repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; e a vide no campo não vos será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos.
12-E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o SENHOR dos Exércitos.

INTRODUÇÃO

Continuando o estudo sobre Mordomia Cristã, trataremos nesta Aula da Mordomia dos Dízimos e Ofertas. A Igreja Local tem como recursos de subsistência os Dízimos e as Ofertas, advindos dos seus membros e congregados, o que, de fato, é muito saudável.
Utilizando estas duas fontes de recursos financeiros, a Igreja Local exerce a missão de evangelizar, cumpre suas obrigações trabalhistas, serve aos domésticos da fé e os de fora em suas necessidades. Para que se mantenha pagando suas contas com fidelidade - como energia elétrica, água, salários, manutenção dos templos, prestar serviços sociais, desempenhar obras missionárias e evangelísticas, dentre outras coisas, a Igreja depende das contribuições financeiras trazidas pelos fiéis. Não é salutar uma Igreja Local ser financiada pelo Estado, doações de políticos ou outros meios extrabíblicos.
As contribuições devem ser realizadas impulsionadas pelo amor ao Reino de Deus, e não por constrangimento ou obrigação ou por interesse em barganhar com Deus. Deus não precisa de nós e nem do nosso dinheiro para realizar a Sua obra. Ele é dono de tudo. Somos apenas mordomos, devendo nós prestar contas ao verdadeiro Dono do universo de tudo o que nos foi dado para administrar.

I. AS FONTES DE RECURSOS DA IGREJA LOCAL

Como eu disse, as duas principais fontes de recursos da Igreja são: Dízimos e Ofertas. Bingos, sorteios, rifas, e outros tipos de jogos de azar não são fontes de recursos autorizados pela Bíblia Sagrada. Sem essas duas modalidades de recursos financeiros – os Dízimos e as Ofertas – muitas atividades da Igreja ficariam inviabilizados, ou até mesmo paralisadas. Por isso, cada cristão servo de Deus, deve se conscientizar de sua terna responsabilidade em contribuir financeiramente para a Obra do Senhor. Esta é uma maneira explícita de participar da Grande Comissão estabelecida pelo Senhor Jesus (Mt.28:19,20).

1. O Dízimo

1.1 O que o Dízimo é?
a) é um reconhecimento de que somos mordomos do Rei Jesus. Mordomo, como temos visto até agora, é aquele que administra bens alheios. Em Mateus 19:21,22, temos o relato feito por Jesus sobre um jovem rico que não quis seguir a Jesus porque pensava que era dono das terras que ocupava. Perdeu a bênção e a salvação por não reconhecer que era apenas um mordomo. As terras que ele pensava que eram dele já passaram por muitas outras mãos, e continuam lá na Palestina, ocupadas por outros que também pensam ser donos delas. Quando reconhecemos que não somos donos daquilo que usamos e administramos, então temos o prazer de dar o Dízimo ao legítimo Dono.
b) é uma prova de gratidão a Deus. O Salmista dizia: “Que darei eu ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito?” (Salmos 116:12). Todo ser humano gosta de receber agradecimentos ou elogios. Deus também gosta de receber elogios e de ouvir palavras e atos de gratidão de nossa parte. Deus se agrada quando reconhecemos o seu cuidado e o seu amor diário para conosco. A Bíblia está cheia de homens e mulheres que demonstraram sinceras atitudes de gratidão a Deus. Cito alguns:
-Noé, após sobreviver ao dilúvio, expressou sua gratidão oferecendo sacrifico a Deus (Gn.8:20).
-Davi, no Salmo 116:7, declara: “eu te darei uma oferta de gratidão e a ti farei as minhas orações”.
-Ana agradeceu a Deus por lhe abrir a madre oferecendo o seu filho Samuel para ser exclusivo na casa do Senhor (Samuel 1).
E nós, o que oferecemos a Deus como gratidão pela Sua graça derramada? Gratidão a Deus, amor pelas almas, amor pela obra social da Igreja Local, são boas razões para que um crente possa dar o seu dízimo.
c) é uma forma de adoração - “...e ninguém compareça vazio perante Mim(Êx.23:15). Salomão entendeu esta exigência de Deus, e disse: “Honra ao Senhor com a tua fazenda e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros abundantemente, e transbordarão de mosto os teus lagares” (Pv.3:9,10). Esta é uma forma de adoração que agrada ao Senhor.
d) é um ato de fidelidade e de compromisso com Deus. À medida que separamos parte do nosso patrimônio para o sustento da obra do Senhor, com certeza estamos demonstrando que não somos indiferentes à obra de Deus, damos uma prova concreta de que estamos comprometidos e envolvidos com os planos e propósitos de Deus para a humanidade. A fé sem obras é morta (Tg.2:17) e, quando dizimamos, estamos praticando uma atitude que mostra que temos uma verdadeira fé, revelamos que amamos a Deus.
1.2. O que o Dízimo não é?
a) não é um investimento para uma vida abastada aqui na Terra, como muitos têm pregado por aí. Não devemos dizimar visando obter maiores lucros, como se o dízimo fosse uma aplicação financeira ou um investimento de grande retorno no “banco de Deus”. Os teólogos da prosperidade têm, muitas vezes, dito que o dízimo ou “o sacrifício" (como muitos têm denominado a contribuição bem superior à décima parte, envolvendo, não poucas vezes, todo o patrimônio de alguém, "o seu tudo”, como dizem) é o caminho mais rápido e eficaz para a riqueza e para a ampla prosperidade material. Mas, dízimo não é investimento, nem um modo “santo” de se canalizar a ganância, algo que é próprio dos mais miseráveis de todos os homens (1Co.15:19).
b) não é uma fonte de obrigações que Deus terá de cumprir. Muitos acham que, dizimando, criam para Deus obrigações. Assim, entregam seus dízimos porque, assim, Deus estará obrigado a lhes dar bênçãos de prosperidade material, de saúde ou, até mesmo, de salvação. Pensam que o dízimo vincula Deus a seus caprichos, desejos e aspirações. Deus é soberano e não deve satisfação à sua criação, de modo que é totalmente enganoso esse ensino. Deus não tem que dar satisfação a ninguém, a não ser a Ele mesmo.
c) não é meio de salvação. Nem todo dizimista é salvo. Dizer que, com a entrega do dízimo, estaremos dando passos importantes para a nossa salvação é o mesmo que dizer que, pelas obras, nós seremos salvos. É ressuscitar o odioso conceito da doutrina das indulgências que fez com que Deus levantasse homens como Martinho Lutero para recuperar a santidade e a biblicidade na Sua Igreja.
d) não é um meio de enriquecimento de inescrupulosos e mercenários da fé. Muitos têm se aproveitado da doutrina do dízimo para amealharem riquezas e fazerem do evangelho um negócio rentável, cada vez mais crescente. Esta possibilidade não passou despercebida do Senhor que, em Sua Palavra, já nos primórdios da fé cristã, já advertia os crentes que muitos seriam feitos negócio com palavras fingidas de pessoas inescrupulosas (2Pd.2:3). Certamente, para esses falsos pastores que escandalizam o reino de Deus, Jesus diz:
“... ai daqueles por quem vierem os escândalos! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse lançado ao mar” (Lc.17:1,2).
“Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a Iniquidade” (Mt.7:22,23).
e) não é um meio de logro dentro da Igreja. Muitas pessoas acham que, por entregarem fartos dízimos têm o direito de opinar, de ser indicado ao ministério eclesiástico ou de estabelecer as diretrizes para o ministério da Igreja Local. Na verdade, há, mesmo, ministros do Evangelho que dão satisfações ou procuram agradar um determinado grupo na Igreja Local por causa do papel que eles representam no sustento seu e da obra do Senhor. Todas estas atitudes são amplamente reprovadas pelas Escrituras, que não admitem a acepção de pessoas e tratam aos que assim procedem como pecadores (Tg.2:1-9). Os dons divinos não se adquirem nem se exercem por dinheiro (At.8:18-23). Isso é simonia, isto é, o exercício de todas as formas de comércio relacionadas a questões divinas.

