Texto Básico:Ap 2:1-7
"Lembra-te,
pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não,
brevemente a ti virei e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te
arrependeres"(Ap 2:5).
INTRODUÇÃO
“Éfeso” significa “desejável”. Essa igreja, que
começou bem a sua jornada rumo à Pátria celestial, havia abandonado o que lhe
deu o conceito de desejável: o Amor. Quanto à doutrina, era ortodoxa e implacável, mas quanto à prática
do amor, tornara-se heterodoxa, fria e seca. O amor é a
essência da vida cristã. (Mt 24:12; 1Co 13). Uma igreja sem amor é uma igreja
em decadência total.
I. ÉFESO, UMA IGREJA SINGULAR
A cidade de Éfeso, capital da Ásia Menor, era uma das maiores
cidades do mundo. Ali ficava o templo de Diana, uma das sete maravilhas do
mundo antigo. Era uma cidade cosmopolita (que apresenta aspecto comuns a
vários paises), essencialmente gentílica. Era uma cidade idólatra, um
centro de magia.
Ser crente em Éfeso
não era popular. Lá ficava um dos maiores centros do culto ao imperador. Muitos
crentes estavam sendo perseguidos e até mortos por não se dobrarem diante de
César. Outros estavam sendo perseguidos por não adorarem a grande Diana dos
Efésios. Outros estavam sendo seduzidos a cair nos falsos ensinos dos falsos
apóstolos. Mas os crentes estavam prontos a enfrentar todas as provas por causa
do nome de Jesus (Ap 2:2,3). Eles não esmoreciam. Permanecemos fiéis quando
somos perseguidos, provados e seduzidos? Hoje muitos crentes querem a coroa sem
a cruz; querem a riqueza sem o trabalho; querem a salvação sem a conversão;
querem as bênçãos de Deus sem o Deus das bênçãos.
1. Paulo em Éfeso. Paulo visitou a cidade de Éfeso no final da segunda viagem
missionária, por volta do ano 52 d.C. Em sua terceira viagem missionária,
permaneceu em Éfeso três anos, ensinando tanto a judeus como a gregos, pregando
tanto acerca do arrependimento como da fé em Cristo. Paulo tanto evangelizava
como ensinava. Ele era um evangelista e um mestre. Em Éfeso, Paulo enfrentou
feras, tribulações maiores que suas forças. Nessa cidade, o evangelho desbancou
a idolatria. Durante sua primeira prisão em Roma, Paulo escreveu a carta aos
efésios, agradecendo a Deus o profundo amor que havia na igreja.
Através da instrumentalidade de Paulo, vários
sinais de um poderoso avivamento podem ser constatados em Éfeso. Dentre eles
destacamos:
a) os novos convertidos receberam um
derramamento do Espírito (At 19:1-7). Aqueles que haviam
recebido apenas o batismo de João, ao ouvirem sobre o Espírito Santo, foram
batizados em nome de Jesus, receberam o Espírito Santo e tanto profetizaram
como falaram em línguas. A mesma experiência que já havia acontecido em
Jerusalém e Samaria agora acontecia também em Éfeso. Era a dispensação da graça
estendendo seus horizontes para um campo totalmente gentílico.
b) os enfermos eram curados (At 19:11,12). O evangelho em Éfeso chegou não apenas em palavras, mas,
sobretudo, em poder. Paulo pregou tanto aos ouvidos quanto aos olhos. Não
apenas as pessoas foram perdoadas e salvas, mas também curadas e libertas. É
importante ressaltar que a fonte do poder para curar não estava em Paulo. O
milagre não era feito pelo poder inerente de Paulo. O evangelista Lucas diz que
Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem
aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as
enfermidades fugiam, e os espíritos malignos se retiravam (At 19:11,12).
c) os crentes confessavam e denunciavam
publicamente suas obras (At 19:18). Onde há
avivamento, há confissão de pecados. Onde o pecado é encoberto, as chuvas do
céu são retidas. Onde o pecado é escondido, o derramamento do Espírito não é
revelado. Aqueles que crêem verdadeiramente em Cristo são os que confessam
publicamente suas obras más e as abandonam. Os efésios convertidos a Cristo não
se ocuparam de denunciar os pecados dos outros; eles denunciavam suas próprias
obras, e isso de forma pública.
d) os laços com o ocultismo foram
decisivamente rompidos (At 19:19). Muitos dos efésios
convertidos a Cristo vieram dos redutos do ocultismo, tão abundantes em Éfeso.
