1º
Trimestre/2013
Texto
Básico:2:9-14
“Ora, o
rei falava a Geazi, moço do homem de Deus, dizendo: Conta-me, peço-te, todas as
grandes obras que Eliseu tem feito” (2Rs 8:4).
INTRODUÇÃO
O ministério de Eliseu foi
ratificado pelos milagres que Deus realizou por sua instrumentalidade. Foram 14
(quatorze) milagres ao longo de seu ministério, a saber: (1) dividir as águas
do Jordão (2Rs 2:14); (2) sanear uma fonte (2Rs 2:19-22); (3) amaldiçoar
zombadores (2Rs 2:24); (4) encher os poços com água (2Rs 3:15,26); (5)
multiplicar o azeite de uma viúva (2Rs 4:1-7); (6) predizer uma gestação (2Rs
4:17); (7) fazer voltar à vida um jovem morto (2Rs 4:32-37); (8) neutralizar
veneno (2Rs 4:38-41); (9) multiplicar pães (2Rs 4:42-44); (10) curar a lepra de
Naamã (2Rs 5:1-19); (11) amaldiçoar Geazi com lepra (2Rs 5:20-27); (12)
preparar armadilha para a força militar Síria (2Rs 6:8-25); (13) revelar um
exército de anjos (2Rs 6:15-16); e (14) predizer o alívio para a sitiada
Samaria (2Rs 6:24-7:20). De forma geral, esses milagres foram manifestos em
momentos de angústia, onde apenas Deus poderia intervir, como foi o caso da
predição da abundância de alimentos para Samaria sitiada e faminta, e a volta à
vida do filho da Sunamita, que havia morrido.
Nesta Aula, trataremos apenas
08(oito) dos 14(quatorze) milagres que Deus realizou por instrumentalidade de
Eliseu. Dividiremos aqui as narrativas desses milagres em quatro grupos,
tornando o ensino mais didático: milagres de provisão, restituição, restauração
e julgamento. Todas essas intervenções divinas operadas por Eliseu tinham como
único propósito não exaltar as virtudes do profeta, mas evidenciar a graça e a
glória do Todo-Poderoso.
I. OS MILAGRES DE PROVISÃO
1. A multiplicação dos
pães(2Rs 4:42-44). ”E um homem veio de Baal-Salisa, e trouxe ao
homem de Deus pães das primícias, vinte pães de cevada e espigas verdes na sua
palha, e disse: Dá ao povo, para que coma. Porém seu servo disse: Como hei de
eu pôr isso diante de cem homens? E disse ele: Dá-o ao povo, para que coma;
porque assim diz o SENHOR: Comer-se-á, e sobejará. Então, lhos pôs diante, e
comeram, e deixaram sobejos, conforme a palavra do SENHOR”.
Este é um milagre de Provisão. O milagroso poder de Deus se
manifestou através da pequena quantidade de alimento que se multiplicou e se
tornou mais do que suficiente para cem homens. Essa era a forma de Deus
demonstrar que Ele proveria aos seus profetas. Quando Jesus esteve aqui na
Terra, em sua forma encarnada, Ele operou um milagre com a mesma dinâmica, mas
em maior proporção (cf Lucas 9:10-17). Em ambos os acontecimentos, é assaz
evidente a graça de Deus em prover o necessário para os carentes.
2.
Abundância de víveres (ler 2Rs 7:1-18). O contexto histórico
desta narrativa bíblica refere-se à época do rei Jorão, filho de Acabe. Tal
qual o seu pai, fez o que era mau aos olhos do Senhor Deus de Israel (2Rs 3:1,2). Ele aderiu aos pecados de
Jeroboão, filho de Nebate, que fizera pecar a Israel; não se apartou deles (2Rs
3:3). A consequência de suas ações pecaminosas foi o cerco à cidade de Samaria
pelo rei da Síria, Ben-Hadade. Com a cidade sitiada, a consequência natural foi
a escassez de alimentos. Por causa do cerco e, por conseguinte, a fome severa,
até canibalismo foi praticado: as mães comiam seus próprios filhos (2Rs 6:28).
