domingo, 12 de dezembro de 2021

Aula 12 – A CORAGEM DO APÓSTOLO PAULO DIANTE DA MORTE

 

4º Trimestre/2021

Texto Base: Atos 21:7-15


“E assim nós, que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também em nossa carne mortal” (2Co.4:11).

V.P: “O Espírito Santo nos prepara para sofrer por Jesus Cristo e suportar as angústias e aflições na obra de Deus”.

Atos 21:

7.E nós, concluída a navegação de Tiro, viemos a Ptolemaida, e, havendo saudado os irmãos, ficamos com eles um dia.

8.No dia seguinte, partindo dali Paulo e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesareia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que um dos sete, ficamos com ele.

9.Tinha este quatro filhas donzelas, que profetizavam.

10.E, demorando-nos ali por muitos dias, chegou da Judeia um profeta, por nome Ágabo;

11.e, vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo e, lingando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espirito Santo; Assim ligarão os judeus, em Jerusalém, o varão de quem é esta cinta e o entregarão nas mãos dos gentios.

12.E, ouvindo nós isto, rogamos-lhe, tanto nós como os que eram daquele lugar, que não subisse a Jerusalém,

13.Mas Paulo respondeu: Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus.

14.E, como não podíamos convencê-lo, nos aquietamos, dizendo: Faça-se a vontade do Senhor!

15.Depois daqueles dias, havendo feito os nossos preparativos, subimos a Jerusalém.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da “coragem de Paulo diante da morte”. Durante todo o seu ministério, desde a sua conversão, Paulo correu risco de morte, mas nunca a temeu. Ele sempre estava preparado para esse momento. Isto era o resultado concreto da dimensão profunda da fé salvífica que dominava a sua vida. Para ele, ter de escolher entre estar com Cristo e permanecer neste mundo, não havia dúvida: escolheria estar com Cristo. Para Paulo, permanecer neste mundo só se justificaria se fosse para desgastar-se pela causa do Evangelho. Certa feita ele disse: “Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira” (Atos 20:24).

Ser chamado para cumprir uma missão para o Reino de Deus tem um custo alto, muitas vezes, a própria vida. Não se deve pensar em amenidades quando o assunto é trabalhar para Cristo de forma dedicada e abnegada. O inimigo nunca deixa o missionário e o evangelista livre de perseguição. Ele sabe que pregar o evangelho é a mais poderosa força que Jesus colocou na sua Igreja para livrar as pessoas da perdição eterna. Por isso, o pregador do evangelho nunca está livre da perseguição e do risco de morte. Mas, aquele que tem a coragem que Paulo tinha, está pronto a dizer: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Fp.1:21).

I. A CONSCIÊNCIA DE PAULO QUANTO A PADECER POR JESUS

1. A insistência de Paulo em ir a Jerusalém

Depois de cumprir o tempo de sua Terceira Viagem Missionária, Paulo se despede dos pastores da cidade de Éfeso e propõe em seu coração viajar a Jerusalém, mesmo sabendo que lá lhe aguardavam tribulações e cadeias (Atos 20:22,23). Apesar dos avisos que ele padeceria em Jerusalém (Atos 20:23), não arrefeceu o seu ânimo, insistiu em ir (Atos 20:22). Com relação às tribulações e prisões que sofreria em Jerusalém, ele disse: “nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus” (Atos 20:24). Ao que parece, tratava-se de uma compulsão interior que ele não podia ignorar. Paulo sabia que cadeias e tribulações se tornaram parte de sua vida. Segundo Lucas, o Espírito Santo vinha revelando esse fato ao apóstolo de cidade em cidade (Aos 20:23), talvez por intermédio do ministério de profetas, ou talvez pela comunicação interior misteriosa dos desígnios de Deus.

Mesmo sabendo que haveria de padecer em Jerusalém, Paulo não considerou sua vida preciosa para si mesmo (Atos 20:24). Seu maior desejo era agradar e obedecer a Deus; cumprir a missão que Jesus estabelecera para ele: levar a mensagem do evangelho sob quaisquer circunstâncias. Se, para isso, fosse necessário oferecer sua vida, estava disposto a entregá-la. Tendo em vista Aquele que havia morrido por ele, nenhum sacrifício era grande demais; importava-lhe apenas completar a sua carreira e o ministério que havia recebido do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus (Atos 20:24).

Nenhum título poderia expressar de maneira mais apropriada o evangelho que Paulo pregava do que este: “o evangelho da graça de Deus” (Atos 20:24). Esta é a mensagem que toca profundamente e trata do favor de Deus concedido aos pecadores culpados e ímpios que não mereciam outra coisa senão a eternidade no inferno. Esta mensagem conta como o Filho do amor de Deus se despiu da glória suprema do Céu para sofrer, derramar seu sangue e morrer no Calvário a fim de oferecer o perdão dos pecados e a vida eterna a todos os que creem nEle.

Paulo tinha sido avisado em muitos lugares que seu sofrimento era inevitável, tanto em Jerusalém como em Cesareia; mesmo assim não desistiu do seu intento. É preciso que todos os que são chamados para cumprirem a Grande Comissão tenha pleno discernimento das circunstâncias por fazer a vontade de Deus.

2. De Mileto para Tiro

Paulo estava de malas prontas para viajar rumo a Jerusalém. Seria a última vez que o velho apóstolo colocaria os pês na cidade de Davi. Embora um dos propósitos da sua viagem fosse levar uma oferta colhida entre os crentes gentios para os crentes judeus, ele sabia que as estações do futuro lhe reservavam cadeias e tribulações. Paulo não nutria esperanças falsas; sabia que seria preso; não caminhava na direção dos holofotes, mas rumo à prisão e à morte. Paulo chegou a pedir oração à Igreja de Roma para não ser morto pelos rebeldes judeus nessa arriscada viagem a Jerusalém (cf. Rm.15:30,31).

Com destemor, Paulo partiu para o seu destino, que era Jerusalém. Nada mais o prenderia de cumprir esta missão, pois achava que era da vontade Deus. Depois de uma despedia afetuosa em Mileto, porto nas proximidades de Éfeso, ele tomou uma embarcação que ia para a cidade de TIRO, na Fenícia (Atos 21:6,7). Mas para chegar até Tiro, ele passou por várias cidades.

Segundo a narração de Lucas em Atos 21:1-6, primeiramente, Paulo e seus companheiros navegaram para a ILHA de CÓS, pequena ilha ao sul de Mileto, onde passaram a noite. No dia seguinte, prosseguiram para a ilha de RODES, a sudoeste. Depois de deixarem a extremidade norte da ilha, navegaram para o leste em direção a PÁTARA, um porto marítimo da Lícia, na costa sul da Ásia Menor. Em Pátara, embarcaram num navio que ia para a Fenícia, a região litorânea da Síria, da qual TIRO era uma das principais cidades. Ao cruzarem o Mediterrâneo em direção ao sudoeste, passaram próximo da ilha de Chipre. Sua primeira parada na Palestina foi TIRO. Uma vez que o navio devia ser descarregado naquele porto, Paulo e os outros procuraram os cristãos que viviam na cidade e ficaram com eles sete dias (Atos 21:4).