2. O que é Oferta?

A Oferta é uma demonstração material de reconhecimento da soberania de Deus e de Sua graça provedora. Deus se agrada do gesto de gratidão e reconhecimento do seu povo, do que está no coração do homem, não do que está sendo apresentado em termos materiais. Tanto assim é que, ao indagar Caim sobre sua oferta, Deus diz que ele deveria ter feito bem, ou seja, não como um mero formalismo, não como um mero ritual, mas como algo espontâneo e que proviesse do fundo da alma, pois, somente neste caso é que haverá aceitação por parte do Senhor (Gn.4:7).
No Novo Testamento, este Deus que não muda nem nEle há sombra de variação (Tg.1:17), torna a nos ensinar que Ele ama àquele que dá com alegria (2Co.9:7).
O Novo Testamento nos ensina sobre a importância das nossas ofertas para cumprir a missão que Deus deu à Igreja. Cada pessoa verdadeiramente convertida a Cristo dará conforme as suas condições por querer participar do trabalho importantíssimo da Igreja.

II. A BASE BÍBLICA PARA OS DÍZIMOS E AS OFERTAS

1. O Dízimo no Antigo Testamento

1.1. Na época dos Patriarcas. Não temos relato de alguma regra sobre dízimos na época patriarcal, ou seja, antes da Lei de Moisés.
-Abraão. Ele pagou a Melquisedeque o dízimo (10%) dos despojos (Hb.7:4) de uma vitória militar (Gn.14:18-24). Neste caso, Deus não nos revelou o motivo e não falou se era ou não o costume de Abrão dar o dízimo de tudo que recebia. Se houve alguma lei atrás disso, exigindo que Abrão desse o dízimo, as Escrituras não a relatam.
É bom ressaltar que Abraão não usou o dízimo como um instrumento de barganha, não deu para receber, não deu para ser abençoado, ele usou o dízimo como instrumento de gratidão.
“E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era Sacerdote do Deus Altíssimo. E abençoou-o e disse: Bendito seja Abraão do Deus Altíssimo, o possuidor dos céus e da terra! E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos! E deu-lhe o dízimo de tudo”(Gn.14:18-20).
As pessoas que alegam algum tipo de lei geral do dízimo com base neste texto bíblico estão ultrapassando a Palavra do Senhor.
- Jacó. Este foi outro patriarca que deu o dízimo antes da Lei mosaica.
“E Jacó votou um voto, dizendo: se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestido para vestir, e eu tornar em paz à casa de meu pai, o Senhor será o meu Deus... E de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo”(Gn.28:20-22).
Aqui, o texto trata de um voto, ou uma obrigação que a própria pessoa assumiu, e nada diz de lei ou dever imposto por Deus. Ao contrário do que muitos pensam, ele não disse: “se eu ficar rico”, ou “se eu ganhar muito dinheiro”. Não foi esta a sua oração. Ele pediu a Deus o básico, as condições necessárias para a sua sobrevivência: alimento e roupa. Ele prometeu dar o dízimo “de tudo quanto me deres”, ou seja, pouco ou muito. O dízimo nunca teve o objetivo de ser um instrumento para gerar riquezas. Ele deve ser exercitado como uma prova de gratidão, de obediência e de fé. 
1.2. Na Lei de Moisés. É incontestável que o Dízimo é um mandamento ordenado pela Lei mosaica aos filhos de Israel, para que cumprissem o pagamento de 10% sobre toda produção agrícola e toda criação de animais (ver Lv.27:30-32,34). Ele é mencionado em mais de 20 versículos, de Levítico a Malaquias. Todas essas citações se referem ao povo de Israel.
O trecho de Malaquias 3:6-12, frequentemente citado em algumas igrejas para obrigar as pessoas a dar o dízimo, refere-se a um povo material (os israelitas), que habitava numa terra material (Israel) onde produzia frutos do campo e tinha obrigação de dar os dízimos. Assim fazendo, este povo seria abençoado materialmente por Deus. Quando o povo não dava o devido valor aos dízimos, era repreendido pelo Senhor por meio dos profetas, e Malaquias foi um dos principais. Mas, quem utiliza as palavras de Malaquias para fazer regras sobre dízimos, hoje, está distorcendo as Escrituras. A Igreja de Jesus é um povo espiritual que habita no Espírito e recebe bênçãos espirituais e tem muitas promessas, não materiais, mas espirituais – E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna” (1João 2:25).

1.3. Motivos da exigência do Dízimo aos filhos de Israel

a) prover a Tribo de Levi que não recebeu herança. Depois de os filhos de Israel saírem da terra do Egito, após peregrinarem 40 anos pelo deserto, chegaram à Terra Prometida. A cada tribo, o Senhor concedeu as respectivas possessões de terras. Somente à tribo de Levi, não foi permitido por Deus que se distribuísse qualquer posse.
"Pelo que Levi não tem parte nem herança com seus irmãos; o Senhor é a sua herança, como o Senhor teu Deus lhe disse"(Dt.10:9).
"Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da tenda da congregação" (Nm.18:21).
"Porque os dízimos dos filhos de Israel, que apresentam ao Senhor em oferta, dei-os por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão" (Nm.18:24).
b) socorrer os necessitados (ver Dt.14:28,29). Cuidar dos que, realmente, são necessitados é uma ordenança de Deus, tanto na Antiga como na Nova Aliança. Na Nova Aliança, o escritor sagrado chama isso de “verdadeira religião” (cf.Tg.1:27).
“Ao fim de três anos, tirarás todos os dízimos da tua novidade no mesmo ano e os recolherás nas tuas portas. Então, virá o levita (pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão, para que o SENHOR, teu Deus, te abençoe em toda a obra das tuas mãos, que fizeres” (Dt.14:28,29).
“Quando acabares de dizimar todos os dízimos da tua novidade, no ano terceiro, que é o ano dos dízimos, então, a darás ao levita, ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas e se fartem” (Dt.26:12).
Vemos, nestes textos, como o Senhor se preocupa com os pobres e necessitados entre o seu povo.
“Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e este lhe paga o seu benefício” (Pv.19:17).
c) era mandamento aos filhos de Israel (ler Lv.27:30-32,34). O Dízimo está incluso nos mandamentos ordenados pelo Senhor. Tendo sido incluso na Lei, o Dízimo se tornou uma obrigação legal ao povo de Israel.
30.Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores são do SENHOR; santas são ao SENHOR.
31.Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará o seu quinto sobre ela.
32.No tocante a todas as dízimas de vacas e ovelhas, de tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao SENHOR.
34. Estes são os mandamentos que o SENHOR ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai.
O não cumprimento de uma obrigação legal é crime em qualquer país do mundo. Por esta razão, para Israel, reter o dízimo seria tomar para si aquilo que não era seu.
O dízimo, legalmente, era propriedade do Senhor, de acordo com a Lei de Israel. Por esta razão, Israel quando deixou de entregar os dízimos, no tempo de Malaquias, foi acusado de estar roubando o Senhor.
“Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas”(Ml.3:8).
Não cumprir a Lei perante os homens é crime, perante Deus é pecado. Assim, de acordo com a Lei Mosaica, não se podia negar que os que deixavam de dar os dízimos estavam roubando o Senhor.

