domingo, 17 de março de 2013

Aula 12 – ELISEU E A ESCOLA DE PROFETAS


1º Trimestre/2013

 
Texto Básico:2Rs 6:1-7

 
“Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2Tm 2:1,2).

 

1. Introdução


Nos dias de Elias, a apostasia e a vergonhosa idolatria haviam se alastrado entre o povo de Deus, impulsionadas pelos devaneios de Acabe e Jezabel. O povo de Israel havia trocado a glória de seu Deus pela fútil veneração ao falso deus Baal, considerado pelos desviados e apóstatas como o “senhor da chuva e das tempestades”. Mas, o assombroso confronto no Monte Carmelo entre Elias e os falsos profetas de Baal e Aserá bem como os fenomenais prodígios de Eliseu começaram a reverter a triste situação. Aqueles que antes se escondiam pelo temor de Jezabel passaram a manifestar publicamente a sua fé. O despertamente foi tamanho que, por toda parte, surgiram “escolas teológicas” formando novos mensageiros de Jeová. Haviam grupos de estudantes em Ramá, Gibeá, Gilgal e Jericó (2Rs 2:3,5,7,15; 4:1,38; 9:1,2). Por diversas vezes, em algumas passagens nos livros dos Reis, vemos aparecer a expressão “filhos dos profetas”, mas pelo contexto destas passagens percebe-se que tem a mesma significação que “escola de profetas”. Ressalta-se que as “escolas de profetas” não tinham como propósito ensinar a profetizar, isso é uma atribuição divina; era um testemunho vivo de que o povo de Deus, em um passado distante do Antigo Testamento, preocupava-se em passar às gerações mais novas sua experiência cultural e espiritual.

Neste subsidio à lição 12, quero esclarecer um pouco mais dessas “escolas”, seu cotidiano, seus objetivos e sua relevância.

2. A instituição das “escolas de profetas”. Nem todos os profetas do passado tiveram uma formação teológica convencional. Amós, por exemplo, saiu diretamente do agreste judaico para as ruas de Samaria (capital de Israel – Reino do Norte), proclamando sua mensagem profética da única maneira que sabia: “cantando”. Miquéias, à semelhança de Amós, era homem do campo, e provinha de família humilde, mas ergueu a voz para denunciar os pecados de Jerusalém e os esquemas de corrupção no palácio, no poder judiciário e nos corredores do Templo. A maioria dos profetas, no entanto, até mesmo aqueles que nos são desconhecidos, receberam uma formação teológica mais “especializada”. Por serem uma escola - tipo um seminário -, entende-se que possuía uma certa estrutura física e uma organização mínima para funcionamento a contento, e estavam sob uma liderança que oferecia a devida orientação adequada. No texto de 2Reis 6:1, verificamos que Eliseu era o líder maior dos discípulos dos profetas, e era com ele que buscavam instrução. À época do profeta Samuel essas escolas já existiam; tudo indica que ele tenha sido o primeiro a tomar a iniciativa de organizar esse tipo de “ensino teológico” (cf 1Sm 10:5,10; 19:23). Geralmente os estudantes moravam juntos em uma casa ou em pequenas comunidades, onde o ensino era ministrado (2Rs 6:1,2). Alguns “seminaristas” eram casados e mantinham seus próprios lares (2Rs 4:1).

3. Objetivos das “escolas de profetas”: treinamento e encorajamento.

-          Com relação ao treinamento, além da teoria, a execução de determinadas tarefas, sob permissão do instrutor, eram permitidas, como se observa no ocorrido de 2Reis 2:15-17: “Vendo-o, pois, os filhos dos profetas que estavam defronte em Jericó, disseram: O espírito de Elias repousa sobre Eliseu. E vieram-lhe ao encontro e se prostraram diante dele em terra. E disseram-lhe: Eis que, com teus servos, há cinqüenta homens valentes; ora, deixa-os ir para buscar teu senhor; pode ser que o elevasse o Espírito do Senhor e o lançasse em algum dos montes ou em algum dos vales. Porém ele disse: Não os envieis. Mas eles apertaram com ele, até se enfastiar; e disse-lhes: Enviai. E enviaram cinqüenta homens, que o buscaram três dias, porém não o acharam”. Esse processo interativo entre o líder e o liderado, entre o educador e o educando, é vital para produção do conhecimento. Em outras situações observamos que os filhos de profetas, quando já treinados, podiam agir por conta própria em determinadas situações (1Rs 20:35).

-          Com relação ao encorajamento, os alunos eram encorajados a buscarem uma melhor compreensão da Palavra de Deus. Não há objetivo maior para um educador do que encorajar o educando a buscar a excelência no ensino.

4. Currículo das “escolas de profetas”. A formação acadêmica dos “discípulos de profetas” consistia no estudo das Escrituras (os livros históricos e os poéticos) e das leis mosaicas. Havia espaço ainda para a instrução na música sacra e na poesia (1Sm 10:5). O “professor”, um profeta mais experiente, transmitia o ensino com seu exemplo de vida e seu trabalho, e eram eles mesmos que consagravam os novos obreiros à missão de reconduzir o rebanho desgarrado de Israel ao aprisco do Senhor, o pastor de nossa  alma (Sl 23).

5. Aprendendo na provação. A vida diária nas escolas de profetas não era nada cômoda. Os estudos eram exaustivos, as acomodações eram precárias (2Rs 6:1), a falta de recursos era uma constante (2Rs 4:1), o trabalho era árduo e, se não bastasse isso tudo, a comida era escassa, geralmente produzida por eles mesmos, em hortas comunitárias. As coisas ficaram ainda piores quando Deus enviou uma estiagem que durou sete anos (cf. 2Rs 8:1). Se a nação toda padeceu, quanto mais aqueles que deixaram tudo pelo ministério!

Foi exatamente nesse contexto de crise que Eliseu, o “homem de Deus”, chegou no seminário de Gilgal para uma “série de conferências”. A receptividade foi calorosa, mas a despensa estava vazia. Eliseu enviou um dos alunos ao campo para colher frutos e raízes comestíveis, a fim de preparar um sopão para todos. Mas algo saiu errado: um dos ingredientes estragou a sopa, tornando-a amarga e venenosa. A “colocíntida” (2Rs 4:39), uma espécie de pepino selvagem, em pequenas quantidades era usada para fins medicinais, mas em grande quantidade tornava-se tóxica e extremamente amarga.

Uma das coisas admiráveis neste texto é que, embora o gosto estivesse horrível, todos comeram sem reclamar. O único comentário que surgiu foi quando atinaram para o perigo de conter algo venenoso. Essa é uma boa lição de educação, respeito e ética. Interessante também é notar que Deus permitiu tal acontecimento para mostrar o Seu cuidado aos que a Ele se consagram. Deus usa o homem, e o homem usa o que tem à mão. Eliseu usou farinha, e esse ingrediente anulou o veneno. O milagre aconteceu, não por causa da farinha, mas pela fé de Eliseu. Ele poderia ter usado cevada, hortelã, pão ou qualquer outro ingrediente, e o resultado seria o mesmo.

Aprendemos com esses seminaristas que: Deus cuida de Seus servos, geralmente usando o que eles têm à mão aliado à quantidade de sua fé. A viúva do profeta (2Rs 4:1-7) colocou perante Deus, o pouquinho que tinha, e no que é que deu? Da mesma forma, se usarmos aquilo que temos, ainda que seja pouco, e usarmos com fé, grandes coisas Deus fará por nós.

6. Ensinando através do exemplo. Eliseu demonstrou o poder de Deus com milagres realizados, mas também ensinou pelo seu próprio exemplo. Citamos dois exemplos:

- Primeiro exemplo: Certa feita, um homem da cidade vizinha (Baal-Salisa) veio à “casa de profetas” trazer uma oferta em mantimentos para o sustento de Eliseu, conforme prescrevia a Lei de Moisés (Nm 18:13; Lv 23:10; Dt 18:4). A oferta era generosa para um só homem “professor”, mas insuficientemente para cem alunos (2Rs 4:43). Era um direito de Eliseu reter a oferta só para si, pois “digno é trabalhador do seu salário” (Lc 10:7), contudo, preferiu repartir aquela bênção com os demais colegas de ministério, e Deus abençoou a sua decisão: “todos comeram e ainda sobrou” (2Rs 4:43). Eliseu demonstrou a principal virtude de um homem de Deus: amor ao próximo. Este exemplo que Eliseu manifestou certamente foi um grande ensino para aqueles discípulos. Ele demonstrou o seguinte modo de viver: o que é meu também é teu. Aquele que reparte de bom grado as suas dádivas sempre as terá em abundância – “Daí, e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante, generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também “ ( Lc 6:38).

