domingo, 21 de março de 2021

A VERDADE SOBRE O ARREBATAMENTO

 Por: Thomas Ice e Timothy Demy

Uma pesquisa recente da revista U.S. News & World Report descobriu que 61 por cento dos americanos acreditam que Jesus Cristo vai voltar à terra, e 44 por cento acreditam no Arrebatamento da Igreja. [1] O que é o Arrebatamento? Com tamanha certeza popular, por que há tanta confusão interpretativa a respeito desses acontecimentos? A doutrina do Arrebatamento pré-tribulacional é um ensino bíblico importante não apenas por oferecer percepções interessantes sobre o futuro, mas também porque oferece aos crentes motivação para a vida contemporânea.

O Arrebatamento pré-tribulacional ensina que, antes do período de sete anos conhecido como Tribulação, todos os membros do corpo de Cristo (tanto os vivos quanto os mortos) serão arrebatados nos ares para o encontro com Jesus Cristo e depois serão levados ao céu.

O ensino do Arrebatamento é mais claramente apresentado em 1 Tessalonicenses 4.13-18. Nessa passagem Paulo informa seus leitores de que os crentes que estiverem vivos por ocasião do Arrebatamento serão reunidos aos que morreram em Cristo antes deles. No versículo 17 a palavra "arrebatados" traduz a palavra grega harpazo, que significa "dominar por meio de força" ou "capturar". Essa palavra é usada 14 vezes no Novo Testamento Grego de várias maneiras diferentes.

Ocasionalmente o Novo Testamento usa harpazo com o sentido de "roubar", "arrastar" ou "carregar para longe" (Mateus 12.29; João 10.12). Também pode ser usada com o sentido de "levar embora com uso de força" (João 6.15; 10.28-29; Atos 23.10; Judas 23). No entanto, para nossos propósitos, um terceiro uso é mais significativo. Diz respeito ao Espírito Santo levando alguém de um lugar para outro. Encontramos esse uso em quatro ocorrências (Atos 8.39; 2 Coríntios 12.2, 4; 1 Tessalonicenses 4.17; Apocalipse 12.5). [2]

Esse último uso é ilustrado em Atos 8.39, quando Filipe, ao completar o batismo do oficial etíope, é "arrebatado" e divinamente transportado do deserto até a cidade costeira de Azoto. De modo semelhante, a Igreja será, num momento, levada da terra ao céu. Não se deve estranhar, portanto, que um autor contemporâneo tenha chamado esse evento peculiar de "O Grande Sequestro"[...]

Por que a doutrina da iminência é significativa para o Arrebatamento?

O ensino neo-testamentário de que Cristo poderia voltar a qualquer momento e arrebatar a Sua Igreja sem sinais ou advertências prévias (i.e., iminência) é um argumento tão poderoso em favor do pré-tribulacionismo que se tornou uma das doutrinas mais ferozmente atacadas pelos oponentes da posição pré-tribulacionista. Eles percebem que, se o Novo Testamento de fato ensinar a iminência, um arrebatamento pré-tribulacional estará praticamente assegurado.

Definição de Iminência

Qual é a definição bíblica de iminência? O Dr. Renald Showers define e descreve iminência da seguinte maneira:

  1. Um acontecimento iminente é aquele que está sempre "pairando acima de alguém, constantemente prestes a vir sobre ou a alcançar alguém; próximo quanto à sua ocorrência" (The Oxford English Dictionary, 1901, V. 66). Assim, a iminência traz consigo o sentido de que algo pode acontecer a qualquer momento. Outras coisas podem acontecer antes do evento iminente, mas nada precisa acontecer antes que ele aconteça. Se alguma coisa precisa acontecer antes de determinado evento ocorrer, tal evento não é iminente. Em outras palavras, a necessidade de que algo ocorra antes destrói o conceito de iminência.
  2. Uma vez que é impossível saber exatamente quando ocorrerá um evento iminente, não se pode contar com a passagem de determinado período de tempo antes que tal evento iminente ocorra. À luz disso, é preciso estar sempre preparado para que ele aconteça a qualquer momento.
  3. Não se pode legitimamente estabelecer direta ou implicitamente uma data para sua ocorrência. Assim que alguém marca uma data para um evento iminente, destrói o conceito de iminência, porque ao fazer isso afirma que um determinado intervalo de tempo deve transcorrer antes que tal evento ocorra. Uma data específica para um evento é contrária ao conceito de que tal evento possa ocorrer a qualquer momento.
  4. É impossível dizer legitimamente que um evento iminente vai acontecer em breve. A expressão "em breve" implica que tal evento precisa ocorrer "dentro de um tempo pequeno (depois de um ponto específico designado ou implícito)". Em termos de contraste, um evento iminente pode ocorrer dentro de um pequeno intervalo de tempo, mas não precisa fazê-lo para ser iminente. Espero que você perceba, agora, que "iminente" não é igual a "em breve". [3]

O fato de que Jesus Cristo pode voltar a qualquer momento, mesmo que não necessariamente em breve, e sem a necessidade de qualquer sinal anterior à Sua vinda, requer o tipo de iminência ensinado pela posição pré-tribulacionista e é um forte apoio ao pré-tribulacionismo.

Que passagens do Novo Testamento ensinam essa verdade? Os versículos que afirmam a volta de Cristo a qualquer momento, sem aviso prévio, e aqueles que instruem os crentes a esperar e aguardar a vinda do Senhor ensinam a doutrina da iminência.

Observem-se as seguintes passagens do Novo Testamento:

  • 1 Coríntios 1.7 – "...aguardando vós a revelação de nosso Senhor Jesus Cristo".
  • 1 Coríntios 16.22 – "Maranata!".
  • Filipenses 3.20 – "Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo".
  • Filipenses 4.5 – "Perto está o Senhor".
  • 1 Tessalonicenses 1.10 – "e para aguardardes dos céus o Seu Filho...".
  • 1 Tessalonicenses 4.15-18 – "Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras".
  • 1 Tessalonicenses 5.6 – "Assim, pois, não durmamos como os demais; pelo contrário, vigiemos e sejamos sóbrios".
  • 1 Timóteo 6.14 – "que guardes o mandato imaculado, irrepreensível, até à manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo".
  • Tito 2.13 – "aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus".
  • Hebreus 9.28 – "assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação".
  • Tiago 5.7-9 – "Sede, pois, irmãos, pacientes, até a vinda do Senhor... pois a vinda do Senhor está próxima... Eis que o Juiz está às portas".
  • 1 Pedro 1.13 – "Por isso,... sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo".
  • Judas 21 – "guardai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo, para a vida eterna".
  • Apocalipse 3.11; 22.7, 12, 20 – "Eis que venho sem demora!".
  • Apocalipse 22.17, 20 – "O Espírito e a Noiva dizem: Vem. Aquele que ouve diga: Vem.

Aquele que dá testemunho destas cousas diz: Certamente venho sem demora. Amém. Vem, Senhor Jesus!"

