domingo, 17 de janeiro de 2021

Aula 04 - A ATUALIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS

 

1º Trimestre/2021

Texto Base: 1Corintios 12:1-11

24/01/2021

Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (1Co.12:4).

 

1Corintios 12:

1.Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes.

2.Vós bem sabeis que éreis gentios, levados aos ídolos mudos, conforme éreis guiados.

3.Portanto, vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz: Jesus é anátema! E ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo.

4.Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.

5.E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.

6.E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.

7.Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.

8.Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;

9.e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;

10.e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.

11.Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos dos dons espirituais que o Espírito Santo dispõe à Igreja. Eles são uma realidade na Igreja ao longo de sua história. Os cessacionistas pregam que eles só foram disponibilizados no princípio da Igreja; porém, a Bíblia e o testemunho da história da Igreja garantem que os dons espirituais sempre estiveram no Corpo de Cristo em maior ou menor incidência. Os dons espirituais são recursos indispensáveis para o Corpo de Cristo; eles contribuem sobremaneira para a expansão e edificação da Igreja; são sempre concedidos aos crentes visando um propósito específico, a saber, a edificação de todos os membros do Corpo. Em o Novo Testamento, os dons de Deus estão à disposição de todos os que crentes, com a finalidade de promover graça, poder e unção à Igreja no exercício de sua missão, de forma que Cristo seja glorificado.

I. NECESSIDADE DOS DONS ESPIRITUAIS

Os Dons Espirituais não foram dados à Igreja para projeção humana nem como para medir o grau da espiritualidade de uma pessoa. Os Dons foram dados para a edificação do Corpo de Cristo. Pelo exercício dos Dons a Igreja cresce de forma saudável. Assim, os Dons são importantíssimos e vitais para a Igreja. Eles são os recursos que o próprio Espírito Santo concedeu à Igreja para que ela pudesse ter um crescimento saudável e venha suprir as necessidades espirituais dos seus membros.

1. Exortação a conhecer os dons (1Co.12:1)

“Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”.

Aparentemente, os crentes de Corinto haviam pedido que Paulo respondesse a questão “acerca dos dons espirituais”. Os dons espirituais são concedidos gratuitamente por Deus a fim de capacitar as pessoas a entender às necessidades do Corpo de crentes e permitir-lhes realizar uma obra extraordinária para Deus. Paulo não queria que os crentes fossem ignorantes sobre esses dons, mas que os entendessem e usassem para a glória de Deus.

2. O que são os dons espirituais?

Os dons espirituais são dotações e capacitações sobrenaturais que o Senhor Jesus, por intermédio do Espírito Santo, outorga à sua Igreja, visando a expansão universal da sua obra e a edificação dos santos. A Declaração de Fé das Assembleias de Deus define os dons espirituais como “capacitações especiais e sobrenaturais concedidas pelo Espírito de Deus ao crente para serviço especial na execução dos propósitos divinos por meio da Igreja”.

O crente que crê na operação do Espírito Santo como agente transmissor de poder divino na pregação do Evangelho é um crente que crê no Evangelho completo, pois a pregação do evangelho abrange não só a notícia de que Jesus é o Senhor e Salvador do mundo, e que é preciso nEle crer para alcançar o perdão dos pecados e a salvação da alma, obtendo, assim, a vida eterna, como também esta mensagem é confirmada da parte de Deus mediante a operação do Seu poder, através do batismo no Espírito Santo e, depois, dos Dons espirituais, cuja recepção se torna possível em virtude do revestimento de poder, do mergulho, da imersão do ser do crente no fogo do Espírito de Deus, no seu completo envolvimento com a terceira Pessoa da Trindade Divina. Esses dons podem ser concedidos pelo Espírito Santo em qualquer fase da experiência cristã, no início da fé (At.19:5,6) ou ao longo da vida cristã (1Tm.4:14).

3. Pneumatikós e chárisma

Alguns críticos das doutrinas paracletológicas alegam que a expressão “dons espirituais” não consta da Bíblia. Todavia, o termo “pneumatikós” (literalmente, “espiritualidades” ou “coisas espirituais”) pode ser traduzido por “dons espirituais”, uma vez que esta tradução é respaldada pelo seguinte contexto: “há diversidade de dons” (1Co.12:4); “dons de curar” (1Co.12:9,28); “dom de curar” (1Co.12:30); “procurai com zelo os melhores dons” (1Co.12:31). Em 1Coríntios 12:31, “dons” é “charisma”, mas em 1Coríntios 14:1 é pneumatikós. Apesar disso, os termos são perfeitamente intercambiáveis, à luz do contexto. Ambas as formas se referem aos dons espirituais. Estes fazem parte das ministrações do Espírito Santo na Igreja e manifestam a glória divina.

Os dons espirituais edificam os crentes e atraem os pecadores. São capacidades, dotações sobrenaturais concedidas pelo Espírito Santo, com o propósito principal de edificar a igreja (1Co.14:3,4,5,12,26; Ef.4:11-13). Através deles, o Senhor revela poder e sabedoria aos seus servos.

O termo “chárisma” é muito utilizado em estudos bíblicos, pois tem o significado de "dons do Espírito", concedidos pela graça de Deus, com propósitos muito elevados; é relacionado ao termo ta charismata, utilizado em 1Coríntios 12:4,9,28,30,31, que tem o sentido de "dons da graça".  

Os Dons espirituais são chamados, no original grego, de "charismata", palavra que significa "graças", ou seja, os Dons espirituais são dádivas, são favores imerecidos que Deus concede aos crentes que estão dispostos a servi-lo e que, por obediência, já alcançaram o batismo no Espírito Santo. A verificação do significado da palavra "charismata" é muito importante, pois demonstra, de forma cabal, que os dons espirituais são concessões divinas, decorrem do exercício da Sua infinita misericórdia, não havendo, portanto, qualquer merecimento, qualquer mérito por parte daqueles que são aquinhoados pelo Espírito Santo com um dom espiritual.

O dom espiritual é concedido não porque alguém seja mais espiritual ou melhor do que outro, mas em virtude da soberana vontade do Senhor. Quem o diz não somos nós, mas a própria Palavra de Deus - "Mas um só mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer”(1Co.12:11).

