domingo, 23 de fevereiro de 2014

Aula 09 – UM LUGAR DE ADORAÇÃO A DEUS NO DESERTO


1º Trimestre/2014

 
Texto Básico: Êxodo 25:1-9


 “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles” (Êx 25:8).

 



INTRODUÇÃO

Desde o inicio, na criação, Deus estabeleceu com os homens um relacionamento íntimo e de comunhão (Gn 3:8), para que lhe fosse prestado um culto de louvor. Noé e seus descentes, assim como os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó mantinham viva essa relação cultual por meio de sacrifícios prestados em altares de pedra (Gn 8:20; Gn 12:7; 26:25; 35:1,2). Após o êxodo, Deus queria habitar no meio de Israel, por isso Ele ordenou e orientou a Moisés que, juntamente com o povo recém-liberto da escravidão do Egito, estabelecesse um local e um ritual para o culto que deveriam prestar a Ele (Êx 25-30). Esse lugar seria o “Tabernáculo” (hebraico mikadesh, santuário), um lugar de adoração ao único Deus verdadeiro. O Tabernáculo foi, durante os anos de peregrinação pelo deserto, o lugar de encontro de Deus com o seu povo; ali, o Todo-poderoso revelou-se e recebeu adoração (Êx 40:34,35). Esse santuário simboliza a verdade de que lugares secos e áridos enchem-se de vida com a presença de Deus entre o Seu povo! (Sl 58:11; 2Tm 1:10).

A ideia central do Tabernáculo era que Deus habitava entre o seu povo; sua plena realização encontra-se na encarnação de Cristo: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (literalmente, fez tabernáculo entre nós, João 1:14). Daí que se chama Emanuel, “Deus conosco” (Mt 1:23). Em nossos dias a presença de Deus se manifesta na igreja por meio do Espírito Santo que habita nos cristãos (Ef 2:21,22).

Nesta Aula trataremos sobre o verdadeiro culto com os princípios eternos subjacentes nas instruções divinas para a construção do Tabernáculo, um lugar de adoração a Deus no deserto.

I. AS INSTRUÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DO TABERNÁCULO



Quando o povo de Israel saiu do Egito em direção à Terra Prometida, Deus mandou Moisés construir o Tabernáculo - “E me farão um santuário, para que eu possa habitar no meio deles”(Ex 25:8). Foi construído conforme as orientações concedidas por Deus a Moisés, para que Ele pudesse manifestar Sua presença e receber a devida adoração.

Sempre que se procedia à montagem do Tabernáculo, era feita de dentro para fora, ou seja, do Santo dos Santos para o Pátio, simbolizando a forma como Deus opera na vida do ser humano: a partir do seu interior. A tarefa de montar e desmontar o Tabernáculo cabia apenas aos levitas (Nm 3:6-8).

O Tabernáculo tinha vários nomes. Em regra geral, chamava-se "tenda" ou "tabernáculo" por sua cobertura exterior que o asseme­lhava a uma tenda; também se denominava "tenda da congregação", porque ali Deus se reunia com o seu povo (Êx 29:42-44); visto como continha a Arca e as tábuas da lei, chamava-se "tabernáculo do testemunho" (Êx 38:21) - testificava da santidade de Deus e da pecaminosidade do homem; chamava-se, além disso, "santuário" (Êx 25:8), porque era um lugar de culto ao Senhor e de sua santa presença.

1. O propósito divino.  Embora em sentido literal seja impossível que a presença de Deus se limite a um lugar (Atos 7:48,49), pois "o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos", o Tabernáculo tinha um propósito precípuo: lembrar ao povo que ele possuía o privilegio incomparável de ter o Senhor no meio de Israel. No Tabernáculo, Deus se fazia presente como Rei do seu povo e recebia culto de louvor e adoração. Para além disso, o Tabernáculo também era o símbolo do relacionamento e da intimidade do ser humano com Cristo - “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração (…). Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel”(Hb 10:19-23).

Entendendo melhor...