Eles não apenas denunciaram suas obras más, mas também queimaram em praça
pública seus livros de artes mágicas. Não há compatibilidade entre a fé cristã
e o ocultismo. Não há ligação entre Cristo e os demônios. Não há sintonia entre
o santuário de Deus e os ídolos. Não há comunhão entre a luz e as trevas.
2. A solidez doutrinária de Éfeso. Em toda a Ásia Menor,
não havia igreja mais dinâmica e ortodoxa do que a de Éfeso. Era uma igreja
apologética por excelência. Afinal, tivera o privilégio de ter como pastor, durante três anos,
o apóstolo Paulo, o maior teólogo e mestre do Cristianismo (At 20:31). Durante
esse tempo, Paulo lhe expôs todo o conselho de Deus (At 20:27). Até o próprio Jesus Cristo elogiou aquela igreja: “Eu sei as
tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os
maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são e tu os achaste
mentirosos; e sofreste e tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome e não te
cansaste. Tens, porém, isto: que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu
também aborreço”(Ap 2:2,3,6).
O preparo teológico da igreja de Éfeso era tão sólido, que o seu
pastor capacitara-se, inclusive, a confrontar os que se diziam apóstolos (Ap 2:2);
ela tinha discernimento espiritual. Tornou-se intolerante
com a heresia (Ap 2:2) e com o pecado moral (Ap 2:6). Lutou de forma renhida
contra as falsas doutrinas dos nicolaítas, que pregavam uma nova versão do
cristianismo. Eles pregavam um evangelho liberal, sem exigências e sem
proibições; eles queriam gozar o melhor da igreja e o melhor do mundo; eles
incentivavam os crentes a comer comidas sacrificadas aos ídolos; eles ensinavam
que o sexo antes e fora do casamento não era pecado; eles acabavam estimulando
a imoralidade. Mas a igreja de Éfeso não tolerou a heresia e odiou as obras dos
nicolaítas.
A igreja evangélica
brasileira precisa aprender nesse particular com a igreja de Éfeso.
Infelizmente, estamos vivendo a época da paganização da igreja. A igreja está
perdendo o compromisso com a verdade. As pessoas hoje parecem ter aversão à
teologia ortodoxa. Elas buscam novidades. O que determina o rumo da igreja não
é mais a Palavra de Deus, mas o gosto dos consumidores. A igreja não prega a
Palavra, mas o que dá ibope. A igreja oferece o que o povo quer ouvir. A igreja
está pregando outro evangelho: o evangelho do descarrego, do sal grosso, da
quebra de maldições, da prosperidade material, e não da santificação; da libertação,
e não do arrependimento.
A igreja está perdendo a capacidade de
refletir. Os crentes contemporâneos não são como os bereanos, nem como os
crentes de Éfeso, fiéis à doutrina. Estamos vendo uma geração de crentes
analfabetos em Bíblia, crentes ingênuos espiritualmente. Há uma preguiça mental
doentia progredindo em nosso meio. Os crentes engolem tudo aquilo que lhes é
oferecido em nome de Deus, porque não estudam a Palavra. Crentes que já
deveriam ser mestres, ainda estão como crianças agitadas de um lado para o
outro, ao sabor dos ventos da doutrina. Correm atrás da última novidade. São
ávidos pelas coisas sobrenaturais, mas deixam de lado a Palavra do Deus vivo.
3. Uma igreja de ministros excelentes. Além de Paulo, a igreja em Éfeso foi pastoreada por Timóteo e
Tíquico. Mais tarde, o apóstolo João pastoreou aquela igreja. Agora, depois de
quarenta anos, Jesus envia uma carta à segunda geração de crentes, mostrando
que a igreja permanecia fiel na doutrina, mas já havia se esfriado em seu amor.
A tradição relata que quando João, já muito idoso e demasiado fraco para caminhar,
foi levado à igreja de Éfeso, ele admoestava aos membros, dizendo-lhes:
"Filhinhos, amemo-nos uns aos outros"(HENDRIKSEN, William. Mas que
Vencedores, p. 69).
