Texto Básico: Ap 3:14-22
27/05/2012
"Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente. Tomara que
foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és quente nem frio,
vomitar-te-ei da minha boca”
(Ap 3:15,16).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula estudaremos sobre a
última das epístolas às sete igrejas da Ásia, que foi dirigida ao líder da
igreja em Laodicéia (Ap 3:14-22). De todas as cartas às igrejas da Ásia, esta é
a mais severa. Jesus não faz nenhum elogio a essa igreja. Seu estado espiritual
era repugnante aos olhos do Senhor. Materialmente falando, era uma igreja muito
rica, mas desprovida de bens espirituais. Era uma igreja indiferente à Palavra
de Deus, ou seja, seu estado espiritual não era frio e nem quente, logo, uma
igreja morna espiritualmente. A mornidão espiritual é o pior estado que se
estabelece na vida de alguém que um dia teve um encontro pessoal e verdadeiro
com Cristo. Como as águas que perdiam sua temperatura pelo caminho, a igreja
havia se adaptado ao mundo. Não mais fazia diferença. Este estado, figurado na
igreja de Laodicéia, é a situação que nos faz abomináveis a Deus e que
caracterizará todos quantos, no dia do arrebatamento, selarão seu triste
destino sem Deus sobre a face da Terra. Por causa de sua prosperidade material,
a igreja de Laodicéia parecia estar vivendo um tempo de grandes bênçãos.
Todavia, é severamente repreendida pelo Senhor Jesus: "... porque és
morno... vomitar-te-ei da minha boca". Porém, o Senhor Jesus amava
essa igreja e por isso aconselhou-a que buscasse um genuíno avivamento (Ap
3:18). Nem tudo está perdido, ainda há uma solução para aqueles que se
encontram neste lastimável estado espiritual. Tenhamos em mente que aquela
carta era de advertência do Senhor para uma igreja que Ele amava, e Ele corrige
aqueles a quem ama (Ap 3:19).
I.
A CIDADE E AIGREJA DE LAODICÉIA
1. A Cidade de Laodicéia. Foi
fundada pelo selêucida Antíoco II, no terceiro século a.C., no vale do rio
Lico, na atual Turquia, perto da atual cidade de Denizli, e recebeu nome
conforme o nome de sua esposa, Laodice. Devido a sua posição, era um
centro comercial extremamente próspero, especialmente durante o governo romano.
Segundo relato histórico, nela havia teatros, um estádio e um ginásio equipado
com banhos. Era a cidade de banqueiros e de transações comerciais.
Não muito distante de Colossos e de
Hierápolis, Laodicéia havia sido construída no meio de uma importantíssima
encruzilhada de estradas que facilitava a comunicação entre Roma e a Ásia
Menor. Por ter sido construída como um entroncamento das principais estradas da
região, Laodicéia já nasceu destinada a ter uma prosperidade material,
tornando-se importante centro comercial. Era, por seguinte, um importante
centro bancário e de troca de moedas. Em adição, estando situada no largo vale
do rio Lico(um tributário do rio Meandro), a cidade era rodeada por terras
férteis. Seus produtos distintivos incluíam vestes de lã negra polida, e
tablóides ou pó medicinal.
Apesar de sua localização privilegiada em termos de transporte,
Laodicéia estava numa região extremamente carente de água. O abastecimento de
água sempre foi o grande problema de Laodicéia que, para tanto, precisou
construir uma grande rede de aquedutos (ou seja, canais que trouxessem água de
outras regiões), principalmente das regiões das duas principais cidades
vizinhas: Hierápolis e Colossos. As fontes de águas, no entanto, mostraram-se
não ser úteis para o consumo. Havia muitas fontes de águas termais, ou seja,
águas quentes, que chegavam mornas em Laodicéia, sendo insuficientes as águas
frias que vinham também para abastecer a região. O resultado é que as águas que
chegavam a Laodicéia eram impróprias para uso, causando, muitas vezes, vômitos
para os que as utilizavam. O local foi eventualmente
abandonado, e a moderna aldeia, Denizli, cresceu em torno das fontes.
Como se percebe, a mornidão
é uma situação de mistura, um estado artificial, não existente na natureza,
criado pela ação humana, que lhe causa danos e prejuízos em sua saúde e na sua
própria sobrevivência. A “mornidão espiritual” não é diferente. Ela é o
resultado da mistura que o homem provoca entre coisas que são de naturezas
completamente opostas. Assim como o quente e o frio são contrários e não podem
ser misturados sem dano, também o santo e o profano, o puro e o impuro, o certo
e o errado não podem ser misturados sem dano espiritual.