Durante a semana que Paulo passou com esses cristãos de Tiro, eles, movidos pelo Espírito, recomendaram ao apóstolo que não fosse a Jerusalém (Atos 21:4b). Após uma semana entre os crentes de Tiro, Paulo se despediu em clima de profunda emoção e cordialidade. Esses irmãos oraram de joelhos na praia pelo e com o apóstolo (Atos 21:3-5). Foi uma demonstração clara de amor cristão. Ali havia o bálsamo espiritual misturado à tristeza da despedida. Esse episódio mostra o quanto devemos orar pelos outros e pelos missionários que se dedicam com integridade e lealdade na Obra do Senhor, principalmente, quando eles se encontram numa missão espiritual. Após isso, Paulo prosseguiu sua viagem rumo a Jerusalém (Atos 21:5,6).

3. Passando por Cesareia

Depois de Tiro, a próxima parada foi Ptolomada (Atos 21:7), uma cidade portuária acerca de quarenta quilômetros ao sul de Tiro, conhecida hoje como Akko (Acre), próximo a Haifa. Seu nome era uma homenagem a Ptolomeu. O navio ficou ali um dia, e os servos do Senhor tiveram tempo de procurar os irmãos que viviam na cidade. No dia seguinte, embarcaram para a parte final da viagem, os cinquenta quilômetros até CESARÉIA (Atos 21:8). Nesta cidade, ficaram hospedados na casa de Filipe, o evangelista (que não deve ser confundido com o apóstolo de mesmo nome). Esse Filipe foi escolhido para ser diácono na Igreja de Jerusalém; pregou o evangelho em Samaria e levou o eunuco etíope a Cristo.

Paulo se hospedou na casa de Filipe, que fugira de Jerusalém por causa da perseguição, quando Estêvão, seu companheiro, foi morto com a participação de Saulo. No passado, Filipe teve que fugir do perseguidor Saulo; agora, os dois estão juntos como irmãos; o perseguidor como hóspede na casa do perseguido. O evangelho é realmente transformador!

Filipe se estabelecera na cidade havia cerca de vinte anos (Atos 8:40); desde então, sua família crescera. Ele era pai de quatro filhas donzelas, que tinham o dom de profecia (Atos 21:9); isto significa que elas tinham o dom concedido pelo Espírito Santo de receber mensagens diretamente do Senhor e transmiti-las a outros.

Durante a estada de Paulo em Cesaréia, desceu da Judeia um profeta chamado Ágabo (Atos 21:10). Outrora, esse mesmo profeta havia ido de Jerusalém a Antioquia da Síria e predito a fome que ocorreria durante o governo de Cláudio (Atos 11:28). Em Cesaréia, ele tomou o cinto de Paulo e usou-o para amarrar os próprios pés e mãos. Utilizando do mesmo método de muitos profetas antes dele, Ágabo transmitiu sua mensagem por meio de uma dramatização e interpretou-a em seguida (Atos 21:10,11). Assim como ele havia amarrado os próprios pés e mãos, os judeus em Jerusalém amarrariam os pés e mãos de Paulo e o entregariam às autoridades gentias. Paulo seria prezo pelos judeus em decorrência de seu serviço a ele (simbolizado pelo cinto).

Quando os companheiros do apóstolo e os cristãos de Cesaréia ficaram sabendo disso, rogaram a Paulo que não subisse a Jerusalém (Atos 21:12), mas ele não compartilhava dessa preocupação. As lágrimas dos irmãos serviram apenas para partir o coração do apóstolo. Por mais que os irmãos o advertissem do sofrimento que ele passaria em Jerusalém, não o impediu de fazer aquilo que, a seu ver, era da vontade de Deus. Informou-os que estava ”pronto não só para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus” (Atos 21:13). Paulo agiu como alguns soldados da Guerra Civil Espanhola: “prefiro morrer de pé a viver de joelhos”. Uma vez que Paulo estava determinado ir a Jerusalém, mesmo sabendo que acabaria sendo preso, só restou os irmãos dizer a Paulo: “faça-se a vontade do Senhor!” (Atos 21:14).

II. A CORAGEM PARA ENFRENTAR AS AMEAÇAS DE MORTE

1. A coragem do apóstolo pela voz do Espírito

Os cristãos de Éfeso, os cristãos de Tiro e os cristãos de Cesaréia esforçaram-se para dissuadir o apóstolo Paulo de ir a Jerusalém, pois segundo eles, Paulo sofreria cadeias e prisão, e seria entregues as autoridades gentias, mas não conseguiram. Paulo estava convicto de que Deus estava no controle de tudo isso. Note que em Mileto Paulo disse aos presbíteros de Éfeso que estava indo a Jerusalém “obedecendo ao Espírito Santo” (Atos 20:22, BLH), apesar das cadeias e tribulações. Lucas narra assim:

“E, agora, constrangido em meu espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que ali me acontecerá, senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações” (Atos 20:22,23).

A grande questão é como conciliar essa convicção de Paulo com as profecias recebidas em Tiro (Atos 21:4) e Cesaréia (Atos 21:11), pois em ambas o Espírito Santo é evocado. Em Tiro, as pessoas que falaram foram movidas pelo Espírito, e em Cesaréia, Ágabo afirmou: “Isto diz o Espírito Santo”. Apesar disso, Paulo ignorou as duas mensagens e prosseguiu rumo a Jerusalém (Atos 21:14). Como resolver esse problema? John Stott afirmou assim acerca disto: “Com certeza não se pode concluir que o Espírito Santo se contradisse, ordenando a Paulo que fosse, no capítulo 20, e anulando sua instrução no capítulo 21.

John Stott defende que a melhor solução para esse impasse é fazer uma distinção entre uma predição e uma proibição. Com certeza, Ágabo apenas predisse que Paulo seria amarrado e entregue aos gentios (Atos 21:11); os apelos subsequentes a Paulo não são atribuídos ao Espírito e podem ter sido deduções falíveis feitas por homens, por causa da profecia proferida. Pois, se Paulo tivesse ouvido os apelos de seus amigos, a profecia de Ágabo não teria se cumprido. Para Warren Wiersbe, os pronunciamentos proféticos podem ser entendidos como avisos (“prepare-se”), não como proibições (“você não deve ir”). O propósito de Lucas é mostrar que, à semelhança de Jesus, Paulo manifestou no seu rosto a intrépida resolução de ir a Jerusalém, mesmo sabendo o que lhe esperava nessa cidade.