- Segundo exemplo: Geazi era seu aluno, e convivia com o profeta, vendo milagres. Não é exagero dizer que Eliseu aprendeu muitas coisas com o convívio que teve com Elias, e Geazi também observou os atos de Eliseu. Mas aqui cabe uma observação: Ao passo que Eliseu aprendeu coisas com Elias e teve um ministério frutífero, Geazi optou pelo caminho oposto. Na ocasião em que esteve com o capitão siro Naamã, Geazi demonstrou que não estava apto para o ministério profético pois foi seduzido pelos presentes que Naamã, já curado, ofereceu a Eliseu. Nessa ocasião, vendo Geazi que Eliseu rejeitou os presentes de Naamã, cobiçou-os e foi atrás do siro, contando-lhe uma história piedosa:

E foi Geazi em alcance de Naamã; e Naamã, vendo que corria atrás dele, saltou do carro a encontrá-lo e disse-lhe: Vai tudo bem? E ele disse: Tudo vai bem; meu senhor me mandou dizer: Eis que agora mesmo vieram a mim dois jovens dos filhos dos profetas da montanha de Efraim; dá-lhes, pois, um talento de prata e duas mudas de vestes. E disse Naamã: Sê servido tomar dois talentos. E instou com ele e amarrou dois talentos de prata em dois sacos, com duas mudas de vestes; e pô-las sobre dois dos seus moços, os quais os levaram diante dele. E, chegando ele à altura, tomou-os das suas mãos e os depositou na casa; e despediu aqueles homens, e foram-se” (2Rs 5:21-24).

Mas, Deus julgou severamente o cobiçoso e materialista Geazi:

“Então, ele entrou e pôs-se diante de seu senhor. E disse-lhe Eliseu: De onde vens, Geazi? E disse: Teu servo não foi nem a uma nem a outra parte. Porém ele lhe disse: Porventura, não foi contigo o meu coração, quando aquele homem voltou de sobre o seu carro, a encontrar-te? Era isso ocasião para tomares prata e para tomares vestes, e olivais, e vinhas, e ovelhas, e bois, e servos, e servas? Portanto, a lepra de Naamã se pegará a ti e à tua semente para sempre. Então, saiu de diante dele  leproso, branco como a neve” (2Rs 5:25-27).

Porque Deus julgou Geazi de forma tão severa? Primeiro, porque ele foi um homem cobiçoso. Segundo, porque ficou indignado de ver Naamã ser curado e não pagar nada pela cura que recebeu. Terceiro, porque mentiu para obter os presentes que Naamã daria a Eliseu. Quarto, não podemos usar os dons que Deus nos concede para lucrar de forma pessoal.

Que essas observações nos sirvam de exemplo, para que não sejamos julgados por Deus por conta de tais manifestações de infidelidade.

CONCLUSÃO


As Escolas de profetas na época de Elias e de Eliseu eram dedicadas ao ensino formal da Palavra de Deus e ao comportamento ético do futuro profeta. A preocupação com o aspecto espiritual do povo de Israel era sua principal bandeira esses líderes. Esses futuros profetas seriam mais tarde líderes que teriam de confrontar as falsas teologias e a idolatria que os maus reis obrigavam o povo a aceitar. Assim como era importante o estudo da Palavra de Deus naquela época, também o é atualmente. Infelizmente, os tempos mudaram e os seminários teológicos se “conformaram com o mundo” – procuram parecenças com as faculdades seculares e, por isso, buscam reconhecimento do MEC -, mas o prejuízo tem sido enorme, pois a teologia liberal tem predominado sobremaneira na maioria dos seminários com prejuízos incalculáveis à ortodoxia das Escrituras Sagradas.

Em qualquer época, sejam tempos de fartura ou tempos de escassez, de paz ou de guerra, de bonança ou de tempestade, a Igreja tem a responsabilidade de salvaguardar a verdadeira e original doutrina bíblica que se acha nas Escrituras Sagradas, e transmiti-las aos fiéis - “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus. E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2Tm 2:1,2).

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.

A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.

Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.

Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.

Elias e Eliseu (homens de ação) – Editora cristã Evangélica.

 

domingo, 10 de março de 2013

Aula 11 – OS MILAGRES DE ELISEU


1º Trimestre/2013

 
Texto Básico:2:9-14

 
“Ora, o rei falava a Geazi, moço do homem de Deus, dizendo: Conta-me, peço-te, todas as grandes obras que Eliseu tem feito” (2Rs 8:4).

 

INTRODUÇÃO


O ministério de Eliseu foi ratificado pelos milagres que Deus realizou por sua instrumentalidade. Foram 14 (quatorze) milagres ao longo de seu ministério, a saber: (1) dividir as águas do Jordão (2Rs 2:14); (2) sanear uma fonte (2Rs 2:19-22); (3) amaldiçoar zombadores (2Rs 2:24); (4) encher os poços com água (2Rs 3:15,26); (5) multiplicar o azeite de uma viúva (2Rs 4:1-7); (6) predizer uma gestação (2Rs 4:17); (7) fazer voltar à vida um jovem morto (2Rs 4:32-37); (8) neutralizar veneno (2Rs 4:38-41); (9) multiplicar pães (2Rs 4:42-44); (10) curar a lepra de Naamã (2Rs 5:1-19); (11) amaldiçoar Geazi com lepra (2Rs 5:20-27); (12) preparar armadilha para a força militar Síria (2Rs 6:8-25); (13) revelar um exército de anjos (2Rs 6:15-16); e (14) predizer o alívio para a sitiada Samaria (2Rs 6:24-7:20). De forma geral, esses milagres foram manifestos em momentos de angústia, onde apenas Deus poderia intervir, como foi o caso da predição da abundância de alimentos para Samaria sitiada e faminta, e a volta à vida do filho da Sunamita, que havia morrido.

Nesta Aula, trataremos apenas 08(oito) dos 14(quatorze) milagres que Deus realizou por instrumentalidade de Eliseu. Dividiremos aqui as narrativas desses milagres em quatro grupos, tornando o ensino mais didático: milagres de provisão, restituição, restauração e julgamento. Todas essas intervenções divinas operadas por Eliseu tinham como único propósito não exaltar as virtudes do profeta, mas evidenciar a graça e a glória do Todo-Poderoso.

I. OS MILAGRES DE PROVISÃO


1. A multiplicação dos pães(2Rs 4:42-44).E um homem veio de Baal-Salisa, e trouxe ao homem de Deus pães das primícias, vinte pães de cevada e espigas verdes na sua palha, e disse: Dá ao povo, para que coma. Porém seu servo disse: Como hei de eu pôr isso diante de cem homens? E disse ele: Dá-o ao povo, para que coma; porque assim diz o SENHOR: Comer-se-á, e sobejará. Então, lhos pôs diante, e comeram, e deixaram sobejos, conforme a palavra do SENHOR”.

Este é um milagre de  Provisão. O milagroso poder de Deus se manifestou através da pequena quantidade de alimento que se multiplicou e se tornou mais do que suficiente para cem homens. Essa era a forma de Deus demonstrar que Ele proveria aos seus profetas. Quando Jesus esteve aqui na Terra, em sua forma encarnada, Ele operou um milagre com a mesma dinâmica, mas em maior proporção (cf Lucas 9:10-17). Em ambos os acontecimentos, é assaz evidente a graça de Deus em prover o necessário para os carentes.

2. Abundância de víveres (ler 2Rs 7:1-18). O contexto histórico desta narrativa bíblica refere-se à época do rei Jorão, filho de Acabe. Tal qual o seu pai, fez o que era mau aos olhos do Senhor Deus de Israel  (2Rs 3:1,2). Ele aderiu aos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, que fizera pecar a Israel; não se apartou deles (2Rs 3:3). A consequência de suas ações pecaminosas foi o cerco à cidade de Samaria pelo rei da Síria, Ben-Hadade. Com a cidade sitiada, a consequência natural foi a escassez de alimentos. Por causa do cerco e, por conseguinte, a fome severa, até canibalismo foi praticado: as mães comiam seus próprios filhos (2Rs 6:28). Esse reprovável ato dessas mulheres é uma demonstração clara que Israel perdera a fé e se afastara da confiança em Deus. Um dos resultados principais do repúdio a Deus e à sua Palavra é a perda do amor e da afeição à família (cf. Dt 28:15,53-57).

Eliseu profetizara que a falta de alimentos chegaria ao fim e que seus preços cairiam, até chegar ao normal (2Rs 7:16). E foi o que aconteceu. Foi realmente um grande milagre, que aconteceu de forma sobrenatural e fora da lógica humana. Com esse acontecimento, os israelitas compreenderam que a palavra do Senhor era realmente a verdade, e que Deus, na sua misericórdia, salvara a nação apóstata, da calamidade, para que se arrependesse e voltasse a Ele; e que a incredulidade e a recusa em obedecer a palavra de Deus resultaram em mais castigos(veja o caso do capitão – vv. 2,17-20).

É Deus, não os ídolos sem valor, quem nos dá nosso alimento cotidiano. Apesar de nossa fé às vezes ser fraca ou bem pequena, jamais nos tornemos céticos quanto à provisão do Senhor. Quando nossos recursos estiverem reduzidos e nossas dúvidas forem muito fortes, lembremo-nos de que Deus pode abrir as comportas do Céu.

II. OS MILAGRES DA RESTITUIÇÃO


1. A restauração do filho da sunamita (2Rs 4:32-37).E, chegando Eliseu àquela casa, eis que o menino jazia morto sobre a sua cama.  Então, entrou ele, e fechou a porta sobre eles ambos, e orou ao SENHOR. E subiu, e deitou-se sobre o menino, e, pondo a sua boca sobre a boca dele, e os seus olhos sobre os olhos dele, e as suas mãos sobre as mãos dele, se estendeu sobre ele; e a carne do menino aqueceu. Depois, voltou, e passeou naquela casa de uma parte para a outra, e tornou a subir, e se estendeu sobre ele; então, o menino espirrou sete vezes e o menino abriu os olhos. Então, chamou a Geazi e disse: Chama essa sunamita. E chamou-a, e veio a ele. E disse ele: Toma o teu filho. E veio ela, e se prostrou a seus pés, e se inclinou à terra; e tomou o seu filho e saiu”.

