4º Trimestre/2015
Texto Base: Gênesis 21:1-8
“E disse Sara: Deus me tem
feito riso; e todo aquele que o ouvir se rirá comigo” (Gn 21:6).
INTRODUÇÃO
Ao ouvir a promessa de que Sara daria à luz
um filho, Abraão riu-se; e o riso de Abraão seria secundado pelo riso de Sara
(Gn 18:12). O riso de Abraão pôs em dúvida a capacidade geradora de si mesmo e
de sua esposa.
“Então, caiu Abraão sobre o seu rosto, e
riu-se, e disse no seu coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? E
conceberá Sara na idade de noventa anos? E disse Abraão a Deus: Tomara que viva
Ismael diante de teu rosto! E
disse Deus: Na verdade, Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu
nome Isaque...” (Gn 17:17-19).
Parecia inacreditável que Abraão e Sara, em
idade avançada (99 e 89 anos, respectivamente – Gn 17:1) - ainda mais: Sara era
estéril (Gn 11:30) -, pudessem ter um filho. Mas, Deus disse a Abraão: “Haveria coisa alguma difícil ao Senhor?"
(Gn 18:14). Deus queria que eles soubessem que o cumprimento da promessa não
seria o resultado de esforços humanos, mas da pura graça, um milagre.
I. ISAQUE, O SORRISO TÃO ESPERADO
1. O nascimento do “riso”
(Gn 21:3,6). Quando finalmente nasceu o filho prometido, após os vinte e
cinco anos de sua peregrinação em Canaã, Abraão e Sara lhe deram o nome de
Isaque (“riso”), conforme ordenou o Senhor (Gn 17:19,21). Esse nome expressava
o contentamento do casal idoso e de todos aqueles que ouviriam essa notícia. O
nome Isaque, dado ao recém-nascido, que parecia uma censura ao riso incrédulo
do velho casal, agora tem novo significado: era o riso de alegria por ter um
filho. Quando Isaque nasceu, o riso incrédulo de Sara converteu-se em riso de
gozo: "Deus me tem feito riso"
(Gn 21:6). “Disse mais: Quem diria a
Abraão que Sara daria de mamar a filhos, porque lhe dei um filho na sua
velhice?” (Gn 21:7). O Senhor teve muita paciência com o velho casal, pois
eles lutavam contra fortes dúvidas pela longa demora do advento do filho. Ao
passar dez anos em Canaã sem ter filhos, Sara procurou ajudar a Deus a fim de
que se cumprisse a promessa. Segundo a lei mesopotâmica daquela época, uma
esposa estéril podia dar a seu marido uma serva como mulher e reconhecer como
seus os filhos nascidos dessa união. Abraão, em um momento de incredulidade,
cedeu ao plano de Sara, porém as consequências foram tristes, dentre elas,
conflitos no lar. Como Abraão e Sara se parecem com muitos crentes que desejam
substituir o plano de Deus por seus planos e pelas obras da carne!
2.
Isaque e Ismael
(Gn 21:9-21). Isaque provavelmente tinha entre dois e
cinco anos de idade quando foi desmamado. A essa altura, Ismael tinha entre
treze e dezesseis anos de idade. Durante o jantar em comemoração ao fato de
Isaque ter sido desmamado, Sara viu que Ismael caçoava de Isaque e, por causa
disso, ordenou a Abraão que expulsasse Agar e seu filho. Sara percebeu que a
natureza do rapaz não concordava com o espírito de fé prevalecente na família.
As duas linhagens tinham de estar marcadamente separadas. Era penoso para
Abraão expulsar Ismael, mas Deus o consolava dizendo-lhe que por meio de Isaque
viria sua descendência. Além do mais, por amor a Abraão Deus cuidaria do jovem
Ismael e sua descendência formaria uma grande nação.
Hagar e Ismael aprenderam que embora
expulsos das tendas e sem a proteção de Abraão, não estavam alijados da
solicitude de Deus. Ele estava com Ismael e cuidou dele em sua juventude,
possibilitando assim o cumprimento da promessa que ele mesmo fizera de que por
meio de Ismael faria uma grande nação. Não obstante, ao casar-se com uma
egípcia e habitar em Parã (Gn 21:21), Ismael afastou-se da família de Abraão.