Muitos são os que acham que os portadores de Dons espirituais são crentes superiores aos demais, que têm um nível maior de espiritualidade e que, em razão disto, desfrutam de uma posição diferenciada no meio da comunidade. Este pensamento, inclusive, tem feito com que muitos crentes andem à procura destes irmãos a fim de que obtenham curas divinas, maravilhas, sinais ou profecias, num comportamento totalmente contrário ao que determina a Palavra de Deus, que ensina que os sinais seguem os crentes e não os crentes correm atrás de sinais (Mc.16:17,20). Jesus não aprovou essa conduta, típica dos judeus formalistas e descrentes (Mt.12:38,39).

II. A FUNÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS

Os Dons espirituais são mencionados como sendo repartidos particularmente pelo Espírito Santo, segundo a Sua vontade, para utilidade dos crentes, e para a edificação espiritual dos crentes (1Co.12:4-11)

1. As listas dos dons

É comumente afirmado entre os evangélicos pentecostais que os dons espirituais são nove, afirmação esta que se baseia na lista mais completa de dons espirituais que se encontra no Novo Testamento, mais comumente em 1Co.12:8-10. Entretanto, além desta relação, que é a mais conhecida e a mais pormenorizada, temos, também, a relação constante de Rm.12:6-8, que não é uma relação tão completa quanto a primeira e que parece misturar dons espirituais com dons ministeriais (até porque o texto não é específico com relação aos dons espirituais como é o anteriormente mencionado).

Mesmo se levarmos em consideração apenas a relação de 1Coríntios, não podemos nos esquecer de que um dos itens da relação fala dos "dons de curar" (1Co.12:9), dando a entender, portanto, que há mais de um dom de curar, o que torna, também, precário o entendimento de que os dons espirituais sejam apenas nove.

Assim, não podemos afirmar com respaldo bíblico que somente haja nove dons espirituais. Entretanto, tal posição bíblica não pode servir de base para que se adicionem outros dons de modo aleatório e sem qualquer respaldo escriturístico, manifestações que, no mais das vezes, não se coadunam com os propósitos e finalidades dos dons espirituais, cuja presença na igreja, inevitavelmente, trará confirmação da pregação do Evangelho, edificação espiritual, consolação, exortação e um maior envolvimento da igreja local com o Senhor e a Sua obra.

É bom enfatizar que, na relação dos dons espirituais, não há o chamado “dom de revelação” ou “dom de visão”, “dons” que são constantemente mencionados e considerados no meio de alguns integrantes do povo de Deus que não têm o costume de ler e meditar na Palavra de Deus.

O “dom de revelação”, na verdade, é o dom da palavra da ciência, não podendo ser confundido com verdadeiras adivinhações que têm perturbado o povo de Deus em muitas igrejas locais. Deus não tem qualquer propósito de fazer com que alguns de Seus servos sejam “adivinhos”, pois Ele abomina a adivinhação, típica operação maligna. A revelação de fatos ocultos tem tão somente o propósito de edificar o povo de Deus, jamais de envergonhar quem quer que seja.

Já o chamado “dom de visão” não tem qualquer respaldo bíblico. Verdade é que existe a operação de visão, uma operação divina em que Deus mostra algo para algum servo Seu, mas também com o propósito de proporcionar a edificação de quem vê ou da igreja, jamais para devassar a intimidade ou envergonhar alguém.

2. Classificação teológica

Tomando-se a relação mais minudente das Escrituras Sagradas, podemos dividir os dons espirituais em três categorias, a saber:

a) dons de poder - fé, dons de curar e operação de maravilhas. Estes são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas efetuem demonstrações sobrenaturais do poder divino, com a realização de milagres, de maravilhas e de coisas extraordinárias, que confirmem a soberania de Deus sobre todas as coisas e a Sua presença no meio da igreja. São evidências da onipotência divina no meio do Seu povo.

b) dons de ciência - palavra da sabedoria, palavra da ciência e dom de discernir os espíritos. Estes são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas revelem mistérios ocultos aos homens, com a tomada de atitudes e condutas que evidenciem que Deus sabe todas as coisas e que nada Lhe fica oculto. São evidências da onisciência divina no meio do Seu povo.

c)  dons de elocução ou de fala - variedade de línguas, interpretação de línguas e profecia. Estes são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas sejam instrumentos da voz do Senhor, para que o Espírito Santo demonstre que Se comunica com o Seu povo. São evidências da onipresença divina no meio do Seu povo, uma presença que nos faz descansar e que nos traz edificação.

Observemos, portanto, que cada dom espiritual tem uma finalidade específica no meio do povo de Deus, tem um propósito, que é o de dar condições para que o crente prossiga a sua jornada em direção a Jerusalém celestial, desvencilhando-se, pela manifestação do poder divino na sua vida, de todo o embaraço que tão de perto o rodeia (Hb.12:1) e, assim, não venha a se envolver com as coisas desta vida, agradando, assim, ao Senhor (2Tm.2:4).

Tem-se, portanto, no exercício dos dons espirituais, uma inequívoca demonstração do poder de Deus (1Co.2:4), mas sem qualquer oportunidade de exibicionismo ou de glorificação humana, mas única e exclusivamente para a glória de Deus e para pregação do Cristo crucificado (1Co.2:2).

É com base nesta peculiar circunstância que podemos identificar e repudiar todas as inovações que hoje contagiam muitas igrejas locais, em especial os “novos dons” e a tão propagada e nunca explicada “nova unção”.

3. O propósito divino para os dons (1Co.12:7)

O apóstolo Paulo afirma: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1Co.12:7). Na Almeida Revista e Atualizada está assim escrito: “A manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso” (1Co.12:8).

Os dons têm um propósito - eles são dados visando a um tipo proveitoso, ou seja, a edificação da Igreja. O benefício não é próprio da pessoa, mas endereçado à coletividade, é para a edificação da Igreja.

De modo geral, todos os dons são dados à igreja para o que for útil (1Co.12:7; 14:28). E, por isso mesmo, não devemos ignorá-los ou desprezá-los (1Co.12:1; 1Ts.5:19,20; At.19:1-7). É o Senhor quem nos concede essas dádivas, “segundo a graça” (Rm.12:6). E, como essas dotações são, especialmente, para a edificação do povo de Deus (1Co.14:26), não devem ser mal utilizadas, sem decência e ordem, no culto genuinamente pentecostal (1Co.14:37-40).

