1º Trimestre/2014
Texto Básico: Êxodo 25:1-9
INTRODUÇÃO
Desde o inicio, na criação, Deus estabeleceu
com os homens um relacionamento íntimo e de comunhão (Gn 3:8), para que lhe fosse
prestado um culto de louvor. Noé e seus descentes, assim como os patriarcas
Abraão, Isaque e Jacó mantinham viva essa relação cultual por meio de
sacrifícios prestados em altares de pedra (Gn 8:20; Gn 12:7; 26:25; 35:1,2). Após
o êxodo, Deus queria habitar no meio de Israel, por isso Ele ordenou e orientou
a Moisés que, juntamente com o povo recém-liberto da escravidão do Egito,
estabelecesse um local e um ritual para o culto que deveriam prestar a Ele (Êx
25-30). Esse lugar seria o “Tabernáculo” (hebraico mikadesh, santuário), um lugar de adoração ao único Deus
verdadeiro. O Tabernáculo foi, durante os anos de peregrinação pelo deserto, o
lugar de encontro de Deus com o seu povo; ali, o Todo-poderoso revelou-se e
recebeu adoração (Êx 40:34,35). Esse santuário simboliza a verdade de que
lugares secos e áridos enchem-se de vida com a presença de Deus entre o Seu
povo! (Sl 58:11; 2Tm 1:10).
A ideia central do Tabernáculo era que Deus
habitava entre o seu povo; sua plena realização encontra-se na encarnação de
Cristo: “E o Verbo se fez carne e habitou
entre nós” (literalmente, fez tabernáculo entre nós, João 1:14). Daí que se
chama Emanuel, “Deus conosco” (Mt 1:23). Em nossos dias a presença de Deus se
manifesta na igreja por meio do Espírito Santo que habita nos cristãos (Ef
2:21,22).
Nesta Aula trataremos sobre o verdadeiro culto
com os princípios eternos subjacentes nas instruções divinas para a construção
do Tabernáculo, um lugar de adoração a
Deus no deserto.
I. AS INSTRUÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DO
TABERNÁCULO
Quando
o povo de Israel saiu do Egito em direção à Terra Prometida, Deus mandou Moisés
construir o Tabernáculo - “E me farão um santuário, para que eu possa habitar
no meio deles”(Ex 25:8). Foi construído conforme as orientações concedidas por
Deus a Moisés, para que Ele pudesse manifestar Sua presença e receber a devida
adoração.
Sempre que se procedia à montagem do
Tabernáculo, era feita de dentro para fora, ou seja, do Santo dos Santos para o
Pátio, simbolizando a forma como Deus opera na vida do ser humano: a partir do
seu interior. A tarefa de montar e desmontar o Tabernáculo cabia apenas aos
levitas (Nm 3:6-8).
O Tabernáculo tinha vários nomes. Em regra
geral, chamava-se "tenda" ou "tabernáculo" por sua
cobertura exterior que o assemelhava a uma tenda; também se denominava
"tenda da congregação", porque ali Deus se reunia com o seu povo (Êx
29:42-44); visto como continha a Arca e as tábuas da lei, chamava-se
"tabernáculo do testemunho" (Êx 38:21) - testificava da santidade de
Deus e da pecaminosidade do homem; chamava-se, além disso,
"santuário" (Êx 25:8), porque era um lugar de culto ao Senhor e de
sua santa presença.
1.
O propósito divino. Embora em sentido literal seja impossível que a
presença de Deus se limite a um lugar (Atos 7:48,49), pois "o Altíssimo não habita em templos feitos por
mãos", o Tabernáculo tinha um propósito precípuo: lembrar ao povo que ele
possuía o privilegio incomparável de ter o Senhor no meio de Israel. No
Tabernáculo, Deus se fazia presente como Rei do seu povo e recebia culto de
louvor e adoração. Para além disso, o Tabernáculo também era o símbolo do
relacionamento e da intimidade do ser humano com Cristo - “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo
sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto
é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus,
aproximemo-nos, com sincero coração (…). Guardemos firme a confissão da
esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel”(Hb 10:19-23).
Entendendo melhor...
