domingo, 4 de abril de 2021

Aula 02 – O PROPÓSITO DOS DONS ESPIRITUAIS

 

2º Trimestre/2021

Texto Base: 1 Coríntios 12:8-11; 13:1,2


"Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a edificação da igreja" (1Co.14:12).

 

1 Coríntios 12:

8.Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;

9.e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar;
10.e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.

11.Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

1 Coríntios 13:1,2

1.Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

2.E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do propósito dos Dons Espirituais concedidos por Jesus à Sua Igreja. Os Dons Espirituais são habilidades concedidas pelo Espírito Santo aos crentes, como resultado de Sua graça e presença ativa na vida de Seu povo. O seu propósito é edificar o povo de Deus e uni-lo, fortalecendo assim a Igreja de Cristo.  Deus capacita o crente através da concessão de seus Dons. Isto nos faz entender que os Dons não são presentes de Deus ao crente, ou à Igreja, conforme muitos afirmam. Presentes nós recebemos, gratuitamente; porém, o presente uma vez recebido torna-se propriedade nossa. A pessoa que o dá perde o controle sobre o mesmo; o que recebe pode fazer do presente o que quiser; é seu! Se gostar, pode usar; não gostando, pode dar-lhe o fim que pretender, pois ele é o dono da coisa recebida. Com os Dons Espirituais é diferente, eles são dados como Instrumentos de Trabalho - “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil” (1Co.12:7). Não usar o Dom para o qual foi designado, o crente pode estar incorrendo em grande erro (cf. Mt.25:18,30).

I. OS DONS NÃO SÃO PARA ELITIZAR O CRENTE

1. A Igreja Coríntia

Paulo fundou a Igreja de Corinto, juntamente com Áquila e Priscila (ou Prisca – Atos 16:19) e com sua equipe apostólica (At.18:5), quando da sua segunda viagem missionária, durante seu ministério de dezoito meses nessa região. A Igreja era composta de judeus e gentios, mas o maior contingente de crentes era constituído de gentios convertidos do paganismo.

Corinto era uma cidade rica, próspera, porém, entregue à idolatria e à imoralidade, pois seus habitantes adoravam muitos deuses e tinham uma vida dissoluta. Isto nos ensina que nenhum lugar da terra é tão imoral a ponto de ser impossível fundar ali uma congregação pertencente a Deus.

O apóstolo Paulo visitou Corinto pela primeira vez em sua segunda viagem missionária (At.18). A princípio, trabalhou entre os judeus junto com Priscila e Áquila, que também confeccionavam tendas. Quando a maioria dos judeus rejeitou sua mensagem, Paulo se dirigiu aos gentios. Depois da partida de Paulo de Corinto, surgiram vários problemas na jovem Igreja, que requereram sua autoridade e doutrina apostólica, por carta/epístola e visitas pessoais.

Cerca de três anos depois, quando ministrava em Éfeso, Paulo recebeu notícias de Corinto. A congregação enfrentava sérias dificuldades e várias dúvidas práticas quanto à vida cristã. A primeira Epístola aos Coríntios foi escrita em resposta a essas notícias. Pelo que se percebe no versículo onze do capítulo primeiro, Paulo havia sido informado das contendas em Corinto pelos da casa de Cloe (1Co.1:11). 

Paulo conhecia bem a Igreja de Corinto porque havia passado dezoito meses naquela cidade durante sua segunda viagem missionária (At.18:1-18). Por conhecer muito bem a comunidade cristã em Corinto foi que o apóstolo dos gentios tratou, em sua Primeira Epístola dirigida àquela Igreja, sobre a abundância da manifestação dos Dons do Espírito, chegando a afirmar daquela Igreja que "nenhum dom" lhe faltava (1Co.1:7). Naquele mesmo tempo, uma delegação da Igreja Coríntia visitou Paulo a fim de pedir-lhe conselho para solução de conflitos (1Co.16:17). Paulo atendeu o pedido e escreveu a inspirada Carta de 1Corintios para edificação da Igreja ao longo do seu curso.

2. Uma Igreja de muitos Dons, mas carnal

Paulo nos conta que a Igreja de Corinto usufruía todos os Dons Espirituais (cf.1Co.1:7), mas ela é a única Igreja que o apóstolo chama de “carnal, como crianças em Cristo” (1Co.3:1) - “E eu, irmãos não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a criancinhas em Cristo”. Além de aquela Igreja não usar corretamente os dons que recebera do Pai, tinha em seu meio divisões, inveja, imoralidade sexual, etc. Como pode uma Igreja evidentemente espiritual ser ao mesmo tempo carnal? Uma Igreja onde predominam a inveja, sensualidade, contenda e dissensões, nem de longe pode ser chamada de espiritual, e sim de carnal. É preciso deixar claro que nem todas as manifestações de entusiasmo religioso provêm de Deus.