2. A igreja em Laodicéia. A igreja em Laodicéia, provavelmente, fora fundada
quando Paulo estava morando em Éfeso(At 19:10), e talvez por intermédio de
Epafras(Cl 4:12,13). Embora Paulo faça menção da igreja cristã que ali
existia(Cl 2:1;4:13-16), não há registro que ele a tenha visitado. É evidente
que essa igreja mantinha conexões íntimas com as comunidades das cidades
vizinhas de Herápolis e Colossos. Segundo muitos eruditos, a “epístola dos de
Laodicéia”(Cl 4:16) referir-se-ia a uma cópia da nossa epístola aos Efésios que
teria sido recebida pela igreja laodicense.
A epístola dirigida ao pastor
da igreja em Laodicéia parece conter muitas alusões ao caráter e circunstâncias
da cidade. A igreja tinha a cara da
cidade. Em vez de transformar a cidade, a igreja tinha se conformado a ela.
Laodiceia era a cidade da transigência, e a igreja tornou-se também uma igreja
transigente. Os crentes eram frouxos, sem entusiasmo, débeis de caráter, sempre
prontos a se comprometer com o mundo, descuidados. Eles pensavam que todos eles
eram pessoas boas. Eles estavam satisfeitos com sua vida espiritual.
A igreja de Laodiceia é a igreja popular, satisfeita com sua
prosperidade, orgulhosa de seus membros ricos. A religião deles era apenas uma
simulação. George Ladd escreve: “ Laodiceia era muito parecida com Sardes: um
exemplo de cristianismo nominal e acomodado. A maior diferença é que, em
Sardes, ainda havia um núcleo que tinha preservado a fé viva (Ap 3:4), enquanto
que toda a igreja de Laodiceia estava tomada pela indiferença. Provavelmente
muitos membros da igreja participavam ativamente da alta sociedade, e essa
riqueza econômica exerceu uma influência mortal sobre a vida espiritual da
igreja”.
Riqueza,
luxo e bem-estar levam as pessoas a se sentir confiantes, satisfeitas e
acomodadas. Muitos entendem que ter riquezas materiais representa um sinal de
bênção espiritual da parte de Deus. Laodicéia era uma cidade abastada e a
igreja ali era igualmente rica. Aquilo que seus moradores podiam ver e comprar
havia se tornado mais valioso para eles que o invisível e o eterno. Não importa
o que você possua, ou quanto dinheiro seja capaz de ganhar, você nada terá,
verdadeiramente, se não tiver um relacionamento com Cristo. De que maneira seu
nível atual de recursos está afetando seu desejo espiritual? Em vez de centrar
sua vida principalmente no conforto e no luxo, busque a verdadeira riqueza que
existe em Cristo.
II.
A APRESENTAÇÃO DE JESUS
“Ao anjo da igreja em
Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio
da criação de Deus”(Ap 3:14).
O Senhor Jesus não se dirigiu
diretamente aos crentes laodicenses, mas ao anjo da igreja - o pastor. Pois ele
é o responsável pelo estado espiritual da igreja. Isto não anula,
evidentemente, a responsabilidade de cada crente diante de Deus (Rm 14:12).
Quanto ao pastor, além de prestar contas de si mesmo ao Senhor, o mesmo fará em
relação à igreja que Jesus lhe confiou (Mt 25:21; 1Pe 5:1-4; Hb 13:17). Ele é o
apascentador (1Pe 5:2) e o vigia do rebanho (Is 21:11), razão pela qual deve
ser o exemplo para sua igreja (1Tm
4:12).
1. Jesus se apresenta como “O Amém”. A igreja de Laodicéia
não tinha firmeza de propósitos; era vacilante e sem poder. Para uma igreja marcada pelo
ceticismo, incredulidade e tolerância, Jesus se apresenta como o “Amém", ressaltando a fidelidade e a
verdade divinas. Ele é a verdade, e fala a verdade, e dá testemunho da
verdade. Adolf Pohl corretamente afirma: "Deus não apenas jura, ele
próprio é um juramento. Entre ele e sua palavra simplesmente não se pode meter
nenhuma cunha, porque nele não existe um entre"(POHL, Adolf. Apocalipse
de João, p.137).
2. “A
Testemunha fiel e Verdadeira”.
