domingo, 14 de fevereiro de 2021

Aula 08 – COMPROMETIDOS COM A PALAVRA DE DEUS

 

1º Trimestre/2021

Texto Base: 2Timóteo 2:14-19; 2Pedro 1:20,21


“Mas ele disse: Antes, bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus e a guardam” (Lc.11:28).

 

2Timóteo 2:

14.Traze estas coisas à memória, ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras, que para nada aproveitam e são para perversão dos ouvintes.

15.Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.

16.Mas evita os falatórios profanos, porque produzirão maior impiedade.

17.E a palavra desses roerá como gangrena; entre os quais são Himeneu e Fileto;

18.os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns.

19.Todavia, o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.

2Pedro 1:

20.sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação;

21.porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do tema: “Comprometidos com a Palavra de Deus”. O compromisso com a Palavra de Deus é das principais características do autêntico movimento pentecostal. O genuíno cristão considera a Bíblia Sagrada como a inspirada e inerrante Palavra de Deus em toda a sua dimensão e, por isso, ela é considerada a nossa única regra de fé e prática. Cremos que toda experiência espiritual genuína não pode contrariar a Palavra de Deus. A Bíblia é a referência para avaliar toda experiência individual e coletiva. Ela é a bússola que norteia a nossa jornada espiritual. Por meio dela somos guiados pelo Espírito Santo até o dia em que seremos arrebatados para estar para sempre com o Senhor. É preciso estarmos comprometidos integralmente com ela.

I. A AUTORIDADE DA BÍBLIA

A Bíblia é a Palavra de Deus porque tem origem em Deus; seu conteúdo foi comunicado por Deus aos homens santos escolhidos pelo Senhor para reduzi-la a escrito. O selo dessa autoridade aparece em expressões como "assim diz o SENHOR" (Êx.5:1; Is.7:7); "veio a palavra do SENHOR" (Jr.1:2); "está escrito" (Mc.1:2). Ante tais considerações, não temos como deixar de reconhecer que a Bíblia Sagrada é dotada de autoridade absoluta, ou seja, deve ser aceita pelo crente em Cristo como única regra de fé e de prática, ou seja, o cristão, se quiser ser fiel e obediente ao seu Criador, deve crer no que a Bíblia diz e fazer exatamente o que a ela determina.

1. Sola Scriptura (somente a Escritura)

As Escrituras são a base epistemológica da teologia, isto é, o fundamento do nosso conhecimento a respeito de Deus. O lema de Lutero, Sola Scriptura (“somente a Escritura”), é o

princípio protestante. As Escrituras constituem, determinam e governam todo o esfor­ço teológico. A nossa fonte de autoridade é o Espírito Santo falando nas Escrituras, o produto de seu próprio fôlego criativo. Nelas, a Igreja tem um teste objetivo contra a autoilusão demoníaca e um recurso para sua correção. As Escrituras são o mapa autêntico da ordem espiritual. Através dela encontramos o Deus vivo em sua autorrevelação misericordiosa. O falar de Deus torna-se possível, porque é baseado na informação da revelação verificável, expressa na linguagem humana. As Escrituras são inspiradoras aos seus leitores porque são, em si mesmas, inspiradas por Deus. (1)

2. Nossos fundamentos

O fundamento de nossa doutrina espiritual e cristã está fincado unicamente nas Escrituras Sagradas. Elas são a principal regra de fé e prática do verdadeiro cristão pentecostal. A Declaração de fé das Assembleias de Deus narra isso sem rodeios: “A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática...não necessitamos de uma nova revelação extraordinária ou pretensamente canônica” (2Pd.1:19-21). Portanto, é insana a acusação de alguns segmentos do cristianismo, principalmente do orbe do protestantismo cessacionista, de que os pentecostais baseiam suas crenças e práticas nas emoções e que ensinam a crença no Canon aberto. Esta é uma interpretação equivocada de nossos irmãos reformados, pois nós cremos piamente que a revelação canônica se encerrou com os apóstolos e profetas do Novo Testamento (1Co.15:8). Portanto, Sola Scriptura!

3. Não somos deístas

O Deísmo é a crença que, apesar de admitir a existência de um Deus Supremo, que criou o universo e o homem, ensina que, depois da criação, o Senhor os entregou para ser governado pelas leis da natureza. Noutras palavras, Ele deu corda ao mundo como quem dá corda a um relógio e o deixou sem mais cuidado da sua parte. Para os seguidores desta doutrina, Deus limitou-se tão-somente a criar-nos, abandonando-nos a seguir à própria sorte. Houve, inclusive, um momento na história de Israel que os judeus se fizeram deístas (Sf.1:12). Essa crença também é conhecida como racionalismo, pois é a religião do natural e racional, baseada no raciocínio puramente humano. Eles elevam a razão a uma posição de supremo guia, dispensando o revelado.

Porém, o cristianismo é uma fé que se apoia na revelação que Deus fez de si mesmo. Ele se mostrou ao homem em suas ações desde a criação, revelando-se a Adão, aos patriarcas, a Moisés e ao povo de Israel. O Senhor encerra o Antigo Testamento revelando-se especificamente aos profetas (Am.3:7). Contudo, o ponto mais alto da revelação divina, foi a vinda do Filho de Deus em carne. Sem esta revelação, estaríamos condenados à ignorância e à morte eterna. Ele enviou o seu Filho para estar conosco, e o Filho enviou o Espírito Santo para estar em nós.

Portanto, não somos deístas; somos, sim, teístas. No teísmo a fé repousa em um Deus único, pessoal, criador, auto-existente, auto-suficiente, onipotente, onipresente, onisciente, imanente e transcendente na mesma proporção e que subsiste em três pessoas diferentes: Pai, Filho e Espírito Santo.

II. ZELO PELA DOUTRINA

O zelo pela doutrina é um marco no pentecostalismo genuíno. Há uma conscientização de que o crente não sobrevive sem maturidade espiritual e cristã, e ela é adquirida com o estudo da Palavra de Deus. Por isso, desde cedo o crente é incentivado a conhecer as Escrituras Sagradas.