Na cidade de Suném (4:8), perto do Mar da Galiléia, havia uma senhora casada com um próspero fazendeiro que se mostrou generosa para com o profeta, dando-lhe boa acolhida em sua casa e até construindo um quarto extra, especialmente para hospedá-lo em  suas passagens por lá. Ela tinha tudo o que precisava, mas não tinha o que mais desejava – um filho.

Em Israel a ausência de filhos era sempre motivo de chacota e desprezo, e ainda que o marido fosse estéril ou demasiadamente velho, a culpa sempre era da  esposa. A sunamaita, apesar da tranquilidade financeira, carregava sobre si esse imenso desconforto. Eliseu, por sua vez, retribuiu a generosidade intercedendo pelo milagre de um filho, e Deus concedeu-lhe essa graça.

Passados alguns anos aquela criança adoeceu gravemente e acabou falecendo nos braças da mãe. Ela, que no início duvidara da promessa de Eliseu, agora, amadurecida na fé, pôde crer na restituição miraculosa de seu filho morto. Agiu rapidamente no sentido de encontrar o profeta e nem contou ao marido o que havia ocorrido, na certeza de que Deus resolveria a questão antes que a tragédia viesse à tona. Eliseu deixou tudo o que estava fazendo para vir em socorro da mulher e da criança, e ao chegar na casa fez duas coisas: clamou a Deus e tentou aquecer aquela pequena vítima.

O método de Eliseu funcionou. Deus ouviu o seu clamor e, com isso, a confiança daquela mãe, que mesmo em meio às lágrimas, foi surpreendentemente recompensada. Prostrou-se aos pés de seu benfeitor, cheia de júbilo, e saiu com o filho nos braços glorificando a Deus.

Aquilo que cabe a nós, isso devemos fazer, pois Deus mesmo concedeu os meios naturais que nos ajudam a sobreviver. Porém, há coisas que só pela força sobrenatural de Deus podemos obter.

2. O machado que flutuou (2Rs 6:1-7).E disseram os filhos dos profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos diante da tua face nos é estreito. Vamos, pois, até ao Jordão, e tomemos de lá, cada um de nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar, para habitar ali. E disse ele: Ide. E disse um: Serve-te de ires com os teus servos. E disse: Eu irei. E foi com eles; e, chegando eles ao Jordão, cortaram madeira. E sucedeu que, derribando um deles uma viga, o ferro caiu na água; e clamou e disse: Ai! Meu senhor! Porque era emprestado. E disse o homem de Deus: Onde caiu? E, mostrando-lhe ele o lugar, cortou um pau, e o lançou ali, e fez nadar o ferro. E disse: Levanta-o. Então, ele estendeu a sua mão e o tomou”.

O fato do machado de ferro ou de bronze, que havia afundado, ter subido à superfície foi um completo milagre. Foi uma demonstração do poder de Deus. Um machado de ferro ou bronze, naqueles dias, era uma ferramenta muito cara, e esse pobre homem ficou aflito ao pensar na sua responsabilidade pela ferramenta emprestada. O milagre serviu para enfatizar aos jovens profetas que, no conflito com a adoração a Baal, Deus trabalhava a favor deles. Também serviu para mostrar o cuidado e a provisão de Deus para aqueles que confiam nele, mesmo nos acontecimentos mais insignificantes da vida cotidiana. Deus está sempre presente. Ele está pronto a restituir o que perdemos, mas precisamos ter consciência disso.

III.  OS MILAGRES DE RESTAURAÇÃO


1. A cura de Naamã (ler 2Rs 5:1-19). Algumas coisas nos chamam a atenção no relato desse milagre.

a) O testemunho da fé (2Rs 5:1-8). Naamã, general do exército da Síria, era um grande homem diante do seu rei, do seu povo, e de muito respeito...porém, leproso. Na vida de um grande homem, por mais importante e destacado entre o seu povo, há sempre um “porém”. Não adianta ensoberbecer, há sempre um “porém”. Este general havia conquistado tudo que desejava, “porém, havia perdido aquilo que mais prezava – sua saúde, tornara-se leproso. A menina israelita, por sua vez, perdera tudo que mais amava, mas manteve saudável a sua fé. E apesar da indignação de ser raptada, de perder o contato com a amada família, de ser reduzida à vil escravidão, de perder a sua infância, de ter de servir a um tirano, inimigo de seu povo, e pior ainda, um leproso, apesar de tudo isso manteve firme sua confiança em Deus. Mostrou-se disposta a testemunhar de sua fé naquele ambiente hostil, oferecendo uma benção àquele que a ofendeu: “tomara o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra” (2Rs 5:3). A atitude e a fé dessa menina israelita nos dá a seguinte lição: nem sempre o ambiente onde vivemos, estudamos e trabalhamos vem a ser aquilo que gostaríamos, mas nunca deixará de ser um lugar de oportunidade, onde nossa fé, mesmo com lágrimas, poderá ser semeada e mudanças alegres poderão ser colhidas (veja Salmo 126:6).

As boas novas logo se espalharam chegando até o trono do rei da Síria, Ben-Hadade. Aquele reino próspero e poderoso nada podia fazer em benefício de seu herói, mas o “fraco” reino de Israel, por eles saqueado, possuía homens com grande poder espiritual. O opressor agora dependia do oprimido, o forte precisava do fraco, e dessa forma o nome de Deus foi exaltado entre as nações. Ben-Hadade enviou seu general favorito ao rei de Israel, com uma grande comitiva, um batalhão fortemente armado e uma considerável fortuna, a fim de encorajar a cooperação do rei Jorão – “encontrar o tal profeta milagroso”. A abordagem de Naamã foi direta e honesta, mas o rei de Israel interpretou mal aquele pedido, confundindo com um pretexto para provocar uma nova guerra (cf. 2Rs 5:7). Sua cegueira espiritual o impedia de enxergar a grande oportunidade que Deus havia proporcionado. Imaginem a repercussão internacional que seu reino poderia obter se o grande Naamã fosse socorrido pelos “poderes de Israel”? O rei Jorão sabia que Eliseu tinha esse poder, mas a desprezível idolatria que maculava sua alma o impedia de raciocinar com clareza.

Naamã levou à presença do rei Jorão, como retribuição à sua petição, a exorbitante quantia de 10 talentos de prata (350 kg), 6.000 siclos de ouro (68 kg) e dez vestes festivais (trajes de luxo adornados com pedras preciosas). Certamente uma parte daquele tesouro caberia ao profeta que o curasse. Não tardou a que as noticias chegassem aos ouvidos de Eliseu, o qual repreendeu a estupidez do rei Jorão e sua incredulidade: “Porque rasgastes as tuas vestes? Deixa-o vir a mim e saberá que há profeta em Israel” (2Rs 5:8).

b) O exercício da fé (2Rs 5:9-19). Chegou Naamã, com sua comitiva, seu exército, seu poder e sua carga preciosa à casa do profeta, mas Eliseu não se deixou impressionar com toda aquela ostentação, de modo que nem ao menos se deu ao trabalho de ir saudá-lo ou festejá-lo. Conhecia o objetivo de sua visita e, provando a sua fé, mandou o seu discípulo, Geazi, ao encontro de Naamã, no portão, com a seguinte instrução: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será restaurada, e ficarás limpo” (2Rs 5:10). Perante Deus não há lugar para soberba; Naamã precisava aprender esta lição. Se alguém busca uma bênção de Deus, que busque isso com humildade e fé ou nada receberá – “pois todo aquele que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado”(Lc 14:11).

O arrogante general começou a desanimar e a perder as esperanças de uma cura espetacular, em função do preconceito contra o método do profeta e pela maneira como foi tratado. Desejou voltar para casa imediatamente, mas seus assessores, munidos de um sincero desejo de vê-lo curado, convenceram-no com muita inteligência, cautela e lógica: “O senhor é homem valente e nunca se negou a uma tarefa por mais difícil que fosse. Temos certeza de que o senhor faria qualquer coisa que o profeta pedisse sem hesitar ou demonstrar temor. Por que, então, não poderia fazer algo tão simples?” (2Rs 5:13 – parafraseado).

A questão agora estava nas mãos de Naamã. Em seu desespero, já havia crido até nos conselhos de uma escrava estrangeira, percorrera grande distância rumo ao desconhecido e fizera um considerável investimento em busca da solução para o seu drama. Faltava-lhe agora o passo final – “agir com fé”. Finalmente, o grande estadista abriu mão do orgulho e mergulhou no “lamacento” rio Jordão. Posso até imaginar a expectativa de seus companheiros. “Mergulhou uma, duas vezes, e nada! Mergulhou terceira, quarta e quinta vez, e nada aconteceu! Mergulhou pela sexta vez e não houve sequer um vestígio de mudança. A angústia foi aumentando; teria o profeta passado um trote no general? Se desistisse ali teria perdido a grande oportunidade de sua vida, mas não desistiu; exercitou sua débil fé até o fim e, por isso, o resultado foi melhor que o esperado. Não apenas obteve a cura, como também ganhou uma pele rejuvenescida, tal como a pele de uma criança.

Naamã voltou à presença de Eliseu com seu corpo purificado, sua alma lavada e suas mãos repletas de dádivas. A transformação foi completa; Deus mudou-lhe o exterior e o interior, e fez dele um novo homem. O profeta, ao olhar tamanha alegria, alegrou-se também; não pela fortuna que lhe foi oferecida, mas pela preciosidade de uma vida transformada e agora consagrada ao verdadeiro Deus.

