domingo, 22 de julho de 2018

Aula 05 – SANTIDADE AO SENHOR


3º Trimestre/2018

Texto Base: Levítico 20:1-10

“E ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR, sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus” (Lv.20:26).

INTRODUÇÃO
Nesta Aula estudaremos a respeito da Santidade ao Senhor. Deus é Santo, por natureza. Deus, e somente Deus, é Santo na sua essência, e por ser assim, possui absoluta pureza moral, não podendo, pois, pecar. Deus é, eternamente, Santo.
 Porque eu sou o SENHOR, vosso Deus; portanto, vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo [...]. Porque eu sou o SENHOR, que vos faço subir da terra do Egito, para que eu seja vosso Deus, e para que sejais santos; porque eu sou santo. Santos sereis, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo"(Lv.11:44,45; 19:2).
Deus é santo, por isso Israel, através das leis e ordenanças levíticas, tinha a obrigação de apresentar-se a Deus e ao mundo como a nação santa, zelosa e servidora por excelência. O Tabernáculo e seus móveis eram santos, santos eram os sacerdotes, santas eram as suas vestimentas, santas eram as ofertas, santas eram as festas, e tudo era santo para que Israel fosse santo. Que aprendamos, também, a adorar e a servir ao Senhor na beleza de sua santidade.
I. SANTIDADE, A MARCA DO POVO DE DEUS
A Santidade é o tema principal de Levítico, e tanto naquele tempo quanto hoje, continua a ser a marca distintiva dos filhos de Deus. A Bíblia Sagrada deixa claro que ser santo é uma exigência de Deus para aqueles que querem servi-lo. Todavia, em que pese o Senhor ter dito “santo sereis”, a Palavra de Deus nos ensina que Ele respeita a vontade do homem e não viola sua liberdade, ou seu livre arbítrio. Obedecer ou não obedecer é uma decisão do homem. Ninguém será santo à força; isto não agrada a Deus.
1. Deus é Santo e sempre quis relacionar-se com homens santos. A Santidade de Deus atrai para si as coisas santas, e, em contrapartida, rejeita as impuras.
a) Assim foi no princípio. Pela Bíblia sabemos que, no principio, e durante muitos séculos, havia duas linhagens: os filhos de Deus e os filhos dos homens. Os filhos de Deus eram os descendentes de Sete, que permaneceram fiéis e dependentes da misericórdia de Deus, enquanto que os filhos dos homens eram os descendentes de Caim, que, não somente saiu “...de diante da face do Senhor...” (Gn.4:16), como também, pelas suas obras más, foi-se distanciando cada vez mais dele.
b) O distanciamento. No princípio estes dois povos, ou estas duas linhagens, foram se distanciando cada vez mais um do outro. Enoque foi um dos santos dessa época: “E andou Enoque com Deus; e não se viu mais, porquanto Deus para si o tomou” (Gn.5:24). Enoque foi santo, e profeta, o primeiro profeta mencionado na Bíblia; sua profecia ainda está para se cumprir. Ele profetizou sobre a Vinda de Jesus, na Sua Revelação: “...eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos, para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios...” (Judas 14,15). Sua profecia só se cumprirá em Apocalipse 19:11-21. 
c) O julgo desigual. A distância entre aqueles dois povos começou a ser diminuída até que a linha divisória se apagou. Houve a mistura – “Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram” (Gn.6:2). “E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra” (Gn.6:12). Noé foi um dos representantes dos Santos dessa época – “... Noé era um varão justo e reto em suas gerações; Noé andava com Deus” (Gn.6:9).
d) O dilúvio. Por causa da mistura das duas linhagens – de Sete e Caim - Deus destruiu a humanidade, porém, guardou os santos. Deus não tem compromissos com os ímpios; seu compromisso é com os santos. A mensagem que ficou é a de que Deus quer que haja uma nítida linha divisória entre o mundo dos santos e o mundo dos ímpios. Foi por causa da mistura entre essas duas linhagens que Deus destruiu o mundo com o dilúvio.
“Assim, foi desfeita toda substância que havia sobre a terra, desde o homem até ao animal, até o réptil e até as aves dos céus; e foram extintos da terra; e ficou somente Noé e os que com ele estavam na arca” (Gn.7:23).
e) Deus criou um novo povo: Israel. Ao deixar todas as demais nações de lado, Deus se propôs formar um povo especial com o qual passaria a se relacionar. Porém, sendo santo, Deus somente se relaciona com santos. Desta feita, uma das coisas que Deus queria de Israel era que fosse um “povo santo” - “E vós me sereis reino sacerdotal e povo santo...” (Êx.19:6).
f) Israel falhou como povo santo. Deus havia dito a Israel: “E vós me sereis...o povo santo”. Porém, em lugar de se tornar “o povo santo”, Israel se tornou um povo apóstata e idólatra. Contaminou-se tanto que foi acusado, por Deus, de prostituição e de adultério espiritual - “E disse mais o Senhor nos dias do rei Josias: viste o que fez a rebelde Israel? Ela foi-se a todo o monte alto, e debaixo de toda árvore verde, e ali andou prostituindo-se. E sucedeu que pela fama da sua prostituição contaminou a terra, porque adulterou com a pedra e com o pau” (Jr.3:6-9). Esta foi a triste condição do povo de Israel que Deus queria que fosse “o povo santo”.
g) Deus criou um novo povo: a Igreja. A palavra “igreja” (no grego, ekklesia) significa “chamados para fora”. A Igreja é o novo povo de Deus, o povo formado por judeus e gentios que, pelo sangue de Cristo, passou a ter comunhão novamente com Deus; um povo espiritual, assim como o seu Senhor; um povo destinado a se reunir aos santos do passado para povoar a Nova Jerusalém, a Jerusalém celeste, onde se reeditará a comunhão eterna e perfeita que havia entre Deus e a humanidade antes que o pecado entrasse no mundo (Ap.21:3). A Igreja é a herdeira da cruz.
h) A Igreja não pode cometer os mesmos erros dos povos anteriores. Por falta de santidade, Deus deixou de relacionar-se com as nações. Por falta de santidade, Deus deixou de relacionar-se com Israel. O mesmo não pode acontecer com a Igreja. A Igreja, como Reino de Deus, aqui na Terra, será sempre santa. A Igreja, na condição de “Noiva do Cordeiro” não pode e não será rejeitada, porque ela é a “... a igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef.5:27). Porém, a igreja, enquanto denominação local, também podemos ser rejeitados se viermos a cometer o erro da geração antediluviana e o erro do povo de Israel. Exatamente para que isto não aconteça, a Palavra de Deus nos adverte, dizendo: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd.1:15,16).
2. A santidade como marca. A santidade é o que identifica o povo de Deus. Por isso, a exigência permanente de Deus com relação à santidade do Seu povo, tanto na Antiga como na Nova Aliança. O texto Áureo de Levítico enfatiza esta realidade dogmática: “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel e dize-lhes: Santos sereis, porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv.19:2). Observe que a marca, a santidade, não é somente para os líderes, mas a toda “a congregação dos filhos de Israel”, ou seja, a toda a Igreja do Senhor do Antigo Testamento. Deus diz: “santos sereis”.
