sexta-feira, 13 de abril de 2012

PARASQUAVEDEQUATRIAFOBIA








Por: Edimon Teixeira


O palavrão no título do texto acima nada mais é que o termo adotado para designar a psicose patológica do medo pelas Sextas-Feiras 13. Hoje é um daqueles dias em que os supersticiosos ficam alertas. Tem gente até que não sai de casa e falta ao trabalho com medo de ocorrer alguma coisa terrível. Hoje é o temido dia, considerado por muitos como uma data ruim graças a duas superstições diferentes.

Uma relacionada ao número e a outra ao dia da semana. Sempre que o mês começa ao domingo inevitavelmente teremos uma Sexta-Feira 13. O calendário de 365 dias pode ter de 1 a 3 Sextas-Feiras 13. Acredita-se que os anos que possuem 3 sextas “negras” sejam anos calamitosos. Felizmente, para os temerosos e fóbicos, um ano com 3 sextas do tipo não acontece com freqüência, embora seja o caso de 2012, que teve a 1ª em janeiro, tem a segunda hoje e terá a terceira em julho.

Há muito tempo, certos dias ou épocas do ano são compreendidas como impregnadas de algum tipo de infortúnio ou má sorte. Atualmente, o encontro do dia 13 com a sexta-feira é repleto de lendas e crendices que deixam os mais supersticiosos de cabelo em pé. O cinema norte-americano imortaliza esta data com uma sequência de filmes de terror protagonizada por Jason Voorhees, um serial killer que ataca nessa mesma data.

Mas de onde veio essa história de que Sexta-Feira 13 é dia de azar? O Jornal na Net pesquisou o assunto e esclarece dúvidas e apresenta curiosidades a respeito para que o internauta possa sair de casa nesta sexta, 13, sem se preocupar com a data. São três as explicações mais conhecidas, mas a mais forte delas tem sua raiz na crença católica.

Os católicos afirmam que 13 era o número de presentes na Última Ceia (12 apóstolos e Jesus). E o 13º homem que chegou, Judas, teria traído Cristo. Com relação ao dia da semana, sexta-feira teria sido o dia da crucificação de Cristo, além do Dilúvio ter iniciado também nesse dia da semana. Mas mais antigo que isso, porém, são as duas versões que provêm de duas lendas da mitologia nórdica.  

Na primeira delas, conta-se que houve um banquete e 12 deuses foram convidados. Loki, espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga que terminou com a morte de Balder, o favorito dos deuses.  Daí veio a crendice de que convidar 13 pessoas para um jantar era desgraça na certa. Segundo outra lenda, a deusa do amor e da beleza era Friga (que originou a palavra sexta-feira).

Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, a lenda transformou Friga em bruxa.  Como vingança, ela passou a se reunir todas as sextas com outras 11 bruxas e o demônio. Os 13 ficavam rogando pragas aos humanos. Uma mais recente fala da Ordem dos Cavaleiros Templários, fundada no século 12, durante as Cruzadas, para proteger os cristãos que voltaram a fazer a peregrinação a Jerusalém após a sua conquista.  

As ações incomodaram o rei Filipe IV, da França. No dia 13 de outubro de 1307, uma sexta-feira, ele iniciou perseguição aos templários, que passaram a ser presos, torturados, excomungados e queimados na fogueira. Lendas à parte, o fato é que, muitas pessoas, supersticiosas, evitam viajar na Sexta-Feira 13 e camarotes de teatro omitem, por vezes, o13.  Em alguns hotéis não há o quarto de número 13, substituído pelo 12-A e muitos prédios pulam do 12º para o 14º andar.  

Para os supersticiosos de plantão um alento com base científica. Pesquisa da Universidade de Hertfordshire, Inglaterra, descobriu que pessoas que se consideram azaradas são mais propensas a acreditar em superstições associadas com má sorte e ficar ansiosas em Sextas-Feiras 13. E o que elas temem muitas vezes acaba acontecendo mesmo – não por serem azaradas, mas justamente porque, estando ansiosas, elas têm mais chances de fazer coisas erradas ou bater o carro, por exemplo.

13 curiosidades

  • O Instituto da Fobia de Ashville, na Carolina do norte (EUA), se estima que 17 a 21 milhoes de americanos ficam em casa quando é Sexta-Feira 13, devido ao medo de lhe poder acontecer alguma coisa.

  • Segundo recente estudo da maior seguradora britânica, existe mais registros de acidentes nas Sextas-Feiras 13.Com um acréscimo de 13%.

  • No Japão e em alguns países da Ásia, o número 13 não existe nos prédios.

  • O cantor Roberto Carlos sendo um homem muito supersticioso, simplesmente tira folga, não só nas Sextas-Feiras 13, mas também em todos os dias 13 do ano, para evitar maus agouros.

  • No judaísmo o número 13 não indica o fim, mas sim a transformação, o renascimento.

  • Nos Estados Unidos o número 13 é estimado porque eram 13 os estados que inicialmente constituíam a Federação norte-americana.

  • O antigo Código de Hamurabi (um dos mais antigos conjuntos de leis escritas, elaborado por volta de 1.700 a. C.) possui 282 cláusulas, mas a de número13 simplesmente não existe

  • O cubano Fidel Castro, Stevie Wonder (cantor), Thomas Jefferson (presidente dos Estados Unidos), Gary Gasparov (campeão xadrez), L.Ron Hubbard (fundador da Cientologia) e Margaret Tatcher (Ex-primeira ministra da Inglaterra) nasceram numa Sexta-Feira 13.

  • O primeiro disco do Black Sabbath foi lançado na Sexta-Feira 13 de 1970.

  • O Centro de Zoonoses da cidade de São Paulo proibiu a adoção de gatos pretos na Sexta-Feira 13. O objetivo é evitar sacrifícios em rituais de magia.

  • Na Sexta-Feira, 13 de dezembro de 1968 o governo militar do Brasil decretou o AI-5, que mergulhou o país em seu pior momento na ditadura.

  • Na Fórmula 1raramente se verá algum carro número 13.

  • Alberto Santos Dumont, quando fracassou com seu 12 Bis, não montou um 13 Bis, foi diretamente ao 14 Bis e obteve sucesso.

Apesar de tantos infortúnios associados a essa data, muitos a interpretam com um significado completamente oposto ao que foi aqui explicado. De acordo com os princípios da numerologia, o 13 – por meio da somatória de seus dígitos – é um numeral próximo ao quatro, compreendido como um forte indício de boa sorte. Além disso, indianos, estadunidenses e mexicanos associam o número treze à felicidade e ao futuro próspero.