O apóstolo Paulo interpreta esse
acontecimento como uma evidência da inimizade entre o que corresponde ao
esforço e ao que vem da graça ou da promessa. Hagar representa o sistema pelo
qual os homens procuram salvar-se, pelas obras da lei, e Sara representa a
graça de Deus. São incompatíveis entre si. Assim como era necessário que a
escrava e seu filho fossem expulsos para dar lugar ao filho da mulher livre, é
necessário abandonar o sistema das obras para herdar a graça (Gl 4:21-31).
II. ISAQUE, O BEM MAIS PRECIOSO DE
ABRAÃO
A prova que Abraão passou, quando Deus pede
a ele o seu único filho em sacrifício, é uma demonstração convincente de amor
por Deus. Este episódio retrata uma das experiências mais tremendas registradas
em Gênesis. Deus provou Abraão não para fazê-lo tropeçar e assistir a sua
queda, mas para aprofundar sua capacidade de obedecer a Deus e verdadeiramente
desenvolver seu caráter. Assim como o fogo refina o minério para extrair metais
preciosos, Deus nos refina através de circunstâncias difíceis.
1.
A provação das provações (Gn 22:1-19). Certa feita,
provavelmente à noite, o Senhor ordenou a Abraão: “Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e
vai-te à terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas,
que eu te direi” (Gn 22:2). “Então,
se levantou Abraão pela manhã, de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou
consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e fendeu lenha para o
holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera” (Gn 22:3).
O pedido que o Senhor fez a Abraão foi a
prova suprema da fé do patriarca. Deus prometera ao patriarca uma descendência
incontável por meio de Isaque. A esse ponto, Isaque era muito jovem e ainda não
possuía esposa. Ora, como a promessa poderia se cumprir se Abraão o matasse? De
acordo com Hebreus 11:19, Abraão acreditava que Deus ressuscitaria Isaque. Isso
representa uma notável demonstração de fé, pois até aquele momento não havia
nenhum registro de ressurreição na história do mundo.
Observe também a fé de Abraão em Gênesis
22:5: “E disse Abraão a seus moços:
Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e, havendo adorado, voltaremos para junto de
vós”. Abraão foi justificado em primeiro lugar pela fé (Gn 15:6) e
depois pelas obras (Tg 2:21). A salvação do patriarca ocorreu por meio de sua
fé, ao passo que suas obras eram prova da fé que possuía.
Quando Isaque perguntou: “onde está o cordeiro para o holocausto?”,
Abraão respondeu: “Deus proverá para si
[...] o cordeiro”. Essa promessa se cumpriu em definitivo com a vinda do
Cordeiro de Deus (João 1:29) e não apenas por meio do carneiro mencionado em Gn
22:13.
O propósito da prova era aumentar a fé que
Abraão tinha, dar-lhe a oportunidade de alcançar uma vitória maior e receber
uma revelação mais profunda ainda de Deus e de seu plano. Deus prova o homem
para dar-lhe a oportunidade de demonstrar sua obediência e crescer espiritualmente.
"Não estendas a tua mão sobre o moço,
porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único"
(Gn 22:12). Tudo o que Deus queria era a rendição de
Abraão, um sacrifício em espírito. Queria que Abraão mostrasse que amava mais a
Deus que a seu próprio filho e as promessas feitas. Abraão teve sua fé
grandemente recompensada. Recebeu o seu filho simbolicamente dentre os mortos
e dali em diante esse filho lhe foi mais precioso que nunca. Da mesma forma, o
que entregamos a Deus ele devolve a nós muito mais enriquecido e elevado que antes.
Abraão teve também uma revelação mais ampla
de Deus e de seu plano. Chamou àquele lugar de “o Senhor Proverá” (Jeová-Jireh - Gn 22:14). O novo título de Deus
chegaria à sua expressão plena quando outro Filho, também prometido, sofreria a
morte nas proximidades do monte Moriá. Talvez Jesus se referisse a esta
revelação ao dizer: "Abraão... exultou por ver o meu dia, e viu-o, e
alegrou-se" (João 8:56).