II. O PROBLEMA DE ÉFESO
1. Um grave
problema. A igreja em Éfeso Ela era uma referência em toda aquela região da
Ásia. Destacava-se por seu testemunho, esforço e extenuante labor pela expansão
do Reino de Deus. Mas, apesar de todas as suas inegáveis virtudes e qualidades,
havia um grave problema com a igreja em Éfeso: estava
desconectada da prática da piedade e do exercício do amor. Se ela se dispusesse a
resolver essa falha seria uma igreja perfeita. George Ladd
comentando sobre o esfriamento do amor da igreja de Éfeso, diz: “Este era um
fracasso que atacara, nas bases, sua vida cristã. O Senhor tinha ensinado que o
amor mútuo devia ser a marca que identificava a comunhão dos cristãos (João
13:35). Os convertidos de Éfeso tinham experimentado esse amor nos primeiros
anos de sua nova existência; mas parece que a luta contra os falsos mestres e seu
ódio por ensinos heréticos trouxeram endurecimento aos sentimentos e atitudes
rudes a tal ponto que levaram ao esquecimento da virtude cristã suprema que é o
amor. Pureza de doutrina e lealdade não podem nunca ser substitutos para o
amor” (Ladd, George. Apocalipse, p. 32).
2. O primeiro amor. Alguns acham que a
perda do “primeiro amor” por parte da igreja de Éfeso era uma baixa
produtividade ou um relaxamento no trabalho de Deus. Mas de acordo com o que
Jesus falou na carta à Igreja de Éfeso, não se trata apenas de “relaxar” no
trabalho de Deus, pois o Senhor lhes disse: “Conheço as tuas obras, tanto o
teu labor como a tua perseverança” (Ap 2:2a). A igreja de Éfeso se
destacava por suas muitas obras, seu labor árduo e sua perseverança paciente.
Não tolerava homens maus em seu meio. Tinha a capacidade de discernir falsos
apóstolos e lidar com eles de modo apropriado. Tampouco se trata de desânimo ou
desistência, uma vez que nesta mensagem profética o Senhor Jesus louva a
persistência desses cristãos de Éfeso: “e tens perseverança, e suportaste
provas por causa do meu nome, e não te deixaste esmorecer” (Ap 2:3).
O que mais denota ou caracteriza a perda deste
“primeiro amor” é o arrefecimento da chama da afeição. O entusiasmo ardente dos
primeiros dias havia desaparecido. Ao olharem para trás, seus membros veriam
dias melhores nos quais seu amor como noiva de Cristo fluía de modo caloroso,
pleno e desimpedido. Continuavam firmes na doutrina e ativos no serviço, mas o
verdadeiro motivo de toda adoração e serviço não estava presente. Precisavam se
lembrar dos dias mais venturosos do início da fé, se arrepender da perda do
“primeiro amor” e resgatar o serviço dedicado que havia caracterizado o
princípio de sua vida cristã. De outro modo, o Senhor removeria o “candeeiro”
de Éfeso, ou seja, aquela congregação deixaria de existir. Seu testemunho se
apagaria. Infelizmente, foi o que aconteceu.
3. Amnésia do Amor. Como alguém pode
esquecer de sua identidade? É isso mesmo, o amor é o cartão de identidade do
cristão. Bem
disse o pr. Claudionor de Andrade, “esquecer o primeiro amor não é incidente
teológico, é queda espiritual”.
Jesus advertiu: “Deixaste
o primeiro amor”(2:4). Isto se refere ao primeiro e profundo amor e
dedicação que os efésios tinham por Cristo e sua Palavra. Esta advertência nos
ensina que conhecer a doutrina correta, obedecer a alguns dos mandamentos e ir
aos cultos na igreja não bastam. Quando nosso conhecimento teológico não nos
move a nos afeiçoarmos mais a Deus o amor esfria. Conhecemos muito a respeito
de Deus, mas não desejamos ter comunhão com ele. Como o profeta Jonas falamos
que Ele é todo-poderoso, mas o desafiamos com nossa rebeldia. Falamos que ele é
amável, mas não temos prazer em falar com ele em oração. A igreja deve ter,
acima de tudo, amor sincero a Jesus Cristo e sua Palavra como um todo. O amor
sincero a Cristo resulta em devoção sincera a Ele, em pureza de vida e em amor
à verdade(2Co 11:3).
Deixamos também nosso
primeiro amor quando nosso amor por Jesus é substituído pelo nosso zelo
religioso. Defendemos nossa teologia, nossa fé, nossas
convicções e estamos prontos a sofrer e a morrer por essas convicções, mas não
nos deleitamos mais em Deus. Não nos afeiçoamos mais a Jesus. Já não sentimos
mais saudades de estar com ele. Os fariseus eram zelosos das coisas de Deus;
observavam com rigor todos os ritos sagrados, mas o coração deles estava seco
como um deserto.
Hoje, também, existem
crentes fiéis, mas sem amor. Crentes ortodoxos, mas secos como um poste.