Ao considerarmos as passagens mencionadas acima, observamos que Cristo pode voltar a qualquer momento, que o Arrebatamento é de fato iminente. Somente o pré-tribulacionismo pode dar um sentido pleno, literal, a tal acontecimento iminente. Outras posições sobre o Arrebatamento precisam redefinir iminência de maneira mais elástica do que indica o Novo Testamento. O Dr. John Walvoord declara: "A exortação a que aguardemos a ‘manifestação da glória’ de Cristo para os Seus (Tito 2.13) perde seu significado se a Tribulação tiver que ocorrer antes. Fosse esse o caso, os crentes deveriam observar os sinais"[4]. Se a posição pré-tribulacionista sobre a iminência não for aceita, então haverá sentido em procurar identificar os eventos relacionados à Tribulação (i.e., o Anticristo, as duas testemunhas, etc.) e não em esperar o próprio Cristo. O Novo Testamento, todavia, como demonstrado acima, uniformemente instrui a Igreja a olhar para a volta de Cristo, ao passo que os santos da Tribulação são exortados a observar os sinais.

A exortação neo-testamentária a que nos consolemos mutuamente pela volta de Cristo (João 14.1; 1 Tessalonicenses 4.18) não mais teria sentido se os crentes tivessem, primeiro, que passar por qualquer porção da Tribulação. Em vez disso, o consolo teria que esperar a passagem pelos eventos da Tribulação. Não! A Igreja recebeu uma "bendita esperança", em parte porque a volta do Senhor é, de fato, iminente.

A Igreja primitiva tinha uma saudação especial que os crentes só usavam entre si, conforme registrado em 1 Coríntios 16.22: a palavra "Maranata!". Esta palavra é constituída de três termos aramaicos: Mar ("Senhor"), ana ("nosso"), e tha ("vem"), significando, assim, "Vem, nosso Senhor!". Como outras passagens do Novo Testamento, "Maranata" só faz sentido se uma vinda iminente, ou seja, a qualquer momento, for pressuposta. Isso também serve de apoio à posição pré-tribulacionista.

Não foi à toa que os antigos cristãos cunharam essa saudação peculiar que reflete uma ansiosa expectativa pelo cumprimento dessa bendita esperança como uma presença real em suas vidas cotidianas. A vida da Igreja em nossos dias só teria a melhorar se "Maranata" voltasse a ser uma saudação sincera nos lábios de crentes que vivem com esta expectativa. Maranata! (Thomas Ice e Timothy Demy - http://www.chamada.com.br)

Notas

1.         Jeffrey L. Sheler, “The Christmas Covenant”. U.S. News & World Report, 19 de dezembro de 1994, pp. 62, 64.

2.         Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, “harpazo”, editado por Colin Brown. Vida Nova, São Paulo, 1982. Volume 1, p. 239-243.

3.         Ibid., pp. 127-128.

4.         Walvoord, The Rapture Question, p. 273.

 

 

domingo, 14 de março de 2021

Aula 12 – A URGÊNCIA DO DISCIPULADO

 

1º Trimestre/2021


Texto Base: Mateus 28: 16-20; Atos 2:42-47


“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt.28:19).

Mateus 28:

16.E os onze discípulos partiram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes tinha designado.

17.E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram.

18.E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra.

19.Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

20.ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!

Atos 2:

42.E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.

43.Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.

44.Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum.

45.Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade.

46.E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,

47.louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.

INTRODUÇÃO

O Discipulado é, ao lado da evangelização, um dos dois pilares fundamentais da Igreja. São duas tarefas indissociáveis, impostas por ordem de nosso Senhor Jesus e que está exarado na passagem de Mateus 28:19,20. O Senhor Jesus disse aos seus discípulos que eles deveriam ir e “ensinar todas as nações”, expressão esta que, em algumas versões, é traduzida por “fazei discípulos”.

A Igreja deve pregar o Evangelho, mas é preciso, também, que ela “ensine”, “faça discípulos”, cuidado este que era patente nos tempos apostólicos, a ponto de os apóstolos terem chamado para si esta tarefa, considerando, inclusive, não ser razoável deixar de se dedicar à oração e ao ensino da Palavra (At.6:2,4), sem falar no zelo de Barnabé com relação à primeira igreja gentílica, a de Antioquia da Síria (At.11:25,26) e dos conselhos que Paulo dá a Timóteo no sentido de jamais se descuidar do ensino dos crentes (1Tm.4:12-16).

I. O QUE É O DISCIPULADO

Discipulado é aprender, ensinar a seguir e obedecer a Jesus. Quando alguém se converte a Cristo e nasce de novo, é um recém-nascido, é uma pessoa que não tem conhecimento a respeito das coisas de Deus, a respeito da vida com o Senhor Jesus. Embora tenha recebido uma nova natureza, embora seu espírito tenha se ligado novamente a Deus, ante a remoção dos pecados, é um ser humano e, como tal, precisa ser ensinado a respeito do Senhor, ensino este que deve ser proporcionado pela Igreja, que é a quem o Senhor cometeu esta tarefa sobre a face da Terra. Jesus é quem salva, mas é a Igreja quem deve “fazer discípulos”, quem deve “ensinar”. Jesus formou discípulos e nos deu a todos a ordem de formar mais discípulos, pelo mundo todo (Mt.28:19,20).

A maioria dos crentes não adquirem maturidade cristã suficiente ao longo de sua vida cristã, o que tem causado inúmeros desvios da fé e de caídas nas redes das falsas doutrinas. Desta feita, a função discipular deve ser contínua na Igreja. A EBD tem assumido, em parte, este papel tão importante; ela tem sido a mais icônica instituição discipuladora ao longo de sua existência, de forma contínua; milhões de pessoas foram e estão sendo beneficiadas espiritualmente e moldado o seu caráter nos padrões que o Espírito Santo requer ao um verdadeiro cristão. Sem dúvida, a EBD tem cumprido cabalmente a grande comissão estabelecida por Jesus Cristo, e que foi registrada por Mateus – “Portanto, ide, ensinai todas as nações [...]; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado[...]” (Mt.28:19,20). Como bem disse o Pr. Caramuru Afonso Francisco, “A EBD é a igreja reunida, ensinando enquanto evangeliza, e evangelizando enquanto ensina”.

1. O discípulo

Ser discípulo de Jesus significa ser um seguidor de Jesus, é aprender Dele e ser seu imitador. A conversão implica uma mudança de vida; não fazemos mais parte da multidão que apenas ouve a Palavra, mas nos tornamos discípulos praticantes da palavra (Tiago 1:22).

No tempo de Jesus, um discípulo era um aluno que estava aprendendo a ser como seu mestre; ele seguia seu rabi (mestre) por onde quer que ia, via o que fazia, ouvia o que ensinava e procurava se tornar como ele. Jesus falava às multidões, mas dava um ensino mais profundo e pessoal a seus discípulos (Mc.4:33,34). Os discípulos tinham um acesso privilegiado a Jesus porque tinham um compromisso sério com Ele, ao contrário do resto da multidão.

O que um discípulo de Jesus faz?

·         Ama Jesus. O discípulo tem um relacionamento pessoal com Jesus; seu amor por Ele o leva a querer obedecer e aprender dEle (João 14:21).

·         Aprende de Jesus. O discípulo é um estudante esmerado: estuda a Bíblia, ora e tenta ouvir o que Jesus lhe quer dizer; o Espírito Santo ensina o discípulo pessoalmente quando estuda a Palavra de Deus (João 14:26).

