1º Trimestre/2021
Texto Base: Marcos 16:14-20
“Porque não me
envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo
aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego” (Rm.1:16).
Marcos
16:
14.Finalmente
apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a
sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham
visto já ressuscitado.
15.E
disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.
16.Quem
crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
17.E
estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão
novas línguas;
18.pegarão
nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum;
e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão.
19.Ora,
o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à
direita de Deus.
20.E
eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor
e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!
INTRODUÇÃO
Nesta
Aula trataremos do compromisso que a Igreja Pentecostal tem com a
Evangelização. Somente o Evangelho tem o poder de trazer a restauração do ser
humano ao status quo da criação: imagem e semelhança de Deus (quanto ao
caráter), dignidade, plena felicidade, comunhão plena com Deus. Por isso, Jesus
comissionou à Igreja realizar evangelização a todos os povos e etnias (Mc
16:15). O plano-diretor de Jesus era bem claro e objetivo: os discípulos
deveriam ser testemunhas não apenas no território de Israel, mas até aos
confins da terra; não apenas aos judeus, mas também aos gentios. Todas as
nossas ações, todo o nosso cotidiano deve ser criado e executado diante da
perspectiva de que somos testemunhas de Cristo Jesus (At.1:8) e que devemos,
portanto, testificar do Senhor, mostrar ao mundo, através da mensagem da
Palavra de Deus e de atitudes, que Deus é nosso Pai, que Jesus Cristo é o
Senhor e o Salvador do mundo, que o Espírito Santo é o Consolador e que somos
filhos de Deus, e por meio deste comportamento, levar os homens a glorificar o
nosso Pai celestial (Mt.5:16).
I. A EVANGELIZAÇÃO COMO PRIORIDADE
A
principal tarefa da Igreja é a evangelização, ou seja, a pregação do Evangelho
a judeus e a gentios, o anúncio de que Jesus veio salvar o homem, perdoando os
nossos pecados e restabelecendo a comunhão entre Deus e a humanidade.
Para
que não houvesse qualquer dúvida a respeito de qual seria o papel da Igreja,
ainda mesmo de seu estabelecimento na Terra, Jesus bem mostrou aos Seus
discípulos qual era o papel destinado aos Seus seguidores. Cumprindo o
desiderato divino de anunciar a salvação ao povo judeu (João 1:11a), Jesus, a
fim de atingir a todas as aldeias e povoados da nação israelita na Palestina,
destacou setenta discípulos, de dois em dois, para pregar o evangelho
(Lc.10:1-24), mostrando, assim, que a tarefa primordial daqueles que O servem é
o de levar a mensagem das boas-novas de salvação, que é o que denominou de “a
obra do Senhor” (Lc.10:1,2).
Depois
de ter consumado a obra da redenção do homem no Calvário (João 19:30),
sacrifício aceito pelo Pai como nos prova a ressurreição (At.3:25,26;
13:29,20), Jesus, após ter passado quarenta dias dando prova da Sua
ressurreição aos discípulos e falado a respeito do reino de Deus (At.1:3),
explicitamente determinou qual seria a tarefa principal da Igreja. Mandou que o
evangelho fosse pregado por todo o mundo a toda a criatura (Mc.16:15), uma
ordem que estabeleceu um verdadeiro dever a todo cristão, a ponto de o apóstolo
Paulo ter exclamado: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me
gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim se não anunciar o
evangelho!” (2Co.9:16).
A
Igreja, portanto, existe para dizer ao mundo que “Jesus salva, cura, batiza no
Espírito Santo e leva para o Céu”. Será que temos cumprido esta tarefa?