Crentes que conhecem a Bíblia, mas perderam o encanto com Jesus. Crentes que
morrem em defesa da fé e atacam a heresia como escorpiões do deserto, mas não
amam mais o Senhor com a mesma devoção. Crentes que trabalham à exaustão, mas
não contemplam o Senhor na beleza de sua santidade. Sofrem pelo evangelho, mas
não se deleitam no evangelho. Combatem a heresia, mas não se deliciam na
verdade.
Deixamos, ainda,
nosso primeiro amor quando examinamos os outros e não examinamos a nós mesmos. A igreja de Efeso examinava os outros, mas não era capaz de
examinar a si mesma. Tinha doutrina, mas não tinha amor. Era capaz de
identificar os falsos ensinos e os falsos apóstolos, mas não identificava a
frieza do amor em si mesma. Identificava a heresia nos outros, mas não sua
própria apatia espiritual. Tinha zelo pela ortodoxia, mas estava vazia da
principal marca do cristianismo, o amor.
III. VOLTANDO AO PRIMEIRO AMOR
Jesus adverte: “Lembra-te, pois, de onde caíste,
arrepende-te e volta à prática das primeiras obras...”(Ap 2:5).
Estamos vivendo uma
crise de valores na igreja. Abandonamos a simplicidade do evangelho.
Substituímos a sã doutrina pelas novidades do mercado da fé. Trocamos a verdade
pelo sucesso. Substituímos a pregação pelo espetáculo. Colocamos no lugar da
oração, em que nos quebrantávamos e chorávamos pelos nossos pecados, os grandes
ajuntamentos, em que saltitamos ao som estrondoso e ensurdecedor dos nossos
instrumentos eletrônicos.
“Precisamos
desesperadamente voltar ao primeiro amor. Precisamos de um reavivamento que nos
traga de volta o frescor da vida abundante em Cristo Jesus. Precisamos
desesperadamente do revestimento e do poder do Espírito Santo. Precisamos de
uma igreja fiel que prefira a morte à apostasia. Uma igreja santa que prefira o
martírio ao pecado. Uma igreja que ame a Palavra mais do que o lucro. Uma
igreja que chore pelos seus pecados e pelas almas que perecem, e não pelas
dificuldades da vida presente. Precisamos de uma igreja que tenha visão
missionária e compaixão pelos que sofrem. Uma igreja que tenha ortodoxia e piedade,
doutrina e vida, discurso e prática. Uma igreja que pregue aos ouvidos e aos
olhos”(Rev. Hernandes Dias Lopes).
1. Rica em obras, pobre em amor. O Senhor começa Sua carta com um elogio aos crentes efésios: “Eu
sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência...”. Eles eram
pacientes e trabalhadores. Era uma igreja que possuía um grau avançado de
conhecimento bíblico, e não temia utilizá-lo em sua administração, a ponto de
provarem os apóstolos para ver se eram realmente verdadeiros. Ou seja, podemos
entender que era uma igreja que não tolerava o pecado. Seus crentes eram
incansáveis em seus trabalhos em prol do Reino de Deus. Mas, de alguma forma,
eles esqueceram-se do primeiro amor. É provável que quanto mais se ocupassem em
seus trabalhos, mais se esquecessem de para quem estavam trabalhando e da
comunhão que deveriam ter com Jesus. Isso o Senhor não iria permitir. Ele quer
o nosso amor, mais do que as muitas ocupações que podemos ter em nossas
igrejas. Até mesmo o auto-sacrifício sem o amor nada é, conforme destaca o
apóstolo Paulo em 1Co 13:3: “E ainda que distribuísse toda a minha fortuna
para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser
queimado, e não tivesse caridade, nada disso me aproveitaria”.
2. Amar é a
mais elevada das obras. O amor a Deus deve ser prioritário no
coração de quem procura servi-lo (Mt 10:37). Deus se alegra em ver seus filhos
dando prioridade a Ele. Priorizar a Deus é amá-lo acima de todas as coisas.
Aliás, é o mandamento mais sublime: “"Amarás ao Senhor teu
Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento" (Mt 22:37). Jesus não aceita que o amemos
parcialmente; Ele requer que o amemos “de todo o nosso coração”.