III. OS DONS REVELAM A UNIDADE NA DIVERSIDADE

Na Igreja de Corinto, os dons espirituais haviam se tornado símbolos do poder espiritual, provocando rivalidade na igreja, porque alguns pensavam ser mais “espirituais” do que outros. Essa era uma forma extremamente errada de usar esses dons porque o seu propósito sempre foi ajudar a igreja a funcionar mais eficientemente, e não a dividir. Podemos gerar divisões se insistirmos em usar os dons de acordo com os nossos próprios desejos, sem nos preocuparmos com os outros. Nunca devemos usar esses dons como uma forma de manipular alguém, ou para promover os nossos próprios interesses. (1)

1. Diferentes dons (1Co.12:4-6)

4.Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.

5.E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.

6.E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.

Precisamos entender que são diferentes os dons da graça concedidos conforme a medida da fé dos filhos de Deus. Paulo afirma: “De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé” (Rm.12:6).

O povo de Deus recebe muitos tipos de dons, e nenhum dom é melhor do que o outro. Veja que o apostolo Paulo, em 1Co.12:4-6, apresenta três classes de manifestações dos dons, as quais revelam a atuação do Deus trino: diversidade de dons, atribuído ao Espírito Santo (1Co.12:4); diversidade de ministérios [ou serviços], relacionados ao Filho de Deus (1Co.12:5); e diversidades de operações, como a ação do Pai (1Co.12:6). Todos eles vêm de uma única fonte – o Espírito Santo -, e devem ser usados com um único propósito: a edificação do Corpo de Cristo.

Também, nestes textos de 1Co.12:4-6, podemos classificar o dom em uma tríplice natureza: (2)

a)    Quanto à origem dos dons eles são charismata. Paulo afirma: “Ora, há diversidade de dons”(1Co.12:4). A palavra “charismata” vem de “charis”, que significa graça. Assim, Paulo está falando da origem dos dons. O dom espiritual procede da graça de Deus. Nenhuma pessoa tem competência para distribuir dons espirituais. Essa não é uma competência humana. Os dons são originados na graça de Deus e são ministrados, doados e distribuídos pelo Espírito Santo de Deus.

b)    Quanto ao modo de atuar, o dom é diaconia. Paulo prossegue: “E há diversidade de ministérios[serviços] (1Co.12:5). A palavra “serviços” no grego é “diaconia”. Isso se refere ao modo de atuação do dom que é prontidão para servir. Os dons são dados não para projeção pessoal, mas para o serviço. O dom é diaconia, é para o serviço. Deus nos dá dons para servirmos uns aos outros e não para tocarmos trombeta exaltando nossas virtudes ou habilidades. Um indivíduo jamais deveria acender as luzes da ribalta sobre si mesmo no exercício do dom espiritual. A finalidade do dom espiritual não é a autopromoção, mas a edificação do próximo.

c)     Quanto à sua finalidade os dons são energémata. Paulo concluiu: “E há diversidade de operações” (1Co.12:6). A palavra “energémata” vem de energia, de obras exteriores. É a energia de Deus operando nos cristãos e transbordando para a vida da comunidade. O dom espiritual tem uma finalidade, que é a exteriorização de um ato, de um trabalho, de alguma realização. O dom espiritual é para ajudar alguém, fazer algo para alguém, trabalhar por alguém e realizar alguma coisa por alguém. Não é uma espiritualidade intimista e subjetiva. O dom sempre está se desdobrando em trabalho, ação e realização em benefício de alguém. A finalidade do dom é a realização de alguma obra e ajuda concreta e alguém.

2. Unidade

Os crentes de Corinto haviam pedido que Paulo respondesse à questão “acerca dos dons espirituais” (1Co.12:1), e a resposta de Paulo às perguntas dos coríntios foi focada na unidade entre os crentes, a ordem na Igreja e a exaltação de Jesus Cristo. Portanto, no que concerne aos dons espirituais, Paulo estava com receio de que a dedicação dos coríntios a algum dom particular, como as “línguas” ou o discurso estático, pudesse dividi-los. Paulo disse: “há diversidade de dons...há diversidade de ministérios...há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” (1Co.12:4-6).

Paulo mostra que, apesar de haver vários dons do Espírito Santo na Igreja, existe uma unidade básica, constituída de três partes, que abrangem as três Pessoas do Ser divino.

-Primeiro, os dons são diversos, mas o Espírito Santo é o mesmo (1Co.12:4). Os crentes de Corinto agiam como se houvesse apenas um dom, a saber, o dom de línguas. Paulo diz: “não é assim; sua unidade não se baseia na existência de um dom comum, mas em possuírem o Espírito Santo que é a fonte de todos os dons”.

-Em seguida, o apóstolo ressalta que “há diversidade nos serviços” na Igreja (1Co.12:5). Os cristãos servem de formas diferentes. Temos em comum, porém, o fato de servirmos somente a um Senhor e procurarmos servir aos outros (e não a nós mesmos).

-Ademais, apesar de haver “diversidade nas operações” ou atividades no tocantes aos dons espirituais, o mesmo Deus é quem dá poder a todos os crentes. Se um dom parece mais eficaz, espetacular ou poderoso que outros, não se pode atribuir isso a alguma superioridade de quem o possui. O poder é provido por Deus.

CONCLUSÃO

Aprendemos aqui que os dons são dádivas do Espírito Santo. Eles não podem ser ganhos como uma forma de pagamento, e não são concedidos aos crentes que pedem algum dom específico para a satisfação de desejos pessoais. Eles não são escolhidos pelas pessoas. Somente Deus administra os dons entre o seu povo. Deus, e não os crentes, é quem controla esses dons. Portanto, cabe a cada crente, além de buscar os dons espirituais, procurar a orientação de Deus para descobrir os seus dons naturais particulares e então descobrir a melhor forma de usá-los, de acordo com os propósitos divinos.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento) - William Macdonald.

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Atos – A ação do Espírito Santo na vida da Igreja.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. Os Dons do Espírito Santo. PortalEBD_2007.

(1) Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.

(2) Rev. Hernandes Dias Lopes. 1Corintios – Como resolver conflitos na Igreja.

domingo, 10 de janeiro de 2021

Aula 03 – O BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

 

1º Trimestre/2021

Texto Base: Atos 2:1-13


“Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (Atos 1:5).

Atos 2:

1.Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;

2.e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.

3.E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.

4.E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.

5.E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.

6.E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.