A Bíblia Sagrada contém ensinos preciosos e indispensáveis para que a pessoa viva. Estes ensinos é que constituem a “doutrina bíblica” ou “sã doutrina”. Não pode ser confundida com costumes, que são hábitos guardados por determinados grupos de pessoas dentro de um período de tempo. Foi fundamentada na doutrina bíblica que a Igreja primitiva em apenas três anos chegou aos pontos mais distantes do Império Romano. Em pouco tempo o evangelho foi pregado em todo o mundo de então (Rm.1:8).

1. Ensino ou instrução

“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2Tm.3:16,17).

“Doutrina” é palavra de origem latina que significa “o ensino dos doutores”, ou seja, o “ensino dos sábios”, o “ensino de quem sabe”. No caso da Bíblia Sagrada, dizemos que a “doutrina” ou a “sã doutrina” é o ensino constante das Escrituras, fruto da inspiração do Espírito Santo aos escritores dos diversos livros bíblicos, ou seja, aquilo que Deus quer que o homem saiba para se salvar e ter a vida eterna.

Seguir a doutrina Bíblica é seguir a vontade de Deus para o homem e é por isso que muitos se têm levantado contra a doutrina, porque ela implica na renúncia do eu, na renúncia do ego, na renúncia de nós mesmos, sem o que é impossível seguir a Jesus (Mt.16:24). Daí porque Jesus foi interrogado pelo sumo sacerdote a respeito de sua doutrina (João 18:19).

A doutrina de Jesus é impressionante. Ela traz mudança de caráter e mudança de direção. Veja Mateus 7:28; 22:33. Nestas referencias de Mateus, a doutrina de Jesus é apresentada como algo que admira, que causa assombro para os ouvintes, mostrando ser algo diferente, algo que não se confundia nem com a religiosidade existente, nem com as filosofias que também faziam parte dos discursos e ensinos ministrados naquela época. A doutrina de Jesus, portanto, como se pode observar é algo que não obedece a culturas, a costumes, nem à lógica humana.

O apóstolo Paulo, em seus escritos, sempre demonstrou sua preocupação para que a doutrina tivesse sempre um espaço privilegiado não só na vida de cada crente, mas nas igrejas locais, pois entendia que ser salvo era ter adotado uma nova doutrina (Rm.6:17); que os inimigos dos crentes são os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina (Rm.16:17); que um culto não tem sentido se não houver doutrina (1Co.14:6,26); que a vida familiar deve ser construída, notadamente a educação dos filhos, pela doutrina do Senhor (Ef.6:4).

2. O conteúdo da fé

A palavra “doutrina” se aplica também a um corpo básico e coerente do ensino cristão, como os credos, confissão de fé, declaração de fé. Estes são documentos eclesiásticos distintos, mas com o mesmo propósito – interpretar as Escrituras Sagradas para sintetizar o ensino da Igreja. Os credos são genéricos e as confissões de fé são mais elaboradas e específicas, afirma o Pr. Esequias Soares. “São interpretações autorizadas das Escrituras Sagradas aceitas e reconhecidas por uma Igreja ou denominação. Todas as igrejas ou denominações no mundo possuem algum tipo de conjunto de crenças, seja ele escrito ou não, não importando o nome dado aos ensinos que norteiam a vida da instituição cristã. A Bíblia é a Palavra de Deus e a única autoridade inerrante para a nossa vida; não é um credo, mas, sim, sua fonte primária. Na explicação de Philip Schaff, ‘a Bíblia revela a verdade em forma popular de vida e fato; o Credo declara a verdade em forma lógica de doutrina. A Bíblia é para ser crida e obedecida; o Credo é para ser professado e ensinado’. Em outras palavras, a Bíblia precisa ser interpretada e compreendida para uma adoração consciente a Deus” (Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD).

3. A nossa confissão de fé e a Bíblia

A nossa Declaração de Fé expressa o pensamento e a vida da Igreja, está absolutamente submetida às Escrituras Sagradas e em conformidade com elas; portanto, não é um documento de autoria particular.

O conjunto harmônico e bíblico dessa Declaração de Fé caracteriza-se por sua similitude no rigor da observação doutrinária estabelecida pela vivacidade da Palavra de Deus. Mesmo em forma sintética, abrange todas as principais doutrinas bíblicas, facilitando o conhecimento e conservando nossa mente contra as muitas heresias.

A obra “Declaração de Fé” é um documento eclesiástico que organiza, de forma escrita e sistemática, as crenças e práticas das Assembleias de Deus no Brasil que já são ensinadas nas igrejas desde a chegada ao país dos missionários fundadores, Daniel Berg (1884–1963) e Gunnar Vingren (1879– 1933). O contexto social e político por si só exige uma definição daquilo em que a Igreja crê e daquilo que professa desde as suas origens.

A Bíblia é a nossa única fonte de autoridade, a inerrante, infalível, completa e inspirada Palavra de Deus. As Escrituras Sagradas, no entanto, precisam ser interpretadas para que todos conheçam a sua mensagem. Assim sendo, o conteúdo dos 24 capítulos da Declaração de Fé são as interpretações autorizadas das Escrituras e os ensinos oficiais das Assembleias de Deus no Brasil.

A Declaração de Fé servirá como proteção contra as falsas doutrinas e contribuirá para a unidade do pensamento teológico para “que digais todos uma mesma coisa” (1Co.1:10). Trata-se ainda de um material didático para ajudar as igrejas no preparo dos candidatos ao batismo e também na formação espiritual dos novos convertidos, bem como mostrar para a sociedade aquilo em que nós cremos e aquilo que praticamos. O documento identifica nossa marca pentecostal como denominação, mas o objetivo primordial é a glória de Deus (extraído da obra Declaração de Fé das Assembleias de Deus).