·         Imita Jesus. O objetivo do discípulo é se tornar cada vez mais como Jesus, nosso maior exemplo; isso significa deixar o pecado e tentar fazer sempre o bem (Ef.5:1,2). O apóstolo Paulo exorta: “Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo” (1Co.11:1).

·         Obedece e segue Jesus. O discípulo põe em prática o que aprendeu, porque quer agradar a Jesus; o discípulo vai aonde Jesus manda ir; isso às vezes é difícil e exige sacrifício (Lc.14:27).

·         Fala sobre Jesus. O discípulo de Jesus faz mais discípulos de Jesus; ele quer que outros conheçam Jesus e descubram como é bom ser seu discípulo (Mt.28:19,20).

·         Convive com outros discípulos. A Igreja é um local onde os discípulos aprendem e crescem juntos; ir à igreja é essencial na formação do discípulo (Hb.10:25).

2. A Grande Comissão

Ensinar a Palavra de Deus faz parte da Grande Comissão. Jesus mandou fazer discípulos de “todas as nações” (Mt.28:19,20) – “Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado...”. Esta ordem de Jesus tem o sentido de “estar com” as pessoas e torná-las seguidora de Cristo. A intenção de Cristo não é que o evangelismo e o testemunho missionário resultem apenas em decisões de conversões. Os esforços evangelísticos não devem ser concentrados meramente em aumentar o número de membros da Igreja, mas, sim, em fazer discípulos que se separam do mundo, que observam os mandamentos de Cristo e que o seguem de todo o coração, mente e vontade (cf.João 8:31). Paulo foi um exímio formador de discípulo; o propósito do seu ensino era: “Cristo formado em vós” (Gl.4:19). Observe que ele não diz: Cristo informado em vós, mas “Cristo formado em vós”.

É bom afirmar que uma Igreja só se envolverá de maneira séria e responsável com a Grande Comissão, quando estiver sob forte poder e unção do Espírito Santo. No princípio da Igreja, a evangelização atingiu o máximo quando vivia um avivamento sem precedentes até então, a saber, o derramamento do Espírito Santo (At.2:1-4). Essa unção extraordinária modificou a estrutura espiritual de um grupo de homens assustados em verdadeiras brasas ardentes, e os levou a testemunharem do amor de Deus com o sacrifício de suas próprias vidas.

3. A educação cristã

“Educação Cristã é o processo Cristocêntrico, baseado na Bíblia e relacionado com o estudante, para comunicar a Palavra de Deus através do poder do Espírito Santo com o propósito de levar outros a Cristo e edificá-los em Cristo” (Roberto Pazmino).

A educação cristã tem como proposta desenvolver processos de ensino e aprendizado de valores, crenças e práticas que estejam de acordo com os ensinamentos bíblicos. Ela pode ocorrer em diversos ambientes e nos mais diferentes cenários, especialmente nos tempos de internet onde o conhecimento parece não ter mais limites.

Alguns poderão imaginar que a educação cristã é aquela que é desenvolvida nas escolas ou faculdades cristãs, através de currículos e cursos formais, mas ela vai muito além disso. É verdade que existem escolas confessionais que tem como proposta oferecer uma educação fundamentada nos valores cristãos; isto é muito bom, e é uma pena que todas as escolas, inclusive as públicas, não fazem isso. Mas, a educação cristã pode ser definida e exemplificada de outra forma também. Três bons exemplos são a Escola Bíblica Dominical, a educação doméstica e a boa literatura cristã - a leitura de bons livros pode nos ajudar muito no crescimento espiritual e melhorar nossa compreensão de mundo e do papel que temos de exercer.

II. O TRIPÉ DO DISCIPULADO: PALAVRA, COMUNHÃO E SERVIÇO

O Tripé do discipulado bíblico é composto de Comunhão, Palavra e Serviço. Isto era a marca da Igreja no seu princípio, e isto deve continuar valendo na Igreja nestes tempos pós-modernos, senão não há como sermos diferentes das sociedades secularizadas.

1. A Palavra

A Igreja tem a missão de ensinar a Palavra de Deus aos que se converteram, a fim de que possam eles crescerem espiritualmente e alcançar a unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo (Ef.4:13). Este ensino é uma de suas tarefas principais, que entendemos seja de igual importância que a tarefa de evangelização, até porque é complemento necessário e indispensável da evangelização.

A maturidade espiritual do cristão não ocorre de modo rápido e instantâneo, mas progressivamente em Cristo (Cl.1:28,29). Para que conservemos em nossas igrejas os novos convertidos em Cristo, precisamos trabalhar com amor, dedicação e objetividade. Muito da imaturidade espiritual dos membros da Igreja local é resultado da ignorância destes em relação às doutrinas básicas da Bíblia. É o que se denota nos destinatários da carta aos Hebreus: “Porque, devendo já ser mestres em razão do tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar os princípios elementares dos oráculos de Deus, e vos haveis feito tais que precisais de leite, e não de alimento sólido. Ora, qualquer que se alimenta de leite é inexperiente na palavra da justiça, pois é criança; mas o alimento sólido é para os adultos, os quais têm, pela prática, as faculdades exercitadas para discernir tanto o bem como o mal”(Hb.5:12-14).

Portanto, o discipulado nada mais é que ensinar a Palavra de Deus aos novos convertidos, àqueles que aceitaram a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador de suas vidas, e fazer com que eles, que foram escolhidos por Deus, possam viver de tal maneira que deem o fruto do Espírito, ou seja, tenham um novo caráter, uma nova maneira de viver que leve as pessoas a glorificar ao nosso Pai que está nos céus, ou seja, vivam de tal maneira que suas ações os transformem em testemunhas de Jesus, em prova de que Jesus salva e, por isso, outras pessoas reconheçam o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, a saber, o Evangelho (Rm.1:16).

2. A Comunhão (At.2:42)

“E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”.

A palavra “comunhão” é uma expressão típica da Igreja, tanto que sé é encontrada nas Escrituras Sagradas em o Novo Testamento e, mais especificamente, após a “inauguração” da Igreja a partir do dia de Pentecostes do ano 30. Seu primeiro aparecimento na Bíblia é em At.2:42, na primeira descrição deste novo povo de Deus, a Igreja, quando se diz que os crentes perseveravam na doutrina dos apóstolos e na “comunhão”. Comunhão é a tradução da palavra grega “koinonia”.

“A Bíblia de Estudo Plenitude aponta o significado desta palavra como sendo: compartilhamento, uniformidade, associação próxima, parceria, participação, uma sociedade, um companheirismo, fraternidade, dizendo tratar-se de uma uniformidade realizada pelo Espírito Santo. Em koinonia, o indivíduo compartilha o vínculo comum e íntimo do companheirismo com o resto da sociedade cristã. Koinonia une os crentes ao Senhor Jesus e uns aos outros” (BÍBLIADE ESTUDO PLENITUDE. Palavra-chave: comunhão, p.1109).