Qual a razão da demanda do Senhor à congregação de Israel? A Bíblia responde: “Porque eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo”. Sim, Deus é o Senhor. Logo, nesse relacionamento, não passamos de servos. Ele tem autoridade para exigir que cada um de seus servos sejam santos, porque Ele, o nosso Deus, é santo. Como ignorar as prerrogativas daquele que nos chamou à perfeição?
O texto áureo de Levítico é claro e abrangente: toda a congregação estava obrigada atender à ordem divina, inclusive os dirigentes máximos da nação; todos deveriam porfiar por uma vida santa que, tendo início em seu coração, refletisse em seu semblante.
Todavia, santidade não significa levar-nos a sair do mundo ou do mundo isolar-se. Lembremo-nos da oração sacerdotal de Jesus: "Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal" (João 17:15, ARA).
Na ótica bíblica, santificar-se não significa isolar-se da sociedade, mas, nesta sociedade, atuar como testemunha fiel de Deus. É o que o Senhor requisitava de sua congregação no deserto. Mesmo ali, ainda sem contatar povo algum, deveriam os israelitas consagrar-se inteiramente como servos do Senhor. Sim, embora estamos no lugar mais improvável e árido, proclamemos as virtudes do Reino de Deus, por meio de uma vida santa, pura e marcada pela distinção.
Se o povo hebreu deveria sobressair-se pela santidade, o que não esperar da Igreja de Cristo? O apóstolo exorta-nos a andar continuamente em novidade de vida (Rm.6:4). Sem a santidade requerida por Deus nenhum de nós chegará à Jerusalém Celeste (Hb.12:14; Ap.21:8).
Mais ainda:
a)    Devemos ser santos porque somos filhos de Deus - “Amados, agora somos filhos de Deus...”(1João 3:2). Quando um filho ama seu pai ele se orgulha quando alguém diz que ele se parece com o pai. O mesmo sentimento compartilha o pai quando alguém diz que seu filho é a “sua cara”. Contudo, não havendo amor essa mesma declaração aborrece tanto o filho como o pai.
b)    Devemos ser santos porque queremos fazer a vontade do Pai -  “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação...”(1Tes.4:3). Todo bom filho sente prazer e se esforça para fazer a vontade de seu pai. Todo pai fica feliz quando seu filho procura ser-lhe agradável. A Bíblia diz que Deus quer que seus filhos sejam santos.
c)    Devemos ser santos porque queremos ser morada de Deus e um Templo para o seu Espírito - “Jesus respondeu, e disse-lhe: se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”(João 14:23); “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós...”(1Co.6:9). A Bíblia diz que Deus é Santo na sua essência, ou seja, é absolutamente santo. Nós com todas nossas impurezas não sentimos bem habitando, ou convivendo num lugar sujo, imundo, quanto mais Deus. Daí, se eu quero que ele habite em mim, então preciso não apenas estar limpo, preciso estar purificado.
d)    Devemos ser santos porque queremos ser um vaso nas mãos de Deus. Santificação significa ser separado para uso de Deus. Assim sendo, qualquer que desejar ser um vaso nas mãos de Deus, tem que ser um vaso separado para seu uso. Esta é a condição exigida pela Palavra de Deus, conforme escreveu Paulo: “Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purifica destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra”(2Tm.2:20,21).
e)    Devemos ser santos porque somos peregrinos à caminho da Canaã Celestial - “...Andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação”(1Pd.1:17). Os que não conhecem a Bíblia pensam que para ser santo é preciso estar morando no céu. Pensam que é somente lá que vivem os santos. Porém, pela Palavra de Deus sabemos que Deus exigiu que Israel fosse santo durante a peregrinação através do deserto. Foi lá no Monte Sinai que Deus disse: “...Santos sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo”(Lv.19:2). Naquele deserto, Israel teria que andar com Deus. Porém, o profeta Amós, pergunta: “Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?”(Amós 3:3). Deus é Santo. Só existe uma maneira de poder andar com ele: sendo santo.
f)     Devemos ser santos porque queremos morar no Céu - “Senhor, quem habitarás no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte? (Salmo 15:1). O Senhor Deus diz: “Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que estejam comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá”(Salmo 101:6). Somente os santos morarão no céu. Que o Senhor nos ajude a andar de valor em valor até que venhamos a completar a nossa carreira espiritual.
3. O processo de santificação. A nação de Israel, logo após sua saída do Egito, lá no Monte Sinai, foi requerida a se apresentar diante de Deus como nação santa – “Santos sereis” (Lv.19:2). Como afirma o texto sagado, a exigência divina foi para toda a congregação, principalmente aos seus líderes. No início todo o Israel se propôs a cumprir o pacto de santidade firmado no Monte Sinai, mas no decorrer dos anos, o pacto foi quebrado, não houve uma firmeza, foi interrompido e recomeçado diversas vezes; veja o Livro de Juízes, lá encontramos o desvio do povo de Deus do caminho da santidade. Apesar das diretrizes exaradas no Pentateuco, para que o seu povo viesse a atingir o ideal de uma nação santa, profética e sacerdotal, o tempo se encarregou de denunciar a infidelidade do povo de Deus da Antiga Aliança.
O principal pilar de sustentação da santidade é o amor a Deus. Se lermos atentamente os livros de Êxodo e Levítico, verificaremos que o processo de santificação, na vida do povo de Israel, tinha início com o amor que ele tributava a Deus – “Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu Poder”(Dt.6:5). A partir desse momento, o fiel passava a cumprir todos os mandamentos do Senhor. Quando o crente deixa de amar a Deus e passa a amar o mundo, a sua queda é fatal e sua separação de Deus é inevitável. Portanto, não existe processo de santificação sem o forte, comprovado e excelente amor a Deus. Quanto mais o amamos, mais nos tornamos santos.
Para nós, povo de Deus da Nova Aliança, estamos também engajados num processo árduo em busca da “estatura de vão perfeito”, que se dará no último processo da salvação, a glorificação. No exato instante em que aceitamos Jesus, somos imediatamente elevados à posição de santos; sendo já santos, estamos entre os demais santos. Porém, isso não significa que o processo de nossa santificação haja se completado ali. Posto que a santificação é um processo progressivo, e não um ato, tem início ali, ao pé da cruz, uma ação longa e continuada que, levada a efeito pela Palavra de Deus, conduzir-nos-á à estatura de varões perfeitos, segundo o modelo que há em Jesus Cristo (Ef.4:13).
Cristo nos separa do pecado, nos dá poder sobre o pecado, porém nos deixa a missão de nos livrarmos dos efeitos dos pecados. Somos libertos dos efeitos do pecado através da oração, do estuda da Palavra de Deus, da nossa submissão ao Espírito Santo para que ele nos ensine todas as coisas. Assim, vamos nos separando cada vez mais do pecado, das coisas do mundo, a caminho da santificação até chegarmos a estatura de Cristo, que é o alvo a ser buscado.
Como afirma o Pr. Claudionor de Andrade, a santidade deve ser vista como um posicionamento e não como um processo devidamente encerrado. Que agora somos santos, não há dúvida. Todavia, isso não significa que já estejamos plenamente santificados. Seremos constrangidos, durante a nossa peregrinação à Cidade Celeste, a buscar os meios da graça, a fim de alcançarmos a perfeição: oração, leitura da Bíblia, jejuns, frequência aos cultos e disciplina espiritual. Enquanto estivermos neste mundo, soar-nos-á aos ouvidos a exortação apostólica: "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o SENHOR" (Hb.12:14).