2. As águas de Jericó (2Rs 2:19-22).E os homens da cidade disseram a Eliseu: Eis que boa é a habitação desta cidade, como o meu senhor vê; porém as águas são más, e a terra é estéril. E ele disse: Trazei-me uma salva nova e ponde nela sal. E lha trouxeram. Então, saiu ele ao manancial das águas e deitou sal nele; e disse: Assim diz o SENHOR: Sararei estas águas; não haverá mais nelas morte nem esterilidade. Ficaram, pois, sãs aquelas águas até ao dia de hoje, conforme a palavra que Eliseu tinha dito”.

Este texto narra a história das águas amargas de Jericó que foram restauradas por Deus através da instrumentalidade do profeta Eliseu. No acontecimento desse milagre, o profeta pede um prato novo e, dentro deste, se coloque sal. Feito isso, Eliseu profetiza, em nome do Senhor, que aquelas águas tornem-se potáveis. E assim aconteceu – “ficaram sãs aquelas águas”. Aqui, o “sal” simboliza um elemento purificador (Lv 2:13; Mt 5:13), enquanto o “prato novo” simboliza um instrumento de dedicação especial ou exclusiva para aquele momento. Na verdade, ao tornar saudáveis as águas salobras, usando um prato de sal, Deus quis mostrar aos “seminaristas”(os discípulos de Eliseu) que Ele tem total controle e autoridade sobre a natureza (veja o caso de Elias no ribeiro de Querite – 1Reis 17:4-6). Com esse milagre, Deus quis dar tranquilidade de provisões aos discípulos de Eliseu.

IV. OS MILAGRES DE JULGAMENTO


1. Maldição dos rapazes (2Rs 2:23-24).Então, subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo caminho, uns rapazes pequenos saíram da cidade, e zombavam dele, e diziam-lhe: Sobe, calvo, sobe, calvo! E, virando-se ele para trás, os viu e os amaldiçoou no nome do SENHOR; então, duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois daqueles pequenos”.

No caminho entre Jericó e Betel, um dos centros de adoração ao bezerro, Eliseu se deparou com um grupo de rapazes arruaceiros que o chamaram de “calvo” e o desafiaram, em tom de escárnio, a subir ao Céu como Elias. Certamente, esses “rapazes pequenos” tinham ouvido seus pais rirem da notícia que Elias subira ao Céu, possivelmente dizendo: ‘Se Eliseu afirma isso, que então ele mostre como é feito e que ele, o velho calvo, suba também’. Essa zombaria contra o profeta era um desdém pelo seu Senhor. Para desagravar a honra do Senhor, Eliseu pronunciou contra eles um julgamento divino, formulado na lei da bênção e da maldição, segundo o concerto (ler Lv 26:21,22; Dt 30:19). Após Eliseu amaldiçoá-los “em nome do Senhor [...] duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois deles”. O próprio Deus julgou aqueles rapazinhos degenerados, enviando-lhes duas ursas. Não dá prá saber se eles morreram ou não.

Não sabemos como reconciliar completamente esse incidente com o caráter de Deus ou com a bondade do profeta. Se tal reconciliação for possível, devemos entender que os “rapazes” eram suficientemente crescidos para responder moralmente. Eliseu pronunciou essa maldição a fim de vingar a honra do Senhor que havia sido ofendida quando os jovens proferiram aquelas palavras para insultá-lo.  Insultar um mensageiro de Jeová é o mesmo que ofender o próprio Deus.

2. A doença de Geazi (ler 2Rs 5:20-27). Nesta narração, observamos a razão principal pela qual Geazi foi julgado: o abandono da fé – a cobiça pelos bens terrenos o levou à maldição. A jovem escrava israelita exercitou sua fé, apesar da tristeza que ardia em seu coração. Naamã exercitou sua fé, mesmo com o preconceito arraigado em seu coração, mesmo com a decepção na corte do rei Jorão, mesmo não entendendo a lógica do profeta, e agora, depois de curado, exercitou mais uma vez a sua fé na convicção de que o “Deus de Israel” o acompanharia de volta a seu país (2Rs 5:17). Mas Geazi, embora conhecesse bem de perto os prodígios do Senhor, em lugar de exercitar, abandonou a sua fé, trocando o sustento de Deus por um modo “mais fácil” de prover o seu conforto. Geazi engendrou um plano diabólico para tirar o máximo proveito daquela situação. Certamente o fascínio do lucro fácil causou um desequilíbrio na mente daquele cobiçoso discípulo, a ponto de usar o santo nome de Deus para justificar sua cobiça: “ tão certo como vive o Senhor, hei de correr atrás dele e receberei alguma coisa” (2Rs 5:20).

Aproveitando-se da euforia e da boa fé do novo convertido Naamã, usou o nome do profeta, inventando a chegada de novos hóspedes como pretexto para ganhar um pouco do que Eliseu recusou. E ganhou mesmo, mais ainda do que pediu; angariou para si 68 kg de prata e duas vestes festivais (2Rs 5:21-23). Bem que a Palavra de Deus nos alerta: “porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1Tm 6:10). E, como um pecado chama outro pecado, o jeito foi continuar mentindo para acobertar o seu deslize. Mas de Deus não se esconde nada. Deus fez com que Eliseu soubesse de tudo por meio de uma visão (2Rs 5:26).

Veja como são as coisas, um pagão estrangeiro foi curado, pela nobreza de sua fé, enquanto um israelita, um estudante de teologia, tomou o lugar do pagão, para a desonra de sua fé. Assim como Acã, Ananias e Safira, Judas Iscariotes....também Geazi vendeu sua alma por prazeres passageiros. A cobiça desse jovem só lhe trouxe maldição, pois com a prata que surrupiou de Naamã, herdou também a lepra que antes era dele (2Rs 5:27). Geazi foi à procura de Naamã em busca de “alguma coisa” e terminou sem “coisa alguma”. Foi em busca de valores materiais, mas perdeu os espirituais. É um perigo quando alguém troca o “ser” pelo “ter”.

CONCLUSÃO


Eliseu realizou milagres fantásticos, sim, mas era um dom de Deus; foram uma clara demonstração do poder de Deus, que teve como propósito específico demonstrar a graça de Deus e sua glória nas mais diferentes situações. Em nenhum momento Eliseu ensoberbeceu-se do dom que havia nele, e nem deixou transparecer que se tratava de algo que ele conseguia manipular através do domínio de alguma técnica. Não há dúvida nenhuma que em todos os milagres realizados estavam a unção de Deus.

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.

A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.

Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.

Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.

Marcos (o evangelho dos milagres) –  rev. Hernandes Dias Lopes.

Elias e Eliseu (homens de ação) – Editora cristã Evangélica.

quarta-feira, 6 de março de 2013

RESULTADOS DA AÇÃO DA IGREJA


Subsídio para lição 10 da revista da EBD – Educação Cristã Continuada.


1º Trimestre/2013

Leitura Básica: Atos 4:33-35


 

“E foi isto notório a todos os que habitavam em Éfeso, tanto judeus como gregos; e caiu temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido” (Atos 19:17)
 

INTRODUÇÃO


Nesta Aula estudaremos um assunto que por certo alegra o coração de Deus e traz grande estimulo à Igreja: os resultados da ação da igreja. Ninguém pode negar os resultados da ação da igreja, pois são tangíveis. Vidas são transformadas, famílias são restauradas, esperanças de um futuro feliz são suscitadas, novas perspectivas são delineadas, razão de viver é restaurada, tudo isso, e muito mais acontecem quando a igreja se torna presente e ativa com suas ações. É evidente que sem o Espírito Santo - o seu Paracleto (João 14:16,17) -, a Igreja seria como um corpo sem vida, não se moveria. Foi por isso que Jesus disse aos discípulos para não se ausentasse de Jerusalém até que fossem revestidos de poder (Lc 24:49; At 1:4). Aliás, a igreja sem o Espírito Santo seria apenas uma organização, não um organismo vivo. O Espírito Santo é o principal Agente da ação da Igreja. Sem Ele a Igreja não tem vida e nem poder.

I. RESULTADOS DA AÇÃO DA IGREJA


O que é Ação? “Modo de proceder; comportamento, atitude”. Isto tem a ver com o caráter da pessoa. O caráter é o traço distintivo de uma pessoa, é a sua marca. Por mais que seja melhorada pelos processos educacionais e éticos, ele será a marca distintiva da natureza do homem. Devemos analisar as pessoas pelos frutos que produzem, ou seja, devemos verificar quais são as suas atitudes, qual é o seu caráter, não simplesmente o que está aparecendo em torno delas. Do ponto de vista humano, Nicodemos era um homem de bom caráter, um homem de bem. Contudo, do ponto de vista de Jesus, como homem natural, ele não estava habilitado a produzir bons frutos. Ele continuava sendo um “espinheiro”. Para produzir “uvas”, precisava de uma mudança em sua natureza. Esta mudança só é possível através do Novo Nascimento. Depois disto, então, o homem poderá produzir “frutos bons”.

Segundo Jesus, é pela qualidade dos frutos produzidos que se conhece a árvore: “Por seus frutos os conhecereis...”(Mt 7:6).

Pelos frutos é possível saber se o homem mudou de vida, se é, agora, um novo homem, ou se apenas mudou de religião, e continua sendo o velho homem, envolto com as obras da carne.

