domingo, 11 de julho de 2021

Aula 03 – ACABE E O PROFETA ELIAS

 

3º Trimestre/2021

Texto Base: 1 Reis 16:29,30; 17:1-7; 18:17-21

“Saberás, pois, que o SENHOR, teu Deus, é Deus, o Deus fiel, que guarda o concerto e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos” (Dt.7:9).

V.P.: “Deus é pai de amor, bondade e misericórdia abundantes, contudo, todo pecado e desobediência ao Senhor trazem consequências inevitáveis à vida humana”.

1 Reis 16:

29.E Acabe, filho de Onri, começou a reinar sobre Israel no ano trigésimo oitavo de Asa, rei de Judá; e reinou Acabe, filho de Onri, sobre Israel em Samaria, vinte e dois anos.

30.E fez Acabe, filho de Onri, o que era mal aos olhos do SENHOR, mais do que todos os que foram antes dele.

1 Reis 17:

1.Então, Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor, Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra.

2.Depois, veio a ele a palavra do SENHOR, dizendo:

3.Vai-te daqui, e vira-te para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão.

4.E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem.

5.Foi, pois, e fez conforme a palavra do SENHOR, porque foi e habitou junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão.

6.E os corvos lhe traziam pão e carne pela manhã, como também pão e carne à noite; e bebia do ribeiro.

7.E sucedeu que, passados dias, o ribeiro se secou, porque não tinha havido chuva na terra.

1 Reis 18:

17.E sucedeu que, vendo Acabe a Elias, disse-lhe Acabe: És tu o perturbador de Israel?

18. - Então, disse ele: Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do SENHOR e seguistes os baalins.

19.Agora, pois, envia, ajunta a mim todo o Israel no monte Carmelo, como também os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas de Asera, que comem da mesa de Jezabel.

20.Então, enviou Acabe os mensageiros a todos os filhos de Israel e ajuntou os profetas no monte Carmelo.

21.Então, Elias se chegou a todo o povo e disse: Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o SENHOR é Deus, segui-o; e, se Baal, segui-o. Porém o povo lhe não respondeu nada.

INTRODUÇÃO

Acabe sucedeu seu pai, Onri, no trono de Israel (1Rs.16:28). Ele reinou sobre Israel vinte e dois anos (1Rs.16:29). O período do seu reinado é considerado uma das eras mais sombrias da história do Reino do Norte. O texto de 1Reis 16:30-33 faz um resumo sobre os atos desastrosos desse rei durante o seu reinado:

“E fez Acabe, filho de Onri, o que era mal aos olhos do Senhor, mais do que todos os que foram antes dele. E sucedeu que (como se fora coisa leve andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate), ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios; e foi, e serviu a Baal, e se encurvou diante dele. E levantou um altar a Baal, na casa de Baal que edificara em Samaria. Também Acabe fez um bosque, de maneira que Acabe fez muito mais para irritar ao Senhor, Deus de Israel, do que todos os reis de Israel que foram antes dele”.

Acabe governou entre os anos de 874 e 853 a.C., e o seu reinado marcou a conciliação dos elementos do culto cananeu com a adoração a Jeová. Uma primeira leitura dos capítulos 16:30 a 22:40 do livro de 1Reis, revela que essa mistura provou ser desastrosa ao povo de Israel. Na prática, o culto ao Deus verdadeiro foi substituído pela adoração ao deus falso Baal, trazendo como consequência uma apostasia sem precedentes, pondo em risco até mesmo a identidade do povo de Deus. Os estudiosos estão de acordo em dizer que pela primeira vez a verdadeira fé no Deus vivo corria real perigo. A apostasia, que teve raízes no final do reinado de Salomão, que cresceu durante o reinado de Jeroboão, e que havia se generalizado no reinado de Acabe, tornara-se a razão principal do Senhor ter levantado o profeta Elias, um dos maiores profetas da história bíblica.

Acabe foi grandemente influenciado por Jezabel, sua malévola esposa, os quais fizeram de tudo para eliminar a adoração a Deus em Israel. Mas o próprio Deus, usando o profeta Elias, entrou no conflito e decisivamente derrotou os deuses pagãos, trazendo o povo de volta à fé verdadeira, e dizer: “Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus!” (1Reis 18:39).

I. O CASAMENTO DE ACABE COM JEZABEL

1. Consequências de escolhas erradas

O Casamento do rei Acabe com Jezabel, filha do rei de Sidom (1Rs.16:31), trouxe consequências nefastas ao povo do Reino do Norte. Jezabel ocupa o lugar de esposa mais ímpia na Bíblia. Ela era devota de Baal e Aserá, dois falsos deuses adorados pelas nações vizinhas de Israel (1Rs.16:31; 18:19). A Bíblia até usa seu nome como um exemplo das pessoas que rejeitam completamente o Senhor (Ap.2:20,21).

Muitas mulheres pagãs casaram-se em Israel sem reconhecer o Deus que seus maridos adoravam; elas trouxeram consigo as suas religiões. Mas, nenhuma foi tão determinada quanto Jezabel para fazer com que todo o Israel adorasse os seus falsos deuses; ela transformou o rei Acabe num adorador de Baal. Esse casamento levou quase todo o Israel à apostasia, num dos períodos mais críticos da história de Israel. Esse casamento foi tão nefasto que acabou por levar o rei de Judá, Josafá, a casar seu filho Jeorão com uma das filhas de Acabe, Atalia (2Cr.18:1; 2Rs.8:18), casamento este que, além de ter desvirtuado Jeorão, tornando-o um péssimo rei para Judá (2Cr.21:1,20), também gerou outro rei muito ruim, Acazias (2Cr.22:2,3), pondo em sério risco a própria descendência de Davi à frente do povo de Judá, o que significou o próprio risco à ascendência de Cristo (2Cr.22:10).