A Igreja de Corinto era carismática no sentido bíblico da Palavra, ou seja, tinha os “carismas” do Espírito de Deus, os Dons, através dos quais desenvolvia seu serviço prestando culto a Deus e cumprindo a sua missão neste mundo, mas Satanás sempre trabalha para que o povo de Deus não triunfe em união, na unidade de seus membros, na oração, na vigilância, no exercício da pregação do evangelho; enfim, ele sempre artimanha para que a Igreja perca o caráter de Cristo e se desvie dos padrões de conduta condizente com a lei moral e espiritual de Deus. Foi o que aconteceu com a Igreja de Corinto, que com menos de três anos de fundada começou a desviar-se dos padrões de conduta e de doutrina que o apóstolo havia estabelecido por ocasião de sua fundação. Como bem diz o Pr. Hernandes Dias Lopes, a Igreja tinha carisma, mas não caráter; tinham dons, mas não piedade; era uma Igreja que vivia em êxtase, mas não tinha um testemunho consistente; tinha uma liturgia extremamente viva, pentecostal, mas não tinha a prática do evangelho. Faltava amor entre os crentes e santidade aos olhos de Deus. Era uma Igreja de excessos, onde faltava ordem e decência. Alguém, de forma sucinta, descreveu a situação daquela Igreja da seguinte maneira: “A Igreja estava no mundo, como deveria estar, mas o mundo estava na Igreja, como não deveria estar”. Esta é situação comum em muitas igrejas ditas cristãs de hoje, infelizmente.

3. Dom não é sinal de superioridade espiritual.

Os Dons Espirituais são habilidades do Espírito Santo concedidas ao crente para ser utilizada na obra de Deus, e não devem ser um designativo de superioridade ou de santidade pessoal. Eles não são para elitizar o crente; também não são sinal de superioridade espiritual. O próprio Jesus disse que muitos que possuem dons não entrarão no Céu – “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade" (Mt.7:22,23).

Também, os Dons dados por Deus não se baseiam em um grau de santidade adquirido por um crente, e sim na própria vontade de Deus em fazer daquela pessoa alguém que vai ser usada para determinada atuação dentro do Corpo de Cristo, na Igreja Local. Um crente que recebeu o Dom de Profecia, por exemplo, não pode se achar mais santo que outra pessoa, pois o dom é dado pelo Espírito Santo.

Atualmente, assim como havia em Corinto, muitos acham que os portadores de Dons Espirituais são crentes superiores aos demais, que têm um nível maior de espiritualidade e que, em razão disto, desfrutam de uma posição diferenciada no meio da comunidade. Este pensamento, inclusive, tem feito com que muitos crentes andem à procura destes irmãos a fim de que obtenham curas divinas, maravilhas, sinais ou profecias, num comportamento totalmente contrário ao que determina a Palavra de Deus, que ensina que os sinais seguem os crentes e não os crentes correm atrás de sinais (Mc.16:17,20). Os Dons do Espírito Santo são concedidos pela graça de Deus, pela sua bondade e misericórdia, apesar dos nossos deméritos. Pense nisso!

II. EDIFICANDO A SI MESMO E AOS OUTROS

Os Dons são funcionais. A Bíblia diz que somos "despenseiros da multiforme graça de Deus", e recebemos a ordem para ser "bons despenseiros" (1Pd.4:10). Na Igreja não há lugar para a ociosidade ou comodismo.

1. Edificando a si mesmo

“O que fala língua estranha edifica-se a si mesmo...” (1Co.14:4). Aqui, Paulo nos leva a entender que o Dom de Línguas não visa à edificação da Igreja, mas a própria intimidade com Deus da pessoa detentora deste Dom. Seu propósito não é a edificação da Igreja, mas a auto edificação. Portanto, a pessoa que fala em Línguas, sem interpretação, edifica (isto é, faz crescer a fé e a vida espiritual) a quem fala, porque coloca a pessoa em comunhão direta com Deus por meio do Espírito Santo. Assim sendo, a pessoa que fala em Língua, sem interpretação, deve fazê-lo entre si mesma e Deus, não devendo fazê-lo em voz alta durante o culto público, porque, embora esteja se fortalecendo, ela não fortalece a mais ninguém. Há irmãos que, ao falar em línguas, querem chamar a atenção para si mesmo, para mostrar que são espirituais. Isso é falta de maturidade.

2. Edificando os outros

Os Dons precisam auxiliar a outras pessoas. Eles são altruístas e não são doações para ajudar, confortar e enaltecer a nós mesmos. Conforme a tradução da Bíblia de Jerusalém, "cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos" (1Co.12:7). Veja a recomendação do apóstolo Pedro em 1Pd.4:10 – “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”.

Conforme afirma o Pr. Elinaldo Renovato, os Dons do Espírito Santo são manifestações espirituais que devem ser úteis à edificação da Igreja local. Diz Paulo: "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil" (1Co.12:7). Por exemplo: se, numa mensagem radiofônica, um pregador fala línguas, qual a utilidade para o ouvinte, se ele não entende nada do que está ouvindo? Numa rede de televisão de determinada Igreja, o pregador dizia que todos, naquele momento, deveriam falar em línguas. E ele próprio começou a balbuciar: "bala, bala, bala; ialamá, ialamá...”. O que os telespectadores aproveitaram de tais "línguas”? Tornou-se ridículo. Talvez "os meninos" espirituais tenham apreciado muito, mas os que têm um pouco de maturidade e discernimento acerca da natureza e da finalidade dos dons devem ter desligado o televisor para não perder tempo com tamanha baboseira.