2. O Dízimo no Novo Testamento

No Antigo Testamento, o Dízimo servia para a manutenção dos sacerdotes e levitas (Ne.10:37; 18:21). Este princípio do sustento do ministério integral se aplica, também, no Novo Testamento (1Tm.5:17,18).
“Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina. Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário”.
“Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1Co.9:14).
Todavia, na Nova Aliança, dar o dízimo é um ato voluntário, não uma obrigação, como era na Antiga Aliança; é uma questão de fé. Pessoalmente, e este é um pensamento nosso, não concordamos que o crente, nesta Nova Aliança, possa ser acusado de ladrão por não dar o dízimo, como era no ordenamento civil judaico (Ml.3:8). Não estamos debaixo dessa legislação, que foi ab-rogada, anulada (Hb.7:18).
“Porque o precedente mandamento é ab-rogado por causa da sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou), e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus” (Hb.7:18,19).
No compêndio doutrinário da Igreja (o Novo Testamento), a contribuição financeira, seja qual for a modalidade, não é obrigatória, é voluntário (2Co.9:7). Portanto, retê-lo não é crime, mas pode ser considerado pecado, se esta omissão for por avareza, ganância. Lembre-se, o que separa o homem de Deus é o pecado (Is.59:2), e avareza é pecado (Cl.3:5).
Todavia, se a Igreja entender que o não dizimista é um ladrão, então, biblicamente, ele deve ser excluído da Igreja. A Igreja não pode ter um ladrão confesso no rol de seus membros ou ministério. De acordo com a Bíblia, o ladrão está equiparado aos adúlteros e aos que praticam atos homossexuais (cf. 1Co.6:10). Acusar um crente de ladrão pelo fato de não ser dizimista pode acarretar para o acusador problemas de ordem penal, visto que nossa legislação não contempla essa figura jurídica para caracterizar um ladrão. Pessoalmente, e este é um pensamento nosso, dar o dízimo é uma questão de fé.
O Novo Testamento, a Aliança que governa o povo de Deus nos dias atuais, não exige que todos doem 100% de suas posses, e nem estipula 10% (o dízimo) como oferta obrigatória. Devemos contribuir para a Obra de Deus conforme a nossa prosperidade (1Co.16:2), com alegria e sinceridade (2Co.8:8), segundo proposto no coração (2Co.9:7), com generosidade (2Co.9:11) e com um espírito de sacrifício (2Co.8:5; Fp.4:18).
“No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar” (1Co.16:2).
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2Co.9:7).
Seguindo esses princípios, muitos discípulos de Cristo darão até mais de 10% de sua renda, mas farão isso com alegria, por livre vontade e deliberação, não pela imposição de exigências humanas, mas em gratidão a Deus pela Sua graça provedora. Cristãos verdadeiros que fazem parte de igrejas dedicadas ao Senhor terão prazer em participar do Trabalho de Deus.

3. As Ofertas nas Escrituras

Esta modalidade de contribuição é basilar na Igreja Local e está devidamente fundamentada nas Escrituras Sagradas, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Sem ela, não há sustentação das atividades da Igreja Local.
Conquanto seja voluntária (2Co.9:7), pois na obra de Deus nada é obrigatório, elas se tornam quase que obrigacionais, pois sem elas a maior parte das atividades da Igreja ficará estagnada.
Somos nós que temos que fazer a Obra de Deus, mas para isto é necessária disponibilidade financeira, que tem como principal fonte as Ofertas voluntárias. Foi sempre assim desde o Antigo Testamento.
O Tabernáculo, no deserto, foi construído com as ofertas voluntárias do povo (cf. Êx.25:2-7). Ninguém foi obrigado a dar. Não devia haver obrigação de nenhum tipo, exceto a que nasce do amor e da gratidão.
“Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada” (Ex.25:2).
“Tomai, do que vós tendes, uma oferta para o SENHOR; cada um, cujo coração é voluntariamente disposto, a trará por oferta alçada ao SENHOR...” (Êx.35:5).
“Todo homem e mulher, cujo coração voluntariamente se moveu a trazer alguma coisa para toda a obra que o SENHOR ordenara se fizesse pela mão de Moisés, aquilo trouxeram os filhos de Israel por oferta voluntária ao SENHOR” (Êx.35:29).
O que mais impressiona o meu coração é o fato de que deram tudo voluntariamente, e de todo o coração. Eles ouviram a voz do Senhor e corresponderam imediatamente.
Sem dúvida, o Diabo era bastante astucioso para insinuar que aquela obra envolvia despesas extraordinárias, que o custo de vida seria elevado e que era prudente poupar ou guardar cuidadosamente o que possuíam, pois estavam no deserto. Mas, os filhos de Israel, naquele tempo da sua história, tinham os seus olhos postos no Senhor, e a vontade do Senhor era de suprema importância para todos eles.
Como no passado, ainda hoje os templos são construídos graças à oferta do povo de Deus. De outra maneira, não seria possível. A obra de Deus requer parceria humana. Que lição preciosa a ser seguida pelo povo de Deus da Nova Aliança!
Quando cada crente entende que a Oferta é parte vital na comunhão com Deus, e dá liberalmente, a Igreja não precisa descer ao “Egito” (ao mundo) para mendigar ajuda dos infiéis. Ao povo de Deus da Nova Aliança, o fator motivante para a contribuição é a alegria (2Co.9:7).
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria” (2Co.9:7).