Fonte:http://www.jornalnanet.com.br/noticias/4682/saiba-se-voce-e-portador-da-parasquavedequatriafobia

quinta-feira, 12 de abril de 2012

NÃO PAGUE O BEM COM O MAL

“Quanto àquele que paga o bem com o mal, não se apartará o mal da sua casa” (Pv 17:13).
Alguém já disse que pagar o bem com o mal é demoníaco, pagar o bem com o bem é humano, mas pagar o mal com o bem é divino.
Salomão não está falando aqui de ação, mas de reação. Não se trata de iniciar uma ação na direção de alguém, mas de reagir a uma ação direcionada a nós.
O caso é que alguém pensou em nós, planejou o melhor para nós e fez o máximo bem a nós. Como retribuiremos tanta bondade? Como reagiremos a essa ação tão generosa?
A atitude que todos esperam de nós é pagarmos o bem com o bem. No entanto, alguns indivíduos, mesmo sendo alvos do bem, retribuem com o mal. Mesmo abraçados, respondem com pontapés. Mesmo abençoados, reagem com injúrias e maldições.
Jesus andou por toda a parte fazendo o bem. Curou os enfermos, levantou os paralíticos, purificou os leprosos, ressuscitou os mortos e anunciou o reino de Deus aos pobres. Como a multidão retribuiu tanta generosidade? Clamaram por seu sangue. Gritaram com sede de sangue diante de Pilatos: Crucifica-o, crucifica-o.
Aqueles que pagam o bem com o mal receberão o mal sobre si mesmos. Aqueles que promovem a violência serão vítimas da violência. Aqueles que transtornam a casa dos outros verão sua casa transtornada.


Rev. Hernandes Dias Lopes
Gotas de Sabedoria para a Alma.


domingo, 8 de abril de 2012

Aula 03 - ÉFESO, A IGREJA DO AMOR ESQUECIDO


Texto Básico:Ap 2:1-7

"Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres"(Ap 2:5).

INTRODUÇÃO

“Éfeso” significa “desejável”. Essa igreja, que começou bem a sua jornada rumo à Pátria celestial, havia abandonado o que lhe deu o conceito de desejável: o Amor. Quanto à doutrina, era ortodoxa e implacável, mas quanto à prática do amor, tornara-se heterodoxa, fria e seca. O amor é a essência da vida cristã. (Mt 24:12; 1Co 13). Uma igreja sem amor é uma igreja em decadência total.

I. ÉFESO, UMA IGREJA SINGULAR

A cidade de Éfeso, capital da Ásia Menor, era uma das maiores cidades do mundo. Ali ficava o templo de Diana, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Era uma cidade cosmopolita (que apresenta aspecto comuns a vários paises), essencialmente gentílica. Era uma cidade idólatra, um centro de magia.
Ser crente em Éfeso não era popular. Lá ficava um dos maiores centros do culto ao imperador. Muitos crentes estavam sendo perseguidos e até mortos por não se dobrarem diante de César. Outros estavam sendo perseguidos por não adorarem a grande Diana dos Efésios. Outros estavam sendo seduzidos a cair nos falsos ensinos dos falsos apóstolos. Mas os crentes estavam prontos a enfrentar todas as provas por causa do nome de Jesus (Ap 2:2,3). Eles não esmoreciam. Permanecemos fiéis quando somos perseguidos, provados e seduzidos? Hoje muitos crentes querem a coroa sem a cruz; querem a riqueza sem o trabalho; querem a salvação sem a conversão; querem as bênçãos de Deus sem o Deus das bênçãos.
1. Paulo em Éfeso. Paulo visitou a cidade de Éfeso no final da segunda viagem missionária, por volta do ano 52 d.C. Em sua terceira viagem missionária, permaneceu em Éfeso três anos, ensinando tanto a judeus como a gregos, pregando tanto acerca do arrependimento como da fé em Cristo. Paulo tanto evangelizava como ensinava. Ele era um evangelista e um mestre. Em Éfeso, Paulo enfrentou feras, tribulações maiores que suas forças. Nessa cidade, o evangelho desbancou a idolatria. Durante sua primeira prisão em Roma, Paulo escreveu a carta aos efésios, agradecendo a Deus o profundo amor que havia na igreja.
Através da instrumentalidade de Paulo, vários sinais de um poderoso avivamento podem ser constatados em Éfeso. Dentre eles destacamos:
a) os novos convertidos receberam um derramamento do Espírito (At 19:1-7). Aqueles que haviam recebido apenas o batismo de João, ao ouvirem sobre o Espírito Santo, foram batizados em nome de Jesus, receberam o Espírito Santo e tanto profetizaram como falaram em línguas. A mesma experiência que já havia acontecido em Jerusalém e Samaria agora acontecia também em Éfeso. Era a dispensação da graça estendendo seus horizontes para um campo totalmente gentílico.
b) os enfermos eram curados (At 19:11,12). O evangelho em Éfeso chegou não apenas em palavras, mas, sobretudo, em poder. Paulo pregou tanto aos ouvidos quanto aos olhos. Não apenas as pessoas foram perdoadas e salvas, mas também curadas e libertas. É importante ressaltar que a fonte do poder para curar não estava em Paulo. O milagre não era feito pelo poder inerente de Paulo. O evangelista Lucas diz que Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam, e os espíritos malignos se retiravam (At 19:11,12).
c) os crentes confessavam e denunciavam publicamente suas obras (At 19:18). Onde há avivamento, há confissão de pecados. Onde o pecado é encoberto, as chuvas do céu são retidas. Onde o pecado é escondido, o derramamento do Espírito não é revelado. Aqueles que crêem verdadeiramente em Cristo são os que confessam publicamente suas obras más e as abandonam. Os efésios convertidos a Cristo não se ocuparam de denunciar os pecados dos outros; eles denunciavam suas próprias obras, e isso de forma pública.
d) os laços com o ocultismo foram decisivamente rompidos (At 19:19). Muitos dos efésios convertidos a Cristo vieram dos redutos do ocultismo, tão abundantes em Éfeso. Eles não apenas denunciaram suas obras más, mas também queimaram em praça pública seus livros de artes mágicas. Não há compatibilidade entre a fé cristã e o ocultismo. Não há ligação entre Cristo e os demônios. Não há sintonia entre o santuário de Deus e os ídolos. Não há comunhão entre a luz e as trevas.
2. A solidez doutrinária de Éfeso. Em toda a Ásia Menor, não havia igreja mais dinâmi­ca e ortodoxa do que a de Éfeso. Era uma igreja apologética por excelência. Afinal, tivera o privilégio de ter como pastor, durante três anos, o apóstolo Paulo, o maior teólogo e mestre do Cristianismo (At 20:31). Durante esse tempo, Paulo lhe expôs todo o conselho de Deus (At 20:27). Até o próprio Jesus Cristo elogiou aquela igreja: “Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são e tu os achaste mentirosos; e sofreste e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome e não te cansaste. Tens, porém, isto: que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço”(Ap 2:2,3,6).
O preparo teológico da igreja de Éfeso era tão sólido, que o seu pastor capacitara-se, inclusive, a confrontar os que se diziam apóstolos (Ap 2:2); ela tinha discernimento espiritual. Tornou-se intolerante com a heresia (Ap 2:2) e com o pecado moral (Ap 2:6). Lutou de forma renhida contra as falsas doutrinas dos nicolaítas, que pregavam uma nova versão do cristianismo. Eles pregavam um evangelho liberal, sem exigências e sem proibições; eles queriam gozar o melhor da igreja e o melhor do mundo; eles incentivavam os crentes a comer comidas sacrificadas aos ídolos; eles ensinavam que o sexo antes e fora do casamento não era pecado; eles acabavam estimulando a imoralidade. Mas a igreja de Éfeso não tolerou a heresia e odiou as obras dos nicolaítas.
A igreja evangélica brasileira precisa aprender nesse particular com a igreja de Éfeso. Infelizmente, estamos vivendo a época da paganização da igreja. A igreja está perdendo o compromisso com a verdade. As pessoas hoje parecem ter aversão à teologia ortodoxa. Elas buscam novidades. O que determina o rumo da igreja não é mais a Palavra de Deus, mas o gosto dos consumidores. A igreja não prega a Palavra, mas o que dá ibope. A igreja oferece o que o povo quer ouvir. A igreja está pregando outro evangelho: o evangelho do descarrego, do sal grosso, da quebra de maldições, da prosperidade material, e não da santificação; da libertação, e não do arrependimento.
A igreja está perdendo a capacidade de refletir. Os crentes contemporâneos não são como os bereanos, nem como os crentes de Éfeso, fiéis à doutrina. Estamos vendo uma geração de crentes analfabetos em Bíblia, crentes ingênuos espiritualmente. Há uma preguiça mental doentia progredindo em nosso meio. Os crentes engolem tudo aquilo que lhes é oferecido em nome de Deus, porque não estudam a Palavra. Crentes que já deveriam ser mestres, ainda estão como crianças agitadas de um lado para o outro, ao sabor dos ventos da doutrina. Correm atrás da última novidade. São ávidos pelas coisas sobrenaturais, mas deixam de lado a Palavra do Deus vivo.
3. Uma igreja de ministros excelentes. Além de Paulo, a igreja em Éfeso foi pastoreada por Timóteo e Tíquico. Mais tarde, o apóstolo João pastoreou aquela igreja. Agora, depois de quarenta anos, Jesus envia uma carta à segunda geração de crentes, mostrando que a igreja permanecia fiel na doutrina, mas já havia se esfriado em seu amor. A tradição relata que quando João, já muito idoso e demasiado fraco para caminhar, foi levado à igreja de Éfeso, ele admoestava aos membros, dizendo-lhes: "Filhinhos, amemo-nos uns aos outros"(HENDRIKSEN, William. Mas que Vencedores, p. 69).