Esse reprovável ato dessas mulheres é uma demonstração clara que Israel perdera
a fé e se afastara da confiança em Deus. Um dos resultados principais do
repúdio a Deus e à sua Palavra é a perda do amor e da afeição à família (cf.
Dt 28:15,53-57).
Eliseu profetizara que a falta de
alimentos chegaria ao fim e que seus preços cairiam, até chegar ao normal (2Rs
7:16). E foi o que aconteceu. Foi realmente um grande milagre, que aconteceu de
forma sobrenatural e fora da lógica humana. Com esse acontecimento, os
israelitas compreenderam que a palavra do Senhor era realmente a verdade, e que
Deus, na sua misericórdia, salvara a nação apóstata, da calamidade, para que se
arrependesse e voltasse a Ele; e que a incredulidade e a recusa em obedecer a
palavra de Deus resultaram em mais castigos(veja o caso do capitão – vv.
2,17-20).
É Deus, não os ídolos sem valor,
quem nos dá nosso alimento cotidiano. Apesar de nossa fé às vezes ser fraca ou
bem pequena, jamais nos tornemos céticos quanto à provisão do Senhor. Quando
nossos recursos estiverem reduzidos e nossas dúvidas forem muito fortes,
lembremo-nos de que Deus pode abrir as comportas do Céu.
II.
OS MILAGRES DA RESTITUIÇÃO
1. A restauração do filho
da sunamita (2Rs 4:32-37). “E, chegando Eliseu àquela
casa, eis que o menino jazia morto sobre a sua cama. Então, entrou ele, e fechou a porta sobre eles ambos, e orou ao
SENHOR. E subiu, e deitou-se sobre o menino, e, pondo a sua boca sobre a boca
dele, e os seus olhos sobre os olhos dele, e as suas mãos sobre as mãos dele,
se estendeu sobre ele; e a carne do menino aqueceu. Depois, voltou, e passeou
naquela casa de uma parte para a outra, e tornou a subir, e se estendeu sobre
ele; então, o menino espirrou sete vezes e o menino abriu os olhos. Então,
chamou a Geazi e disse: Chama essa sunamita. E chamou-a, e veio a ele. E disse
ele: Toma o teu filho. E veio ela, e se prostrou a seus pés, e se inclinou à
terra; e tomou o seu filho e saiu”.
Na cidade de Suném (4:8), perto do
Mar da Galiléia, havia uma senhora casada com um próspero fazendeiro que se
mostrou generosa para com o profeta, dando-lhe boa acolhida em sua casa e até
construindo um quarto extra, especialmente para hospedá-lo em suas passagens por lá. Ela tinha tudo o que
precisava, mas não tinha o que mais desejava – um filho.
Em Israel a ausência de filhos
era sempre motivo de chacota e desprezo, e ainda que o marido fosse estéril ou
demasiadamente velho, a culpa sempre era da
esposa. A sunamaita, apesar da tranquilidade financeira, carregava sobre
si esse imenso desconforto. Eliseu, por sua vez, retribuiu a generosidade
intercedendo pelo milagre de um filho, e Deus concedeu-lhe essa graça.
Passados alguns anos aquela
criança adoeceu gravemente e acabou falecendo nos braças da mãe. Ela, que no
início duvidara da promessa de Eliseu, agora, amadurecida na fé, pôde crer na
restituição miraculosa de seu filho morto. Agiu rapidamente no sentido de
encontrar o profeta e nem contou ao marido o que havia ocorrido, na certeza de
que Deus resolveria a questão antes que a tragédia viesse à tona. Eliseu deixou
tudo o que estava fazendo para vir em socorro da mulher e da criança, e ao
chegar na casa fez duas coisas: clamou a Deus e tentou aquecer aquela pequena
vítima.
O método de Eliseu funcionou.