Que a recomendação do apóstolo Paulo seja aplicada na íntegra em cada etapa de nossa existência neste mundo:
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts.5:23).
II. A SANTIDADE NO MINISTÉRIO LEVÍTICO
“Os sacerdotes deveriam ser uma referência perfeita à nação de Israel no que tange à santidade e à pureza. Afinal de contas, eram os responsáveis pela santificação do povo, a fim de torná-lo propício diante de Deus”.
1. Santidade exterior. A palavra santificação significa apartar-se do mal. É condição necessária para desfrutar-se da comunhão com Deus. As leis e as instituições de Levítico faziam os israelitas tomar consciência de sua pecaminosidade e de sua necessidade de receber a misericórdia divina; ao mesmo tempo, o sistema de sacrifícios ensinava-lhes que o próprio Deus provia o meio de expiar seus pecados e de santificar sua vida.
Deus é santo, e seu povo há de ser santo também. Israel devia ser diferente das outras nações e devia separar-se de seus costumes - "Não fareis segundo as obras da terra do Egito... nem fareis segundo as obras da terra de Canaã" (Lv.18:3).
No Período Levítico, o Senhor impusera aos ministros da Casa de Deus uma série de restrições, para que não viessem a comprometer o ministério sagrado. Desobedecer às normas instituídas por Deus poderia causar até mesmo a morte do ministro. No Livro de Levítico é narrado o episódio em que Deus executou juízo sobre os filhos de Arão, que ministravam de forma irreverente e em pecado na Casa do Senhor (Lv.10:1,2). O que podemos aprender desse episódio? Antes de tudo, que Deus exige santidade, verdadeira reverência de seus ministros. Então, tomemos cuidado para não nos apresentarmos diante do Senhor com fogo estranho. O Deus que puniu a Nadabe e Abiú não morreu. Deus não se deixa escarnecer. Conscientizemo-nos disso.
Deus impôs aos sacerdotes levíticos algumas proibições:
·         Os sacerdotes. Tinham de se proteger da contaminação que ocorria por contato com o morto (exceto em casos que envolviam pessoas próximas da família, como mãe, pai, filho, filha, irmão ou irmã solteira). A mulher do sacerdote tinha de ser aceitável; ao casar devia ser virgem. O texto estipula que não podia ser meretriz; esta ordem reflete o fato indubitável de que a prostituição cultual era comum entre os vizinhos de Israel. A filha do sacerdote tinha igualmente de se manter pura. A prostituição da filha do sacerdote era punível com a morte. O sacerdote e sua família imediata tinham de ser santos. Tendo em vista o emblema da santidade divina que pesava sobre a classe sacerdotal, nenhum levita poderia ser admitido no serviço divino se portasse alguma deficiência física (cf.Lv.21:17-21).
·         O sumo sacerdote. As exigências para o exercício de seu ministério eram mais rigorosas. Ele não devia descobrir a cabeça, nem rasgar as vestes - sinais de luto permitidos aos sacerdotes comuns. Não podia desposar uma mulher qualquer a não ser uma virgem de Israel (Lv.21:7,14); caso contrário, sua semente seria profanada. Ele era o símbolo da mais alta pureza. Não devia haver nada nele que contaminasse o santuário.
Na Nova Aliança
Assim como Deus exigiu dos ministros da Antiga Aliança um comportamento exemplar diante de toda a congregação do Senhor, Ele também exige dos pastores do rebanho do Senhor, da Nova Aliança, santidade exterior. Há uma grande necessidade de mantermos uma conduta exemplar. Somos exortados, pela Palavra de Deus, como deve ser a nossa conduta - “para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp.2:15).
Uma vez que o crente recebe a justificação por meio de Jesus Cristo, deve andar de modo digno da vocação a que foi chamado. Isso será demonstrado através de sua conduta, do seu viver diário.
A conduta do crente deve refletir a de uma pessoa transformada, que foi lapidada pelo poder do Espírito Santo. Somente por meio da Palavra de Deus é que iremos saber se o comportamento do crente é correto ou não.
O Pr. Claudionor de Andrade está correto em seu argumento, que exponho aqui:
“Deveríamos nós, os obreiros de Cristo, ter uma postura mais santa e reverente. Às vezes, no púlpito, comportamo-nos como meros comediantes. Contamos piadas; lembramos pilhérias; evocamos imagens fortes e até sensuais. Imaginamos que, com uma desenvoltura mais leve e solta, levaremos o povo de Deus ao Céu.
Como se não bastasse, vemos alguns homens, tidos como de Deus, envolvidos em desinteligências, resmungos, escândalos e corrupção. Acham-se eles tão acostumados à impenitência, que já não temem ofender o Espírito Santo. Seguindo a doutrina de Balaão e errando pelos caminhos dos nicolaítas, usam a Bíblia para corromper o povo de Deus. Por intermédio da teologia, desviam os jovens e transviam os companheiros de ministério. A Igreja de Cristo, têm-na como um negócio vantajoso.
O que falar dos divórcios já tão comuns entre os membros do ministério sagrado? Não nos enganemos, o mesmo Deus que não deixou impune Nadabe e Abiú continua a reivindicar, de cada um de seus trabalhadores, uma vida íntegra, imaculada e irrepreensível. Certa vez, um querido amigo disse-me que Deus começaria a punir os maus obreiros com a morte. Na hora, achei a expressão um pouco carregada. Todavia, se acreditamos que o Deus de Levítico continua o mesmo, então que busquemos a misericórdia daquele que, apesar de nossas maldades, quer restabelecer-nos prontamente”.
2. Santidade interior. A santidade do sacerdote não poderia ser apenas exterior; sua pureza externa deveria ser um perfeito reflexo de sua santidade interior.
“Porque os lábios do sacerdote guardarão a ciência, e da sua boca buscarão a lei, porque ele é o anjo do SENHOR dos Exércitos” (Ml.2:7).
O sumo sacerdote era a personificação de Israel e sempre era seu dever trazer à memória de seu povo a santidade de Deus. Ele deveria, sempre, portar no turbante (mitra) uma lâmina de ouro puro com as palavras "Santidade ao Senhor" (Êx.28:36) gravadas sobre ela. Proclamava que a santidade é a essência da natureza de Deus e indispensável a todo o verdadeiro culto prestado a Ele.
Na Nova Aliança, a conduta do ministro cristão, também, está baseada em ter-se uma atitude certa para com Nosso Deus. A atitude com que fazemos, realizamos, recebemos as coisas, demonstra como está o nosso nível para com Deus. O crente foi justificado, no entanto, deve procurar viver uma vida de santidade interior.
Complementando este item, argumenta e adverte o Pr. Claudionor de Andrade:
Como está a nossa santidade interior? Por vezes, exteriormente, parecemo-nos o mais santo e correto dos homens. Mas, em nosso coração, quanto pecado! Em nossa alma, quanta iniquidade! E, em nossa mente, quanta sujeira, cobiça, adultério e até homicídios! Se não fizermos uma pausa, a fim de buscar a Deus, corremos o risco de perder a alma. Já imaginou ser lançado no lago de fogo em consequência de uma vida interior pecaminosa e reprovada diante do santíssimo Deus? Que nós, obreiros de Cristo, guardemo-nos da pornografia e do contato com mulheres pecadoras e carregadas de concupiscência. Sejamos precavidos. [...] o inimigo de nossas almas (às vezes, somos nós mesmos) está pouco se importando com a nossa faixa etária. [...] no jogo da tentação, o Diabo enfraquece o mancebo e fortalece o ancião.