3.1. O que Deus pede aos cristãos

a) Ofertas conforme a nossa prosperidade (1Co.16:1,2). Embora este trecho trate de uma necessidade específica (os santos necessitados em Jerusalém), ele ensina um princípio importante que ajuda em outras circunstâncias. As necessidades podem ser diferentes, mas a regra de ofertas continua a mesma. Devemos dar conforme nossa prosperidade. Quem não possui nada e não ganha nada não terá condições de ofertar (veja 2Co.8:12). Mas, qualquer servo do Senhor que goza de alguma prosperidade, deve ofertar.
b) Ofertas feitas com amor e sinceridade (2Co.8:8-15). O amor, a generosidade e a prontidão para a obra do Senhor são características do servo de Deus. Paulo comenta sobre as contribuições dos cristãos de Coríntio:
“Não vos falo na forma de mandamento, mas para provar, pela diligência de outros, a sinceridade do vosso amor; pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2Co.8:8,9).
Paulo está dizendo que o motivo maior de ofertar é o amor. O cristão que tem condição de ofertar e não o faz, está demonstrando que não ama a Deus.
A pessoa que tem prosperidade deve ofertar por obrigação? Não. O amor a Deus e à Sua Obra é o maior motivo. O amor é citado inúmeras vezes nas Escrituras como motivo para nosso serviço cristão, e isso inclui as ofertas.
Um exemplo neotestamentário que podemos nos espelhar é o da Igreja da Macedônia nos dias Paulo. Veja o testemunho que ele dá dos crentes da Macedônia quanto ao desprendimento de ofertar com liberalidade e amor:
“Também, irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia;
como, em muita prova de tribulação, houve abundância do seu gozo, e como a sua profunda pobreza superabundou em riquezas da sua generosidade” (2Tm.8:1,2).
O que faz com que um grupo de crentes pobres, carentes de ajuda, abra mão do pouco ou quase nada que possuem, para ajudar os outros? A resposta está em 2Co 8:5: “... a si mesmos se deram primeiramente ao Senhor...”. Aqueles que se dão ao Senhor, mesmo tendo poucos recursos, têm mãos abertas não apenas para dar, mas também para receber. O segredo para ser despojado das coisas materiais, seja rico ou pobre, é se dar ao Senhor.
c) Ofertas segundo o que tiver proposto no coração (2Co.9:7). Foi o próprio Paulo quem disse: “Cada um contribua segundo propôs no seu coração...” (2Co.9:7).
d) Ofertas feitas como sacrifícios agradáveis e aprazível a Deus (Fp.4:17,18). As ofertas do cristão não são apenas o que sobra depois de satisfazer os nossos próprios desejos. Pessoas que sempre querem receber, ao invés de procurar dar liberalmente, não servem a Cristo (veja a repreensão forte de Tiago 4:1-4). Paulo disse que as ofertas são sacrifícios. Dinheiro que poderíamos empregar em outras coisas, até coisas egoístas, será doado para fazer a obra do Senhor.
“Não que procure dádivas, mas procuro o fruto que aumente a vossa conta. Mas bastante tenho recebido e tenho abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus” (Fp.4:17,18).

III. A MORDOMIA DOS DÍZIMOS E DAS OFERTAS NA IGREJA LOCAL

1. Como deve ser a entrega dos dízimos e das ofertas na Igreja Local

a) quanto se deve contribuir financeiramente para a Igreja Local? Na doutrina neotestamentária, não somos ordenados por Deus a darmos uma porcentagem fixa. Jesus, através de Paulo, ensina que as igrejas devem fazer coletas nas quais os cristãos darão de acordo com sua prosperidade (1Co.16:1,2). Temos que dar com amor, generosidade e alegria, conforme tencionamos em nossos corações (2Co.8:1-12; 9:1-9). Portanto, podemos dar 10%, ou mais do que 10% ou menos do que 10%. Os nossos recursos financeiros devem estar a serviço do legítimo Dono, o Senhor Jesus.
b) como devem ser aplicadas as Contribuições Financeiras? Dinheiro dado para o trabalho da Igreja deve ser aplicado exclusivamente nas coisas que Deus autorizou que a Igreja fizesse. Os homens que desviam o dinheiro da Oferta e do Dízimo para criar ou manter instituições humanas ou outras obras não autorizadas pelo Senhor estão ultrapassando a doutrina dele (veja 1Co 4:6; 2João 9).
“E eu, irmãos, apliquei essas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós, para que, em nós, aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro” (1Co.4:6).
“Todo aquele que prevarica e não persevera na doutrina de Cristo não tem a Deus; quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto o Pai como o Filho” (2João 9).

2. Alguns erros referentes à Contribuição Financeira e que devem ser evitados

São muitos os erros referentes à Contribuição Financeira que é entregue na Igreja Local, cometidos por pessoas até bem-intencionadas, porém, sem conhecimento da Palavra de Deus. Cito dois exemplos.
a) é um erro pensar que o dinheiro vai ser mal aplicado. O diabo tem posto no coração de alguns que não devem contribuir porque o dinheiro vai ser mal administrado e mal aplicado pelos pastores. Por analogia, no que diz respeito aos nossos impostos, se pensarmos assim, todos deixariam de pagar.
Estamos cansados de saber que o dinheiro público é roubado e mal aplicado. No entanto, temos que continuar pagando. No princípio da Igreja os fiéis traziam suas contribuições e “depositavam nos pés dos Apóstolos”(Atos 4:34). Feito isto, tanto os israelitas como os crentes da Igreja Inicial, cumpriam suas obrigações. Fiscalizar a aplicação do dinheiro entregue não era função deles; era responsabilidade dos que recebiam as contribuições.
Assim, se o dinheiro das contribuições, for mal aplicado, o problema não será de quem deu, mas será de quem aplicou mal. É preciso crer na Palavra de Deus, e ela diz: “de maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”(Rm.14:12).
Lembremos do caso de Judas, ele era o tesoureiro, apesar de ser ladrão (João 12:6): roubou; aplicou o dinheiro em benefício próprio; morreu pendurado numa corda, e foi para o inferno. É preciso crer na Justiça de Deus.
b) é um erro pensar que não vai contribuir por não simpatizar com o pastor. Em todas as cidades há um lugar público para a adoração, conhecido Igreja Local. O Senhor Jesus comparou cada membro desta Igreja a uma ovelha, e a comunidade a um rebanho. A ovelha é um animal cem por cento útil. Uma fazenda de criação de ovelhas é mantida com a lã, com o leite, com a carne e com a reprodução das ovelhas. Não é a ovelha que escolhe onde ela vai entregar sua produção, seja a fazenda grande ou pequena. Sua produção é recolhida pelos seus pastores, na fazenda onde ela vive.
O mesmo acontece com nossos impostos. Se moramos numa cidade grande e muito rica, não podemos pagar nossos impostos numa cidade pequena e pobre. Cada contribuinte paga no seu domicílio fiscal, não importando se a cidade é rica ou pobre, gostando ou não do seu governante. Imagine se cada cidadão pudesse escolher onde pagar! Não haveria estabilidade administrativa. Seria um caos. Nenhum município poderia prever sua receita. Não haveria orçamento. Portanto, pagar os tributos não é uma questão de escolha, de poder ou não confiar no governante, de gostar ou não dele. Pagar tributos é uma exigência legal.
Na Igreja Local, acontece a mesma coisa. Não importa se ela é grande e rica, ou se é pequena e pobre. É ali o seu lugar de adoração, é ali a Casa do Senhor, é ali onde você é abençoado, e é ali que você tem seus compromissos financeiros. A igreja precisa de nossa Contribuição Financeira para honrar os seus compromissos, que não são poucos. Pense nisso!