Em vez de considerarmos que Paulo se recusou a obedecer a uma profecia, devemos admirá-lo por sua coragem e perseverança, pois não recusou nem mesmo diante da profecia de seu sofrimento. Ao ir a Jerusalém, ele tomou a vida nas próprias mãos, a fim de resolver o problema mais premente da Igreja: a fenda cada vez mais larga entre os judeus legalistas da “extrema direita” e os cristãos gentios. Precisamos entender a voz do Espírito Santo em todas as nossas decisões.

2. A chegada em Jerusalém

De Cesaréia para Jerusalém - uma distância de 80 quilômetros por terra. Ao chegar em Jerusalém, Paulo ficou hospedado na casa de um dos companheiros de viagem – um irmão em Cristo chamado Mnasom (Atos 21:15,16); ele era natural de Chipre, e um dos primeiros discípulos de Jesus na Ilha. Ele estava morando em Jerusalém e teria o privilégio de hospedar Paulo e seus companheiros na última visita do apóstolo àquela cidade.

Ao chegar a Jerusalém, o apóstolo e seus amigos foram recebidos com toda a cordialidade pelos irmãos (Atos 21:17). No dia seguinte, realizou-se uma reunião com Tiago, e todos os presbíteros (Atos 21:18). Há um consenso entre os estudiosos de que esse Tiago era irmão do Senhor; ele era um dos principais líderes da Igreja em Jerusalém (Gl.2:9). Durante esse encontro, Paulo contou minuciosamente o que Deus fizera entre os gentios por seu ministério (Atos 21:19). Seu relatório foi motivo de grande alegria (Atos 21:19).

3. Paulo se depara com seus oponentes judeus

Quando os apóstolos e os demais irmãos presentes ouviram o relatório de Paulo a respeito do que Deus estava operando entre os gentios, “eles deram glória a Deus e disseram: bem vês, irmão, quantas dezenas de milhares há entre os judeus que creram, e todos são zelosos da lei” (Atos 21:20).

Depois de um relatório tão brilhante e motivador, os judaizantes se preocuparam logo em relatar as fofocas trazidas por aqueles que estavam presos ao judaísmo tradicional (Atos 21:21). Esses judeus queriam um cristianismo judaizante, com costumes e ritos, tais como a circuncisão, a guarda do sábado, as festas, entre outros.

Os “grupos judaizantes” existem desde o início da história da Igreja, tendo sido a causa da realização do chamado “Concílio de Jerusalém”, a primeira reunião cristã para dirimir dúvidas e questões doutrinárias, registrada em Atos 15, cuja conclusão é a base para o repúdio a estes ensinamentos que, ainda hoje, persuadem e colocam em risco milhares de almas que aceitaram a Cristo como seu Salvador. Neste primeiro Concílio ficou decidido que a observância da lei não era exigível aos gentios, porque não havia qualquer papel a ser exercido pela lei na salvação do ser humano. Ficou estabelecido, para que não houvesse mais dúvidas, que os gentios deveriam, tão somente, absterem-se das coisas sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada e da fornicação (At.15:29), não se devendo, pois, cumprir a lei judaica, nem mesmo a guarda do sábado. Mas, por que o Espírito Santo assim decidiu, usando dos apóstolos e anciãos da Igreja primitiva no concílio de Jerusalém? Porque o Espírito Santo sabia que ao longo da história da Igreja, os crentes seriam perturbados de novo pela “doutrina judaizante”, doutrina esta que dentro da sua sutileza, também tem como objetivo menosprezar o sacrifício vicário de Cristo na cruz do Calvário.

Na medida em que exigimos a observância da lei mosaica para a salvação da pessoa, estamos a dizer que o sacrifício de Jesus é insuficiente para que o ser humano seja salvo, que a pessoa somente será salva se fizer as obras da lei, o que equivale a dizer que Jesus não é o Salvador. Entretanto, a Bíblia é claríssima ao mostrar que as obras da lei são incapazes de salvar o homem e que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei (Rm.3:28). A defesa da guarda da lei é, pois, uma demonstração de incredulidade no poder do sacrifício de Cristo.

E agora, novamente, os judaizantes foram os principais perseguidores do apóstolo Paulo, acusando-o de pregar contra a lei (Atos 21:28). Paulo podia muito bem ter rebatido essas acusações, mas diante do espírito conciliatório que ele sempre apresentava, mais uma vez preferiu não destratar a cultura e tradição judaica. E em comum acordo com o pastor de Jerusalém, Tiago, ele se dispunha passar por alguns rituais de purificação a fim de acalmar os escrúpulos dos judeus. Paulo se submeteu a isto, para o bem da evangelização e/ou pelo bem da solidariedade judaica-gentia.

III. ACUSAÇÕES E A PRISÃO DE PAULÒ NO TEMPLO

1. As acusações mentirosas contra Paulo

A notícia da chegada de Paulo rapidamente se espalhou pela cidade de Jerusalém. A ocasião era festiva, e Jerusalém estava recebendo judeus de todas as partes do Império Romano para a tradicional festa de Pentecostes. Contudo, os irmãos judeus estavam apreensivos; anteviam problemas que poderiam surgir em decorrência dos boatos de que Paulo havia ensinado e pregado contra a Lei de Moises. Paulo estava sendo acusado especialmente de ensinar todos os judeus em terras estrangeiras a apostatarem de Moisés, dizendo-lhes que não deviam circuncidar os filhos, nem andar segundo os costumes judaicos (Atos 21:20-22). Mas, era isso mesmo que o apóstolo ensinava? De fato, ele ensinava que Cristo era o fim da Lei para a justiça daqueles que creem. Afirmava que, com o advento da fé cristã, os judeus que aceitavam Cristo não se encontravam mais sob a Lei. Ensinava, também, que, se um homem recebia a circuncisão como meio de obter a salvação, desligava-se da salvação em Jesus Cristo, pois voltar aos tipos e sombras da Lei depois da vinda de Cristo era uma afronta a Cristo. Não é difícil entender, portanto, o ódio dos judeus pelo apóstolo.

Os irmãos judeus em Jerusalém traçaram um plano para apaziguar seus compatriotas cristãos e incrédulos. Sugeriram que Paulo fizesse um voto judaico. Quatro homens já estavam no processo de fazer esse voto. Paulo devia purificar-se com eles e pagar a despesa necessária (Atos 21:23,24). O texto não fornece detalhes acerca desse voto judaico; porém, deixa claro que, ao ver o apóstolo cumprir o ritual associado ao voto, seus compatriotas teriam provas de que ele não estava induzindo outros a se desviarem da Lei de Moisés. Seria uma indicação para os judeus de que o próprio Paulo guardava a Lei.