3. Santidade e glória. A santidade e a pureza da classe sacerdotal demonstravam a glória de Deus sobre todo o povo de Israel. Por esse motivo, os ministros do altar deveriam oferecer sacrifícios em primeiro lugar, por si mesmos, e depois por todo o povo (Lv.9:1-8). Se, pelo altar, deveria começar a santificação do povo, pelo mesmo altar deveria também ter início a punição dos ministros de Deus (Jl.2:17; 1Pd.4:17).
Ao povo de Deus da Nova Aliança, o Senhor Jesus, por intermédio de seu Espírito Santo, está a requerer mais santidade e pureza de seus obreiros. Doutra forma, não subsistiremos às tormentas que, brevemente, se abaterão sobre a Igreja de Cristo.
Argumenta mais o Pr. Claudionor de Andrade:
Fomos chamados a refletir a glória de Jesus Cristo onde quer que estejamos. Que todos vejam, em nossa face, o rosto de Cristo; em nossas mãos, a providência divina; e, em nossos pés, o Evangelho que alcança os confins da terra.
É chegado o momento de voltarmos ao primeiro amor. Se nos curvarmos diante do Cordeiro, seremos renovados em línguas estranhas, receberemos dons espirituais e daremos uma sequência gloriosa ao nosso ministério. Evangelizemos. Lancemo-nos às missões. Trabalhemos enquanto é dia; a noite não demora a chegar.
III. A SANTIDADE DO POVO DE DEUS
A santidade da classe sacerdotal deveria refletir-se, necessária e eficazmente, na vida diária de Israel como povo, como congregação e em cada família (Os.4:9-11). Da mesma forma, o Senhor exige, de cada um de nós, a santificação de nossos filhos e de nossa vida conjugal, pois a nossa pureza expressa a sua vontade.
1. A santificação dos filhos. Deus proibiu aos israelitas, expressa e energicamente, apresentarem seus filhinhos como oferenda a Moloque (Lv.20:1-5). Este texto nos informa que o juízo de Deus cairia sobre os pais que oferecesse seus filhos ao falso deus Moloque. A pena: era morte por apedrejamento.
Moloque era um ídolo horrendo. Às vezes, davam-lhe a aparência de um ser híbrido (meio homem, meio boi), e estendiam-lhe desmesuradamente as mãos a fim de que, nos grandes festivais e cultos, viesse a acolher pomposa e vorazmente os filhinhos de seus tolos adoradores para serem queimados num ritual desumano e abominável. Esculpido todo em bronze, seus sacerdotes recheavam-no de produtos inflamáveis. Em seguida, utilizando-se de uma tecnologia que vinha sendo aperfeiçoada de geração em geração, aqueciam-no até que se fizesse infernalmente rubro. Já todo avermelhado e sob sádico olhar de seus sacerdotes, vinham-lhe os adoradores como que hipnotizados por todos os demônios para lhe oferecerem o que de mais precioso haviam recebido do Único e Verdadeiro Deus: seus filhos. E, agora, sob o rufar dos tambores, colocavam suas crianças nas mãos enrubescidas do falso deus Moloque. Assim eram assassinadas milhares de crianças, de forma covarde e barbaramente.
Deus disse que o israelita que entregasse sua semente, ou seus filhos a Moloque, equivaleria a contaminar o Seu santuário e profanar o Seu santo Nome. Tratava-se de adultério espiritual. Mas, isso não foi somente no Antigo Testamento, não. Infelizmente, neste exato momento, há muitos pais oferecendo seus filhos a Moloque, quando, por exemplo, adotam a política criminosa do aborto e quando não os educam conforme recomenda a Palavra de Deus (Pv.22:6; Ef.6:4).
Quantos pais não estão a agir exatamente como o sacerdote Eli. Apesar de conhecerem a Palavra de Deus e as suas justas e inegociáveis reivindicações, não se preocupam em conduzir os filhos no caminho do bem. Veja quão execráveis eram os filhos desse sacerdote: “Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial e não conheciam o Senhor. Era, pois, muito grande o pecado desses jovens perante o Senhor” (1Sm.2:12,17). O destino desses jovens, todos nós conhecemos. De tão ímpios que eram, não havia mais lugar de arrependimento em seu coração; perderam a vida e a alma.
Se instruirmos nossos filhos conforme recomenda a Palavra de Deus, teremos uma família de homens e mulheres santos, piedosos e irrepreensíveis. Ensine, pois, seus pequeninos na admoestação do Senhor, para que sejam pessoas de bem (Ef.6:4).
2. A santificação conjugal. A fim de preservar a integridade familiar, o Senhor proibiu terminantemente a infidelidade conjugal e o adultério. O juízo de Deus era rigoroso àqueles que praticassem tais atos - “Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera”(Lv.20:10). O objetivo de Deus era tornar a família israelita um exemplo para os gentios, conforme descreve-a o Salmista (cf. Sl.128).
A infidelidade conjugal é um processo maligno que tem início na mente. Em uma sociedade erotizada como a contemporânea, onde as expressões eróticas e pornográficas se tornaram mais explícitas e ousadas, a luta contra a tentação do adultério não é uma batalha individual, mas envolve a participação mútua do casal.
Atualmente, o mundo vê o adultério como algo normal, natural e até esperado no casamento. Pasmem! Recente pesquisa feita no Brasil demonstrou que dois terços das pessoas esperam ser traídas por seu cônjuge e consideram ser isto natural e compreensível. Entretanto, o adultério é abominável aos olhos de Deus, tanto que seu alcance foi ampliado por Jesus no sermão do monte (Mt.5:27-30). Sua prática é considerada loucura pela Palavra de Deus (Pv.6:32-35).
Com certeza, não há prática que cause tantos males e denigra tanto o caráter de alguém senão o adultério, que, além de destruir a família - célula mater da sociedade -, dá péssimo exemplo aos filhos que, sem o exemplo dos pais, perdem o referencial do certo e do errado, sendo, a partir de então, alvos fáceis do inimigo de nossas almas.
O adultério é a figura da infidelidade. Na Bíblia, o adúltero é punido com a morte eterna, tamanho o mal que representa (ler 1Co.6:9). As Escrituras Sagradas afirmam que o próprio Deus é quem julgará os adúlteros (cf. Hb.13:4). A Palavra de Deus permanece para sempre e ela continua a nos ensinar que ficarão de fora os adúlteros e os fornicários (Ap.21:8; 22:15).
Deus não mudou e nem mudará; seu mandamento, portanto, continua imperioso: “Não adulterarás” (Êx.20:14).
3. A santificação e a vontade de Deus. Sem a santificação jamais veremos o Senhor – “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb.12:14). Sem ela, o Senhor não realiza maravilhas no meio do seu povo – “Disse Josué também ao povo: Santificai-vos, porque amanhã fará o SENHOR maravilhas no meio de vós“ (Js.3:5).