A “comunhão” é um efeito da salvação, uma consequência de termos nos arrependidos dos nossos pecados, crido em Jesus como nosso único e suficiente Salvador e, em virtude disso, passado a ter um novo modo de viver, uma nova direção em nossas vidas (conversão), o que é possível porque somos perdoados dos nossos pecados, tornados justos por Deus (a justificação), separados do pecado e de seu domínio (a santificação posicional). Antes, estávamos longe de Deus, mas, pelo sangue de Cristo, chegamos perto (Ef.2:13) e, por isso, passamos a integrar este novo povo, a Igreja, o grupo daqueles “reunidos para fora”. Destarte, passamos a viver separados do mundo, mas unidos a Cristo e aos irmãos, união esta que é a “comunhão”.

Esta “comunhão” significa “tornar comum”, ou seja, “tornar de todos”, aquilo que somente Jesus Cristo tinha, que era a qualidade de não ter pecado e, portanto, ser um com o Pai (João 10:30;17:22). Como Jesus nunca pecou, mantinha, enquanto homem, uma estrita comunhão com o Pai, pois o que faz divisão entre o homem e Deus é o pecado (Is.59:2). Como não havia pecado da parte de Cristo, nada impedia que Ele e o Pai estivessem em plena unidade, fossem um, tivessem comunhão, e é por isso que nós, na medida em que cremos em Jesus e temos removidos os nossos pecados, também podemos ter esta mesma comunhão, e se realize, assim, o anseio e desejo do Senhor manifestado na Sua oração sacerdotal, de sermos “perfeitos em unidade” (João 17:23).

Portanto, “Comunhão” é passar a compartilhar dos sentimentos, propósitos e desígnios de Deus, é ser “participante da natureza divina” (2Pd.1:4), é ser “vara da videira verdadeira” (João 15:4,5).

O salvo, ao alcançar a salvação, passa a ter em comum a natureza divina, ou seja, passa a ser santo, a se separar do pecado, a abominá-lo, e a ter os mesmos desejos, pensamentos e sentimentos divinos em suas atitudes, sendo, portanto, um instrumento, consciente e livre, para a manifestação do amor divino aos demais seres humanos. Que assim seja!

3. A Comunhão na Igreja de Jerusalém (At.2:44)

“Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum”.

A Igreja, logo nos seus primeiros dias, mostrou ao mundo uma verdadeira lição de comunhão. Os irmãos se reuniam com frequência e tinham tudo em comum. O amor de Deus derramado em seu coração era tão poderoso que não consideravam as propriedades materiais exclusivamente suas (Atos 4:32). Sempre que havia uma necessidade verdadeira em seu meio, uma propriedade pessoal, era vendida e a renda era distribuída. Havia, portanto, igualdade. Encontravam-se unidos de tal modo que tinham tudo em comum, não por lei ou coerção externa que teria estragado tudo, mas pela consciência daquilo que todos eles eram para Cristo e Cristo era para todos eles.

A comunhão apresenta-se, pois, como a principal característica da Igreja, a sua marca perante a humanidade, a característica indispensável para que o Senhor possa realizar a Sua obra através do Seu povo. Pela comunhão, a Igreja mostra-se como um povo perante os demais seres humanos e, graças a ela, pode cumprir todas as tarefas determinadas a ela. Tanto assim é que o relato de Lucas a respeito da Igreja no seu princípio termina com o cumprimento da principal missão da Igreja: “E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar”(At.2:47).

4. Serviço

Serviço cristão é o trabalho amoroso e sacrifical que o crente em Cristo consagra ao Senhor, tendo em vista à expansão do Reino de Deus e à edificação do Corpo de Cristo. A vida cristã é uma vida de serviço, de um serviço em todas as áreas da vida, de um cumprimento de tarefas determinadas pelo Senhor e da qual prestaremos contas quando chegarmos à eternidade.

A palavra servir tem uma tonalidade de submissão. Entre os militares, essa expressão é muito comum, como, por exemplo: “Estou servindo no Aeroporto Pinto Martins”. Outros militares falam: “Estou servindo em Fortaleza, Belém etc.”. Dá a ideia de submissão a uma autoridade superior. Da mesma maneira os cristãos servem ou devem servir ao Senhor. No princípio da Igreja, o serviço cristão estava representado na perseverança no ensino dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações (Atos 2:42-47). É isso que Deus mais requer de nós enquanto estivermos aqui na Terra.

Portanto, o serviço é uma parte indissociável da vida do salvo. Todo salvo tem de servir a Deus, tem de Lhe prestar um serviço e, para que não houvesse qualquer dúvida a respeito, o próprio Jesus foi chamado de “o Servo do Senhor”, notadamente no livro do profeta Isaías, onde há “quatro cânticos do Servo” (Is.42:1-4; 49:1-6; 50:4-9 e 52:13-53:12), a fim de nos dar o exemplo de como deveríamos nos comportar enquanto Igreja, enquanto corpo de Cristo (1Co.12:27).

Em resumo, cada um na função que foi estabelecida pelo Senhor, temos de servi-lo: pregando o Evangelho; ensinando; integrando os salvos na Igreja local; aperfeiçoando os santos mediante o estudo da Palavra de Deus; adorando a Deus; buscando influenciar o mundo para que ele viva de acordo com a vontade de Deus; dando um bom testemunho para que os homens glorifiquem ao Senhor, inclusive ajudando ao próximo, tanto material quanto espiritualmente; lutando pela preservação da sã doutrina e pela manutenção de uma vida avivada na Igreja local a que pertencemos. Temos feito isto que o Senhor nos determina? Temos cumprido as tarefas cometidas pelo Senhor?

“Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor e não para as pessoas, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo” (Cl.3:23,24).

III. O DISCIPULADO E O CRESCIMENTO SADIO DA IGREJA

A Igreja é um edifício, e a característica especial desse edifício é que ele “cresce” (Ef.2:21) - “no qual todo o edifício, bem-ajustado, cresce para templo santo no Senhor” (Ef.2:21). No entanto, essa característica não é como o crescimento de um edifício que vai sobrepondo mais tijolos e cimento; é o crescimento de um organismo vivo, tal como o corpo humano. Afinal, a Igreja não é um prédio inanimado; também não é uma organização; trata-se de uma entidade viva em Cristo, um Corpo formado por todos os crentes. Sendo um organismo vivo, precisa de alimento, e o alimento desse organismo vivo é a Palavra de Deus. O discipulado contínuo e permanente é o padrão perfeito para o crescimento sadio da Igreja.

1. O crescimento espiritual

O salvo é nascido da água e do Espírito, ou seja, é gerado de novo por causa da Palavra de Deus, a que ele deu crédito e que proporcionou a regeneração (Ef.5:23; Tt.3:5), mas é indispensável que, além de termos nascido, nós, também, tenhamos crescimento espiritual, crescimento este que se dá somente pela graça e pelo conhecimento de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Ef.4:15,16; 2Pd.3:18). Para que haja crescimento espiritual, portanto, é necessário que a Igreja ensine os crentes a ter uma vida espiritual, que ensinem aos crentes o que é viver com Cristo, o que é andar segundo o espírito, o que é ser um genuíno e autêntico discípulo de Jesus. Quem deve ensinar tais coisas ao que aceitou a Cristo é a Igreja, pois para isto é que o Senhor edificou a Sua Igreja.