É pelos frutos que reconheceremos quem é crente e quem não o é, pois Jesus disse que aquele que não produzisse fruto seria lançado fora da videira verdadeira (João 15:6).

O caráter do cristão permite-nos vislumbrar quem tem, ou não, comunhão com o Senhor e isto é que é importante, pois a comunhão com Deus representa a libertação do pecado e a consequente aceitação por Deus.

A seguir, apresentamos alguns resultados da ação da igreja.

1. Crescimento espiritual. Uma igreja profundamente envolvida e preocupada em servir é uma igreja que cresce. O efeito do crescimento espiritual da igreja é o crescimento quantitativo. Qualidade produz quantidade e quantidade cria qualidade. É impressionante observar que a igreja em Jerusalém possuía qualidade e quantidade – “Crescia a palavra de Deus, e, em Jerusalém, se multiplicava o número dos discípulos; também muitíssimos sacerdotes obedeciam a fé (At 6:7).

É claro que Satanás nunca desiste do seu maligno intento de querer impedir o crescimento espiritual da igreja; ele é engenhoso em criar empecilho, embaraço à Obra de Deus; e o vírus mais danoso que ele tem aplicado é o vírus da contenda, da mentira, da hipocrisia, entre os irmãos. Uma árvore doente não cresce, com o passar do tempo se definha e até morre (ex. Igreja de Sardes). Mas, uma igreja que se policia, que ministra-se a si mesmo, discerne aquilo que é de Deus e o que não é. Veja o caso de Ananias e Safira (At 5:1-12). Satanás encontrou uma brecha no coração desse casal, e usou-o para contaminar a igreja do Senhor. A mentira e a hipocrisia foram os elementos sórdidos que esse casal, usado por satanás, intentou introduzir na igreja a fim de abstrair a santidade da igreja. Observe que Pedro, o líder da igreja naquela ocasião, não denunciou a falta de honestidade (trazer apenas uma parte do dinheiro da venda), mas a falta de integridade (trazer apenas uma parte, fingindo que era todo o dinheiro). Eles não eram avarentos, eram ladrões e – sobretudo – mentirosos. Queriam o crédito e o prestígio da generosidade sacrificial, sem terem que arcar com as inconveniências. Assim, a fim de conquistar uma reputação à qual não tinham direito, contaram uma mentira deslavada. A motivação do casal, ao dar, não era aliviar os pobres, mas inflar o próprio ego. Pedro viu, por trás da hipocrisia de Ananias, a atividade sutil de Satanás. Pedro confrontou-o com veemência (At 5:3,4). O verdadeiro líder prima pelo crescimento espiritual da igreja. Uma igreja profundamente envolvida e preocupada em servir é uma igreja que cresce, qualitativa e quantitativamente (At 5:11,12).

Talvez uma das características mais comuns nos dias presentes é a falta de firmeza espiritual de grande parte dos que frequentam os templos evangélicos. É impressionante como há pessoas sem convicção de sua fé. Não é suficiente apenas termos recebidos a Cristo Jesus, mas é preciso que “andemos nEle” (Cl 2:6). Precisamos, em cada ação, em cada atitude, em cada gesto, em cada palavra, denunciarmos ao mundo que não pertencemos mais a nós mesmos, mas que agora somos de Jesus. “Andar em Jesus” é viver de acordo com a Sua Palavra, é fazer a sua vontade, é guardar os seus mandamentos. Muitos têm desconsiderado esta realidade bíblica. A salvação é um processo, que se inicia com a conversão, que é imediata, mas é algo que persiste durante toda a nossa existência, daí porque Jesus ter nos dito que aquele que perseverar até o fim será salvo. A salvação exige perseverança, constância, continuidade, até o instante em que, quando formos glorificados, no dia do arrebatamento da Igreja, se complete o processo da nossa redenção. “Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele, arraigados e edificados nele e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, crescendo em ação de graças” (Cl 2:6,7).

2. Plenitude espiritual. Não há que se falar em plenitude de vida espiritual onde ainda habitam o pecado e a prioridade das coisas terrenas. E, também, não se pode exigir de um ser humano que atinja, de imediato, a plenitude espiritual. Muito pelo contrário, a Bíblia é repleta de textos que nos indicam a necessidade de crescermos na graça e no conhecimento de Jesus (2Pe 3:18), de nos aperfeiçoarmos continuadamente (Ef 4:11-14). Envolver-se com a Obra de Deus, com compromisso, seriedade e abnegação, o crente cresce na compreensão de Cristo, e à medida que isso se processa, Cristo se torna mais real no seu cotidiano.

3. Crescimento numérico. Uma igreja espiritualmente saudável e envolvida em servir é uma igreja que cresce, qualitativa e quantitativamente. Jesus ao citar a parábola do grão de mostarda (Mc 4:30-32) quis esclarecer que o crescimento faz parte da vida da Igreja. Bastaria que a semente(a Palavra) fosse semeada – “Uma vez semeada cresce... e se torna maior”.

No princípio da Igreja, ao ouvirem a mensagem, cada vez mais pessoas se juntavam à Igreja  (cf. At 2:41; 4:4; 5:14; 6:7; 9:31). Não somente através da mensagem falada, mas também pelas ações, atitudes, as pessoas eram persuadidas a virem a Cristo (At 5:14; 6:7). As atitudes falam mais alto que as palavras. O ímpio não ler a Bíblia, mas ler com muita atenção a vida prática do cristão.

4. Aumento de obreiros. Quando a igreja local tem suas ações aprovadas diante de Deus, não há dúvida que ela terá como efeito disso o crescimento quantitativo dos seus membros, pois qualidade resulta em quantidade. As pessoas convertidas tornam-se testemunhas vivas do poder do Evangelho e influenciam outras que necessitam ser transformadas. Foi assim que a igreja primitiva cresceu: os doze apóstolos juntaram-se a outros discípulos(seguidores de Cristo) que aguardaram em Jerusalém o poder do Espírito Santo (A1:15); depois de serem batizados no Espírito, eles fizeram novos discípulos, que, por sua vez, fizeram ainda mais discípulos. O resultado disso foi a óbvia necessidade do Espírito Santo separar novos obreiros (At 6:1-7; At 13). Quando a igreja é fiel em obedecer à missão que Deus lhe entregou, homens e mulheres são persuadidos a tornarem-se discípulos fieis de Cristo e a ocuparem o seu lugar como membros responsáveis da Sua igreja.

II. RESULTADOS DA AÇÃO PARA OS DESCRENTES


Quando o senhorio de Jesus Cristo e a responsabilidade da igreja andam juntos, há uma  transformação nas vidas das pessoas descrentes. Há uma reação em cadeia, uma resposta, quando o Evangelho é pregado. É bom lembrar aqui as palavras de Paul Stevens: “a Igreja é um povo sem leigos no sentido usual dessa palavra, mas cheia de clérigos no verdadeiro sentido dessa palavra – dotado, comissionado e apontado por Deus para continuar o Seu serviço e missão no mundo. A Igreja não ‘tem’,então, um ministério; ela é um ministério, o ministério de Deus. Ela não tem uma missão; é uma missão” (STEVENS, R. Paul. Os outros seis dias. Viçosa: Ultimato,2005. p. 15). A seguir, iremos analisar resumidamente os mais importantes resultados da principal ação da Igreja no mundo.

1. Transformação de vidas. Veja este texto de Atos 2:42-47: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações. 43 - Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos. 44 - Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. 45 - Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade. 46 - E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,  47 - louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja  aqueles que se haviam de salvar”.

Ao analisarmos este texto, percebemos que os primeiros discípulos entenderam claramente qual é a função e propósito da Igreja de Jesus, que não tem nada a ver com prédios ou denominações, mas sim com vidas, vidas de pessoas que após se arrependerem e crerem no evangelho de Jesus, foram salvas e tiveram seus pecados perdoados. De acordo com o texto, no início, diariamente a crentes cuidavam das necessidades uns dos outros (partiam o pão de casa em casa) e não de si mesmos, faziam tudo com alegria e com simplicidade de coração. Este agir dos primeiros cristãos, fez com que eles alcançassem a simpatia de “todo” o povo e não apenas de alguns. Com isso, Deus movia o coração das pessoas para que se arrependessem.

Hoje, estamos mais preocupados em chamar as pessoas para dentro de um prédio, que erroneamente chamamos de igreja, onde elas ouvem algumas músicas e uma mensagem, que em alguns casos, nem bíblica é, e achamos que a pessoa já se torna um discípulo de Jesus. No entanto, esquecemos do principal: pregar o evangelho de arrependimento.

Precisamos, como igreja de Jesus, rever nossos conceitos a respeito de igreja e mudá-los para conceitos bíblicos do que realmente é a igreja de Jesus. Ai sim, nossas atitudes, nossa vida, nosso comportamento será muito diferente, o que fará com que muitas pessoas sintam simpatia pelo povo de Deus e pelo evangelho do Senhor Jesus.