Muitos, conformados com o mundo, estão a dizer que “Deus só quer o coração”. Muitos têm procurado se basear em “doutores conforme as suas próprias concupiscências” (cf. 2Tm.4:3), para justificar as suas condutas pecaminosas e a prática da iniquidade.
Os dias de hoje são difíceis e não são poucos os que têm se esforçado em encontrar guarida para as suas “inclinações da carne”, mas o Senhor, na Sua Palavra, é bem claro, é claríssimo: “os que estão na carne, não podem agradar a Deus” (Rm.8:8). Portanto, o santificar-se não é uma opção na vida do salvo, é uma ordenança divina: “Santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus” (Lv.20:7). A nossa santificação é da vontade de Deus: “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1Ts.4:3).
É bom ressaltar que ainda estamos neste mundo e, por causa disto, estamos sujeitos a pecar, mesmo tendo aceitado a Cristo como nosso Senhor e Salvador. O apóstolo João aprofundou-se nesta questão e demonstrou que os homens não estão livres totalmente do pecado (1João 1:8-2:2), pois ainda não foram libertos do “corpo do pecado”. No entanto, o verdadeiro salvo não é uma pessoa que tenha um modo de vida voltado para as coisas pecaminosas, cujos propósitos e tendências sejam todas no sentido da separação de Deus mediante a prática da iniquidade.
O crescimento do crente "em santificação" ocorre à medida que o Espírito Santo o rege soberanamente e, o crente, por sua vez, busca-o, em cooperação com Deus.
"Sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver" (1Pd.1:15).
CONCLUSÃO
O Senhor Jesus que é santo, virá buscar os que são santos (1Ts.3:13; 5:23; 2Ts.1:10; Hb.12:14). Por isso, a vontade de Deus para a vida do crente é que ele seja santo, separado do pecado (1Ts.4:3).  Mas observe, a Bíblia exige a separação do pecado, não dos pecadores. O próprio Jesus deu o exemplo: em todo o Seu ministério, jamais se isolou dos pecadores, tanto que isto foi um dos pontos principais da censura dos fariseus ao Senhor (Mt.9:10,11), censura que foi repelida por Cristo (Mt.9:12,13).
Contudo, a santificação é um processo que exige disciplina, esforço e um profundo amor a Deus (1Co.9:27). Nesse processo, lento e doloroso, todo o nosso ser tem de estar envolvido.
"E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Ts.5:23).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 75. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Bacon.
C.H. Mackintosh. Estudo sobre o Livro de Levítico.
Paul Hoff. O Pentateuco.
Pr. Claudionor de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua Igreja em Levítico. CPAD.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Exortação à Santidade. PortalEBD_2005.

domingo, 15 de julho de 2018

Aula 04 – A FUNÇÃO SOCIAL DOS SACERDOTES


3º Trimestre/2018

Texto Base: Levítico 13:1-6

Parte inferior do formulário
 “E [Jesus] ordenou-lhe que a ninguém o dissesse. Mas disse-lhe: Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés determinou, para que lhes sirva de testemunho” (Lc.5:14).
INTRODUÇÃO
As funções do sacerdote iam além da liturgia. Muitas outras funções os sacerdotes desempenhavam, dentre elas estava a função social, como, por exemplo, purificar os imundos (Lv.15:30,31), decidir os casos de ciúme (Nm.5:14,15), decidir os casos de lepra (Lv.13:2-59), julgar os casos de controvérsia (Dt.17:9-13; 21:5), ensinar a lei (Dt.33:10; Ml.2:7), encorajar o povo quando iam à guerra (Dt.20:1-4). Eram funções, que exigiam discernimento e muita sabedoria por parte do sacerdote; ele tinha que ter discernimento entre o que era puro e impuro, certo ou errado, santo e profano, pois deveriam ser o mais alto referencial da nação no que tange à Palavra de Deus, à instrução e à administração da justiça - “Porque os lábios do sacerdote guardarão a ciência, e da sua boca buscarão a lei, porque ele é o anjo do SENHOR dos Exércitos” (Ml.2:7).
I. FUNÇÕES CLÍNICAS
“Libertos do Egito, os israelitas corriam o risco de transmitir à próxima geração enfermidades como a lepra (Dt.7:15), a doença mais temida da antiguidade. Por isso, Deus encarregou os sacerdotes de inspecionar clinicamente o seu povo”. 
1. A lepra nos tempos bíblicos. A lepra era a doença mais temida da antiguidade. O seu poder de contágio era enorme, e por isso ela causava muito repulsa entre as comunidades. Levítico menciona quatro tipos de lepra (Lv.13:2,4,26,31) e outras enfermidades contagiosas.
O leproso tinha uma vida miserável: era afastado do convívio familiar, dos amigos, da sociedade, de qualquer relacionamento pessoal; tinha de vestir roupas rasgadas e andar com os cabelos desgrenhados. Além disso, sempre que alguém se aproximasse, ele deveria cobrir o bigode ou buço e gritar: “imundo! Imundo!”. Esse procedimento tinha um objetivo: impedir a propagação da infecção.
A pessoa contaminada era obrigada a viver fora da cidade (Lv.13:46), e seus bens com os quais teve contato, e até mesmo a casa onde morava, deveriam ser destruídos e queimados. Não havia nenhuma esperança para a pessoa contaminada, só a morte era certa. Se Deus não a curasse, médico algum poderia fazê-lo, haja vista o caso do general sírio Naamã (2Rs.5:1-14). O Senhor Jesus, durante o seu ministério terreno, curou diversos leprosos e ordenou a seus discípulos a que os purificassem em seu nome (Mt.10:8; 11:5).
Em Israel, sempre que alguém apresentava algum dos sintomas da lepra deveria encaminhar-se ao sacerdote para ser examinado (Lv.13:1-37). Conforme o diagnóstico, o paciente era declarado limpo ou impuro (Lv.13:2,3). Quando era detectada com exatidão a existência de lepra na pessoa, imediatamente ela era considerada imunda e excluída da sociedade para evitar epidemia (Lv.13:46).
Na Antiga Aliança, o pecado poderia levar a pessoa a ser cometida de lepra. Vemos três casos emblemáticos na Bíblia: Miriã, que falou mal de Moisés (Números 12); Geazi, que pegou os bens de Naamã (2Reis 5); e o rei Uzias, que quis exercer a função sacerdotal, que não lhe era permitida (2Cr.26:16).  A principal consequência da lepra era a separação. A lepra é símbolo do pecado, pois causa a separação do homem de Deus (Is.59:2), caso não seja extirpado. É a situação mais dramática para um ser humano.
A lepra do pecado não pode permanecer na vida de um servo de Deus; na Universal Assembleia dos Santos (a Igreja de Cristo) não é permitido a presença da lepra do pecado. O nosso Sumo Sacerdote, não somente está pronto para fazer um diagnóstico, mas também nos tornar limpo, porque o seu sangue nos purifica de todo o pecado (1João 1:7).