Segundo Willian Macdonald, a atitude do apóstolo ao tomar sobre si esse voto judaico é defendido por alguns e criticada por outros. Em defesa de Paulo, argumenta-se que ele estava agindo de acordo com o próprio princípio de ser “tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns” (1Co.9:19-23). Em contrapartida, Paulo é criticado por ir longe demais na tentativa de aplacar os judeus e, portanto, dar a impressão de estar debaixo da Lei. Em outras palavras, Paulo é acusado de ser incoerente com sua convicção de que os cristãos não estão sujeitos à Lei, nem para sua justificação nem como norma de vida. Somos propensos a concordar com essa crítica, mas devemos tomar cuidado ao julgar a motivação do apóstolo. William Barclay afirma que há momento em que fazer concessões não denota fraqueza, mas força. Paulo queria naquela ocasião evitar problemas e divisões. Todo seguidor de Cristo deve estar pronto contra as falsas acusações dos oponentes da fé, quer os de fora, quer os de dentro.

2. A prisão do apóstolo e o enfrentamento contra seus algozes

Mesmo demonstrando seu lado judaico com ações, Paulo foi atacado e preso pelos judeus impiedosos e incrédulos (Atos 21:27-32). Era a Festa de Pentecostes, e havia milhares de judeus em Jerusalém de todas as partes do mundo. Os judeus incrédulos vindos da Ásia, ao verem Paulo no Templo, movidos pelo preconceito inflexível e pela violência fanática, numa atitude completamente diferente dos líderes da Igreja de Jerusalém, alvoroçaram o povo e prenderam Paulo com extrema violência. Assim narra Lucas:

“Quando já estavam por findar os sete dias, os judeus que tinham vindo da província da Ásia, ao verem Paulo no templo, alvoroçaram todo o povo e o agarraram, gritando: — Israelitas, socorro! Este é o homem que por toda parte anda ensinando todos a serem contra o povo, contra a Lei e contra este lugar. E mais ainda: introduziu até gregos no templo e profanou este recinto sagrado. Disseram isso, pois antes tinham visto Trófimo, o efésio, em sua companhia na cidade e pensavam que Paulo o havia levado para dentro do templo. Toda a cidade ficou em grande alvoroço, e o povo veio correndo. Agarraram Paulo e o arrastaram para fora do templo; e imediatamente as portas foram fechadas. Procurando eles matá-lo, chegou ao conhecimento do comandante das tropas romanas que toda a Jerusalém estava amotinada. Então este, levando logo soldados e centuriões, correu para o meio do povo. Ao verem chegar o comandante e os soldados, pararam de espancar Paulo” (Atos 21:27-32).

Pr. Hernandes Dias Lopes argumenta que os judeus foram os grandes adversários de Paulo e os grandes opositores do evangelho. Foram os judeus que por todos os cantos provocaram tumultos e agora mais uma vez alvoroçam a multidão contra o servo do Senhor. Nesse clima de motim, os judeus agarraram e prenderam Paulo com violência.

Os judeus radicais acusaram Paulo de profanar o Templo, introduzindo Trófimo, o efésio, no recinto sagrado. As acusações foram tidas por verdadeiras e a multidão se arremeteu contra Paulo com ensandecida violência. Na verdade, Paulo não estava profanando o Templo, mas passando pela cerimônia de purificação, exatamente para não cometer profanação. Antes de investigar a veracidade das acusações e antes de oferecer ao acusado chance de defesa, os judeus deliberaram matá-lo.

Embora não haja como comparar os sofrimentos de Cristo (que foram vicários) com os sofrimentos de Paulo, Lucas coteja o que Cristo enfrentou em Jerusalém com os sofrimentos de Paulo - ambos foram rejeitados pelo povo e presos sem motivo; ambos foram acusados injustamente e prejudicados por testemunhas falsas; ambos apanharam no rosto diante do tribunal; ambos foram vítimas de planos secretos dos judeus; ambos ouviram o barulho aterrorizante de uma multidão que gritava: “mata-o”; ambos foram sujeitados a uma série de cinco julgamentos – no caso e Cristo: por Anás, pelo Sinédrio, pelo rei Herodes Antipas e duas vezes por Pilatos; no caso de Paulo: pela multidão, pelo Sinédrio, pelo rei Herodes Agripa II e por dois procuradores, Felix e Festo.

Atualmente, no mundo inteiro, principalmente nos países comunistas e nos países islâmicos, milhares de cristãos têm sua liberdade cerceada por causa de sua fé em Cristo. Não esqueçamos deles; devemos orar continuamente por eles.

3. Paulo dialoga com Lisias (Atos 21:37-40)

Quando a multidão de judeus estava prestes a concretizar a sua danosa intenção contra Paulo, ocorreu uma intervenção providencial. O comandante Claudio Lísias foi informado do motim e imediatamente se dirigiu à praça do Templo com sua soldadesca, abortando a intenção dos judeus. Os judeus cessaram de espancar Paulo quando o comandante mandou acorrentá-lo, para saber quem era e o que havia feito o prisioneiro. Nesse ínterim a multidão ensandecida gritava de forma desordenada sem saber por que vociferava contra o apóstolo. Por essa razão o comandante mandou recolher Paulo à fortaleza Antônia – quartel-general da força de ocupação romana – para não ser despedaçado pela multidão tresloucada, que clamava pela sua morte. A multidão gritava “mata-o” (Atos 21:36), da mesma forma que, quase trinta anos antes, outra multidão gritava contra outro prisioneiro, Jesus Cristo (Lc.23:18).

Quando estavam prestes a recolher Paulo à fortaleza, o apóstolo perguntou ao comandante se podia dizer algo. O comandante Lísias ficou surpreso de ouvir Paulo falar em grego (Atos 21:37). Ao que parece, ele pensava ter prendido um egípcio que havia incitado uma rebelião e conduzido ao deserto quatro mil salteadores (Atos 21:38). Mais que depressa, Paulo lhe garantiu que era judeu natural de Tarso, uma cidade da Cilícia (Atos 21:39). Assim, era originário de uma cidade importante. Tarso era conhecida como um centro de cultura, ensino e comércio. Como Paulo se declarou cidadão romano, Lísias não mais o confundiu com esse egípcio rebelde e mudou a forma de tratamento com o apóstolo.

Com sua intrepidez de sempre, o apóstolo pediu permissão para falar ao povo. Obtida a permissão, Paulo, em pé na escada, fez com a mão sinal para aquietar a multidão. O silêncio foi tão grande quanto o tumulto que o havia precedido (Atos 21:40). Paulo estava pronto para dar seu testemunho aos judeus de Jerusalém. Mesmo ferido pelos açoites, manchado com o próprio sangue, mas estimulado pelo sentimento de martírio pelo seu Senhor, o apóstolo não perdeu a oportunidade de usar sua defesa para proclamar o Evangelho. Concordo com o argumento do pr. Elienai Cabral ao afirmar que “as vezes somos provados por Deus e percebemos que sua vontade é para que o Evangelho seja anunciado por meio de nós ao enfermo no hospital, ao preso numa penitenciária, ao viciado numa cracolândia ou em qualquer outra circunstância desconfortável que Ele nos colocar. Estejamos atentos para os caminhos que o Espírito Santo quer nos levar”.