1. O Evangelho
O
Evangelho são as boas-novas, é a boa notícia, é a boa mensagem. Que mensagem? A
mesma mensagem que Jesus pregou, ou seja, de que o tempo está cumprido e que o
reino de Deus chegou, ou seja, que Jesus salva o homem e o liberta do pecado,
pondo-o, novamente, em comunhão com Deus e lhe assegurando a vida eterna. A
Igreja deve pregar o Evangelho, deve pregar a Cristo. O seu assunto é a salvação
do homem na pessoa de Jesus Cristo. É para isto que existe a Igreja, isto é que
é evangelização. Não devemos nos perder em discussões inúteis e que não trazem
proveito algum (1Tm.1:4-7; 6:3,5). O Senhor nos mandou pregar o Evangelho e não
ficar discutindo filigranas doutrinário-teológicas ou nos perdendo em
interpretações de aspectos absolutamente secundários das Escrituras, quando não
de questões relacionadas com a cultura ou costumes.
2. O único Salvador do mundo
"Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém
vem ao Pai senão por mim" (João 14:6).
Este
texto do Evangelho, segundo escreveu João, deixa bem claro que o Senhor Jesus
Cristo é em si mesmo o Caminho para o Céu. Ele não somente mostra o caminho;
Ele é “o caminho”. A salvação está em uma Pessoa, e essa Pessoa é Jesus Cristo.
Cristianismo é Cristo. O Senhor Jesus não é só um dos muitos caminhos; Ele é o
“único” caminho. Ninguém vai ao Pai senão por Ele. Portanto, o caminho para
Deus não é pelos Dez Mandamentos, pela regra áurea, pelas ordenanças, por ser
membro da Igreja – é por meio de Cristo, e somente Cristo. Hoje muitos dizem
que não importa em que se crê, contanto que se seja sincero. Dizem que todas as
religiões têm algo de bom e que todas conduzem ao Céu, afinal. Mas Jesus disse:
“Ninguém vem ao Pai senão por mim”. Não existe um meio de salvação sem Jesus
(At.4:12):
“E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum
outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”.
3. Uma Agência legítima
O Senhor constituiu a
Igreja como a Agência do Reino de Deus na terra encarregada de anunciar as boas
novas de salvação. Nenhuma organização pode substitui-la nessa tarefa. Jesus
deu a ordem: “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas
que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos” (Mt.28:19,20).
Como
agência evangelizadora, a Igreja preocupa-se com o bem-estar espiritual
ensinando o caminho de Deus, evangelizando, pregando o Evangelho a toda a
criatura e encaminhando-a para a comunhão com Deus. Ela cuida da alma e
encaminha aqueles que carecem de conforto, orientação e afeto, e cuida do corpo
físico, suprindo suas necessidades básicas. O modelo que temos é o da Igreja no
seu princípio, a qual se estruturou de tal maneira que conseguiu conquistar a
confiança e o respeito da sociedade (At.2:42,47; 4:32,35 e 5:13-14).
Podemos
classificar o perfil da Igreja da época dos apóstolos, à luz dos primeiros
capítulos do livro de Atos, em três áreas distintas, a saber: a marturia (o testemunho, a orientação
espiritual, o evangelismo e a pregação, e o ensino da palavra); a koinonia (a formação da comunidade
social) descrita em Atos 2:42,47; a diaconia
(o serviço de atendimento social, descrito em Atos 6:1-10). Observando esse
modelo, a Igreja estará cumprindo a sua missão integral. Assim sendo, crescerá
de forma sadia.
Missão
estava no coração da Igreja de Atos do Espírito Santo. Nada a fazia arrefecer
desse mister. A despeito das perseguições, os novos discípulos testemunhavam
todos os dias, não cessavam de ensinar e anunciar a Jesus Cristo: nas ruas, nas
casas, nas vilas, cidades, ensinando e proclamando intensamente o evangelho.
Todos, indistintamente, estavam empenhados em organizar novas igrejas,
obedecendo a um plano de avanço missionário. E hoje, o que estamos fazendo em
prol da evangelização local e universal?
O
campo missionário é o mundo. Jesus disse: “o campo é o mundo” (Mt.13:38). Ele
não disse que o campo é Jerusalém, nem a Judéia, nem Roma, nem minha cidade e
nem a tua. Infelizmente há ainda os que pensam que o “campo” é a sua cidade e
por isso mostram-se não somente apáticos às missões, mas também posicionam-se
contra elas. Outros não são contra, mas não se esforçam, são acomodados. É
dever de cada crente incentivar missões, orar pelos missionários e pelos que
estão sendo enviados, e contribuir financeiramente para o sustento dos
missionários.