Devemos amá-lo, também, “de toda a alma”, ou seja, toda a nossa personalidade,
toda a nossa individualidade tem de ser sujeita ao Senhor e à Sua vontade. Como
sabemos, a alma humana é a sede dos
pensamentos, das emoções, da personalidade, é o elemento que nos faz
distintos uns dos outros e cujas principais faculdades são a vontade, o
intelecto e o sentimento. Ora, é a submissão de tudo isto a Deus que
significa o nosso amor ao Senhor. Quando amamos a Deus, colocamos nosso
sentimento, nosso intelecto e nossa vontade a serviço do Senhor. Somente assim
realmente demonstraremos que amamos a Deus. Muitos têm fracassado na fé, têm
deixado de frutificar porque não amam de toda a alma, porque querem dar um
espaço para o “eu”, quando deveriam renunciar a si mesmos (Mt 16:24) e deixar
Cristo viver neles. Sigamos o exemplo do apóstolo Paulo e não mais vivamos, mas
deixemos que Cristo viva em nós (Gl 2:20). Veja o belo exemplo de Habacuque que
amava a Deus sobre todas as coisas, mesmo desprovidos de qualquer bênção
material: “Ainda que a figueira não floresça, nem
haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam
mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas, e nos currais não haja
vacas, todavia, eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação”
(Hc 3:17,18).
IV. LEMBRANDO-SE DO PRIMEIRO AMOR
A igreja de Éfeso foi
chamada a lembrar-se, a arrepender-se e a voltar à prática das primeiras obras.
Caso esse expediente não fosse tomado, Jesus sentencia: "Se não te
arrependeres, logo virei contra ti e tirarei o teu candelabro do seu
lugar" (Ap 2:5). Jesus não apenas diagnostica a doença da igreja, más
também lhe oferece o remédio eficaz. A igreja precisava reavivar sua memória,
mudar sua mente e sua atitude. Não basta reconhecer o erro nem mesmo sentir
tristeza por ele; é preciso voltar as costas ao pecado e a face para Deus em
uma demonstração sincera de arrependimento. É preciso voltar às primeiras
obras. É preciso resgatar o que se perdeu. É preciso voltar à simplicidade do
cristianismo sem as sofisticações que agregamos na caminhada rumo ao Céu. A
ordem de Jesus é arrepender e viver ou não se arrepender e morrer. O
arrependimento produz vida; e a desobediência, morte. A falta de arrependimento
apagou a lâmpada da igreja de Éfeso, e a mesma cidade que experimentara um
poderoso avivamento no passado, agora jaz mergulhada em um caudal de trevas e
obscurantismo.
Como voltar ao primeiro amor? O próprio Jesus aponta o caminho de
restauração: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à
prática das primeiras obras...”(Ap 2:5). Cristo falou de três passos
práticos que devemos dar a fim de voltarmos ao primeiro amor: (1) “Lembra-te”;
(2) “Arrepende-te”; (3) “Volta à prática das primeiras obras”.
1. Lembrar-se de onde caiu. Jesus foi
enfático à igreja: "Lembra-te, pois, de onde caíste". A igreja não
está sendo chamada a relembrar seu pecado. Não está sendo dito: lembra-te em
que situação caíste, mas de onde caíste. O filho pródigo começou seu caminho de
restauração quando se lembrou da casa do Pai. O passado precisa novamente
tornar-se um presente vivo. O profeta Jeremias declarou: “Quero trazer à
memória o que me pode dar esperança” (Lm 3:21). A solução é nos lembrarmos
de onde começamos a nos afastar do Senhor. Deus não nos manda aprender nada
novo, apenas lembrar-nos de onde caímos: "lembra-te de onde caístes".
Algumas lembranças
têm o poder de produzir em nós um caminho de restauração. Muitas vezes não nos
damos conta daquilo que temos perdido. E uma boa forma de dimensionar nossas
perdas é contrastar aquilo que estamos vivendo hoje com aquilo que já
experimentamos antes em Deus. Relembrar os primeiros momentos de fé, de
experiência com Deus é a melhor maneira de retomar a experiência do primeiro
amor. Esse passo é de suma importância para os que se esqueceram de que a
comunhão com o Senhor é mais importante do que as coisas que fazemos para Ele.
2. Arrepender-se. Em seguida Jesus
disse: "arrepende-te". Arrependimento não é emoção, é
decisão. É atitude. Não precisa existir choro, basta decisão. O filho pródigo
não só se lembrou da casa do Pai, mas voltou para a casa do Pai. Lembrança sem
arrependimento é remorso. Essa foi a diferença entre Pedro e Judas.
Arrepender-se representa mudar a mente, mudar a direção, voltar-se para Deus.