2. A inspeção clínica (Lv.13:1-59). Em sua peregrinação à Terra Prometida, os israelitas não contavam com médicos sanitaristas. Era um luxo restrito aos nobres egípcios (Gn.50:2). Portanto, sempre que alguém apresentava algum dos sintomas da lepra, deveria encaminhar-se ao sumo sacerdote para ser examinado (Lv.13:1-30). Era dever do sacerdote determinar a presença de lepra e dar instruções relativas ao tratamento da impureza. O sacerdote ao diagnosticar prontamente que o caso era lepra, o indivíduo era de imediato declarado imundo (Lv.13:3). Se o sacerdote tinha dúvidas, ele trancava o indivíduo por sete dias (Lv.13:4). Se a praga não se espalhava nos sete dias, o indivíduo ficava trancado por outros sete dias (Lv.13:5). Se a doença não se espalhava, o sacerdote o declarava limpo; a pessoa lavava as suas vestes e era limpo (Lv.13:6). Se o “apostema” (abscesso) na pele se estendesse grandemente, o sacerdote o declarava leproso (Lv.13:7,8). Se houvesse alguma vivificação da carne viva, o sacerdote o declarava leproso (Lv.13:10,11). Tornando a carne viva e mudando-se em branca, ou se a praga se tornava branca, era declarado limpo (Lv.13:16,17).
Entre todas as funções que, segundo o ritual mosaico, eram desempenhadas pelo sacerdote, nenhuma requeria atenção mais paciente ou adesão mais rigorosa às instruções divinas contidas no guia do sacerdote do que o discernimento da lepra e seu tratamento conveniente. Segundo C.H.Mackintosh, na inspeção clínica, o sacerdote deveria ter a plena necessidade de ser vigilante, calmo, sensato, paciente, terno e muito experiente. Certos sintomas podiam parecer de pouca importância, quando, na realidade, eram muito graves; outros podiam parecer lepra, sem o ser. Era preciso máxima atenção e sangue frio. Um juízo precipi­tado ou uma conclusão demasiado apressada podiam conduzir a sérias consequências, quer para a congregação quer para qualquer dos seus membros, bem como ao indivíduo inspecionado e à sua família. Nenhum caso devia ser julgado ou decidido precipitadamente. Não se devia formar uma opinião por ouvir dizer. Em todas as coisas o sacerdote não devia deixar-se guiar pelos seus próprios pensamen­tos, sentimentos ou sabedoria.
A Palavra de Deus continha instru­ções minuciosas, estabelecidas para se submeter a elas. Cada pormenor, cada característica, cada movimento, cada variação, cada som­bra e caráter, cada sintoma particular e cada afeição, tudo estava ampla e divinamente previsto; de sorte que bastava que o sacerdote conhecesse bem a Palavra de Deus e se conformasse com ela em todas as coisas para evitar erros.
Hoje, apesar dos avanços da medicina, a lepra, modernamente conhecida como Hanseníase, ainda é uma enfermidade assustadora. Entretanto, já não há mais a necessidade de isolar os indivíduos, pois há tratamentos efetivos que curam os portadores da doença.
3. A purificação do leproso (Lv.14:1-7). Provisão: empregava-se um ramo de cedro, a planta de hissopo, um tecido de escarlate e duas aves. O sacerdote tomava as duas aves: uma era sacrificada em vaso de barro sobre águas correntes e o sangue era misturado com a água. A seguir se molhavam a ave viva, o cedro, o carmesim e o hissopo com a água misturada com sangue. Espargia-se sete vezes sobre aquele que devia ser purificado, e então se punha em liberdade a ave viva. Dessa forma se concedia a purificação, saúde, incorrupção e força.
·        O número sete, na Bíblia, significa totalidade, culminância ou perfeição. A redenção de Cristo e a obra do Espírito purificam-nos completamente.
·        O sangue misturado com água representava o meio perfeito pelo qual se efetuou nossa purificação - "Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo" (1João 5:6). Em seu batismo e em sua morte na cruz, Jesus manifestou-se ao mundo. Assim, a redenção de Cristo, simbolizada pelo sangue, tira a culpa.
·        As águas correntes simbolizavam a vida comunicada pelo Espírito Santo - "...nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo" (Tito 3:5).
·        O cedro simbolizava a incorruptibilidade.
·        A escarlate simbolizava a energia vital e nova vida.
·        O hissopo simbolizava a purificação (Êx.12:22; Nm.19:6; Sl.51:7).
·        A ave em liberdade simbolizava, provavelmente, a jubilosa libertação do leproso.
Depois de purificado da lepra, o indivíduo precisava lavar suas vestes, rapar todo o seu cabelo e lavar seu corpo em água (Lv.14:8).
Após, a pessoa podia voltar para a congregação, mas não lhe era permitido entrar em sua própria tenda por sete dias.
Depois desse período, o indivíduo voltava a rapar todos os pelos e tomar banho, e só então se tornava limpo (Lv.14:9).
No oitavo dia, o homem purificado deveria trazer ao Senhor uma oferta de manjares (Lv.14:10,11), uma oferta pela culpa (Lv.14:12-18), uma oferta pelo pecado e um holocausto (Lv.14:19,20). O sacerdote colocava sangue sobre a ponta da orelha direita, sobre o polegar da mão direita e sobre o polegar do pé direito do indivíduo purificado (Lv.14:14); esse ato representava ouvir a Palavra de Deus, fazer a vontade de Deus e caminhar de acordo com os padrões divinos.
Depois, o sacerdote repetia esse ato, mas com azeite; isto representava que o homem restaurado se consagrava novamente ao serviço de seu Deus (Rm.12:1). Deus nos limpa para que o sirvamos.
4. Simbolismo da lepra. A lepra é, em muitos aspectos, um simbolismo do pecado, pois tornava o indivíduo imundo, excluía-o da congregação e do povo de Deus, forçava-o a viver miseravelmente. Falava-se do leproso como de alguém já morto (Nm.12:12) e da cura do leproso como devolver-lhe a vida (2Reis 5:7).
Por considerar-se a lepra como impureza e não como enfermidade, e por ter o leproso de apresentar-se ao sacerdote para sua purificação, pode-se dizer que ela simboliza o pecado que reside no homem. É por isso que no ritual de purificação do leproso (cf. Lv.14:1-7), havia necessidade de utilizar sangue (Lv.14:6), que tipificava o sangue de Cristo e; águas correntes (Lv.14:5), que tipificava a obra regeneradora do Espirito Santo. Atualmente, quando o pecador se volta para Deus em arrependimento e fé, a morte e a ressurreição de Cristo (representadas pelas duas aves - Lv.14:4-6) são atribuídas a seu favor. O sangue é aplicado por meio do poder do Espirito Santo, de modo que, aos olhos de Deus, o indivíduo se torna limpo.
Segundo Paul Hoff, há certas semelhanças muito interessantes entre a lepra e o pecado:
  • Como a lepra está na carne, assim o pecado está na natureza humana.
  • Como a lepra começa como uma marca insignificante e cresce rapidamente, assim a ação do pecado é progressiva e estende-se a todos os aspectos da vida.
  • Como a lepra é repugnante e quase incurável, assim o pecado, à parte da cura efetuada por Jesus Cristo, é mau e irremediável.
  • Como a lepra separava o leproso das demais pessoas, e por fim causava a morte, assim o pecado nos separa de Deus e dos demais, e termina com a morte eterna. Realmente é morte em vida.