7.E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando?

8.Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?

9.Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judeia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia,

10.e Frígia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos),

11.e cretenses, e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.

12.E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?
13.E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do “Batismo no Espírito Santo”, uma experiência vívida no orbe pentecostal tradicional. Não é uma experiencia restrita apenas aos dias iniciantes da Igreja ou, quando muito, aos tempos apostólicos, não. E quem é que o diz? Os teólogos pentecostais? Os líderes das denominações chamadas pentecostais? Claro que não! Quem o diz é a própria Palavra de Deus. No dia de Pentecostes, Pedro já dá a amplitude desta operação do Espírito Santo, ao invocar a profecia de Joel a respeito do derramamento do Espírito. O texto sagrado deixa-nos bem claro que a promessa estava reservada para os últimos dias, até o grande e glorioso dia do Senhor (At.2:16-20), reforçando, ao término da pregação, que a promessa dizia respeito tanto a judeus quanto a gentios, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39). Portanto, pelo que podemos concluir pelas Escrituras, o derramamento do Espírito Santo, qual ocorreu no Pentecostes, foi uma manifestação que tem sua duração prevista até o grande e glorioso dia do Senhor.

I. O QUE SIGNIFICA “BATISMO NO ESPÍRITO”?

O Batismo no Espírito Santo é o revestimento e derramamento de poder do Alto - “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós...” (Atos 1:8) -, com a evidência física inicial de línguas estranhas (Atos 2:2,3), conforme o Espírito Santo concede, pela instrumentalidade do Senhor Jesus, para o ingresso do crente numa vida de mais profunda adoração e eficiente serviço para Deus. O crente batizado no Espírito Santo goza do privilégio de uma comunhão mais profunda com Deus, de uma vida de oração mais poderosa, de mais capacidade para entender a Palavra de Deus. Ele pode suportar as provações, as tentações com mais facilidade.

1. O Fenômeno do Pentecostes (Atos 2:2-4)

O poderoso derramamento do Espírito Santo, no dia de Pentecostes, inaugurou o movimento pentecostal (At.2:1-47). Cristo subiu e o Espírito Santo desceu. O Cristo ressurreto ascendeu aos céus e enviou o Espírito a fim de habitar para sempre com a Igreja. A partir do Pentecostes, esta é uma experiência normal da Igreja.

Mas, a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes não foi um acontecimento casual, e sim uma agenda estabelecida por Deus desde a eternidade. O mesmo Espírito Santo que desceu sobre Jesus no Jordão, guiou-o no deserto e revestiu-o com poder para salvar, libertar e curar (Lc.3:21,22; 4:1,14,18), agora veio sobre os discípulos de Jesus (At.1:5,8; 2:33). O Livro de Atos narra outros derramamentos do Espírito Santo e, certamente, essa experiência sobrenatural ocorreu inúmeras vezes no decurso do período da graça, chegando até nós.

A maior parte dos chamados evangélicos tradicionais (ou reformados), ou seja, as denominações evangélicas surgidas durante a Reforma Protestante, movimento de renovação espiritual surgido a partir do século XV na Europa e que teve, entre outros, grandes expressões nas figuras de Martinho Lutero e João Calvino, não aceitam que o batismo no Espírito Santo seja uma realidade para os nossos dias. Argumentam que o derramamento do Espírito Santo foi um acontecimento restrito ao dia de Pentecostes ou, quando muito, aos tempos apostólicos, algo como a própria inspiração do Espírito Santo que resultou na elaboração do Novo Testamento. Entretanto, este entendimento não pode ser aceito, porque não tem respaldo bíblico, pois a Bíblia diz que no dia de Pentecostes, Pedro já dá a amplitude desta operação do Espírito Santo, ao invocar a profecia de Joel a respeito do derramamento do Espírito. O texto sagrado deixa-nos bem claro que a promessa estava reservada para os últimos dias, até o grande e glorioso dia do Senhor (At.2:16-20), reforçando, ao término da pregação, que a promessa dizia respeito tanto a judeus quanto a gentios, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39).

2. Pontos importantes do fenômeno do Pentecostes (1)

a) O significado do Pentecostes (Atos 2:1a) – “Ao cumprir-se o dia do Pentecostes...”.  A palavra pentecoste significa o quinquagésimo dia. Pentecostes era a festa que acontecia cinquenta dias após o sábado da semana da Páscoa (Lv.23:15,16). É também chamado de Festa das Semanas (Dt.16:10), Festa da Colheita (Êx.23:16) e Festa das Primícias (Nm.28:26). Cristo ressuscitou como as primícias dos que dormem e durante quarenta dias deu provas incontestáveis de sua ressurreição com várias aparições a seus discípulos. Dez dias após sua ascensão, o Espírito Santo foi derramado no Pentecostes.

b) A espera do Pentecostes (Atos 2:1b) – “...estavam todos reunidos no mesmo lugar”. Os 120 discípulos estavam congregados no cenáculo em unânime e perseverante oração, quando, de repetente, o Espírito Santo foi derramado sobre eles. Estribados na promessa do Pai anunciada por Jesus, havia no coração deles a expectativa do revestimento de poder. Todos estavam no mesmo lugar, com o mesmo propósito, buscando o mesmo revestimento do Espírito.

c) O derramamento do Espírito no Pentecostes (Atos 2:2-4). O historiador Lucas registra a descida do Espírito com as seguintes palavras:

2.e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.

3.E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.

4.E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.

O derramamento do Espírito Santo foi um fenômeno celestial. Não foi algo produzido, ensaiado, fabricado. Aconteceu algo verdadeiramente do Céu. Foi um fenômeno incontestável e irresistível. Foi soberano, ninguém pôde produzi-lo. Foi eficaz, ninguém pôde desfazer os seus resultados. Foi definitivo, Ele veio para ficar para sempre com a Igreja. William Macdonald afirma que a vinda do Espírito Santo envolveu um Som para ouvir, um Cenário para ver e um Milagre para experimentar.