CONCLUSÃO

A coragem de Paulo diante da morte tinha como base a esperança cristã no porvir. Se cultivarmos diariamente essa esperança, tendemos a perder o medo do tempo presente. Quem perde esse medo é capaz de fazer coisas extraordinárias. Se cultivarmos a verdadeira esperança no porvir, lidaremos melhor com as coisas presentes. Quanto mais ligados ao futuro celestial, melhor lidaremos com o presente mundo material. É tempo de aprofundar essa certeza cristã invisível, para viver num mundo visível, materialista e anticristão. Paulo tinha essa certeza, por isso enfrentava a morte com destemor. Ele assim nos consola: “Por que a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente” (2Co.4:17). Atentemos para essência do que Jesus nos ensinou: “o meu Reino não é deste mundo” (João 18:36).

--------------------

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Novo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Atos - A ação do Espírito Santo na vida da Igreja.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Paulo, o maior líder do Cristianismo.

Pr. Ciro Sanches Zibordi. Evangelhos que Paulo jamais pregaria. CPAD.

John Stott. A Mensagem de Atos, até os confins da Terra.

domingo, 5 de dezembro de 2021

Aula 11 – O ZELO DO APÓSTOLO PAULO PELA SÃ DOUTRINA

 

4º Trimestre/2021


Texto Base: 1 Timóteo 6:3-6,11; 2 Timóteo 3:14-17

 

“Tem cuidado de ti mesmo e da dou trina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1Tm.4:16).

V.P.: “A igreja de Cristo é a única instituição divina na terra que preserva e defende a să doutrina diante dos enganos e males das heresias”.

1 Timóteo 6:

3.Se alguém ensina alguma outra doutrina e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com a doutrina que é segundo a piedade.

4.é soberbo e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas,

5.contendas de homens corruptos de entendimento e privados da verdade. cuidando que a piedade seja causa de ganho. Aparta-te dos tais.

6.Mas é grande ganho a piedade com contentamento.

11.Mas tu, o homem de Deus, foge destas coisas e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão.

2 Timóteo 3:

14.Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido.

15.E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.

16.Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça.

17.para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da Paulo e o seu zelo pela sã doutrina. A Bíblia Sagrada é a revelação de Deus para a humanidade; esta revelação contém ensinos preciosos e indispensáveis para que o homem viva. Estes ensinos é que constituem a “doutrina bíblica” ou “sã doutrina”. Não pode ser confundida com costumes, que são hábitos guardados por determinados grupos de pessoas ou seguimento religioso dentro de um período. Em tempos de ventos de doutrinas perturbadoras, torna-se urgente, a partir da vida e ministério do apóstolo Paulo, reafirmar o nosso compromisso com a Sã Doutrina esposada na Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus.

I. ORTODOXIA VERSUS HETERODOXIA

1. Dois termos técnicos importantes

Ortodoxia e Heterodoxia são dois termos técnicos utilizados na teologia cristã para se compreender a distinção entre ensino correto e desvios quanto à doutrina bíblica. Ortodoxia refere-se à doutrina Cristã enquanto for coerente com o que Cristo e os apóstolos ensinaram. Heterodoxia refere-se a tudo o que for diferente da Ortodoxia. Estes termos nos ajudam a entender a preocupação de Paulo com a proliferação de doutrinas heréticas nas Igrejas Locais. Veja o que Paulo disse aos pastores da Igreja de Éfeso: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto: que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não perdoarão o rebanho. E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (Atos 20:28-30).

2. Conceito de Ortodoxia

Ortodoxia - do grego “orthos (direito) mais “doxa” (opinião). Na teologia cristã, ortodoxia diz respeito ao que é verdadeiro, certo; o que se acha de acordo com a Palavra de Deus e com os cânones, concílios e Declaração de Fé estabelecidos pela Igreja; refere-se ao modelo bíblico das “sãs palavras”. Exorta o apóstolo Paulo: “Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e na caridade que há em Cristo Jesus” (2Tm.1:13). Logo, a Doutrina é Cristã é ortodoxa enquanto for coerente com o que Cristo e os apóstolos ensinaram. Portanto, a definição técnica para a palavra “ortodoxia” diz respeito à “absoluta conformidade com um princípio ou doutrina”.

O pr. Silas Daniel argumenta que “um dos sintomas da influência da mentalidade pós-moderna no meio cristão é a aversão que alguns cristãos manifestam hoje em relação à ortodoxia bíblica, isto é, à Verdade. Infelizmente, o cristão pós-moderno tem a tendência de ignorar, e até mesmo criticar, a importância da doutrina correta. O termo ‘verdade absoluta’ causa arrepios em muitas pessoas. E a razão é simples: cansados das disputas teológicas intermináveis (a maioria em relação a doutrinas bíblicas secundárias) que marcaram os últimos séculos, muitos cristãos de hoje resolveram tomar uma atitude radical e tola: abraçar a ideia de que o que importa realmente são relacionamentos corretos e não doutrinas corretas. Porém, a ideia de que uma coisa é mais importante do que a outra é uma premissa absolutamente falsa. Ambas – relacionamentos corretos e doutrinas corretas – são importantes. E isso não é uma inferência particular. A própria Bíblia as trata como igualmente importantes, e a experiência da vida corrobora.

“Alguém pode ser um primor de ortodoxia, mas um péssimo cristão em termos práticos, em termos de comportamento. Isso porque o fato de saber a verdade não impede a pessoa de errar. Vide o caso do rei Salomão. O homem mais sábio do mundo cometeu uma tolice, pecou absurdamente, mesmo sabendo mais do que todos que a sua atitude era reprovável diante de Deus.

“Por outro lado, aquele que valoriza o comportamento correto em detrimento da ortodoxia esquece que é impossível termos um comportamento completamente correto se nos falta a compreensão da Verdade. É justamente por isso que, invariavelmente, aqueles que colocam relacionamentos acima de doutrina aceitam e reproduzem, às vezes inconscientemente, posicionamentos e comportamentos absolutamente equivocados. Ou seja, ortodoxia e ortopraxia se completam. Para que haja real ortopraxia, é preciso ortodoxia; e para que a ortodoxia gere frutos, é necessário que ela seja encarnada na vida, se manifeste nas ações; é necessário que seja algo mais do que mero conhecimento; é necessário que se materialize em ortopraxia. Ortodoxia sem ortopraxia é verdade sem vida; já ortopraxia nem existe em sua plenitude sem ortodoxia, pois não há vida se ignoramos a Verdade” (http://silasdaniel.blogspot.com/2008/06/sobre-verdade-meios-e-fins.html).

