domingo, 9 de janeiro de 2022

Aula 03 - A INERRÂNCIA DA BÍBLIA

 

1º Trimestre/2022


Texto Base: Mateus 5:17-21; Hebreus 10:15-17

 

“Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido” (Mt.5:18).

Mateus 5:

17.Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim abrogar, mas cumprir.

18.Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido.

19.Qualquer, pois, que violar um destes menores mandamentos e assim ensinar aos homens será chamado o menor no Reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no Reino dos céus.

20.Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus.

21.Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.

Hebreus 10:

15.E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque, depois de haver dito:

16.Este é o concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos, acrescenta:

17.E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades.

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo sobre a Bíblia Sagrada, trataremos nesta Aula da “Inerrância da Bíblia”. Além de ter a suprema autoridade em matéria espiritual, a Bíblia é inerrante, ou seja, não apresenta qualquer erro, não apresenta qualquer equívoco. Como a Bíblia foi comunicada diretamente pelo Espírito Santo a homens que estavam em comunhão com Ele, não há como ter havido qualquer erro, falha ou equívoco na transmissão da mensagem e na sua redução a escrito. Os ímpios e incrédulos têm feito de tudo para encontrarem erros nos textos bíblicos. Pode ser que haja falhas nas traduções, interpretações ou na gramática das cópias manuscritas, pois a Bíblia foi escrita originalmente em linguagem antiga: hebraico, grego e aramaico. Todavia, essas possíveis incorreções, ou dificuldades, jamais podem ser consideradas "erros" quanto à essência de sua mensagem. Menos de um por cento dessas inexatidões dos manuscritos, encontram-se na transmissão da mensagem, portanto, não afetam a integridade da Palavra de Deus.

I. O QUE É A INERRÂNCIA DA BÍBLIA

1. O Conceito de inerrância bíblica

Inerrância bíblica é a doutrina segundo a qual, em sua formulação clássica, a Bíblia não possui erro algum, incluindo suas partes históricas e científicas. Significa que ela é autêntica em tudo o que afirma. Desse modo, a Escritura é isenta de erros nos aspectos doutrinários, espirituais, históricos, culturais, científicos e em todos os demais temas. O argumento é óbvio e incontestável: Deus não pode errar, e, como a Bíblia é divinamente inspirada, ela não pode conter erros. Desta feita, a inerrância, a infalibilidade e a inspiração da Bíblia estão entrelaçadas.

Entretanto, temos de entender que a inerrância e a infalibilidade estão relacionadas diretamente com a inspiração das Escrituras e, portanto, dizem respeito à mensagem originariamente transmitida aos homens inspirados pelo Espírito Santo e que foram sendo copiadas e transmitidas geração após geração. Evidentemente que, num ou outro manuscrito, há, e têm sido encontrados, um ou outro erro de cópia, erro, porém, que, contrastado com outro número de manuscritos, é perfeitamente identificado, e mesmo, em muitos casos, perfeitamente explicado. Tais descobertas, que abrangem, em grande número de casos, elementos absolutamente secundários do texto bíblico, são verdadeiras comprovações do zelo que o Espírito Santo tem para com a Bíblia Sagrada, algo que jamais se encontra em quaisquer outras obras. Não nos esqueçamos de que a cópia de um texto é algo feito pelo homem, e um homem que não está sob a inspiração verbal plenária, e que, por isso mesmo, neste ato de copiar não estão envolvidos os conceitos de inerrância nem de infalibilidade. Entretanto, na descoberta dos equívocos e na pesquisa meticulosa, e extremamente detalhada que, ao longo da história, milhares de estudiosos fazem para manter ou comprovar a inerrância e infalibilidade do texto sagrado, vemos a evidente atuação do Espírito Santo, a zelar pela integridade da Palavra de Deus.

Portanto, a Escritura é inerrante, não no sentido de que é absolutamente preciso segundo os padrões modernos, e sim no sentido de que ela cumpre aquilo que afirma e atinge aquela medida de verdade específica que foi objeto dos autores.

2. A Bíblia reivindica a sua inerrância

O termo “inerrância” não aparece na Bíblia, mas a sua essência está presente nas páginas das Escrituras Sagradas. Vejas alguns versículos que dão a ideia da inerrância da Bíblia:

“Sei que tudo o que Deus faz permanecerá para sempre; a isso nada se pode acrescentar, e disso nada se pode tirar. Deus assim faz para que os homens o temam” (Ec.3:14).

“Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido” (Mt.5:18).

“Pois tudo o que foi escrito no passado foi escrito para nos ensinar, de forma que, por meio da perseverança e do bom ânimo procedentes das Escrituras, mantenhamos a nossa esperança” (Rm.15:4).

“As palavras do Senhor são puras, são como prata purificada num forno, sete vezes refinada. Senhor, tu nos guardarás seguros, e dessa gente nos protegerás para sempre” (Salmos 12:6,7).

“Os céus e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão” (Mt.24:35).

“sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de

Deus, viva e que permanece para sempre. Porque toda carne é como erva, e toda a glória do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada” (1Pd.1:23-25).

“Antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo” (2Pd.1:20,21).

“A relva murcha, e as flores caem, mas a palavra de nosso Deus permanece para sempre" Is.40:8).

“Mas o que ela diz? "A palavra está perto de você; está em sua boca e em seu coração", isto é, a palavra da fé que estamos proclamando” (Rm.10:8).

“Que todas estas palavras que hoje lhe ordeno estejam em seu coração. Ensine-as com persistência a seus filhos. Converse sobre elas quando estiver sentado em casa, quando estiver andando pelo caminho, quando se deitar e quando se levantar. Amarre-as como um sinal nos braços e prenda-as na testa. Escreva-as nos batentes das portas de sua casa e em seus portões” (Dt.6:6-9).

“Guardei no coração a tua palavra para não pecar contra ti” (Salmos 119:11).

Estas e outras declarações indicam que a Bíblia é plenamente confiável, sem nenhuma falsidade ou equívoco. Todavia, ao afirmarmos a inerrância da Bíblia (argumenta o teólogo Augustus Nicodemos):

ü  Não estamos falando que a Bíblia não tenha um lado humano. Reconhecemos isto, mas tal qual Jesus Cristo, a Bíblia é humana e não têm erros.