O
Tabernáculo tinha os seguintes propósitos:
a)
Proporcionar um lugar onde Deus se manifestasse entre seu povo (Êx 25:8;
29:42-46; Nm 7:89). Aí o Rei invisível podia encontrar-se com os representantes
de seu povo e eles com o Rei. Até aquele momento, Deus já havia se manifestado
várias vezes em favor de Israel, mas não fora visto ainda “no meio deles”.
Quando Deus falava a Moisés no monte, o povo assistia à distância, impactado
pela visão dos raios projetados lá de cima. Agora, porém, Deus está dizendo que
a sua presença, que os assistira até ali, estaria permanentemente no meio do
arraial, representada por um santuário erguido sob Sua orientação. O Tabernáculo
lembrava também aos israelitas que Deus os acompanhava em sua peregrinação.
b)
Ser o centro da vida religiosa, moral e social. O Tabernáculo sempre se situava
no meio do acampamento das doze tribos (Nm 2:17), e era o lugar de sacrifício e
centro de celebração das festas nacionais.
c)
Representar grandes verdades espirituais que Deus desejava gravar na mente
humana, tais como sua majestade e santidade, sua proximidade e a forma de
aproximar-se de um Deus santo. Os objetos e ritos do Tabernáculo também
prefiguravam as realidades cristãs (Hb 8:1,2, 8-11;10:1). Desempenhavam um
papel importante em preparar os hebreus para receber a obra sacerdotal de Jesus
Cristo.
Observação: o “Tabernáculo” não
se trata de morada de Deus. O principal objetivo do Tabernáculo (Mikadesh, santuário) é “... e habitarei no meio deles” (Êx
25:8b), ou seja, entre eles, e não “nele” (“shakan”);
com isso se chega à absoluta negação do antropomorfismo, no sentido de morada
de Deus. O Templo, Tabernáculo, não é morada de Deus, mas dos homens, e seu
principal objetivo é o de aperfeiçoar a condição humana à condição divina.
2.
As ofertas. O Tabernáculo foi construído com as ofertas
voluntárias do povo hebreu (cf. Êx 25:2-7). Deus desejava ver um coração bem
disposto. Ninguém foi obrigado a ofertar, mas não poderia ofertar qualquer
coisa; teriam que se enquadrar dentro de uma lista predeterminada pelo Senhor
(Êx 25:3-7). Eram ofertas custosas, pois se calcula que por si sós equivaleriam
hoje a mais de um milhão de dólares.
Êxodo 35:4-29 demonstra quão importante era
para o Senhor que cada um tivesse a oportunidade de dar alguma coisa.
Precisava-se de metais, materiais e tecidos de todos os tipos. Todos podiam dar
segundo o que possuíam. Deus não depende de uns poucos homens ricos para pagar
as contas. Deseja que todos desfrutem a emoção e a bênção de partilhar o que
têm. Os israelitas deram com alegria, e foi tão abundante que foi necessário
suspender a oferta (Êx 36:5-7). Para o povo de Deus da nova aliança, a Palavra
de Deus nos ensina que o fator motivante para a contribuição do crente é a alegria
(2Co 9:7).
Além das ofertas materiais, Deus exigiu
deles habilidade, conhecimento e trabalho (cf. Êx 35:25,26; 36:2,4). As
mulheres, também, empregavam suas habilidades fiando tecidos primorosos.
Bezaleel e Aoliabe foram chamados pelo Senhor e ungidos com o Espírito para desenvolver
projetos, trabalhar os metais e ensinar a outros. Deus concede ministérios
especiais a alguns e trabalho para todos.
3.
Tudo segundo ordenança divina. Quem fez a planta do
tabernáculo? Todos os detalhes foram feitos de acordo com o desenho que Deus
mostrou a Moisés no Monte Sinai (Êx 25:9,40;26:30;35:10).
Isto nos ensina que é o próprio Deus quem determina os pormenores relacionados
com o culto verdadeiro. Ele não aceita as invenções religiosas humanas nem o
culto prestado segundo prescrições de homens (Cl 2:20-23); temos de adorar a
Deus da forma indicada em sua Palavra.