Concordo com George Herbert Livingston ao
dizer que Abraão enfrentou a ameaça devastadora da morte e venceu seu poder
pela confiança plena na integridade de Deus. Por outro lado, Deus demonstrou
claramente que o sacrifício que Ele deseja é inteireza de coração, rendição às
suas ordens.
2. Jesus, o bem mais precioso do Pai. Esse
episódio é uma antecipação da expressão mais profunda do amor de Deus por nós:
a entrega de seu Filho Unigênito para morrer em nosso lugar. Como nenhum outro
episódio, este aponta para o amor do Pai e o sacrifício de Jesus na cruz.
A entrega de Isaque é um farol a apontar o
amor eterno e sacrificial do Pai que deu seu Filho para morrer por nós,
pecadores. Deus poupou Isaque, mas não poupou seu próprio Filho. A Bíblia diz
que Deus não poupou seu próprio Filho, antes o entregou por todos nós (Rm 8:32).
Diz ainda que Deus prova seu amor para conosco pelo fato de Cristo ter morrido
por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm 5:8).
Algumas
semelhanças entre esse gesto de Abraão e o amor do Pai
podem ser aqui identificadas:
- Em
primeiro lugar, assim como Abraão, Deus não poupou seu
próprio Filho (Hb 11:17; Rm 8:32). Abraão entregou seu filho a Deus, e Deus
entregou seu Filho para morrer pelos pecadores.
- Em
segundo lugar, Isaque foi o filho do coração como Jesus
foi o Filho amado (Gn 22:2; João 3:16). Assim como Isaque, o filho amado de
Abraão, era o filho da promessa, Jesus é o Filho amado, em quem Deus tem todo o
prazer.
- Em
terceiro lugar, Isaque foi a Moriá sem reclamar; Jesus,
como ovelha muda, foi obediente até à morre, e morte de cruz. A atitude de
Isaque, caminhando três dias para o monte Moriá, lança luz sobre a atitude de
Jesus caminhando para o Calvário, sem abrir a boca e sem lançar maldição sobre
seus exatores.
- Em
quarto lugar, Isaque foi filho de promessas; Jesus é o Filho
de profecias. Isaque foi prometido por Deus, seu nascimento foi profetizado, seu
nascimento veio por uma intervenção miraculosa de Deus, no tempo oportuno de
Deus. Assim, também, Jesus veio ao mundo para cumprir um propósito do Pai; sua
vinda foi prometida, preparada. Ele nasceu para cumprir um plano perfeito do Pai.
- Em
quinto lugar, Isaque teve seu sacrifício preparado (Gn 22:2,3);
o sacrifício de Jesus foi planejado na eternidade (Ap 13:8). Assim como Deus
estabeleceu os detalhes do sacrifício de Isaque, também planejou desde a
eternidade a entrega, o sacrifício e a morte vicária de seu Filho na cruz.
- Em
sexto lugar, Abraão e Isaque caminham sós para o Moriá.
Jesus também bebeu o cálice sozinho, mas conversando com o Pai. Os servos de
Abraão ficaram no sopé do monte Moriá. Os homens abandonaram Cristo, inclusive
seus discípulos. Jesus, quando suou sangue no Getsêmani, estava só. Ele, só ele
e o Pai travaram aquela batalha de sangrento suor. Jesus marchou para a cruz
sob as vaias da multidão e tendo como único refúgio a intimidade com o Pai.
- Em
sétimo lugar, Isaque carregou a madeira para o sacrifício.
Jesus carregou a cruz. Assim como Isaque levou a lenha para o sacrifício no
monte Moriá, Cristo carregou a cruz para o Gólgota, onde morreu por nossos
pecados.
- Em
oitavo lugar, Abraão e Isaque caminham sempre juntos. O Pai
e o Filho fizeram na eternidade um pacto de sangue para salvar o homem e
andaram sempre juntos. Sempre houve comunhão perfeita entre o Pai e o Filho. Sempre
andaram juntos nesse glorioso propósito de remir-nos. Quando caminhamos pela
fé, mostramos ao mundo não só nossa fidelidade a Deus, mas revelamos ao mundo o
próprio coração de Deus.