Mesmo que sejam línguas autênticas, o Dom de Línguas, assim como os outros Dons, tem que ter utilidade prática, concreta e oportuna para a edificação da Igreja local. Ensinando sobre o Dom de Línguas, Paulo diz que o crente que ora em línguas pode fazê-lo, em ação de graças a Deus, mas não edifica ‘o outro’. ‘Porque realmente tu dás bem as graças, mas o outro não é edificado’ (1Co.14:17). O único propósito do Espírito Santo ao outorgar esses poderes aos cristãos é sempre o de glorificar a Cristo (1Co.12:3), para o benefício e o bem de todos (1Co.12:7) (Elinaldo Renovato de Lima. Dons Espirituais & Ministeririas.CPAD.2014).

3. Edificando até o não crente

“Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem línguas estranhas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão, porventura, que estais loucos? Mas, se todos profetizarem, e algum indouto ou infiel entrar, de todos é convencido, de todos é julgado” (1Co.14:23,24).

Na Igreja Local, todos os que estiverem presentes na reunião, devem ser edificados, sejam crentes ou não. Não devemos, pois, escandalizar aqueles que não comungam a mesma fé que nós (1Co.14:23). Se, pois, a Igreja toda se reunir no mesmo lugar, e todos os cristãos se puserem a falar em outras línguas, sem interpretação, o que as pessoas que não são crentes, que entrarem no recinto sagrado pensarão disso tudo? Não será um testemunho para elas, certamente; antes, pensarão que os cristãos sofrem de problema mentais.

Por isso, para a Igreja de Corinto, o apóstolo Paulo enfatizava a profecia, porque esta edifica a Igreja inteira, enquanto falar em línguas beneficia principalmente o falante. Se algum descrente entrar na Igreja enquanto os cristãos estão profetizando, e não falando em línguas, o visitante ouvirá e entenderá o que está sendo dito e será por todos convencido e por todos julgados (1Co.14:24). O apóstolo Paulo enfatiza a impossibilidade de haver convicção real do pecado se o ouvinte não entender o que está sendo dito (1Co.14:9). Portanto, o uso de línguas sem interpretação não será de nenhum proveito para os visitantes não crentes. Além do mais, aqueles que profetizam o farão, evidentemente, na língua falada no local onde se encontram, permitindo que os ouvintes, crentes e não-crentes, sejam tocados pela mensagem.

III. EDIFICAR TODO O CORPO DE CRISTO

1. Os Dons na Igreja

Deus deu Dons a Igreja, e esses Dons, sejam quais forem, têm propósitos elevados para a edificação do Corpo de Cristo, e não devem ser usados de qualquer maneira, mas segundo a orientação da Palavra de Deus. Eles não foram dados à Igreja para projeção humana nem como aferidor do grau da espiritualidade de uma pessoa. Os Dons foram dados para a edificação do Corpo de Cristo. Pelo exercício dos Dons a Igreja cresce de forma saudável. Assim, os Dons são importantíssimos e vitais para a Igreja. Eles são os recursos que o próprio Espírito Santo concedeu à Igreja para que ela pudesse ter um crescimento saudável e também suprir as necessidades dos seus membros.

O apóstolo Paulo mostra que quando os Dons são utilizados com amor, a Igreja toda é edificada. Todos nós sabemos da influência destacada que o amor tem em termos de um desenvolvimento emocional sadio das crianças. Se isto é válido para a família humana, quanto mais será para a família de Deus! Esta é a razão da inclusão de 1Coríntios 13 entre os capítulos 12 e 14, que tratam dos Dons Espirituais.

2. Os sábios arquitetos do Corpo de Cristo

Paulo compara a Igreja a um "edifício" - “... vós sois...edifício de Deus” (1Co.3:9). “Pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele (1Co.3:10). O fundamento – Jesus Cristo - já está posto pelos apóstolos (1Co.3:11) – “Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo”. Portanto, todos os servos de Deus são cooperadores que trabalham juntos nos campos arados da lavoura de Deus ou, usando outra imagem, são companheiros de trabalho no edifício de Deus.

Logo, os Dons Espirituais, sejam quais forem, têm propósitos elevados para a edificação da Igreja, e não devem ser usados de qualquer maneira, mas segundo a orientação da Palavra de Deus. Por isso, Paulo faz uma solene advertência para a liderança hoje: "mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo" (1Co.3:10,11). 

3. Despenseiros dos Dons

O apóstolo Pedro exortou a Igreja acerca da administração dos Dons de Deus da seguinte maneira:

"Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre" (1Pd.4:10,11).

O apóstolo usou a figura do despenseiro que, antigamente, era o homem que administrava a despensa e tinha total confiança do patrão. Despenseiro é o guardião da propriedade alheia, administrador de bens que pertence a outros, mordomo, tesoureiro, tutor, gerente ou superintendente de uma casa. O Dr. Shedd comenta que, em relação aos escravos, o despenseiro é um supervisor e, em relação ao Senhor, ele é um servo. Este termo é usado para descrever a função de autoridade delegada por “Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós” (Hb.3:6). É a clara percepção de que tudo pertence a Jesus e nós somos seus mordomos ou despenseiros. Quais são os bens de Jesus?

  • Primeiro, são as pessoas compradas por seu sangue e sacrifício. Estes são os seus bens especiais e essenciais. Por esta razão somos alertados a não nos apossarmos do rebanho de Deus chamado de “herança” - “nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho” (1Pd.5:3). O rebanho pertence a Jesus e não ao líder. A nós nos cabe servir de exemplo porque cada cristão também deverá servir aos outros conforme os dons recebidos, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus (1Pd.4:10).   
  • Segundo, são as riquezas dos mistérios de Deus. Isto significa a Palavra de Deus manifestada através dos dons, capacidades e talentos concedidos pelo Espírito Santo para uso em favor dos outros.  O despenseiro precisa ter o cuidado no uso dos dons concedidos pelo Senhor para prover a alimentação espiritual, objetivando a edificação do Corpo de Cristo.