Ao construir o Tabernáculo estritamente
conforme às ordenanças de Deus, os israelitas foram recompensados, pois a
glória do Senhor encheu a “tenda” e a
nuvem do Senhor permaneceu sobre ela (Êx 40:34-38). Igualmente conosco, se
desejamos a presença e bênção divinas, temos de cumprir as condições expressas
na Palavra de Deus.
O Tabernáculo, assim como o homem é composto
de três partes principais: o Pátio, o Lugar
santo e o Santo dos santos (visto de fora para dentro).
Uma curiosidade é que quando o Tabernáculo
era montado, a cada vez que o povo de Israel parava no deserto, ele era montado
de dentro para fora, ou seja, do Santo dos santos até o Pátio! Aprendemos aqui
que o Eterno inicia seu tratamento conosco a partir de dentro, daquilo que
temos de mais interior: o espírito.
As divisões citadas do tabernáculo
representam corpo, alma e espírito. E é justamente por causa disso que o Eterno
inicia seu processo de redenção no homem a partir do espírito, pois o Espírito
de Deus tem comunhão com o nosso espírito nos religando ao nosso Criador.
II. O PÁTIO DO TABERNÁCULO
1.
O pátio. “Farás também o
pátio do tabernáculo” (Êx 274:9). Esse Pátio tinha um formato retangular e
media cerca de 45 metros de comprimento por 22 metros de largura (Êx 27:18).
Ele era cercado por cortinas e havia uma única entrada para ele. O Pátio
cercado por cortinas simbolizava a separação que deve haver para adoração a
Deus. Silas Daniel citando Mattew Henry diz que o “pátio era um tipo da igreja,
fechada e separada do resto do mundo, encerrada por colunas, indicando a
estabilidade da igreja, fechada com o linho limpo, que está escrito que é a
justiça dos santos (Ap 19:8). Este eram os átrios pelos quais ansiava Davi e
onde ele anelava residir (Sl 84:2,10), e onde o povo de Deus entrava com louvor
e agradecimentos” (Sl 100:4).
O Pátio ficava na parte mais exterior do
Tabernáculo e era descoberto. Isso significa que quem está ali (e a maioria dos
crentes ainda estão no pátio) está exposto às intempéries do tempo - sol,
chuva, ventos, etc... além de tipificar a primeira experiência que todo homem
deve ter para com Deus. Esta fase nos fala que o Pátio é somente uma parte do
caminho a ser percorrido.
O
Pátio compunha-se de três elementos: a Porta, o Altar e a Pia.
a) A
PORTA. Só existia uma Porta de entrada para o Pátio; representava
Cristo, que é a Única Porta de acesso a Deus, o Único Caminho para o Céu (João
10:9;14:6). A Porta do Tabernáculo ficava virada para o leste, o lado onde
nasce o sol. Quando o dia nascia a primeira coisa que viam era o nascimento do
sol, que simboliza Jesus Cristo. Isto nos fala de nossa primeira experiência
com o Eterno: a salvação. Quando passamos pela Porta (Jesus), saímos do mundo e
entramos numa nova vida. Nossa vida recomeça então a partir do zero, pois
iniciamos uma nova caminhada, só que agora com Deus. Nosso objetivo e alvo é
crescermos até a estatura de varão perfeito em Cristo.
b)
O ALTAR. A primeira coisa que era vista pela pessoa que adentrava
o Pátio era o Altar dos Holocaustos, que era feito de madeira de cetim (acácia)
coberta de bronze e seu formato era de um quadrado com 2,25 metros de cada lado
por 1,35 metro de altura (Êx 27:1,2). Cada canto do Altar tinha um chifre,
ponta que se sobressaía em forma de chifre de boi. Os animais para o sacrifício
eram atados a este chifre (Salmo 118:27). Também, se alguma pessoa era
perseguida, podia apegar-se aos chifres do altar a fim de obter misericórdia e
proteção (1Reis 1:50,51). Ali os animais eram imolados em sacrifício para
expiação dos pecados. O sangue das vítimas era colocado nas pontas do altar e o
restante dele era derramado na sua base (Lv 4:7).
Portanto, o Altar é o local de morte. É ali
que nossa vida é colocada como um sacrifício para Deus. No Altar nós morremos
para as nossas próprias convicções, vontades, desejos, expectativas, etc.. No Altar
tem fim o velho homem. O desejo do coração do Eterno é que, após termos um
verdadeiro encontro com Ele, possamos verdadeiramente morrer.