II. O PROBLEMA DE ÉFESO

1. Um grave problema. A igreja em Éfeso Ela era uma referência em toda aquela região da Ásia. Destacava-se por seu testemunho, esforço e extenuante labor pela expansão do Reino de Deus. Mas, apesar de todas as suas inegáveis virtudes e qualidades, havia um grave problema com a igreja em Éfeso: estava desconectada da prática da piedade e do exercício do amor. Se ela se dispusesse a resolver essa falha seria uma igreja perfeita. George Ladd comentando sobre o esfriamento do amor da igreja de Éfeso, diz: “Este era um fracasso que atacara, nas bases, sua vida cristã. O Senhor tinha ensinado que o amor mútuo devia ser a marca que identificava a comunhão dos cristãos (João 13:35). Os convertidos de Éfeso tinham experimentado esse amor nos primeiros anos de sua nova existência; mas parece que a luta contra os falsos mestres e seu ódio por ensinos heréticos trouxeram endurecimento aos sentimentos e atitudes rudes a tal ponto que levaram ao esquecimento da virtude cristã suprema que é o amor. Pureza de doutrina e lealdade não podem nunca ser substitutos para o amor” (Ladd, George. Apocalipse, p. 32).
2. O primeiro amor. Alguns acham que a perda do “primeiro amor” por parte da igreja de Éfeso era uma baixa produtividade ou um relaxamento no trabalho de Deus. Mas de acordo com o que Jesus falou na carta à Igreja de Éfeso, não se trata apenas de “relaxar” no trabalho de Deus, pois o Senhor lhes disse: “Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança” (Ap 2:2a). A igreja de Éfeso se destacava por suas muitas obras, seu labor árduo e sua perseverança paciente. Não tolerava homens maus em seu meio. Tinha a capacidade de discernir falsos apóstolos e lidar com eles de modo apropriado. Tampouco se trata de desânimo ou desistência, uma vez que nesta mensagem profética o Senhor Jesus louva a persistência desses cristãos de Éfeso: “e tens perseverança, e suportaste provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer” (Ap 2:3).
O que mais denota ou caracteriza a perda deste “primeiro amor” é o arrefecimento da chama da afeição. O entusiasmo ardente dos primeiros dias havia desaparecido. Ao olharem para trás, seus membros veriam dias melhores nos quais seu amor como noiva de Cristo fluía de modo caloroso, pleno e desimpedido. Continuavam firmes na doutrina e ativos no serviço, mas o verdadeiro motivo de toda adoração e serviço não estava presente. Precisavam se lembrar dos dias mais venturosos do início da fé, se arrepender da perda do “primeiro amor” e resgatar o serviço dedicado que havia caracterizado o princípio de sua vida cristã. De outro modo, o Senhor removeria o “candeeiro” de Éfeso, ou seja, aquela congregação deixaria de existir. Seu testemunho se apagaria. Infelizmente, foi o que aconteceu.
3. Amnésia do Amor. Como alguém pode esquecer de sua identidade? É isso mesmo, o amor é o cartão de identidade do cristão. Bem disse o pr. Claudionor de Andrade, “esquecer o primeiro amor não é incidente teológico, é que­da espiritual”.
Jesus advertiu: “Deixaste o primeiro amor”(2:4). Isto se refere ao primeiro e profundo amor e dedicação que os efésios tinham por Cristo e sua Palavra. Esta advertência nos ensina que conhecer a doutrina correta, obedecer a alguns dos mandamentos e ir aos cultos na igreja não bastam. Quando nosso conhecimento teológico não nos move a nos afeiçoarmos mais a Deus o amor esfria. Conhecemos muito a respeito de Deus, mas não desejamos ter comunhão com ele. Como o profeta Jonas falamos que Ele é todo-poderoso, mas o desafiamos com nossa rebeldia. Falamos que ele é amável, mas não temos prazer em falar com ele em oração. A igreja deve ter, acima de tudo, amor sincero a Jesus Cristo e sua Palavra como um todo. O amor sincero a Cristo resulta em devoção sincera a Ele, em pureza de vida e em amor à verdade(2Co 11:3).
Deixamos também nosso primeiro amor quando nosso amor por Jesus é substituído pelo nosso zelo religioso. Defendemos nossa teologia, nossa fé, nossas convicções e estamos prontos a sofrer e a morrer por essas convicções, mas não nos deleitamos mais em Deus. Não nos afeiçoamos mais a Jesus. Já não sentimos mais saudades de estar com ele. Os fariseus eram zelosos das coisas de Deus; observavam com rigor todos os ritos sagrados, mas o coração deles estava seco como um deserto.
Hoje, também, existem crentes fiéis, mas sem amor. Crentes ortodoxos, mas secos como um poste. Crentes que conhecem a Bíblia, mas perderam o encanto com Jesus. Crentes que morrem em defesa da fé e atacam a heresia como escorpiões do deserto, mas não amam mais o Senhor com a mesma devoção. Crentes que trabalham à exaustão, mas não contemplam o Senhor na beleza de sua santidade. Sofrem pelo evangelho, mas não se deleitam no evangelho. Combatem a heresia, mas não se deliciam na verdade.
Deixamos, ainda, nosso primeiro amor quando examinamos os outros e não examinamos a nós mesmos. A igreja de Efeso examinava os outros, mas não era capaz de examinar a si mesma. Tinha doutrina, mas não tinha amor. Era capaz de identificar os falsos ensinos e os falsos apóstolos, mas não identificava a frieza do amor em si mesma. Identificava a heresia nos outros, mas não sua própria apatia espiritual. Tinha zelo pela ortodoxia, mas estava vazia da principal marca do cristianismo, o amor.