Os
discípulos entenderam a ordem de Jesus e estenderam a obra missionária para
além de suas cidades originais. De ação em ação, a Igreja de Cristo veio a
alcançar, em apenas uma geração, os lugares mais remotos daquela época – “que
já chegou a vós, como também está em todo o mundo...” (Cl.1:6).
II. JESUS MORREU PARA SALVAR TODOS OS SERES
HUMANOS
Se
é verdade que o jugo do pecado é universal, também é verdade que a necessidade
da salvação em Cristo é universal. O Evangelho de Jesus Cristo, cujo conteúdo é
Cristo, destina-se a todos os gentios e judeus, a todos os povos. Os judeus
pensavam que as boas-novas de salvação eram destinadas apenas a eles. No
entanto, o plano eterno de Deus incluía todos os povos. Cristo morreu a fim de
comprar para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação (Ap.5:9).
John Stott é enfático quando escreve: "Precisamos libertar-nos de todo
orgulho, seja de raça, nação, tribo, casta ou classe, e reconhecer que o Evangelho
de Deus é para todos, sem exceção e sem distinção”.
1. A nossa teologia
A
nossa teologia tem como fundamento estrito as Escrituras Sagradas; ela prega
que a salvação em Cristo abrange a toda criatura humana. O texto sagrado de
João 3:16 respalda este fato: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna”. Observe que Deus não amou só uma parte da humanidade, não; Ele amou
todo o mundo, e mundo aqui inclui toda a humanidade. Deus não ama os pecados
humanos ou o sistema maligno de mundo, mas ama as pessoas e “deseja que todas
as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm.2:4).
A extensão de seu amor é revelada pelo fato de que deu o Seu Filho Unigênito
por uma raça de pecadores rebeldes.
O
fato de que Deus “deseja que todas as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade” (1Tm.2:4) não quer dizer que todos são salvos. Para
receber a Salvação, uma pessoa precisa receber o que Cristo fez por ela – “para
que todo aquele que nele crê não pereça”. Neste “todo aquele” não há exclusão
de ninguém. Todos podem crer, e Deus quer que todos creiam, pois, “a graça de
Deus se há manifestada, trazendo Salvação a todos os homens” (Tito 2:11).
Porém, cremos que essa Salvação é condicional, ou seja, exige-se do ser humano
arrependimento de coração (At.15:9; Rm.3:28;11:6), e que confesse a Cristo como
único e suficiente Salvador (Rm.10:9).
Portanto,
não há necessidade de ninguém perecer, contanto que creia em Jesus Cristo e o
receba como único e suficiente Senhor e Salvador. Foi fornecido um caminho pelo
qual todos podem se salvar, mas a pessoa precisa reconhecer o Senhor Jesus
Cristo como seu Salvador pessoal. Deus ama todos, independentemente de etnia,
cor ou classe social. Ele ama todos os povos e deseja que todos se salvem
mediante a fé no sacrifício do seu Filho Unigênito.
Há
uma tendência atual de afirmar que, no final das contas, Deus, em sua graça,
salvará a todos os perdidos, mesmo aqueles que jamais responderam (e mesmo
rejeitaram) o sacrifício de Cristo. Essa perspectiva teológica, bastante cultivada
atualmente, denomina-se de “universalismo”. Esse ensinamento é totalmente
falso. O arrependimento sempre foi e continuará sendo uma prerrogativa àqueles
que querem ser salvos. Veja os seguintes trechos bíblicos que comprovam tal
fato:
§ “Quem
crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”(Mc.16:16).
§ “Responderam
eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa”(Atos 16:31).
§ “Pedro
então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de
Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados”(At.2:38).
§ “Arrependei-vos,
pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que
venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor”(Atos 3:19).