Quando o sacrifício queimava, subia um
cheiro que se desprendia da vítima. E é isso que o Deus espera, que quando
nossa vida for a Ele oferecida, possamos liberar um cheiro suave a fim de
agradarmos ao Senhor - “Assim queimarás
todo o carneiro sobre o altar; é um holocausto para o Senhor, cheiro suave; uma
oferta queimada ao Senhor” (Êx 29:18).
c)
A PIA DE BRONZE (Êx 30:17-21). A Pia de bronze era
utilizada para o sacrifício de purificação (Êx 30:17-21). Essa lavagem
cerimonial era feita com água constantemente substituída, já que não havia
sistema de torneiras ou bicas disponíveis. Os sacerdotes deveriam se lavar
sempre nela antes de ministrarem no interior do Tabernáculo ou no Altar dos
Holocaustos.
Para
o cristão, a Pia nos simboliza mais um aspecto: o batismo. Após a nossa morte,
agora temos de consolidar nossa vida cristã testemunhando de forma plena a
experiência da conversão. Por isso a Pia nos fala de limpeza, onde os pecados
são lavados publicamente e somos integrados a uma nova realidade. Tipifica
nossa morte e ressurreição a fim de vivermos uma nova vida com Cristo - “De sorte que fomos sepultados com Ele pelo
batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela
glória do pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6:4).
III. O LUGAR SANTO
O LUGAR SANTO é
uma fase mais interior do Tabernáculo e ele representa a alma. É ali que
adentramos na presença do Eterno, pois todos os mobiliários do Lugar santo são
de ouro, e o ouro nos fala da divindade, nos fala da realeza e da eternidade. Nesse
lugar ficavam o Castiçal de ouro, a Mesa dos pães da proposição e o Altar do
incenso. Estima-se que este lugar media 9 metros de extensão.
1.
O Castiçal de ouro (Êx 25:31-40). No lado esquerdo de quem
entra no Santuário está o Candelabro de Ouro com suas sete lâmpadas, feito com
ouro batido (pesando 30 quilos) – “As
suas maçãs e as suas canas serão do mesmo; tudo será de uma só peça, obra
batida de ouro puro” (Êx 25:36). Sua "cana" ou tronco descansava
sobre um pedestal. Tinha sete braços, três de cada lado e um no centro. Cada um
com figuras de maçãs, flores e copos lavrados em derredor.
O Castiçal de
ouro simbolizava o povo de Deus, Israel. Ensinava que Israel devia ser “luz dos
gentios” (Is 49:6; 60:1-3; Rm 2:19), dando testemunho ao mundo por meio de uma
vida santa e da mensagem proclamada do Senhor.
O apóstolo João
utiliza a figura do castiçal: representa as sete igrejas da Ásia como sete
castiçais (Ap 1:12-20); portanto, o Castiçal prefigura a Igreja de Jesus
Cristo. Assim como o tronco do castiçal unia os sete braços e suas lâmpadas,
assim também Jesus Cristo está no meio de suas igrejas e as une. Embora as
igrejas locais sejam muitas, constituem uma só Igreja em Cristo (Hb 12:23).
Também Jesus disse aos seus discípulos: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5:14).
O azeite utilizado no Castiçal era símbolo do
Espirito Santo. Todas as tardes os sacerdotes limpavam as
mechas e enchiam as lâmpadas com azeite puro de oliva a fim de que ardessem
durante toda a noite (Êx 27:20,21;30:7,8). Do mesmo modo o crente necessita receber todos os dias o azeite do
Espirito Santo (Sl 92:10) para que sua luz brilhe diante dos que andam na
escuridão espiritual. Se o crente não tem a presença e o poder do Espirito
Santo em sua vida, não será uma boa testemunha. “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5:18) é a recomendação do apóstolo
Paulo.
2.
Os pães da proposição (Êx 25:30) – “E sobre a mesa porás o pão da proposição perante a minha face
continuamente”. A Mesa dos pães da proposição ficava à direita do Lugar
Santo. Era feita de acácia e revestida de ouro. Todos os sábados os sacerdotes
punham sobre a mesa doze pães asmos, ou seja, sem fermento, e retiravam os pães
envelhecidos que os sacerdotes comiam no Lugar Santo.