CONCLUSÃO

A Igreja, enquanto estiver aqui na terra, precisa de recursos financeiros. O objetivo de Satanás é levar o crente a deixar de contribuir; assim, ele busca enfraquecer a Obra do Senhor. Com esse objetivo ele inventa e espalha muitos “boatos”.
Se você, meu irmão, ama a Jesus e ama a Sua Obra, ainda que escândalos aconteçam, e acontecem mesmo, não deixe sua fé abalar, continue contribuindo com seu Dízimo e suas Ofertas, mas, com alegria e não por obrigação, “porque Deus ama ao que dá com alegria” (2Co.9:7).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 79. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Louis Berkhof. Teologia Sistemática.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Ev. Caramuru Afonso Francisco – Dízimos e Ofertas, uma disciplina abençoadora. PortalEBD_2012.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Mordomia do Dízimo. PortalEBD_2003.

domingo, 4 de agosto de 2019

Aula 06 – A MORDOMIA DA ADORAÇÃO – Subsídio


3º Trimestre/2019
Texto Base: João 4:19-26
"Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem" (João 4:23).
João 4:
19-Disse-lhe a mulher. Senhor, vejo que és profeta.
20-Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.
21-Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.
22-Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus.
23-Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
24-Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
25-A mulher disse-lhe: Eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem; quando ele vier, nos anunciará tudo.
26-Jesus disse-lhe: Eu o sou, eu que falo contigo.

INTRODUÇÃO

Em continuidade ao estudo sobre Mordomia Cristã, trataremos nesta Aula a respeito da Mordomia da Adoração. A ordem do Senhor a todos os seus mordomos é: “Ao Senhor teu Deus Adorarás”(Mt.4:10). Não adorar a Deus significa não obedecer à sua Palavra. A Mordomia da Adoração, que na Antiga Aliança era feita no Templo, mediante sacrifícios, na Nova Aliança, ela se realiza "em espírito e em verdade" (João 4:23). Ou seja, hoje, a verdadeira adoração não está mais centrada no ritualismo ou no simbolismo da Antiga Aliança, mas na Pessoa bendita de Jesus Cristo. Ele é o centro. Ele é o tudo. Ele é o nosso Senhor e Salvador.

I. O QUE É ADORAÇÃO

01. Conceito

Adoração é uma honra que se presta a Deus, em virtude do que Deus é e do que significa para os que O adoram. O termo Adoração vem do latim “adorationem”, cujo significado é “orar para alguém”. No grego, língua em que foi escrito o Novo Testamento, é “proskyneo”, que significa “um ato de prostração e reverência”; é o homem prostrado diante de Deus em sinal de reconhecimento de Sua soberania, de Seu poder, de Sua grandeza, de Sua glória, tal como João o viu sendo adorado no Céu:
“Os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do que estava assentado sobre o trono, e adoravam o que vive para todo o sempre; e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas” (Ap.4:10,11).
Nesta declaração feita no Céu nós podemos encontrar o fundamento da Mordomia da Adoração. Deus deve ser adorado porque ele é o Criador e o sustentador de todas as coisas - “...porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”. O Salmista entendeu esta verdade, e declarou: “Ó, vinde adoremos e prostremo-nos; ajoelhemo-nos diante do Senhor que nos criou” (Sl.95:6). Na adoração, o Mordomo prostra-se diante do seu Criador em reconhecimento de que só Ele é o Senhor.

2. No Antigo Testamento

O ser humano adora a Deus desde o início da história.
-Adão e Eva tinham comunhão regular com Deus no jardim do Éden (cf.Gn.3.8).
-Caim e Abel trouxeram a Deus oferendas de vegetais e de animais (Gn.4:3,4).
-Os descendentes de Sete invocavam “o nome do SENHOR” (Gn.4:26).
-Noé construiu um altar ao Senhor para oferecer holocaustos depois do dilúvio (Gn.8:20).
-Abraão assinalou a paisagem da terra prometida com altares, nos quais oferecia holocaustos ao Senhor (Gn.12:7,8; 13:4,18; 22:9), e falou intimamente com Ele (Gn.18:23-33; 22:11-18).
Somente depois do êxodo, quando o Tabernáculo foi construído, é que a adoração pública tornou-se formal. A partir de então, sacrifícios regulares passaram a ser oferecidos diariamente, e especialmente no sábado, e Deus estabeleceu várias festas sagradas anuais como ocasiões de culto público dos israelitas (Êx.23:14-17; Lv.1—7; Dt.12; Dt.16).
O culto a Deus foi posteriormente centralizado no Templo de Jerusalém (cf. os planos de Davi, segundo relata 1Cr.22—26).
Quando o Templo foi destruído, em 586 a.C., os judeus, no cativeiro babilônico, construíram sinagogas como locais de ensino da lei e adoração a Deus, e aonde quer que viessem morar.
Com o retorno a Jerusalém, os judeus repatriados, incentivados por Esdras e Neemias, reavivaram o culto levítico (Ne.2:22-30). O Templo foi restaurado e os sacerdotes voltaram a realizar o culto divino, conforme Deus tinha proposto. As sinagogas continuaram em uso para o culto de adoração a Deus, mesmo depois de construído o segundo templo por Zorobabel (Ed.3—6).

3. No Novo Testamento

A adoração na Igreja Primitiva era prestada tanto no Templo de Jerusalém quanto em casas particulares (At.2:46,47). No início da Igreja haviam sinagogas na terra de Israel e em todas as partes do mundo romano (cf. Lc.4:16; João 6:59; At.6:9; 13:14; 14:1; 17:1,10; 18:4; 19:8; 22:19).
Fora de Jerusalém, os cristãos prestavam culto a Deus nas sinagogas, enquanto isso lhes foi permitido. Quando lhes foi proibido utilizá-las, passaram a cultuar a Deus noutros lugares, geralmente em casas particulares (cf. At.18:7; Rm.16:5; Cl.4:15; Fm.v.2), e, às vezes, em salões públicos (At.19:9,10).

II. COMO ADORAR A DEUS

“Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (João 4:23,24).
A principal incumbência da Igreja não é missões, mas adoração. Muitos têm se iludido achando que Deus se agrada se cumprirmos tão somente os deveres litúrgicos, ou seja, se rendermos a Deus um culto formal em alguma igreja local. A essência do culto está na adoração ao Senhor, e nunca é demais enfatizarmos essa verdade, pois adoração vazia significa culto frio e sem propósito.
A adoração a Deus é o gesto concreto de nosso reconhecimento de que Deus é o Senhor de todas as coisas, inclusive de nosso ser. É através da adoração que Deus é reconhecido como Senhor e o homem, como seu servo.
Jesus declarou duas coisas importantes sobre a verdadeira adoração: primeiro, como se deve adorar a Deus; segundo, onde se deve adorar a Deus.