Deus poupou Abraão e Isaque, mas não poupou
seu Filho. Ele não providenciou um cordeiro substituto para Jesus. Ele viu seu
clamor e não o amparou. No topo do calvário, há uma bandeira que tremula e
proclama: "Deus proverá". Ele
providenciou para nós perdão e salvação. Olhe para o Cordeiro de Deus. Olhe
para Jesus, com fé, e seja um filho de Abraão, seja um filho de Deus.
III. O CASAMENTO DE ISAQUE (Gn 24:1-67)
Chegou a hora de Isaque se casar. Segundo os
costumes daquele tempo, cabia a Abraão fazer os arranjos para o casamento de
seu filho. Como herdeiro da promessa, era muito importante que Isaque se
casasse com uma crente, uma mulher que valorizasse o pacto de Deus.
1.
Uma esposa para Isaque (Gn 24:1-9). “O SENHOR, Deus dos céus, que me tomou da casa de meu pai e da terra da
minha parentela, e que me falou, e que me jurou, dizendo: À tua semente darei
esta terra, ele enviará o seu Anjo adiante da tua face, para que tomes mulher
de lá para meu filho” (Gn 24:5).
Abraão queria que a futura esposa de Isaque
fosse de sua parentela e não uma das cananeias pagãs. Abraão não enviou Isaque
à Mesopotâmia provavelmente porque não quis que seu filho fosse tentado a ficar
ali e abandonar a terra prometida. Portanto, enviou para lá seu servo mais
antigo e fiel, que provavelmente era Eliézer (Gn 15:2). Nas palavras que Abraão
diz a seu servo, nota-se a confiança implícita do patriarca em Deus:
"Ele enviará o seu anjo adiante da tua face,
para que tomes mulher de lá para meu filho" (Gn 24:7).
“E disse Abraão ao seu servo, o mais velho da
casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe agora a tua mão debaixo
da minha coxa, para que eu te faça jurar pelo SENHOR, Deus dos céus e Deus da
terra, que não tomarás para meu filho mulher das filhas dos cananeus, no meio
dos quais eu habito, mas que irás à minha terra e à minha parentela e daí
tomarás mulher para meu filho Isaque” (Gn 24:2-4).
“Põe agora a tua mão debaixo da minha
coxa...”. Esta é uma expressão idiomática peculiar para se
referir às crianças como frutos da “coxa” ou “lombo” de seu pai (cf. Gn 46:26,
ARC). Segundo estudiosos da Bíblia, colocar a mão por baixo da coxa implicaria
que, caso o juramento fosse quebrado, a criança que havia nascido ou viria a
nascer daquela “coxa” se encarregaria de vingar a traição cometida. A isto
chamavam de “jurar pela posteridade” e tem uma aplicação muito especial aqui,
pois a missão do servo é garantir a posteridade de Abraão por meio de Isaque.
2. O mordomo pede direção a Deus - “Ó SENHOR, Deus de meu senhor Abraão, dá-me,
hoje, bom encontro e faze beneficência ao meu senhor Abraão! Eis que eu estou
em pé junto à fonte de água, e as filhas dos varões desta cidade saem para
tirar água; seja, pois, que a donzela a quem eu disser: abaixa agora o teu
cântaro para que eu beba; e ela disser: Bebe, e também darei de beber aos teus
camelos, esta seja a quem designaste ao teu servo Isaque; e que eu conheça
nisso que fizeste beneficência a meu senhor” (Gn 24:12-14).
A oração do mordomo pedindo direção é muito
instrutiva. Propôs um sinal que em si mesmo demonstraria que a jovem era uma
pessoa digna. Era um sinal calculado para demonstrar o caráter e a disposição
de uma mulher digna do filho de seu senhor Abraão. O plano do servo era pedir “um
gole” de água para si mesmo. Porém, aquela que o Senhor escolhera para
ser mãe de um grande povo e ancestral de Jesus Cristo deveria revelar sua
natureza generosa e disposição para servir os outros, oferecendo não apenas “um
gole”, mas água em abundância. Além disso, a moça também deveria se oferecer
para dar de beber aos animais.