  • O derramamento do Espírito veio como um som (Atos 2:2). Não foi barulho, algazarra, falta de ordem, histeria, mas um “som” do Céu. A palavra grega “echos”, usada aqui, é a mesma usada em Lucas 21:25 para descrever o estrondo do mar. O derramamento do Espírito Santo foi um acontecimento audível, verificável, público, reverberando sua influência na sociedade. Esse impacto atraiu grande multidão para ouvir a Palavra de Deus.
  • O derramamento do Espírito veio como um vento (Atos 2:2). O vento é símbolo do Espírito Santo (Ez.37:9,14; João 3:8). O Espírito veio em forma de vento para mostrar sua soberania, liberdade e inescrutabilidade. Assim como o vento é livre, o Espírito sopra onde quer, da forma que quer, em quem quer. O Espírito sopra onde jamais sopraríamos e deixa de soprar onde gostaríamos que ele soprasse. Como o vento, o Espírito é soberano. Ele sopra no templo, na rua, no hospital, no campo, na cidade, nos ermos da terra, na hora do batismo nas águas. Quando ele sopra, ninguém pode detê-lo. As pessoas podem até medir a velocidade do vento, mas não podem mudar o seu curso. Como o vento, o Espírito também é misterioso; ninguém sabe donde vem nem para onde vai. Seu curso é livre e soberano. Deus não se submete à agenda das pessoas nem se deixa domesticar.
  • O derramamento do Espírito veio em línguas de fogo (Atos 2:3). O fogo também é símbolo do Espírito Santo. Deus se manifestou a Moisés na sarça em que o fogo ardia e não se consumia (Êx.3:2). Quando Salomão consagrou o templo ao Senhor, desceu fogo do Céu (2Cr.7:1). No Carmelo, Elias orou, e o fogo desceu (1Rs.18:38,39). Deus é fogo. Sua Palavra é fogo. Ele faz dos seus ministros labaredas de fogo. Jesus batiza com fogo. E o Espírito Santo desceu em línguas como de fogo. O fogo ilumina, purifica, aquece e alastra. Jesus veio para lançar fogo sobre a terra. Hoje, em muitas reuniões, a Igreja parece mais uma geladeira a conservar intacto seu religiosismo do que uma fogueira a inflamar corações. Muitos crentes parecem mais uma barra de gelo do que uma labareda de fogo. Certa feita alguém perguntou a Dwight Moody: “como podemos experimentar um reavivamento na igreja?”. O grande avivalista respondeu: “acenda uma fogueira no púlpito”. Quando gravetos secos pegam fogo, até lenha verde começa a arder. John Wesley disse: “ponha fogo no seu sermão, ou ponha o seu sermão no fogo”. O Espírito Santo, como o fogo, derrete o coração, separa e queima a escória, e acende sentimentos santos e devotos na alma. É na alma, como o fogo que está sobre o altar, que são oferecidos os sacrifícios espirituais. Este é o fogo que Jesus veio lançar na terra (Lc.12:49).
  • O derramamento do Espírito Santo traz uma experiência pessoal de enchimento do Espírito Santo (Atos 2:4). Aqueles discípulos já eram salvos. Por três vezes Jesus havia deixado isso claro (João 13:10; 15:3; 17:12). De acordo com a teologia de Paulo, se eles já eram salvos, já tinham o Espírito Santo, pois o apóstolo escreveu: “[...] se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele (Rm.8:9). Jesus disse: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino” (João 3:5). Além de já terem o Espírito Santo, após sua ressurreição Jesus ainda soprou sobre eles o Espírito Santo, e disse: “[...] recebei o Espírito Santo” (João 20:22). Mas a despeito de serem regenerados pelo Espírito e de receberem o sopro do Espírito, eles ainda não estavam cheios do Espírito. Uma coisa é ter o Espírito Santo, outra coisa é o Espírito Santo ter alguém. Uma coisa é ser habitado pelo Espírito, outra é ser cheio dEle. Uma coisa é ter Espírito presente, outra é tê-lo como presidente. Você, que tem o Espírito Santo, já teve uma experiência pessoal de enchimento dEle?

3. Duas bênçãos distintas

O Batismo no Espírito Santo é uma experiência distinta da Salvação. A salvação vem pela fé em Cristo e não pelo batismo no Espírito. Este, reflete a busca por uma aproximação mais pessoal do crente com Deus; Ele capacita o crente a ser eficaz no testemunho do Evangelho ao mundo. Quando a Palavra de Deus é proclamada sob o poder do Espírito, sua veracidade é confirmada muito mais do que naquelas pessoas que são dotadas apenas de refinamento formal e intelectual, embora isto possa ter um importante papel, desde que esteja sob o domínio do Espírito Santo.

Portanto, todos aqueles que foram salvos em Cristo - sejam eles pentecostais, ou não, foram eles batizados no Espírito Santo, ou não -, têm o Espírito Santo, e foram batizados no Corpo de Cristo (1Co.12:13) – “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito”. Quem não tem o Espírito não é cristão (Rm.8:9) – “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.

Outro texto que comprova que o Batismo no Espírito Santo e a Salvação são duas bençãos distintas é o de Atos 8:14-17. Em Samaria, muitos foram convertidos pela pregação poderosa do Diácono e Evangelista Filipe. Foram salvos, mas não eram batizados no Espírito Santo. Somente após a chegada de Pedro e João eles obtiveram a experiência do Batismo no Espírito Santo.

“Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João, os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo. (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido, mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). Então, lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo”.

4. Conceito teológico

No Antigo Testamento, a festa judaica de Pentecostes - que era comemorada cinquenta dias depois da Festa das Primícias, uma prefiguração da ressurreição de Cristo -, era uma figura, um símbolo, um tipo do derramamento do Espírito Santo e, por isso mesmo, este derramamento se iniciou num dia de Pentecostes, para que, através do que está escrito sobre esta festa judaica, entendêssemos o significado desta operação espiritual, que é fundamental para a nossa vida cristã.

Não é coincidência que o derramamento do Espírito Santo tenha se iniciado no dia de Pentecostes. Em primeiro lugar é importante salientar que estamos diante do "ano aceitável do Senhor" (Lc.4:19), ou seja, o tempo em que haveria a pregação do evangelho. Este ano se iniciou com a morte de Jesus Cristo no Calvário, que nos abriu um novo e vivo caminho para o Pai (Hb.10:20), episódio que, por inaugurar este ano do Senhor, nada mais é que a Páscoa (1Co.5:7). Tanto assim é que, no dia seguinte ao sábado da Páscoa, era oferecido um molho das primícias da colheita ao sacerdote (Lv.3:10), que seria movido perante o Senhor, primícia esta que outra não é senão o primogênito dentre os mortos, aquele que ressuscitou no primeiro dia da semana - Cristo Jesus (1Co.15:20,23; Cl.1:18). Em seguida, cinquenta dias depois, vinha o Pentecostes, a festa que indicava o início da colheita no ano, ou seja, a ocasião que demonstra o início da salvação da humanidade através da Igreja, o início do movimento do Espírito Santo, baseado no sacrifício de Cristo, com poder e eficácia, em prol da colheita das almas para o reino celestial, algo que perdurará até a festa da colheita final, até o final deste ano, que se dará com a terceira festa, a festa das trombetas ou festa dos tabernáculos, que representa a volta de Cristo, o arrebatamento da Igreja.