Desta feita, não faz
qualquer sentido a posição dita “universalista”, segundo a qual toda a
humanidade, mais cedo ou mais tarde, alcançará a salvação, mesmo na eternidade,
visto que, como é desejo de Deus a salvação de todos os homens, não há como
alguém ser eternamente condenado, pois isto implicaria em admitir que Deus não
poderia salvar a todos ou não cumpriria os seus propósitos ou, ainda, que o
sacrifício de Cristo foi limitado em seus efeitos. Este argumento é falacioso,
pois Deus tem compromisso com a sua Palavra e, ao apresentar uma promessa condicional,
tem de fazer prevalecer, pela sua fidelidade, o que prometeu.
2. Por quem Jesus morreu?
Jesus
morreu pelo mundo inteiro, como nos ensina o chamado “texto áureo” da Bíblia
Sagrada (João 3:16) – “Deus
amou o mundo e deu o Seu Filho para que todo aquele que nEle crê, não pereça,
mas tenha a vida eterna”. Jesus morreu por nós e pagou o preço para a nossa
salvação, preço este que foi o seu próprio sangue (1Pd.1:18,19). Embora a
Bíblia diga claramente que Jesus morreu por toda a humanidade, há muitos discursões
teológicas sobre o tema, e essas discursões se concentram em duas
interpretações das Escrituras: Expiação limitada e Expiação ilimitada.
a) Expiação limitada. Basicamente, este
ensino consiste na tese de que Jesus, acredite quem quiser, não morreu
por todos os homens. Cristo morreu, segundo os seguidores deste ensino, apenas
pelos eleitos. A expiação, portanto, foi “limitada” a eles. Isso surgiu porque,
pela lógica dos seguidores dessa doutrina, se Deus não ofereceu salvação a
todos, Jesus não podia ter morrido por todos. Para que morrer por alguém que
não teria a mínima chance de salvação? Isso contraria o bom senso. Porém, os
inúmeros textos bíblicos que explicitamente dizem que Cristo morreu por todos, refutam
essa doutrina egoísta, fruto da imaginação humana. Portanto, o alcance da obra
expiatória operada por Cristo é universal, pois ela envolve todos os seres
humanos (João 3:16).
b) Expiação ilimitada. Isto significa que
Jesus morreu por toda a humanidade. A Bíblia nos ensina que a morte de Cristo
representou a expiação dos pecados de todo o mundo (1João 2:2). O sacrifício de
Cristo foi perfeito, completo e suficiente para salvar a todos os homens, desde
o primeiro casal até o último homem que nascerá sobre a face da Terra
(Hb.9:24-28). A expiação feita por Cristo é completa e ilimitada, porque Ele é
o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Jesus morreu em lugar de todos
os homens, por isso “o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele”(Is.53:5), e
“Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de nós todos” (Is.53:6).
A
expiação é ilimitada, mas condicionada à vontade de cada ser humano. O
versículo de João 5:24 demonstra a condicionalidade da salvação - “Em verdade,
em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou,
tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a
vida”(João 5:24). Em João 3:16, há também essa condicionalidade: “Deus amou o
mundo e deu o Seu Filho para que todo aquele que nEle crê, não pereça, mas
tenha a vida eterna”.
A
Bíblia é clara ao dizer que Jesus morreu por todos os homens e que seu
sacrifício é suficiente para a remoção do pecado do mundo. Ele é a propiciação
pelos pecados de todo o mundo. Entretanto, por que, então, todos os homens não
se salvam? Porque não podemos confundir salvação com expiação. Para que haja
salvação é preciso que haja expiação. Sem expiação, não há salvação. Mas a
salvação, além da expiação, exige a fé do homem. Jesus, ao anunciar o
Evangelho, chamou o povo ao arrependimento e à fé no Evangelho (Mc.1:15).
Alcançamos a justificação pela fé em Cristo (Rm.5:1).
Numa
linguagem jurídica, a morte de Cristo satisfez a justiça divina e tem poder
para remover o pecado do mundo inteiro. É um sacrifício real, válido, mas que,
para gerar efeitos na vida de cada homem, precisa ter a aceitação deste
sacrifício pelo pecador. Se o pecador aceita este sacrifício e crê que ele é
capaz de remover os seus pecados, tem-se a remoção, tem-se o perdão; o
sacrifício produz o efeito, e a pessoa é tornada justa, é santificada, e alcança
a salvação.