ü  Não estão falando que as traduções são inerrantes – a inerrância está nos originais. Não os temos, mas podemos ter quase plena certeza do conteúdo pela manuscritologia.

ü  Não estamos falando que não existem cópias contendo variações e redações diferentes – existem, mas secundárias e em pontos que não comprometem em nada as principais doutrinas da Bíblia.

ü  Não estamos falando que a Bíblia seja um livro científico escrito em linguagem científica. Ela usa a linguagem do observador – morcego, lebre, sol se movendo.

ü  Não estamos falando que não existam aparentes contradições – há várias, mas elas são aparentes. Exemplo: números diferentes entre Crônicas e Reis.

ü  Não estamos falando que algumas informações da Bíblia não são por vezes vagas e imprecisas – às vezes os autores fazem referências vagas a números e medidas arredondados. Imprecisão não significa erro. Ex.: “eu moro a vários quilômetros do meu trabalho”.

ü  Não estamos falando que não há passagens difíceis de entender. Não compreendemos plenamente tudo o que a Bíblia diz – sua mensagem central é clara, mas há passagens difíceis, como o próprio Pedro reconhece (2Pd.3:15,16).

ü  Não estamos falando que não é preciso estudá-la para melhor compreendê-la – sua mensagem central está disponível a todos as pessoas. Mas sendo um livro humano, escrito há tanto tempo em outra cultura e língua, os estudos ajudam.

3. A infalibilidade e a inerrância da Bíblia

A inerrância e a infalibilidade da Bíblia Sagrada são sustentadas pelo Espírito Santo ao longo dos séculos, pois, como sabemos, não existem originais do texto sagrado, visto que os textos primeiramente recebidos pela “inspiração verbal plenária” foram, pelo próprio poder de Deus sobre o povo, reconhecidos como autoritativos e, a partir de então, copiados geração após geração, conforme as técnicas e os meios existentes naquele tempo, como o são hoje em dia, como podem testemunhar não só as Bíblias impressas aos milhares diariamente, como também as Bíblias lançadas, a cada dia, pelos mais sofisticados e avançados meios telemáticos.

Pode alguém perguntar: como podemos crer que não tenha havido erro nas cópias feitas ano após ano, década após década, com tanta dificuldade e em condições tão precárias, como na Antiguidade? Como podemos aceitar que o texto bíblico que temos em nosso poder, em pleno século XXI, era o mesmo texto revelado a Moisés no Sinai, aproximadamente mil e quatrocentos anos antes do próprio nascimento de Cristo?

-Primeiro, por meio da fé. Devemos observar que a inerrância das Escrituras não é matéria que se possa provar por meio da razão. Assim como o conteúdo da Bíblia deve ser apreendido pela fé, somente pela fé podemos crer que o conteúdo da Bíblia é inerrante e tem sido mantido e sustentado pelo Senhor ao longo da história, até porque é promessa Sua velar pelo cumprimento da Sua Palavra (Jr.1:12), e este zelo impõe, primeiramente, a manutenção da mensagem tal qual ela foi revelada a cada um dos escritores sagrados.

-Segundo, por comprovação cientifica. A despeito de a fé ser a única forma pela qual possamos aceitar a inerrância das Escrituras, o Senhor tem feito o homem descobrir e verificar vários fatos e episódios que são indicadores seguros e irrefutáveis de que a Bíblia Sagrada não é um livro comum, mas uma obra totalmente distinta de tudo quanto tem se produzido pela humanidade. Assim, por exemplo, em 1947, quando se descobriram os famosos manuscritos do Mar Morto, textos bíblicos quase quinhentos anos mais antigos que os manuscritos mais antigos até então conhecidos, se revelou como havia uma incrível e intensa semelhança entre os textos, inclusive com a superação de diversas “contradições” ou “suspeitas” que se levantaram com relação a textos da versão grega da Bíblia, que se mostrou perfeitamente consonante com estes textos encontrados nas cavernas próximas ao Mar Morto. Temos aí, então, uma comprovação científica de como o texto bíblico foi mantido praticamente intacto durante meio milênio.

Como se não bastasse isso, as profecias bíblicas revelam sua extrema veracidade, pois diversos episódios preditos com séculos de antecedência cumpriram-se fielmente, não se tendo exemplo algum de profecia bíblica que não tenha se cumprido. Ou a profecia já se cumpriu ou ainda não se cumpriu, mas nenhuma profecia bíblica foi desmentida até hoje pelos fatos. Como, então, não reconhecer a sua infalibilidade? Karl Popper, um filósofo da ciência, afirma que a ciência deve considerar como verídica toda e qualquer teoria enquanto ela não for desmentida. Por que, então, há esta recusa de se admitir a infalibilidade (ou pelo menos, a verdade provisória, como diz Popper) das Escrituras?

II. O ESPÍRITO SANTO PRESERVOU AS ESCRITURAS

Deus planejou revelar-se aos seres humanos e reconciliar-se conosco, por isso, guardou e preservou a Bíblia Sagrada soberanamente para que qualquer pessoa possa chegar ao conhecimento do Seu amor (Ef.3:19), à fé (Rm.10:17) e à esperança (Rm.15:4) procedente das Escrituras. É maravilhoso o modo como o próprio Deus, ao longo dos séculos, preservou e guardou as Escrituras Sagradas para que o Seu povo até hoje pudesse ter acesso; é mais uma prova da sua Graça e Amor por nós (1Tm.2:4). 

1. Os manuscritos autógrafos

Os manuscritos autógrafos são os originais; são aqueles manuscritos com grafia de próprio punho do escritor bíblico ou de seu escrevente, como no caso do livro de Filemon (Fm.1:19) e da Epístola aos Romanos (Rm.16:22), respectivamente. Nos manuscritos autógrafos estão registradas as palavras inspiradas pelo Espírito Santo.