2. Mudança de perspectiva. Aonde as ações da Igreja, mediante a pregação do Evangelho, se manifestam há mudança de vida, de comportamento e abre-se um horizonte de novas perspectivas. O Evangelho transforma o caráter da pessoa, dá esperança e alegria; inspira homens e mulheres a serem melhores vizinhos, pessoas honestas nos negócios, trabalhadores fiéis e cidadãos leais; onde havia tristeza, agora há alegria; onde havia vergonha, agora há dignidade; onde havia imoralidade, agora há honestidade. Tudo isso por causa do Evangelho de Cristo. Conta-se que, num país africano, onde as tribos tinham medo uma das outras, as aldeias estavam escondidas na floresta, longe das estradas, até serem alcançadas pelo Evangelho. Ao converterem-se a Cristo, os seus habitantes perderam o medo e aldeias interias transferiram-se para junto das estradas, onde podiam comunicar o Evangelho a outras tribos. Nessa região, estabeleceram-se grandes igrejas – e todo o modo de vida deles foi transformado!

3. Restauração familiar. Outro resultado da Ação da Igreja é a “restauração familiar”. Satanás tem atacado ferozmente a família, seja separando os membros, seja alterando o conceito e a sua constituição tradicional. O seu ataque sutil e malévolo não se limita somente àquelas famílias que ainda não conhecem Jesus Cristo, mas também às famílias que possuem valores cristãos. Destruindo a família cristã, certamente, enfraquecerá a igreja local. Por isso, mais do que nunca, as ações da igreja devem estar voltadas, com maior pujança, às famílias, cujos valores morais e espirituais encontram-se fora da baliza da Palavra de Deus, ou seja, cada vez mais degradantes.

Um detalhe que deve ser enfatizado é que a restauração familiar começa com a reconciliação com Deus. Veja o caso de Jacó e Esaú. A história desta família está exarada  em Gênesis 32:1-31. Uma atitude de Jacó no passado foi suficiente para se tornar num episódio de vingança. Esaú se sentiu prejudicado pelo irmão Jacó, por isso jurou matá-lo, e para se ver livre Jacó fugiu por um bom tempo do irmão. A Bíblia não omite esse problema na família de Isaque, mostrando o quanto somos responsáveis quando tomamos atitude errada no passado na família, que vem, por sua vez, causar uma confusão grave no futuro.

Hoje também encontramos o mesmo problema na família, onde a inimizade, o ódio, têm corroído os corações por causa de decisões erradas no passado, que foram tomadas sem consultarmos a Deus. Para solucionar esse problema tão sério é preciso, no entanto, existir primeiro a reconciliação para haver restauração. Deus restaurou o relacionamento entre Esaú e Jacó, quando isso aconteceu. Somente é possível acontecer na família tamanha vitória quando o Senhor agir.

É nesse contexto que a Palavra redentora do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo insere-se, a fim de resgatar os laços familiares, bem como garantir a bênção da harmonia sobre cada lar. Inúmeras famílias foram e são restauradas continuamente através da ação evangelizadora da Igreja. Que o Senhor nos abençoe e consigamos dizer como Josué: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24:15).

III. RESULTADOS DA AÇÃO PARA A SOCIEDADE


Muitos são os efeitos da atuação da igreja na sociedade. Vejamos alguns:

1. Impacto pela Unidade. A unidade da igreja é o seu maior marketing perante a sociedade. Jesus declarou: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos” (João 13:35). É por isso que Satanás tem atacado com grande incidência este aspecto tão importante. Infelizmente, os líderes não tem discernido as sutilezas do inimigo e tem escandalizado o reino de Deus por causa de interesses particulares. O resultado disso é o arrefecimento do crescimento da igreja. Certamente Deus cobrará, com ardor, desses maus líderes que têm escandalizado a Sua Igreja.

O apóstolo Paulo se preocupou bastante com a questão da unidade da Igreja. Ao escrever à Igreja em Éfeso ele assim se expressou: “Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz: há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em todos” (Ef 4:1-6).

A união dos crentes só é possível quando o Espírito Santo age em suas vidas – o Espírito cria e mantém a unidade entre os crentes. O amor de uns pelos outros, trazido pela presença do Espírito, torna a paz possível. Juntarem-se uns aos outros pelo vinculo da paz inclui a ideia de unir os membros em um só corpo. Este “vínculo” mantém as pessoas entrelaçadas como uma corrente ou uma corda. A paz funciona como a “amarração” que assegura a unidade. Deus a dá para nós, e ela produz igualdade e entendimento.

Paulo Sabia que manter a unidade entre os crentes iria requerer trabalho árduo e diligência constante. Os crentes enfrentam muitas tentativas de desfazer a unidade. Falsos mestres e pastores surgiriam, mesmo de dentro de suas fileiras, tentando separar as pessoas; a perseguição tentaria assustar a igreja e fragmentá-la. Os crentes em cada uma das igrejas em Éfeso e nas cercanias precisariam trabalhar diligentemente par manter a sua unidade. As igrejas de hoje necessitam dessa mesma diligência.

2. Grandes ações evangelisticas. O Brasil precisa ver grandes manifestações do povo de Deus. Por exemplo, podemos realizar grandes batismos coletivos nas águas, ao mesmo tempo, em dias especiais, em todas as cidades, nas praias ou lugares turísticos, por todas as igrejas do Brasil. Já imaginou o impacto que isso causaria? - “...estes que têm alvoroçado o mundo chegaram também aqui” (At 17:6). Também, já imaginou se na época do carnaval, todas as igrejas, independente de denominação, em vez de  se isolarem, de enclausurarem-se, se unissem em grandes concentrações para louvor e pregação da Palavra de Deus? Certamente isso impactaria a sociedade.

3. Formação de um cidadão melhor. O Evangelho de Cristo não somente resgata o homem do pecado para ser um futuro cidadão do Céu, mas também, nesta vida, o ensina a ser um cidadão melhor. Todos aqueles que são transformados pelo poder do Espírito vivem de acordo com os princípios do amor, verdade, justiça, dignidade, humildade, etc. Esta realidade acontece em todos os lugares: nos insalubres presídios, nas violentas e esquecidas favelas, nas ricas mansões. Vidas transformadas por Cristo significam pais e filhos melhores, empresários e empregados honestos, governantes e contribuintes justos, famílias e sociedade seguras.

O cunho geral da nova natureza conduzirá a modos específicos de agir do cidadão - “Pelo que deixai a mentira e falai a verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros  uns dos outros. Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo. Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação,  para que dê graça aos que a ouvem. E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção. Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós. Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros,  como também Deus vos perdoou em Cristo” (Ef 4:25-32).

CONCLUSÃO


A Igreja é a Agência do Reino de Deus na Terra. Por meio dela, a mensagem do Reino de Deus é disseminada e o próprio Reino está em ação. Ela tem sobre si uma missão única, singular, intransferível. É dela a missão de pregar o Evangelho de Cristo ao mundo e fazer discípulos entre as nações. É nela também onde se vê a koinonia (Comunhão), a diakonia (Serviço) e a martyria (Testemunho) do Reino de Deus aqui na Terra.

Cada membro do corpo de Cristo, na função que foi estabelecida pelo Senhor, deve servi-lo: pregando o Evangelho; integrando os salvos na igreja local; aperfeiçoando os santos mediante o estudo da Palavra de Deus; adorando a Deus; buscando influenciar o mundo para que ele viva de acordo com a vontade de Deus; dando um bom testemunho para que os homens glorifiquem ao Senhor, inclusive ajudando ao próximo, tanto material quanto espiritualmente; lutando pela preservação da sã doutrina e pela manutenção de uma vida avivada na igreja local a que pertencemos. Temos realizado isto que o Senhor nos determina? Temos cumprido as tarefas cometidas pelo Senhor?

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal, CPAD.

A mensagem de Atos (até os confins da Terra) – John Stott.

domingo, 3 de março de 2013

Aula 10 – HÁ UM MILAGRE EM SUA CASA


1º Trimestre/20013

Texto Básico:2Reis 4:1-7

 
“Então, entra, e fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos, e deita o azeite em todos aqueles vasos, e põe à parte o que estiver cheio”(2Rs 4:4).

 

 

INTRODUÇÃO


Milagre é toda alteração da natureza criada por Deus, feita pelo próprio Deus e para a glória de Deus! Nesta Aula, trataremos acerca do milagre ocorrido na casa de uma viúva de um dos profetas, que falecera e deixou uma grande dívida. Achando-se incapaz de saldar a dívida, enfrentou a possibilidade do credor tomar seus dois filhos para um período de escravidão. O texto em Levítico 25:39-42 determina que se o devedor não pudesse pagar a sua dívida, ele era obrigado a servir ao credor como escravo até o ano do jubileu. Deus, porém, interveio e concedeu-lhe a provisão suficiente para atender a necessidade urgente dela e de seus dois filhos. De acordo com o historiador Flavo Josefo, “a viúva desta história era a esposa de Obadias, o mordomo de Acabe em 1Reis 18. O motivo de a família estar endividada era que Obadias havia sustentado os 100 profetas do Senhor que ele escondera de Acabe e Jezabel”. Essa história é muito conhecida no meio cristão tradicional e é um exemplo importantíssimo de  como a provisão de Deus funciona na nossa vida. O texto base que relata essa história está em 2Reis 4:1-7. Sem dúvida, esta é uma das mais surpreendentes passagens bíblicas para aqueles que creem que para o Senhor não há causa impossível. Esse milagre nos ensina que a o pouco com Deus torna-se muito e a escassez pode converter-se em abundância. O Deus de Elizeu é também o nosso Deus. Ele é imutável - Porque eu, o Senhor, não mudo...”(Ml 1:17). Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje e eternamente”(Hb 13:8) -, e mediante sua graça continua a alcançar os corações daqueles que estão desesperados por um milagre em sua casa.