Assim como seu pai, Onri, Acabe se entregou a uma vida pecaminosa e idólatra que, certamente, ofuscou tudo aquilo que conseguiu realizar. O seu exemplo de iniquidade teve continuidade na vida de seu filho e filha, que governaram os dois reinos. A Bíblia diz que “ninguém fora como Acabe, que se vendera para fazer o que era mau aos olhos do Senhor, porque Jezabel, sua mulher, o incitava” (1Reis 21:25).

Um casamento de um crente com um ímpio pode causar muitos males! Os casamentos mistos trazem a destruição da Igreja, mesmo efeito que tem ocorrido com a proliferação de divórcios que hoje contagia o povo de Deus. Não há arma mais eficaz para se retirar a santidade das igrejas locais; não há instrumento mais poderoso para comprometer o povo de Deus com o pecado e o mundo. Tomemos cuidado, pois as consequências de escolhas erradas podem trazer sérios danos a si mesmos e a todos que o cercam!

2. A rainha perversa

A história de Jezabel encontra-se em 1Reis 16:31 a 2Reis 9:37. Seu nome é usado como um simbolismo para a grande iniquidade em Apocalipse 2:20. Ela era uma mulher muito má e de um feminismo extremada. No reino, seu marido praticamente nada mandava; era ela que ditava as regras. Não só controlava seu marido, Acabe, mas tinha também 850 sacerdotes pagãos sob seu controle. Estava comprometida com seus deuses e a conseguir o que desejava.

Depois de seu casamento com o rei Acabe, Jezabel surge como o poder por trás do trono. Sua união representou uma aliança política, na intenção de trazer vantagens para ambas as nações. Também foi uma oportunidade para ela promover a propagação da sua religião maligna, tendo como deus principal o ídolo Baal; em seus cultos era praticado o sexo ritual com muitas prostituas no ambiente de culto. 

Pela sua influência e de seus ímpios sacerdotes, o povo fora ensinado que os ídolos que haviam sido erguidos eram divindades que regiam por seu místico poder os elementos da terra, fogo e água. Todas as dádivas do Céu – os riachos, as fontes de águas vivas, o suave orvalho, as chuvas que refrigeravam a terra e faziam que os campos produzissem com abundância – eram atribuídos ao favor de Baal e Astarote, em vez de tributar ao Doador de toda boa dádiva e todo dom perfeito. O povo esqueceu-se de que montes e vales, rios e fontes, estão no controle do Deus vivo, que controla o Sol, as nuvens do céu e todos os poderes da Natureza.

Jezabel odiava a religião hebraica monoteísta, e quando ela se tornou rainha, os israelitas foram impedidos de adorar o Deus Jeová e forçados a adorar os falsos deuses Baal e Aserá. Como sinal da aversão à religião judaica, ela destruiu os profetas do Senhor (1Rs.18:4), procurou de forma determinada matar o profeta Elias (1Rs.19:2), ordenou injustamente a morte de Nabote para satisfazer a ganância do marido (1Rs.21:10), e ainda praticou a prostituição e a feitiçaria (2Rs.9:22). Portanto, era uma mulher extremamente perversa.

Porém, sua perversidade não ficou impune. O profeta Elias predisse que ela não seria sepultada, mas que os cães a devorariam, pois sua maldade e abominação contrariaram a justiça divina (1Rs.21:23-27). Antes de morrer, sofreu a perda do seu marido em combate e seu filho nas mãos de Jeú, que tomou o trono à força. A morte de Acabe veio comprovar a profecia de Elias (1Reis 21:19) e de outros profetas (1Reis 20:22,20) – “E, lavando-se o carro no tanque de Samaria, os cães lamberam o seu sangue” (1Rs.22:38). Jezabel faleceu da mesma maneira hostil e desdenhosa como viveu. “Deus é misericordioso, mas julga com rigor aqueles que insistem em permanecer na prática do mal”.

II. ELIAS PREVÊ A GRANDE SECA

A idolatria e a insistente desobediência do rei de Israel provocaram, da parte de Deus, uma grande seca que durou muito tempo (1Rs.17:1). A total falta de discernimento espiritual para perceber o que Deus estava fazendo através de Elias, e a impossibilidade de se arrepender, mesmo com todas as evidências de que ele era o culpado de todos os males que estavam acontecendo (1Rs.18:17,18), trouxeram consequências ainda mais danosas sobre Israel.

1. A intervenção divina

Chegou o momento da intervenção divina. A idolatria, a imoralidade e a injustiça social foram uma tríade pecaminosa que atraiu a justa ira de Deus. O cálice da Sua ira foi se enchendo até que os pecados do rei Acabe e de toda a sua casa, e do povo, atraíram inevitavelmente o juízo divino.

Elias, profeta do Senhor, foi o homem que Deus usou para falar contra as perversidades do reinado de Acabe e de sua mulher - a malévola Jezabel. A punição de Deus sobre as atrocidades desta mulher tinha chegado ao extremo. Ela praticamente havia eliminado quase todos os profetas; os que ainda restavam, estavam no ostracismo. O terror foi espalhado sobre o reino. Baal tinha sido decretado como o deus de Israel. Para Jezabel, a lei era seu desejo, a ordem era seu pensamento. Mas, a Palavra de Deus veio a Elias para decretar a sentença:

“Então Elias, o tisbita, dos moradores de Gileade, disse a Acabe: Vive o Senhor Deus de Israel, perante cuja face estou, que nestes anos nem orvalho nem chuva haverá, senão segundo a minha palavra” (1Reis 17:1).

A ordem de Deus foi imperativa, Elias tinha que chegar até o rei Acabe e dizer as palavras que o Senhor havia ordenado. Imagine a revolta de Jezabel, por ter sido desacreditada, pois, quem mandava no reino era ela!

Quando Deus dá uma ordem aos seus servos, não precisamos se preocupar com o futuro, pois Ele está no controle de tudo. Começava, assim, a punição de Deus através da seca; foram três anos e meio sem chover (Tg.5:17). Animais mortos, a plantação não existia mais, a fome e as doenças proliferavam todo Israel. Nem mesmo diante de tal situação, Acabe se arrependeu dos seus vis pecados. A apostasia causa esse tipo de transtorno: a cauterização da mente do ser humano (Pv.29:1).