Deus ouviu o seu clamor e, com isso, a confiança daquela mãe, que mesmo em meio
às lágrimas, foi surpreendentemente recompensada. Prostrou-se aos pés de seu
benfeitor, cheia de júbilo, e saiu com o filho nos braços glorificando a Deus.
Aquilo que cabe a nós, isso
devemos fazer, pois Deus mesmo concedeu os meios naturais que nos ajudam a
sobreviver. Porém, há coisas que só pela força sobrenatural de Deus podemos
obter.
2. O
machado que flutuou (2Rs 6:1-7). “E disseram os filhos dos
profetas a Eliseu: Eis que o lugar em que habitamos diante da tua face nos é
estreito. Vamos, pois, até ao Jordão, e tomemos de lá, cada um de nós, uma
viga, e façamo-nos ali um lugar, para habitar ali. E disse ele: Ide. E disse
um: Serve-te de ires com os teus servos. E disse: Eu irei. E foi com eles; e,
chegando eles ao Jordão, cortaram madeira. E sucedeu que, derribando um deles
uma viga, o ferro caiu na água; e clamou e disse: Ai! Meu senhor! Porque era
emprestado. E disse o homem de Deus: Onde caiu? E, mostrando-lhe ele o lugar,
cortou um pau, e o lançou ali, e fez nadar o ferro. E disse: Levanta-o. Então,
ele estendeu a sua mão e o tomou”.
O fato do machado de ferro ou de
bronze, que havia afundado, ter subido à superfície foi um completo milagre.
Foi uma demonstração do poder de Deus. Um machado de ferro ou bronze, naqueles
dias, era uma ferramenta muito cara, e esse pobre homem ficou aflito ao pensar
na sua responsabilidade pela ferramenta emprestada. O milagre serviu para
enfatizar aos jovens profetas que, no conflito com a adoração a Baal, Deus
trabalhava a favor deles. Também serviu para mostrar o cuidado e a provisão de
Deus para aqueles que confiam nele, mesmo nos acontecimentos mais
insignificantes da vida cotidiana. Deus está sempre presente. Ele está pronto a
restituir o que perdemos, mas precisamos ter consciência disso.
III. OS MILAGRES DE RESTAURAÇÃO
1. A cura de Naamã (ler
2Rs 5:1-19). Algumas coisas nos chamam a atenção no relato desse
milagre.
a) O
testemunho da fé (2Rs 5:1-8). Naamã, general do exército da
Síria, era um grande homem diante do seu rei, do seu povo, e de
muito respeito...porém, leproso. Na vida de um grande
homem, por mais importante e destacado entre o seu povo, há sempre um “porém”.
Não adianta ensoberbecer, há sempre um “porém”. Este general havia
conquistado tudo que desejava, “porém, havia perdido aquilo que mais
prezava – sua saúde, tornara-se leproso. A menina israelita, por sua vez,
perdera tudo que mais amava, mas manteve saudável a sua fé. E apesar da
indignação de ser raptada, de perder o contato com a amada família, de ser
reduzida à vil escravidão, de perder a sua infância, de ter de servir a um
tirano, inimigo de seu povo, e pior ainda, um leproso, apesar de tudo isso
manteve firme sua confiança em Deus. Mostrou-se disposta a testemunhar de sua
fé naquele ambiente hostil, oferecendo uma benção àquele que a ofendeu: “tomara
o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria
da sua lepra” (2Rs 5:3). A atitude e a fé dessa menina israelita nos dá a
seguinte lição: nem sempre o ambiente onde vivemos, estudamos e trabalhamos vem
a ser aquilo que gostaríamos, mas nunca deixará de ser um lugar de
oportunidade, onde nossa fé, mesmo com lágrimas, poderá ser semeada e mudanças
alegres poderão ser colhidas (veja Salmo 126:6).
As boas novas logo se
espalharam chegando até o trono do rei da Síria, Ben-Hadade. Aquele reino
próspero e poderoso nada podia fazer em benefício de seu herói, mas o “fraco”
reino de Israel, por eles saqueado, possuía homens com grande poder espiritual.