I. A MOTIVAÇÃO DO MILAGRE


1. A necessidade humana. A sociedade de Israel era sobremodo injusta em relação às mulheres e crianças, vetando-lhes até mesmo os direitos e privilégios garantidos por Deus ao seu povo. Mesmo em tempos de avivamento espiritual, elas eram vistas como seres inferiores, impedidas de participar dos cultos, das assembleias e das festividades religiosas. Imaginem, então, numa época de apostasia, em que o temor de Deus havia desaparecido; numa época em que cada um fazia o que queria, ignorando por completo as leis de Deus!

Eliseu era compromissado com Deus, não com as tradições, por isso não se calou frente à injustiça, nem se deixou moldar pela teologia deturpada daqueles dias. Em seu ministério, mais do que no de qualquer outro profeta, a mulher foi valorizada e seus direitos respeitados. “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo”(Tg 1:27).

Foi naquele difícil contexto que a esposa de um seminarista ficou viúva. Como herança, o aprendiz de profeta deixou-lhe dois filhos para criar e uma dívida para saldar. Não havia pensão, não havia seguro de vida e não havia ninguém por ela. Por isso, não tardou surgirem os “abutres do lucro fácil”, ávidos por confiscar-lhe os filhos.

Não tendo a quem mais recorrer, a pobre viúva apelou ao profeta Eliseu, apesar de saber que este também não possuía recursos financeiros. Confiava que ele encontraria em Deus uma saída para a crise. Ela sabia que o profeta Eliseu era um homem de Deus, por isso recorreu a ele (2Rs 4:1). As Escrituras Sagradas mostram que o Senhor socorre o necessitado: “Porque foste a fortaleza do pobre e a fortaleza do necessitado na sua angústia...”(Is 25:4); “Porque o Senhor ouve os necessitados....”(Sl 69:33); “Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão dos malfeitores” (Jr 20:13); “Eu sou pobre necessitado; mas o Senhor cuida de mim; tu és o meu auxílio e o meu libertador; não te detenhas, ó meu Deus” (Sl 40:17).

Os contemporâneos de Eliseu abusavam das crianças necessitadas, tolhendo-lhes o direito, o respeito e a dignidade. E os nossos contemporâneos, não têm feito o mesmo? Nossas crianças têm sido comercializadas; sua inocência tem dado lucro a muita gente; seu corpo angelical tornou-se um objeto de desejo; suas mãos delicadas se transformaram em “mão-de-obra barata”; a formação do caráter e personalidade de milhares de crianças inocentes e indefesas tem sido colocada à mercê de casais homossexuais, com educação moral e espiritual totalmente desviada do padrão judaico-cristão. Não podemos nos calar, nem fingir que tudo isso não acontece.

2. A misericórdia divina. Diante do clamor daquela viúva (1Rs 4:1), Eliseu ficou sensibilizado e não hesitou em atendê-la. Tal como Elias fizera em Sarepta (1Reis 17), usou do pouco que ela tinha para resolver o problema. Deus compadeceu-se daquela mulher sofredora e interveio na sua causa. O Senhor é compassivo, misericordioso e longânime – “Piedoso é o Senhor e justo; o nosso Deus tem misericórdia” (Sl 116:5). “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim” (Lm 3:22). Há grande suprimento para toda necessidade quando Deus intervém. Coloque tudo o que tem nas mãos de Deus e, ainda que seja pouco, se fará mais que suficiente.

II.  A DINÂMICA DO MILAGRE


1. Um pouco de azeite. Diante do clamor da viúva, o profeta Eliseu perguntou-lhe: “Que te hei de eu fazer? Declara-me que é o que tens em casa. E ela disse: tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite”(2Rs 4:2). Eliseu havia compreendido o que Deus podia fazer usando um simples vaso com azeite, a princípio insignificante, e então disse à mulher e a seus filhos para pedir emprestado aos vizinhos a maior quantidade de frascos vazios que pudessem (cf. 2Rs 4:3-5). O azeite era uma mercadoria muito apreciada em Israel, servindo como alimento, medicamento, cosmético, combustível e para fins religiosos. Aquela mulher demonstrou o seu calor por meio da fé e por meio de um especial empenho para vender rapidamente o produto e saldar sua dívidas.

Muitas vezes, nos sentimos como aquela viúva quando percebemos que o que nos resta parece algo absolutamente insignificante, de modo que nem cogitamos que aquilo possa ser usado por Deus a nosso favor. Contudo, essa história nos mostra que Deus tem poder para transformar em muito aquilo que nos parece pouco.

2. Uma fé obediente. A viúva e seus filhos olharam para todos os vasos cheios do azeite que viera de sua pequena botija. Eliseu disse para ela vender o azeite e pagar a dívida deixada por seu marido. Com o dinheiro que sobrasse, ela e seus filhos poderiam viver por muito tempo. Aquilo foi realmente um milagre! Deus trouxe àquela família Sua provisão de maneira extraordinária. A partir de um único vaso de azeite que a viúva possuía, Deus foi capaz de multiplicar a quantidade de óleo de modo a atender a necessidade urgente da família.

A fé que aquela mulher tinha no Senhor tornou possível que ela saísse daquela situação crítica; permitiu que ela apresentasse seu problema a Deus e confiasse nele para orientá-la no sentido de encontrar a solução. Deus também deseja que você creia e busque em Sua Palavra a orientação sobre o que esperar dele e sobre como agir com sabedoria nos momentos de escassez.

Um detalhe importante no texto é a ordem de Eliseu para a mulher: “fecha a porta” (2Rs 4:4). O que se percebe aqui é que o homem de Deus, Eliseu, não buscou notoriedade no milagre. Ele tinha plena certeza que Deus era quem estava operando aquele grande milagre. Então a glória pertencia a Deus e não ao profeta. Segundo o pr. José Gonçalves, é possível que uma das causas da escassez de milagres hoje esteja na publicidade desenfreada. Deus quer privacidade, mas os homens gostam de notoriedade. Gostam de aparecer e vangloriar-se (Lc 12:15). Deixam a porta aberta para serem vistos!

3. Deus age com o que você tem. Quando o profeta Eliseu perguntou à viúva sobre o que ela tinha em casa, a resposta da mulher vem em um tom desanimador: “Tua serva não tem nada em casa, senão uma botija de azeite”. Ora, se para Deus o nada já é muita coisa, quanto mais uma botija de azeite. A provisão milagrosa lhe veio mediante o que ela já tinha: um vaso de azeite. A provisão foi dada na medida da fé que a mulher tinha e da sua capacidade de armazenamento. Deus usou o que ela possuía para multiplicar-lhe os recursos e realizar o milagre de que ela precisava. Para Deus  operar  um milagre a quantidade não faz nenhuma diferença. Vejamos:

·   Moisés – tinha uma vara: “… e os filhos de Israel passaram pelo meio do mar em seco…” (Êx 14:16,21, 22).

·   Sansão – tinha uma queixada de um jumento: “… e feriu com ela mil homens.” (Jz 15:15).

·   Davi – tinha uma funda e cinco pedras: “E assim… prevaleceu contra o gigante filisteu…” (1Sm 17:40,50).

·   A viúva de Sarepta – tinha farinha na panela e azeite na botija: “… e assim comeu ela… e a sua casa muitos dias” (1Rs 17:12,14,15).

·   Elias – tinha uma capa: “… e passaram ambos (Elias e Eliseu) o rio Jordão em seco.” (2Rs 2:8).

·   Os discípulos – tinham cinco pães e dois peixinhos: “… e deram de comer a quase cinco mil pessoas.” (Mc 6:37-44).

·   O apóstolo Pedro – tinha unção e poder e disse ao paralítico: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta e anda.” (At 3:6).

·   A mulher do profeta – tinha apenas uma botija de azeite. E foi a partir desta botija de azeite que Deus operou o milagre: “E sucedeu que, todos os vasos foram cheios…” (2Rs 4:2,6,7).

O milagre, portanto, depende do que se têm. O que é que você tem em casa? Diante da pergunta, você poderia responder: “Não tenho nada”. Não seja tão pessimista para enxergar o quão é suficiente para Deus para fazer um grande milagre através daquilo que você considera não ser nada. Um martelo é suficiente para transformar você num homem de grandes negócios. Deus irá operar o milagre em sua vida a partir do que você tem. Se nada oferecemos a Deus, Ele nada terá para usar. Mas Ele pode usar o pouco que temos e transformá-lo em muito. “Sem fé é impossível agradar a Deus”.

Nós podemos nem ter tudo, e, contudo, podemos ter conosco alguma coisa que Deus é capaz de abençoar abundantemente - “Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera”  (Ef 3:20).

Não perca a esperança! “O pouco pode ser transformado em muito se for colocado nas mãos do Senhor e por Ele abençoado” (Mc 6:30-44). Creia!

III. OS INSTRUMENTOS DO MILAGRE: OBEDIÊNCIA, FÉ E AÇÃO

Então, disse ele: Vai pede para ti vasos emprestados a todos os teus vizinhos, vasos vazios, não  poucos. Então, entra, e fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos, e deita o azeite em todos aqueles vasos, e põe à parte o que estiver cheio. Partiu, pois, dele e fechou a porta sobre si e sobre seus filhos; e eles lhe traziam os vasos, e ela os enchia” (2Rs 4:3-5). A mulher obedeceu à orientação do servo de Deus, usando o que ela tinha em suas mãos, e o milagre da multiplicação do azeite aconteceu. A orientação do profeta Eliseu foi simples e objetiva:

1. “...pede para ti vasos emprestados a todos os teus vizinhos, vasos vazios, não  poucos”. Às vezes temos que fazer algo que esteja ao nosso alcance para receber o que Deus nos quer dar.