Também, para igreja de Laodicéia Jesus se
apresentou como a "testemunha fiel e verdadeira". Ele é o
modelo invariável e imutável para todos os crentes (1Ts 1:6; Hb 4:15a). Seu
diagnóstico da igreja é verdadeiro. Seu apelo à igreja deve ser levado a sério.
Suas promessas à igreja são confiáveis. Em face da vida morna e indiferente da
igreja, Jesus é a verdade absoluta que tudo vê, tudo sonda, tudo conhece. Ele
cumpre o que diz. Nunca é inconstante. É absolutamente consistente. É preciso e confiável.
3. Jesus
se apresenta como “O Princípio da criação de Deus”. Cristo é
o princípio da criação de Deus. A expressão “o princípio da criação de Deus”
não significa que Ele foi a primeira pessoa a ser criada, pois não é uma
criatura. Antes, significa que Ele deu início a toda a criação. Não diz que Ele
teve um princípio, mas que Ele é o princípio. É a origem da criação de Deus e é
preeminente sobre toda a criação. Em face da vida caótica da igreja, Jesus é
aquele que é a origem da criação. Como ele deu ordem ao caos do universo, ele
pode arrancar a igreja do caos espiritual.
III.
A SITUAÇÃO ESPIRITUAL DA IGREJA DE LAODICÉIA
Jesus Cristo, que está no meio
dos candelabros e anda no meio dos candelabros, sonda a igreja de Laodiceia e
chega a seguinte conclusão sobre a sua situação espiritual: a igreja tinha
perdido seu vigor (Ap 3:16,17), seus valores (Ap 3:17,18), sua visão (Ap 3:18b)
e suas vestimentas (Ap 3:17-22). A Igreja em
Laodiceia havia se transformado em uma comunidade insípida e repugnante. Seus
crentes não adotavam uma posição definida, e a indiferença os
levava à ociosidade e à preguiça. Vejamos a
vistoria clínica de Cristo:
1. Jesus
identificou falta de fervor espiritual da igreja – “Conheço
as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente!” (Ap
3:15). O problema da igreja de Laodiceia não era teológico nem
moral. Não havia falsos mestres, nem heresias. Não havia pecado de imoralidade
nem engano. Na carta, não há menção de hereges, de malfeitores nem de
perseguidores. O que faltava à igreja era fervor espiritual. A vida espiritual
da igreja era morna, apática, indiferente e nauseante.
Nosso fogo espiritual íntimo está
em constante perigo de enfraquecer ou morrer. O braseiro deve ser cutucado,
alimentado e soprado até incendiar. Jonathan Edwards disse que precisamos ter
luz na mente e fogo no coração. Muitos fogem do fervor com medo do fanatismo.
Mas fervor não é o mesmo que fanatismo. Fanatismo é um fervor irracional e
estúpido. Muitos crentes têm medo do entusiasmo. Mas entusiasmo é a parte
essencial do cristianismo. Não podemos ter medo das emoções, e sim do
emocionalismo.
2. Jesus identificou uma situação de
“mornidão espiritual” –
“Assim,
porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca”(Ap 3:16). A “mornidão” é uma temperatura entre o quente e o frio, é o
resultado de uma mistura entre o quente e o frio. Não há, na natureza, um
estado de mornidão. O contraste aqui é entre as águas quentes
medicinais de Hierápolis e as águas frias e puras de Colossos. Dessa forma, a
igreja em Laodiceia não estava oferecendo nem refrigério para o cansaço
espiritual nem cura para o doente espiritual. Era totalmente ineficaz e, assim,
desagradável ao Senhor. Podemos aplicar isso à
“mornidão espiritual”: Ela é o resultado da mistura entre o puro e impuro, o
limpo e o imundo, entre o santo e o pecaminoso, um comportamento que é sempre
abominável aos olhos do Senhor (Ez 2:26).
a) "Que nem és frio nem quente" (Ap 3.15b). Laodicéia tornou-se insuportável para Deus. Num realismo
surpreendente, o Senhor acrescentou: "Tomara que foras frio ou quente!"
É compreensível que o Senhor deseje uma igreja quente; mas uma igreja fria,
parece contra-senso. Isto só é explicável se este último estado for pior do que
o anterior.