O opressor agora dependia do oprimido, o forte precisava do fraco, e dessa
forma o nome de Deus foi exaltado entre as nações. Ben-Hadade enviou seu
general favorito ao rei de Israel, com uma grande comitiva, um batalhão
fortemente armado e uma considerável fortuna, a fim de encorajar a cooperação
do rei Jorão – “encontrar o tal profeta milagroso”. A abordagem de Naamã
foi direta e honesta, mas o rei de Israel interpretou mal aquele pedido,
confundindo com um pretexto para provocar uma nova guerra (cf. 2Rs 5:7). Sua
cegueira espiritual o impedia de enxergar a grande oportunidade que Deus havia
proporcionado. Imaginem a repercussão internacional que seu reino poderia obter
se o grande Naamã fosse socorrido pelos “poderes de Israel”? O rei Jorão sabia
que Eliseu tinha esse poder, mas a desprezível idolatria que maculava sua alma
o impedia de raciocinar com clareza.
Naamã levou à presença do rei
Jorão, como retribuição à sua petição, a exorbitante quantia de
10 talentos de prata (350 kg), 6.000 siclos de ouro (68 kg) e dez vestes
festivais (trajes de luxo adornados com pedras preciosas). Certamente uma parte
daquele tesouro caberia ao profeta que o curasse. Não tardou a que as noticias
chegassem aos ouvidos de Eliseu, o qual repreendeu a estupidez do rei Jorão e
sua incredulidade: “Porque rasgastes as tuas vestes? Deixa-o vir a mim e
saberá que há profeta em Israel” (2Rs 5:8).
b) O
exercício da fé (2Rs 5:9-19). Chegou Naamã, com sua comitiva,
seu exército, seu poder e sua carga preciosa à casa do profeta, mas Eliseu não
se deixou impressionar com toda aquela ostentação, de modo que nem ao menos se
deu ao trabalho de ir saudá-lo ou festejá-lo. Conhecia o objetivo de sua visita
e, provando a sua fé, mandou o seu discípulo, Geazi, ao encontro de Naamã, no portão,
com a seguinte instrução: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne
será restaurada, e ficarás limpo” (2Rs 5:10). Perante Deus não há lugar
para soberba; Naamã precisava aprender esta lição. Se alguém busca uma bênção
de Deus, que busque isso com humildade e fé ou nada receberá – “pois todo
aquele que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado”(Lc
14:11).
O arrogante general começou
a desanimar e a perder as esperanças de uma cura espetacular, em função do
preconceito contra o método do profeta e pela maneira como foi tratado. Desejou
voltar para casa imediatamente, mas seus assessores, munidos de um sincero
desejo de vê-lo curado, convenceram-no com muita inteligência, cautela e
lógica: “O senhor é homem valente e nunca se negou a uma tarefa por mais
difícil que fosse. Temos certeza de que o senhor faria qualquer coisa que o
profeta pedisse sem hesitar ou demonstrar temor. Por que, então, não poderia
fazer algo tão simples?” (2Rs 5:13 – parafraseado).
A questão agora estava nas mãos
de Naamã. Em seu desespero, já havia crido até nos conselhos de uma
escrava estrangeira, percorrera grande distância rumo ao desconhecido e fizera
um considerável investimento em busca da solução para o seu drama. Faltava-lhe
agora o passo final – “agir com fé”. Finalmente, o grande estadista abriu mão
do orgulho e mergulhou no “lamacento” rio Jordão. Posso até imaginar a
expectativa de seus companheiros. “Mergulhou uma, duas vezes, e nada! Mergulhou
terceira, quarta e quinta vez, e nada aconteceu! Mergulhou pela sexta vez e não
houve sequer um vestígio de mudança. A angústia foi aumentando; teria o profeta
passado um trote no general? Se desistisse ali teria perdido a grande
oportunidade de sua vida, mas não desistiu; exercitou sua débil fé até o fim e,
por isso, o resultado foi melhor que o esperado. Não apenas obteve a cura, como
também ganhou uma pele rejuvenescida, tal como a pele de uma criança.