2. O preço da obediência a Deus

Obedecer de coração a Deus é melhor do que qualquer forma exterior de adoração, serviço a Deus, ou abnegação pessoal. O culto, a oração, o louvor, os dons espirituais e o serviço a Deus não têm valor aos seus olhos, se não forem acompanhados pela obediência explícita e consciente, a Ele e aos seus padrões de retidão. A obediência é o que Deus requer do ser humano, é a sua única exigência (Dt.10:12,13). É uma das condições para termos nossas orações respondidas (1João 3:22). Está escrito que obedecer é melhor do que sacrificar e o atender é melhor do que a gordura de carneiros (1Sm.15:22).

Porém, em muitas situações, há um preço a pagar. No caso de Elias, ele teve de enfrentar a perseguição insistente do rei e de sua mulher, Jezabel, e de seus asseclas, que o ameaçaram de morte (1Rs.19:2); enfrentou as dificuldades da falta d’água e de alimento. Muitos profetas contemporâneos de Elias pagaram com a própria vida por terem sido obedientes e fiéis ao Deus de Israel (1Rs.19:14).

Mas, Deus cuidou de seu servo em todos os momentos. Ele deu uma ordem explícita a Elias: “Retira-te daqui, e vai para o oriente, e esconde-te junto ao ribeiro de Querite, que está diante do Jordão. E há de ser que beberás do ribeiro; e eu tenho ordenado aos corvos que ali te sustentem. Partiu, pois, e fez conforme a palavra do Senhor; foi habitar junto ao ribeiro de Querite, que está ao oriente do Jordão” (1Reis 17:2-5). Ao receber a ordem de Deus para esconder-se junto ao ribeiro de Querite, Elias não hesitou, obedeceu-a prontamente.

Contudo, denunciar o pecado e anunciar o juízo divino não é uma tarefa fácil; o serviço a Deus traz inevitável aborrecimento do mundo e dos pecadores. Não pensemos nós que servir ao Senhor é alcançar popularidade, respeito e medo dos ímpios. Não. Mas bem ao contrário, é acirrar os ânimos das hostes espirituais da maldade contra nós. Deus mandou que Elias fugisse e fosse até a um ribeiro, provavelmente situado na região de Gileade, para que ali ficasse protegido e não sofresse os danos da seca que havia anunciado.

Certamente não foi fácil para Elias acatar a ordem divina de desafiar o próprio rei, mas, ao fazê-lo, Deus, que bem sabia os riscos que o profeta passaria a correr, encarregou-se de providenciar ao profeta proteção e sustento, já que o juízo divino afetaria a própria subsistência do povo.

Deus passou a sustentar o profeta junto a um ribeiro, onde havia água necessária à sua sobrevivência; ali, passou a ser alimentado por corvos, que lhe traziam pão e carne pela manhã e pela noite (1Rs.17:6). Como diz o apóstolo Paulo, “…Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias, e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes, e Deus escolheu as coisas vis deste mundo e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são: para que nenhuma carne se glorie perante Ele” (1Co.1:27-29).

Como poderia Elias ser alimentado por corvos, animais que se alimentam daquilo que está apodrecendo, daquilo que está se desfazendo, e num momento em que passou a haver escassez de alimentos? Como ser alimentado por um animal tão asqueroso, tão repugnante? Entretanto, como disse o Senhor, Ele havia dado uma ordem aos corvos para alimentar o profeta e, ante a ordem divina, não há como haver recusa. Elias, toda manhã e toda noite, era servido pelos corvos, que, pontualmente, cumpriam a ordem do Senhor. Deus, assim, mostrava ao profeta, duas vezes ao dia, que Ele estava no controle de todas as coisas, e que toda a natureza estava sob as Suas ordens.

Quando estamos abrigados em Deus, podem vir as maiores pestes, fome, doenças, etc., pois Deus é quem nos sustenta. Hoje passamos por momentos difíceis, salário baixo, desemprego, assistência médica sendo insuficiente, educação deficitária, isolamento social, etc. O mundo atravessa maus momentos, mas assim como Deus sustentou e protegeu Elias, Ele também pode nos sustentar, desde que sejamos obedientes à Sua Palavra.

A desobediência foi sempre a razão do fracasso de todos quantos decidiram servir a Deus (Dt.8:20; Dn.9:11; Atos 7:39). O pecado é desobediência e a desobediência gera a indignação e a ira divinas (Rm.2:8). Aos desobedientes é negado o repouso divino (Hb.3:18), bem como reservado um triste fim (1Pd.4:17). É válido ressaltar que obedecer é um princípio fundamental da vida cristã. Lembremo-nos de que Jesus foi obediente até a morte, pelo que Deus, o Pai, o exaltou soberanamente (Fp.2:5-8).

3. Deus sempre cuida dos seus filhos

Apesar das dificuldades pelas quais passou o profeta, a bondade e o cuidado de Deus o acompanharam, pois foi alimentado com pão e carne duas vezes ao dia (1Rs.17:6). E, quando a água do ribeiro de Querite secou, Deus deu novamente uma ordem ao profeta para ir até a cidade de Zarefate, que pertencia a Sidom, pois ali o Senhor havia ordenado a uma viúva que sustentasse o profeta (1Rs.17:9). Vemos, aqui, que Deus, depois de mostrar que tinha controle sobre a natureza, estava agora a mostrar ao profeta que também era o controlador da humanidade e das estruturas sociais.

Ao mandar que Elias fosse para Zarefate, uma cidade sob o domínio de Sidom, o Senhor dava mais uma demonstração de sua superioridade em relação a Baal. Ora, Sidom era, precisamente, o reino que cultuava a Baal. Jezabel era filha do rei de Sidom e, portanto, Deus iria providenciar, nas próprias terras dedicadas a Baal, a sobrevivência do seu profeta. Deus mostrava que tinha domínio sobre todas as estruturas políticas do mundo, passando a sustentar o seu profeta na “terra do inimigo”. Por isso, não devemos temer “as investidas do vil tentador”, porque, mesmo neste mundo que repousa no colo do diabo, quem tem o controle da situação é o nosso Deus. Aleluia!