Aparentemente, os crentes em Laodicéia estavam agindo como se tivessem
esquecido quem era Jesus e porque havia Ele morrido. Antes de haverem aceitado
a fé, eram frios. Ao receberem a Jesus, haviam se tornado quentes - zelosos
seguidores do Mestre. Agora, porém, encontravam-se num perigoso estado
intermediário: a mornidão espiritual. Não estavam mais desejosos de
corresponder ao movimento do Espírito, nem estavam frios o suficiente para
perceber quão grandes eram suas necessidades. Além de nada fazerem à obra de
Deus, não respondiam ao seu chamado ao arrependimento. Por isso, Jesus deseja
que fossem frios ou quentes, pois, assim, poderia fazer alguma coisa por eles.
b) “ vomitar-te-ei da minha boca”(Ap 3:16). A igreja
de Laodiceia era de Cristo, mas, em vez de dar alegria a Cristo, estava
provocando “náuseas” nele. Uma religião morna provoca “náuseas”. Jesus tinha
muito mais esperança nos publicanos e pecadores do que nos orgulhosos fariseus.
Somos filhos de Deus, herdeiros de Deus, a herança de Deus, a menina dos olhos
de Deus, a delícia de Deus. Mas, quando perdemos nossa paixão, nosso fervor,
nosso entusiasmo, provocamos “náuseas” em nosso Salvador.
Indiferença
espiritual faz com que Cristo queira vomitar.
Apatia deixa Jesus “doente”. Pregação morna; louvor indiferente; oração sem fé;
comunhão trivial; evangelismo insípido; tudo isto deixa Cristo com “náuseas”!
Quando nosso coração não lhe é fervoroso, torna-se morno. E, nessa condição,
faz com que Jesus fique “doente do estômago”, tenha náuseas e vontade de
vomitar.
3. Arrogância
espiritual - “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada
tenho falta”(Ap 3:17). A “mornidão espiritual” é um
estado de fraqueza espiritual e esta fraqueza se verifica no sentimento de
arrogância, de orgulho e de soberba do homem que tem a petulância, o desatino,
a loucura de dizer que não precisa de Deus, de que “pode se virar sozinho”
neste mundo.
A fraqueza espiritual da igreja
de Laodicéia mostra-se logo no início de suas afirmações. Aquela igreja, a
começar do seu anjo (isto é, do seu dirigente), enchia o peito e dizia para
todos, com evidente e louca arrogância: “Rico sou e de nada tenho falta”
(Ap 3:17). Ora, é nesta tola manifestação de arrogância que se verifica a
fraqueza espiritual. Ao dizer que não precisava de coisa alguma, aqueles
crentes mostravam o seu estado de “mornidão espiritual”, pois só temos força
espiritual quando reconhecemos a nossa insignificância, a nossa pequenez, o
nosso nada diante de Deus. O servo de Deus que é espiritualmente forte, como
Paulo, é forte porque reconhece que é fraco. O verdadeiro forte espiritual é
aquele que se manifesta como o salmista: “Eu sou pobre e necessitado; mas o
Senhor cuida de mim”(Sl 40:17a).
4.
Também, Jesus identificou uma situação de “auto-satisfação” – “... e de nada
tenho falta”. A igreja de
Laodiceia era morna em seu amor a Cristo, mas amava o dinheiro. O amor ao
dinheiro traz uma falsa segurança e uma falsa auto-satisfação. A igreja não
tinha consciência de sua condição.
A congregação de Laodiceia
fervilhava de frequentadores presunçosos. Eles diziam: "Sou rico, tenho
prosperado, e nada me falta". Os crentes eram ricos. Frequentavam as altas
rodas da sociedade. Eram influentes na cidade. A cidade
era um poderoso centro médico, bancário e comercial. O orgulho de Laodiceia era
contagioso. Os cristãos contraíram a epidemia da soberba. O espírito de
complacência insinuou-se na igreja e corrompeu-a. Os membros da igreja
tornaram-se convencidos e vaidosos. Eles achavam que estavam indo
maravilhosamente bem em sua vida religiosa. Mas Cristo teve de acusá-los de
miseráveis, pobre, cegos e nus (Ap 3:17c). Miseráveis apesar de seus cofres com
dinheiro; cegos apesar de seu famoso colírio; e nus apesar de suas fábricas de
tecidos. São miseráveis porque não têm como comprar o perdão de seus pecados.
São nus porque não têm roupas adequadas para se apresentarem diante de Deus.
São cegos porque não conseguem enxergar sua pobreza espiritual.
IV.
COMO REAVIVAR UMA IGREJA MORNA
A igreja em Laodicéia representa a
igreja que vai ficar, que não será levada pelo Espírito Santo ao encontro do
Senhor nos ares. No entanto, Jesus é extremamente misericordioso e não quer que
esta igreja fique. Seu desejo é que todos se salvem. Por isso, na Sua mensagem
a essa igreja lançou o Seu convite para que os “mornos espirituais” tornassem a
ser fervorosos.