III. VOLTANDO AO PRIMEIRO AMOR

Jesus adverte: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras...”(Ap 2:5).
Estamos vivendo uma crise de valores na igreja. Abandonamos a simplicidade do evangelho. Substituímos a sã doutrina pelas novidades do mercado da fé. Trocamos a verdade pelo sucesso. Substituímos a pregação pelo espetáculo. Colocamos no lugar da oração, em que nos quebrantávamos e chorávamos pelos nossos pecados, os grandes ajuntamentos, em que saltitamos ao som estrondoso e ensurdecedor dos nossos instrumentos eletrônicos.
“Precisamos desesperadamente voltar ao primeiro amor. Precisamos de um reavivamento que nos traga de volta o frescor da vida abundante em Cristo Jesus. Precisamos desesperadamente do revestimento e do poder do Espírito Santo. Precisamos de uma igreja fiel que prefira a morte à apostasia. Uma igreja santa que prefira o martírio ao pecado. Uma igreja que ame a Palavra mais do que o lucro. Uma igreja que chore pelos seus pecados e pelas almas que perecem, e não pelas dificuldades da vida presente. Precisamos de uma igreja que tenha visão missionária e compaixão pelos que sofrem. Uma igreja que tenha ortodoxia e piedade, doutrina e vida, discurso e prática. Uma igreja que pregue aos ouvidos e aos olhos”(Rev. Hernandes Dias Lopes).
1. Rica em obras, pobre em amor. O Senhor começa Sua carta com um elogio aos crentes efésios: “Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência...”. Eles eram pacientes e trabalhadores. Era uma igreja que possuía um grau avançado de conhecimento bíblico, e não temia utilizá-lo em sua administração, a ponto de provarem os apóstolos para ver se eram realmente verdadeiros. Ou seja, podemos entender que era uma igreja que não tolerava o pecado. Seus crentes eram incansáveis em seus trabalhos em prol do Reino de Deus. Mas, de alguma forma, eles esqueceram-se do primeiro amor. É provável que quanto mais se ocupassem em seus trabalhos, mais se esquecessem de para quem estavam trabalhando e da comunhão que deveriam ter com Jesus. Isso o Senhor não iria permitir. Ele quer o nosso amor, mais do que as muitas ocupações que podemos ter em nossas igrejas. Até mesmo o auto-sacrifício sem o amor nada é, conforme destaca o apóstolo Paulo em 1Co 13:3: “E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria”.
2. Amar é a mais elevada das obras. O amor a Deus deve ser prioritário no coração de quem procura servi-lo (Mt 10:37). Deus se alegra em ver seus filhos dando prioridade a Ele. Priorizar a Deus é amá-lo acima de todas as coisas. Aliás, é o mandamento mais sublime: “"Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento" (Mt 22:37). Jesus não aceita que o amemos parcialmente; Ele requer que o amemos “de todo o nosso coração”. Devemos amá-lo, também, “de toda a alma”, ou seja, toda a nossa personalidade, toda a nossa individualidade tem de ser sujeita ao Senhor e à Sua vontade. Como sabemos, a alma humana é a sede dos pensamentos, das emoções, da personalidade, é o elemento que nos faz distintos uns dos outros e cujas principais faculdades são a vontade, o intelecto e o sentimento. Ora, é a submissão de tudo isto a Deus que significa o nosso amor ao Senhor. Quando amamos a Deus, colocamos nosso sentimento, nosso intelecto e nossa vontade a serviço do Senhor. Somente assim realmente demonstraremos que amamos a Deus. Muitos têm fracassado na fé, têm deixado de frutificar porque não amam de toda a alma, porque querem dar um espaço para o “eu”, quando deveriam renunciar a si mesmos (Mt 16:24) e deixar Cristo viver neles. Sigamos o exemplo do apóstolo Paulo e não mais vivamos, mas deixemos que Cristo viva em nós (Gl 2:20). Veja o belo exemplo de Habacuque que amava a Deus sobre todas as coisas, mesmo desprovidos de qualquer bênção material:Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja vacas, todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação” (Hc 3:17,18).

IV. LEMBRANDO-SE DO PRIMEIRO AMOR

A igreja de Éfeso foi chamada a lembrar-se, a arrepender-se e a voltar à prática das primeiras obras. Caso esse expediente não fosse tomado, Jesus sentencia: "Se não te arrependeres, logo virei contra ti e tirarei o teu candelabro do seu lugar" (Ap 2:5). Jesus não apenas diagnostica a doença da igreja, más também lhe oferece o remédio eficaz. A igreja precisava reavivar sua memória, mudar sua mente e sua atitude. Não basta reconhecer o erro nem mesmo sentir tristeza por ele; é preciso voltar as costas ao pecado e a face para Deus em uma demonstração sincera de arrependimento. É preciso voltar às primeiras obras. É preciso resgatar o que se perdeu. É preciso voltar à simplicidade do cristianismo sem as sofisticações que agregamos na caminhada rumo ao Céu. A ordem de Jesus é arrepender e viver ou não se arrepender e morrer. O arrependimento produz vida; e a desobediência, morte. A falta de arrependimento apagou a lâmpada da igreja de Éfeso, e a mesma cidade que experimentara um poderoso avivamento no passado, agora jaz mergulhada em um caudal de trevas e obscurantismo.
Como voltar ao primeiro amor? O próprio Jesus aponta o caminho de restauração: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras...”(Ap 2:5). Cristo falou de três passos práticos que devemos dar a fim de voltarmos ao primeiro amor: (1) “Lembra-te”; (2) “Arrepende-te”; (3) “Volta à prática das primeiras obras”.
1. Lembrar-se de onde caiu. Jesus foi enfático à igreja: "Lembra-te, pois, de onde caíste". A igreja não está sendo chamada a relembrar seu pecado. Não está sendo dito: lembra-te em que situação caíste, mas de onde caíste. O filho pródigo começou seu caminho de restauração quando se lembrou da casa do Pai. O passado precisa novamente tornar-se um presente vivo. O profeta Jeremias declarou: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança” (Lm 3:21). A solução é nos lembrarmos de onde começamos a nos afastar do Senhor. Deus não nos manda aprender nada novo, apenas lembrar-nos de onde caímos: "lembra-te de onde caístes".
Algumas lembranças têm o poder de produzir em nós um caminho de restauração. Muitas vezes não nos damos conta daquilo que temos perdido. E uma boa forma de dimensionar nossas perdas é contrastar aquilo que estamos vivendo hoje com aquilo que já experimentamos antes em Deus. Relembrar os primeiros momentos de fé, de experiência com Deus é a melhor maneira de retomar a experiência do primeiro amor. Esse passo é de suma importância para os que se esqueceram de que a comunhão com o Senhor é mais importante do que as coisas que fazemos para Ele.
2. Arrepender-se. Em seguida Jesus disse: "arrepende-te". Arrependimento não é emoção, é decisão. É atitude. Não precisa existir choro, basta decisão. O filho pródigo não só se lembrou da casa do Pai, mas voltou para a casa do Pai. Lembrança sem arrependimento é remorso. Essa foi a diferença entre Pedro e Judas. Arrepender-se representa mudar a mente, mudar a direção, voltar-se para Deus. Representa deixar o pecado. Representa romper com o que está entristecendo o nosso Senhor Jesus. O que está fazendo seu coração esfriar? Deixe isso de lado. Arrependa-se.
Há uma solene advertência à igreja, caso ela não se arrependa. Jesus disse: "logo virei contra ti e tirarei o teu candelabro" (Ap 2.5). Candelabro é feito para brilhar. Se ele não brilha, ele é inútil, desnecessário. A igreja não tem luz própria. Ela só reflete a luz de Cristo. Mas, se não tem intimidade com Cristo, ela não brilha; se ela não ama, não brilha, porque quem não ama está nas trevas. Portanto, Jesus Cristo rejeitará toda congregação ou igreja que não se arrepender de sua falta de amor e obediência ao Senhor Jesus Cristo, e a removerá do seu reino.
3. Voltar a prática das primeiras obras. Finalmente Jesus disse: “volta à prática das primeiras obras". Como mencionei no item III.1 acima, os crentes efésios eram ricos em obras. Foi o próprio Jesus quem o disse. Então por que voltar às primeiras obras? Certamente, esses crentes eram bastante esforçados em seus trabalhos em prol do Reino de Deus. Todavia, no trabalho que desempenhavam em prol do reino de Deus estava ausente o principal e indispensável elemento: o amor. É provável que quanto mais se ocupassem em seus trabalhos, mais se esquecessem de para quem estavam trabalhando e da comunhão que deveriam ter com Jesus. Nenhuma obra é completa e perfeita sem o amor incondicional a Jesus Cristo.
Você que se afastou dele, que está frio. Você que deixou de orar, de se deleitar na Palavra. É tempo de voltar-se para Jesus, de se devotar novamente a Ele. Arrependa-se de ter deixado a verdadeira ortopraxia cristã, conforme os ditames da Palavra de Deus, e volte à prática das primeiras obras. Mas, não adianta se arrepender e depois repetidamente se arrepender. É necessário arrependimento e depois frutos do arrependimento, ou seja, as primeiras obras. Ninguém se arrepende de um pecado e continua praticando esse mesmo pecado. Amém?