1. Como devemos adorar a Deus?

1.1. "Em espírito e em verdade" (João 4:23). Foi o que Jesus disse à mulher samaritana. Quando adoramos ao Senhor, “em espírito e em verdade”, trazemos o Senhor até aquele local de uma forma especial.
O Senhor Jesus disse que Deus procura a estes adoradores e disse que estaria onde estivessem dois ou três reunidos em seu nome (Mt.18:20). Assim sendo, quando nos reunimos em nome do Senhor, quando realmente O adoramos, Ele se faz presente de uma forma toda especial, ou seja, como Companheiro, como Intercessor, como Salvador, como Provedor.
A verdadeira adoração é a chave para sentirmos a presença do Senhor e para que haja salvação de vidas, operação de sinais e maravilhas, demonstração do poder de Deus.
Quando não há adoração, nada disso se verifica e este é um sinal patente da ausência de Deus numa determinada Igreja Local.
1.2. Com reverência. Quando lemos na Palavra de Deus, observamos que o Senhor sempre exigiu reverência, respeito e consideração nas reuniões coletivas de adoração. Deus é infinitamente sublime em majestade, poder, santidade, bondade, amor e glória. Por isso, devemos adorá-loo e servi-lo com toda reverência, fervor, zelo, sinceridade e dedicação.
Pelo que, recebendo nós um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e temor”(Hb.12:28,29).
-Quando Deus se manifestou a Moisés, imediatamente mandou que ele não se aproximasse da sarça ardente e, ainda, descalçasse seus pés, pois o lugar onde se encontrava era terra santa, em virtude da presença do Senhor (Ex.3:5), algo que, anos mais tarde, seria repetido em relação ao sucessor de Moisés, Josué (Js.5:15).
Isto prova que a adoração não se desprende da reverência. A reverência, o respeito, a consideração, traduzem, aliás, o que a Bíblia chama de “temor do Senhor”, ou seja, o reconhecimento da soberania e do senhorio de Deus sobre cada ser humano, o que nos leva a respeitá-lo, ou seja, “olhá-lo com atenção”, “levá-lo em consideração”, “prestar-lhe atenção”, “dar-lhe ouvidos”.
-Hofni e Finéias, filhos do sacerdote Eli, sacerdotes no Tabernáculo de Deus, eram muito irreverentes na Casa de Deus. A Bíblia diz que o Senhor queria trazer juízo sobre eles por se comportarem de forma imoral perante o povo de Israel (1Sm.2:22-25). Eles endureceram o coração e pecaram abertamente e sem constrangimento.
Eli os advertiu, mas a advertência de Eli não teve efeito moral sobre eles. Deus os entregou à sua própria sorte. Para eles, tinha se passado o dia da salvação, estando, pois, destinados por Deus à condenação e à morte, à semelhança daqueles referidos em Rm.1:21-32. Iam morrer como resultado da sua própria e insolente desobediência e da sua recusa de arrepender-se.
-Nadabe e Abiú, filhos do sumo sacerdote Arão, se apresentaram diante do altar do incenso de forma irreverente e irresponsável. Pecaram deliberadamente contra o Senhor Deus de Israel. O juízo do Senhor foi imediato: eles morreram, não apenas fisicamente, também espiritualmente.
Isto nos ensina uma lição: não apenas a adoração a falsos deuses é proibida, mas também a adoração ao verdadeiro Deus de maneira errada.
-Os sacerdotes à época de Malaquias se comportavam muito mal diante de Deus. A irreverencia deles era tão pútrida que Deus pediu que eles não fizessem mais culto a Ele no Templo de Deus, e que fechassem as portas do Templo.
 “Quem há também entre vós que feche as portas e não acenda debalde o fogo do meu altar? Eu não tenho prazer em vós, diz o SENHOR dos Exércitos, nem aceitarei da vossa mão a oblação” (Ml.1:10).
Por causa disso, Deus os advertiu de que sofreriam uma condenação terrível caso não se arrependessem e mudassem de atitude.
-Na Nova Aliança, também, Deus exige que o seu povo ande em santidade e pureza diante dEle, como exorta o apóstolo Pedro: “mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1Pd.1:15).
Devemos, pois, estarmos cônscios de que Deus não se deixa escarnecer (Gl.6:7); Ele exige santidade, pureza e reverência de cada um de seus filhos, quando formos nos apresentar diante dEle, principalmente daqueles que fazem parte do ministério eclesiástico e que estão sempre em evidência.
1.3. Com sinceridade. O adorador precisa entender que a adoração não é uma questão de performance diante dos homens, mas de sinceridade diante de Deus (João 4:24). Certa feita, Jesus levantou a sua voz e disse aos fariseus:
“Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mc.7:6).
Davi compreendeu que Deus procura a verdade no íntimo:
“Eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria” (Salmos 51:6).
O povo de Israel, à época do profeta Amós, não adorava a Deus com sinceridade. Deus os reprendeu energicamente:
Aborreço, desprezo as vossas festas e com as vossas assembleias solenes não tenho nenhum prazer. E, ainda que me ofereçais holocaustos e vossas ofertas de manjares, não me agradarei deles, nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais cevados. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei as melodias das tuas liras. Antes, corra o juízo como as águas; e a justiça, como ribeiro perene” (Am.5:21-24).
O respeito leva-nos, portanto, a ter algumas regras e normas no culto a Deus, normas estas que devem ser observadas e que revelam o próprio ato de adoração que está presente em cada culto coletivo a Deus.
Até as vestes são levadas em consideração, quando nos apresentamos a Deus em adoração.
“Adorai ao Senhor vestidos de trajes santos; tremei diante dele, todos os habitantes da terra”(Sl.96:9).
O nosso culto, portanto, ou é verdadeiro e bíblico ou é anátema. Deus não se impressiona com pompa; Ele busca a verdade no íntimo.
Em outras palavras, o culto tem que ser bíblico, tem que ser em verdade, conforme estabelecido, prescrito por Deus, e ele tem que ser sincero - “em espírito e em verdade”.
1.4. Com entendimento, a partir de um "culto racional". A adoração não é um culto sem entendimento (João 4:22). Disse Jesus à mulher samaritana: “Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus”.
Os samaritanos adoravam o que não conheciam. Havia uma liturgia desprovida de entendimento. Havia um ritual vazio de compreensão.
O culto racional significa cultuar a Deus "com razão de ser", motivados espiritualmente, portadores de uma sinceridade profunda. Ele é incompatível com meninices e com práticas como o “reteté” e emocionalismo delirante.
A presença do poder de Deus como havia no princípio da Igreja, a plenitude do Espírito Santo, jamais significou o irracionalismo, o emocionalismo que hoje é, por muitos, considerado como “sinal da presença de Deus”.
A Palavra de Deus é a verdade e o poder de Deus não se confunde com desatinos e espetáculos lamentáveis.
O crente não deve ficar fora da racionalidade ou da consciência do culto devido a Deus. Pense nisso!

2. Onde adorar a Deus?

Para a mulher samaritana o lugar correto de adoração era o Monte Gerizim, em Samaria (João 4:20). Os judeus diziam que o lugar correto de adoração era o Monte Moriá, em Jerusalém (João 4:20). Mas, Jesus disse que chegaria um tempo em que o essencial da adoração não seria o lugar geográfico, ou o local sagrado, pois "os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (João 4:21,23,24).
Na Nova Aliança, não existe lugar mais sagrado do que outro. Não é o lugar que autentica a adoração, mas a atitude do adorador.