Ao chegar naquele lugar, o profeta encontrou a viúva apanhando lenha, e pediu-lhe que trouxesse um vaso com pouco d’água para que bebesse e, depois, lhe pediu um bocado de pão. Ante a afirmativa da mulher de que não tinha senão o suficiente para uma última refeição, o profeta mandou-lhe que, primeiro, fizesse um bolo pequeno para ele e, depois, então, preparasse alimento para ela e para seu filho, pois, enquanto houvesse seca, haveria alimento para eles (1Rs.17:14,15). Elias já sabia que Deus garantiria a sua sobrevivência, e se havia ordenado que aquela viúva lhe sustentasse, esta garantia se estendia também a casa dela.

Foi nesse lugar, na casa dessa viúva, que aconteceu o primeiro caso de “ressurreição de mortos” registrado nas Escrituras Sagradas, e teve como objetivo a glorificação do nome do Senhor e a demonstração de que Ele é o verdadeiro Deus, e não Baal, que, como considerado deus da saúde, não tinha podido impedir o filho da viúva de adoecer, nem tampouco pôde restituir a vida ao moço, algo que também era atribuído a Baal, que dizia ser o responsável pelo “renascimento” da natureza após o inverno, após uma luta em que sempre conseguia vencer o “deus da morte”. Vemos, assim, que a experiência inédita de Elias tinha como propósito a exaltação do nome do Senhor e a consolidação da necessária experiência pessoal que Elias tinha de ter com Deus, para ter plena certeza de que “Javé é Deus”.

III. O ENCONTRO DE ELIAS COM ACABE

1. Um coração endurecido

Decorridos mais de três anos, Elias recebera uma nova ordem do Senhor: teria de comparecer novamente perante o rei Acabe. Então, resignado, lá estava o servo do Senhor obedecendo-lhe (1Rs.18:1,2). Foi nessa ocasião que ocorreu o grande desafio entre Elias e os profetas de Baal (1Rs.18:19). O encontro entre Elias e Acabe bem mostra como não há comunhão entre a luz e as trevas (2Co.6:14).

Elias havia profetizado e a profecia se cumpriu integralmente, o que mostrava ser ele um profeta que vinha da parte de Deus (Dt.18:21,22). Deveria, pois, o rei Acabe respeitá-lo, considerá-lo. Mas, a total falta de discernimento espiritual para perceber o que Deus estava fazendo através Elias, e a impossibilidade de se arrepender, mesmo com todas as evidências de que ele era o culpado de todos os males que estavam acontecendo (1Rs.18:17,18), com consequências graves sobre a nação, não trouxeram arrependimento ao rei Acabe. Pelo contrário, ao se encontrar com Elias, o rei o chamou de “o perturbador de Israel” (1Rs.18:17). O seu coração estava tão endurecido em razão da recorrência do pecado, que não havia mais jeito de ele voltar atrás e rever seu deplorável estado espiritual.

Sem temer por sua própria vida, Elias respondeu ao rei num tom condenatório; culpou-o pelo sincretismo do culto a Jeová e a Baal, e o desafiou a reunir os profetas idólatras para um confronto no monte Carmelo, a fim de determinar quem era o Deus verdadeiro (cf. 1Reis 18:16-19) - “Eu não tenho perturbado a Israel, mas tu e a casa de teu pai, porque deixastes os mandamentos do Senhor e seguistes os baalins. Agora, pois, envia, ajunta a mim todo o Israel no monte Carmelo, como também os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas de Aserá, que comem da mesa de Jezabel” (1Reis 18:18,19). Mesmo vendo bem de perto Deus operar de forma extraordinária, o rei Acabe não se arrependeu da sua idolatria; o seu coração estava empedernido. Os apóstatas são assim mesmo!

2. A sequidão espiritual do rei

A seca espiritual sobrevém sobre uma pessoa quando ela atinge o ápice da falta de comunhão com Deus. Foi o que ocorreu com o rei Acabe; ele apostatou-se, abandonou o Deus de Israel e os seus mandamentos de modo precipitado e consciente. Um apóstata dificilmente se volta novamente para Deus, sua mente está cauterizada (Pv.29:1). O escritor aos Hebreus faz um relato sobre isto: “Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento...” (Hb.6:4-6).

O pior de tudo é que, no caso do rei Acabe, sua apostasia levou também o povo de Israel à sequidão material e espiritual (1Rs.17:1). Por causa dessa situação, Deus impediu que chovesse durante três anos e meio (Tg.5:17) nas terras de Israel e vizinhanças. Muito antes, Deus tinha advertido sobre este tipo de juízo, caso o povo se desviasse de Deus (cf. Dt.11:13-17). Esse juízo humilhou o deus falso Baal, pois seus adoradores criam que ele controlava a chuva e que era responsável pela abundância nas colheitas. A verdade é inconteste: “Só o Senhor é Deus, só o Senhor é Deus”.

CONCLUSÃO

No reinado de Acabe, o culto a Baal substituiu o verdadeiro culto a Deus. Havia uma idolatria institucionalizada e financiada pelo poder estatal. Desde a sua criação como nação eleita, Israel foi identificado como povo de Deus (Ex.19:5). A identidade dessa nação como povo escolhido é algo bem definido nas Escrituras Sagradas. Todavia, nos dias do rei Acabe o povo estava dividido. As palavras de Elias: “até quando coxeareis entre dois pensamentos?” (1Rs.18:21), revela a crise de identidade dos israelitas do Reino do Norte. A adoração a Baal havia sido fomentada com tanta força pela casa real que o povo estava totalmente dividido em sua adoração. Quem deveria ser adorado, Baal ou o Senhor? Sabemos pelo relato bíblico que Deus havia preservado alguns verdadeiros adoradores, mas a grande massa estava totalmente propensa à falsa adoração. A nação que sempre fora identificada pelo nome do Deus a quem servia, estava agora perdendo essa identidade.