Norman L. Geisler afirma que somente os autógrafos são inspirados, mas eles não existem mais. Não se sabe por que Deus achou por bem não preservar esses manuscritos, embora a tendência do homem de adorar relíquias religiosas, certamente, foi um fator determinante (veja 2Rs.18:4). Outros assinalaram que Deus poderia ter evitado a adoração dos originais preservando simplesmente uma cópia perfeita. Contudo, nem isso ele achou por bem fazer. Parece mais provável que Deus não tenha preservado os originais de modo que ninguém pudesse adulterá-los. É praticamente impossível que alguém altere os milhares de cópias existentes. O resultado final, entretanto, mostrou-se útil, uma vez que levou ao estudo extremamente valioso da critica textual. Outro efeito colateral importante que resultou dessa situação foi que ela serviu de alerta aos estudiosos bíblicos para que não sobrepusessem fatos secundários da paleografia [estudo de textos manuscritos antigos e medievais, independentemente da língua veicular do documento], números ou outras coisas quaisquer de menor importância à mensagem fundamental das Escrituras Sagradas.

2. Os manuscritos Apógrafos

Apógrafos - cópias fiéis dos manuscritos originais. Segundo o pr. Douglas, atualmente existem cerca de 25.000 cópias dos manuscritos bíblicos, a maioria deles em hebraico, grego e latim.

Acreditamos que a inerrância e a inspiração das Escrituras pertence aos manuscritos autógrafos, e que somente eles preservaram a exatidão dos originais. É preciso deixar claro que uma boa cópia ou tradução dos autógrafos é, na prática, a Palavra de Deus. Pode não satisfazer completamente o estudioso que, por motivos técnicos ou de precisão teológica, anseia pelo texto correto e pelo termo exato da língua original, mas, sem dúvida, satisfaz o pregador e o leigo que desejam saber “o que diz o Senhor” sobre questões de fé e prática. Mesmo quando não seja possível ler com 100% de certeza o que diz exatamente o texto original, é possível estar 100% certo da verdade preservada nos textos que sobreviveram. Só em detalhes há alguma incerteza na redação dos textos, e nenhuma doutrina importante depende de detalhes secundários. Uma boa tradução não deixará de captar a totalidade do ensino do original. Nesse sentido, portanto, uma boa tradução terá autoridade doutrinária, embora a inspiração real esteja reservada aos autógrafos.

3. Os apócrifos e pseudoepígrafos

3.1) Os Apócrifos. Norman L. Gleisler argumenta que parte do mistério que cerca esses livros “extras” diz respeito ao sentido do seu nome - “Apócrifos”. Alguns dos primeiros pais da Igreja, como, por exemplo, Ireneu e Jerônimo, estavam entre os primeiros a aplicar a palavra “Apocrypha” à lista de livros não canônicos. Desde o tempo da Reforma, o referido termo passou a significar “Apócrifos do Antigo Testamento”.

A etimologia básica da palavra “apócrifos” significa “oculto”. Não se sabe a razão pela qual são rotulados dessa forma. A polêmica é: esse “oculto” deve ser usado em sentido positivo, indicando que esses livros estiveram escondidos para que fossem preservados, ou no sentido de que sua mensagem era profunda e espiritual? Ou a palavra “oculto” foi usada em sentido negativo, indicando que os livros eram de autenticidade duvidosa, espúria? Para responder a essas perguntas, os livros precisam ser examinados cuidadosamente.

Os principais livros Apócrifos são os seguintes (adaptado do livro “Introdução Geral à Bíblia”, de Norma L. Gleisler):

ü  Didático: Sabedoria de Salomão (c.30 a.C.); Eclesiástico (c. 132 a.C.).

ü  Romance: Tobias (c.200 a.C.).

ü  Religioso: Judite (c. 150 a.C.).

ü  Histórico: 1 Esdras (c. 150-100 a.C.); 1 Macabeus (c. 110 a.C.); 2 Macabeus (c. 110-70 a.C.).

ü  Profético: Baruque (c. 150-50 a.C.); Carta de Jeremias (c. 300-100 a.C.); 2 Esdras (c. 100.d.C).

ü  Lendário: Acréscimos a Ester (140 -130 a.C.); Oração de Acazias (séc. 2 ou 1 a.C.) (Cântico dos três jovens); Suzana (séc. 2 ou 1 a.C.); Bel e o Dragão (c. 100 a.C); Oração de Manassés (séc. 2 ou 1 a.C.).

Quase todos esses livros foram aceitos pela Igreja Católica Romana no Concilio de Trento, no ano de 1546, e foram entrelaçados entre os que realmente são canônicos. Mas os protestantes os rejeitaram, porque não os consideram bíblicos ou não canônicos. Embora não haja dúvida alguma quanto ao valor devocional, e até homilético e histórico dos livros, ainda assim eles não fazem parte do cânon teológico ao qual os outros 39 livros do Antigo Testamento pertencem, porque:

a)    Parte do que ensinam não é bíblico ou é herético.

b)    Algumas de suas histórias são extrabíblicas ou fantasiosas.

c)     Boa parte do seu ensino é sub-bíblico e, por vezes, imoral.

d)    A maior parte dos Apócrifos foi escrita no período pós-bíblico ou intertestamentário.

e)    Por fim, todos os Apócrifos não são bíblicos ou não canônicos, porque não foram recebidos pelo povo de Deus. Para que um livro seja canônico, precisa satisfazer os testes de canonicidade, a saber:

Ø  O livro foi escrito por um “profeta” de Deus? Não há informação nem prova de que tenha sido.

Ø  Seu autor foi confirmado por um ato de Deus? Como os Apócrifos não foram escritos por profetas, obviamente não foram reconhecidos de modo sobrenatural por Deus.

Ø  O livro manifesta o poder de Deus? Não há nada de transformador nos livros apócrifos. Sua verdade não é arrebatadora, exceto pelo fato de que é uma repetição da verdade canônica de outros livros.

Ø  O livro representa a verdade sobre Deus, sobre o homem etc.? Há contradições, erros e até heresias nos Apócrifos. Esses livros não passam no teste da verdade canônica.