3. Conceito de Heterodoxia

“Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a própria consciência” (1Tm.4:1,2).

Heterodoxia, do grego heterodoxos, é aquilo que tem uma opinião diferente. Em nosso caso específico, heterodoxia é qualquer doutrina que contrarie os ensinos das Escrituras Sagradas. Como adjetivo, heterodoxo é aquele que não é ortodoxo, é aquele que se opõe aos princípios da ortodoxia bíblica; herético.

O apóstolo Paulo advertiu a Timóteo que a Igreja deve manter a unidade doutrinária da fé e combater com veemência as “doutrinas de demônios”. Adverte ele: “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1Tm.4:1). Esta advertência é um antidoto para nós nos dias de hoje. Portanto, a Igreja deve ser ortodoxa, e a sua unidade doutrinária deve ser continuamente fortalecida. Atente para as seguintes palavras de estudiosos pentecostais: “Reconhecemos também que somente a Bíblia, por ser a Palavra de Deus, tem a resposta definitiva. Todas as palavras meramente humanas são, na melhor das hipóteses, meros ensaios, e só são verdadeiras à medida que se harmonizam com a revelação da Bíblia” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, CPAD, p.44).

II. A AMEAÇA DE CORRUPÇÃO DOUTRINÁRIA

1. A advertência do apóstolo Paulo

“Como te roguei, quando parti para a Macedônia, que ficasses em Éfeso, para advertires a alguns que não ensinem outra doutrina” (1Tm.1:3).

Neste texto, Paulo chamou a atenção de Timóteo para que ele advertisse alguns que não ensinassem outra doutrina diferente daquela que ele tinha ensinado aos crentes de Éfeso; e isto se aplica a todos nós.

É provável que Paulo, após sua primeira prisão em Roma, tenha visitado Éfeso com Timóteo. Quando Paulo se mudou para a Macedônia, instruiu Timóteo a ficar em Éfeso durante algum tempo para ensinar a Palavra de Deus e alertar os cristãos contra os falsos mestres. Da Macedônia, Paulo aparentemente viajou para a cidade de Corinto, e talvez tenha sido nessa cidade que escreveu a Primeira Epístola a Timóteo. No texto acima, na verdade, o apóstolo está dizendo: “Como te instruí, anteriormente, repito essas instruções agora”. Timóteo estava em Éfeso em missão temporária, admoestando alguns homens na Igreja a não ensinar doutrinas contrárias ou complementares à verdadeira fé cristã. As principais doutrinas falsas em questão eram o legalismo judaico e o gnosticismo. A Igreja de Éfeso estava ameaçada por falsas doutrinas e corria sérios riscos em virtude da infiltração de perigosas heresias. Timóteo precisava admoestar as pessoas que se haviam infiltrado na Igreja para pregar uma mensagem heterodoxa.

Concordo com o pr. Hernandes Dias Lopes quando afirma que a “sã doutrina é absoluta e não admite que outro evangelho seja pregado. Nada é mais nocivo para a saúde espiritual da Igreja do que as falsas doutrinas. Ninguém é mais perigoso para a Igreja do que os falsos mestres. Algumas pessoas estão sempre ansiosas para receber de bom grado tudo o que é novo e diferente, como os atenienses na época de Paulo (Atos 17:21). Geralmente, o que eles consideram ‘novo’ é heresia antiga, vestida com roupagem modernas”.

Vivemos hoje a época conhecida como pós-modernidade. A pós-modernidade está construída sobre o tripé da pluralização, da privatização e da secularização. John Stott aponta como um dos princípios centrais do “pós-modernismo” a inexistência de uma verdade objetiva, muito menos de uma verdade universal e eterna. Pelo contrário, cada pessoa tem a sua própria verdade; você tem a sua e eu tenho a minha, e as nossas verdades podem divergir totalmente umas das outras e até mesmo contradizer-se. Consequentemente, a virtude mais apreciada é a tolerância, uma qualidade que tudo tolera, exceto a intolerância daqueles que defendem que certas ideias são verdadeiras, e outras, falsas; que certas práticas são boas, e outras, más.

2. Quais eram os problemas de ordem doutrinária? 

Paulo disse: “...que não ensinem outra doutrina” (1Tm.1:3). Aqui, a palavra “outra” é “hetero”, diverso. Para Paulo, “outra doutrina” significa uma falsa doutrina. Uma falsa doutrina pode ser a negação de uma verdade da fé cristã ou mesmo uma adição a ela.

Que doutrina seria essa que se infiltrava na Igreja por intermédio de certas pessoas? O texto deixa claro que havia um pano de fundo judaico, pois Paulo menciona “fábulas e genecologias sem fim” (1Tm1:4) e acrescenta que esses falsos mestres pretendiam passar por “mestres da lei” (1Tm.1:7). Mas há fortes indícios de que Paulo também se referisse a uma heresia de cunho gnóstico, pois o texto menciona a “loquacidade frívola (1Tm.1:6-ARA) e “o abandono da fé e da boa consciência” (1Tm.1:19-ARA).

O pr. Elienai Cabral afirma que “as igrejas plantadas por Paulo e outros apóstolos, no primeiro século, sofreram com a infiltração de conceitos filosóficos pagãos e judaizantes na interpretação da doutrina apostólica. Nas igrejas como a de Corinto e Éfeso, havia os que afirmavam crer no Evangelho, mas não renunciavam os costumes pagãos. Outros traziam uma bagagem religiosa do legalismo judaico, aliada ao gnosticismo (1Co.1:12)”.

O gnosticismo era na verdade uma mistura de elementos do judaísmo com a filosofia grega. O resultado desse amálgama produziu uma das mais avassaladoras heresias que atingiu a Igreja no segundo século. Tal heresia, pelo menos de forma embrionária, foi combatida vigorosamente na Epístola de Paulo aos Colossenses e no evangelho segundo escreveu João.

Segundo argumento de William Barclay, “o movimento gnóstico começava abordando os problemas da origem do mal, do pecado e do sofrimento. De onde provém tudo isso? Se Deus é totalmente bom, não poderia ter criado o mal. Como, então, o mal entrou no mundo? A resposta gnóstica é que o mundo não surgiu do nada, pois a matéria é eterna. A matéria é também má, imperfeita e maligna, e o mundo foi criado dessa matéria. Com essas ilações é que se explicavam o pecado, o sofrimento e a imperfeição deste mundo.

“De acordo com o pensamento gnóstico, se Deus é essencialmente bom e a matéria é essencialmente má, então Deus não pode ter tocado nem moldado essa matéria. O que Deus fez então? Lançou uma emanação, eon, e esta deu lugar a outra, e esta deu lugar a mais outra, e assim sucessivamente, até chegar uma emanação que estava tão longe de Deus que pôde tocar a matéria e manipulá-la. Dessa forma, foi essa emanação - e não Deus - que criou o Universo, afirmavam eles.