CONCLUSÃO

Vimos que o propósito principal dos dons do Espírito Santo é edificar a Igreja de Cristo, por meio da instrução aos crentes e para ganhar novos convertidos. Portanto, a Missão da Igreja, na Terra, é a proclamação do Evangelho, num mundo hostil às verdades de Cristo, um mundo que rejeita a Palavra de Deus. Diante dessa realidade, a Igreja precisa de poder sobrenatural. Os Dons Espirituais são um arsenal à disposição da Igreja para o cumprimento eficaz de sua Missão na Terra. Logo, os Dons têm um lugar especial na Igreja e são muito úteis. Mas é bom lembrar que os Dons sem a presença do amor divino são como um corpo sem alma; o amor representa a essência da vida cristã, e é absolutamente necessário Pense nisso!

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Pr. Elinaldo Renovato de Lima. DONS ESPIRITUAIS & DONS MINISTERIAIS: servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. CPAD.2014.

Rev. Hernandes Dias Lopes. 1Corintios (como resolver conflitos na Igreja). Hagnos.

Dr. Caramuru Afonso Francisco. Os Dons do Espírito Santo. PortalEBD.

domingo, 28 de março de 2021

Aula 01 – E DEU DONS AOS HOMENS

 

2º Trimestre/2021


Texto Base: Romanos 12:3-8; 1Coríntios 12:4-7.


“Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens” (Ef.4:8).

Romanos 12:

3.Porque, pela graça que me é dada, digo a cada um dentre vós que não saiba mais do que convém saber, mas que saiba com temperança, conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um.

4.Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação,

5.assim nós que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.

6.De modo que, tendo diferentes dons, segundo a graça que nos é dada: se é profecia, seja ela segundo a medida da fé;

7.se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar; haja dedicação ao ensino;

8.ou o que exorta, use esse dom em exortar; o que reparte, faça-o com liberalidade; o que preside, com cuidado; o que exercita misericórdia, com alegria.

1Coríntios 12:

4.Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo.

5.E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo.

6.E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.

7.Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.

INTRODUÇÃO

Mais um trimestre letivo se inicia; nele, trataremos dos Dons concedidos pelo Espírito Santo aos seus servos, como instrumento de trabalho no Reino de Deus. A Bíblia nos apresenta a expressão "dom" como uma capacitação dada pelo próprio Deus para que seus servos possam atuar de forma adequada nas esferas da Igreja Local. Além dos Dons Espirituais, trataremos também dos Dons Ministeriais e de Serviço. Ministério e Serviço devem andar juntos, e Deus proporciona à Igreja líderes que certamente somarão grandes valores ao povo de Deus na administração e no ensino. Que Deus, ao longo deste trimestre, possa abençoar a nossa vida e a nossa compreensão dos dons descritos na Bíblia Sagrada e na prática congregacional deles.

I. OS DONS NA BÍBLIA

1. No Antigo Testamento

Na Bíblia, a palavra "dom" tem vários significados. No Antigo Testamento, escrito em hebraico, há várias palavras que traduzem o sentido de "dom". Dentre elas, destacamos os termos “mattan” com o sentido de alguma coisa oferecida gratuitamente, ou "um presente" - como em Provérbios 19:6; 21.14; ou como dote, dádiva (Gn.34:12). Há o termo “maseth”, que também significa "presente", "dádiva" (Et.2:18; Jr.40:5); a mais usada, no entanto, é “minchach”, que ocorre duzentas e nove vezes, com o significado de "oferta", "presente" (Sl.45.12; 72:10). Em todas as ocorrências, o sentido é sempre o de algo que é dado ou oferecido gratuitamente.

No Antigo Testamento, os dons não estavam acessíveis a todo o povo de Deus; eles eram concedidos a pessoas específicas, chamadas por Deus para cumprir determinadas missões, como, por exemplo, reis, sacerdotes, profetas e outros (fonte: Elinaldo Renovato. Dons Espirituais & Ministeriais.CPAD.2014).

2. No Novo Testamento

No Novo Testamento, escrito em grego, a palavra "dom" assume de igual modo significados diversos. O termo "dom” indica a oferta de um "presente", "boa coisa" (Mt.7:11); o "pão nosso" é uma dádiva de Deus (Lc.11:13); "dons", concedidos por Deus aos homens (Ef.4:8), com base no Salmo 68:19. A palavra cháris indica "dom gratuito", ou "graça” (2Co.8:4). O termo charisma é muito utilizado em estudos bíblicos, pois tem o significado de "dons do Espírito", concedidos pela graça de Deus, com propósitos muito elevados; é relacionado ao termo ta cbarismata, utilizado em 1Coríntios 12:4,9,28,30,31, que tem o sentido de "dons da graça". Há o termo grego ta pneumática, usado por Paulo, em 1Coríntios 12:1; 14:1, que se refere a "dons espirituais".

Em o Novo Testamento, os dons de Deus estão à disposição de todos os que creem, com a finalidade de promover graça, poder e unção à Igreja no exercício de sua missão, de forma que Cristo seja glorificado.