Ø  O livro foi aceito pelo povo de Deus? Não houve aceitação contínua ou universal desses livros pela Igreja de Deus. Nenhum cânon ou Concílio da Igreja reconheceu a inspiração dos Apócrifos durante quase quatro séculos. Lutero e os reformadores rejeitaram a canonicidade dos Apócrifos. Só em 1546, numa atitude polêmica do Concílio de Trento (1545-1563) que fazia parte da Contrarreforma, os livros apócrifos receberam pleno reconhecimento de status canônico pela Igreja Católica Romana. A aceitação desses livros pelo Concílio de Trento é suspeita porque foi usada contra Lutero em prol da posição católica romana. Mais tarde, o Concilio acrescentou os Apócrifos numa tentativa delineada pela Contrarreforma para refutar Lutero. Nem todos os Apócrifos foram aceitos. Somente onze dos quinze livros o foram, e um desse livros omitidos (2 Esdras) é contrário à oração pelos mortos.

3.2) Os Pseudoepígrafos. Conforme argumento de Norman L. Gleisler, os livros pseudoepígrafos são aqueles claramente espúrios e inautênticos em seu conteúdo de modo geral. Embora afirmem ter sido escritos por autores bíblicos, na verdade expressam fantasia e magia do período em torno de 200 a.C. a 200 d.C. A maior parte desses livros consiste em sonhos, visões e revelações no estilo apocalíptico de Ezequiel, Daniel e Zacarias. Uma característica notável desses livros é que eles descrevem um futuro brilhante para o reino messiânico, além das questões relativas à criação, aos anjos, ao pecado, ao sofrimento e recompensa para os fiéis vivos.

Não se sabe ao certo o número real desses livros, e vários autores apresentaram números diferentes para os livros mais importantes. Há dezenove que merecem ser mencionados, que podem ser classificados como se segue (adaptado do livro de Norma L. Gleisler):

ü  Lendários: o livro de Jubileus; o livro de Arísteas; o livro de Adão e Eva; e o Martírio de Isaías.

ü  Apocalípticos: 1 Enoque; o Testamento dos doze patriarcas; o Oráculos sibilinos; Assunção de Moisés; 2 Enoque, ou Livro dos segredos de Enoque; 2 Baruque, ou o Apocalipse siríaco de Baruque; 3 Baruque, ou o Apocalipse grego de Baruque. Apocalipse de Pedro.

ü  Didáticos: 3 Macabeus; 4 Macabeus; Pirke Aboth; A história de Ahikar.

ü  Poéticos: Salmos de Salomão; Salmo 151.

ü  Históricos: O fragmento de uma obra zadoquita.

Todos esses livros foram produzidos por autores anônimos e espúrios, que atribuíram indevidamente sua autoria a profetas e apóstolos.

III. A VERDADE NAS ESCRITURAS

1. A Bíblia é a Verdade plena

A Bíblia Sagrada é composta de 66 livros - sendo 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento. Toda Verdade de Deus que precisava ser revelada, todo o Plano Divino através dos séculos, o Senhor Deus fez constar nesses Livros. Portanto, a Bíblia é a Verdade plena. Quanto às coisas não reveladas está escrito que “as coisas encobertas são para o Senhor, nosso Deus” (Dt.29:29). Quanto ao que está escrito, conforme afirmou Paulo, “... para nosso ensino foi escrito...” (Rm.15:4).

Os nomes canônicos mais comuns do Livro Sagrado são:  Escrituras ou Sagradas Escrituras (Mt.21:42; Rm.1:2); Livro do Senhor (Is.34:16); A Palavra de Deus (Mc.7:13; Hb.4:12); Oráculos de Deus (Rm.3:2). O próprio Jesus, que é a Verdade (João 14:6), disse: “A tua Palavra é a verdade” (João 17:17). Ele não disse como tantas pessoas dizem hoje: “a sua palavra contém a verdade”, mas “a Tua Palavra é a Verdade”.

Todos os cristãos genuínos reconhecem a Bíblia como a genuína Palavra de Deus, porque ela mesma, diversas vezes, o afirma. “Assim diz o Senhor”, por exemplo, é uma expressão que aparece dezenas de vezes no Antigo Testamento. E mais, o cumprimento exato de tudo quanto nela está desde os primórdios da história da humanidade é a prova irrefutável de que ela é, sem sombra de dúvida, a Palavra de Deus, a revelação de Deus aos homens, a Verdade plena. Afirmou o salmista: “As tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio, e cada um dos teus justos juízos dura para sempre” (Sl.119:160).

Muitos têm tentado, ao longo dos séculos, levantar-se contra o divino Livro, porque o arqui-inimigo de Deus não suporta a Verdade absoluta; mas todos têm fracassado em seu intento de calar a Verdade divina ou desacreditá-la, precisamente porque não se trata de uma obra feita pela mente, vontade ou imaginação humana, mas tem sua origem, sua concepção e o zelo pelo seu cumprimento diretamente em Deus.

2. A verdade espiritual e moral

A raiz dos problemas da sociedade é espiritual e é através da Bíblia que podemos aprender a ter o verdadeiro viver espiritual. O coração de Deus deseja que esquadrinhemos a sua Palavra e nela encontremos suas verdades eternas, pois os princípios da Palavra de Deus nos trazem a revelação de quem é o próprio Deus. Quando começamos a pensar a partir de princípios bíblicos e não a partir de opiniões ou “achismos”, o nosso estilo de vida muda, se torna mais consistente. Mas o que é um princípio? A palavra “princípio” significa a origem, a causa, um rudimento, uma verdade absoluta. Um princípio é algo que não muda, difere-se de uma opinião, de uma boa ideia, não é relativo e não está preso a um contexto histórico, a uma época específica ou a um costume. A Bíblia é o Livro que contém inúmeros princípios, verdades absolutas que não se prendem ao contexto histórico ou à época em que foram escritas: são princípios, verdades eternas.

O resultado de vivermos dentro dos princípios bíblicos é uma vida equilibrada; as nossas ações começam a serem governadas por Deus, tanto na Igreja como na vida em família ou no trabalho que realizamos; a nossa mente torna-se “cativa” à mente de Deus; caminhamos em direção aos seus pensamentos e começamos a ver tudo que nos cerca numa perspectiva bíblica. Derrubamos raciocínios e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo o pensamento à obediência de Cristo (2Co.10:5). Portanto, a Bíblia é a nossa única regra de fé e prática, não sendo necessária nenhuma outra revelação para saber a respeito de nossa redenção, salvação e crescimento espiritual (Dt.4:2; Pv.30:5,6). A Declaração e fé das Assembleias de Deus confirma este fato.