A frase “pães
da proposição” significava literalmente “pães do rosto”, e em algumas versões da Bíblia se traduz “pão da presença”, pois o pão era
colocado continuamente na presença de Deus. Os doze pães colocados na mesa representavam
uma oferta de gratidão a Deus da parte das doze tribos de Israel, pois o pão
era ao mesmo tempo uma dádiva de Deus e fruto dos esforços humanos. Por isso o
povo reconhecia que havia recebido seu sustento de Deus e ao mesmo tempo
consagrava a Ele os seus frutos de seu trabalho. Portanto, a Mesa dos pães
refere-se também à mordomia dos bens materiais.
3.
O Altar do incenso (Êx 30:1-10). Diante do Véu no lugar
santo estava o altar do incenso. À semelhança dos outros móveis da tenda, era
feito de acácia e revestido de ouro. Todas as manhãs e todas as tardes, quando
preparavam as lâmpadas, os sacerdotes queimavam sobre esse altar o incenso utilizando-se
de fogo tirado do Altar do holocausto. O Altar do incenso relacionava-se mais
estreitamente com o Lugar santíssimo do que com os demais móveis do Lugar
santo. É descrito como o Altar "que está perante a face do Senhor"
(Lv 4:18), como se não existisse o Véu entre ele e a Arca. Portanto, era
considerado em conjunto com a Arca, com o Propiciatório e com a Shekina de glória.
O Altar do incenso estava no centro. Isto ensina-nos
que uma vida de oração é imprescindível para agradar a Deus, já que o incenso
simbolizava a oração, o louvor e a intercessão do povo de Deus, tanto no Antigo
como no Novo Testamento (Salmo 141:2; Lc 1:10; Ap 5:8; 8:3).
Assim como o perfume do fumo, que o incenso
desprendia, subia ao céu, os louvores, as rogativas e as intercessões sobem ao
Senhor como cheiro agradável.
Duas vezes por dia acendia-se o incenso
sobre o Altar e provavelmente ardia durante o dia todo. Isto ensina que os
filhos de Deus devem ser constantes na oração.
Acendia-se o incenso com o fogo do Altar dos
holocaustos, o que nos leva a notar que a oração aceitável ao Senhor se
relaciona com a expiação do pecado e a consagração do crente.
Também se destaca a importância do fogo para
consumir o incenso. Se o incenso não ardia, não havia cheiro agradável.
Igualmente, o crente necessita do fogo do Espírito Santo para que faça arder o
incenso da devoção (Ef 6:18). As orações frias não sobem ao trono da graça.
Finalmente, observamos que o sumo sacerdote
espargia sangue sobre os cantos do Altar do incenso uma vez por ano,
demonstrando que, embora o culto humano seja imperfeito (Rm 8:26, 27), somos
"agradáveis a si no Amado" por seu sangue expiador e sua intercessão
perpétua (Ef 1:6,7; Rm 8:34; Hb 9:25).
Como
a Mesa dos pães e o Castiçal estavam relacionados com o Altar do incenso, a
consagração e o testemunho do fiel estão relacionados com a vida de oração. Se
o cristão não tem comunhão com Deus, logo deixará de consagrar ao Senhor os
frutos de seu trabalho, e sua luz deixará de alumiar os homens.
IV. O SANTO DOS SANTOS
1. O Santo dos Santos e a Arca da
aliança (Êx 25:10-22). Este é o lugar mais interior do
Tabernáculo. Ali havia somente a Arca do concerto, o objeto mais sagrado de
Israel. Neste lugar somente o sumo sacerdote poderia entrar, e apenas uma vez
ao ano (Hb 9:7), para aspergir sobre o propiciatório - isto é, a tampa da Arca
-, o sangue que havia sido derramado do sacrifício anual feito para expiação
dos pecados de todo o povo (Lv 16:14,15; 17:11). Hoje, tal expiação não é mais necessária,
porque Jesus, o nosso Sumo Sacerdote por excelência, já entrou na presença do
Pai oferecendo o seu próprio sangue como propiciação definitiva pelos nossos
pecados (Rm 3:24,25; Hb 9:11-15; 10:10,12), de maneira que todos quanto o
recebem como único e suficiente Salvador e Senhor, aceitando seu sacrifício em
nosso favor e entregando sua vidas totalmente a Ele, têm livre acesso à presença
de Deus (Hb 10:19-23).