Quando uma pessoa nasce de novo, encontra-se na mesma posição de Lázaro ressuscitado. Jesus, depois de quatro dias, quando o corpo de Lázaro já estava em decomposição, mostrou o Seu poder sobre a morte, fazendo-o ressurgir dos mortos. Milagrosamente, Lázaro saiu da sepultura com vida. Entretanto, é interessante notar que Lázaro foi para fora da sepultura, mas se encontrava ainda todo enfaixado, conforme os costumes judaicos de preparação do cadáver. Jesus não determinou que Lázaro fosse daquele jeito para casa nem tampouco se incumbiu de desligar o ex-defunto; Ele mandou que aquelas pessoas que estavam ali vendo o milagre tratassem de tirar as faixas de Lázaro, de modo que ele próprio (Lázaro) fosse para a sua casa (João 11:44). Assim ocorre com o novo convertido: só Jesus pode trazê-lo à vida, ou seja, salvá-lo; mas cabe a nós que estamos com Jesus neste mundo tomar as providências necessárias para que o novo crente se desligue de tudo aquilo que estava relacionado com a vida sem Cristo, ou seja, com a morte espiritual, para que ele, individualmente, siga em direção à sua casa, onde já o aguarda o Salvador. Aleluia!

2. O crescimento numérico

O crescimento quantitativo sempre deve ser em decorrência do crescimento qualitativo. O processo do discipulado proporciona à Igreja, além do crescimento espiritual, o crescimento quantitativo (At.9:31). Crescimento numérico sem que, antes, tenha havido um crescimento espiritual, não é crescimento, é “inchamento”, cujos efeitos são altamente prejudiciais à obra de Deus, como aconteceu com a Igreja a partir do Edito de Milão, em 315, que deu origem a Igreja católica romana, que abriu as portas ao paganismo e, consequentemente, ao desvio espiritual.

Concordo com o Pr. Hernandes Dias Lopes, quando afirma que atualmente:

- “Estamos vendo o crescimento de uma igreja ufanista e triunfalista, que se encanta com seu próprio crescimento numérico ao mesmo tempo em que se apequena na vida espiritual - uma Igreja que explode numericamente, mas se atrofia espiritualmente; uma igreja que tem cinco mil quilômetros de extensão, mas apenas cinco centímetros de profundidade; uma igreja que se vangloria de produzir dezenas de Bíblias de estudo, mas produz uma geração analfabeta em Bíblia”.

- “Estamos vendo crescer em nossa pátria uma Igreja sincrética, mística que prega um outro evangelho, um evangelho diferente que, de fato, não é evangelho. Uma igreja que prega o que povo quer ouvir e não o que o povo precisa ouvir. Uma igreja que prega prosperidade, mas não salvação; que prega milagres, mas não a cruz. Uma igreja centrada no homem, e não em Deus”.

- “Precisamos desesperadamente voltar ao primeiro amor. Precisamos de um reavivamento que nos traga de volta o frescor da vida abundante em Cristo Jesus. Precisamos desesperadamente do revestimento e do poder do Espírito Santo. Precisamos de uma Igreja fiel que prefira a morte à apostasia. Uma Igreja santa que prefira o martírio ao pecado. Uma Igreja que ame a Palavra mais do que o lucro. Uma Igreja que chore pelos seus pecados e pelas almas que perecem, e não pelas dificuldades da vida presente. Precisamos de uma Igreja que tenha visão missionária e compaixão pelos que sofrem. Uma Igreja que tenha ortodoxia e piedade, doutrina e vida, discurso e prática. Uma Igreja que pregue aos ouvidos e aos olhos”.

3. O exemplo da Igreja da Antioquia da Síria

Os crentes da Igreja de Antioquia da Síria eram gregos (Atos 11:20,21). A Igreja de Jerusalém sabendo que ali existiam crentes novos, enviou até lá Barnabé para discipulá-los (Atos 11:22). A Igreja de Jerusalém enviou a Antioquia não um dos 12 apóstolos, mas Barnabé, o seu melhor pastor, um homem de alma generosa, um líder experiente e de visão missionária. A vida exemplar de Barnabé era a base de sustentação do seu ministério. Ele estava sempre investindo na vida das pessoas. Era um homem bom. Era vazio de si mesmo e cheio do Espírito Santo. Caminhava não segundo seu entendimento, mas pela fé. O resultado foi que muita gente se uniu ao Senhor. O Evangelho, quando adornado pelo exemplo, produz resultados excelentes. A ortodoxia precisa ser revestida de piedade. Para discipular, a Igreja tem a responsabilidade de escolher o melhor para esta tarefa.

Barnabé não criou obstáculos para receber os gentios na comunhão da Igreja nem ergueu muros de preconceito por causa de escrúpulos judaicos. Ao contrário, alegrou-se ao ver a graça de Deus prosperando e agindo na vida dos gentios e exortou todos a permanecerem firmes no Senhor. Barnabé era um líder entusiasmado com a obra de Deus.

Barnabé encontrou Paulo, levou-o consigo para Antioquia, e naquela Igreja ensinaram a uma multidão imensa durante todo um ano. O resultado foi extraordinário (Atos 11:26). Como resultado, os crentes gentios passaram a imitar de tal forma a Jesus que foram apelidados de cristãos - gente parecida com Cristo. Até agora, Lucas se referia a eles como discípulos (Atos 6:1), santos (Atos 9:13), irmãos (Atos 1:16;9:30), fiéis (Atos 10:45), os que estavam sendo salvos (Atos 2:47) e os seguidores do Caminho (Atos 9:2). Agora, Lucas passa a chamá-los de cristãos (Atos 11:26) – “E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja e ensinaram muita gente. Em Antioquia, foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (Atos 11:26).

Desta forma, a Igreja de Antioquia deu um grande exemplo de como deve-se cumprir a principal obrigação da Igreja, que é o discipulado, fazer discípulos, cumprindo assim a Grande Comissão.

CONCLUSÃO

A urgência do Discipulado deve ser a preocupação principal e essencial nestes últimos dias da Igreja. Caso contrário, veremos a Igreja inchar, mas não crescer espiritualmente. A Igreja é um organismo vivo, e assim sendo deve ser alimentada com o melhor alimento para que cresça de forma sadia e virtuosamente. A Igreja, portanto, tem uma função importantíssima e indelegável: o de ensinar as pessoas a servir a Cristo, a caminhar com o Senhor. Para que a pessoa aprenda a servir ao Senhor, é preciso que conheça as Escrituras, pois são elas que testificam de Cristo (Jo.5:39). Para que a pessoa aprenda a servir ao Senhor, é necessário que não erre, e somente não erraremos se conhecermos a Palavra do Senhor (Mt.22:219; Mc.12:24). Por isso, a tarefa de ensino da Igreja é a do ensino da Palavra de Deus, do ensino das Escrituras. Então, mãos à Obra!

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. Discipulado, a missão educadora da Igreja.PortalEBD_2007.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. O Serviço Cristão. PortalEBD_2008.

domingo, 7 de março de 2021

Aula 11 – COMPROMISSADOS COM A EVANGELIZAÇÃO

 

1º Trimestre/2021

Texto Base: Marcos 16:14-20


“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Rm.1:16).

Marcos 16:

14.Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.

15.E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.

16.Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

17.E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas;

18.pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão.

19.Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus.