Apesar de ter sido duro com a
triste realidade espiritual da igreja de Laodicéia, o Senhor apresenta alguns
conselhos àqueles crentes, a fim de que pudessem, enquanto fosse possível,
voltar a ter comunhão com Ele.
1. O primeiro conselho dado pelo Senhor Jesus para pôr fim à
“mornidão espiritual” é: que se “compre dEle ouro provado no fogo, para que
enriqueças” - "Aconselho-te
que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças" (Ap 3:18
a). Comprar de Jesus ouro provado no fogo nada mais
é que pagar o preço da renúncia e do abandono dos desejos, paixões e vontades
próprias. Trata-se de uma compra, ou seja, há o pagamento de um preço. Estamos
dispostos a renunciar ao nosso ego, às nossas vontades, sonhos, projetos e
paixões? Estamos dispostos a “abrir mão” dos nossos vícios e maus hábitos? Há
um preço a pagar, um preço que é alto, porque se trata de “comprar ouro”, mas
tudo o que fizermos nada significa diante do alto preço com que fomos
comprados: o precioso sangue de Jesus vertido na cruz do Calvário! (1Pe
1:18,19).
É preciso que estejamos
dispostos a comprar o ouro de Cristo provado no fogo, de irmos à Sua busca, de
renunciarmos a nós mesmos em função dEle. Só assim, fazendo o que Ele quer (e
só o saberemos se tivermos uma vida de oração e leitura da Bíblia Sagrada),
poderemos nos enriquecer espiritualmente.
2. O segundo conselho dado pelo Senhor aos “mornos
espirituais” é a compra de vestidos brancos a fim de cobrir a vergonha da nudez
– “... E vestes brancas, para
que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez" (Ap 3.18b). A cidade de Laodicéia tinha
orgulho de seus tecidos e de sua industria de tinturaria. Cristo disse que
deveriam comprar dele as vestes brancas, isto é, justiça prática na vida
diária. Esta compra de vestidos brancos chama-se
“santificação”. Sem a santificação, ninguém verá o Senhor (Hb 12:14).
Devemos ser santos, isto é, separados do pecado, porque Deus é santo (Lv 20:7;
1Pe 1:16).
A santificação é
contínua, progressiva e não terá fim até a glorificação. Quem é santo, deve se santificar ainda (Ap 22:11). Num mundo
onde o pecado se multiplica a cada dia, com conseqüências cada vez mais
evidentes na vida de muitos que cristãos se dizem ser, somos convidados pelo
Senhor a aumentar a nossa santificação. Quem quiser alcançar a glória, deve
seguir o conselho do Senhor: comprar vestes brancas que cubram a vergonha da
sua nudez.
3. O terceiro conselho dado pelo Senhor Jesus para cessar a
“mornidão espiritual” é a unção dos olhos com colírio para que se veja - “...
e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas”(Ap 3:18c). Laodicéia se orgulhava de seu precioso unguento que curava muitos
problemas nos olhos. Cristo lhes disse que deveriam comprar dele o colírio que
iria curar seus olhos, para que pudessem ver a verdade(João 9:39). Faz-se necessário que se tenha, novamente, a visão espiritual.
Como se obtém esta
visão? Mediante a unção com colírio. O colírio aqui é uma figura do Espírito
Santo. Só Ele pode devolver a visão ao pecador, que está cego por ação do deus
deste século (isto é, Satanás) e não consegue ver o reino de Deus (2Co 4:4).
4. O quarto conselho de Jesus aos “mornos espirituais” é que
sejam zelosos e se arrependam dos seus pecados – “Eu repreendo e castigo
a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te...”(Ap 3:19a). Deus iria castigar a Igreja de
Laodicéia se ela não abandonasse sua atitude de indiferença em relação a Ele.
Quando Deus castiga, seu propósito é trazer as pessoas de volta a si.
“Ser zeloso” ou “ser diligente” é
“ser fervoroso”, ou seja, exatamente o contrário de “ser morno”. É “desejar
ardentemente”, é “buscar”, é ser leal de modo intenso, em outras palavras, é
não cessar de buscar a Deus, de se aproximar dele. É procurar se encher do
Espírito, ter uma vida espiritual plena. É pensar nas coisas que são de cima
(Cl 3:1,2). Mas, para que isto aconteça, é indispensável que haja
arrependimento dos pecados, ou seja, que os pecados sejam confessados e não
voltem mais a ser praticados. Trata-se de uma mudança de vida, de uma
conversão.