Assim, a descida do Espírito Santo somente poderia ocorrer, mesmo, na festa das primícias, na festa das semanas, que indica o início da colheita, o início da manifestação plena do Espírito Santo no meio da humanidade com vistas à salvação das almas. Era o começo do movimento, e o Espírito Santo sempre esteve relacionado com o mover, como vemos desde a Sua primeira aparição no texto sagrado (Gn.1:2).

II. O PROPÓSITO DO BATISMO NO ESPÍRITO

Visto que a promessa do batismo no Espírito Santo é diferente da promessa da salvação, visto que é dirigida à Igreja, portanto aos que já são salvos, é imperioso que também verifiquemos qual o propósito de tal promessa, porque toda promessa de Deus tem um propósito, pois tudo quanto sucede debaixo do céu tem um propósito, um objetivo (Ec.3:1).

A necessidade do batismo no Espírito Santo apresenta-se como uma verdade sempre presente já no ministério de João Batista, que dizia que o Messias providenciaria o batismo no Espírito Santo (Mt.3:11; Mc.1:8; Lc.3:16; Jo.1:33), o que foi repetido pelo Senhor Jesus em Seu ministério terreno, tendo tal necessidade se tornado patente e comprovada no dia de Pentecostes, quando, diante das primeiras conversões, ficou demonstrado que, sem tal experiência, a obra evangelizadora que se exigia da igreja jamais poderia ser alcançada a contento.

A Promessa é para todas as pessoas que se convertem ao Senhor Jesus em todos os lugares e em todas as épocas; todavia, nem todos os crentes em Jesus são batizados no Espírito Santo. Jesus, ao anunciar que os discípulos deveriam aguardar o revestimento de poder, Jesus não fez qualquer restrição a respeito de quem deveria aguardar o batismo no Espírito Santo - "Ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até do que do alto sejais revestidos de poder" (Lc.24:49). Estas foram palavras proferidas pelo Senhor no Monte das Oliveiras, por ocasião do seu último discurso antes de ascender os céus que, segundo nos dá conta o apóstolo Paulo, foram ouvidas por mais de quinhentos crentes (cf. 1Co.15:6; At.1:12; Lc.24:50,51). Assim, a promessa foi feita para todos quantos criam em Jesus e professavam Seu nome naquele tempo, ou seja, a toda a igreja então existente.

Lamentavelmente, dos mais de quinhentos que ouviram a promessa, apenas quase cento e vinte perseveraram até o dia de Pentecostes (At.1:15) e, por isso, só estes, naquela oportunidade, foram revestidos de poder. Entretanto, e isto é muito importante, tantos quantos perseveraram e creram nas palavras do Senhor, alcançaram a bênção, mesmo se não eram do colégio apostólico, se eram homens ou mulheres (sim, mulheres também estavam entre os que foram batizados no Espírito Santo, cf. At.1:14), se eram crentes antigos (como os primeiros discípulos, como Pedro, João e André) ou se eram crentes recentemente convertidos (como os irmãos de Jesus, que se converteram apenas depois da ressurreição do Senhor, cf.1Co.15:7). Jesus quer batizar a tantos quantos creiam na promessa e nela perseverem.

Veja, a seguir, alguns propósitos do Batismo no Espírito Santo:

1. Fazer com que o crente possa ser uma testemunha de Jesus Cristo

O primeiro propósito de Jesus para batizar os Seus servos com o Espírito Santo é, precisamente, fazer com que o crente possa ser Sua testemunha. É o que verificamos no texto de At.1:8:

“Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra”.

Alguém só pode ser testemunha de alguém se tiver presenciado o fato, se conhecer a pessoa ou a sua vida e obra. Como poderia um crente falar a respeito do amor e do poder de Deus, se não os presenciasse, se não os vivenciasse? Somente o crente batizado no Espírito Santo é testemunha plena e completa da obra de Deus através de Jesus Cristo, pois não só desfruta do amor de Deus, pois é salvo, como também foi envolvido pelo poder de Deus através do revestimento de poder.

2. Proporcionar ao crente a alegria do Espírito Santo

A Bíblia fala-nos que, uma vez cheios do poder do Espírito, os discípulos passaram a falar das grandezas de Deus (At.2:11). Estavam todos alegres, glorificando a Deus e exaltando o nome do Senhor. A alegria no Espírito Santo é uma característica indispensável para quem quer ser semelhante a Cristo (Lc.10:21). A alegria é resultado da ação do poder de Deus nas nossas vidas (cf. Lc.10:17). Quando somos salvos, recebemos a alegria da salvação (Sl.51:12), mas se trata de uma alegria introspectiva, interna, enquanto que o gozo advindo da experiência do Batismo no Espírito faz com que ela jorre para os outros, se expresse com ousadia e seja capaz de compungir os corações dos que nos ouvem.

3. Capacitar o crente para a glorificação do nome do Senhor

Com o batismo no Espírito Santo, o crente passa a ser portador de porção do poder divino, que o torna capaz de operar maravilhas, sinais e prodígios (Rm.15:19) para a glorificação do nome do Senhor. Cheios do Espírito Santo, Pedro e João puderam conceder a cura ao coxo da porta Formosa, dando-lhe aquilo que tinham obtido mediante o revestimento de poder. Aliás, a concessão deste poder está tão relacionada ao batismo no Espírito Santo que o próprio Jesus o denominou de "revestimento de poder". É importante, aqui, observar a expressão bíblica "revestimento", ou seja, o crente já é vestido de poder, pois recebeu o Espírito Santo, foi por ele gerado, é uma nova criatura, contra a qual nada pode fazer o mal (1João 5:18), mas, quando batizado no Espírito Santo, passa a ter um poder todo especial, que lhe permite efetuar obras maiores até que as que foram feitas por Jesus em Seu ministério terreno (cf. João 14:12).