Quanto à verdade moral, o cristão tem seu fundamento revelado nas Escrituras Sagradas. Aquilo que a Bíblia diz ser pecado, permanece sendo pecado, pois a Bíblia é uma verdade absoluta e imutável; é o código de ética divino. “Ética” e "moral" se confundem, pois ambas dizem respeito ao conjunto de padrões e de atitudes que as pessoas devem ter no seu dia-a-dia, no seu cotidiano. Exorta o apóstolo Paulo: "Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus" (1Co.10:32). Esta regra continua valendo, pois os valores cristãos são permanentes, haja vista que a fonte de autoridade, a Bíblia, é imutável (Mt.24:35).

Os Evangelhos nos ensinam que a transformação moral nos conduz à uma posição que Deus se agrada (Mt.5.48). Essa transformação reflete em nossa conduta pessoal, pois a conversão cristã gera essa transformação na vida do ser humano direcionando-o a um padrão moral correto (2Co.5.17).

Somente Deus tem a capacidade e o direito de impor uma conduta moral a todos os homens. E a Igreja, como agência do reino de Deus, deve dizer ao mundo que a conduta moral ideal tão almejada, não se encontra nos direitos humanos, na busca pela maior justiça nas relações socioeconômicas, mas Naquele que, desde a criação do homem, tem querido determinar como devemos proceder. Em Deus se encontra o verdadeiro padrão moral e, portanto, para os diversos dilemas morais vividos pelo homem, existe uma única resposta: a Bíblia Sagrada, a inerrante verdade tanto espiritual quanto moral.

3. A verdade histórica e científica

A Bíblia é a inspirada, infalível e inerrante Palavra de Deus, em sua totalidade. Ela não se equivoca quando descreve a criação, os eventos da história e os fenômenos da ciência. Tudo o que a Bíblia ensina tanto na teologia, na história ou na ciência é a verdade.

-A História confirma a Bíblia. Inúmeros são os fatos ocorridos na história que foram registrados, estudados e confirmados a sua veracidade, os quais se coadunam perfeitamente com os textos correspondentes exarados nas páginas sagradas da Bíblia. Os céticos, os ateus, os ditos cientistas evolucionistas, tentam desmoralizar a Bíblia, mas quanto mais se aprofundam procurando desvios, mais chegam à conclusão da veracidade dos textos sagrados.

-Quem já não ouviu falar das duas deportações de Israel e Judá pelos assírios e babilônicos, respectivamente, cujos registros encontram-se nos anais da história humana! Estes fatos estão registrados no livro de Deus em 2Rs.17:6; 2Rs.24:10-17; Jr.25:11.

-Ninguém pode negar a destruição de Jerusalém, que se deu em 70 d.C., que fora profetizada por Jesus, registrada em Mateus 24:2. Os livros de história registram este fato e não podem negar a veracidade da Bíblia.

-Alguém pode negar a crucificação de Jesus? Os livros de história mostram este fato, que é inegável. O próprio Flávio Josefo, historiador romano, fala sobre este episódio. Desde Gênesis até Malaquias a Bíblia apontava para este acontecimento.

-Alguém pode negar a restauração de Israel em 14 de maio de 1948? Claro que não! A Bíblia é a verdade e fiel é o cumprimento das promessas de Deus nela exarados com relação a este tremendo fato. Israel é o milagre de Deus mais visível às todas as nações, hoje. Só não enxerga quem é cego espiritualmente. Em Ezequiel 36:25-27, dentre outras profecias, encontra-se predita a restauração da nação de Israel.

-A história, também, mostra a existência de quatro impérios monstruosos já surgidos, a saber, Babilônico, Medos-Persas, Grego e Romano, os quais prevaleceram, respectivamente, no período de 780 a 550 a.C.; 550 a 380 a.C.; 380 a 100 a.C. e 100 a.C. a 300 d.C. Pois é, estes impérios estão registrados na Bíblia, mais precisamente no livro de Daniel capítulo dois. A Palavra de Deus é Fiel e verdadeira!

-A verdadeira ciência confirma a Bíblia. A verdadeira ciência nunca se oporá a Deus ou a Sua Palavra, pois quem se opõe à verdade é apenas a “falsamente chamada ciência” (1Tm.6:20). Ainda que ciência e Bíblia tenham pontos de partida totalmente diferentes e objetos igualmente distintos, não podem se contrapor, já que ambas têm o mesmo alvo: a verdade. Não é por outro motivo que o apóstolo Paulo, ele próprio alguém dotado de vasto e profundo conhecimento científico, não recomendou a seu filho na fé, Timóteo, que se afastasse da ciência, como, lamentavelmente, muitos “crentes espirituais” insistem em fazê-lo, sem qualquer respaldo bíblico, mas, sim, que tivesse horror às oposições da falsamente chamada ciência, ou seja, que se afastasse de toda a produção intelectual que, com o pretexto de tentar descobrir a verdade, estivesse fundamentada única e exclusivamente no intuito de se opor a Deus e à Palavra de Deus.

A verdadeira ciência defende o fato de o Universo ter sido projetado e criado por um Ser Inteligente. A verdadeira ciência constata que o Universo veio a existir exatamente como a Bíblia no-lo descreve. Veja o que escreveu o autor da Epístola aos Hebreus: "Pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente" (Hb.11:3). 

Inúmeras vezes a ciência tem confirmado a veracidade bíblica no tocante alguns fatos científicos. Vejamos alguns exemplos:

ü  A Terra é solta no espaço. O Patriarca Jó sabia disso há, aproximadamente, 1500 anos a.C. – “Ele estende o Norte sobre o vazio; suspende a terra sobre o nada” (Jó 26:7).

ü  No centro da Terra há fogo. No mesmo livro de Jó, no capítulo 28 e versículo 5, esta verdade científica é confirmada - ”Quanto à terra, dela procede o pão, mas por baixo é revolvida como por fogo”.

ü  A Terra é redonda. O Profeta Isaias, há mais de 1000 anos antes da ciência moderna, já afirmava que a Terra é redonda – “E ele o que está assentado sobre o círculo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que estende os céus como cortina, e o desenrola como tenda para nela habitar” (Is.40:22).