Na Antiga Aliança, Deus concedeu a Israel líderes extraordinários para guiá-los como povo eleito. Alguns tinham dons especiais, como Moisés, Arão, Miriã, Josué; outros eram profetas ou mensageiros, que tinham dons especiais, concedidos por Deus para a operação de sinais e maravilhas. Mas aqueles dons não estavam à disposição de toda a comunidade. Moisés fazia sinais ante Faraó, e o povo apenas tomava conhecimento e era beneficiário dos milagres de Deus. Eliseu fazia sinais, multiplicando o azeite da viúva; ou tornando doces as águas estéreis (2Rs.3:20-22), e o povo era apenas espectador, ou nem tomava conhecimento de tais maravilhas.

Entretanto, na Nova Aliança (Novo Testamento), como parte do plano de Deus, em Cristo Jesus, Ele resolveu dar "dons aos homens" (Ef.4:8), após sua vitória sobre a morte e sobre todos os poderes do mal. Indo além dos "dons naturais", Jesus resolveu capacitar seus servos, integrantes de sua Igreja, dando-lhes dons (carismas), que são postos à disposição de todos os salvos, no seio da comunidade cristã (fonte: Elinaldo Renovato. Dons Espirituais & Ministeriais.CPAD.2014).

3. Uma dádiva para a Igreja

Os dons são "ferramentas", por assim dizer, à disposição da Igreja, para que esta exerça sua missão profética de proclamadora do evangelho de Cristo, de modo eficaz, contra "...os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais" (Ef.6:12), usando a "armadura do salvo", na guerra espiritual sem tréguas a que todo salvo é submetido.

Nunca foi tão necessária a manifestação dos dons do Espírito Santo, como nos dias atuais, visto que estamos vivendo numa sociedade corrompida pelo pecado e enganada por falsos milagres e ensinamentos que contradizem o verdadeiro evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.

Mas é bom enfatizar que os dons não são presentes; eles não são dados como se dá uma joia para ser usada como adorno, ou enfeite; não é, também, uma medalha usada como condecoração para ser exibida no peito, e que só serve para chamar a atenção para a pessoa que a usa. Sendo instrumento de trabalho, usar, ou não usar o Dom, não é uma questão de querer; Deus dá para ser usado! Assim, meu irmão, se você recebeu um, ou mais dons, eles não lhes foram dados para você exibir sua espiritualidade, mas, para você mostrar serviços na Obra de Deus. Tampouco, você não pode enterrá-los.

II. OS DONS DE SERVIÇO, ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS

1. Dons relacionados ao Serviço cristão.

Os Dons de Serviço têm por finalidade a atuação na integração do Corpo de Cristo, na formação da sua unidade - “Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros” (Rm.12:4,5).

O contexto da relação de Rm.12:8-11 é o início da parte prática da epístola aos Romanos, onde, após ter dissertado sobre o sentido da justificação pela fé, Paulo começa a mostrar aos crentes de Roma como deveriam viver aqueles que haviam sido justificados pela fé. Assim, após mostrar que o relacionamento daquele que foi justificado pela fé, com Deus é marcado pela existência de um culto racional, caracterizado pela santidade. O apóstolo Paulo também mostrou aos crentes romanos que a vida cristã também é caracterizada pelo serviço a Deus, ou seja, a adoração a Deus não consiste apenas num relacionamento íntimo de espírito e verdade para com Deus, mas, também, em obras, em ações concretas, que, além de nos manter em comunhão com o Senhor, também permite a construção da unidade entre os membros do corpo de Cristo. Em o nosso relacionamento com Deus, não há apenas o aspecto de tributarmos ao Senhor o culto que só a Ele é devido, como também o de conhecermos qual é a Sua vontade.

Existe um outro aspecto importante, qual seja, o de que, enquanto seres humanos, vivemos em sociedade, em grupos, de modo que não podemos nos esquecer que o nosso relacionamento com Deus também tem de levar em consideração os outros. O apóstolo não se esquece disto e, ao nos falar do nosso relacionamento com Deus, também nos fala da repercussão que deve ter este relacionamento no nosso trato com as demais pessoas.

Paulo lista os Dons de Serviço em Romanos, cap.12, da seguinte forma: Ministério (ofício diaconal), exortação (encorajamento), repartir, presidir e exercer misericórdia. Note que esses dons estão relacionados com uma ação em prol do outro, do próximo.

2. Conhecendo os Dons Espirituais

“Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1Co.12:1).

Os Dons Espirituais são manifestações espirituais ou poderes, concedidos pelo Espírito Santo com o propósito maior de glorificar a Cristo. O Novo Testamento faz uso da expressão pneumática (gr. derivada de pneuma, "espírito"), indicando que a expressão "dons espirituais" refere-se às manifestações sobrenaturais concedidas como dons da parte do Espírito Santo, e que operam através dos crentes, para o seu bem comum (1Co.12:1,7; 14:1).

Os salvos em Cristo Jesus não podem ser ignorantes acerca dos dons espirituais (1Co.12:1-3). Por falta de ensino correto em muitas Igrejas Locais, acerca do batismo no Espírito Santo e mais ainda sobre os dons espirituais, tem contribuído para a ignorância acerca dos dons, e tem dado lugar a comportamentos estranhos, de origem carnal e emocional, como expressões falsas de espiritualidade. É o caso do "cair no espírito", quando certos pastores ou pregadores, sem base bíblica, dão palavras de ordem a pessoas incautas e carentes de ensino, e elas caem desmaiadas. E isso é visto como "elevado sinal de espiritualidade". Quanto mais pessoas o pregador "derrubar", é visto como muito espiritual. Se não derrubar crentes não é espiritual! Isto é uma aberração, uma ignorância a respeito do uso correto dos dons espirituais.