Foi a adorável Rebeca quem satisfez as
condições da oração e, consequentemente, quem recebeu os presentes do servo
Eliézer (cf. Gn 24:15-52). Enquanto Rebeca o levava para a casa de seu pai, o
servo de Abraão soube que sua procura havia terminado. Depois que a moça
explicou a situação para seu irmão Labão, este o recebeu de bom grado e ouviu a
solicitação do servo para que Rebeca fosse oferecida como esposa de Isaque. A
convergência espantosa de acontecimentos em resposta à oração do servo
convenceu Labão e Betuel (pai de Rebeca) de que o Senhor planejara toda aquela
situação. A oração deve ocupar um lugar importante ao combinar um matrimônio.
Rebeca era, em realidade, melhor do que o
servo havia pedido. Não era somente hospitaleira e bondosa, mas
extraordinariamente bela e pura. Além disso, era uma mulher de caráter, que não
vacilou quanto a fazer a vontade de Deus (Gn 24:58). Creu e de boa vontade se
ofereceu a ir para um país distante a fim de casar-se com um homem ao qual
nunca tinha visto.
3.
O casamento de Isaque (Gn 24:62-67). Quando Rebeca avistou o
que seria seu futuro lar, Isaque encontrava-se no campo meditando (talvez orando
para que Deus desse êxito a seu servo na missão encomendada). Ela aproximou-se
de Isaque com humildade e respeito (Gn 24:65). Isaque recebeu-a com igual
cortesia e respeito dando-lhe o lugar de honra na tenda de sua mãe. Casaram-se
e Isaque amou-a no instante em que a viu e, ao contrário de outros patriarcas,
nunca teve outras esposas. Foi um casamento planejado no Céu.
O texto sagrado não mencionava Isaque desde
o episódio no monte Moriá. Agora ele reaparece saindo ao encontro de Rebeca. De
modo semelhante, veremos pela primeira vez nosso Salvador quando Cristo
retornar para buscar sua noiva (1Ts 4:13-18).
Isaque se casou com Rebeca quando tinha
quarenta anos (Gn 25:20), e foi pai aos sessenta anos (Gn 25:26). Rebeca era
estéril. Isaque orou por vinte anos, até a sua oração ser respondida. Deus lhe
deu dois filhos: Esaú e Jacó.
4. Paralelo entre a missão do servo de
conseguir esposa para Isaque e a obra do Espírito em preparar uma noiva para
Jesus Cristo. O servo Eliézer é um representante
(símbolo) do Espírito Santo enviado pelo Pai a fim de conquistar uma esposa
para o “Isaque celestial”, isto é o Senhor Jesus Cristo. À semelhança do servo
que não falou por si mesmo, o Espírito não fala por sua própria conta, mas fala
acerca do Filho da promessa (João 16:13-15); da mesma forma que o servo
presenteou a Rebeca com coisas preciosas como uma antecipação das riquezas de
Isaque, o Espírito concede dons e penhor do Espírito à Igreja (2Co 1:22); como
Rebeca creu em Isaque e o amou sem havê-lo visto, o crente crê em Cristo sem
vê-lo, ama-o e se alegra com alegria inefável e gloriosa (1Pedro 1:8).
Finalmente, vê-se na longa viagem que Rebeca tinha de fazer, a imagem da
jornada do cristão para seu lar celestial.
IV. ISAQUE, O BENDITO DO SENHOR (Gn
26:1-29)
“Que
nos não faças mal, como nós te não temos tocado, e como te fizemos somente bem,
e te deixamos ir em paz. Agora, tu és o bendito do SENHOR” (Gn 26:29).
O capítulo 26 de Gênesis registra três
provações que Isaque teve de enfrentar: abandonar a terra prometida em um
período de fome, simular que Rebeca não era sua esposa em um momento de perigo,
e reagir violentamente à provocação dos filisteus. Falhou em uma das provas (a
segunda), porém saiu vitorioso nas outras duas. Por que Deus permitiu que ele
fosse provado da mesma maneira em que o fora Abraão? Quis dar-lhe a
oportunidade de demonstrar se dependia da fé que seu pai possuía ou estava
disposto a confiar ele mesmo, implicitamente, em Deus. Tinha de aprender as
lições de fé e consagração. Cada nova geração tem de aprender por experiência
própria o que Deus pode fazer por ela.