5. O quinto conselho de Cristo para os “mornos espirituais” é
o da convivência com o Senhor. “Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a
porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele comigo" (Ap 3:20). A igreja em Laodicéia era complacente e rica. Seus membros se sentiam
muito satisfeitos, embora não tivessem a presença de Cristo entre eles. Cristo
bateu na porta de seu coração, mas estavam tão ocupados gozando os prazeres
mundanos que não notaram que Ele queria entrar. Os prazeres desse mundo –
dinheiro, segurança, posses materiais – podem ser perigosos porque sua
temporária satisfação nos torna indiferentes à oferta divina de uma eterna
satisfação. Se você se sente indiferente em relação à igreja, a Deus ou a
Bíblia, é porque já começou a cercear a presença de Deus em sua vida. Deixe as
portas de seu coração sempre abertas para Ele, e não precisará se preocupar em
saber se Ele está ou não batendo. Deixá-lo entrar será sua única esperança de
alcançar uma realização eterna.
O “morno espiritual”
deixou Jesus fora de sua vida. Como é triste deixar Jesus fora da nossa
existência! Mas, quem quiser sair da “mornidão espiritual”, precisa pôr Jesus
dentro de sua casa, ou seja, precisa não mais viver, mas permitir que Cristo
viva nele (Gl 2:20). Como é maravilhoso quando suprimimos o nosso “eu” e
deixamos Jesus entrar e cear conosco e nós com Ele. Como é bom não mais viver,
mas deixar que Cristo viva em nós. Que nosso comportamento seja como os dos
discípulos que estavam no caminho de Emaús: “Fica conosco, Senhor, porque já é
tarde, e já declinou o dia” (Lc 24:29a). Amém!
CONCLUSÃO
O estado espiritual da igreja em Laodicéia se aplica claramente ao das
igrejas locais nestes tempos pós-modernos. Muitos crentes vivem luxuosamente
enquanto pessoas estão morrendo sem ouvir o evangelho. Cristãos usam coroas em
vez de carregar, cada um, a sua cruz. Esportes, políticas e programas de
televisão causam mais impacto sobre nossas emoções do que Cristo. Falta
consciência da necessidade espiritual e desejo de avivamento verdadeiro.
Atendemos aos desejos de nosso corpo que, em poucos anos, voltará ao pó.
Acumulamos em vez de abrirmos mão, ajuntamos tesouros na terra, e não no céu. A
maioria pensam assim: “O povo de Deus merece do bom e do melhor. Se eu não me
cuidar, quem cuidará de mim? Podemos dedicar ao Senhor o tempo que sobra em
meio aos esforços para prosperarmos no mundo”. Essa é a nossa situação na
véspera da volta de Cristo. É bom ressaltar que Deus não aceita uma fé morna,
pois Ele se enfurece com uma religião que mantém a aparência e que ignora a fé
genuína e sincera. Pense nisso!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD –
Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular
(Novo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 50.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Rev.Hernandes Dias
Lopes – Ouça o que o Espírito diz às Igrejas.
Suas mensagens são muito boas e vir a seu blog é uma benção.Dou-lhe os parabéns e continue nessa sua força trazendo a cada dia essas mensagens gratificantes de edificação, consolação e exortação. É este o alvo da nossa vida, incentivar a continuar a nossa caminhada pelas veredas da luz, com alegria falando das maravilhas do nosso Salvador. Que sua vida brilhe mais e mais a cada dia. Se desejar fazer parte de meus amigos virtuais é só clikar. Faça-o de forma a que possa seguir também seu blog. As minhas cordiais saúdações em Cristo Jesus.
ResponderExcluirCaro irmão Antônio, tuas palavras me incentivam a continuar e não desanimar! Que o Deus de Justiça e Paz te ampare e te conceda o necessário para a tua plena felicidade.
ExcluirLuciano
Paz seja convosco!
ResponderExcluirAmado Luciano, venho aqui lhe fazer duas perguntas que sei não estarem ligadas ao tema desta lição,mas que creio serem importantes não só para mim como também para outros leitores que são ou não de nosso ministério. Bem, aí vai a pergunta:
Como o amado vê a mudança de lições bíblicas de nossa igreja(Bela Vista)?
E como ficarão os subsídios do nosso blog do Luciano?