A fim de que a nação não viesse a perder de vez a sua identidade espiritual e até mesmo deixar de ser vista como povo de Deus, o Senhor enviou o seu mensageiro para trazer um tratamento de choque à nação. Sem dúvida, Elias se distinguia dos falsos profetas, porque enquanto estes prediziam o que o povo gostaria de ouvir, aquele anunciava o que estava na mente de Deus. E hoje, que tipo de profecia estamos ouvindo? Parece que os “profetas” de hoje se renderam à inspiração triunfalista, pois somente “profetizam” o que é bom. Um verdadeiro profeta de Deus não se rende aos apelos da cultura que o cerca!

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Beaccon – volume 2.

Roy B.Zuck. A Teologia do Antigo Testamento.

Caramuru Afonso Francisco. Elias um profeta humilde e determinado. POrtalEBD_2007.

domingo, 4 de julho de 2021

Aula 02 – O REINO DIVIDIDO: JEROBOÃO E ROBOÃO

 

3° Trimestre/2021


Texto Base: 1Reis 12:1-10,13,14,26-29


"Muitos propósitos há no coração do homem, mas o conselho do SENHOR permanecerá" (Pv.19:21).

1Reis 12:

1.E foi Roboão para Siquém, porque todo o Israel veio a Siquém, para o fazerem rei.

2.E sucedeu, pois, que, ouvindo-o Jeroboão, filho de Nebate, estando ainda no Egito (porque fugira de diante do rei Salomão e habitava Jeroboão no Egito),

3.enviaram e o mandaram chamar; e Jeroboão e toda a congregação de Israel vieram e falaram a Roboão, dizendo:

4.Teu pai agravou o nosso jugo; agora, pois, alivia tu a dura servidão de teu pai e o seu pesado jugo que nos impôs, e nós te serviremos.

5.E ele lhes disse: Ide-vos até ao terceiro dia e voltai a mim. E o povo se foi.

6.E teve o rei Roboão conselho com os anciãos que estavam na presença de Salomão, seu pai, quando este ainda vivia, dizendo: Como aconselhais vós que se responda a este povo?

7.E eles lhe falaram, dizendo: Se hoje fores servo deste povo, e o servires, e, respondendo-lhe, lhe falares boas palavras, todos os dias serão teus servos.

8.Porém ele deixou o conselho que os anciãos lhe tinham aconselhado e teve conselho com os jovens que haviam crescido com ele, que estavam diante dele.

9.E disse-lhes: Que aconselhais vós que respondamos a este povo, que me falou, dizendo: Alivia o jugo que teu pai nos impôs?

10.E os jovens que haviam crescido com ele lhe falaram, dizendo: Assim falarás a este povo que te falou, dizendo: Teu pai fez pesadíssimo o nosso jugo, mas tu o alivia de sobre nós; assim lhe falarás: Meu dedo mínimo é mais grosso do que os lombos de meu pai.

13.E o rei respondeu ao povo duramente, porque deixara o conselho que os anciãos lhe haviam aconselhado.

14.E lhe falou conforme o conselho dos jovens, dizendo: Meu pai agravou o vosso jugo, porém eu ainda aumentarei o vosso jugo; meu pai vos castigou com açoites, porém eu vos castigarei com escorpiões.

26.E disse Jeroboão no seu coração: Agora, tornará o reino à casa de Davi.

27.Se este povo subir para fazer sacrifícios na Casa do SENHOR, em Jerusalém, o coração deste povo se tornará a seu SENHOR, a Roboão, rei de Judá, e me matarão e tornarão a Roboão, rei de Judá.

28.Pelo que o rei tomou conselho, e fez dois bezerros de ouro, e lhes disse: Muito trabalho vos será o subir a Jerusalém; vês aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito.

29.E pôs um em Betel e colocou o outro em Dã.

INTRODUÇÃO

Após a morte de Salomão em 931 a.C., Roboão, seu filho com Naamá, uma amonita (1Reis 14:21), sucedeu ao trono (1Rs.11:43) e reinou nos anos 931 a 913 a.C. Ele foi o principal corresponsável pela divisão do reino em duas partes: o reino do Norte (Israel) e o reino do Sul (Judá). Ele falhou em conquistar a lealdade das tribos do Norte, terminando assim de romper a monarquia já debilitada no período do reinado de Salomão. Com Roboão mudou-se a estrutura do reino: Israel veio a abranger as 10 tribos do Norte, com governo independente, e Judá compôs-se somente de duas tribos, Judá e Benjamim. Roboão tornou-se, portanto, o primeiro rei do Reino de Judá, após a divisão. Uma decisão errada por causa de insensatez pode causar consequências amargas para vida inteira. Foi o que ocorreu com Roboão. Sua história está no cânon sagrado para nos ensinar a dependermos totalmente de Deus em todos os momentos que tenhamos de tomar decisões importantes na vida.

I. AS PRINCIPAIS CAUSAS DA CISÃO

Salomão teve um início maravilhoso, com muita riqueza e sabedoria; mesmo sabendo que o Senhor lhe fizera prosperar e o advertira sobre a necessidade de obediência, Salomão pecou e apartou-se do Senhor. A princípio, seu pecado começou com uma série de casamentos mistos; além de se casar com a filha de Faraó, Salomão casou-se com várias mulheres pagãs, as quais o Senhor havia advertido para que Israel não se misturasse, chegando a ter 700 mulheres e 300 concubinas. Estas mulheres levaram Salomão a pecar na sua velhice, adorando aos seus deuses (1Rs.11:1-8,33).

Por causa da sua desobediência, conforme o Senhor lhe advertira anteriormente, Deus se indignou contra Salomão, e no final do seu reinado houve uma certa quebra da tranquilidade que perdurava por um bom tempo, pois Salomão enfrentou dois problemas, a saber: ao Sul houve uma revolta do príncipe edomita, Hadade, e ao Norte, Damasco foi ocupada por Rezom, que a transformou em um reino, tornando-se adversário de Israel durante todo os dias de Salomão. Embora não causassem problemas muito sérios, certamente trouxeram dificuldades para o governo de Salomão; entretanto, a mais dura consequência do pecado de Salomão viria durante o governo do seu filho, quando Israel seria dividido em duas partes (1Rs.11:9-13).

