4º Trimestre/2013
Texto Básico: Provérbios 8:13-21
“A soberba precede a ruína, e a
altivez do espírito precede a queda” (Pv 16:18)
INTRODUÇÃO
Segundo o
dicionário Aurélio, arrogância é “orgulho que se manifesta por atitudes altivas
e desdenhosas; soberba”. A arrogância do homem, que o levam a se achar poderoso
e a querer a glória para si, ao invés de reconhecer a onipotência de Deus e a
glória que só a Ele é devida, tem sido a principal causa de derrota e fracasso
na vida de tantas pessoas. A soberba transformou um anjo de luz em demônio. Por
causa da soberba, Deus expulsou Lúcifer do Céu. Deus resiste aos soberbos. Ele
declara guerra aos orgulhosos e humilha os altivos de coração.
O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que a soberba é a porta
de entrada do fracasso e a sala de espera da ruína. O orgulho leva a pessoa à
destruição, e a vaidade a faz cair na desgraça. Na verdade, o orgulho vem antes
da destruição, e o espírito altivo, antes da queda. Nabucodonosor foi retirado
do trono e colocado no meio dos animais por causa da sua soberba(cf. Dn
4:30-37). O rei Herodes Antipas I morreu comido de vermes porque ensoberbeceu
seu coração em vez de dar glória a Deus (At 12:21-23). O reino de Deus pertence
aos humildes de espírito, e não aos orgulhosos de coração.
Esse terrível mal
também tem grassado igrejas locais. A Bíblia registra um exemplo: a igreja de
Laodicéia. Esta igreja, a começar do seu líder, enchia o peito e dizia para
todos, com evidente e louca arrogância: “Rico
sou e de nada tenho falta” (Ap 3:17). Ora, é nesta tola manifestação de
arrogância que se verifica a fraqueza espiritual. Ao dizer que não precisava de
coisa alguma, aqueles crentes mostravam o seu estado de “mornidão espiritual”,
pois só temos força espiritual quando reconhecemos a nossa insignificância, a
nossa pequenez, o nosso nada diante de Deus. A autoglorificação é desprezível.
A igreja de Laodicéia exaltou-se dando nota máxima a si mesma em todas as
áreas. Mas Cristo a reprovou em todos os itens. A Bíblia diz: ”Louve-te o
estranho, e não a tua boca; o estrangeiro, e não os teus lábios”(Pv 27:2). Deus
detesta o louvor próprio. Jesus explicou essa verdade na parábola do fariseu e
do publicano. Aquele que se exaltou foi humilhado, mas o que se humilhou,
desceu para sua casa justificado.
No contexto do
livro de Provérbios, os termos contrastantes “humildade” e “arrogância” ocorrem
com muita frequência. Mas, um fato a se observar é que eles ocorrem sempre
dentro do contexto das interações humanas. Dessa forma para se conhecer quem é
o sábio, o autor de Provérbios põe no cenário, como figura contrastante, o
insensato; da mesma forma o injusto será contrastado com o justo; o rico com o
pobre; o escravo com o príncipe. Vejamos a seguir.
I.
O SÁBIO VERSUS O INSENSATO
Em Provérbios
11:2, lemos: “Em vindo a soberba, sobrevêm a desonra, mas com os humildes
está a sabedoria”. O Rev. Hernandes Dias Lopes comentando este versículo
diz que um individuo soberbo é aquele que deseja ser mais do que é e ainda se
coloca acima dos outros para humilhá-los e envergonhá-los. O soberbo é aquele
que superdimensiona a própria imagem e diminui o valor dos outros. É o
narcisista que, ao se olhar no espelho, dá nota máxima e aplaude a si mesmo, ao
mesmo tempo que endereça suas vaias aos que estão à sua volta. É por isso que o
sábio diz que, em vindo a soberba, sobrevém a desonra. A soberba é a sala de
espera da desonra. É o corredor do vexame. É a porta de entrada da vergonha e
da humilhação. A Bíblia diz que Deus resiste ao soberbo (Tg 4:6), declarando
guerra contra ele. Por outro lado, com os humildes está a sabedoria. O humilde
é aquele que dá a glória devida a Deus e trata o próximo com honra. A humildade
é o palácio onde mora a sabedoria. Os humildes são aqueles que se prostram
diante de Deus, reconhecendo seus pecados e nada reivindicando para si mesmos;
no entanto, são estes também que, em tempo oportuno, Deus exaltará. A Palavra
de Deus é categórica em dizer que Deus humilha os soberbos, mas exalta os
humildes. O reino de Deus pertence não aos soberbos, mas aos humildes de
espírito 1.