Caro irmão Anderson, este blog tem em média 5.000 acesso por mês, segundo estatística da Blogger. Tendo em vista que a maioria dos estudos aqui refere-se aos temas propostos nas lições bíblicas da CPAD, conclui-se que a maioria das pessoas que acessa é de professores da EBD em busca de subsídio para as suas aulas. Em face disso, não pretendo deixar de elaborar os subsídios às lições da CPAD.
ExcluirNo entanto, quero afirmar que a ideia de motivar os alunos a frequentarem a EBD com mais entusiasmo e dedicação não deixa de ser um excelente feito. Este projeto do pr. Samuel Câmera é plenamente louvável! Merece ser colocado em prática! Merece respeito!
Acho que se todos os dirigentes, com o nosso presidente( o pr. Teixeira) à frente como o principal interessado, abraçarem esse projeto creio que trará grandes benéficos. Mas, confesso que a propaganda entre os fiéis ainda está bastante incipiente, o que poderá arrefecer, no início, o entusiasmo dos alunos. Ontem mesmo estive no Templo sede e não vi e nem ouvi nenhum anuncio sobre a mudança que está por vir. Não é assim que funciona! Se o pr. Presidente não estiver na condução da “locomotiva” ela interrompe o seu curso.
O tempo dirá se vai dar certo ou não.
O maior gargalho da Educação Cristã Continuada é o após o terceiro ano de estudo. Após este período, as lições voltarão sob o mesmo tema e conteúdo. Isso não é bom, pois causará um tremendo desestímulo àqueles que concluíram o período letivo. O que se fazer desses alunos? Irão prá onde? Todos vão ser professores? Acredito que não!
Não sei se vou ter tempo para fazer subsídios dessas lições. Trabalho oito horas por dia. Dedico, aproximadamente, 36 horas por semana para elaborar um subsidio referente ao tema da lição do domingo subseqüente. O Espírito Santo é o nosso Guia e Inspirador! Ele nos dirá o que devemos fazer!
Um grande abraço!
Luciano Lourenço
Realmente o publico alvo é enorme e conciliar as duas será trabalhoso. Este projeto é meio inovador mesmo, como o senhor disse, merece respeito.
ResponderExcluirpasso por aqui todas as semanas. fique na paz
Paz seja convosco!
ResponderExcluirQuerido irmão, sou grato pela atenciosa resposta e já concordo com o amado no ponto que tange ao apoio e divulgação do projeto por parte de nosso pastor. Queria expressar aqui brevemente minha posição; acredito que não foi algo muito democrático e que deveria ter sido mais divulgado e discutido nas congregações. As lições bíblicas da CPAD não começaram a serem lecionadas nas nossas EBDS ontem!
É preciso convencimento por parte de todos de que vale a pena mudar. Eu particularmente estive na reunião na qual foi passado para os professores a decisão e divulgação do novo modelo, sinceramente não vejo razões suficientes nesse projeto que justifiquem a mudança das lições!
Seja por aumento de frequência ou por conteúdo ainda vejo a CPAD bem a frente nesse aspecto.
Neste modelo novo, reconheço, há uma preocupação em que os alunos sejam mais frequentes, o conteúdo é de cunho puramente teológico, mas isso não quer dizer que é o mais indicado para nossas congregações de pessoas simples e humildes. Cursos de teologia são ofertados para quem queira e tenha interesse em fortaleza, nós precisamos das lições da CPAD porque são feitas para a situação atual da igreja, são lições para o momento assim como uma pregação. Curso de teologia é para quem tem vontade e para os mais letrados. Nem todos querem e tem paciência de fazer um curso de teologia básico ou médio e até mesmo avançado!
Temo também pela situação do Pastor Samuel Câmara, visto que está associado com Silas Malafaia que por sua vez está agora no ramo da teologia da prosperidade. O amado Luciano citou bem: Como ficará a situação dos que terminarem o curso?
Serão todos professores? Também penso que não!
Mas, penso ainda mais longe, daqui para o término dos três anos acredito que irão pensar em fazer lições do modelo das que a CPAD faz.
E qual o problema irmão Anderson?
Simplesmente eu temo muito pela pureza da nossas doutrinas, principalmente com relação a teoria da prosperidade, pois teologia não é!
A meu ver já estamos sendo preparados para isso!
Já começou a se falar em $emente$. Sem falar no seminário fé e finanças, que segundo penso é uma verdadeira aberração teológica. Dizer que tem uma unção financeira e que depois da palavra vai orar para que Deus faça aparecer dinheiro nas contas dos irmãos que tiverem fé! Cancelamento de dívidas! Meu Deus! Onde é que nós vamos parar?