1. A carga pesada de Salomão

O reino de Salomão foi a Era de ouro de Israel, mas com pesar vemos que o povo teve que pagar um preço muito alto por essa posição. Salomão tinha uma corte muito maior do que a de Davi, com 12 distritos (1Reis 4) e 550 oficiais encarregados de supervisionar os vários projetos de construção (1Reis 9:23). A política militar de Salomão era também dispendiosa, envolvendo a fortificação de várias cidades (ver 1Reis 9:15-19). A Bíblia declara que Salomão "construiu tudo o que desejou em Jerusalém..." (1Rs.9:19); ele chegou a acumular 1.400 carros de batalha, com cavalos importados do Egito, 12.000 cavaleiros e 4.000 estábulos para os cavalos e carros (1Reis 10:26-29; 2Cr.9:25). O Templo levou sete anos para ser concluído, e o palácio real, treze anos. Entre outros empreendimentos, Salomão também reconstruiu o Milo, uma muralha de fortificação com terra e pedras no interior, ao redor de Jerusalém (1Reis 9:15,24). 

Tudo isto as 12 tribos da monarquia tinham que prover. O vasto exército, os muitos trabalhadores, as 1.000 esposas e concubinas, os filhos e o trabalho de comércio internacional com outros povos demandavam uma enorme quantidade de abastecimento. Salomão arrecadava fundos através de pesada taxação mandatória para manter toda esta estrutura em funcionamento (1Rs.9:15; 12:4), o que somava ainda mais ao extremo esforço físico a ser despendido pelo povo. 

2. A divisão do reino

Antes de qualquer comentário, afirmamos, segundo as Escrituras Sagradas, que a divisão do Reino ocorreu como um castigo divino sobre a “casa de Davi”, como consequência da apostasia de Salomão. Deus traçou todos os passos para que isto ocorresse.

“Vendo, pois, todo o Israel que o rei não lhe dava ouvidos, reagiu, dizendo: Que parte temos nós com Davi? Não há para nós herança no filho de Jessé! Às vossas tendas, ó Israel! Cuida, agora, da tua casa, ó Davi! Então, Israel se foi às suas tendas” (1Reis 12:16).

A morte de Salomão marcou um importante ponto decisivo na história de Israel. A linha-dura administrativa, as leis de recrutamento obrigatório para o trabalho e as experiências sobre pluralismo religioso levaram a grande tensão no princípio do reinado de Roboão, que sucedeu a seu pai no trono de Israel. Logo no início do seu governo, deparou-se com um problema administrativo herdado do período no qual o seu pai reinava.

Sabemos que Salomão amava o Senhor, entretanto, cometeu erros e acabou se afastando de Deus na sua velhice. Devido à expansão do seu reino e a multiplicação das suas riquezas, além das suas diversas obras e o sustento da sua numerosa corte (isso inclui as suas 700 mulheres e 300 concubinas), foi necessária a organização de uma força de trabalhadores israelitas para levar adiante os seus projetos de construção, pois os trabalhadores cananeus eram em número insuficiente; soma-se a isto, o fato da necessidade de aumentar a arrecadação dentre o povo, o que pode ter causado um certo ressentimento em uma população que facilmente se esquecia do seu Deus.

Quando Roboão assumiu o trono, logo a congregação de Israel, liderada por Jeroboão, veio até o rei para reivindicar um alívio na servidão e jugo que lhes foram impostos por Salomão (1Rs.12:1-5; 2Cr.10:1-5). Roboão estabeleceu um tempo para dar uma decisão. Ele procurou o conselho dos anciãos que viveram na época do seu pai, entretanto, desprezou o conselho deles; depois, buscou conselho dentre os jovens da sua geração, os quais o aconselharam a apertar mais ainda o povo (1Rs.12:6-14). Esta resposta gerou uma grande revolta e, consequentemente, a divisão do reino em duas partes: dez tribos do Norte seguiram a Jeroboão e duas tribos do Sul (Judá e Benjamin) permaneceram fiéis à casa de Davi (1Rs.12:16-20). Desta forma, a história da nação de Israel entra no período chamado de reino dividido, no qual a nação permaneceu até o cativeiro. A divisão do reino ocorreu em 931 a.C.

II. OS ERROS DE ROBOÃO

1. A repetição dos erros de Salomão

Em 1Reis 12 está escrito que o povo se reuniu em Siquém para proclamar Roboão como novo rei de Israel. Jeroboão, que havia fugido para o Egito para escapar de Salomão, esteve presente nessa reunião (1Rs.12:3). Os moradores dos reinos do Norte pediram a Roboão que lhes aliviasse o jugo, pois Salomão havia sido severo demais. Disseram eles: "Teu pai [Salomão] colocou sobre nós um jugo pesado, mas agora diminui o trabalho árduo e este jugo pesado, e nós te serviremos" (1Reis 12:4).

Roboão pediu três dias para pensar no assunto, mas em seu íntimo, ele talvez já tivesse tomado sua decisão. Antes, ele buscou o conselho da parte de dois grupos distintos: os experientes (os conselheiros de seu pai, que lhe orientaram a aliviar o fardo do povo) e os inexperientes como ele (os seus jovens conselheiros, que cresceram com ele). Roboão só escutou aquilo que queria ouvir, não o que precisava ouvir. Ele preferiu as orientações dos jovens inexperientes, orientações essas que ameaçavam ainda mais o povo, o que causou grande insatisfação e, consequentemente, divisão (1Rs.12:1-14). Hoje, muitos do povo de Deus da Nova Aliança têm esta mesma tendência de Roboão: escutar aquilo que quer ouvir e não o que precisa ouvir. Isto tem levado muitos ao declínio espiritual e provocado conflitos e divisões entre o povo de Deus.