CONCLUSÃO

A carta à igreja dos efésios nos ensina que a ortodoxia uma vez praticada sem amor, esfria e mata a verdadeira espiritualidade. Não podemos, a pretexto de "zelar" pela verdade, desconsiderar o cultivo de uma profunda espiritualidade banhada em amor. A nossa mensagem deve tocar mentes e corações. Assim, como o Senhor requereu da igreja de Éfeso, devemos voltar ao primeiro amor e encharcarmo-nos do Evangelho da Graça de Deus.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 49.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Rev.Hernandes Dias Lopes – Apocalipse – O futuro chegou.
Rev.Hernandes Dias Lopes – Ouça o que o Espírito diz às Igrejas.




sábado, 7 de abril de 2012

A SEMANA QUE MUDOU O MUNDO


A semana mais importante da História, aquela que mudou o mundo, teve Jesus Cristo como seu protagonista. A semana da Páscoa foi definidora para a História, não por causa de sua religiosidade festiva, ou mesmo pelos arroubos libertários próprios de sua celebração. A semana da Páscoa foi importante porque a humanidade passou a ter uma real possibilidade de mudar de rumo, de ter acesso ao plano divino de salvação eterna e também de reatar a sua comunhão com Deus.
A semana da Páscoa foi riquíssima em acontecimentos inusitados. Jesus fez assombrosas revelações proféticas a respeito do futuro da humanidade, falou de Sua própria morte como um sacrifício necessário e indispensável, e anunciou sua indefectível traição por um “amigo”. Do lado oposto, Sua morte foi selada em um pacto de traição e os inimigos se organizaram para dar cabo de Sua vida.
Os religiosos prepararam contra Ele uma acusação teológica, a de blasfêmia; os tribunos, uma acusação política, a de sedição. Mas o que estava por trás dos acontecimentos, e só Jesus o via, era o plano divino de redenção da raça humana, possibilitado pelo Seu próprio sacrifício expiatório. Desse modo, a Páscoa era o pano de fundo de onde se desenrolou o enredo da paixão e morte de Cristo e de onde brotou a nossa esperança eterna.
Jesus incomodava demais com Sua mensagem clara e contundente, pois anunciava que o reino de Deus estava próximo e que, para entrar nele, era necessário arrependimento e conversão. Tudo contrário à pregação de regras e à adoração formal dos rituais religiosos da época. Tanto que as autoridades judaicas queriam matá-lo.
Jesus, porém, se encaminhou resolutamente para Jerusalém, pois sabia que ali, exatamente durante a festa pascal, é que se cumpriria a libertação espiritual que a própria Páscoa exemplificava. Nada poderia detê-lo, e Ele estava pronto para o sacrifício, para morrer pela humanidade. Mais que isso, Ele sabia que a Sua morte vicária era a única esperança para a humanidade caída.
A Páscoa foi instituída, originalmente, como a festividade símbolo da libertação do povo de Israel do Egito, no evento conhecido como Êxodo. O Senhor Deus emitiu uma ordem específica ao Seu povo, cuja obediência traria a proteção divina e a consequente libertação da escravidão. Cada família deveria tomar um cordeiro, sacrificá-lo e comê-lo assado. Depois deviam passar o sangue do cordeiro nos umbrais e nas vergas das portas, pois o Anjo da Morte percorreria a terra e passaria por cima das casas que tivessem o sinal do sangue, poupando os seus primogênitos.
Daí o termo Páscoa, do hebraico pesah, que significa “passar por cima”, ou “poupar”. Depois que o povo de Israel saiu do Egito, Deus ordenou que se celebrasse continuamente a Páscoa como um memorial dessa libertação.
A Páscoa, pois, continha um simbolismo profético, como “sombras das coisas futuras”, que apontava para um evento ainda por vir, a Redenção efetuada por Cristo. O apóstolo Paulo afirmou: “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós”. O cordeiro morto era como um modelo antecipado do sacrifício de Cristo na cruz pelos nossos pecados.
Em suma, a Páscoa simboliza três coisas: liberdade da escravidão, salvação da morte e caminhada para a terra prometida. Para os hebreus, isso tinha um sentido físico, pois havia a escravidão do jugo egípcio a ser subvertida, uma morte ignominiosa iminente a ser suplantada e a esperança de uma terra a ser conquistada.
Para nós, hoje, há o sentido de natureza estritamente espiritual, pois precisamos ser libertos da escravidão do pecado e salvos da morte eterna, caminhando avante na certeza de que o céu onde Cristo habita é o nosso destino final, onde “estaremos para sempre com o Senhor”.
Esta semana é, portanto, muito importante para todos nós. Precisamos fazer deste momento uma oportunidade de reflexão, primando por verificar a posição em que estamos diante de Deus, se em comunhão ou distantes.
Não creio que na Páscoa caiba o sentimento misto de tristeza e compaixão pela morte de Cristo, como se Ele ainda estivesse impotente na cruz ou inerte no túmulo. Acredito que a Páscoa deva ser comemorada com alegria, pois aponta para a libertação que a ressurreição de Jesus nos propiciou.
Se Cristo não tivesse ressuscitado, no dizer de Paulo, a nossa fé seria uma completa vacuidade e nós seríamos os mais infelizes de todos os homens. Mas Cristo ressuscitou!
Ele vive! E porque Jesus está vivo, a nossa esperança é eterna.
Ainda ressoam nas faldas do Universo a palavra dos anjos às mulheres: “Buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; Ele ressuscitou, não está mais aqui”. É isto que torna a semana da Páscoa importante, pois nela o destino do mundo foi mudado.
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém


domingo, 1 de abril de 2012

Aula 02 - A VISÃO DO CRISTO GLORIFICADO


Texto básico: Apocalipse 1:9-18
 
“Não temas; eu sou o Primeiro e o Último e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno”(Ap 1:17,18).
 