Naamã voltou à presença de Eliseu com seu
corpo purificado, sua alma lavada e suas mãos repletas de dádivas. A
transformação foi completa; Deus mudou-lhe o exterior e o interior, e fez dele
um novo homem. O profeta, ao olhar tamanha alegria, alegrou-se também; não pela
fortuna que lhe foi oferecida, mas pela preciosidade de uma vida transformada e
agora consagrada ao verdadeiro Deus.
2. As
águas de Jericó (2Rs 2:19-22). “E os homens da cidade
disseram a Eliseu: Eis que boa é a habitação desta cidade, como o meu senhor
vê; porém as águas são más, e a terra é estéril. E ele disse: Trazei-me uma
salva nova e ponde nela sal. E lha trouxeram. Então, saiu ele ao manancial das
águas e deitou sal nele; e disse: Assim diz o SENHOR: Sararei estas águas; não
haverá mais nelas morte nem esterilidade. Ficaram, pois, sãs aquelas águas até
ao dia de hoje, conforme a palavra que Eliseu tinha dito”.
Este texto narra a história das
águas amargas de Jericó que foram restauradas por Deus através da
instrumentalidade do profeta Eliseu. No acontecimento desse milagre, o profeta
pede um prato novo e, dentro deste, se coloque sal. Feito isso, Eliseu
profetiza, em nome do Senhor, que aquelas águas tornem-se potáveis. E assim
aconteceu – “ficaram sãs aquelas águas”. Aqui, o “sal”
simboliza um elemento purificador (Lv 2:13; Mt 5:13), enquanto o “prato
novo” simboliza um instrumento de dedicação especial ou exclusiva para
aquele momento. Na verdade, ao tornar saudáveis as águas salobras, usando um
prato de sal, Deus quis mostrar aos “seminaristas”(os discípulos de Eliseu) que
Ele tem total controle e autoridade sobre a natureza (veja o caso de Elias no
ribeiro de Querite – 1Reis 17:4-6). Com esse milagre, Deus quis dar
tranquilidade de provisões aos discípulos de Eliseu.
IV.
OS MILAGRES DE JULGAMENTO
1. Maldição dos rapazes
(2Rs 2:23-24). “Então, subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo
caminho, uns rapazes pequenos saíram da cidade, e zombavam dele, e diziam-lhe:
Sobe, calvo, sobe, calvo! E, virando-se ele para trás, os viu e os amaldiçoou
no nome do SENHOR; então, duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e
dois daqueles pequenos”.
No caminho entre Jericó e Betel,
um dos centros de adoração ao bezerro, Eliseu se deparou com um grupo de
rapazes arruaceiros que o chamaram de “calvo” e o desafiaram, em tom de
escárnio, a subir ao Céu como Elias. Certamente, esses “rapazes pequenos” tinham
ouvido seus pais rirem da notícia que Elias subira ao Céu, possivelmente
dizendo: ‘Se Eliseu afirma isso, que então ele mostre como é feito e que
ele, o velho calvo, suba também’. Essa zombaria contra o profeta era um
desdém pelo seu Senhor. Para desagravar a honra do Senhor, Eliseu pronunciou
contra eles um julgamento divino, formulado na lei da bênção e da maldição,
segundo o concerto (ler Lv 26:21,22; Dt 30:19). Após Eliseu amaldiçoá-los “em
nome do Senhor [...] duas ursas saíram do bosque e despedaçaram quarenta e dois
deles”. O próprio Deus julgou aqueles rapazinhos degenerados, enviando-lhes
duas ursas. Não dá prá saber se eles morreram ou não.
Não sabemos como reconciliar
completamente esse incidente com o caráter de Deus ou com a bondade do profeta.
Se tal reconciliação for possível, devemos entender que os “rapazes” eram
suficientemente crescidos para responder moralmente. Eliseu pronunciou essa
maldição a fim de vingar a honra do Senhor que havia sido ofendida quando os
jovens proferiram aquelas palavras para insultá-lo. Insultar um mensageiro de Jeová é o mesmo que ofender o próprio
Deus.