2. Os maus conselhos dos amigos de Roboão

Conforme 1Reis 12:1-11, Roboão desprezou os bons conselhos dos idosos, dos homens mais experientes, que o aconselharam a tratar o povo com bondade. Preferiu, entretanto, aceitar o conselho dos jovens, inexperientes, os quais sugeriram exatamente o oposto: Roboão devia ameaçar o povo com um jugo ainda mais pesado. Neste sentido, seu “dedo mínimo” seria “mais grosso do que os lombos” (coxas) de Salomão. Se Salomão os havia castigado com açoites, Roboão os castigaria com escorpiões (o termo original também pode ser traduzido por “chicotes pontiagudos”; NVI).

Quando Jeroboão e toda a congregação de Israel voltaram no terceiro dia para ouvir a decisão do rei, ele lhes respondeu segundo o conselho dos jovens. Ao ouvir a resposta, o povo de Israel se rebelou contra Roboão. Então, todo o Israel aclamou Jeroboão como rei. Somente a tribo de Judá e Benjamim permaneceram fiéis a Roboão. Também grande parte dos levitas ficaram em Judá (1Rs.12:12-20).

Roboão foi incapaz de exercer o mínimo de bom-senso, preferindo o conforto e a vaidade a ter que recuperar a justiça social. O preço foi a revolta do povo e a perda de dez tribos. Claro que essa decisão estava de acordo com a vontade do SENHOR, para confirmar a palavra do profeta Aías à Jeroboão, que reinaria sobre as 10 tribos do norte de Israel, tornando-se o Reino do Norte (cf. 1Rs.11:29-36).

Roboão, inconformado, enviou Adorão (superintendente dos que trabalhavam forçados) para restabelecer a ordem em Israel, porém foi apedrejado, e morreu (1Rs.12:18). Roboão, então, convocou seu exército, 180 mil dos melhores soldados, para impor a ordem, mas Deus mandou Semaías, um homem de Deus, para orientar o rei a não atacar seus compatriotas e voltar para suas casas, pois isso vinha do Senhor (1Rs.12:21-24). O governo de Roboão, portanto, ficou restrito a apenas sobre as tribos do Sul (1Rs.12:15-17).

Roboão governou sobre o Reino do Sul, chamado de Judá, que teve somente uma dinastia, enquanto a do Reino do Norte foi governando por uma sucessão de nove dinastias. É do Reino do Sul que provém o direito legal de Cristo ao trono de Davi por meio de José, seu pai adotivo (cf. genealogia em Mateus 1). Jesus também é fisicamente filho de Davi por meio de Maria, descendente de Natã, filho de Davi (cf. genealogia em Lucas 3).

3. O cuidado com os conselhos

Roboão escolheu, de forma egoísta, seguir o curso de um tirano ao invés de caminhar na trilha de um servo, exatamente o que o rei de Israel deveria ser. Escolher entre ser um egoísta ou servo é uma decisão que muitos, além de Roboão, já tiveram que tomar. Como bem diz o pr. Claiton Ivan Pommerening, quando o orgulho se torna o centro de nossas vidas, ficamos à mercê de nós mesmos e não conseguimos discernir entre o bem e o mal; assim foi com Roboão. Saber distinguir os bons dos maus conselheiros é essencial no momento de tomar alguma decisão importante na nossa vida. Quando o crente tem Deus como seu guia, ele não toma conselhos com pessoas que lhe falarão o que ele quer ouvir, mas decidirá por ouvir pessoas que lhe falem a verdade.

III. O REINADO E A IDOLATRIA DE JEROBOÃO

1. A rebeldia de Jeroboão

Jeroboão, da tribo de Efraim, havia sido um dos oficiais de Salomão, que se agradou de suas habilidades e o nomeou chefe dos servos da casa de José (1Rs.11:28). Mais tarde, devido à opressão sofrida sobre as tribos ao Norte, Jeroboão rebelou-se (1Rs.11:29-31). Salomão ficou furioso quando soube disso, e tentou matá-lo. Desta feita, ele teve que fugir e refugiar-se no Egito até a morte de Salomão (1Rs.11:40). Após isso, Jeroboão voltou a Israel e participou da reunião de Roboão com as tribos para tomar uma decisão a respeito do pleito proposto pelas tribos. Como a decisão de Roboão foi contra os interesses das 10 tribos do Norte, então o povo decidiu eleger Jeroboão como seu rei. Ele empenhou-se ao extremo para garantir a total independência do Reino do Norte, a qualquer custo. Na tradição bíblica ele é considerado o rei que levou Israel a pecar. 

2. Jeroboão, o primeiro rei do Norte

Deus prometeu a Jeroboão que ele seria o rei das 10 tribos do Norte, e o abençoaria sobremaneira, se ele fosse fiel a Ele como tinha sido Davi. Está assim escrito: “Tomar-te-ei, e reinarás sobre tudo o que desejar a tua alma; e serás rei sobre Israel. Se ouvires tudo o que eu te ordenar, e andares nos meus caminhos, e fizeres o que é reto perante mim, guardando os meus estatutos e os meus mandamentos, como fez Davi, meu servo, eu serei contigo, e te edificarei uma casa estável, como edifiquei a Davi, e te darei Israel” (1Reis 11:37,38).

Após a divisão do reino, Jeroboão foi nomeado rei sobre as dez tribos de Israel e estabeleceu seu trono em Siquém (1Rs.12:20,25). Jeroboão vendo que o centro de adoração e sacrifício estava localizado em Judá, ele mandou fundir dois bezerros de ouro (1Rs.12:26-29) e erguer dois lugares de adoração com altares – um ao Sul, em Betel, e o outro ao Norte, em Dã (1Rs.12:28,29), e disse ao povo: “Veja, Israel, estes são os deuses que tiraram vocês do Egito”. Assim, Jeroboão levou o povo à idolatria abominável (1Rs.12:25-33). Todos os demais reis subsequentes seguiram a doutrinação de Jeroboão.