4. Criar um ambiente de maior intimidade entre o crente e o Espírito Santo

O batismo no Espírito Santo é um "mergulho", uma "imersão" no Espírito. A pessoa passa a estar envolvida pelo Espírito Santo, a estar integralmente sob a influência do Espírito Santo, a desfrutar de uma intimidade tal que dispensa até mesmo a intermediação de nossa alma neste relacionamento espiritual (como ocorre quando se fala em línguas estranhas, cf.1Co.14:2). Em consequência desta intimidade, o crente pode ser usado mais eficazmente pelo Espírito Santo e lhe compreende os desígnios com muito mais facilidade, o que não ocorre com o que não é batizado no Espírito Santo. Enquanto Apolo teve de ser orientado por Priscila e Áquila, Paulo não teve dificuldade em discernir onde o Espírito Santo queria que ele pregasse o Evangelho.

5. O Batismo no Espírito Santo é uma necessidade real e atual

Desde os dias de João, o batismo no Espírito Santo foi considerado uma necessidade para que a Igreja pudesse cumprir o seu papel, para que o crente pudesse desempenhar, com eficiência e eficácia, aquilo que o Senhor determinou que fizesse. Infelizmente, hoje, não são poucos os crentes que menosprezam e até descreem do batismo no Espírito Santo, confundindo-o com a experiência da conversão (ou novo nascimento) ou, então, dizendo ser uma experiência que ficou circunscrita aos tempos apostólicos. Se é verdade que a falta do batismo no Espírito Santo não compromete a salvação do crente, também não é menos verdadeiro que tudo o mais na vida espiritual apresenta-se comprometido e prejudicado pela ausência desta bênção.

Ora, se assim era nos dias apostólicos, quando a igreja dava os seus primeiros passos, quando se iniciava o período da graça, que diremos nos nossos dias, dias que a Bíblia chama de "tempos trabalhosos" (2Tm.3:1), dias de multiplicação da iniquidade que esfriará o amor de muitos (Mt.24:12), dias de apostasia (2Ts.2:3; 1Tm.4:1), dias comparáveis aos de Noé e de Ló em termos de maldade (Lc.17:26,28)?

Será que, diante de tamanho risco para a nossa salvação, quando já começa a operar com cada vez maior desenvoltura o espírito do anticristo (1João 4:3; 2Ts.2:7), podemos abrir mão desta promessa que o Senhor nos deixou, exatamente para nos dar maior intimidade com Ele, para nos dar poder, para nos dar ousadia? Obviamente que a resposta é não.

O batismo no Espírito Santo continua sendo o instrumento indispensável e necessário para que possamos enfrentar o nosso adversário e ganhar almas para o reino do Senhor, a começar da nossa própria (pois de nada adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua própria alma - Mt.16:26).

Jesus é o mesmo (Hb.13:8) e, deste modo, não haveria de mudar. Se determinou aos discípulos que aguardassem o revestimento de poder para que, com êxito, cumprissem a Sua vontade, se é Seu desejo que todos os crentes sejam batizados no Espírito Santo, não haveria de, agora, às vésperas de Sua volta, alterar os Seus desígnios, modificar a Sua vontade.

Sendo assim, se o(a) querido(a) irmão(ã) ainda não é batizado(a) no Espírito Santo, o que está a esperar? Comece, agora mesmo, a buscar esta promessa, que é para tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At.2:39b).

III. O RECEBIMENTO E A EVIDÊNCIA DO BATISMO NO ESPÍRITO SANTO

O Derramamento do Espírito Santo produziu o fenômeno das línguas. O Pentecostes foi o oposto de Babel. Em Babel as línguas eram ininteligíveis; no Pentecostes, não houve necessidade de interpretação. Em Babel houve dispersão; no Pentecostes, ajuntamento. Babel foi resultado de rebeldia contra Deus; Pentecostes, foi fruto da oração perseverante a Deus. Em Babel os homens enalteciam seu próprio nome; no Pentecostes, falavam sobre as grandezas de Deus. John Stott escreveu: “Em Babel, a terra orgulhosamente tentou subir ao Céu, enquanto em Jerusalém, o Céu humildemente desceu à Terra”.

1. As “outras línguas” (Atos 2:4)

“E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”.

Lucas destaca a natureza internacional da multidão poliglota reunida ao redor dos 120 discípulos que foram cheiros do Espírito Santo (Atos 2:5-11):

5.E em Jerusalém estavam habitando judeus, varões religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.

6.E, correndo aquela voz, ajuntou-se uma multidão e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.

7.E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! Não são galileus todos esses homens que estão falando?

8.Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?

9.Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, e Judeia, e Capadócia, e Ponto, e Ásia,

10.9.e Frígia, e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos (tanto judeus como prosélitos),

11.e cretenses, e árabes, todos os temos ouvido em nossas próprias línguas falar das grandezas de Deus.

Neste glorioso fenômeno do Pentecostes Deus rompeu a barreira da língua, e os judeus de diversas partes do mundo puderam ouvir os discípulos falando em sua própria língua materna. Essas “outras línguas” eram dialetos conhecidos e falados pelos judeus que habitavam diversas regiões do Império Romano e estavam em Jerusalém por ocasião da festa.

O apóstolo Pedro aborda a questão da “glossolalia” de Atos 2 e diz que não foi consequência de uma intoxicação ou embriaguez (Atos 2:13). Os discípulos não perderam suas funções físicas e mentais; foi um fenômeno tanto de fala como de audição. Não foram sons incoerentes, mas uma habilidade sobrenatural para falar em línguas reconhecíveis. Assim, a expressão “outras línguas” poderia ser traduzida por “línguas diferentes da sua língua materna”. Os discípulos falaram línguas que ainda não haviam aprendido. Essas “outras línguas”, portanto, são conhecidas como “glossolalia”, e elas evidenciam externa, física e inicialmente o batismo no Espírito Santo.

Qual a diferença entre as línguas de Atos 2 e as línguas mencionadas em 1Corintios 12 e 14?

·     As línguas em Atos 2 eram entendias pelos grupos linguísticos de judeus que habitavam Jerusalém; enquanto em 1Corintios as línguas eram ininteligíveis e existia a necessidade de um intérprete para traduzi-las. Consequentemente, elas eram diferentes também quanto ao caráter.