Parece que existia na Igreja de Corinto comportamentos parecidos com esses. Por isso que o apostolo Paulo exortou com veemência a Igreja de Corinto: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1Co.12:1). Naquela Igreja, muitas manifestações espirituais na Igreja lembravam a experiência mística das religiões de mistérios. Os coríntios precisavam ser ensinados de forma correta sobre a existência dos dons e de sua utilização dentro do culto e fora dele. Por isso, à luz da Palavra de Deus, devemos ensinar a respeito dos dons espirituais para que a Igreja seja edificada.

Tomando-se a relação mais minudente das Escrituras Sagradas, podemos dividir os dons espirituais em três categorias, a saber:

a) Dons de poder - Fé, Dons de Curar e Operação de Maravilhas. Estes são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas efetuem demonstrações sobrenaturais do poder divino, com a realização de milagres, de maravilhas e de coisas extraordinárias, que confirmem a soberania de Deus sobre todas as coisas e a Sua presença no meio da Igreja. São evidências da onipotência divina no meio do Seu povo.

b) Dons de ciência - Palavra da Sabedoria, Palavra da Ciência e Dom de Discernir os Espíritos. Estes são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas revelem mistérios ocultos aos homens, com a tomada de atitudes e condutas que evidenciem que Deus sabe todas as coisas e que nada Lhe fica oculto. São evidências da onisciência divina no meio do Seu povo.

c)  Dons de elocução ou de fala - Variedade de Línguas, Interpretação de Línguas e Profecia. Estes são dons dados pelo Espírito Santo para que as pessoas sejam instrumentos da voz do Senhor, para que o Espírito Santo demonstre que Se comunica com o Seu povo. São evidências da onipresença divina no meio do Seu povo, uma presença que nos faz descansar e que nos traz edificação.

Observemos, portanto, que cada dom espiritual tem uma finalidade específica no meio do povo de Deus, tem um propósito, que é o de dar condições para que o crente prossiga a sua jornada em direção a Jerusalém celestial, desvencilhando-se, pela manifestação do poder divino na sua vida, de todo o embaraço que tão de perto o rodeia (Hb.12:1) e, assim, não venha a se envolver com as coisas desta vida, agradando, assim, ao Senhor (2Tm.2:4).

3. Acerca dos Dons Ministeriais

Ministérios são serviços ou funções exercidas na Igreja Local, como parte do Corpo de Cristo, que é a sua Igreja. No âmbito cristão, ministérios são serviços que devem ser exercidos por pessoas que tenham a mentalidade de servas de Cristo. Quem não pode ser servo não pode ser ministro na Igreja de Cristo. Ele disse que não veio para ser servido, mas para ser servo (Mt.20:28).

A Epístola de Paulo aos Efésios classifica os Dons Ministeriais assim: Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Doutores (Ef.4:11). Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, esses dons foram concedidos a Igreja com os seguintes propósitos: em primeiro lugar, capacitar o povo de Deus para o serviço cristão; em segundo lugar, promover o crescimento da Igreja Local; em terceiro lugar, desenvolver a vida espiritual dos discípulos de Jesus (4:12-16).

Jesus é o maior exemplo de obreiro em toda a Bíblia Sagrada e em todos os tempos. Ele deve ser o nosso modelo, o padrão a ser seguido.

·         Jesus como apóstolo: Hb.3:1; João 12:3)

·         Jesus como profeta: Lc.24:19; At.3:22.

·         Jesus como evangelista: Lc.4:18,19; Lc.20:1; Is.61:1.

·         Jesus como pastor: João 10:10; Hb.13:20; 1Pd.5:4.

·         Jesus como mestre: João 13:13; Mt.26:55.

III. CORINTO: UMA IGREJA PROBLEMÁTICA NA ADMINISTRAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS (1Co.12:1-11)

1. Os Dons são importantes

Os dons não são somente importantes, são imprescindíveis. Sem eles, a Igreja permaneceria inerte, nanica e sem nenhuma vitalidade; não cresceria qualitativamente e nem quantitativamente. Uma corrente da teoria cessacionista, deduz, erradamente, que os Dons espirituais cessaram após a era apostólica, pois o Evangelho, de acordo com a geografia daqueles dias, já havia chegado aos confins da terra (At.1:8; 13:47). Afirma que os Dons do Espírito são habilidades naturais, santificadas e aperfeiçoadas por Deus após a conversão do indivíduo.

No entanto, ao lermos as Sagradas Escrituras, não encontramos qualquer evidência de que os Dons do Espírito tenham cessado com a morte dos apóstolos e muito menos de que se trata de talentos humanos santificados. O argumento antipentecostal é fundamentado na hermenêutica naturalista, que nega qualquer elemento sobrenatural nas Escrituras Sagradas. Portanto, a dedução dos cessacionistas não é possível e nem necessária como método de interpretação do Novo Testamento.