ü  Toda a humanidade descende de um único ancestral, Adão e Eva. A biologia moderna prova que as variações verificadas no ser humano ocorrem no DNA, e não apresentam qualquer evidência que sugira ter o homem se originado de organismos diferentes ou inferiores a si mesmo. Ou seja, a estrutura biológica do ser humano continua a mesma desde o dia em que Deus criou Adão e Eva.

As descobertas dos últimos anos relacionadas com o DNA [o ácido desoxirribonucleico, a molécula, que reproduz o código genético, ou seja, que é responsável pela transmissão das características hereditárias de cada espécie, quer seja nas plantas, nos animais (incluindo o homem) ou nos microrganismos] têm mostrado, claramente, que cada espécie tem seu próprio código genético, que nunca se transforma em um código genético de uma outra espécie. Assim, mais uma vez, confirma-se a ideia de que, se “evolução é a descendência com mudança”, é a “alteração das proporções das variantes de um dado gene ao longo das gerações”, isto só se dá dentro de cada espécie, sem qualquer passagem para uma outra espécie, o que confirma a narrativa bíblica e não a teoria da evolução, pois é a própria negação da evolução.

Portanto, na Bíblia Sagrada está a verdade histórica e cientifica de inúmeros fatos, o que corrobora a veracidade da inspiração dos seus autores ao escrever o Livro Sagrado.

O Salmo 119 nos revela de forma sublime o valor da Palavra de Deus e a necessidade que temos de colocá-la como nosso guia, como lâmpada para nossos pés, como luz para o nosso caminho, como a preciosa joia que devemos esconder em nossos corações para não pecarmos contra o Senhor. Esta Palavra que temos a graça divina de estudar, ouvir, meditar e seguir; este tesouro que o Senhor nos dá de dia e de noite, deve ser cada vez mais valorizada em nosso meio, pois num mundo onde os fundamentos se transtornam, onde não há mais valores absolutos, verdades ou certezas, somente aqueles que conhecem e praticam a Palavra de Deus poderão ter esperança, a esperança de um novo céu e de uma nova terra onde habitam a justiça.

CONCLUSÃO

A Bíblia é completamente inerrante. Ela é totalmente verdadeira e sem erros. Jesus disse: “A tua Palavra é a verdade” (João 17:17). Aos que negavam a verdade das Escrituras, Ele disse: “Vocês estão equivocados, não compreendendo as Escrituras” (Mt.22:29). Disse o salmista: “A lei do Senhor é perfeita” e “a síntese da tua palavra é a verdade (Sl.19:7; 119:160). A Bíblia é a Palavra de Deus, e Deus não pode errar (Hb.6:18; Tt.1:2). As Escrituras são pronunciamentos do Espírito Santo (2Tm.3:16), e o Espírito da Verdade não pode errar. “Errar é humano”, porém a Bíblia não é um livro meramente humano. Ela é divinamente inspirada, e um erro divinamente inspirado é uma contradição de termos.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. 2Timóteo – o testamento de Paulo à Igreja.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. A Bíblia, a Inspirada e Inerrante Palavra de Deus.PortalEBD_2006.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. A Inerrância da Bíblia. PortalEBD_2009.

Norman L Geisler. Introdução geral à Bíblia. Vida Nova.

domingo, 2 de janeiro de 2022

Aula 02 – A INSPIRAÇÃO DIVINA DA BÍBLIA

 

1º Trimestre/2022


Texto Base: 2Timóteo 3:14-17; 2Pedro 1:19-21


“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm.3:16).

 

2Timóteo 3:

14.Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido.

15.E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.

16.Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça,

17.para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra.

2Pedro 1:

19.E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia esclareça, e a estrela da alva apareça em vosso coração,

20.sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação;

21.porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da Inspiração divina da Bíblia. A Bíblia foi dada por Deus através de inspiração e revelação, à medida que o Espírito Santo operou em homens escolhidos, revelando a eles a mensagem de Deus e capacitando-os a usar as palavras adequadas para comunicar a verdade divina sem erros. Disse Pedro: "Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo" (2Pd.1:21). Disse Paulo: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça”.

I. A DOUTRINA DA INSPIRAÇÃO BÍBLICA

1. A Inspiração da Bíblia é divina

O que diferencia a Bíblia de todos os demais livros do mundo é a sua inspiração divina (Jó 32:8; 2Tm.3:16; 2Pd.1:21). É devido à inspiração divina que ela é chamada Palavra de Deus. Em 2Tm.3:16 Paulo expressou: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça”. Este é um dos versículos mais importantes da Bíblia sobre a sua inspiração. Ele ensina que as Escrituras são o sopro de Deus. De modo miraculoso, Deus comunicou sua Palavra aos homens e os guiou para escrevê-las para a eternidade. O que eles escreveram é a própria Palavra de Deus, inspirada e infalível. Assim como é verdade que o estilo literário individual dos escritores não foi anulado, também é incontestável que as palavras usadas por eles foram concedidas pelo Espírito Santo.

Os escritores da Bíblia não deram as próprias interpretações pessoais, mas escreveram a mensagem que lhes foi dada por Deus (2Pd.1:20,21). Em 2Pd.1:21 está escrito que “homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo". Apesar de não compreendermos plenamente como se deu o processo, Deus dirigiu cada palavra que esses homens escreveram. Ao mesmo tempo, contudo, Deus não destruiu a individualidade ou o estilo dos escritores. Em tempos como os nossos, nos quais tantas pessoas negam a autoridade das Escrituras Sagradas, é importante termos convicção da inspiração verbal, plenária e inerrância da Bíblia.

Mas, o que vem a ser Inspiração Divina? Segundo o teólogo Antônio Gilberto, inspiração, “no sentido fisiológico, é a inspiração do ar para dentro dos pulmões. É pela inspiração do ar que temos fôlego para falar; daí o ditado: ’falar é folego’. Quando estamos falando, o ar é expelido dos pulmões: é o que chamamos de expiração. Pois bem, Deus, para falar a sua Palavra através dos escritores da Bíblia, inspirou neles o seu Espírito. Portanto, inspiração divina é a influência sobrenatural do Espírito Santo como um sopro, sobre os escritores da Bíblia, capacitando-os a receber e transmitir a mensagem divina sem mistura de erro. A própria Bíblia reivindica para si a inspiração de Deus, pois a expressão ‘assim diz o Senhor’, como carimbo de autenticidade divina, ocorre mais de 2.600 vezes nos seus 66 livros; isso, além de outras expressões equivalentes” (GILBERTO, Antônio. A Bíblia através dos séculos. CPAD).