- O VÉU é
a única coisa que separa o Lugar Santo do Lugar Santíssimo. O Véu que separava
o Lugar santíssimo do Lugar santo e excluía todos os homens com exceção do sumo
sacerdote, acentuava que Deus é inacessível ao homem pecador. Somente por via
do mediador nomeado por Deus e do sacrifício do inocente podia o homem
aproximar-se de Deus. Com a morte de Jesus, algo aconteceu: o Véu do Templo se
rasgou em dois, de alto a baixo (Mc 15:38). Agora temos livre acesso à presença
do Senhor Deus.
- A Arca da Aliança representava a própria
presença de Deus entre o povo. Era um cofre de 1,15m por 0,70m, construído de
acácia e revestido de ouro por dentro e por fora. Sobre a coberta da Arca
ficavam dois querubins (seres angelicais) diante um do outro, feitos de ouro,
que com suas asas cobriam o local conhecido como “propiciatório”(a tampa da
Arca). Segundo Silas Daniel, “o propiciatório recebia este nome porque era o
lugar da expiação, onde estava simbolizada a misericórdia”.
Neste lugar Deus manifestava a sua glória.
As figuras dos querubins, com as asas estendidas para cima, e o rosto de cada
um voltado para o rosto do outro, representavam reverência e culto a Deus. Só
podia ser carregada pelos sacerdotes (Nm 9:15-17; 2Sm 6:1-15), que a carregavam
nos ombros, assim como faziam com todas as peças do santuário (Nm 7:9).
Dentro da Arca havia três objetos:
as duas tábuas da Lei, um vaso com maná, e mais tarde se incluiu a vara de
Arão. Todos esses objetos lembravam a Israel o concerto e o amor de Deus.
a)
As tábuas da Lei. As tábuas da lei(o Decálogo)
simbolizavam a santidade de Deus e a pecaminosidade do homem. Também lembrava
aos hebreus que não se pode adorar a Deus em verdade sem se dispor a cumprir
sua vontade revelada.
b)
O Maná. Moisés, sob ordens divinas, ordenou que
fosse colocado diante do Senhor um vaso contendo um gômer (3,7 l) cheio de maná
(Êx 16:32,33). Este recipiente seria guardado para as gerações futuras. Simbolizava
a constante provisão divina. O fornecimento do maná era diário. A lição de Deus
para Israel, como também para os cristãos, é que os crentes têm de depender de
Deus dia após dia.
c)
A Vara de Arão que florescera. A Vara nos fala da
autoridade conferida a alguém. A Bíblia diz que Deus fez com que essa vara
miraculosamente florescesse para confirmar diante do povo a chamada de Arão
para ser o sumo sacerdote (Nm 17:7-11; Hb 9:4). Nossa autoridade quando
colocada diante de Deus brota, aparece para que todos vejam e saibam que nosso
ministério foi realmente dado a nós por Deus.
CONCLUSÃO
O Tabernáculo não existe mais, porém a
Bíblia diz que, desde o dia em que entregamos nossa vida a Cristo, passamos a
ser templos – tabernáculos - do Espirito Santo (1Co 6:19,20), peregrinando no
deserto desta vida, aguardando o Dia em que seremos transportados para a nossa
Terra Prometida – a Cidade Celestial (Fp 3:20). Portanto, onde quer que
estejamos, carreguemos e manifestemos a glória do Senhor em nossa vida; e para
que isso se torne uma realidade, que os seus mandamentos estejam sempre gravados
no fundo do nosso ser. Amém!
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Elaboração:
Luciano
de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no
Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista
Ensinador Cristão – nº 57 – CPAD.
Eugene
H. Merrill – História de Israel no Antigo Testamento. CPAD.
Paul
Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo
G. Cox - O Livro de Êxodo -
Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Victor
P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Silas
Daniel – Uma jornada de Fé (Moisés, o Êxodo e o Caminho à Terra Prometida). CPAD.
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