O Tabernáculo tinha os seguintes propósitos:

a) Proporcionar um lugar onde Deus se manifestasse entre seu povo (Êx 25:8; 29:42-46; Nm 7:89). Aí o Rei invisível podia encontrar-se com os representantes de seu povo e eles com o Rei. Até aquele momento, Deus já havia se manifestado várias vezes em favor de Israel, mas não fora visto ainda “no meio deles”. Quando Deus falava a Moisés no monte, o povo assistia à distância, impactado pela visão dos raios projetados lá de cima. Agora, porém, Deus está dizendo que a sua presença, que os assistira até ali, estaria permanentemente no meio do arraial, representada por um santuário erguido sob Sua orientação. O Tabernáculo lembrava também aos israelitas que Deus os acompanhava em sua peregrina­ção.

b) Ser o centro da vida religiosa, moral e social. O Tabernáculo sempre se situava no meio do acampamento das doze tribos (Nm 2:17), e era o lugar de sacrifício e centro de celebração das festas nacionais.

c) Representar grandes verdades espirituais que Deus desejava gravar na mente humana, tais como sua majestade e santidade, sua proximidade e a forma de aproximar-se de um Deus santo. Os objetos e ritos do Tabernáculo também prefiguravam as realidades cristãs (Hb 8:1,2, 8-11;10:1). Desempenhavam um papel importante em preparar os hebreus para receber a obra sacerdotal de Jesus Cristo.

Observação: o “Tabernáculo” não se trata de morada de Deus. O principal objetivo do Tabernáculo (Mikadesh, santuário) é “... e habitarei no meio deles” (Êx 25:8b), ou seja, entre eles, e não “nele” (“shakan”); com isso se chega à absoluta negação do antropomorfismo, no sentido de morada de Deus. O Templo, Tabernáculo, não é morada de Deus, mas dos homens, e seu principal objetivo é o de aperfeiçoar a condição humana à condição divina.

2. As ofertas. O Tabernáculo foi construído com as ofertas voluntárias do povo hebreu (cf. Êx 25:2-7). Deus desejava ver um coração bem disposto. Ninguém foi obrigado a ofertar, mas não poderia ofertar qualquer coisa; teriam que se enquadrar dentro de uma lista predeterminada pelo Senhor (Êx 25:3-7). Eram ofertas custosas, pois se calcula que por si sós equivaleriam hoje a mais de um milhão de dólares.

Êxodo 35:4-29 demonstra quão importante era para o Senhor que cada um tivesse a oportunidade de dar alguma coisa. Precisava-se de metais, materiais e tecidos de todos os tipos. Todos podiam dar segundo o que possuíam. Deus não depende de uns poucos homens ricos para pagar as contas. Deseja que todos desfrutem a emoção e a bênção de partilhar o que têm. Os israelitas deram com alegria, e foi tão abundante que foi necessário suspender a oferta (Êx 36:5-7). Para o povo de Deus da nova aliança, a Palavra de Deus nos ensina que o fator motivante para a contribuição do crente é a alegria (2Co 9:7).

Além das ofertas materiais, Deus exigiu deles habilidade, conhecimento e trabalho (cf. Êx 35:25,26; 36:2,4). As mulheres, também, emprega­vam suas habilidades fiando tecidos primorosos. Bezaleel e Aoliabe foram chamados pelo Senhor e ungidos com o Espírito para desenvolver projetos, trabalhar os metais e ensinar a outros. Deus concede ministérios especiais a alguns e trabalho para todos.

3. Tudo segundo ordenança divina. Quem fez a planta do tabernáculo? Todos os detalhes foram feitos de acordo com o desenho que Deus mostrou a Moisés no Monte Sinai (Êx 25:9,40;26:30;35:10). Isto nos ensina que é o próprio Deus quem determina os pormenores relacionados com o culto verdadeiro. Ele não aceita as invenções religiosas humanas nem o culto prestado segundo prescrições de homens (Cl 2:20-23); temos de adorar a Deus da forma indicada em sua Palavra.
Ao construir o Tabernáculo estritamente conforme às ordenanças de Deus, os israeli­tas foram recompensados, pois a glória do Senhor encheu a “tenda” e a nuvem do Senhor permaneceu sobre ela (Êx 40:34-38). Igualmente conosco, se desejamos a presença e bênção divinas, temos de cumprir as condições expressas na Palavra de Deus.
O Tabernáculo, assim como o homem é composto de três partes principais: o Pátio, o           Lugar santo e o Santo dos santos (visto de fora para dentro).