III. O CUIDADO QUANTO AOS MODISMOS

Vivemos no tempo em que a Bíblia denomina de tempos trabalhosos (2Tm.3:1), que são dias em que surgem, com grande intensidade, inovações e modismos no meio do povo de Deus, porque são os dias da proliferação dos falsos profetas, falsos cristos, falsos mestres e doutores, até para que haja o cumprimento da Palavra de Deus. Devemos, pois, ser extremamente cautelosos com todo movimento e ideia que aparecer no meio do povo de Deus.

1. Modismo

Palavra própria da língua portuguesa, que vem da raiz latina “mod”, que era uma medida agrária antiga, donde retirou o seu significado de “limite”, de “limitação”. É “aquilo que está na moda e que tem caráter passageiro” (Dicionário Veja Larousse).

O “modismo” é sempre uma criação humana, que está sujeito a limitações de tempo e de espaço, e que não perdura, que tem a mesma natureza do seu criador, ou seja, é como a flor da erva, é como um conto ligeiro.

Vemos, pois, que, de um lado, temos a Palavra de Deus, que como o Seu autor é imutável, permanente, não sofre qualquer alteração; de outro, temos os “modismos”, criações humanas que, como o seu autor, são “introdução de novidades”, algo próprio de um ser criativo e cheio de invenções como é o homem (Ec.7:29), mas que, assim como o homem, é algo passageiro, que não tem consistência nem duração.

Não há comunhão entre a luz e as trevas, entre a Verdade e as mentiras. Modismos são falsificações da Palavra de Deus, são atitudes que não têm qualquer compromisso com Deus e, portanto, não podem ser adotados nem acolhidos por tantos quantos têm comunhão com o Senhor. Se Deus tem compromisso com a Sua Palavra, e se ela não muda, e se ela é a Verdade e a luz (Sl.119:105), temos que somente crer nela e nos valer dela como nossa regra de fé e prática de nossa conduta moral e espiritual.

Ocorrem vários modismos no orbe evangélico que são puramente aberrações, e que o autêntico cristão deve ficar muito longe disso. Cito três exemplos, mas a lista é grande:

a)           Bênção da Água”

Na prática da “bênção da água”, tem-se nítido animismo inserido indevidamente no meio do povo de Deus. Esta prática nada mais é que uma “roupagem evangélica” para a “água benta”, umas das primeiras práticas pagãs absorvidas pelo romanismo.

Não é pela água que se purifica alguma coisa, nem que se consegue alguma bênção, muito menos que se espantam demônios ou espíritos malignos, mas por uma vida de comunhão com Cristo Jesus. A água, na Bíblia, é símbolo da Palavra de Deus e é por ela que somos santificados e regenerados (João 17:17; Ef.5:26; 1Jo.5:7,8). O único momento em que usamos água com significado espiritual é o instante do batismo, em que, por imersão em água, testificamos publicamente que cremos em Jesus, nascemos de novo e estamos mortos para o mundo (Rm.6:3,4). É um instante singular, único em que usamos a água.

b)           Queima dos pedidos de oração”, “queima das necessidades” ou, ainda, “queima dos pecados dos antepassados” ou “queimas das maldições hereditárias”

Esta prática de se levar ao fogo para destruição ou purificação de algo é, nitidamente, uma prática retirada dos cultos pagãos, que o digam os sacrifícios feitos a Moloque, abomináveis aos olhos do Senhor (2Rs.16:3; 17:17; 21:6; 23:10; 2Cr.33:6; Ez.20:31; 23:37). Por que fazer algo que o Senhor já declarou explicitamente em Sua Palavra que abomina?  Este tipo de modismo é puro animismo, pois é dar ao fogo o poder espiritual de atendimento às nossas preces, o que contraria totalmente o que ensinam as Escrituras. Repudiemos este “falso ensino”, verdadeiro exercício de feitiçaria!

c)            “Purificação de ambientes”, para “proteção do crente e de sua família”

Nestas chamadas “purificações” são utilizados os mais variados elementos tais como “sal grosso”, “rosa ungida”, “óleo de Israel”, “água do rio Jordão”, e tantas outras coisas que nos fazem lembrar as “relíquias” da Igreja Romana, que tantos absurdos e crendices causaram na cristandade. Queridos irmãos em Cristo, isto é pura idolatria, misturada com a mais banal feitiçaria. Como pode um servo de Deus, lavado e remido no sangue do Cordeiro, crer que, para estar livre dos espíritos malignos, deve ter sal grosso em casa, rosa ungida ou ter um frasco com água do rio Jordão? Qual a diferença deste proceder com aqueles que usam patuás, fitas benzidas, pés de coelho, figas ou outros conhecidos amuletos e talismãs? Evidentemente, nenhuma!

As pessoas crentes que se deixam levar por isto são tão cegas quanto os incrédulos, para não dizer que estão ainda mais longe da salvação do que aqueles, pois, por pura ignorância, não sabem que Jesus liberta de tudo isto e não impõe estas coisas, como é defendido pelos pregadores deste falso e supersticioso evangelho. Tudo isto é resultado da ignorância espiritual, da falta de estudo da Palavra de Deus, do menosprezo que o ensino da Bíblia tem tido nas nossas igrejas locais. Somente a verdade pode libertar do pecado (João 8:32,36) e a verdade é a Palavra de Deus (João 17:17), a única que testifica de Cristo (João 5:39).

2. “Procura apresentar-te a Deus aprovado” (2Tm.2:15)

Como obreiro de Deus procuramos muitas coisas - procuramos estudar, procuramos orar, procuramos nos santificar, procuramos servir as pessoas, procuramos frequentar os cultos, procuramos contribuir financeiramente, procuramos crescer como obreiro...Tudo isto é importante, mas existe algo mais importante que devemos fazer: devemos procurar nos apresentar a Deus. É neste detalhe que muitos falham, muitos obreiros se apresentam à sua igreja, à sua denominação, ao seu pastor, ao seu bispo, aos congregados que ele serve, mas às vezes se esquece de se apresentar a Deus. Deus é o Senhor de sua própria obra, Ele é o responsável pela divisão de tarefas de sua obra; é a Ele a quem devemos prestar contas de nossos trabalhos. O obreiro de Deus deve conversar com Deus todos os dias, e essa comunhão diária proporcionará o aperfeiçoamento do servo de Deus. Existem obreiros que não oram, que quase não estudam a Bíblia, que não se apresentam a Deus; como pode essa pessoa ser bem sucedida na obra de Deus, que se caracteriza pelas lutas espirituais com as forças do mal?