2.  “...fecha a porta sobre ti e sobre teus filhos...”. A mulher devia fechar a porta, ficar a sós com seus filhos e trabalhar. Nem sempre as bênçãos de Deus acontecem no meio de muita gente. Neste sentido, Jesus orientou assim: “Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará” (Mt 6:6).

3.  “...fechou a porta sobre si e sobre seus filhos; e eles lhe traziam os vasos, e ela os enchia”.  A mulher foi ajudada por seus filhos. A participação de nossos filhos na obra de Deus é a resposta às orações e à orientação dos pais. Isso é uma bênção!

4. A viúva recebeu mais do precisava - “...E sucedeu que, cheios que foram os vasos, disse a seu filho: Traze-me ainda um vaso. Porém ele lhe disse: Não há mais vaso nenhum. Então, o azeite parou “(2Rs 4:6). A viúva recebeu do Senhor mais do que pedira. Seu pedido fora apenas que seus filhos ficassem livres de viver na escravidão. Mas em sua pobreza, ela ainda tinha muitas outras necessidades. Deus Se dispôs a suprir essas necessidades. Ele constantemente dá aos seres humanos bênçãos muito maiores do que eles pedem para si mesmos.

5. “ vivei do resto”(2Rs 4:7). O milagre da multiplicação do azeite, além de resolver o problema da dívida deixada pelo marido, proveu o sustento dela e dos filhos por muito tempo. Às vezes Deus quer dar bênçãos duradouras e a pessoa quer apenas as temporárias. Salvação é bênção duradoura. Cura de alguma enfermidade é temporária.

Portanto, precisamos agir com fé, pois a fé sem obras, sem atitudes, sem ação, é morta. A mulher pegou as vasilhas e começou a enchê-las a partir da botija de azeite que ela tinha em sua casa. Ela foi quem encheu as vasilhas e não o profeta. Este somente deu a orientação. Da mesma forma, Deus nos orienta, conforme as nossas forças e os nossos recursos, a agirmos e buscarmos a solução para os nossos problemas. Mas, nós é que devemos que correr atrás, que buscar, que agir.

Prezado irmão e amigo, você está aguardando no Senhor algum milagre em sua casa, em sua vida? Você tem passado por provações na vida semelhante às desta viúva? Você é temente a Deus como essa viúva? Você tem buscado em Deus a solução de seus problemas ou apenas tem comentado com os outros o que você está passando? Faça como a viúva em comento: seja obediente aos mandamentos de Deus, tenha fé e aja com ousadia e determinação.

IV. O OBJETIVO DO MILAGRE


1. Uma resposta ao sofrimento. Conforme disse o pr. José Gonçalves, todos os milagres realizados por Eliseu deixam bem claro que eles ocorreram em resposta a uma necessidade humana e também ao sofrimento (2Rs 4:1-38;5:1-19; 6:1-7). O poder de Deus, manifestado através de Eliseu, aumentou o pequeno suprimento do azeite da viúva até uma quantidade que seria suficiente para saldar a dívida, e ainda sobrar para atender à sua família.

Jesus Cristo realizou inúmeros milagres. Ele libertava e curava porque se compadecia do sofrimento humano. Veja dois exemplos dos milagres de Jesus em resposta ao sofrimento do ser humano:

- Jesus se compadece de uma mulher enferma e a cura:E ensinava no sábado, numa das sinagogas. E eis que estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava curvada e não podia de modo algum endireitar-se. E, vendo-a Jesus, chamou-a a si, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade. E impôs as mãos sobre ela, e logo se endireitou e glorificava a Deus. E, tomando a palavra o príncipe da sinagoga, indignado porque Jesus curava no sábado, disse à multidão: Seis dias há em que é mister trabalhar; nestes, pois, vinde para serdes curados e não no dia de sábado. Respondeu-lhe, porém, o Senhor e disse: Hipócrita, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi ou jumento e não o leva a beber água? E não convinha soltar desta prisão, no dia de sábado, esta filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás mantinha presa?” (Lc 13:10-16).

- Cura de um leproso: “E aproximou-se dele um leproso, que, rogando-lhe e pondo-se de joelhos diante dele, lhe dizia: Se queres, bem podes limpar-me. E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero, sê limpo! E, tendo ele dito isso, logo a lepra desapareceu, e ficou limpo” (Mc 1:40-42).

2. Glorificar a Deus. Os milagres exarados nas Escrituras objetivam a glorificar a Deus. A maioria deles é uma resposta de Deus ao sofrimento do ser humano, todavia, não se concentra no ser humano, mas em Deus. Diferentemente do que acontece hoje em muitos segmentos cristãos, principalmente aqueles que se expõem na mídia, os profetas do Antigo Testamento bem como os discípulos de Cristo nunca buscaram chamar a atenção para si através dos milagres que realizavam nem tirar proveitos deles. No Novo Testamento, os milagres estão diretamente ligados com a obra salvífica de Cristo e tem a função de confirmar a palavra que é pregada pelos mensageiros do Senhor.

O milagre não tem por objetivo criar um espetáculo. Observe que os milagres não davam testemunho dos apóstolos e sim do Senhor Jesus e da sua mensagem. Somente os que buscam a própria gloria transformam os milagres em um show (é o que estamos vendo hoje em muitas igrejas). Para esses, Jesus tem um recado: “Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”(Mt 7:22,23).

3. Mostrar aos homens que a salvação é feita mediante a fé. O milagre é uma forma perceptível de demonstração de que a fé é o meio pelo qual alguém obtém os benefícios da parte de Deus, notadamente o do estabelecimento de uma comunhão com Ele por meio do perdão dos pecados. O maior milagre do ministério de Jesus, qual seja, a ressurreição de Lázaro, é uma comprovação de que um dos intuitos dos milagres era despertar a fé salvadora no povo, pois as Escrituras registram que muitos creram que Jesus era o Messias ao verem Lázaro ressuscitado depois de quatro dias em que esteve sepultado (João 12:11,12).

4. Autenticar a mensagem de Cristo. Após sua ressurreição e subida aos Céus, seus discípulos deram prosseguimento à proclamação do Reino de Deus e, sem dúvida, os milagres tiveram uma participação ativa nessa proclamação. Marcos, ao fim do seu Evangelho, conta que quando os discípulos pregavam, o Senhor cooperava com eles realizando milagres e dando validade à pregação, pois o poder de Deus era demonstrado junto com as palavras - “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém”(Mc 16:20).

5. O cuidado com a supervalorização dos milagres. Conquanto Deus realize sinais e maravilhas através do seu povo santo, os mesmos não devem nortear a vida do crente. Sinais e maravilhas são feitos pelo Senhor, que utiliza a instrumentalidade humana para esse fim, mas isso não significa que eles são o indicativo para a orientação de Deus às nossas vidas. Há pessoas que se colocam como reféns de milagres, como se estes fossem o marco regulatório para a vida cristã, e não tomam nenhuma postura ou atitude na vida se não virem milagres à sua volta. Tais pessoas precisam aprender a crer que os milagres são parte do Evangelho, mas que a Palavra de Deus é que deve nortear a vida do crente. Os sinais seguem aqueles que seguem a Palavra de Deus, e não os que creem seguem os milagres.

CONCLUSÃO


No benevolente milagre que Eliseu realizou na casa da viúva, vemos a lição de “muitos vasos...vazios”: (a) Havia um urgente senso de necessidade – 2Rs 4:1; (b) Foi usado o que estava disponível, uma vaso de azeite - 2Rs 4:2; (c) A medida da fé e da expectativa tornou-se a medida da benção - 2Rs 4:4-6; (d) A necessidade foi atendida através da generosidade e do milagre de Deus - 2Rs 4:7.

É necessário obedecer aos princípios de Deus exarados nas Escrituras Sagradas para alcançar a vitória sobre a escassez. De nada adianta deixar-se dominar pela emoção, chorar e demonstrar sua necessidade de forma aparente. É necessário que você obedeça aos princípios divinos contidos nas Escrituras Sagradas. É necessário as orientações do Senhor para que haja um milagre em sua casa, para que haja fartura e bênção na sua vida. Deus espera que sigamos suas orientações sempre. Não basta saber qual é a vontade de Deus para nossas vidas. É preciso obedecer ao Senhor quando a vontade dele é revelada. Em certos casos, mesmo tendo a providencia de Deus, é preciso sabedoria para tratar dos problemas. Aquela viúva viu o milagre em sua casa, mas parece que ainda não tivera ideia de como agir com toda aquela bênção. Ela retornou ao profeta Eliseu para lhe dar a nova, e ouviu o profeta: “Então, veio ela e o fez saber ao homem de Deus; e disse ele: Vai, vende o azeite e paga a tua dívida; e tu e teus filhos vivei do resto”(2Rs 4:7).

“O Senhor é meu Pastor; de nada terei falta” (Sl 23:1,NVI). Deus, o Pastor do Salmo 23, é Aquele que detém todas as coisas em Suas mãos, e faz com que nada falte aos Seus. Restaura a saúde, proporciona tranquilidade, segurança, proteção, prosperidade e fartura. Sua bondade e fidelidade acompanham seus filhos por toda a vida. Creia nisso!

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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.

Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.

Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.

A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.

Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.

Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.