Uma curiosidade é que quando o Tabernáculo era montado, a cada vez que o povo de Israel parava no deserto, ele era montado de dentro para fora, ou seja, do Santo dos santos até o Pátio! Aprendemos aqui que o Eterno inicia seu tratamento conosco a partir de dentro, daquilo que temos de mais interior: o espírito.

As divisões citadas do tabernáculo representam corpo, alma e espírito. E é justamente por causa disso que o Eterno inicia seu processo de redenção no homem a partir do espírito, pois o Espírito de Deus tem comunhão com o nosso espírito nos religando ao nosso Criador.

II. O PÁTIO DO TABERNÁCULO

1. O pátio.Farás também o pátio do tabernáculo” (Êx 274:9). Esse Pátio tinha um formato retangular e media cerca de 45 metros de comprimento por 22 metros de largura (Êx 27:18). Ele era cercado por cortinas e havia uma única entrada para ele. O Pátio cercado por cortinas simbolizava a separação que deve haver para adoração a Deus. Silas Daniel citando Mattew Henry diz que o “pátio era um tipo da igreja, fechada e separada do resto do mundo, encerrada por colunas, indicando a estabilidade da igreja, fechada com o linho limpo, que está escrito que é a justiça dos santos (Ap 19:8). Este eram os átrios pelos quais ansiava Davi e onde ele anelava residir (Sl 84:2,10), e onde o povo de Deus entrava com louvor e agradecimentos” (Sl 100:4).

O Pátio ficava na parte mais exterior do Tabernáculo e era descoberto. Isso significa que quem está ali (e a maioria dos crentes ainda estão no pátio) está exposto às intempéries do tempo - sol, chuva, ventos, etc... além de tipificar a primeira experiência que todo homem deve ter para com Deus. Esta fase nos fala que o Pátio é somente uma parte do caminho a ser percorrido.

O Pátio compunha-se de três elementos: a Porta, o Altar e a Pia.

a) A PORTA. Só existia uma Porta de entrada para o Pátio; representava Cristo, que é a Única Porta de acesso a Deus, o Único Caminho para o Céu (João 10:9;14:6). A Porta do Tabernáculo ficava virada para o leste, o lado onde nasce o sol. Quando o dia nascia a primeira coisa que viam era o nascimento do sol, que simboliza Jesus Cristo. Isto nos fala de nossa primeira experiência com o Eterno: a salvação. Quando passamos pela Porta (Jesus), saímos do mundo e entramos numa nova vida. Nossa vida recomeça então a partir do zero, pois iniciamos uma nova caminhada, só que agora com Deus. Nosso objetivo e alvo é crescermos até a estatura de varão perfeito em Cristo.

b) O ALTAR. A primeira coisa que era vista pela pessoa que adentrava o Pátio era o Altar dos Holocaustos, que era feito de madeira de cetim (acácia) coberta de bronze e seu formato era de um quadrado com 2,25 metros de cada lado por 1,35 metro de altura (Êx 27:1,2). Cada canto do Altar tinha um chifre, ponta que se sobressaía em forma de chifre de boi. Os animais para o sacrifício eram atados a este chifre (Salmo 118:27). Também, se alguma pessoa era perseguida, podia apegar-se aos chifres do altar a fim de obter misericórdia e proteção (1Reis 1:50,51). Ali os animais eram imolados em sacrifício para expiação dos pecados. O sangue das vítimas era colocado nas pontas do altar e o restante dele era derramado na sua base (Lv 4:7).

Portanto, o Altar é o local de morte. É ali que nossa vida é colocada como um sacrifício para Deus. No Altar nós morremos para as nossas próprias convicções, vontades, desejos, expectativas, etc.. No Altar tem fim o velho homem. O desejo do coração do Eterno é que, após termos um verdadeiro encontro com Ele, possamos verdadeiramente morrer.