5. A limitação do sacerdote. Na Antiga Aliança, o sacerdote era um homem santo, e tinha uma grande responsabilidade diante do povo de Deus: inspecionar a saúde publica do povo de Israel; cabia a ele a função de inspecionar e diagnosticar, de forma preventiva, os leprosos. O próprio Senhor Jesus reconheceu a competência do sacerdote no diagnóstico da doença (Lc.5:14). Todavia, o poder de curar o doente não foi dado a ele; só Deus pode limpar completamente uma pessoa leprosa (2Rs 5:9-14; Mt.8:1-3).
Os leprosos eram intocáveis. Contatos físicos com eles poderiam expor alguém à infecção. No caso dos judeus, esse contato fazia com que a pessoa ficasse contaminada cerimonialmente, isto é, imprópria para adorar com a congregação de Israel.
Certa feita, um leproso ajoelhou-se perante Jesus apelando desesperadamente pela cura. (Mt.8:1-4). Ele tinha fé de que o Senhor podia curá-lo, e a fé sincera nunca se decepciona. A lepra é um quadro apropriado do pecado devido ao fato de ser repugnante, destrutiva, infecciosa e, em alguns casos, humanamente incurável. Mas, quando Jesus tocou naquele leproso e disse as palavras de poder curador, a lepra desapareceu imediatamente. Somente o nosso Salvador Jesus tem o poder para limpar o pecado e tornar a pessoa purificada para a adoração. Nele não existe limitação.
II – FUNÇÕES SANITARISTAS
Embora a terra de Canaã manasse “leite e mel”, tornara-se tão doentia e insustentável quanto o Egito (Lv.14:34), por causa dos povos que habitavam ali. Até suas casas e vestes estavam sujeitas a uma espécie de lepra, fatal aos israelitas. Por isso, para preservar a saúde dos hebreus, Deus instruiu os sacerdotes a atuarem também como sanitaristas; eles examinavam casas e pessoas a fim de evitar que doenças, como a lepra, se propagassem.
1. A função sanitarista do sacerdote. O sanitarista é um profissional que atua em diversas atividades nos sistemas e serviços de saúde pública; sua função é basicamente preventiva; manter a cidade livre dos focos de doenças e infecções é o seu trabalho prioritário. Nesse sentido, cabia aos sacerdotes inspecionar as casas e roupas em Israel (Lv.13:47-50; 14:33-53).
2. A lepra na casa (Lv.14:33-53). O homem que suspeitasse haver lepra em casa, tinha de chamar o sacerdote. Se houvesse dúvida, o proprietário era instruído a recorrer ao sacerdote, que, após examinar o imóvel, ordenava que as mobílias fossem retiradas imediatamente da casa (Lv.14:36), para que não ficassem contaminadas e tivessem de ser destruídas (Lv.14:36). Se nas paredes da casa tivessem manchas verdes ou vermelhas, e parecessem mais fundas do que a superfície das paredes (Lv.14:37), então, o sacerdote saía para fora daquela casa e fechava-a por sete dias (Lv.14:38). Se a praga se espalhasse, as pedras contaminadas teriam de ser removidas para fora da cidade num lugar imundo (Lv.14:40). A casa seria raspada (Lv.14:41) e as raspas levadas para fora. Então, reconstruiriam a casa. Se a praga voltasse (Lv.14:43), a construção seria declarada imunda (Lv.14:44), demolida e os destroços levados para um lugar imundo (Lv.14:45). Todo aquele que entrasse na casa quando estivesse fechada seria imundo até à tarde (Lv.14:46).
Se a praga cessasse, o sacerdote realizava um ritual de purificação semelhante àquela aplicada às pessoas (cf.14:48-53). O ritual de purificação dava-se da seguinte maneira: requeria-se duas aves, um pau de cedro, carmesim e hissopo (Lv.14:49). O cedro, o hissopo, o carmesim e uma ave viva seriam imersos “no sangue” da ave degolada e nas águas correntes (Lv.14:15). Com tudo isso, a casa seria aspergida sete vezes. A ave viva era, então, solta no campo.
3. A lepra nas vestes (Lv.13:47-50). As vestes também estavam sujeitas à lepra. Nesse caso específico, segundo William Macdonald, tratava-se de algum tipo de bolor (denominação vulgar de fungos que vivem de matérias orgânicas por eles decompostas; mofo) que danificava as roupas fabricadas em lã, linho ou couro (peles). Segundo William Macdonald, “o bolor é causado por fungos que crescem em matéria animal morta ou em decomposição, ou ainda em matéria vegetal, e se desenvolve em manchas de várias tonalidades”. Era muito nocivo à saúde; assim sendo, de imediato, a roupa deveria ser levada ao sacerdote (Lv.13:51). Se a praga se mostrasse resistente, o vestuário deveria ser queimado, a fim de se evitar a propagação de doenças (Lv.13:52).
Há uma aplicação espiritual extraída desta situação: o bolor contamina toda a veste, assim como a mancha do pecado original aflige todas as áreas da personalidade humana. O povo de Deus deve ser puro e limpo, tanto na aparência exterior como na aparência interior. Deus está profundamente interessado em nosso total bem-estar. Qualquer um que seguir as normas bíblicas para o bem-estar espiritual também gozará melhor saúde física.
III. FUNÇÕES JURÍDICAS
Concordo com o argumento do Pr. Claudionor de Andrade ao afirmar que “no Israel dos sacerdotes e levitas, o direito estava sempre ao alcance dos pobres, porque a Lei de Deus havia sido proclamada a toda a nação, e não apenas a uma minoria privilegiada. Ali, pobres e ricos, pequenos e grandes, nobres e plebeus, todos, enfim, estavam sujeitos aos mandamentos divinos; não havia minoria privilegiada, nem maioria ignorada; eram todos iguais diante da Lei de Deus”.
“O livro de Levítico apresenta várias disposições jurídicas, a fim de proteger a família, a propriedade privada e, principalmente, a vida humana. Nesse sentido, o sacerdote atuava também como juiz”.
1. Proteção da família. A família é a unidade básica da sociedade. Se a família se desintegrar, a sociedade decai. Toda união física à parte do matrimônio e todo tipo de lascívia quebram a ordem de Deus e enfraquecem a instituição da família.
Com o objetivo de manter a pureza e a legitimidade no relacionamento familiar, Deus, por intermédio de Moisés, exorta os israelitas a não praticar os costumes morais e religiosos de egípcios nem de cananeus. Ele proibiu aos israelitas:
  • O sacrifício infantil (Lv.20:2). Proibia-se estritamente oferecer os filhos a Moloque (Lv.18:21), falso deus dos amonitas; dentro de sua imagem acendia-se fogo, esquentando-se assim como se fosse forno. O bebê era atirado nos braços candentes e caía dentro, onde morria nas chamas. Os sacerdotes batiam tambores durante o sacrifício para que os pais não ouvissem os gritos de seus filhos.
  • Relações incestuosas (Lv.18:6-9). A Palavra de Deus não permite o enlace matrimonial entre parentes próximos porque estes tendem a ter as mesmas características genéticas, o que faz que os defeitos apareçam agravados nos descendentes.