Paulo diz que o obreiro deve se apresentar a Deus, mas diz também de que maneira este obreiro deve se apresentar: aprovado. O que isto significa? Significa que temos que ter a aprovação de Deus e da Bíblia para o que fazemos. No texto de 2Tm.2:15, a palavra grega “parastesai”, traduzida por “apresentar-te”, significa apresentar-se para o serviço; dá a ideia de utilidade para e no serviço. Já a palavra “dokimos”, traduzida por “aprovado”, era usada para indicar o ouro e a prata purificados de toda a escória; fazia referência ao dinheiro genuíno e não adulterado; também era empregada para aludir a uma pedra lavrada, cortada e provada a fim de ser usada adequadamente na construção de um edifício. Uma pedra com alguma imperfeição era marcada com um “A” maiúsculo, representando a palavra grega “adokimastos”, que significa “provada e encontrada deficiente”.

O Obreiro aprovado por Deus:

ü  Prega e ensina sem engano. “Paulo nunca usou de engano em suas pregações. Diferente de alguns falsos mestres de sua época que pregavam e ensinavam com argumentos falsos e logro. É preciso ter muito cuidado com os “lobos” vestidos de ovelhas, que andam a enganar os crentes incautos”.

ü  Prega com pureza. Paulo pregava por amor a Cristo. Jesus era o seu alvo. Atualmente, há muitos falsos obreiros que só visam lucro e bens financeiros. O falso mostra-se tão bem vestido de verdadeiro, que, se possível fosse, enganaria até mesmo os escolhidos. São falsos milagres, falsos milagreiros, falsos ensinos, falsos mestres, falsas profecias e falsos profetas. As igrejas locais estão proliferadas de obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os mestres da lei de Deus, nos dias de Jesus (Mt.24:11-24), e o crente precisa estar informado sobre este fato.

3. “...como obreiro que não tem de que se envergonhar” (2Tm.2:15)

Temos muitos motivos para nos orgulhar como obreiro de Deus:

ü  fomos criados por Deus.

ü  somos sustentados durante toda a nossa vida por Deus.

ü  fomos salvos por Jesus.

ü  o Espírito Santo habita em nosso coração.

ü  os anjos de Deus nos protegem todos os dias.

ü  fazemos parte da mesma comunidade que Abraão, Jacó, Elias, Davi, Pedro, Paulo, Débora e de outros servos de Deus do passado e do presente. Hoje pertencemos a Igreja de Jesus Cristo, ou seja, pertencemos a um povo salvo por Jesus Cristo, espalhado em toda a Terra.

Temos muitos motivos para nos orgulhar. Portanto, um obreiro de Deus não deveria ter do que se envergonhar, mas não é isto o que acontece na prática, pois nos envergonhamos de muitas coisas:

ü  eu me envergonho de ver pregadores cobrando alto para pregar o que receberam de graça de Jesus.

ü  eu me envergonho de ver obreiros brigando com outros obreiros por causa de dinheiro, de membros, de região geográfica.

ü  eu me envergonho de ver obreiros que deveriam agir com transparência, usarem o dinheiro sagrado de dízimos e ofertas que o povo de Deus dá para a obra de Deus, para uso próprio, comprando mansões, viajando de primeira classe para pregar e comprando até jatinhos de milhões de dólares.

ü  eu me envergonho de ver tantos obreiros se separando de suas esposas e família, namorando com suas secretárias, assistentes e membros da congregação, e continuarem a “ministrar“ como se nada tivesse acontecido.

ü  eu me envergonho de ver “obreiros“ que não conhecem a Bíblia Sagrada, e querer ensinar alguma coisa espiritual ao povo de Deus.

ü  eu me envergonho de ver pessoas se rebelando nas igrejas e abrindo outras denominações com nomes estranho, causando vergonha aos que seriamente servem a Deus.

ü  eu me envergonho de ver na época de eleições os púlpitos das igrejas serem usados por oportunistas que só querem o voto, e nada tem com Deus e sua obra.

Como Deus julgará que tipo de trabalhadores temos sido para Ele, devemos edificar nossa vida em sua Palavra e aplicá-la à nossa vida. Esta, por si mesma, já nos indica como viver e servir a Deus. Os crentes que ignoram a Bíblia certamente se envergonharão no dia do julgamento. O estudo consistente e diligente da Palavra de Deus é vital; caso contrário, seriamos impelidos a negligenciar a Deus e ao nosso verdadeiro propósito na vida.

4. “...que maneja bem a Palavra da verdade” (2Tm.2:15)

A Palavra da Verdade é a Bíblia sagrada. O obreiro do Senhor precisa apresentar-se primeiro a Deus como aprovado, para depois apresentar-se diante dos homens com eficácia. Seu papel não é torcer as Escrituras Sagradas, mas manejá-la bem. Enquanto os falsos mestres desvirtuam as Escrituras (2Tm.2:18; 1Tm.1:6;6:21), o obreiro fiel deve manejá-la bem, ou seja, pregá-la com fidelidade e sinceridade. O obreiro de Deus deve dominar a Bíblia de gênesis a apocalipse, deve conhecer suas doutrinas e princípios.

Não podemos fazer a obra de Deus relaxadamente. Aquele que ensina deve esmerar-se em fazê-lo. Quem prega a Palavra precisa ser um mestre da Palavra. Aquele que cessa de aprender cessa de ensinar. Quem não abastece sua própria alma com a Palavra não pode alimentar os outros com a Palavra. Não podemos ensinar os outros a partir da plenitude das nossas emoções e do vazio da nossa mente.