INTRODUÇÃO

João estava preso na ilha de Patmos em decorrência de sua lealdade à Palavra de Deus e ao testemunho de Jesus (Ap 1:9). Ele foi arrebatado em Espírito e ouviu por detrás dele uma voz com a limpidez, volume e timbre de uma trombeta (1:10). Ao voltar-se para quem falava, João viu “sete candeeiros de ouro”, que simbolizava as sete igrejas descritas no livro de Apocalipse (Ap 1:11; 1:20). A Pessoa no meio dos candeeiros era semelhante ao Filho do homem, cujas vestes externas eram talares, isto é, longas como a beca de um juiz (Ap 1:13). Ele estava cingido pelos peitos com um cinto de ouro, que simboliza a justiça e fidelidade do seu julgamento. A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, retratando sua eternidade como o Ancião de Dias(Dn 7:9) e a sabedoria e pureza de suas sentenças. Os seus olhos eram como chama de fogo (1:14), que se referem ao seu conhecimento perfeito, discernimento infalível e escrutínio inescapável. Os seus pés eram semelhantes ao bronze polido (1:15), como que refinado numa fornalha; uma vez que o bronze costuma representar julgamento, sua presença aqui corrobora a ideia de que se tem em vista, a cima de tudo, a função judicial de Cristo. Sua voz era semelhante às ondas do mar ou a cachoeiras majestosas e assustadoras que descem uma montanha. Tinha na mão direita sete estrelas (1:16), uma representação de poder, controle e honra; Cristo está não apenas entre as igrejas, mas as têm em suas próprias mãos. Da sua boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes, representando a Palavra de Deus(Hb 4:12), que se refere aos veredictos incisivos e precisos acerca de seu povo, como se vê nas cartas às sete igrejas. O seu rosto brilhava como o sol ao meio-dia (1:16), com o esplendor ofuscante e transcendente da glória de sua divindade.
Esse que João viu é o Cristo Glorificado, que se revela não apenas em glória, mas como o Senhor de toda a glória, o qual está entronizado à destra do Pai e apresenta-se como Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap 17:14; 19:16). Ao vê-lo, João prostrou-se aos seus pés como morto. É impossível ver a glória do Senhor sem se prostrar. Temos hoje uma visão do Cristo glorificado?

I. O CRISTO ENCARNADO

Por ocasião de sua primeira vinda para manifestar o evangelho, Jesus não apareceu glorificado. Teve uma vida semelhante à nossa, e esteve sujeito ao cansaço, à fome, à sede e demais limitações de um corpo não-glorificado. Precisou comer, dormir, andar, falar com as pessoas e tocá-las. Por meio de sua encarnação, Ele falou aos judeus sobre o plano da salvação. Paulo comenta que Jesus "aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens" (Fp 2:7). Nesse momento, Jesus experimentou a humanidade.
Nos primórdios do cristianismo, a igreja foi nuveada com doutrinas heréticas oriundas do segmento gnóstico. Um desses ensinos falsos era que Jesus não veio em carne, ou seja, esses falsos mestres alegavam que Jesus não havia encarnado, mas que um espírito se apossara do corpo do Senhor por ocasião do seu nascimento ou batismo, retirando-se por ocasião da crucificação. Os textos de 1João 4:1-3 denotam a existência desses falsos mestres. O apóstolo João, porém, cuidou logo de refutar esse ensino falso, que pertinaz procurava destruir a fé dos primeiros cristãos. João chamou esses falsos mestres de “anticristos” - “… muitos se têm feito anticristos…”(1João 2:18). E o pior de tudo é que eles saíram do seio da igreja – “Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco; mas isto é para que se manifestassem que não são todos de nós”(1João 2:19). Esses falsos mestres se haviam infiltrado na comunidade cristã com o fim de mesclar-se entre os irmãos para perverter a doutrina dos apóstolos. Pareciam cristãos, mas não o eram de fato. Ora, se no início da Igreja foi assim, quanto mais hoje em que a apostasia é o principal tom.
1. A encarnação. Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus”(1João 4:2). O mais importante não é o fato histórico, ou seja, o fato de que Jesus nasceu no mundo em um corpo humano, mas, sim, a confissão de uma Pessoa Viva, de que Jesus Cristo veio em carne, a confissão que reconhece Jesus como o Cristo encarnado. Quem o confessa também se prostra diante dele como Senhor de sua vida.
Hoje, encontramos muitas pessoas dispostas a dizer coisas aceitáveis acerca de Jesus, mas não a confessá-lo como o Deus encarnado. Dizem que Cristo é “divino”, mas não que é Deus. Menosprezam a glória de Cristo. São, portanto, falsos profetas, falsos mestres.
No início da Igreja, os falsos mestres do gnosticismo negavam tanto a divindade quanto a humanidade de Cristo. Eles negavam tanto a sua encarnação como a sua ressurreição. Eles negavam tanto a sua concepção virginal quanto a sua morte expiatória. Eles separavam o Jesus do Cristo; faziam uma distinção entre o Cristo divino e o Jesus histórico. Para eles, o Cristo veio sobre Jesus no batismo e se retirou dele na cruz. João classifica esta posição como heresia e procedente do anticristo.
Não foi o Cristo que veio "para" a carne de Jesus, mas o próprio Jesus era o Cristo vindo "em" carne. Quem negar isto, ou seja, quem negar que Jesus é o Cristo e que Ele veio em carne não é de Deus; é negar que ele seja o nosso Sumo Sacerdote, que nos abre acesso à presença de Deus; é negar que ele seja o nosso Salvador; é negar a redenção do corpo bem como a possibilidade do encontro entre o humano e o divino.
Portanto, a doutrina cristã fundamental, que nunca pode ser transigida, é a da Pessoa divino-humana e eterna de Jesus Cristo, o Filho de Deus. Nenhum sistema pode ser tolerado, por mais estrondosas que sejam as suas pretensões ou por mais cultos que sejam os seus adeptos, se negar que Jesus é o Cristo vindo em carne, isto é, se negar a sua divindade eterna ou a sua humanidade histórica.
2. O objetivo da encarnação de Cristo. Em Nazaré, a cidade da juventude, Jesus entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume. Lá, Ele levantou para ler as Escrituras do Antigo Testamento. O auxiliar lhe deu o pergaminho no qual a profecia de Isaias estava escrita. O Senhor estendeu o rolo até a parte que agora conhecemos como Isaías 61, e leu o versículo 1 e a primeira metade do versículo 2: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor”(Lc 4:18,19).
Quando Jesus disse “hoje se cumpriu a Escritura que acabam de ouvir”, ele estava dizendo de maneira mais clara possível que era o Messias de Israel, e o objetivo de sua encarnação. Jesus veio para tratar dos enormes problemas que têm afligido a humanidade através da história:
·   Pobreza:Levar boas notícias aos pobres”(NTLH). A pobreza não é vista propriamente como escassez de bens materiais, mas como necessidade da alma. No Sermão da Montanha Jesus proclamou: “bem-aventurados os pobres”. Nesse contexto, pobre é o que tem uma carência espiritual! Por conseguinte, é aquele que reconhece suas verdadeiras necessidades espirituais. E por isso almeja um relacionamento mais profundo com Deus como o fez o salmista: “Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo...”(Sl 42:1,2).
·   Tristeza:Restaurar os contritos de coração”(RC). O pecado escraviza e debilita o homem, os quebrantados de coração são aqueles oprimidos e machucados pelo pecado, portanto Jesus veio proporcionar a cura.
·   Escravidão:Apregoar liberdade aos cativos”. Os prisioneiros do pecado sentem medo da morte, sente-se culpado diante de Deus, praticam tudo aquilo que não agrada ao Senhor, motivos estes que conduziram Jesus ao calvário, dando liberdade integral ao homem oprimido pelo pecado. “Se, pois, o Filho do Homem vos libertar, verdadeiramente, sereis livres”(João 8.36).
·   Sofrimento: “Dar vista aos cegos”. Existem cegos fisicamente e cegos espirituais, aqueles que não conseguem perceber a verdade de Deus, como nos mostra as escrituras – “nos quais o deus deste século (satanás) cegou os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”(2Co 4:4). Jesus veio libertá-los desse sofrimento. Ele se apresentou como a resposta para todos os males que nos atormentam. E se pensarmos nesses males em sentido físico ou espiritual, isto também se aplica. Cristo é a resposta.
·   Opressão:Pôr em liberdade os oprimidos”. Isto é, romper os grilhões do mal e proclamar a libertação do pecado e do domínio satânico.
·   Perdição eterna: “anunciar o ano aceitável do Senhor”. Jesus encarnou-se para propiciar o amanhecer de uma nova era para o ser humano: a Salvação da sua alma. A salvação do homem anunciada pelo próprio Senhor Jesus cumpre-se na integra na vida daqueles que dão ouvidos as Escrituras Sagradas e deixam o poder de Deus agir em suas vidas. É significativo que Jesus termina a leitura com as palavras “anunciar o ano aceitável do Senhor”. Perceba que Jesus não acrescentou as palavras restantes de Isaias: “... e o dia da vingança do nosso Deus”. O propósito da sua primeira vinda, da sua encarnação, foi “anunciar o ano aceitável do Senhor”. A atual época da graça é o tempo aceitável e o Dia da salvação. Ao voltar à Terra pela segunda vez, será para proclamar o “Dia da vingança do nosso Deus”.