O Reino do Norte, conhecido como “Israel”, mas também chamado, nos livros proféticos, de “Efraim”, foi governado por uma sucessão de nove dinastias, e todos os reis foram perversos. Israel nunca mais teve um rei que servisse ao SENHOR. 

3. Consequências da idolatria

A idolatria de Jeroboão resultou no castigo divino sobre ele e sua família (1Rs.14:7-14). A Bíblia diz que “naquele tempo adoeceu Abias, filho de Jeroboão” (1Reis 14:1). Como os seus ídolos não curavam ninguém, pois eram apenas ídolos feitos pelo ser humano, frutos da imaginação humana, então ele tentou recorrer ao Deus vivo Todo-Poderoso, enviando sua esposa, de forma disfarçada, ao profeta que estava em Siló - “Disse Jeroboão à sua mulher: Levanta-te, agora, e disfarça-te, para que não conheçam que és mulher de Jeroboão, e vai a Siló. Eis que lá está o profeta Aías o qual falou de mim, que eu seria rei sobre este povo. E toma na tua mão dez pães, e bolos, e uma botija de mel e vai a ele; ele te declarará o que há de suceder a este menino. E a mulher de Jeroboão assim fez, e se levantou, e foi a Siló, e entrou na casa de Aías; e já Aías não podia ver, porque os seus olhos estavam já escurecidos por causa da sua velhice. Porém o Senhor disse a Aías: Eis que a mulher de Jeroboão vem consultar-te sobre seu filho, porque está doente; assim e assim lhe falarás, e há de ser que, entrando ela, fingirá ser outra” (1Reis 14:2-5).

A rainha pode ter se disfarçado por vários motivos. Primeiro, visitar um homem de Deus publicamente indicaria falta de fé nos ídolos de Dã e Betel. Segundo, Jeroboão sabia que Aías era contrario à idolatria e não proferiria à mulher nenhuma palavra favorável, se conhecesse sua identidade. Terceiro, talvez o rei imaginasse ser possível enganar não somente o profeta, mas também o Senhor. Ledo engano! O Senhor avisou ao profeta cego que a rainha se aproximava. Quando ela chegou, Aías a desmascarou e a enviou de volta a Jeroboão com uma mensagem de condenação.

Em razão da desobediência e idolatria do rei, o Senhor eliminaria dele todo e qualquer descendente do sexo masculino, tanto o escravo como o livre, e destruiria completamente sua casa (1Rs.14:14). Ninguém de sua família teria um sepultamento digno, exceto Abias, o filho enfermo, que morreria quando a rainha entrasse na cidade.

A mulher de Jeroboão retornou a Tirza (1Rs.14:17), cidade que era então a capital do reino do Norte, aproximadamente 40 quilômetros de Siló. Depois da morte e do sepultamento de seu filho (1Rs.14:18), ficou claro que o falecimento de Joroboão não demoraria. Ele reinou durante vinte e dois anos como o primeiro rei do reino do Norte. Ele foi sucedido por seu outro filho, Nadabe (1Rs.14:20), o qual ocupou o trono de Israel apenas por alguns meses. Sua carreira improfícua e perversa foi subitamente interrompida por uma conspiração encabeçada por Baasa, um de seus generais, para obter o controle do governo. Nadabe foi morto com toda a sua descendência na linhagem da sucessão, “conforme a palavra do Senhor que dissera pelo ministério de seu servo Aías, o silonita; por causa dos pecados de Jeroboão, o qual pecou, e fez pecar a Israel” (1Rs.15:29,30). Assim pereceu a casa de Jeroboão. O culto idólatra introduzido por ele tinha levado sobre os culpados ofensores os juízos retributivos do Céu; e a despeito disso, os reis que se seguiram – Baasa, Elá, Zinri e Onri – durante o período de aproximadamente quarenta anos, continuaram no mesmo curso fatal de perversidade.

Jeroboão poderia ter alcançado um lugar de grande proeminência se tivesse obedecido aos mandamentos do Senhor proferido através do profeta (1Rs.11:38). Entretanto, sua desobediência colocou um ponto final na oportunidade de sua casa continuar a governar o Reino do Norte.

Não somente a casa de Jeroboão seria castigado por Deus, mas também todo o Israel sofreria o juízo divino. A religião idólatra e a influência de Jeroboão causaram resultados tão nefastos que, por fim, o povo de Israel foi levado ao exílio, “para além do rio” (1Rs.14:15, ou rio Eufrates). Está assim escrito: “Também o Senhor ferirá a Israel, como se move a cana nas águas, e arrancará a Israel desta boa terra que tinha dado a seus pais, e o espalhará para além do rio, porquanto fizeram os seus bosques, provocando o Senhor à ira. E entregará Israel por causa dos pecados de Jeroboão, o qual pecou e fez pecar a Israel” (1Reis 14:15,16).

Desde Jeroboão até o último rei de Israel em Samaria – Oseias -, reinaram vinte reis, e todos eles foram perversos. Finalmente, em 722 a.C., as tribos do Norte foram capturadas pelos assírios, e Israel foi levado ao cativeiro. Hoje, ainda, não se sabe o paradeiro delas.

CONCLUSÃO

O Reino de Israel foi dividido por duas causas: Primeiro, por causa dos pecados terríveis de Salomão, um líder preferido por Deus para liderar o Seu povo, mas que não obedeceu aos mandamentos do Senhor. Segundo, o orgulho contaminador de Roboão que o inibiu de tomar a decisão acertada em um momento decisivo para o povo de Deus. O orgulho de Roboão foi demonstrado ao rejeitar a conciliação aconselhada pelos anciãos, preferindo uma exigência arrogante de submissão do povo.

Na hora de tomarmos as mais importantes decisões da nossa vida, precisamos pedir orientação a Deus. Devemos ter o cuidado e o discernimento diante dos conselhos que recebemos. O que vale mais, uma advertência conciliadora ou um conselho que promova a dissenção e divisão? É necessário o líder pensar sobre isto! Demos estar sob o auspício do Senhor em todos os momentos decisivos de nossa vida!

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Beaccon – volume 2.