CONCLUSÃO

Aprendemos neste estudo que a Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus, e como Palavra de Deus deve ser recebida, crida e obedecida como a autoridade suprema em todas as coisas pertencentes à vida e à piedade (Mt.5:17-19; João 14:21; 15:10; 2Tm.3:15,16; ver Êx.20:3). Na igreja, a Bíblia deve ser a autoridade final em todas as questões de ensino, de repreensão, de correção, de doutrina e de instrução na justiça (2Tm.3:16,17). Ninguém pode submeter-se ao senhorio de Cristo sem estar submisso a Deus e à sua Palavra como a autoridade máxima (João 8:31,32,37). Como filhos de Deus, não podemos afastar-nos jamais das Sagradas Escrituras; destas, todos dependemos vitalmente. Quanto mais as estudarmos, mais íntimos seremos de seu Autor. Todos na igreja devem amar, estimar e proteger as Escrituras como um tesouro, tendo-as como a única verdade de Deus para um mundo perdido e moribundo.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento) - William Macdonald.

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Pr. Claudionor de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua Igreja em Levítico. CPAD.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. A Bíblia é a Palavra de Deus.PortalEBD_2008.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. A Bíblia: o código de ética divino. PortalEBD_2008.

(1) Dicionário Wycliffe.

domingo, 7 de fevereiro de 2021

Aula 07 – CULTUANDO A DEUS COM LIBERDADE E REVERÊNCIA

 

1º Trimestre/2021

Texto Base: 1Corintios 14:26-32


“Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (João 4:24).

 

1Corintios 14:

26.Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.

27.E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.

28.Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.

29.E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.

30.Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.

31.Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.

32.E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.

33.Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo do trimestre sobre o verdadeiro pentecostalismo, trataremos nesta Aula do culto pentecostal, aquele que é praticado com liberdade e reverência. O genuíno culto pentecostal deve ser ordeiro e de acordo com as Escrituras Sagradas. Deus não aceita no momento do culto procedimentos desorganizados e comportamentos irreverentes. Deus não é Deus de confusão, e não deseja que o momento em que é adorado sirva de escárnio nem para crentes não pentecostais nem para ímpios. O culto é um ato de adoração, ou seja, ato pelo qual o crente reconhece que Deus é o Senhor de todas as coisas, inclusive do adorador. O padrão universal estabelecido para se cultuar a Deus está exarado no compêndio doutrinário da Igreja. Cada nação, povo ou etnia se apresenta diante Deus de forma reverente, na sua própria tradição cultural. Às vezes não compreendemos certas atitudes de alguns povos na sua forma de louvar a Deus, mas Deus compreende muito bem.

I.  O CULTO PENTECOSTAL: LIBERDADE E REVERÊNCIA

Apesar da liturgia dos cultos pentecostais serem previsíveis, aceita-se certa liberdade no modo de adoração ao Senhor, vez que não há padrões rígidos e fixos após a vinda do Espírito Santo sobre a Igreja no dia de Pentecostes, daí porque as Escrituras dizerem que onde há o Espírito de Deus, aí há liberdade (2Co.3:17). Contudo, a liberdade na adoração a Deus não significa, em absoluto, que não haja quaisquer regras ou parâmetros na devoção coletiva, na liturgia, que é o nome que os teólogos dão a esta ordem de culto a Deus na igreja local. Liberdade, biblicamente falando, é algo que é feito debaixo da submissão da autoridade divina, algo que tem responsabilidade, não uma autonomia diante de Deus, muito menos uma libertinagem. Nosso Deus é um Deus de ordem e de decência e, como tal, a devoção coletiva deve observar estes parâmetros de nosso Senhor (1Co.14:40). Nesta Aula vamos estudar como deve ser o Culto de adoração ao Senhor e os elementos para que ele seja aceitável a Deus.

1. A flexibilização cristã

A Bíblia é o maior manual litúrgico em circulação, sendo ela inspirada por Aquele a quem devemos toda honra, glória e louvor. É nela que encontramos a principal fundamentação para a prática do culto cristão. Na Nova Aliança, a prática do culto a Deus é muito mais flexível do que era no culto Levítico, mais rígido e inflexível. No culto cristão há uma flexibilização na liturgia, porém, essa flexibilização tem limites. Não se pode aceitar que atitudes venham manchar a essência do culto que é adorar a Deus. Atualmente vê-se nas Igrejas locais em todo o Brasil inovações, práticas e costumes que têm intrigado muitos cristãos. Exemplos:

·     Uso exagerado de palmas nas reuniões devocionais coletivas. Para tudo se bate palmas. Isto não era desconhecido dos israelitas, como podemos verificar no Sl.47:1, passagem bíblica que tem sido utilizada por tantos quantos são favoráveis a esta prática na devoção coletiva. Entretanto, este texto é uma expressão poética, ou seja, temos ali uma linguagem figurada, não literal, de modo que não se pode aceitar que o texto permita inferir que as palmas tenham sido uma conduta observada pelos israelitas na sua devoção a Deus.

·     O uso de coreografia no momento do culto. Muitos utilizam como gancho para justificar essa prática os textos bíblicos de Ex.15:20 e 32:19 ou em Jz.11:24 e 21:21. Estas eram danças praticadas pelo povo de Israel em ocasiões especiais, em celebrações populares, resultantes da cultura profana do povo israelita, sem qualquer conexão com o cerimonial levítico. A verdade é que a prática da dança não estava relacionada com o culto formalmente estabelecido por Deus conforme a lei de Moisés. Mesmo quando vemos Davi dançando, quando levava a arca para Jerusalém, isto se deu durante a subida da arca para Jerusalém, no caminho, não havendo registro de dança durante a realização dos sacrifícios, após a chegada da arca (2Sm.6:17,18). A dança, pelo contrário, estava presente nas festividades em honra ao bezerro de ouro (Ex.32:19). Vê-se, portanto, que não se trata de uma conduta que esteja, na Bíblia, relacionada ao culto devocional coletivo a Deus, motivo por que não deve ser adotado. Aliás, em muitos lugares onde houve a adoção de tal prática, houve a instalação de uma perigosa irreverência e de uma sensualidade que, em tudo, são avessos ao propósito que deve estar presente em nossa devoção coletiva.