  • O abuso sexual doméstico (Lv.18:10-17).A nudez da filha do teu filho ou da filha da tua filha, a sua nudez não descobrirás, porque é tua nudez. A nudez da filha da mulher de teu pai, gerada de teu pai (ela é tua irmã), a sua nudez não descobrirás. A nudez da irmã de teu pai não descobrirás; ela é parenta de teu pai. A nudez da irmã de tua mãe não descobrirás, pois ela é parenta de tua mãe. A nudez do irmão de teu pai não descobrirás; não te chegarás à sua mulher; ela é tua tia. A nudez de tua nora não descobrirás; ela é mulher de teu filho; não descobrirás a sua nudez. A nudez da mulher de teu irmão não descobrirás; é a nudez de teu irmão. A nudez de uma mulher e de sua filha não descobrirás; não tomarás a filha de seu filho, nem a filha de sua filha, para descobrir a sua nudez; parentas são: maldade é”.
  • A exposição das filhas à prostituição (Lv.19:29). “Não contaminarás a tua filha, fazendo-a prostituir-se; para que a terra não se prostitua, nem se encha de maldade”.
  • A homossexualidade e a bestialidade (Lv.18:22,23). Essas práticas eram conhecidas na civilização cananeia. Elas foram a causa para Deus permitir que os cananeus perdessem a posse da terra (Lv.18:24,25). A doutrina neotestamentária, também, proíbe esse comportamento vil. Quem permanece nisso não tem a salvação (1Co.6:10)
  • Desrespeitar os pais. Os filhos de Israel, como adoradores do Deus Único e Verdadeiro, eram obrigados a honrar seus pais e a preservar-lhes a autoridade (Lv.19:3; 20:9). Amaldiçoá-los era considerado um pecado muito sério; a pena para este pecado era a morte (cf.Ex.21:17).
A longa lista de práticas repugnantes dos pagãos serve de triste comentário sobre a condição do homem decaído e revela a razão pela qual o Senhor ordenou a Josué o extermínio dos cananeus (Lv.18:24,25). Deus advertiu os israelitas que a terra os vomitaria, caso não se separasse do estilo de vida dos cananeus. Israel deveria ser um povo santo para habitar em uma terra santa e andar com um Deus santo. Isso se aplica também ao povo da Nova Aliança.
2. Proteção da propriedade privada. A posse de uma propriedade privada, em Israel, era considerada algo sagrado; era uma dádiva de Deus ao seu povo (Êx.3:7,8; 1Rs.21:3). Por esse motivo, os israelitas deveriam tratar suas casas e campos de maneira responsável e amorosa (Lv.19:9).
“Quando também segardes a sega da vossa terra, o canto do teu campo não segarás totalmente, nem as espigas caídas colherás da tua sega”.
As colheitas eram feitas de tal maneira, que os pobres jamais deixavam de ser contemplados (Lv.23:22).
“E, quando segardes a sega da vossa terra, não acabarás de segar os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas da tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás. Eu sou o SENHOR, vosso Deus”.
Vê-se por este texto sagrado que, por ordem do Deus de Israel, quando eram ceifados as espigas douradas e os cachos maduros colhidos, devia-se pensar no "pobre e no estrangei­ro". O segador e o vindimador não deviam deixar-se dominar por um espírito de avareza, que teria varrido os cantos do campo e limpado as varas da videira, mas antes por um espírito de generosidade e verdadeira benevolência, que deixaria uma espiga e um cacho de uvas para "o pobre e o estrangeiro", para que eles pudessem também regozijar-se na bondade ilimitada d'Aquele cujos passos deixam fartura e em cuja mão aberta todos os filhos da necessidade podem confiadamente esperar.
O Livro de Rute oferece-nos um excelente exemplo de alguém que atuava inteiramente sobre este benevolente estatuto:
" E [...] disse-lhe Boaz: Achega-te aqui, e come do pão, e molha o teu bocado no vinagre. E ela se assentou ao lado dos segadores, e ele lhe deu do trigo tostado, e comeu e se fartou, e ainda lhe sobejou. E, levantando-se ela a colher, Boaz deu ordem aos seus moços, dizendo: Até entre as gavelas deixai-a colher e não lhe embaraceis. E deixai cair alguns punhados, e deixai-os ficar, para que os colha, e não a repreendais” (Rt.2:14-16).
Sendo, portanto, a terra propriedade do Senhor, não poderia ser explorada de maneira irresponsável e contrária à natureza (Lv.25:3,4).
“Seis anos semearás a tua terra, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás a sua novidade. Porém, ao sétimo ano, haverá sábado de descanso para a terra, um sábado ao SENHOR; não semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha”.
Deste texto sagrado, depreende-se que o sacerdote tinha por obrigação supervisionar o uso sustentável da terra.
Conforme diz o Pr. Claudionor de Andrade, “ali, nas terras do Senhor, não havia lugar para o comunismo assassino e mentiroso, nem para o fascismo desumano e cruel, pois a Lei de Moises supria todas as carências e lacunas sociais. E, quando do advento da injustiça, Jeová enviava os seus mensageiros que, corajosamente, clamavam contra a opressão, o roubo, o crime e a infidelidade doméstica”.
3. Proteção da vida. A vida é preciosa e sagrada, é um dom do Criador de todas as coisas (Salmo 33:9; João 1:1-3; Cl.1:16,17; Hb.11:3). Por isso, o Senhor determina no Sexto Mandamento: “Não matarás” (Êx.20:13). Este Mandamento foi dado por Deus para proteger a vida. Por mais que sejamos tentados a defender o "olho por olho e dente por dente", diante de uma tremenda injustiça, precisamos fazer o exercício diário de olharmos para Jesus e nos lembrarmos de que, mesmo a sua vida esvaindo-se, o nosso Senhor exalava o perdão contra os seus algozes. Diante do tamanho do valor que a vida representa, os sacerdotes tinham também a incumbência de protegê-la. Eles inspecionavam a edificação das casas (Dt.22:8), a preservação da mulher grávida e do filho que ela trazia no ventre (Êx.21:22). Além de falar das cidades de refúgio, que, administradas pelos levitas, serviam para acolher o que, sem o querer, matava o seu próximo (Nm.35:10-15).
É essencial e urgente que a Igreja ore pelo nosso Brasil, para que ele seja realmente um pais justo e misericordioso. Oremos pelas autoridades constituídas. Concordo com o Pr. Claudionor de Andrade quando diz que “é chegado o momento de rogarmos ao Senhor que nos cure a terra. Achamo-nos tão enfermos, quanto o Israel dos tempos de Isaias (Is.1:1-19). Neste momento, conscientizemo-nos de nossa responsabilidade como sal da terra e luz do mundo”.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, conclui-se que os sacerdotes deveriam ser o mais alto referencial da nação no que tange à Lei de Moisés, à instrução e à administração da justiça (Ml.2:4-7). Infelizmente, os sacerdotes e os demais levitas, não souberam como guardar e cumprir os ditames do Manual levítico. Assim como na Antiga Aliança o Senhor exigiu excelência e correção dos sacerdotes, e demais levitas, na Nova Aliança, também, Deus assim exige dos pastores e dos demais membros do rebanho do Senhor. Que o nosso culto seja marcado pelo amor, temor a Deus e pela não conformação com este mundo. Sejamos, pois, uma fiel referência em todas as coisas.
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Luciano de Paula Lourenço
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Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
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Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Bacon.
C.H. Mackintosh. Estudo sobre o Livro de Levítico.
Paul Hoff. O Pentateuco.
Pr. Claudionor de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua Igreja em Levítico. CPAD.