·     As línguas em Atos 2 foram dadas a um grupo específico, num lugar específico, num tempo específico, para evidenciar a recepção do Espírito; ao passo que em 1Corintios as línguas são um dom espiritual que continua sendo outorgado aos crentes para edificação própria e para edificação da Igreja.

·     As línguas em Atos 2 eram dialetos (Atos 2:6,8), ou seja, línguas faladas e entendidas pelos vários povos que estavam em Jerusalém; ao passo que em 1Corintios quem fala em línguas profere mistérios e ninguém pode entender (1Co.14:2).

·     As línguas em Atos 2 não precisam de intérprete, pois cada um os ouvia falar em sua própria língua; enquanto em 1Corintios até quem fala não entende o que fala, a não ser que tenha também o dom de interpretação (1Co.14:13,14).

·     As línguas em Atos 2 têm o propósito de proclamar as grandezas de Deus para fora, edificando as outras pessoas; já em 1Corintios, as línguas não devem ser usadas em público, a não ser que haja intérprete. É um dom de auto edificação (1Co.12:2,3,19).

2. Função das línguas

As línguas sinalizam a presença do Espírito Santo na vida do crente. As “línguas estranhas” são o único sinal bíblico do batismo no Espírito Santo; é uma exuberante oportunidade em que o Espírito Santo usa um servo de Deus para magnificar o nome do Senhor e levar o mundo a conhecer as grandezas de Deus, por intermédio da sobrenaturalidade. As pessoas no instante que são batizadas no Espírito Santo começam a falar com Deus, a exaltá-lo, a louvá-lo, a glorificá-lo de uma forma evidente e que pode ser notada e contemplada por todas as pessoas. Foram as línguas estranhas que sinalizaram o batismo de Cornélio e sua família (cf. Atros 10:47).

Assim, a “língua estranha” enquanto sinal do batismo no Espírito Santo é algo que está presente na vida de cada crente batizado no Espírito Santo. Portanto, a “língua estranha” como sinal do batismo é algo universal. Se alguém foi batizado no Espírito Santo, ele falou em língua estranha pelo menos no instante em que recebeu esta bênção. Deste modo, só existe um meio biblicamente aceitável para dizer se alguém foi batizado no Espírito Santo: ter sido visto falar em “língua estranha”.

Já a língua como dom espiritual tem uma outra abrangência. Como dom espiritual, diz a Bíblia, é repartida particularmente pelo Espírito Santo a quem Ele quer, ou seja, não é uma bênção que seja distribuída a todos os crentes batizados no Espírito Santo, mas tão somente a quem o Espírito Santo quer. O próprio apóstolo Paulo afirmou, em 1Coríntios 12:2, que havia aqueles que falavam em “língua estranha”, prova de que não eram todos os que falavam.

Portanto, o dom de línguas não é para todos, mas para alguns, ainda que seja, historicamente, o mais disseminado dos dons espirituais, o que se compreende tanto pelo fato de que se trata de um instrumento de edificação individual, quanto pela circunstância de ser o dom mais buscado pelos crentes, a ponto de Paulo ter tido necessidade de pedir aos crentes de Corinto que buscassem mais os dons de profecia e o de interpretação das línguas. 

Todos os batizados no Espírito Santo falam em língua estranha quando recebem o revestimento de poder, mas nem todos têm o dom de línguas; então há um grupo de crentes que, apesar de serem batizados no Espírito Santo, não possuem o dom de línguas e, por conseguinte, apesar de terem falado em “língua estranha” no instante do batismo, não mais falarão dali por diante. A existência deste grupo deve ser aqui realçada pois, inadvertida e erroneamente, há muitos que acham que, se alguém foi batizado no Espírito Santo e deixou de falar em línguas, precisa ser renovado, não está bem espiritualmente, pecou ou fez algo que não era da vontade de Deus. Nem sempre podemos assim considerar, pois nem sempre quem é batizado no Espírito Santo, recebe o dom de línguas.

3. Atualidade das línguas

O movimento pentecostal é aquele que demonstra, de modo cabal, a observância da Bíblia como única regra de fé e de prática. O evangelho completo, sem restrições, inteiramente assumido como verdade atual só é possível para quem crê na atualidade da operação do Espírito Santo, o que só é possível dentro da aceitação das doutrinas bíblicas pentecostais. Somente a admissão do “derramamento do Espírito Santo” como uma realidade atual poderá dizer que cremos na Bíblia e que a praticamos.

As “línguas espirituais” são o sinal estabelecido por Deus para indicar à Sua Igreja que alguém foi batizado no Espírito Santo, conforme nos informam as Escrituras, e elas são atemporais, pois o Batismo no Espírito Santo está em pleno vigor. Basta apenas buscar essa promessa que é para toda a Igreja em todas as épocas. Porém, não se deve confundir as “línguas estranhas”, como evidência do batismo no Espírito Santo, com o dom de variedades de línguas. Este dom, um dos nove dons elencados pelo apóstolo Paulo, em sua primeira Carta aos Coríntios, é algo diverso e que não é necessariamente presente na vida de todo crente batizado no Espírito Santo.

Portanto, a Promessa de ser batizado no Espírito Santo é para toda a Igreja, e isso engloba todos os crentes em Cristo em todos os lugares e em todas as épocas até à volta de nosso Senhor (Jl.2:28-32; At.2:16-21), de modo que as línguas são inseparáveis do batismo no Espírito Santo.

CONCLUSÃO

O batismo no Espírito Santo é mais do que uma promessa, é o cumprimento do projeto de Deus de revestir seus filhos com um poder para testemunhar das suas grandezas, da salvação e da vida porvir. E esse revestimento de poder não foi somente para os crentes do primeiro século, ele existirá enquanto a Igreja permanecer neste mundo. Devemos ser zelosos e sinceros na busca do batismo no Espírito Santo (Ef.5:18), e realmente falar em línguas somente, e somente só, quando o Espírito Santo o impulsionar para que isso aconteça, para glória de Deus.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento) - William Macdonald.

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Caramuru Afonso Francisco. A Promessa do batismo no Espírito Santo. PortalEBD_2007.

(1) Rev. Hernandes Dias Lopes. Atos – A ação do Espírito Santo na vida da Igreja.