3. A atitude do adorador

O verdadeiro adorador, aquele que adora a Deus “em espírito e em verdade”, no exercício da Mordomia, adora em qualquer situação.
Vejamos a atitude do adorador em três fases: na Planície, no Vale e no Monte. Planície, Vale e Monte falam de três tempos, ou de três momentos de nossa vida espiritual.
No exercício da Mordomia da Adoração, o mordomo fiel precisa reconhecer o poder, a majestade, a soberania de Deus, estando na Planície, no Vale, ou no Monte.
a) Adorando a Deus na Planície – Daniel adorou
“...e três vezes ao dia se punha de joelhos e orava e dava graças, diante do seu Deus, como também dantes costumava fazer” (Dn.6:10).
Espiritualmente, estar na Planície significa estar vivendo um momento de tranquilidade, de paz; é quando tudo está bem, é quando tudo está dando certo - não há subidas íngremes e nem ladeiras perigosas. É como estar em Elim, onde havia muita água e muita sombra - sombra e água fresca em pleno deserto - “Então vieram a Elim, e havia ali doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali se acamparam junto das águas” (Êx.15:27).
Assim, era como estava vivendo o velho estadista e fiel servo de Deus, Daniel. Ele era um homem realizado em todos os sentidos. Tinha tudo o que um homem natural gostaria de ter: era rico, poderoso, respeitado, amado.
Há cerca de setenta anos que ele ocupava naquele Império a posição de maior prestigio depois do imperador. E aquele era o maior e mais poderoso império do mundo de então.
Daniel estava, agora, entre 85 e 86 anos de idade, com muita saúde, dinheiro, fama e poder. Tinha também tudo o que um homem espiritual gostaria de ter: Daniel era um homem muito amado por Deus, conforme lhe declarou o anjo Gabriel - “...e eu vim, para to declarar, porque és mui amado ...” (Dn.9:27). Amado por Deus, amado e respeitado pelo imperador, o homem mais poderoso da Terra.
Daniel estava vivendo numa imensa Planície - material e espiritual. Mas Daniel continuava sendo um verdadeiro adorador. Três vezes ao dia “se punha de joelhos e orava, e dava graças, diante do seu Deus”. Daniel era um adorador em todo o tempo. Era um bom mordomo no exercício da Mordomia da Adoração. 
Tem crentes que quando estão na Planície esquecem de Deus, dão “férias” à adoração, são maus mordomos no exercício da Mordomia da Adoração. 
b) Adorando a Deus no Vale - Paulo e Silas adoraram
“E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus...” (Atos 16:25). 
Espiritualmente, estar no Vale significa estar passando por duras provas, por momentos de dificuldades; é quando tudo parece ter dado errado; é quando a solidão espiritual quer nos dominar e Satanás sopra em nossos ouvidos que Deus se esqueceu de nós; é quando o céu parece ter-se fechado. É um momento difícil de se poder exercer a Mordomia da Adoração.
Se você já esteve no Vale, ou mesmo no fundo do Vale, então você pode me entender. Adorar quando parece que Deus nos abandonou, adorar no silêncio de Deus, adorar quando parece que o céu se fechou, é difícil; mas, pela Palavra de Deus, sabemos ser possível. 
A Bíblia registra a história de muitos homens de Deus que adoraram, mesmo estando no fundo do Vale. Poderíamos discorrer, dentre outros, sobre Jó, José, Davi, Jeremias, etc., porém, vamos, aqui, nos deter apenas em Paulo e Silas.
Paulo e Silas, em Filipo, desceram ao fundo do Vale. Apanharam com varas em praça pública. Foram feitos espetáculo para os homens.
E a multidão se levantou unida contra eles, e os magistrados, rasgando -lhes os vestidos, mandaram açoita-los”.
Após serem açoitados foram lançados num cárcere fétido e presos com correntes num tronco.
“E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança. O qual tendo recebido tal ordem, os lançou no cárcere interior, e lhes segurou os pés no tronco” (Atos 16:22-25).
Paulo e Silas desceram ao fundo do Vale. Tudo parecia ter dado errado. O Senhor Jesus não veio e não mandou nenhum anjo socorrê-los. Permitiu que tudo aquilo lhes acontecesse.
Ali estavam os dois homens de Deus no fundo de um cárcere - acorrentados num tronco, com as costas cortadas por varas. Era uma situação assaz difícil para ser entendida e explicada. Eles tinham tudo para estarem abatidos, confusos, até revoltados.
Adorar a Deus quando tudo está bem, é fácil, mas o verdadeiro adorador, no exercício da Mordomia da Adoração, adora a Deus em todo o tempo e em quaisquer circunstâncias - “...o Pai procura a tais que assim o adorem” (João 4:23). 
Há crentes que quando se encontram no fundo do Vale, se desesperam, murmuram, reclamam...e até pecam. Paulo e Silas, no entanto, mesmo no fundo do Vale, adoraram a Deus através da oração e do louvor.
 “E perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam”(Atos 16:25).
A adoração move o coração de Deus. O barulho do clamor do povo, a fúria dos magistrados, os gemidos de Paulo e Silas não moveram o coração de Deus, mas, a adoração moveu, e ele se manifestou com poder, desde os céus.
“E de repente sobreveio um tão grande terremoto, que os alicerces do cárcere se moveram, e logo se abriram todas as portas, e foram soltas as prisões de todos”(Atos 16:26).
A Adoração, através do louvor, é um instrumento mais poderoso do que os gemidos e as lágrimas.
Se Paulo e Silas estivessem gemendo e chorando, talvez nada tivesse acontecido. Mas, como esqueceram-se da dor e começaram a adorar a Deus, as portas se abriram e as prisões se soltaram.
Talvez você esteja, neste momento, no fundo do Vale. Você já cansou de chorar, de clamar... e você até já murmurou; então, por que não experimenta adorar a Deus com oração e louvor? fez isto, e deu certo. Paulo e Silas fizeram isto, e deu certo.
Adorar a Deus, no fundo do Vale, este pode ser o caminho para mover o coração de Deus. Pense nisso! 
c) Adorando a Deus no Alto do Monte - Abraão adorou
“E disse Abraão a seus moços: ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós” (Gn.22:5).
Espiritualmente, estar no alto do Monte significa ter vencido uma batalha, ter passado por uma provação, ter alcançado uma bênção.
Não se chega ao alto do Monte sem o sacrifício de uma subida íngreme e difícil. Às vezes, depois de uma subida tão penosa, chega-se no alto do Monte tão abatido que se corre o perigo de esquecer a adoração. Isto, porém, não ocorreu com Abraão.
Abraão estava com cerca de 115 anos quando subiu o Monte Moriá, 40 anos depois de sua chamada em Ur, na Caldéia. Era um homem experimentado e amadurecido em muitas batalhas. Um homem que viveu na Planície, que desceu ao fundo do Vale, e que agora ia celebrar sua maior vitória - no alto do Monte.
Certamente que de todas as grandes batalhas travadas por Abraão, esta foi a mais árdua, a que mais fez sangrar sua alma. Quando o problema é apenas pessoal, fica mais fácil; quando envolve um ente querido, então a dor é mais intensa.
Nesta batalha, do ponto de vista humano, o que estava em perigo era a vida do filho querido, com cerca de 15 anos.
 “...toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto...” (Gn.22:2).
Abraão se propôs a fazer o que Deus lhe mandou fazer. Foram três dias de caminhada. Os três dias mais longo, mais penosos de toda sua vida.
Mas Abraão subiu, não apenas no sentido literal, também no sentido espiritual. Abraão subiu e chegou no alto do Monte Moriá. Ali, após vencer aquela dura batalha, Abraão adorou a Deus conforme havia prometido - “... eu e o moço iremos até ali, e havendo adorado, tornaremos a vós”.
Quem não se dispuser a pagar o preço da subida não poderá adorar a Deus no alto do Monte. Pense nisso!