20.E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos do compromisso que a Igreja Pentecostal tem com a Evangelização. Somente o Evangelho tem o poder de trazer a restauração do ser humano ao status quo da criação: imagem e semelhança de Deus (quanto ao caráter), dignidade, plena felicidade, comunhão plena com Deus. Por isso, Jesus comissionou à Igreja realizar evangelização a todos os povos e etnias (Mc 16:15). O plano-diretor de Jesus era bem claro e objetivo: os discípulos deveriam ser testemunhas não apenas no território de Israel, mas até aos confins da terra; não apenas aos judeus, mas também aos gentios. Todas as nossas ações, todo o nosso cotidiano deve ser criado e executado diante da perspectiva de que somos testemunhas de Cristo Jesus (At.1:8) e que devemos, portanto, testificar do Senhor, mostrar ao mundo, através da mensagem da Palavra de Deus e de atitudes, que Deus é nosso Pai, que Jesus Cristo é o Senhor e o Salvador do mundo, que o Espírito Santo é o Consolador e que somos filhos de Deus, e por meio deste comportamento, levar os homens a glorificar o nosso Pai celestial (Mt.5:16).

I. A EVANGELIZAÇÃO COMO PRIORIDADE

A principal tarefa da Igreja é a evangelização, ou seja, a pregação do Evangelho a judeus e a gentios, o anúncio de que Jesus veio salvar o homem, perdoando os nossos pecados e restabelecendo a comunhão entre Deus e a humanidade.

Para que não houvesse qualquer dúvida a respeito de qual seria o papel da Igreja, ainda mesmo de seu estabelecimento na Terra, Jesus bem mostrou aos Seus discípulos qual era o papel destinado aos Seus seguidores. Cumprindo o desiderato divino de anunciar a salvação ao povo judeu (João 1:11a), Jesus, a fim de atingir a todas as aldeias e povoados da nação israelita na Palestina, destacou setenta discípulos, de dois em dois, para pregar o evangelho (Lc.10:1-24), mostrando, assim, que a tarefa primordial daqueles que O servem é o de levar a mensagem das boas-novas de salvação, que é o que denominou de “a obra do Senhor” (Lc.10:1,2).

Depois de ter consumado a obra da redenção do homem no Calvário (João 19:30), sacrifício aceito pelo Pai como nos prova a ressurreição (At.3:25,26; 13:29,20), Jesus, após ter passado quarenta dias dando prova da Sua ressurreição aos discípulos e falado a respeito do reino de Deus (At.1:3), explicitamente determinou qual seria a tarefa principal da Igreja. Mandou que o evangelho fosse pregado por todo o mundo a toda a criatura (Mc.16:15), uma ordem que estabeleceu um verdadeiro dever a todo cristão, a ponto de o apóstolo Paulo ter exclamado: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o evangelho!” (2Co.9:16).

A Igreja, portanto, existe para dizer ao mundo que “Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e leva para o Céu”. Será que temos cumprido esta tarefa?

1. O Evangelho

O Evangelho são as boas-novas, é a boa notícia, é a boa mensagem. Que mensagem? A mesma mensagem que Jesus pregou, ou seja, de que o tempo está cumprido e que o reino de Deus chegou, ou seja, que Jesus salva o homem e o liberta do pecado, pondo-o, novamente, em comunhão com Deus e lhe assegurando a vida eterna. A Igreja deve pregar o Evangelho, deve pregar a Cristo. O seu assunto é a salvação do homem na pessoa de Jesus Cristo. É para isto que existe a Igreja, isto é que é evangelização. Não devemos nos perder em discussões inúteis e que não trazem proveito algum (1Tm.1:4-7; 6:3,5). O Senhor nos mandou pregar o Evangelho e não ficar discutindo filigranas doutrinário-teológicas ou nos perdendo em interpretações de aspectos absolutamente secundários das Escrituras, quando não de questões relacionadas com a cultura ou costumes.

2. O único Salvador do mundo

"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14:6).

Este texto do Evangelho, segundo escreveu João, deixa bem claro que o Senhor Jesus Cristo é em si mesmo o Caminho para o Céu. Ele não somente mostra o caminho; Ele é “o caminho”. A salvação está em uma Pessoa, e essa Pessoa é Jesus Cristo. Cristianismo é Cristo. O Senhor Jesus não é só um dos muitos caminhos; Ele é o “único” caminho. Ninguém vai ao Pai senão por Ele. Portanto, o caminho para Deus não é pelos Dez Mandamentos, pela regra áurea, pelas ordenanças, por ser membro da Igreja – é por meio de Cristo, e somente Cristo. Hoje muitos dizem que não importa em que se crê, contanto que se seja sincero. Dizem que todas as religiões têm algo de bom e que todas conduzem ao Céu, afinal. Mas Jesus disse: “Ninguém vem ao Pai senão por mim”. Não existe um meio de salvação sem Jesus (At.4:12):

“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”.

3. Uma Agência legítima

O Senhor constituiu a Igreja como a Agência do Reino de Deus na terra encarregada de anunciar as boas novas de salvação. Nenhuma organiza­ção pode substitui-la nessa tarefa. Jesus deu a ordem: “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt.28:19,20).

Como agência evangelizadora, a Igreja preocupa-se com o bem-estar espiritual ensinando o caminho de Deus, evangelizando, pregando o Evangelho a toda a criatura e encaminhando-a para a comunhão com Deus. Ela cuida da alma e encaminha aqueles que carecem de conforto, orientação e afeto, e cuida do corpo físico, suprindo suas necessidades básicas. O modelo que temos é o da Igreja no seu princípio, a qual se estruturou de tal maneira que conseguiu conquistar a confiança e o respeito da sociedade (At.2:42,47; 4:32,35 e 5:13-14).

Podemos classificar o perfil da Igreja da época dos apóstolos, à luz dos primeiros capítulos do livro de Atos, em três áreas distintas, a saber: a marturia (o testemunho, a orientação espiritual, o evangelismo e a pregação, e o ensino da palavra); a koinonia (a formação da comunidade social) descrita em Atos 2:42,47; a diaconia (o serviço de atendimento social, descrito em Atos 6:1-10). Observando esse modelo, a Igreja estará cumprindo a sua missão integral. Assim sendo, crescerá de forma sadia.

Missão estava no coração da Igreja de Atos do Espírito Santo. Nada a fazia arrefecer desse mister. A despeito das perseguições, os novos discípulos testemunhavam todos os dias, não cessavam de ensinar e anunciar a Jesus Cristo: nas ruas, nas casas, nas vilas, cidades, ensinando e proclamando intensamente o evangelho. Todos, indistintamente, estavam empenhados em organizar novas igrejas, obedecendo a um plano de avanço missionário. E hoje, o que estamos fazendo em prol da evangelização local e universal?

O campo missionário é o mundo. Jesus disse: “o campo é o mundo” (Mt.13:38). Ele não disse que o campo é Jerusalém, nem a Judéia, nem Roma, nem minha cidade e nem a tua. Infelizmente há ainda os que pensam que o “campo” é a sua cidade e por isso mostram-se não somente apáticos às missões, mas também posicionam-se contra elas. Outros não são contra, mas não se esforçam, são acomodados. É dever de cada crente incentivar missões, orar pelos missionários e pelos que estão sendo enviados, e contribuir financeiramente para o sustento dos missionários.