A atualidade dos Dons espirituais é confirmada pelas Escrituras e experiência cristã. Se os Dons cessaram após a morte dos apóstolos, por que Paulo escreveria à Igreja de Corinto para que buscassem ardentemente os dons e zelassem por ele, sabendo que os dons não durariam mais do que 50 anos? Não há qualquer analogia plausível para sustentar tal absurdo. A experiência pentecostal de incontáveis cristãos, em todas as épocas e lugares, é evidência complementar da atualidade dos dons, conforme a verdade bíblica.

2. Diversidade dos Dons

“Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (1Co.12:4).

A vida no Reino de Deus está ligada ao agir do Espírito em nossas vidas. O Espírito Santo nos concede dons para termos um relacionamento frutífero e edificante uns para com os outros e com Deus.

É comumente afirmado entre os evangélicos pentecostais que os dons espirituais são nove, afirmação esta que se baseia na lista mais completa de dons espirituais que se encontra no Novo Testamento, mais comumente em 1Co.12:8-10. Entretanto, além desta relação, que é a mais conhecida e a mais pormenorizada, temos, também, a relação constante de Rm.12:6-8, que não é uma relação tão completa quanto a primeira, e que parece misturar Dons Espirituais com Dons Ministeriais (até porque o texto não é específico com relação aos dons espirituais como é o anteriormente mencionado).

Mesmo se levarmos em consideração apenas a relação de 1Coríntios, não podemos nos esquecer de que um dos itens da relação fala dos "dons de curar" (1Co.12:9), dando a entender, portanto, que há mais de um dom de curar, o que torna, também, precário o entendimento de que os dons espirituais sejam apenas nove.

Assim, não podemos afirmar com respaldo bíblico que somente haja nove dons espirituais. Entretanto, tal posição bíblica não pode servir de base para que se adicionem outros dons de modo aleatório e sem qualquer respaldo escriturístico, manifestações que, no mais das vezes, não se coadunam com os propósitos e finalidades dos dons espirituais, cuja presença na Igreja, inevitavelmente, trará confirmação da pregação do Evangelho, edificação espiritual, consolação, exortação e um maior envolvimento da Igreja local com o Senhor e a Sua obra.

3. Autossuficiência e humildade

Os Dons Espirituais são concedidos aos crentes pela graça de Deus, e não por méritos pessoais (Rm.12:6; 1Pd 4:10). Uma pessoa não recebe os Dons Espirituais por ser melhor do que outra ou mais dedicada ao serviço cristão ou aparentemente mais santa. Essa promessa é estendida a todo aquele que crê e invoca o nome do Senhor. Portanto, não use o dom que Deus lhe deu com orgulho, visando a exaltação pessoal, pois isso é pecado contra o Senhor e contra a Igreja.

Humildade é uma condição necessária no exercício dos dons. Humildade é o Sobretudo do verdadeiro cristão - “... revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (1Pd.5:5). Os cristãos no princípio da Igreja foram ensinados que o orgulho, a altivez, a soberba eram coisas do mundo e que “Deus resiste aos soberbos, dá, porém, graça aos humildes” (Tg.4:6). Neste mesmo sentido ensinou o Apóstolo Paulo: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo” (Fp.2:3). Pelo que se pode observar, entre os crentes do início da Igreja não havia sentimentos de grandeza, orgulho, soberba, superioridade – “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam...” (Atos 4:32).

CONCLUSÃO

A Igreja de Cristo Jesus, nestes tempos que antecedem à sua Vinda, precisa mais do que nunca do exercício e da experiência concreta dos Dons Espirituais e Ministeriais. Espiritualidade sem organização ministerial pode levar a práticas fanáticas de falsos exemplos de espiritualidade. O exercício dos ministérios, sem a demonstração do poder de Deus, atuando pelos Dons Espirituais, seguramente leva à frieza institucional, transformando igrejas em meras instituições religiosas.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. Discipulado, a missão educadora da Igreja.PortalEBD_2007.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. Dons de serviços. PortalEBD_2014.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. Os Dons Espirituais.PortalEBD_2009.

Pr. Elinaldo Renovato de Lima. DONS ESPIRITUAIS & DONS MINISTERIAIS: servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário. CPAD.2014.

sexta-feira, 26 de março de 2021

EBD - LIÇÕES BÍBLICAS DO 2º TRIMESTRE/2021

 


No 2º Trimestre letivo de 2021, estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o seguinte tema: “DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS – Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário”. O comentarista das Lições é o pastor Elinaldo Renovato de Lima, e estão distribuídas sob os seguintes assuntos:

Lição 01: E Deu Dons aos Homens

Lição 02: O Propósito dos Dons Espirituais

Lição 03: Dons de Revelação

Lição 04: Dons de Poder

Lição 05: Dons de Elocução

Lição 06: O Ministério de Apóstolo

Lição 07: O Ministério de Profeta

Lição 08: O Ministério de Evangelista

Lição 09: O Ministério de Pastor

Lição 10: O Ministério de Mestre ou Doutor

Lição 11: O Presbítero, Bispo ou Ancião

Lição 12: O Diaconato

Lição 13: A Multiforme Sabedoria de Deus

OS DONS ESPIRITUAIS

Os Dons Espirituais são dotações e capacitações sobrenaturais que o Senhor Jesus, por intermédio do Espírito Santo, outorga à sua Igreja, visando a expansão universal da sua obra e a edificação dos santos. Os Dons espirituais são mencionados como sendo repartidos particularmente pelo Espírito Santo, segundo a Sua vontade, para a edificação espiritual dos crentes, para utilidade dos crentes (1Co.12:4-11)