Para mim isso tudo parece uma preparação para aceitarmos a falsa teologia da prosperidade e outras coisas mais a longo prazo!
COM TEMOR E TREMOR!
Prezado irmão Anderson, não retiro nenhuma palavra do seu comentário. Todavia, não acredito que o pr. Samuel Câmera esteja aderindo a falaciosa Teologia da Prosperidade. Os irmãos das Assembléias de Deus na Região Norte ainda preservam a doutrina cristocêntrica e apostólica; jamais absorverão com indiferença essa maldita doutrina.
ExcluirAqui em Fortaleza, essa tal seminário de “Fé e Renda” é uma aberração; chega a ser irritante. É claramente ludibriador e antibíblico. É uma pena que isso esteja acontecendo na ADMBV. O lobo, vestido de ovelha, que ministra esse tal seminário, simplesmente está contaminando as poucas ovelhas que ainda restam. Risco-me a dizer que a ADMBL parece muito com a Igreja de Tiatira: Reprovada por Jesus pelo fato de tolerar os falsos mestres e a falsa doutrina. Se Jesus mandasse uma carta a ADMBV com certeza não causaria nenhuma inveja às igrejas de Éfeso, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Laodicéia. Apesar de tudo, ainda resta um remanescente, qual existia nessas igrejas citadas. Quero ombrear-me a eles e fazer a diferença: ser fiel ao Senhor; temê-lo; amar a Sua Palavra [cujos ditames são atemporais e imutáveis]; amar os irmãos (sem distinção); e esperar a volta do Senhor Jesus, como se fosse agora.
Irmão Anderson, esforcemo-nos a estarmos no grupo dos remanescentes! Jesus virá para eles. E Ele está muito, muito perto mesmo de voltar. Olhe para Israel, é o relógio de Deus; veja o que está ocorrendo com essa nação; está sendo, sem precedente, odiado pelo mundo todo desde o seu retorno em 14 de maio de 1948. Olhe para a Europa [atualmente em convulsão social, política, econômica, cultural, religiosa], de onde o Anticristo surgirá como solucionador dos problemas do “império romano” ressurgido[Europa]. Não é hora de trocarmos de igreja [todas elas estão doente espiritualmente]. Precisamos, sim, fazermos a diferença e ajudarmos outros que estão no CTI espiritual [como era o caso de alguns cristãos da Igreja em Sardes].
Quanto às lições bíblicas que serão implementadas, os dirigentes das congregações devem apenas obedecer ao seu pastor presidente, embora discordando da maneira incontinente de sua implementação. Desobedecer à ordem do pastor presidente causará mais distúrbio e rebelião, e é isso que Satanás mais gosta.
Que Deus em Cristo muito de abençoe!
Luciano Lourenço
Paz seja convosco!
ResponderExcluirEspero ter sido ao máximo respeitoso e compreendido pela forma como quis demonstrar minha perspectiva.
Amem.
Amém querido!
ResponderExcluirDeus é contigo!
UMA MENSAGEM PURA E REAL DA MAIORIA DAS IGREJAS ATUAIS;QUE ESTÃO VIVENDO NUMA FASE INTEIRAMENTE MORNA,ISTO É ESTÃO PREGANDO RIQUEZAS MATERIAS ESQUECENDO QUE AS MAIORES RIQUEZAS QUE DEVEMOS ACUMULAR,SÃO AS ESPIRITUAIS PARA ESTAR BEM MAIS PERTO DE JESUS,AS MATERIAIS SERÃO ACRESCENTADAS CONFORME A VONTADE DELE
ResponderExcluirA paz do Senhor irmão, amo suas mensagens é muito edificante, interessante, achei legal que meus amigos visse essa mensagem e até colei algumas no meu blog, continue sempre assim anunciando a palavra de Deus.
ResponderExcluirMuito bom estudo, parabéns!!!
ResponderExcluircongrego na igreja pentecostal DEUS É AMOR não li todo o estudo mas o que eu li gostei muito muito bem agonizado e a explicação muito bem separada vou procurar ler e reler para passar este estudo na igreja que eu congrego fica na paz do senhor JESUS CRISTO.
ResponderExcluirA igreja de Laodicéia é a igreja,ou o povo cristão do dias atuais.Observem a conjugação verbal que determina a temporalidade textual.ela se refere a um tempo presente.Observem o grau de urgência nas palavras de JESUS: ' Eis que estou á porta e bato"...estou e bato...no presente.
ResponderExcluirMuito bom ensinamento,Deus vos abençoe muitíssimo.
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