II. O CRISTO  HUMILHADO E FERIDO DE DEUS

O capítulo 53 de Isaias é um dos textos mais conhecidos da Bíblia. Nele o profeta dá riqueza de pormenores sobre o sofrimento de Jesus. Após indagar quem havia dado crédito à pregação do Servo do Senhor, apresenta-O sem parecer nem formosura, fala que Ele está desprezado e tornado o mais indigno entre os homens (Is 53:3). Diz que Ele assumiu a posição de vítima no sacrifício, tomando sobre si as nossas enfermidades, as nossas dores. Tornou-se Ele o ferido de Deus e oprimido [humilhado] (Is 53:4). Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades (Is 53:5), ou seja, assumia a condição da vítima dos sacrifícios da lei, levando a culpa do ofertante sobre si (Is 53:6). O profeta afirma que não houve apenas sofrimento, mas morte, pois foi levado como cordeiro ao matadouro (Is 53:7), sendo cortado da terra dos viventes (Is 53:8), devidamente sepultado (Is 53:9), embora fosse justo. Sua morte representou verdadeira expiação do pecado (Is 53:10), que teria o agrado do Senhor e representaria a justificação de muitos (Is 53:11), a ponto de levar sobre si o pecado de muitos e de poder interceder pelos transgressores, embora, para tanto, tivesse tido de ser contado com eles (Is 53:12).
Cristo foi humilhado, mas não abriu a sua boca. Diz o profeta Isaias: “Ele foi oprimido [humilhado], mas não abriu a boca; como um cordeiro, foi levado ao matadouro e, como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca”(Is 53:7). Esta observação do profeta Isaias acerca do Sofredor paciente ocorre duas vezes neste versículo. Ele não abriria a sua boca. Em primeiro lugar, Ele não precisava se defender, visto que nenhuma acusação válida foi feita contra Ele. Em segundo lugar, seu julgamento foi apenas uma farsa judicial conduzida por hipócritas sem princípios, reivindicando motivos piedosos, enquanto naquele exato momento estavam violando as leis judaicas da jurisprudência; por conseguinte, nenhuma defesa faria diferença. Diante do Sinédrio, Jesus falou somente quando o silêncio significaria uma renúncia da sua divindade e de ser o Messias(Mt 26:63,34). Diante de Pilatos, Ele somente falou quando o silêncio significaria a renúncia da sua realeza. E diante do incestuoso Herodes, o Tetrarca, não falou uma só palavra(Lc 23:9). Como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim o nosso Senhor suportou em silêncio a sua humilhação.
É bom ressaltar que o sofrimento de Cristo e sua morte na cruz são o ponto central da história. Para lá todas as estradas do passado convergem; e de lá saem todas as estradas do futuro. Somente conhecemos a Cristo vendo-o na cruz. Somente encontramos Jesus se pudermos vê-lo como Cristo crucificado. Não podemos vê-lo antes da cruz somente, nem depois somente. Muitos param antes da cruz. Outros tentam encontrá-lo somente como ressuscitado. Muitos evitam a cruz, e assim fazendo rejeitam a Jesus. É bom ressaltar que não estamos simplesmente falando do madeiro em si mesmo, mas da “cruz” de Cristo que representa a sua obra redentora mediante sua morte substitutiva no Calvário.