·     Excesso de Louvores. O louvor é importante, mas é apenas um instante de preparação para o momento principal da reunião, que é a exposição da Palavra de Deus. Hoje em dia, infelizmente, devido ao grande número de grupos musicais na igreja, sem se falar naqueles que preferem cantar individualmente, não raras vezes, três quartos do tempo da reunião são dedicados ao louvor, o que tem causado grande prejuízo espiritual ao povo de Deus. O alimento do cristão é a Palavra de Deus, e o excesso de louvores tem contribuído para o raquitismo espiritual da igreja nos nossos dias. Precisamos voltar aos tempos passados, onde se ouviam até três mensagens numa reunião. Certamente, vivemos o tempo do “louvorzão” e da “palavrinha”.

Devemos nos conscientizar de que precisamos nos moldar e nos adequar cada vez mais aos princípios e ensinamentos da Palavra de Deus. Não somos perfeitos, pois somos seres humanos, mas, como salvos, devemos nos aperfeiçoar até atingir a condição de varões perfeitos, a medida da estatura completa de Cristo (Ef.4:13). É claro que isso só acontecerá quando chegarmos ao último estágio do processo da salvação, que é a glorificação.

2.  O Culto

O Culto é uma das mais belas e antigas formas do homem expressar sua devoção, gratidão e adoração a Deus. É uma atitude que exige, antes de mais nada, que a pessoa esteja no lugar determinado pelo Senhor. Não há como se cultuar a Deus se não estivermos no local indicado por Deus. Por isso, o culto a Deus, no tempo da lei, devia ser feito exclusivamente no lugar escolhido por Deus (Dt.12:1-14). “Cultuar” é se pôr no seu devido “posto” (Ne 8:7), reconhecer qual é o seu lugar e qual é o lugar de Deus.

É interessante notar que no atual período da Igreja, como Deus está em nós (João 14:17,23), não há um lugar exterior determinado para o culto, mas nós mesmos, sendo templo do Espírito Santo (1Co.6:19), devemos cultuar a Deus a todo instante, em espírito e em verdade (João 4:21-24).

Para muitos cristãos, ir ao culto é uma questão de hábito. Por hábito entenda-se aquela disposição duradoura adquirida desde o início da vida cristã, quando entregamos nossa vida ao Senhor. De um modo ou outro, este hábito produz em muitas pessoas um senso de obrigação, algo que precisa ser feito pelo menos uma vez por semana. Outros têm maior necessidade de ir ao culto, sendo este hábito fortalecido por um profundo desejo de estar na casa de Deus, pode-se dizer neste caso que é um hábito que se renova no instante que o cristão está se dirigindo à casa do Senhor.

Todavia, cultuar a Deus não é um hábito, é a expressão máxima de nossa devoção ao Senhor, de nossa dependência à sua Palavra e de nossa necessidade de prestar-lhe serviço. O culto cristão é uma resposta ao imenso amor de Deus, mediante expressões de louvor e adoração. O culto é a resultante de nossa reconciliação com Deus promovida por Jesus Cristo - Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto” (Ef.2:13).

“Culto”, por fim, significa “honra, veneração e respeito”. Não se pode falar em culto se não houver um reconhecimento da superioridade de quem é cultuado em relação a quem cultua. O culto é uma demonstração do reconhecimento da nossa inferioridade diante de Deus, de que Ele é o Senhor e digno de toda a adoração, de todo o louvor (Ap.5:12-14). Através do culto, externamos aquilo que já está em nosso coração, ou seja, a convicção, a certeza e o reconhecimento de que Deus é digno, de que Deus merece toda a honra, toda a veneração, todo o respeito.

3. A reverência no culto

Deus é infinitamente sublime em majestade, poder, santidade, bondade, amor e glória. Por isso, devemos adorá-lo e servi-lo com toda reverência. Quando lemos a Palavra de Deus, observamos que o Senhor sempre exigiu reverência, respeito e consideração nas reuniões coletivas de adoração. Quando se manifestou a Moisés, imediatamente mandou que o futuro líder libertador de Israel não se aproximasse da sarça ardente e, ainda, descalçasse seus pés, pois o lugar onde se encontrava era terra santa, em virtude da presença do Senhor (Ex.3:5), algo que, anos mais tarde, seria repetido em relação ao sucessor de Moisés, Josué (Js.5:15), passagem que prova que a adoração não se desprende da reverência.

A reverência, o respeito, a consideração, traduzem, aliás, o que a Bíblia chama de “temor do Senhor”, ou seja, o reconhecimento da soberania e do senhorio de Deus sobre cada ser humano, o que nos leva a respeitá-lo, ou seja, “olhá-lo com atenção”, “levá-lo em consideração”, “prestar-Lhe atenção”, “dar-Lhe ouvidos”. O respeito leva-nos, portanto, a ter algumas regras e normas no culto a Deus, normas estas que devem ser observadas e que revelam o próprio ato de adoração que está presente em cada culto coletivo a Deus - “Adorai ao Senhor vestidos de trajes santos; tremei diante dele, todos os habitantes da terra”(Sl.96:9 -JFAA).

O sentido do termo “adoração” é chegar-se a Deus de modo reverente, submisso e agradecido, a fim de glorificá-lo. Sem que sejamos verdadeiramente submissos a Deus, sem que sigamos a sua vontade, que está na sua Palavra, não teremos adoração, mas um mero formalismo, que é algo que gera no Senhor repugnância, verdadeiro aborrecimento. É por este motivo que Deus não aceitava os rituais, cerimônias e celebrações do povo de Israel quando este se encontrava em pecado, distante do Senhor. Todos os sacrifícios, todos os rituais e todo o formalismo praticado pelo povo eram considerados nada mais nada menos do que abominação para o Senhor (cf.: Is.1:11-15; Jr.6:20; 7:21-26; Am.5:21-27; Mq.6:6-8; Zc.7; Ml.1:6-14).