III. GESTOS E ATITUDES NA ADORAÇÃO A DEUS

Adorar a Deus está muito acima de cantar, dançar ou tocar algum instrumento musical. Também vai muito além de gestos, tais como levantar as mãos, chorar, pular, gritar, entre outros gestos corporais.
Reduzir a adoração a pequenos impulsos sentimentais, gestos ou cânticos é cometer erro gravíssimo. Se assim pensamos sobre a adoração, logo tem razão do culto não ser tão interessante, a administração da Palavra ser tão “fraquinha” e os louvores serem tão vazios e sem graça.

1. Ajoelhar-se e prostrar-se

Adorar vem de uma palavra que significa "inclinar-se, prostrar-se em deferência diante de um superior". No contexto bíblico, portanto, essa palavra significa um prostrar-se diante de Deus em reconhecimento à sua divindade. Existem vários exemplos na Bíblia desta forma de adoração a Deus.
-Salomão, na inauguração do Templo, em Jerusalém. Diante de todo o povo, Salomão se pôs de joelhos, adorando a Deus:
"Sucedeu, pois, que, acabando Salomão de fazer ao Senhor esta oração e esta súplica, estando de joelhos e com as mãos estendidas para os céus, se levantou de diante do altar do Senhor" (1Rs.8:54).
-Jesus prostrou-se diante do Pai em súplica (Mt.26:39).
-Daniel, três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus (Dn.6:10).
-João, na ilha de Patmos, em uma visão ele viu os “vinte quatro anciãos” prostrados adorando ao Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap.4:10,11).
“os vinte e quatro anciãos prostravam-se diante do que estava assentado sobre o trono, adoravam o que vive para todo o sempre e lançavam as suas coroas diante do trono, dizendo: Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder, porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas”.

2. Louvar e Cantar

A adoração a Deus também se expressa com cânticos e hinos de caráter espiritual. O louvor era um elemento-chave na adoração de Israel a Deus (cf. Sl.100:4; 106:1; 111:1; 113:1; Sl.117), bem como na adoração cristã primitiva (At.2:46,47; 16:25; Rm.15:10,11; Hb.2:12). O Antigo Testamento está repleto de exortações sobre como cantar ao Senhor (cf. 1Cr.16:23; Sl.95:1; 96:1,2; 98:1,5,6; 100:1,2).
A exortação à Igreja é oferecer “sempre a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hb.13:15). Uma maneira autêntica de louvar a Deus é cantar salmos, hinos e cânticos espirituais (Cl.3:16).
Na ocasião do nascimento de Jesus, a totalidade das hostes celestiais irrompeu num cântico de louvor (cf. Lc.2:13,14); e a igreja inicial do Novo Testamento era um povo que cantava (1Co.14:15; Ef.5:19; Cl.3:16; Tg.5:13).
“falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Ef.5:19).
Os cânticos dos cristãos eram cantados, ou com a mente (isto é, num idioma humano conhecido) ou com o espírito (isto é, em línguas - ver 1Co.14:15). Em nenhuma circunstância os cânticos eram executados como passatempo. A verdadeira música espiritual vem do Céu e é endereçada ao Céu. Diz o salmista:
 “e pôs um novo cântico na minha boca, um hino ao nosso Deus; muitos o verão, e temerão, e confiarão no SENHOR” (Salmos 40:3).
Quem deve estar na mente do crente na hora do louvor é o Senhor. Qualquer outro objetivo fora este é um desvirtuamento do louvor.
Lamentavelmente, vemos hoje os “louvorzões”, os “festivais de música evangélica”, os “shows” e “apresentações” que nada estão a dever dos seus similares da música profana. Nestas ocasiões, os aplausos, os fãs estão presentes e são a tônica destas reuniões. Podemos, porventura, dizer que isso é culto ou reunião de adoração?
Tenhamos cuidado, Deus não se agrada disto e a mesma repugnância que teve com Herodes Agripa (At.12:21-23), terá, sem dúvida, com estes “artistas” que se põem no lugar que é único e exclusivamente reservado ao Senhor.
O apóstolo Paulo nos exorta a praticar a verdadeira adoração de forma consciente e profunda:
"A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração" (Cl.3:16).
Nós louvamos a Deus porque somos agradecidos a Ele porque nos salvou e nos deu a vida eterna. É o sentimento de gratidão que tem de mover o louvor, sem o que este louvor não será genuíno.
“Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos! Ajoelhemos diante do SENHOR que nos criou” (Sl.95:6).

3. Com atos

Na adoração, mesmo sem palavras, apenas com atos, nos humilhamos diante de Deus, reconhecemos e exaltamos a glória, majestade e poder.
Maria, a que ungiu os pés de Jesus com precioso bálsamo, enxugando-os com seus cabelos, é um exemplo impressionante. Essa mulher não pronunciou qualquer palavra, mas sem dúvida, o seu gesto foi um sublime ato de adoração (João 12:3).
Esse ato de Maria demonstra que adoração não consiste apenas em palavras; aliás, nem sempre a adoração que consiste apenas de palavras não agrada a Deus. Em Isaías 29:13, Ele afirma:
"Este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens".
Portanto, adoração envolve mais do que palavras e pensamentos, envolve todo o nosso ser, nossas atitudes.
Fazer uma contribuição financeira para a Obra de Deus ou externar um ato de misericórdia a algum necessitado é um ato de adoração a Deus, embora nenhuma palavra seja pronunciada por aquele que contribuiu. Ao invés de utilizar palavras, ele está fazendo uma declaração por meio de seus atos; está dizendo: "Deus é o Senhor do meu bolso, bem como de outros aspectos de minha vida. Ele é o Senhor do meu dinheiro e dos meus bens".
Na adoração nada se pede, nada se reivindica; apenas exaltamos, glorificamos ao Senhor nosso Deus pelo que Ele é; apenas adoramos, e nos alegramos pela simples presença de Deus.
"Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado, todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é minha força, ele fará os meus pés como os da corça, e me fará andar sobre os meus lugares altos" (Hc.3:17-19)

CONCLUSÃO

Aprendemos que a adoração agrada a Deus, e nos faz ficar mais perto dEle. Devemos ter esta consciência de que a nossa vida é a base de toda a nossa adoração. Adorar a Deus significa servi-lo a todo instante, a todo o momento.
O catecismo de Westminster diz que o fim principal do homem é glorificar a Deus e deleitar-se nele para sempre. Que possamos adorá-lo com reverência, sinceridade, com atos, pois somente Ele é digno de toda honra, de toda glória e de todo louvor. Louvado seja o seu nome!
“Ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus seja honra e glória para todo o sempre. Amém” (1Tm.1:17).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 79. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Importância da Mordomia Cristã. PortalEBD_2003.
Louis Berkhof. Teologia Sistemática.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. A Mordomia da Adoração_PortalEBD_2003.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Igreja, povo exclusivo de adoração. PortalEBD_2007.