Em seu comentário
do Livro de Provérbios, Warren W. Wiersbe destaca: “Vários teólogos acreditam
que o orgulho é o “pecado dos pecados”, pois foi o orgulho que transformou um
anjo no Diabo (Is 14:12-15). As palavras de Lúcifer “serei semelhante ao
Altíssimo” (Is 14:14), foram um desafio ao próprio trono de Deus e, no jardim
do Éden, transformaram-se na declaração “como Deus, sereis conhecedores do bem
e do mal” (Gn 3:5). Eva acreditou nessas palavras, e o restante da história é
conhecido. “Glória ao homem nas maiores alturas”, esse é o grito de guerra da
humanidade orgulhosa e ímpia que continua desafiando Deus e tentando construir
o céu na terra (Pv 11:1-9; Ap 18). “Quanto ao soberbo e presumido, zombador é o
seu nome; procede com indignação e arrogância” (Pv 21:24). “Antes da ruína,
gaba-se o coração do homem, e diante da honra vai a humildade” (Pv 18:12, ARA;
ver 29:23). Deus aborrece “olhos altivos” (Pv 6:16,17) e promete destruir “a
casa dos soberbos” (Pv 15:25). Quase todo cristão sabe Provérbios 16:18 de cor,
mas nem todos nós atentamos para o que esse versículo diz: “A soberba precede a
ruína, e altivez do espírito precede a queda”. 3
II.
O JUSTO VERSUS O INJUSTO
No livro de Provérbios
a humildade é característica de uma pessoa sensata, modesta e mansa e por isso
sabe que a justiça é de origem divina (Pv 29:26); que ela exalta as
nações (Pv 14:34); livra da morte (Pv 10:2); guarda o que anda em integridade
(Pv 13:6); é amada por Deus (Pv 15:9) e por isso deve ser exercitada (Pv 21:3).
Antônio Neves de
Mesquita, comentando Provérbios 14:34, destaca: O pecado é o opróbrio dos
povos. O pecado, sempre o pecado, que cria o invejoso, o prepotente, o opressor
e toda essa coorte de sinistros elementos que infelicitam a vida. A falta de
justiça na terra também resulta do pecado. Todo o mal é produto ou subproduto
do pecado na vida. Só a Justiça é capaz
de dar aos povos a paz e harmonia que desejam, e essa justiça só pode vir do
uso e prática da Bíblia. Fora dela não há justiça possível, nos termos em que a
mesma Bíblia compreende 2.
As nações em cujo
berço estava a verdade e que beberam o leite da piedade, essas cresceram
fortes, ricas, bem-aventuradas e tornaram-se protagonistas das grandes
transformações sociais. Tais nações sempre estiveram na vanguarda e lideraram o
mundo na corrida rumo ao progresso. A justiça não pode ser apenas um verbete
nos dicionários; deve ser uma prática presente nos palácios, nas cortes, nas
casas legislativas, nas universidades, na indústria, no comércio, na família e
na igreja. (4)
III.
O RICO VERSUS O POBRE
A riqueza passa a
ser estimada pelo próprio Deus quando atende aos seus propósitos: “O que oprime
ao pobre insulta aquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado
honra-o” (Pv 14:31). Nesse aspecto, riqueza e humildade podem até mesmo andarem
juntas: “O galardão da humildade e o temor do Senhor são riquezas, e honra, e
vida” (Pv 22:4).
Concordo com o
Rev. Hernandes Dias Lopes quando diz que um dos atributos de Deus é a justiça.
Ele é justo em todas as suas obras. Deus abomina toda forma de injustiça. Ele
julga a causa dos pobres e oprimidos. Quem oprime ao pobre, por ser ele fraco,
sem vez e sem voz, insulta a Deus. Quem torce a lei para levar vantagem sobre o
pobre conspira contra o Criador. Quem corrompe os tribunais, subornando juízes
e testemunhas para prevalecer sobre o pobre em juízo, entra numa batalha contra
o próprio Deus onipotente. Insultar a Deus, porém, é uma insanidade consumada,
pois ninguém pode lutar contra o Senhor e prevalecer. Por outro lado, quem
socorre o necessitado agrada o coração de Deus. Aquilo que fazemos para os
pobres, fazemos para o próprio Senhor.