II. O CENTRO DO CULTO PENTECOSTAL

No livro de Atos constatamos que a mensagem da igreja cristã em seu início era essencialmente cristocêntrica. Ou seja, Cristo era o centro da pregação e adoração na igreja primitiva. Cristo é o centro, propósito e sentido último de tudo o que fazemos. Percebe-se que no meio de muitas reuniões de culto e conjuntos musicais, percebe-se que alguns tão somente querem evidenciar a si mesmos ou seus talentos musicais, e esquecem de evidenciar a Cristo. Fazem da oportunidade de tocar um momento para evidenciar seus talentos e performance. Estaria Cristo sendo glorificado nisso? Lembre-se, nossa função não é entretenimento, não é apresentação pessoal, nossa função é Cristo por meio da adoração e evangelização.

1. O centro da nossa adoração

A essência do culto a Deus é a adoração, e o Senhor Jesus é o centro da nossa adoração. Em assembleia, os crentes se reúnem em nome de Jesus para adorar ao Deus trino. A adoração a Deus é o gesto concreto de nosso reconhecimento de que Deus é o Senhor de todas as coisas, inclusive de nosso ser. É através da adoração que Deus é reconhecido como Senhor e o homem, como seu servo. Quando adoramos ao Senhor, em espírito e em verdade (João 4:23,24), trazemos o Senhor até ao local de adoração de uma forma especial. O Senhor Jesus disse que Deus procura a estes adoradores e disse que estaria onde estivessem dois ou três reunidos em seu nome (Mt.18:20). Assim sendo, quando nos reunimos em nome do Senhor, quando realmente O adoramos, Ele se faz presente de uma forma toda especial, ou seja, como companheiro, como intercessor, como Salvador. A verdadeira adoração é a chave para sentirmos a presença do Senhor e para que haja salvação de vidas, operação de sinais e maravilhas, demonstração do poder de Deus. Quando não há adoração, nada disso se verifica e este é um sinal patente da ausência de Deus em determinadas igrejas locais.

2. O Culto vibrante no poder do Espírito

É uma verdadeira bênção participar de um culto onde a manifestação do sobrenatural de Deus é notória; um culto onde a presença real do Espírito Santo é sentida. Não há como ficar inerte sem participar desse culto, pois o Espírito impulsiona o crente a se mover em atitudes de adoração a Deus, típica do verdadeiro movimento pentecostal. Percebe-se no capítulo 14 de 1Corintios que os crentes da igreja de Corinto não eram meros espectadores, mas participantes fervorosos e vibrantes, impulsionados pelo mover do Espírito Santo.

Infelizmente, no pentecostalismo contemporâneo há, como havia na igreja de Corinto, muito fervor, mas pouca espiritualidade; muito carisma, porém pouco caráter; muitos dons, mas falta de virtudes do fruto do Espírito. É impressionante o número de eventos que conclamam sobre avivamento, mas poucos são os frutos desse suposto “mover”. Que Deus desperte a igreja pentecostal, para que ela volte a praticar um culto vibrante no poder do Espírito Santo.

3. Características pentecostal

Vejamos algumas características da Igreja Pentecostal:

a) Tem a Bíblia como a sua regra de fé e prática. A Bíblia é o Livro da Igreja. Igrejas Locais que não valorizam a Palavra de Deus não podem ser consideradas igrejas cristãs; não são servas da Palavra e nem serva de Cristo; são servas de teologias, de filosofias, do pós-modernismo, do relativismo; são servas de seus fundadores, de seus dogmas, mas não tem Cristo como Senhor, nem sua Palavra como regra de fé e prática. É na Bíblia que encontramos as diretrizes para atingirmos à santidade (ver Ef.4:24-32). A doutrina pentecostal é, sobretudo, bíblica, ou seja, está fundada nas Escrituras e se baseia totalmente nelas. Portanto, o verdadeiro pentecostalismo não admite qualquer outra revelação além das Escrituras Sagradas, pois prima pela ortodoxia e ortopraxia bíblica, e pela sã doutrina (Gl.1:6-9).

b) Mantém a Comunhão, ou seja, a união entre os crentes e o Senhor, e entre os próprios crentes. Comunhão com Deus significa a separação do pecado e a separação para Deus, enquanto a comunhão com os irmãos representa a união fraternal, o exercício do verdadeiro amor, o amor divino entre os irmãos, sem o qual não se pode dizer que há amor a Deus (1João 2:9-11; 4:7,8). Preservar o verdadeiro Pentecostes é demonstrar o amor a Deus, evitando o pecado, como também amando o próximo.

c) Conserva o avivamento iniciado no dia de Pentecostes: o Batismo no Espírito Santo e os dons espirituais. Esta preocupação é a mesma que havia no cerimonial do Tabernáculo e, depois, do templo de Jerusalém, de não se permitir que o fogo do altar se apagasse (Lv.6:13).

d) Tem compromisso com a santidade. Para manter o Espírito Santo ativo em nós, faz-se necessário que nos mantenhamos separados do pecado, que não voltemos a pecar, bem como que prossigamos a obedecer ao Senhor Jesus. O segredo da conservação do verdadeiro Pentecostes está na santificação e na observância da Palavra de Deus.

e) Obedece de forma irrestrita à Palavra de Deus. Não basta orarmos, nem tampouco meditarmos na Palavra de Deus; precisamos pôr em prática aquilo que aprendemos ao estudarmos a Bíblia Sagrada, como também aquilo que recebemos da orientação direta do Espírito Santo. O conhecimento teórico das Escrituras de nada serve. Jesus mostrou que os fariseus tinham amplo e correto conhecimento da Palavra, mas não viviam coisa alguma daquilo que ensinavam (Mt.23:1-3).

f) Anuncia o Evangelho em tempo e fora de tempo. O verdadeiro pentecostalismo mantém a mesma postura da igreja primitiva, que não se cansava de anunciar Jesus Cristo como Senhor e Salvador da humanidade, conforme as demandas da Grande Comissão (Mc.16:15-20).

g) Contribui financeiramente para Obra de Deus. As contribuições financeiras são partes de adoração desde os tempos do Culto Levítico (Dt.26:10; 1Co.16:1,2; 2Co.9:7). O objetivo das contribuições é levar avante a obra de Deus enquanto a Igreja estiver aqui na Terra.