“De acordo com os gnósticos, essas emanações conheciam cada vez menos Deus e acabaram tornando-se hostis a ele. A conclusão dos gnósticos é que o deus que havia criado o mundo ignorava o Deus real e verdadeiro e era completamente hostil a ele. Mais tarde, os gnósticos foram ainda mais longe, ao considerar o Deus do Antigo Testamento o Deus criador, ignorante e hostil, e o Deus do Novo Testamento o Deus verdadeiro e real. Os gnósticos criaram, assim, uma complicada mitologia de deuses e emanações, cada um com sua história, biografia e genealogia. Para os gnósticos, Jesus era a maior das emanações, aquele que estava mais perto de Deus.

“O gnosticismo tornou-se finalmente esnobe, pois somente uma aristocracia intelectual poderia penetrar nessas muitas lucubrações que derivaram” (William Barclay. 1 e 2Timóteo, Tito e Filemon).

Segundo Hernandes Dias Lopes, o problema do gnosticismo não era apenas intelectual, mas também ético. O movimento desembocou em duas posturas perigosas:

  • O ascetismo - se a matéria é má, o corpo também o é; logo, o corpo deve ser subjugado, desprezado e oprimido. Os gnósticos criaram então leis austeras proibindo alimentos e até mesmo o casamento (1Tm.4:3).
  • A licenciosidade - se o corpo é mau, diziam os gnósticos, o que fazemos com ele não importa; o que importa é o espírito. Assim, é permitido que o homem sacie todos os seus impulsos e apetites. Desta forma, o gnosticismo terminou em imoralidade (2Tm.3:6; Tt.1:1,6).

Todas essas doutrinas heréticas tendiam a se infiltrar nas Igrejas dos primeiros séculos e, por que não dizer, em todos os séculos seguintes até chegar nos dias de hoje.

Paulo foi clínico em sua advertência sobre a pertinácia desses falsos mestres em quererem desviar a Igreja da doutrina ortodoxa. Paulo advertiu que durante toda a sua existência, a Igreja sofreria ataques externos e internos. Falsos mestres, lobos em pele de ovelhas, se infiltrariam no rebanho e não teriam misericórdia. Dentro das igrejas, homens aspirariam pelas posições de poder, distorceriam a verdade e tentariam arrastar ao erro os fiéis servos do Senhor Jesus (Atos 20:29,30).

Infelizmente, vivemos dias difíceis; dias em que é notório o abandono do ensino da Palavra de Deus nas igrejas. Muitos dentre aqueles que que se dizem ser cristãos, como nos afirmam o apóstolo Paulo, “não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (2Tm.4:3); ou seja, não quererão se render aos ensinos da Palavra de Deus, e os distorcerão, a fim de poderem praticar os seus pecados, construindo para si doutores que justifiquem seus pecados e iniquidades. São dias difíceis, mas nós, que conhecemos a Palavra, que fomos ensinados na sã doutrina, sabendo que estas coisas iriam mesmo acontecer, só devemos ser cautelosos e, sobretudo, submissos aos ensinos do Senhor, pois o ensino da Palavra de Deus é essencial ao crescimento espiritual do cristão.

3. Fábulas e genealogias intermináveis (1Tm.1:4)

“nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis, que mais produzem questões do que edificação de Deus, que consiste na fé; assim o faço agora” (1Tm.1:4).

A Igreja de Éfeso pode ter sido contaminada pela mesma heresia que ameaçava a Igreja de Colossos: o ensino de que para ser aceitável a Deus era necessário que a pessoa descobrisse certos conhecimentos ocultos e adorasse os anjos (Cl.2:8,18). Pensando que ajudaria em sua salvação, alguns efésios inventaram histórias míticas baseadas no Antigo Testamento ou nas genealogias. Os falsos mestres eram motivados por seus próprios interesses ao invés de serem motivados pelos interesses de Cristo. Eles envolveram a Igreja em “fábulas ou genealogias intermináveis”, em questões irrelevantes e controversas, desperdiçando um tempo precioso que deveria ter sido empregado no estudo da Verdade.

Paulo, então, pediu a Timóteo que advertisse esses falsos mestres a não se ocuparem com essa falsa doutrina na Igreja de Éfeso. É impossível saber definitivamente o que eram essas “fábulas e genealogias”. Alguns as identificam como lendas surgidas entre alguns mestres judeus; outros acham que se referem a mitos e a genealogias de gnósticos. É interessante perceber que os falsos cultos de hoje têm essas mesmas características. Muitas histórias extravagantes surgiram acerca dos fundadores de falsas religiões, e as genealogias ocupam um lugar importante no mormonismo. A doutrina dos falsos mestres não promove a glória de Deus e nem o bem da Igreja. O que ela faz é promover a especulação e a controvérsia.

Segundo William Macdonald, tais temas desprezíveis servem somente para provocar questionamentos e dúvidas na mente das pessoas. O completo plano de redenção foi projetado por Deus não para provocar dúvidas e discussões, mas, ao contrário, para induzir fé no coração das pessoas. A Igreja de Éfeso não devia dar atenção a tais temas sem valor, mas devia se dedicar às grandes verdades da fé cristã, as quais inspiram fé e não suscitam dúvidas nos ouvintes.

Hoje, também, acontece discussões fúteis e irrelevantes, discussões estas que afastam as pessoas da mensagem de Cristo que transforma vida. Devemos ficar longe da especulação e dos argumentos religiosos e teológicos sem sentido. Essas práticas consomem o tempo que devemos usar para compartilhar as Boas Novas com outras pessoas. Devemos evitar qualquer coisa que nos impeça de fazer a obra de Cristo.

III. A IGREJA COMO GUARDIÃ DA SÃ DOUTRINA

1. A Igreja é “coluna e firmeza da verdade”

“Escrevo-te estas coisas [...] para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, coluna e firmeza da verdade” (1Tm.3:14,15).

- “Escrevo-te estas coisas...”. Paulo instrui o jovem pastor Timóteo acerca da correta conduta na Igreja de Deus. John Stott afirmou que, se as instruções do apóstolo (não somente do apóstolo Paulo, mas de todos os demais apóstolos) com respeito à doutrina, ética, unidade e missão da Igreja tivessem sido dadas apenas sob a forma oral, a Igreja teria ficado como um viajante sem mapa ou como uma embarcação sem leme. Contudo, pelo fato de as instruções dos apóstolos terem sido dadas por escrito, sabemos algo de que de outro modo não teríamos tido conhecimento; ou seja, qual deve ser a conduta dos crentes e dos pastores-líderes nas Igrejas Locais.