Quando o sacrifício queimava, subia um cheiro que se desprendia da vítima. E é isso que o Deus espera, que quando nossa vida for a Ele oferecida, possamos liberar um cheiro suave a fim de agradarmos ao Senhor - “Assim queimarás todo o carneiro sobre o altar; é um holocausto para o Senhor, cheiro suave; uma oferta queimada ao Senhor” (Êx 29:18).

c) A PIA DE BRONZE (Êx 30:17-21). A Pia de bronze era utilizada para o sacrifício de purificação (Êx 30:17-21). Essa lavagem cerimonial era feita com água constantemente substituída, já que não havia sistema de torneiras ou bicas disponíveis. Os sacerdotes deveriam se lavar sempre nela antes de ministrarem no interior do Tabernáculo ou no Altar dos Holocaustos.

Para o cristão, a Pia nos simboliza mais um aspecto: o batismo. Após a nossa morte, agora temos de consolidar nossa vida cristã testemunhando de forma plena a experiência da conversão. Por isso a Pia nos fala de limpeza, onde os pecados são lavados publicamente e somos integrados a uma nova realidade. Tipifica nossa morte e ressurreição a fim de vivermos uma nova vida com Cristo - “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6:4).

III. O LUGAR SANTO



O LUGAR SANTO é uma fase mais interior do Tabernáculo e ele representa a alma. É ali que adentramos na presença do Eterno, pois todos os mobiliários do Lugar santo são de ouro, e o ouro nos fala da divindade, nos fala da realeza e da eternidade. Nesse lugar ficavam o Castiçal de ouro, a Mesa dos pães da proposição e o Altar do incenso. Estima-se que este lugar media 9 metros de extensão.

1. O Castiçal de ouro (Êx 25:31-40). No lado esquerdo de quem entra no Santuário está o Candelabro de Ouro com suas sete lâmpadas, feito com ouro batido (pesando 30 quilos) – “As suas maçãs e as suas canas serão do mesmo; tudo será de uma só peça, obra batida de ouro puro” (Êx 25:36). Sua "cana" ou tronco descansava sobre um pedestal. Tinha sete braços, três de cada lado e um no centro. Cada um com figuras de maçãs, flores e copos lavrados em derredor.

O Castiçal de ouro simbolizava o povo de Deus, Israel. Ensinava que Israel devia ser “luz dos gentios” (Is 49:6; 60:1-3; Rm 2:19), dando testemunho ao mundo por meio de uma vida santa e da mensagem proclamada do Senhor.

O apóstolo João utiliza a figura do castiçal: representa as sete igrejas da Ásia como sete castiçais (Ap 1:12-20); portanto, o Castiçal prefigura a Igreja de Jesus Cristo. Assim como o tronco do castiçal unia os sete braços e suas lâmpadas, assim também Jesus Cristo está no meio de suas igrejas e as une. Embora as igrejas locais sejam muitas, constituem uma só Igreja em Cristo (Hb 12:23). Também Jesus disse aos seus discípulos: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5:14).

O azeite utilizado no Castiçal era símbolo do Espirito Santo. Todas as tardes os sacerdotes limpavam as mechas e enchiam as lâmpadas com azeite puro de oliva a fim de que ardessem durante toda a noite (Êx 27:20,21;30:7,8). Do mesmo modo o crente necessita receber todos os dias o azeite do Espirito Santo (Sl 92:10) para que sua luz brilhe diante dos que andam na escuridão espiritual. Se o crente não tem a presença e o poder do Espirito Santo em sua vida, não será uma boa testemunha.Enchei-vos do Espírito” (Ef 5:18) é a recomendação do apóstolo Paulo.

2. Os pães da proposição (Êx 25:30) – “E sobre a mesa porás o pão da proposição perante a minha face continuamente”. A Mesa dos pães da proposição ficava à direita do Lugar Santo. Era feita de acácia e revestida de ouro. Todos os sábados os sacerdotes punham sobre a mesa doze pães asmos, ou seja, sem fermento, e retiravam os pães envelhecidos que os sacerdotes comiam no Lugar Santo.