III. EVANGELIZAÇÃO LOCAL E TRANSCULTURAL
O
Evangelho do Reino foi dado a todo o mundo e não é monopólio de um só povo ou
cultura. A dimensão transcultural do Evangelho tem a ver, como o próprio nome o
indica, com a comunicação do Evangelho entre outros povos. Quer dizer,
atravessa barreiras socioculturais.
Por
cultura referimo-nos a toda a vivência de um povo em um determinado espaço
geográfico. Essa vivência inclui as crenças religiosas, as ideias, os valores e
percepções acerca do que é bom e mau; também, cultura é a forma como um povo
organiza sua vida familiar, comunitária, social, etc., como também sua forma de
trabalhar e de ganhar a vida. Isto é, quando falamos acerca da cultura de um
povo estamos nos referindo a toda uma forma de ser e agir, incluindo os
costumes, expressões materiais, espirituais e o idioma desse povo.
1. Evangelização
Evangelização
é o anúncio do Evangelho, é o anúncio de que Jesus salva, cura, batiza no
Espírito Santo e leva para o céu. Esta era a mensagem pregada pelos apóstolos,
aqueles que receberam diretamente a “Grande Comissão” (At.2:22-36; 3:13-26;
5:40-42; 6:14; 8:5,35; 9:20; 10:37,38; 11:20; 13:26-41). Logo após receber o
revestimento de poder, como Jesus tinha prometido (cf. Lc.24:49), os discípulos
procuram cumprir a sua missão prioritária: a evangelização. A ordem de Jesus
foi: “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e
do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu
vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação
dos séculos” (Mt.28:19,20).
A
ordem do Senhor é que devemos ir ao encontro do mundo, ir ao encontro dos
pecadores levar-lhes a mensagem da salvação em Cristo Jesus. O homem não tem
condições de salvar-se a si próprio e, mais, o deus deste século lhe cegou o
entendimento para que não tenha condições de ver a luz do evangelho da glória
de Cristo (2Co.4:4). Portanto, é tarefa da Igreja ir ao encontro de judeus e de
gentios para lhes anunciar as boas-novas da salvação.
A
ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela
sua conduta, pela sua forma de proceder, é alvo de todo ódio, de toda repugnância,
de todo o desprezo da sociedade e do mundo (vide Mc.5:1-20). É interessante
observarmos que, nos dias do profeta Jonas, o Senhor mandou que fosse feita a
pregação a todos os ninivitas, sem exceção alguma, ainda que eles fossem os
homens mais cruéis que existiam no mundo naquele tempo. Jonas teve de pregar
para todos, sem exceção, ainda que muitos, pela sua extrema crueldade e
maldade, fossem, na verdade, verdadeiras “bestas-feras”, verdadeiros “animais”
(Jn.3:8), que, mesmo sendo o que eram, foram alcançados pela misericórdia
divina. Observe o exemplo de Jesus - Ele ia ao encontro dos publicanos e das
meretrizes, considerados a escória da sociedade de seu tempo. E nós, o que
estamos a fazer?
2. As Missões
Missões
abrange a evangelização no mundo inteiro, a todas as culturas e etnias
diferentes da nossa. O mundo precisa conhecer o Cristo que veio a Terra para
salvar a humanidade.
As
missões nasceram primeiramente no coração de Deus, e Ele é o grande gerenciador
dessa obra ousada e desafiadora. Em sua Palavra encontramos a resposta sobre o
plano de Deus para o mundo. Jesus disse: “Portanto ide, fazei discípulos de
todas as nações” (Mt.28:19). O Espírito Santo foi dado para fazer dos cristãos
testemunhas eficientes no mundo todo.