2. A
doença de Geazi (ler 2Rs 5:20-27). Nesta narração, observamos a
razão principal pela qual Geazi foi julgado: o abandono da fé – a cobiça
pelos bens terrenos o levou à maldição. A jovem escrava israelita exercitou
sua fé, apesar da tristeza que ardia em seu coração. Naamã exercitou sua fé,
mesmo com o preconceito arraigado em seu coração, mesmo com a decepção na corte
do rei Jorão, mesmo não entendendo a lógica do profeta, e agora, depois de
curado, exercitou mais uma vez a sua fé na convicção de que o “Deus de Israel”
o acompanharia de volta a seu país (2Rs 5:17). Mas Geazi, embora
conhecesse bem de perto os prodígios do Senhor, em lugar de exercitar, abandonou
a sua fé, trocando o sustento de Deus por um modo “mais fácil” de prover o
seu conforto. Geazi engendrou um plano diabólico para tirar o máximo proveito
daquela situação. Certamente o fascínio do lucro fácil causou um desequilíbrio
na mente daquele cobiçoso discípulo, a ponto de usar o santo nome de Deus para
justificar sua cobiça: “ tão certo como vive o Senhor, hei de correr atrás
dele e receberei alguma coisa” (2Rs 5:20).
Aproveitando-se da euforia e da
boa fé do novo convertido Naamã, usou o nome do profeta, inventando a chegada
de novos hóspedes como pretexto para ganhar um pouco do que Eliseu recusou. E
ganhou mesmo, mais ainda do que pediu; angariou para si 68 kg de prata e duas
vestes festivais (2Rs 5:21-23). Bem que a Palavra de Deus nos alerta: “porque
o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se
desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores” (1Tm 6:10).
E, como um pecado chama outro pecado, o jeito foi continuar mentindo para
acobertar o seu deslize. Mas de Deus não se esconde nada. Deus fez com que
Eliseu soubesse de tudo por meio de uma visão (2Rs 5:26).
Veja como são as coisas, um pagão
estrangeiro foi curado, pela nobreza de sua fé, enquanto um israelita, um
estudante de teologia, tomou o lugar do pagão, para a desonra de sua fé. Assim
como Acã, Ananias e Safira, Judas Iscariotes....também Geazi vendeu sua alma
por prazeres passageiros. A cobiça desse jovem só lhe trouxe maldição, pois com
a prata que surrupiou de Naamã, herdou também a lepra que antes era dele (2Rs
5:27). Geazi foi à procura de Naamã em busca de “alguma coisa” e terminou sem
“coisa alguma”. Foi em busca de valores materiais, mas perdeu os espirituais. É
um perigo quando alguém troca o “ser” pelo “ter”.
CONCLUSÃO
Eliseu realizou milagres
fantásticos, sim, mas era um dom de Deus; foram uma clara demonstração do poder
de Deus, que teve como propósito específico demonstrar a graça de Deus e sua
glória nas mais diferentes situações. Em nenhum momento Eliseu ensoberbeceu-se
do dom que havia nele, e nem deixou transparecer que se tratava de algo que ele
conseguia manipular através do domínio de alguma técnica. Não há dúvida nenhuma
que em todos os milagres realizados estavam a unção de Deus.
-----
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof.
EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo
Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 53 – CPAD.
A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.
Comentário Bíblico Beacon, v.2 – CPAD.
Porção Dobrada – Pr. José Gonçalves – CPAD.
Comentário do Novo Testamento –
Aplicação Pessoal.
Marcos (o evangelho dos milagres)
– rev. Hernandes Dias Lopes.
Elias e Eliseu (homens de ação) –
Editora cristã Evangélica.
pastor , amei seu comentario sobre este assunto , tão rico e tão importante sobre dois homens de Deus , tenho uma pergunta que tenho duvida , o que naamã pediu a Eliseu como prova da sua convenção ?
ResponderExcluir