O crente que crê na operação ainda hoje do Espírito Santo como agente transmissor de poder divino na pregação do Evangelho é um crente que crê no Evangelho completo, pois a pregação do evangelho abrange não só a notícia de que Jesus é o Senhor e Salvador do mundo e que é preciso nEle crer para alcançar o perdão dos pecados e a salvação da alma, obtendo, assim, a vida eterna, como também esta mensagem é confirmada da parte de Deus mediante a operação do Seu poder, através do batismo no Espírito Santo e, depois, dos Dons espirituais, cuja recepção se torna possível em virtude do revestimento de poder, do mergulho, da imersão do ser do crente no fervor do Espírito de Deus, no seu completo envolvimento com a terceira Pessoa da Trindade Divina.

Como pentecostal, creio na atualidade dos dons. Não há na Palavra de Deus qualquer texto que nos remeta à ideia de que os dons espirituais foram apenas dados à época dos primeiros apóstolos. Não consigo entender que tipo de hermenêutica é feita para que teólogos entendam que dons especiais dados por Deus para a edificação da Igreja têm prazo de validade vencida. Creio também na correta e amorosa utilização dos dons do Espírito Santo. Temos visto que abusos na utilização dos dons têm gerado confusão na Igreja. Isto é lamentável, e deve ser combatido.

Neste trimestre letivo, traremos com clareza, não apenas a definição dos dons espirituais, mas também a forma bíblica de sua utilização.

Os Dons não são presentes. Os Dons não são dados como se dá uma joia para ser usada como adorno, ou enfeite; não é, também, uma medalha usada como condecoração para ser exibida no peito, e que só serve para chamar a atenção para a pessoa que a usa. Sendo instrumento de trabalho, usar, ou não usar o Dom, não é uma questão de querer; Deus dá para ser usado. A comprovação disso vemos nas Parábolas dos Talentos e das Minas (Mt.25:14-30 e Lc.10:11-27). Nem os Talentos, nem as Minas foram dados como presentes aos seus amigos. Foram, na verdade, dados aos servos para que fossem usados de acordo com os interesses do Senhor, o legítimo dono dos Talentos e das Minas. Contudo, um dos servos, ou não entendeu, ou foi negligente, pois, resolveu não trabalhar com o valor recebido – “... cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor” (Mt.25:18). Perceba a expressão “o dinheiro do seu senhor”. Da mesma forma os Dons de Deus não se tornam propriedade daquele que os recebe; são dados para serem usados na Obra de Deus. A negligencia, ou dolo pela não utilização, ou pelo uso indevido por parte de quem os recebe resultará em consequências negativas quando o Dono voltar, tal como aconteceu naquelas duas referidas Parábolas: “Lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá planto e ranger de dentes” (Mt.25:30).

Assim, meu irmão, se você recebeu um, ou mais Dons, eles não lhes foram dados para você exibir sua espiritualidade, mas, para você mostrar serviços na Obra de Deus. Tampouco, você não pode enterrá-los.

Paulo falando a respeito dos Dons Espirituais, conhecendo a importância deles e a responsabilidade de quem os recebe, disse: “Acerca dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1Co.12:1). Ser ignorante é não ter conhecimento a respeito de algum assunto (ex.: agricultura, construção, computadores). O apóstolo Paulo diz que não quer que sejamos ignorantes a respeito dos dons espirituais. É algo que precisamos conhecer. Lembre-se de que a Palavra de Deus pode esclarecer todas as suas dúvidas. Preste atenção nisto: se você receber um Dom e não o usar, ou se usá-lo diferente do que é exigido pela Bíblia, você não será considerado inocente.

OS DONS MINISTERIAIS

Os Dons Ministeriais são habilidades vindas da parte de Jesus ao crente para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação da Igreja (Ef.4:11,12).

Ministérios são serviços ou funções exercidas na Igreja Local. No âmbito cristão, ministérios são serviços que devem ser exercidos por pessoas que tenham a mentalidade de servas de Cristo. Quem não pode ser servo não pode ser ministro na Igreja de Cristo. Ele disse que não veio para ser servido, mas para ser servo (Mt.20:28).

Os Dons Ministeriais não se trata de operações episódicas, de demonstrações esporádicas e temporalmente limitadas, com vistas a um consolo, uma exortação, o suprimento de uma necessidade ou uma instantânea manifestação do poder de Deus para a Igreja e, mesmo, para os não salvos, mas de uma atividade contínua, no meio do povo de Deus, para que a Igreja cumpra com suas tarefas neste mundo - a evangelização e o aperfeiçoamento dos salvos. Ou seja, os Dons ministeriais são dádivas que são concedidas à Igreja pelo seu máximo Governante, pela sua Cabeça que, como Comandante-Chefe da Igreja, escolhe, dentre os Seus servos, aqueles que devem coordenar, dirigir e orientar o povo de Deus.

Através dos Dons Ministeriais, Cristo concede à Igreja homens que, diuturnamente, estão servindo ao Corpo de Cristo, que são, eles mesmos, verdadeiros dons para a Igreja.

Que neste trimestre, Deus possa abençoar a nossa vida e a nossa compreensão dos dons descritos na Bíblia Sagrada e na prática congregacional dos mesmos.

Luciano de Paula Lourenço

IEADTC – FORTALEZA-CE