III. O CRISTO GLORIFICADO

João tem uma visão do Cristo na sua glória excelsa (Ap 1:13-18): “E, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao Filho do Homem, vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro”.
E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os olhos, como chama de fogo”;
“E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivesse sido refinado numa fornalha; e a sua  voz, como a voz de muitas águas”.
“E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece”.
“E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; eu sou o Primeiro e o Último”;
“E o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno”.
No versículo 16, veja o que João diz: “E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece”. O que João vê agora não é mais um Cristo servo, perseguido, preso, esbofeteado, com o rosto cuspido, mas do Cristo cheio de glória, Glorificado. A luz do sol supera o brilho dos candelabros. O que João contempla aqui não é mais um rosto desfigurado, ensanguentado, mas um rosto que brilha como o sol. Agora não é mais o Cristo humilhado, mas o Cristo exaltado. Não é mais o Cristo torturado pela sede, esbordoado pelos algozes, ferido pelos soldados, mas o Cristo majestoso diante de quem todo joelho se dobra.
Ele disse a João: “fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno”(1:18). Aqui, o Cristo Glorificado mostra a João a sua vitória triunfal.  Ele não apenas está vivo, mas está vivo para sempre. Ele não só ressuscitou, ele venceu a morte e tem as chaves da morte e do inferno. Morte, aqui, se refere ao corpo, e o inferno, à alma. A palavra inferno também pode ser traduzida por “Hades”, um termo usado para descrever o reino dos mortos e o estado sem corpo. Quando uma pessoa sem salvação morre, a alma vai para esse lugar, enquanto o corpo desce à cova. Para o cristão, entretanto, esse estado corresponde a estar na presença do Senhor; na ressurreição, a alma será reunida ao corpo glorificado e arrebatada à casa do Pai Celestial.
Tanto a morte quanto o Hades serão lançados no lago do fogo no juízo final (Ap 20:14). Quem tem as chaves tem autoridade. Jesus recebeu do Pai toda autoridade no céu e na terra (Mt 28:18). Jesus tem não apenas a chave do céu (Ap 3:7), mas também a chave da morte (túmulo). Agora a morte não pode mais infligir terror, porque Cristo está com as chaves, podendo abrir os túmulos e levar os mortos à vida eterna.
João quando viu o Cristo em sua Excelsa Glória ele não suportou, caiu como morto – “E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto”(v. 17). O mesmo João que debruçara no peito de Jesus, agora cai a seus pés como morto. Isaías, Ezequiel, Daniel, Pedro e Paulo (Is 6:5; Ez 1:28; Dn 8:17; 10:9,11; Lc 5:8; At 9:3,4) passaram pela mesma experiência ao contemplarem a glória de Deus. Em nossa carne não podemos ver a Deus, pois ele habita em luz inacessível (1Tm 6:16). É impossível ver a glória do Senhor sem se prostrar.
O que a igreja necessita hoje é uma clara percepção de Cristo e Sua glória. Necessitamos vê-lo exaltado em Seu alto e sublime trono. Há uma perigosa ausência de admiração reverente e adoração em nossas assembléias hoje. Orgulhamo-nos de nos levantar sobre os nossos próprios pés, em vez de cairmos com o rosto em terra ante os pés do Cristo Glorificado.
1. Ressurreição. A ressurreição é a restituição à vida, ou seja, o retorno à unidade entre corpo, alma e espírito, que havia quando da vida física. É válido ressaltar que a ressurreição de Jesus foi a primeira ressurreição propriamente dita, porque Jesus ressuscitou em corpo glorificado, para não mais morrer, visto que não pecou e venceu o pecado e a morte, morte que é o último inimigo a ser derrotado(1Co 15:54, 55). Por isso, Jesus foi feito “as primícias dos que dormem” (1Co 15:20). É importante observar que Jesus ressuscitou enquanto homem e, portanto, foi o Deus Pai quem O ressuscitou (At 2:32; 3:15; 4:10; 10:40; 13:30,37; Rm 4:24; 1Co 6:14; 15:15; 1Pe 1:21). Com a ressurreição, Jesus foi exaltado sobre todo o nome (Fp 2:9).
A ressurreição de Jesus Cristo é a demonstração de que o seu sacrifício foi aceito por Deus (Is 53:10-12), assim como a saída do sumo sacerdote do lugar santíssimo em vida significava, no tempo da lei, que Deus havia perdoado as iniquidades do povo e que cobrira os pecados por mais um ano (Lv 16:29-34).
A ressurreição de Jesus Cristo é a demonstração de que Ele venceu a morte e que, por isso, também nós poderemos nEle vencê-la e alcançar a vida eterna (Rm 8:11; 2Co 4:14; Ef 2:6; 1Ts 4:14).
A ressurreição de Jesus Cristo é a principal garantia de que devemos aguardá-lo, pois, assim como Ele ressuscitou, como havia prometido, Ele também voltará para arrebatar a sua Igreja e nos livrar da ira futura (1Co 15:51-57; 1Ts 1:10).
2. Ascensão. A Ascensão de Jesus Cristo é a Sua grande coroação como Rei dos reis e Senhor dos senhores. É o evento pelo qual Cristo cumpriu o seu ministério terreno, concluiu suas aparições pós-ressurreição, deixou a Terra, e subiu ao Céu, de onde aguardamos o seu retorno fisicamente, conforme nos garante a Palavra de Deus. À semelhança do que ocorrera no Monte da Transfiguração, o corpo de Cristo foi elevado aos Céus já revestido de glória, poder e celestialidade. Quando da sua segunda vinda, teremos um corpo semelhante ao dele (1Co 15:50-58; 1João 3:2).
No Evangelho segundo escreveu Lucas é descrito esse fato da seguinte forma: "Então, os levou para Betânia e, erguendo as mãos, os abençoou. Aconteceu que, enquanto os abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o Céu" (Lc 24:50-51 ARA). O Livro de Atos o descreve da seguinte forma: “Ditas estas palavras, foi Jesus elevado às alturas, à vista deles, e uma nuvem o encobriu dos seus olhos. E, estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto Jesus subia, eis que dois varões vestidos de branco se puseram ao lado deles e lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir" (Atos 1:9-11 ARA).
Podemos afirmar ainda que a Ascensão de Cristo é o término de sua missão vicária e de sua presença visível na terra. Se o dia da sua crucificação fosse a Palavra final, estaríamos perdidos e nos restaria a confissão de desespero dos discípulos de Emaús: "Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a Israel" (Lc 24:21 ARA); seria o triunfo da lei, de Satanás e do Inferno. Todavia, Cristo triunfou sobre os poderes das trevas, sobre o pecado, a morte e Satanás. Agora, a cristandade pode confessar alegre e vitoriosamente: "Creio na ressurreição da carne e na vida eterna", pois a ascensão de Cristo é a aprovação e a confirmação divina de toda a obra redentora de Cristo, e sua coroação como Rei dos reis e Senhor dos senhores, como Redentor e Juiz de vivos e de mortos. Glórias sejam dadas ao Senhor Jesus Cristo!
3. A Segunda Vinda. A Promessa da segunda Vinda de Cristo é a mais importante para a Igreja, é a razão da sua própria fé. Ela é lembrada no Novo Testamento por 318 vezes. É "a bem-aventurada esperança" de que trata Tito 2:13. Esse tão aguardado evento significará, para a Igreja, o ápice de sua peregrinação neste mundo (Mt 16:18). Ela representa o último estágio do processo da Salvação, que é a glorificação. Paulo, na sua última epístola, mostra que era esta a sua esperança, tanto que diz que esperava a coroa que estava reservada não só a ele, mas a todos quantos amassem a vinda do Senhor (2Tm 4:8), a nos indicar, portanto, que o motivo do bom combate, da guarda da fé e da carreira até o fim era o amor à vinda de Jesus.
Em apocalipse 1:7, João faz uma descrição da gloriosa vinda do noivo da igreja para estabelecer o seu reino na terra: “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém!”. É a verdade mais preciosa que contém a Bíblia. Enche o coração do crente de gozo e o cinge com força para a batalha. Eleva-o por cima das lutas, temores, necessidades, provas e ambições deste mundo, e o faz mais que vencedor em todas as coisas. W. J. Grier diz que na sua gloriosa vinda, as nuvens serão a sua carruagem; os anjos, a sua escolta; o arcanjo, o seu arauto e os santos, o seu glorioso cortejo (W.J.Grier. O maior de todos os acontecimentos. Imprensa Metodista. São Paulo, SP).
Na primeira vinda, a glória de Cristo não era autoevidente, mas na segunda vinda o será (Mc 14:61). A igreja triunfa com Ele, enquanto Seus adversários lamentarão (1:7; 6:15-16; Zc 12:10).

CONCLUSÃO

Temos hoje uma visão do Cristo glorificado? Temos honrado o seu glorioso nome? Estamos nos preparando para nos encontrar com Ele, como as virgens prudentes? Nossas lâmpadas estão cheias de azeite?
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 49.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Rev.Hernandes Dias Lopes – Apocalipse – O futuro chegou.
Rev.Hernandes Dias Lopes – Ouça o que o Espírito diz às Igrejas.