Segundo Norman L. Gleisler, Deus é o iniciador por excelência da inspiração: ‘nenhuma profecia jamais foi produzida por um ato de vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo’ (2Pd.1:21). Em outras palavras, Deus moveu, e o profeta falou as verdades; Deus revelou, e o homem registrou sua Palavra. A Bíblia é a Palavra de Deus no sentido de que se origina com Ele e é autorizada por Ele, embora seja articulada pelo homem. Deus fala em seus registros escritos.

2. A Inspiração da Bíblia é verbal

A inspiração “Verbal” indica que as palavras redigidas por pelo menos quarenta escritores humanos foram inspiradas por Deus (cf.1Co.2:13). Mas como o Espírito Santo inspirou os escritores do texto sagrado? Esta é uma discussão que se faz, pois entendem alguns que o Espírito ditou as palavras aos escritores, assim como, por exemplo, Pedro teria feito, em relação a sua Carta, com relação a Silvano (1Pd.5:12) ou como Paulo, em relação a Tércio, no que toca à Epístola aos romanos (Rm.16:22). Este pensamento é conhecido como o da “inspiração verbal” e se baseia, entre outros textos, em Êx.34:27 e Dt.31:24. Deus não deu um esboço geral ou algumas ideias básicas e depois permitiu que os escritores as expressassem como lhes parecesse melhor. As próprias palavras que usaram foram dadas pelo Espírito Santo (1Pd.1:21).

Não resta dúvida de que muitos escritores da Bíblia reduziram a escrito mensagens que lhes foram dadas verbalmente por Deus, como é exemplo os Dez Mandamentos e boa parte daquilo que foi escrito por Moisés na Lei. No entanto, temos de entender que Deus opera além de quaisquer limites humanos ou que nossa compreensão possa atingir, de forma que temos de, neste ponto, fazer coro ao seguinte pensamento de R.N. Champlin, que reproduzimos:

“…a inspiração, normalmente, é verbal, visto que diz respeito à comunicação da verdade em linguagem humana. Isso não significa, entretanto, que consiste em mero ditado de palavras, mas significa que os diversos processos que jazem por detrás da questão, envolvendo aspectos como a individualidade dos escritores, o meio ambiente, o treinamento, a experiência deles, além de outros fatores, foi de tal modo manipulados por Deus que o resultado foi que as palavras registradas não são apenas do homem, mas são plenamente de Deus…” (CHAMPLIN, R.N. Escrituras. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, v.2, p.475).

3. A Inspiração da Bíblia é plenária

A inspiração Plenária indica que a Bíblia toda foi igualmente inspirada por Deus, desde Gênesis até Apocalipse. Paulo afirma que “TODA” a Escritura é inspirada (2Tm.3:16). Quando Paulo fala de “toda a Escritura”, está definitivamente se referindo à integra do Antigo Testamento e partes do Novo Testamento já existentes naquela época. Em 1Timóteo 5:18, ele cita o evangelho de Lucas (10:7) como Escritura. Pedro fala das epístolas de Paulo como Escrituras (2Pd.3:16). Hoje somos autorizados a aplicar o versículo referindo-nos à Bíblia inteira. Portanto, nenhum texto deve ser desprezado. Alguém poderá afirmar: “então a mentira de Ananias e Safira (Atos 5:1-10), bem como a traição de Judas (Lc.22:3-6), bem como o conselho da mãe do rei Lemuel (Pv.31:6,7) são inspirados por Deus?” Claro que não. O próprio contexto informa que não foram inspirados por Deus, mas o seu registro, sim. Paulo afirmou que: “tudo quanto, outrora, foi escrito para o nosso ensino foi escrito” (Rm.15:4). Neste aspecto, pode-se afirmar que a Bíblia não apenas contém ou torna-se a Palavra de Deus, mas sobretudo ela é a inspirada Palavra de Deus em seu sentido pleno.

II. A INSPIRAÇÃO DIVINA E OS AUTORES DA BÍBLIA

1. A Inspiração dos autores

Em 2Pedro 1:21 está escrito: “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo". Neste texto, o termo “inspirados” significa “movidos”, “trazidos”, “levados por uma força interior”, que nos indicam que, para escrever as Escrituras, estes homens, em primeiro lugar, eram “homens santos de Deus”, ou seja, homens que se encontravam separados do pecado e separados para Deus, que estavam, portanto, em plena comunhão com o Senhor e, por isso, neles habitava o Espírito Santo, com o propósito de fazê-los redigir aquilo que o Senhor lhes revelava. Eram, portanto, levados, por uma força interior, a escrever aquilo que escreveram, prova de que não se tratava de “conteúdo” ou “mensagem” que fossem de suas mentes, mas que vinha diretamente da parte de Deus. É por este motivo que Pedro atesta que as Escrituras não podem ser de “particular interpretação”(2Pd.1:20), ou seja, que os textos bíblicos não podem ser entendidos isoladamente, mas como parte de um conjunto, pois, embora tenham sido escritos por homens de diferentes culturas, de diferentes épocas, de diferentes classes sociais, de diferentes graus de instrução, o resultado não é fruto da cultura, da história, da época, da posição social nem tampouco da erudição de cada um dos escritores, mas tão somente obra do Espírito Santo, que agiu na vida de cada um destes “homens santos de Deus”.

2. As limitações dos autores

Embora seja a Palavra de Deus, a Bíblia foi escrita e redigida por seres humanos que, para escrevê-la, usaram de todos os materiais que tinham à sua disposição para tanto, lembrando-se, aliás, que, no tempo da formação dos escritos sagrados, não havia o papel, material que o Oriente Médio e o Ocidente somente conheceram num tempo posterior à elaboração das Escrituras, elaboração esta, aliás, que durou mais de mil e quinhentos anos, que é o tempo que vai de Moisés ou Jó, apontados como os autores do livro de Jó, que é o livro mais antigo das Escrituras, até a redação dos livros do apóstolo João, que são considerados os últimos escritos inspirados da Bíblia Sagrada.