Para
fazer missões é necessário ajustar e adaptar estratégias conforme o costume de
cada povo ou grupo étnico. Em 1Coríntios 9:19-23 as reflexões do aposto Paulo nos
ajudam de maneira bem específica a encarnar o modelo certo de agir na
evangelização transcultural: a) Paulo, sendo livre de todos, fez-se servo de
todos; b) Para com os judeus, isto é, os que estavam sujeitos à lei, fez-se
judeu. Embora Paulo não tivesse sem lei, sujeitou-se à lei; c) Aos que estavam
sem lei, fez-se como sem lei, exceto a Lei de Deus; d) Com os fracos, fez-se
fraco; e) em síntese, fez-se tudo, para com todos, no propósito de ganhá-los
para Cristo.
Qual
é a aplicação concreta deste comportamento de Paulo à própria tarefa
evangelizadora, nas diversas situações da realidade transcultural? Isto quer
dizer: se formos chamados a ser testemunhas de Jesus entre os povos das ilhas
Fiji, por exemplo, teremos de nos tornar como eles. Temos, em primeiro lugar,
de desenvolver em nosso coração o amor divino para com eles, e então
estabelecer passos concretos, como a aprendizagem de seu idioma, conhecer seus
costumes e cultura, despojando-nos de qualquer preconceito; aprender a cantar
com eles, de tal maneira que demonstremos de forma viva que Deus os ama e nós
também. Isto significará também que deixaremos que eles expressem fé em sua
própria cultura, por mais estranha que ela nos pareça, já que reconhecemos que
Deus se alegra na expressão genuína da fé de todos os seus filhos na terra.
3. O desafio hoje
O
campo é o mundo, disse o próprio Senhor Jesus (Mt.13:38). Foi difícil para a
igreja evangélica quebrar seus limites geográficos e assumir a responsabilidade
mundial. Hoje, mais do que nunca, ela tem procurado cumprir essa tarefa. Talvez
não na velocidade necessária nem na intensidade demandada, mas a evangelização
mundial tem sido levada a efeito por muitas igrejas, denominações e agências
missionárias. A chamada “janela 10/40”, que já tem sido reavaliada de muitas
formas, denota claramente que a Igreja está consciente do desafio da
evangelização mundial. Algumas fortalezas ainda se sustentam contra o evangelho
e são motivos de constante intercessão e preocupação das igrejas; o mundo
islâmico talvez seja o principal deles.
Creio
que hoje o maior desafio é colocar um missionário em determinado campo. Sustentá-lo
ali é um desafio ainda maior. Pode ser traumático para um missionário ou sua
família estar em um local distante de sua comunidade e familiares, sob pressões
econômicas e espirituais para as quais não estavam preparados. Mesmo os
chamados “fazedores de tendas”, isto é, profissionais que trabalham no país no
qual foram enviados para se manterem e ao mesmo tempo pregar o evangelho,
precisam de suporte contínuo para desenvolver e concluir sua missão.
Independentemente
de qual seja os desafios, a própria globalização tem de certo modo facilitado a
visualização e a aplicação de estratégias.
Já
não é possível conviver com a abundância da Palavra de Deus, enquanto a maior
parte do mundo perece com carência dela. O fato de muitos povos não terem
sequer uma tradução das Escrituras Sagradas, tem trazido sensação de incômodo
nos corações missionários.
CONCLUSÃO
Devemos
nos conscientizar de que a missão principal da Igreja de Cristo é a evangelização.
Ela não foi edificada por Cristo para construir escolas, fundar hospitais ou
assumir cargos políticos, por mais dignas que sejam tais realizações, mas para
cumprir o mandato de “ir por todo o mundo e pregar o evangelho a toda criatura”
(Mc.16:15). Cada crente deve ter o compromisso de evangelizar os pecadores.
Cada cristão deve ser uma fiel testemunha de Cristo. Pense nisso!
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Luciano de Paula Lourenço –
EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular
(Novo e Antigo Testamento).
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Pr. Caramuru
Afonso Francisco. A Evangelização: a missão máxima da Igreja. PortalEBD_2007.
Ruben Tito
Paredes. A Dimensão Transcultural do Evangelho.
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