A frase “pães da proposição” significava literalmente “pães do rosto”, e em algumas versões da Bíblia se traduz “pão da presença”, pois o pão era colocado continuamente na presença de Deus. Os doze pães colocados na mesa representavam uma oferta de gratidão a Deus da parte das doze tribos de Israel, pois o pão era ao mesmo tempo uma dádiva de Deus e fruto dos esforços humanos. Por isso o povo reconhecia que havia recebido seu sustento de Deus e ao mesmo tempo consagrava a Ele os seus frutos de seu trabalho. Portanto, a Mesa dos pães refere-se também à mordomia dos bens materiais.

3. O Altar do incenso (Êx 30:1-10). Diante do Véu no lugar santo estava o altar do incenso. À semelhança dos outros móveis da tenda, era feito de acácia e revestido de ouro. Todas as manhãs e todas as tardes, quando preparavam as lâmpadas, os sacerdotes queimavam sobre esse altar o incenso utilizando-se de fogo tirado do Altar do holocausto. O Altar do incenso relacionava-se mais estreitamente com o Lugar santíssimo do que com os demais móveis do Lugar santo. É descrito como o Altar "que está perante a face do Senhor" (Lv 4:18), como se não existisse o Véu entre ele e a Arca. Portanto, era considerado em conjunto com a Arca, com o Propiciatório e com a Shekina de glória.

O Altar do incenso estava no centro. Isto ensina-nos que uma vida de oração é imprescindível para agradar a Deus, já que o incenso simbolizava a oração, o louvor e a intercessão do povo de Deus, tanto no Antigo como no Novo Testamento (Salmo 141:2; Lc 1:10; Ap 5:8; 8:3).

Assim como o perfume do fumo, que o incenso desprendia, subia ao céu, os louvores, as rogativas e as intercessões sobem ao Senhor como cheiro agradável.

Duas vezes por dia acendia-se o incenso sobre o Altar e provavelmente ardia durante o dia todo. Isto ensina que os filhos de Deus devem ser constantes na oração.

Acendia-se o incenso com o fogo do Altar dos holocaustos, o que nos leva a notar que a oração aceitável ao Senhor se relaciona com a expiação do pecado e a consagração do crente.

Também se destaca a importância do fogo para consumir o incenso. Se o incenso não ardia, não havia cheiro agradável. Igualmente, o crente necessita do fogo do Espírito Santo para que faça arder o incenso da devoção (Ef 6:18). As orações frias não sobem ao trono da graça.

Finalmente, observamos que o sumo sacerdote espargia sangue sobre os cantos do Altar do incenso uma vez por ano, demonstrando que, embora o culto humano seja imperfeito (Rm 8:26, 27), somos "agradáveis a si no Amado" por seu sangue expiador e sua intercessão perpétua (Ef 1:6,7; Rm 8:34; Hb 9:25).

Como a Mesa dos pães e o Castiçal estavam relacionados com o Altar do incenso, a consagração e o testemunho do fiel estão relacionados com a vida de oração. Se o cristão não tem comunhão com Deus, logo deixará de consagrar ao Senhor os frutos de seu trabalho, e sua luz deixará de alumiar os homens.

IV. O SANTO DOS SANTOS

1. O Santo dos Santos e a Arca da aliança (Êx 25:10-22). Este é o lugar mais interior do Tabernáculo. Ali havia somente a Arca do concerto, o objeto mais sagrado de Israel. Neste lugar somente o sumo sacerdote poderia entrar, e apenas uma vez ao ano (Hb 9:7), para aspergir sobre o propiciatório - isto é, a tampa da Arca -, o sangue que havia sido derramado do sacrifício anual feito para expiação dos pecados de todo o povo (Lv 16:14,15; 17:11). Hoje, tal expiação não é mais necessária, porque Jesus, o nosso Sumo Sacerdote por excelência, já entrou na presença do Pai oferecendo o seu próprio sangue como propiciação definitiva pelos nossos pecados (Rm 3:24,25; Hb 9:11-15; 10:10,12), de maneira que todos quanto o recebem como único e suficiente Salvador e Senhor, aceitando seu sacrifício em nosso favor e entregando sua vidas totalmente a Ele, têm livre acesso à presença de Deus (Hb 10:19-23).