1. Confiando
em Deus em tempo de crise (Gn 26:1). “E havia fome na terra, além da primeira fome, que foi nos dias de
Abraão; por isso, foi-se Isaque a Abimeleque, rei dos filisteus, em Gerar”.
A fome assola a terra onde está Isaque. É
tempo de escassez, de desemprego, de contenção drástica de despesas, de
recessão; por pouco não afligiu a Isaque e o tentou a seguir o exemplo de seu
pai. Isaque quis fugir da crise (Gn 26:1). É uma tendência natural do ser
humano no momento de crise. Mas o Senhor apareceu a Isaque e advertiu-o de que
não se mudasse para o Egito. As promessas que lhe fez eram, mormente, uma
repetição das já feitas a Abraão (26:2-5). Rejeitaria Isaque a perspectiva de
beneficiar-se da abundância do Egito para alcançar as bênçãos invisíveis do
futuro distante? Estaria disposto a perder as riquezas que seu pai havia
acumulado?
Isaque demonstrou que tinha a mesma índole
de fé que Abraão, morando como estrangeiro na Terra Prometida (Hb 11:9,10). Sem
dúvida alguma, perdeu muitas riquezas, mas Deus empregou estas perdas para
ensinar-lhe lições espirituais. Depois da prova, o Senhor o enriqueceu com uma
colheita extraordinária e o abençoou (Gn 26:12,13). Como Salomão, Isaque podia
dizer: "A bênção do Senhor é que enriquece"
(Pv 10:22).
Muitas vezes procuramos socorro no mundo e
nas pessoas. Por que isto? Não porque não cremos em Deus, mas porque não o
conhecemos. Saber e crer que Deus existe não é vantagem nenhuma, até os
demônios creem e tremem: "Tu crês
que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o creem, e estremecem"
(Tg 2.19).
Não adianta dizermos que confiamos em Deus,
se nossas atitudes têm sido de incredulidade. Se verdadeiramente cremos nEle,
nossas atitudes vão ser de fé; e entre elas, a confiança em Deus. Do contrário,
nossa fé não passa de meras palavras, de uma fé morta. A religião é feita de
muita teoria, mas a vida cristã de conhecimento e prática - "Assim também a fé, se não tiver as obras, é
morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras;
mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas
obras" (Tg 2.17-18). O texto sagrado recomenda: “Confia no SENHOR e faze o bem; habitarás na terra e, verdadeiramente,
serás alimentado” (Sl 37:3).
2. Perdendo para ganhar, no Senhor (Gn
26:16-29). Deus manteve sua promessa de abençoar Isaque. Os
vizinhos filisteus de Gerar ficaram enciumados porque tudo que Isaque fazia
parecia dar certo, e assim tentaram livrar-se dele. A inveja é uma força
divisória, potente o suficiente para despedaçar a pessoa a separar-se do que
almejava a princípio.
O relato no qual se manifesta a inveja dos
filisteus lança luz sobre o caráter de Isaque. Os filisteus consideravam-no um
estranho e intruso. Reclamaram para si o território. Entupir os poços era um
ato de grande provocação, já que a água era de vital importância por ser
elemento escasso naquela parte da Palestina. Isaque poderia ter-se defendido
porque era "muito mais poderoso" do que os filisteus (Gn 26:16), mas preferiu ceder a brigar, considerando
que mais vale a paz com os homens e
a bênção divina do que a água. Não obstante, chamou aos poços
"contenção" e "inimizade" como uma suave repreensão. Por
fim os filisteus se cansaram de persegui-lo.
A paciência de Isaque foi grandemente
recompensada por Deus. Teve a paz que desejava. Deus apareceu-lhe,
confirmando-lhe o pacto. Isaque enriqueceu sua vida espiritual edificando um
altar e invocando o nome do Senhor. Seus velhos inimigos procedentes de Gerar
viram que o Senhor o estava abençoando. Chegaram procurando fazer aliança com
ele e deram um extraordinário testemunho deste pacificador (Gn 26:28). O
relato nos mostra, pois, que Deus permite que seus filhos sofram perdas para
dar-lhes algo melhor e para que se destaque seu caráter no caráter deles.