III. COMO SE EXPRESSA AS LITURGIAS DE NOSSAS IGREJAS?

Em nossas igrejas locais há diversas modalidades de cultos coletivos, como, por exemplo, o “culto da família”, “culto de oração”, “culto da juventude”, “culto de doutrina”, culto de ensino”. Todos esses encontros estão submetidos a uma liturgia prévia, tendo o Espírito Santo plena liberdade para operar; é uma liturgia simples que permite que qualquer membro da igreja expresse sua vontade de adorar a Deus, respeitando a decência e a ordem do culto, eliminando os exageros que porventura venham surgir. Foi por causa dessa liberdade, com responsabilidade, de adoração que a Igreja Assembleia de Deus se tornou na maior denominação evangélica do Brasil. Deus seja louvado!

1. Nossas reuniões de adoração

Nossas reuniões de adoração tem uma liturgia previamente estabelecida. A liturgia compreende diversas partes do culto: oração (At.12:12; 16:16); cânticos (1Co.14:26; Cl.3:16); leitura e exposição da Palavra de Deus (Rm.10:17; Hb.13:7); ofertas (1Co.16:1,2); manifestações e operações do Espírito Santo (1Co.14:26-32); e bênção apostólica (2Co.13:13; Nm.6:23-27).

A liturgia tem por finalidade servir ao Senhor e trazer um ordenamento no culto, de forma que haja tempo para a oração inicial, os cânticos e louvores, testemunhos e a pregação da Palavra. Sem uma liturgia, o culto pentecostal não teria ordem, trazendo confusão ao santuário.

Atos 13 é um bom exemplo de uma igreja pentecostal que prestava um culto racional e com uma liturgia que agradava a Deus. Lucas retrata a primeira comunidade cristã mista da história - a Igreja em Antioquia; lá havia profetas e mestres adorando ao Senhor de forma tão agradável que o Espírito Santo ordenou que separassem Paulo e Barnabé para uma obra específica. Atos 13:2 apresenta a seguinte expressão: “E, servindo eles ao Senhor e jejuando…”. Aqui, a palavra “servindo”, no grego “leitourgeion”, representa não só a adoração do culto, mas também a ordem como ela se manifesta. Foi nesse ambiente que o Senhor ordenou que Paulo e Barnabé fossem separados para a obra missionária. Isso coloca por terra a teoria de que a liturgia atrapalha a operação do Espírito Santo de Deus. Como vemos, Ele fala – tanto por sua palavra como por meio de profetas - em ambientes onde seu nome é cultuado de forma ordeira, mas seu Espírito reprova ambientes, como da Igreja em Corinto, onde o culto era desordeiro, sob o falso pretexto de espiritualidade.

A Liturgia no culto é necessária, mas deve-se ter cuidado com o formalismo exagerado. Se há necessidade de haver uma determinada ordem no culto coletivo a Deus e que esta ordem se manifeste por meio de algumas regras e normas, há o grande risco de, em nome da organização, estabelecermos um formalismo, um legalismo que prevaleça sobre a própria adoração a Deus, que foi, precisamente, o mal que tomou conta do povo de Israel que passou a cultuar a Deus de modo exclusivamente externo e aparente, prendendo-se aos rituais e às cerimônias, o que levou, inclusive, o Senhor a abominar as solenidades e festividades que se passaram a realizar. Através dos profetas, Deus mostrou ao Seu povo que não tinha prazer em rituais, cerimônias e solenidades, se elas não viessem acompanhadas de um verdadeiro espírito de adoração, se elas não traduzissem um real e sincero reconhecimento da soberania divina da parte dos participantes das cerimônias religiosas (Is.1:10-19; 58:1-8; Zc.7:4-7; Ml.1:7-14). O ponto máximo do formalismo encontramos nos fariseus, a ponto que “farisaísmo” passou a ser sinônimo de um formalismo vazio e abominável ao Senhor, algo que repugna a Deus (veja o alerta de Jesus em Mateus 23).

2. Culto Pentecostal

O Culto pentecostal genuíno é aquele em que a operação do Espírito Santo é manifestada de uma forma efusiva, como acontecia na Igreja de Corinto. Os cultos naquela igreja eram muitos fervorosos, pois nela havia a manifestação constante dos dons espirituais. É isso o que caracteriza um culto pentecostal no seu stricto senso. Mas é preciso ter muito cuidado com o surgimento das meninices nas reuniões pentecostais. Os crentes de Corinto tinham todos os dons (1Co.1:7), os cultos eram fervorosos, mas muitos desses crentes eram imaturos, insubmissos, igno­rantes da doutrina reveladora dos dons, além de carnais. Os dons não eram utilizados de forma equilibrada, visando o “progresso da obra do Senhor. Os crentes exerciam os dons para demonstrar níveis de maturidade e de santificação, tornando-se assim, carnais (1Co.3.1), igno­rantes (1Co.12:1) e meninos (1Co.14:20). Não são os atos miraculosos realizados e os diversos dons espi­rituais exercidos que identificam os autênticos servos de Deus, mas os seus frutos. É o fruto que revela a natureza da árvore. O que atesta a autenticidade de um cristão pentecostal não é primeiramente o que ele faz, mas o que ele é ante a Palavra de Deus (Mt.5:13-16). Os dons têm a ver com o que fazemos para Deus.

CONCLUSÃO

A prática e a experiência, fundamentadas na Palavra de Deus, nos revelam que é possível conciliar no culto cristão espiritualidade e ordem, liberdade e reverência, alegria e temor. Nós não podemos prestar um culto a Deus por força de nosso hábito, nem por interesse em nosso próprio bem-estar pessoal, nem por considerar obter algum ganho diante de Deus. Nós prestamos cultos a Deus porque Deus “nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado” (Cl.1:13b).

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento) - William Macdonald.

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Pr. Claudionor de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua Igreja em Levítico. CPAD.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. O genuíno culto Pentecostal.PortalEBD_2011.