- “Coluna e firmeza da verdade”. A Igreja é comparada com uma coluna e um fundamento. Este atributo da Igreja só é real na medida em que se baseia em Cristo, pois Ele é o fundamento da Igreja (1Co.3:11). O próprio Cristo é a Verdade (João 14:6). Como a coluna sustenta o teto e como o fundamento sustenta toda a estrutura do edifício, assim a Igreja sustenta a gloriosa verdade do evangelho no mundo. A Igreja sustenta a verdade por ouvi-la e obedecer-lhe (Mt.13:9), por usá-la corretamente (2Tm.2:15), por guardá-la no coração (Sl.119:11), por defendê-la (Fp.1:16), por proclamá-la (Mt.28:18-20). Portanto, diante das falsas doutrinas, falsas crenças, a Igreja é a coluna e firmeza da sã doutrina. A Igreja mantém e defende a sã doutrina contra todo o erro, oposição intelectual, filosófica e religiosa dos falsos mestres.

O pr. Hernandes Dias Lopes, citando William Barclay, explica que a palavra “coluna” tinha um significado muito importante na cidade de Éfeso, onde Timóteo era pastor. A maior glória de Éfeso era o templo de Diana (Atos 19:28). Esse templo era uma das sete maravilhas do mundo antigo. Uma de suas características era suas colunas. Havia nesse templo 127 colunas jônicas de mais de 18 metros de altura; todas eram feitas de mármore, e algumas continham pedras preciosas incrustradas ou estavam cobertas de ouro.

A ideia neste texto é que o dever da Igreja é levantar a Verdade de tal forma que todos a vejam. A palavra “firmeza” no texto significa aquilo que sustenta um edifício, que mantém o edifício em equilíbrio e intacto; é o fundamento.

John Stott, analisando essas duas metáforas, assevera que a Igreja tem dupla responsabilidade em relação à Verdade. Primeiro, como “fundamento” - sua função é sustentar a Verdade com firmeza, de tal forma que ela não caia por terra sob o peso de falsos ensinos. Segundo, como “coluna” - tem a função de mantê-la nas alturas, de modo que não fique escondida do mundo. Sustentar com firmeza a Verdade é a defesa e a confirmação do evangelho; mantê-la bem alto é a proclamação do evangelho. A Igreja é chamada para esses dois ministérios. Há uma estreita conexão entre a Igreja e a Verdade. A Igreja depende da Verdade para sua existência, e a Verdade depende da Igreja para sua defesa e proclamação.

2. O objetivo do zelo pela sã doutrina

O objetivo do zelo pela sã doutrina é preservar o amor de um coração totalmente sincero e leal a Cristo, e de uma fé não fingida. O amor, sem dúvida, inclui o amor para com Deus, para com os cristãos e para com o mundo em geral. Deve brotar de um coração puro. Se a vida interior é impura, dificilmente o verdadeiro amor cristão fluirá dela. Esse amor pode também ser o fruto da boa consciência, que é a consciência totalmente livre da ofensa a Deus e ao ser humano. Esse amor deve ser resultado da fé sincera (literalmente “não hipócrita), que é a fé sem máscaras.

A falsa doutrina nunca poderá produzir o amor divino e a fé sincera no coração do ser humano. Como bem diz o pr. Elienai Cabral, “o falso ensino e os falsos mestres geram contenda, dissensões e gangrenas na comunhão”. É o ensinamento da graça de Deus que produz um “coração puro, uma boa consciência, fé não fingida e que, portanto, resulta no amor” (1Tm.1:5), e “não há cristianismo ortodoxo sem a prática do amor de um coração puro e de uma fé não fingida”.

3. A primazia do amor

“Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro...” (1Tm.1:5).

Paulo exortou Timóteo a conscientizar-se de que o mais importante não é apenas produzir ortodoxia, mas o “amor que procede de um coração puro”. O amor é mais notável do que habilidades, conhecimento, obras e realizações. Ele provém de Deus e não muda com as circunstâncias ou com a falta de correspondência do ser amado. Ele espera, entende, é altruísta, coloca-se como escudo, sabe agradar, socorrer, relevar, esquecer as injúrias (1Co.13).

Paulo sempre orava para que os cristãos de Éfeso estivessem “arraigados e firmados em amor” (Ef.3:17). O zelo do apóstolo se dava justamente para impedir que o “espírito” dos falsos mestres se infiltrasse na Igreja. Nesse caso, o amor como “fim do mandamento” é o antidoto perfeito; ele aparece como um freio, um instrumento de estabilização no combate às falsas doutrinas.

Paulo disse que precisamos combater o erro sem magoar as pessoas. A defesa da verdade não pode ocorrer em prejuízos do amor. A verdade precisa ser dita em amor, e o amor precisa acompanhar a ortodoxia. Quando admoestar, essa admoestação precisa brotar de um coração puro; ou seja, a motivação precisa ser certa. Também esse amor precisa fluir de uma fé sem hipocrisia e de uma consciência boa, ou seja, sem a contaminação do pecado. O aspecto positivo de uma boa consciência é a fé, porque uma boa consciência não somente aborrece o mal, mas tampem adota o que é certo. Por isso, essa fé é verdadeira e genuína.

CONCLUSÃO

O apóstolo Paulo, em seus escritos, sempre demonstrou sua preocupação para que a sã doutrina tivesse sempre um espaço privilegiado não só na vida de cada crente, mas nas Igrejas Locais, pois entendia que ser salvo era ter adotado a nova doutrina (Rm.6:17); que os inimigos dos crentes são os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina (Rm.16:17); que um culto não tem sentido se não houver doutrina (1Co.14:6,26); que a vida familiar deve ser construída, notadamente a educação dos filhos, pela doutrina do Senhor (Ef.6:4); que a vida do pastor-líder está indissociavelmente vinculada ao ensino e à observância da sã doutrina (1Tm.1:3,10; 4:6,16; 5:17; 6:1,3; 2Tm.4:2,3; Tt.2:1,7,10). A exemplo de Paulo, somos chamados para zelar pelo ensino de Cristo a fim de edificar a Igreja do Senhor.

Seguir a sã doutrina, portanto, é seguir a vontade de Deus; é por isso que muitos se têm levantado contra a doutrina bíblica, porque ela implica na renúncia do eu, na renúncia do ego, na renúncia de nós mesmos, sem o que é impossível seguir a Jesus (Mt.16:24). Daí porque Jesus foi interrogado pelo sumo sacerdote a respeito de sua doutrina (João 18:19).

--------------

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Novo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Atos - A ação do Espírito Santo na vida da Igreja.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Paulo, o maior líder do Cristianismo.

Pr. Ciro Sanches Zibordi. Evangelhos que Paulo jamais pregaria. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. 1Corintios – como resolver conflitos na Igreja.

John Stott. A Mensagem de Atos, até os confins da Terra.

Rev. Hernandes Dias Lopes. 1 Timóteo – o pastor, sua vida e sua obra.