- O VÉU é a única coisa que separa o Lugar Santo do Lugar Santíssimo. O Véu que separava o Lugar santíssimo do Lugar santo e excluía todos os homens com exceção do sumo sacerdote, acentuava que Deus é inacessível ao homem pecador. Somente por via do mediador nomeado por Deus e do sacrifício do inocente podia o homem aproximar-se de Deus. Com a morte de Jesus, algo aconteceu: o Véu do Templo se rasgou em dois, de alto a baixo (Mc 15:38). Agora temos livre acesso à presença do Senhor Deus.

- A Arca da Aliança representava a própria presença de Deus entre o povo. Era um cofre de 1,15m por 0,70m, construído de acácia e revestido de ouro por dentro e por fora. Sobre a coberta da Arca ficavam dois querubins (seres angelicais) diante um do outro, feitos de ouro, que com suas asas cobriam o local conhecido como “propiciatório”(a tampa da Arca). Segundo Silas Daniel, “o propiciatório recebia este nome porque era o lugar da expiação, onde estava simbolizada a misericórdia”.

Neste lugar Deus manifestava a sua glória. As figuras dos querubins, com as asas estendidas para cima, e o rosto de cada um voltado para o rosto do outro, representavam reverência e culto a Deus. Só podia ser carregada pelos sacerdotes (Nm 9:15-17; 2Sm 6:1-15), que a carregavam nos ombros, assim como faziam com todas as peças do santuário (Nm 7:9).

Dentro da Arca havia três objetos: as duas tábuas da Lei, um vaso com maná, e mais tarde se incluiu a vara de Arão. Todos esses objetos lembravam a Israel o concerto e o amor de Deus.

a) As tábuas da Lei. As tábuas da lei(o Decálogo) simbolizavam a santidade de Deus e a pecaminosidade do homem. Também lembrava aos hebreus que não se pode adorar a Deus em verdade sem se dispor a cumprir sua vontade revelada.

b) O Maná. Moisés, sob ordens divinas, ordenou que fosse colocado diante do Senhor um vaso contendo um gômer (3,7 l) cheio de maná (Êx 16:32,33). Este recipiente seria guardado para as gerações futuras. Simbolizava a constante provisão divina. O fornecimento do maná era diário. A lição de Deus para Israel, como também para os cristãos, é que os crentes têm de depender de Deus dia após dia.

c) A Vara de Arão que florescera. A Vara nos fala da autoridade conferida a alguém. A Bíblia diz que Deus fez com que essa vara miraculosamente florescesse para confirmar diante do povo a chamada de Arão para ser o sumo sacerdote (Nm 17:7-11; Hb 9:4). Nossa autoridade quando colocada diante de Deus brota, aparece para que todos vejam e saibam que nosso ministério foi realmente dado a nós por Deus.

CONCLUSÃO

O Tabernáculo não existe mais, porém a Bíblia diz que, desde o dia em que entregamos nossa vida a Cristo, passamos a ser templos – tabernáculos - do Espirito Santo (1Co 6:19,20), peregrinando no deserto desta vida, aguardando o Dia em que seremos transportados para a nossa Terra Prometida – a Cidade Celestial (Fp 3:20). Portanto, onde quer que estejamos, carreguemos e manifestemos a glória do Senhor em nossa vida; e para que isso se torne uma realidade, que os seus mandamentos estejam sempre gravados no fundo do nosso ser. Amém!

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 57 – CPAD.

Eugene H. Merrill – História de Israel no Antigo Testamento. CPAD.

Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.

Leo G. Cox -  O Livro de Êxodo - Comentário  Bíblico Beacon. CPAD.

Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.

Silas Daniel – Uma jornada de Fé (Moisés, o Êxodo e o Caminho à Terra Prometida). CPAD.

 

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