3. Lições práticas que podemos tirar do
exemplo de vida de Isaque.
a) Na crise não podemos buscar atalhos
sedutores (Gn 26:2) – “Apareceu-lhe o
SENHOR e disse: Não desças ao Egito.
Fica na terra que eu te disser”.
Isaque foi tentado a descer ao Egito, lugar
de fartura e riquezas fáceis. Queremos soluções rápidas, fáceis e sem dor. Mas
Deus diz a ele: "Não desças ao Egito". Cuidado para não transigir com
os valores de Deus na hora da crise. Cuidado para não tapar os ouvidos à voz de
Deus na hora da crise. Desista das vantagens imediatas por bênçãos mais
invisíveis (Gn 26:3) e remotas (Gn 26:4). Desista dos seus planos e siga o
projeto de Deus, ainda que isso pareça estranho.
b)
Na crise precisamos tirar os olhos das circunstâncias e pô-los nas promessas de
Deus (Gn 26:3-5). Deus diz a Isaque: Não fuja, fique! Floresça
onde você está plantado. Não corra dos problemas; enfrente-os. Vença-os. Eu
tomo conta de sua descendência. Seu futuro está nas minhas mãos, e não será
destruído pelo terremoto das circunstâncias. Farei de você e da sua
descendência uma bênção para o mundo todo.
Seu futuro está nas mãos de Deus. Não deixe
a ansiedade estrangular você: “Onde morar? Onde trabalhar? Onde meus filhos
estudarão? Como eu pagarei meu plano de saúde? E se eu ficar doente?”. Saiba
que Deus cuida de você. Você vale mais do que as aves do céu e as flores do
campo. Certa feita, Jesus exortou os seus discípulos sobre isso (cf. Mt
6:25-34).
A causa de nossa vitória não é ausência de
problemas, mas a presença de Deus nos garantindo a vitória. Moisés não se
dispôs a atravessar o deserto sem a presença de Deus. Paulo perguntou: "Se
Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm 8:31). Você e Deus são maioria
absoluta. Com Deus a seu lado, você é mais do que vencedor.
c) Na crise precisamos obedecer sem
racionalizações (Gn 26:6) – “Isaque,
pois, ficou em Gerar”.
Deus determina duas ordens para Isaque: não
desças ao Egito (Gn 26:2) e fica na terra de Gerar (Gn 26:2,6). Isaque não
discute, não questiona, não racionaliza, não duvida. Isaque obedece de
imediato, pacientemente. Ele aprendeu com seu pai, Abraão. Deus diz a Abraão:
"Sai-te da tua terra [...] para a terra que eu te mostrarei", e
Abraão saiu. Deus diz a Abraão: "Toma agora teu filho, o teu único filho;
vai à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto", e Abraão foi e
ofereceu seu filho. Deus diz a Abraão: "Não estendas a mão sobre o
mancebo", e ele obedeceu. O caminho da obediência é o caminho da bênção.
Na crise, não fuja de Deus; obedeça a Ele!
CONCLUSÃO
“A vida de Isaque inspira-nos a ter uma fé
mais ativa nas providências divinas. Quando, pois, formos assaltados por
dificuldades e provações, não caiamos no desespero, nem questionemos as
intervenções do amoroso Deus. Humildes e humilhados, caiamos aos seus pés, pois
ele nos provê o necessário para termos uma vida abundante e bem-aventurada em
seus caminhos. Que o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó seja eternamente louvado!”
(Claudionor de Andrade).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista
Ensinador Cristão – nº 64. CPAD.
Comentário
Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
Teologia
do Antigo Testamento – ROY B. ZUCK.
George Herbert Livingston - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
O
Pentateuco. Paul Hoff.
Gênesis.
Bruce K. Waltke. Editora Cultura Cristã.
Manuel
do Pentateuco. Victor P. Hamilton. CPAD.
O
Começo de todas as coisas – Estudos sobre o Livro de Gênesis. Claudionor de
Andrade. CPAD.
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