Representa deixar o pecado. Representa romper com o que está entristecendo o
nosso Senhor Jesus. O que está fazendo seu coração esfriar? Deixe isso de lado.
Arrependa-se.
Há uma solene advertência à igreja, caso ela
não se arrependa. Jesus disse: "logo virei contra ti e tirarei o teu
candelabro" (Ap 2.5). Candelabro é feito para brilhar. Se ele não
brilha, ele é inútil, desnecessário. A igreja não tem luz própria. Ela só
reflete a luz de Cristo. Mas, se não tem intimidade com Cristo, ela não brilha;
se ela não ama, não brilha, porque quem não ama está nas trevas. Portanto, Jesus
Cristo rejeitará toda congregação ou igreja que não se arrepender de sua falta
de amor e obediência ao Senhor Jesus Cristo, e a removerá do seu reino.
3. Voltar a prática das primeiras obras. Finalmente Jesus disse: “volta à prática das primeiras obras".
Como mencionei no item III.1 acima, os crentes efésios eram ricos em obras. Foi
o próprio Jesus quem o disse. Então por que voltar às primeiras obras?
Certamente, esses crentes eram bastante esforçados em seus trabalhos em prol do
Reino de Deus. Todavia, no trabalho que desempenhavam em prol do reino de Deus
estava ausente o principal e indispensável elemento: o amor. É provável que
quanto mais se ocupassem em seus trabalhos, mais se esquecessem de para quem
estavam trabalhando e da comunhão que deveriam ter com Jesus. Nenhuma obra é
completa e perfeita sem o amor incondicional a Jesus Cristo.
Você que se afastou dele, que está frio. Você
que deixou de orar, de se deleitar na Palavra. É tempo de voltar-se para Jesus,
de se devotar novamente a Ele. Arrependa-se de ter deixado a verdadeira ortopraxia
cristã, conforme os ditames da Palavra de Deus, e volte à prática das primeiras
obras. Mas, não adianta se arrepender e depois repetidamente se arrepender. É
necessário arrependimento e depois frutos do arrependimento, ou seja, as
primeiras obras. Ninguém se arrepende de um pecado e continua praticando esse
mesmo pecado. Amém?
CONCLUSÃO
A carta à igreja dos efésios nos ensina que a ortodoxia uma vez
praticada sem amor, esfria e mata a verdadeira espiritualidade. Não podemos, a
pretexto de "zelar" pela verdade, desconsiderar o cultivo de uma
profunda espiritualidade banhada em amor. A nossa mensagem deve tocar mentes e
corações. Assim, como o Senhor requereu da igreja de Éfeso, devemos voltar ao
primeiro amor e encharcarmo-nos do Evangelho da Graça de Deus.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD –
Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular
(Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 49.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Rev.Hernandes Dias Lopes – Apocalipse – O
futuro chegou.
Rev.Hernandes Dias
Lopes – Ouça o que o Espírito diz às Igrejas.
cadê os exercícios com perguntas e respostas?
ResponderExcluirmuito bom seus estudos que Deus continui te abençoando e te usando,muito tem nos ajudado.
ResponderExcluirExcelente professor!!!
ResponderExcluirA paz do Senhor meu irmão
ResponderExcluirMuito edificante sua aula.
Erivelton Figueiredo
Muito obrigado. O senhor faz seus estudos em cima da liçao da CPAD?
ResponderExcluirPor que está muito parecida, algumas palavras até estão no mesmo lugar.
Os tópicos são até os mesmos.
Caro irmão "anônimo", os estudos aqui são subsídios às lições bíblicas da CPAD, por tópico e item. O objetivo é otimizar as aulas dos professores.
ExcluirGrato pela tua participação.
Luciano
Caro irmão "anônimo", os estudos aqui são subsídios às lições bíblicas da CPAD, por tópico e item. Este foi o anseio de muitos seguidores deste blog que eu fizesse os subsídios por tópico e item propostos. O objetivo é otimizar as aulas dos professores.
ExcluirGrato pela tua participação.
Luciano
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA Paz do Senhor irmão
ExcluirVocê poederia me responder se a igreja de Éfeso orava?
Se orava ou não existe alguma refencia?
Deus abençoe!!!
que Deus continue te abençoando muito,e te dando cada vez mais sabedoria para continuar com esses comentarios,pois tem nos ajudado muito,nas escolas biblicas de nossas igrejas,é um comentario,muito bom bem esclarecido e muito espíritual,que o Espírito Santo de Deus,te de cada vez mais capacidade em nome de Jesus.
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