Os discípulos entenderam a ordem de Jesus e estenderam a obra missionária para além de suas cidades originais. De ação em ação, a Igreja de Cristo veio a alcançar, em apenas uma geração, os luga­res mais remotos daquela época – “que já chegou a vós, como também está em todo o mundo...” (Cl.1:6).

II. JESUS MORREU PARA SALVAR TODOS OS SERES HUMANOS

Se é verdade que o jugo do pecado é universal, também é verdade que a necessidade da salvação em Cristo é universal. O Evangelho de Jesus Cristo, cujo conteúdo é Cristo, destina-se a todos os gentios e judeus, a todos os povos. Os judeus pensavam que as boas-novas de salvação eram destinadas apenas a eles. No entanto, o plano eterno de Deus incluía todos os povos. Cristo morreu a fim de comprar para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Ap.5:9). John Stott é enfático quando escreve: "Precisamos libertar-nos de todo orgulho, seja de raça, nação, tribo, casta ou classe, e reconhecer que o Evangelho de Deus é para todos, sem exceção e sem distinção”.

1. A nossa teologia

A nossa teologia tem como fundamento estrito as Escrituras Sagradas; ela prega que a salvação em Cristo abrange a toda criatura humana. O texto sagrado de João 3:16 respalda este fato: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Observe que Deus não amou só uma parte da humanidade, não; Ele amou todo o mundo, e mundo aqui inclui toda a humanidade. Deus não ama os pecados humanos ou o sistema maligno de mundo, mas ama as pessoas e “deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm.2:4). A extensão de seu amor é revelada pelo fato de que deu o Seu Filho Unigênito por uma raça de pecadores rebeldes.

O fato de que Deus “deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm.2:4) não quer dizer que todos são salvos. Para receber a Salvação, uma pessoa precisa receber o que Cristo fez por ela – “para que todo aquele que nele crê não pereça”. Neste “todo aquele” não há exclusão de ninguém. Todos podem crer, e Deus quer que todos creiam, pois, “a graça de Deus se há manifestada, trazendo Salvação a todos os homens” (Tito 2:11). Porém, cremos que essa Salvação é condicional, ou seja, exige-se do ser humano arrependimento de coração (At.15:9; Rm.3:28;11:6), e que confesse a Cristo como único e suficiente Salvador (Rm.10:9).

Portanto, não há necessidade de ninguém perecer, contanto que creia em Jesus Cristo e o receba como único e suficiente Senhor e Salvador. Foi fornecido um caminho pelo qual todos podem se salvar, mas a pessoa precisa reconhecer o Senhor Jesus Cristo como seu Salvador pessoal. Deus ama todos, independentemente de etnia, cor ou classe social. Ele ama todos os povos e deseja que todos se salvem mediante a fé no sacrifício do seu Filho Unigênito.

Há uma tendência atual de afirmar que, no final das contas, Deus, em sua graça, salvará a todos os perdidos, mesmo aqueles que jamais responderam (e mesmo rejeitaram) o sacrifício de Cristo. Essa perspectiva teológica, bastante cultivada atualmente, denomina-se de “universalismo”. Esse ensinamento é totalmente falso. O arrependimento sempre foi e continuará sendo uma prerrogativa àqueles que querem ser salvos. Veja os seguintes trechos bíblicos que comprovam tal fato:

§ “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”(Mc.16:16).

§ “Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”(Atos 16:31).

§ “Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados”(At.2:38).

§ “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor”(Atos 3:19).

Desta feita, não faz qualquer sentido a posição dita “universalista”, segundo a qual toda a humanidade, mais cedo ou mais tarde, alcançará a salvação, mesmo na eternidade, visto que, como é desejo de Deus a salvação de todos os homens, não há como alguém ser eternamente condenado, pois isto implicaria em admitir que Deus não poderia salvar a todos ou não cumpriria os seus propósitos ou, ainda, que o sacrifício de Cristo foi limitado em seus efeitos. Este argumento é falacioso, pois Deus tem compromisso com a sua Palavra e, ao apresentar uma promessa condicional, tem de fazer prevalecer, pela sua fidelidade, o que prometeu.

2. Por quem Jesus morreu?

Jesus morreu pelo mundo inteiro, como nos ensina o chamado “texto áureo” da Bíblia Sagrada (João 3:16) – “Deus amou o mundo e deu o Seu Filho para que todo aquele que nEle crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”. Jesus morreu por nós e pagou o preço para a nossa salvação, preço este que foi o seu próprio sangue (1Pd.1:18,19). Embora a Bíblia diga claramente que Jesus morreu por toda a humanidade, há muitos discursões teológicas sobre o tema, e essas discursões se concentram em duas interpretações das Escrituras: Expiação limitada e Expiação ilimitada.

a) Expiação limitada. Basicamente, este ensino consiste na tese de que Jesus, acredite quem quiser, não morreu por todos os homens. Cristo morreu, segundo os seguidores deste ensino, apenas pelos eleitos. A expiação, portanto, foi “limitada” a eles. Isso surgiu porque, pela lógica dos seguidores dessa doutrina, se Deus não ofereceu salvação a todos, Jesus não podia ter morrido por todos. Para que morrer por alguém que não teria a mínima chance de salvação? Isso contraria o bom senso. Porém, os inúmeros textos bíblicos que explicitamente dizem que Cristo morreu por todos, refutam essa doutrina egoísta, fruto da imaginação humana. Portanto, o alcance da obra expiatória operada por Cristo é universal, pois ela envolve todos os seres humanos (João 3:16).

b) Expiação ilimitada. Isto significa que Jesus morreu por toda a humanidade. A Bíblia nos ensina que a morte de Cristo representou a expiação dos pecados de todo o mundo (1João 2:2). O sacrifício de Cristo foi perfeito, completo e suficiente para salvar a todos os homens, desde o primeiro casal até o último homem que nascerá sobre a face da Terra (Hb.9:24-28). A expiação feita por Cristo é completa e ilimitada, porque Ele é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Jesus morreu em lugar de todos os homens, por isso “o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele”(Is.53:5), e “Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos” (Is.53:6).

A expiação é ilimitada, mas condicionada à vontade de cada ser humano. O versículo de João 5:24 demonstra a condicionalidade da salvação - “Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida”(João 5:24). Em João 3:16, há também essa condicionalidade: “Deus amou o mundo e deu o Seu Filho para que todo aquele que nEle crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”.

A Bíblia é clara ao dizer que Jesus morreu por todos os homens e que seu sacrifício é suficiente para a remoção do pecado do mundo. Ele é a propiciação pelos pecados de todo o mundo. Entretanto, por que, então, todos os homens não se salvam? Porque não podemos confundir salvação com expiação. Para que haja salvação é preciso que haja expiação. Sem expiação, não há salvação. Mas a salvação, além da expiação, exige a fé do homem. Jesus, ao anunciar o Evangelho, chamou o povo ao arrependimento e à fé no Evangelho (Mc.1:15). Alcançamos a justificação pela fé em Cristo (Rm.5:1).