Quem dá aos pobres
empresta a Deus. A alma generosa prosperará. Deus multiplica a sementeira
daqueles que semeiam a bondade na vida do próximo. Tanto o pobre como o rico
foram criados por Deus – “O rico e o
pobre se encontraram; a todos os fez o SENHOR” (Pv 22:2). Ele ama a ambos.
Os ricos devem manifestar a generosidade de Deus aos pobres, e estes devem
agradecer a Deus a bondade dos ricos. Aqueles que oprimem ao pobre, mesmo que
acumulem riquezas, não desfrutarão de seus tesouros. Aqueles, porém, que
socorrem o necessitado, mesmo que desprovidos dos tesouros da terra, possuirão
as riquezas do Céu(5).
O apóstolo Paulo
ensinou a igreja de Corinto nos seguintes termos: “Agora, porém, completai também o já começado, para que, assim como
houve a prontidão de vontade, haja também o cumprimento, segundo o que tendes.
Porque, se há prontidão de vontade, será aceita segundo o que qualquer tem e
não segundo o que não tem. Mas não digo isso para que os outros tenham alívio,
e vós, opressão; mas para igualdade; neste tempo presente, a vossa abundância
supra a falta dos outros, para que também a sua abundância supra a vossa falta,
e haja igualdade, como está escrito: O que muito colheu não teve de mais; e o
que pouco, não teve de menos” (2Co 8:11-15).
IV.
O PRÍNCIPE VERSUS O ESCRAVO
Em seu Comentário
Devocional da Bíblia, o expositor bíblico Lawrence O. Richard, discorre sobre o
sentido de Provérbios 31.1-9:
Esses
versículos de conselho, dados por um rei que escrevia sob o pseudônimo de
Lemuel, revelam uma visão elevada da responsabilidade real. O rei é servo do
seu povo, e deve proteger os oprimidos e julgar com justiça. A indulgência
pessoal “não é própria dos reis”. Eles devem despender a sua força e o seu
vigor servindo ao seu povo, não procurando mulheres ou embriagando-se.
Essas
palavras de uma mãe nos lembram de que devemos considerar toda autoridade no
contexto da servidão. O homem, que é a “cabeça da casa”, como o rei desses
versículos, não deve usar a sua autoridade para explorar ou “dominar” a sua
esposa, mas para servir tanto a ela, como aos filhos que tiver com ela.
Dessa forma,
através da sabedoria o rei justo deveria promover o bem-estar social - “O rei
justo sustém a terra, mas o amigo de impostos a transtorna” (Pv 29.4, ARA).
Quando esse governante não teme a Deus, mas age de forma perversa e arrogante o
povo logo sente os reflexos - “Quando se multiplicam os justos, o povo se
alegra, quando, porém, domina o perverso, o povo suspira” (Pv 29.2, ARA). Por
isso o governante sábio dará atenção especial aos mais humildes - “O rei que
julga os pobres com equidade firmará o seu trono para sempre” (Pv 29.14, ARA).
(Fonte: Sábios Conselhos para um viver Vitorioso – José Gonçalves. CPAD.
2013).
CONCLUSÃO
Que tenhamos
consciência de que Deus resiste e continuará resistindo aos soberbos (Tg 4:6).
Todavia, o Pai Celeste dá e dará graças àqueles que têm o coração quebrantado e
contrito, que se chega a Ele com humildade.
---------
Elaboração: Luciano
de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista.
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico
popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Revista Ensinador Cristão – nº 56 – CPAD.
Comentário Bíblico Beacon – v.3. CPAD.
Sábios Conselhos
para um viver Vitorioso – José Gonçalves. CPAD. 2013.
1 Lopes, Hernandes Dias. Gotas de Sabedoria
para a alma.
2 MESQUITA, Antônio
Neves. Estudo no Livro de Provérbios — princípios para uma vida feliz. Rio de
Janeiro: JUERP
3 WIERSBE,
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo — poéticos. Rio de Janeiro: Central
Gospel.
4 Lopes, Hernandes
Dias. Gotas de Sabedoria para a alma.
5 Ibidem.
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