Numa linguagem jurídica, a morte de Cristo satisfez a justiça divina e tem poder para remover o pecado do mundo inteiro. É um sacrifício real, válido, mas que, para gerar efeitos na vida de cada homem, precisa ter a aceitação deste sacrifício pelo pecador. Se o pecador aceita este sacrifício e crê que ele é capaz de remover os seus pecados, tem-se a remoção, tem-se o perdão; o sacrifício produz o efeito, e a pessoa é tornada justa, é santificada, e alcança a salvação.

III. EVANGELIZAÇÃO LOCAL E TRANSCULTURAL

O Evangelho do Reino foi dado a todo o mundo e não é monopólio de um só povo ou cultura. A dimensão transcultural do Evangelho tem a ver, como o próprio nome o indica, com a comunicação do Evangelho entre outros povos. Quer dizer, atravessa barreiras socioculturais.

Por cultura referimo-nos a toda a vivência de um povo em um determinado espaço geográfico. Essa vivência inclui as crenças religiosas, as ideias, os valores e percepções acerca do que é bom e mau; também, cultura é a forma como um povo organiza sua vida familiar, comunitária, social, etc., como também sua forma de trabalhar e de ganhar a vida. Isto é, quando falamos acerca da cultura de um povo estamos nos referindo a toda uma forma de ser e agir, incluindo os costumes, expressões materiais, espirituais e o idioma desse povo.

1. Evangelização

Evangelização é o anúncio do Evangelho, é o anúncio de que Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e leva para o céu. Esta era a mensagem pregada pelos apóstolos, aqueles que receberam diretamente a “Grande Comissão” (At.2:22-36; 3:13-26; 5:40-42; 6:14; 8:5,35; 9:20; 10:37,38; 11:20; 13:26-41). Logo após receber o revestimento de poder, como Jesus tinha prometido (cf. Lc.24:49), os discípulos procuram cumprir a sua missão prioritária: a evangelização. A ordem de Jesus foi: “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt.28:19,20).

A ordem do Senhor é que devemos ir ao encontro do mundo, ir ao encontro dos pecadores levar-lhes a mensagem da salvação em Cristo Jesus. O homem não tem condições de salvar-se a si próprio e, mais, o deus deste século lhe cegou o entendimento para que não tenha condições de ver a luz do evangelho da glória de Cristo (2Co.4:4). Portanto, é tarefa da Igreja ir ao encontro de judeus e de gentios para lhes anunciar as boas-novas da salvação.

A ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, é alvo de todo ódio, de toda repugnância, de todo o desprezo da sociedade e do mundo (vide Mc.5:1-20). É interessante observarmos que, nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os homens mais cruéis que existiam no mundo naquele tempo. Jonas teve de pregar para todos, sem exceção, ainda que muitos, pela sua extrema crueldade e maldade, fossem, na verdade, verdadeiras “bestas-feras”, verdadeiros “animais” (Jn.3:8), que, mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia divina. Observe o exemplo de Jesus - Ele ia ao encontro dos publicanos e das meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo. E nós, o que estamos a fazer?

2. As Missões

Missões abrange a evangelização no mundo inteiro, a todas as culturas e etnias diferentes da nossa. O mundo precisa conhecer o Cristo que veio a Terra para salvar a humanidade.

As missões nasceram primeiramente no coração de Deus, e Ele é o grande gerenciador dessa obra ousada e desafiadora. Em sua Palavra encontramos a resposta sobre o plano de Deus para o mundo. Jesus disse: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações” (Mt.28:19). O Espírito Santo foi dado para fazer dos cristãos testemunhas eficientes no mundo todo.

Para fazer missões é necessário ajustar e adaptar estratégias conforme o costume de cada povo ou grupo étnico. Em 1Coríntios 9:19-23 as reflexões do aposto Paulo nos ajudam de maneira bem específica a encarnar o modelo certo de agir na evangelização transcultural: a) Paulo, sendo livre de todos, fez-se servo de todos; b) Para com os judeus, isto é, os que estavam sujeitos à lei, fez-se judeu. Embora Paulo não tivesse sem lei, sujeitou-se à lei; c) Aos que estavam sem lei, fez-se como sem lei, exceto a Lei de Deus; d) Com os fracos, fez-se fraco; e) em síntese, fez-se tudo, para com todos, no propósito de ganhá-los para Cristo.

Qual é a aplicação concreta deste comportamento de Paulo à própria tarefa evangelizadora, nas diversas situações da realidade transcultural? Isto quer dizer: se formos chamados a ser testemunhas de Jesus entre os povos das ilhas Fiji, por exemplo, teremos de nos tornar como eles. Temos, em primeiro lugar, de desenvolver em nosso coração o amor divino para com eles, e então estabelecer passos concretos, como a aprendizagem de seu idioma, conhecer seus costumes e cultura, despojando-nos de qualquer preconceito; aprender a cantar com eles, de tal maneira que demonstremos de forma viva que Deus os ama e nós também. Isto significará também que deixaremos que eles expressem fé em sua própria cultura, por mais estranha que ela nos pareça, já que reconhecemos que Deus se alegra na expressão genuína da fé de todos os seus filhos na terra.

3. O desafio hoje

O campo é o mundo, disse o próprio Senhor Jesus (Mt.13:38). Foi difícil para a igreja evangélica quebrar seus limites geográficos e assumir a responsabilidade mundial. Hoje, mais do que nunca, ela tem procurado cumprir essa tarefa. Talvez não na velocidade necessária nem na intensidade demandada, mas a evangelização mundial tem sido levada a efeito por muitas igrejas, denominações e agências missionárias. A chamada “janela 10/40”, que já tem sido reavaliada de muitas formas, denota claramente que a Igreja está consciente do desafio da evangelização mundial. Algumas fortalezas ainda se sustentam contra o evangelho e são motivos de constante intercessão e preocupação das igrejas; o mundo islâmico talvez seja o principal deles.

Creio que hoje o maior desafio é colocar um missionário em determinado campo. Sustentá-lo ali é um desafio ainda maior. Pode ser traumático para um missionário ou sua família estar em um local distante de sua comunidade e familiares, sob pressões econômicas e espirituais para as quais não estavam preparados. Mesmo os chamados “fazedores de tendas”, isto é, profissionais que trabalham no país no qual foram enviados para se manterem e ao mesmo tempo pregar o evangelho, precisam de suporte contínuo para desenvolver e concluir sua missão.

Independentemente de qual seja os desafios, a própria globalização tem de certo modo facilitado a visualização e a aplicação de estratégias.

Já não é possível conviver com a abundância da Palavra de Deus, enquanto a maior parte do mundo perece com carência dela. O fato de muitos povos não terem sequer uma tradução das Escrituras Sagradas, tem trazido sensação de incômodo nos corações missionários.

CONCLUSÃO

Devemos nos conscientizar de que a missão principal da Igreja de Cristo é a evangelização. Ela não foi edificada por Cristo para construir escolas, fundar hospitais ou assumir cargos políticos, por mais dignas que sejam tais realizações, mas para cumprir o mandato de “ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura” (Mc.16:15). Cada crente deve ter o compromisso de evangelizar os pecadores. Cada cristão deve ser uma fiel testemunha de Cristo. Pense nisso!

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. A Evangelização: a missão máxima da Igreja. PortalEBD_2007.

Ruben Tito Paredes. A Dimensão Transcultural do Evangelho.