É interessante notar que Deus não escreveu parte nenhuma da Bíblia. As Escrituras registram que Deus havia escrito as primeiras tábuas da Lei (Ex.32:15), que foram quebradas por Moisés, que estava indignado com a corrupção do povo no episódio do bezerro de ouro (Ex.32:19). As segundas tábuas, embora lavradas por Moisés, foram também escritas por Deus (Dt.10:1-4), mas estas tábuas foram colocadas na Arca, ou seja, não puderam ser lidas pelo povo. Moisés escreveu o seu teor, nesta oportunidade, naquilo que viria a ser o Pentateuco (Ex.34:27), numa comprovação de que parte alguma das Escrituras foi feita pelo dedo de Deus. O mesmo devemos dizer a respeito do Filho de Deus, Jesus; Ele nada deixou escrito, mas tudo que transmitiu o fez oralmente, teor este que foi, posteriormente, lembrado pelo Espírito Santo para que pudesse ser reduzido a escrito (1Co.11:23; 2Pd.2:16-18; 1João1:1,3). Vemos, pois, que, embora seja a Palavra de Deus, a Bíblia não foi escrita, em momento algum, por Deus, que delegou, pois, tal tarefa ao homem, apesar das suas limitações.

Quis Deus, portanto, que a Bíblia fosse escrita pelos homens, embora se tratasse da própria Palavra do Senhor, para que as Escrituras fossem, elas mesmas, a demonstração da comunhão que se pretendeu restabelecer entre Deus e o homem. Esta comunhão, que, em Jesus, estava evidenciada pela dupla natureza, é um dos aspectos pelos quais as Escrituras são consideradas testemunhas do próprio Verbo Divino (João 5:39). Assim, pois, como Jesus é Homem, e é Deus, as Escrituras também são Palavra de Deus, mas escrita pelos homens, apesar de suas limitações.

Mas, como pode o homem, cujos pensamentos estão tão distantes dos de Deus (Is.55:8,9; 1Co.2:9), escrever a Palavra de Deus, reduzir a escrito aquilo que é próprio da Divindade? Somente de uma maneira: através da revelação e da inspiração do Espírito Santo (2Tm.3:16; 2Pd.1:21). Assim como Deus escolheu a jovem virgem Maria para servir de instrumento ao nascimento do seu Filho Jesus, Ele também escolheu homens simples, puros e santos, cujos corações eram segundo o seu coração, para escrever a Bíblia Sagrada. Estes homens surgiram do meio do povo de Israel, com exceção de Lucas, que não era judeu, mas se converteu ao Senhor Jesus. Deus os encheu do Espírito Santo para escrever exatamente aquilo que Ele queria.

Todavia, esses homens tinham suas limitações, eles eram pessoas assim como nós, inclinados à mesmas paixões e falhas (Tg.5:17). Moisés, por exemplo, mesmo tendo falado com Deus face a face, e ter recebido diretamente de Deus os Dez mandamentos e a Lei, mesmo assim falhou, a ponto de ser impedido de entrar na Terra Prometida (Dt.32:51,52). Poderíamos ainda falar de Davi, o homem segundo o coração de Deus (Atos 13:22), que escreveu pelo menos 73 salmos, cerca de metade do livro de Salmos, porém cometeu pecados terríveis em sua vida como, por exemplo, a traição contra o seu melhor soldado, Urias; este foi morto de forma cruel e covarde (2Samuel cap.11). Todavia, como bem diz o pr. Douglas, “nenhum texto das Escrituras Sagradas, quanto a sua inspiração e veracidade, está condicionado às limitações de seus autores humanos” (ler 2Co.4:7).

3. Os diferentes gêneros literários e figuras de linguagem

A Bíblia é um livro muito diversificado em gêneros literários e figuras de linguagem. Quando a Bíblia é aberta, a sensação é como se estivesse entrando numa livraria ou em um sebo com suas dezenas de estantes e prateleiras cheias de livros. Em geral, esses locais organizam os livros por gêneros literários - livros de suspense, romance, poesia, história e muito mais. Cada livro das Escrituras Sagradas tem um estilo literário predominante, e saber qual estilo se está lendo ajudará a pessoa compreender melhor a forma que o autor transmite seus ensinos, como ele tece sua argumentação e a intensidade na qual a mensagem foi escrita.

A identificação dos gêneros literários encontrados nos livros da Bíblia, com suas formas próprias, linguajar e estilo literário é de fundamental importância para a compreensão do texto da Palavra de Deus. É na atenciosa leitura do texto que identificamos o gênero literário e como ele se apresenta; assim passamos a amar cada vez mais a Palavra de Deus e a interpretá-la de forma mais completa, transformando inclusive o nosso caráter e a nossa maneira de viver.

Na Bíblia encontramos diversos gêneros literários e muitas figuras de linguagem. Quanto aos gêneros literários podemos mencionar: Evangelhos, Epístolas, Profecias, Parábolas, Apocalipse, Salmos, Narrativas do Antigo Testamento, Leis, Provérbios, Poesia, Atos, dentre outros.

Os gêneros literários do Antigo Testamento

a) Gênero Jurídico. Encontramos este gênero literário em boa parte dos cinco primeiros livros da Bíblia, o Pentateuco. É compreensível este gênero em livros que falam de normas e leis para o povo de Deus. Aparecem dois tipos de leis: Apodíticas e Casuísticas. Nas leis Apodíticas, os mandamentos têm início com um não – exemplo: Os dez mandamentos (Ex.20:3-17). As Casuísticas são leis em situações específicas (Lv.20:9-18,20,21; Dt.15:7-17).

b) Gênero Narrativo. Apresenta a história contada com o intuito de transmitir uma mensagem. Tipos: Epopeia, Épico, Tragédia e Romance.

  • No gênero Epopeia aparecem as narrativas dos feitos de um herói nacional. Por exemplo: Abraão, Gedeão, Davi.
  • No gênero Épico aparecem as narrativas de pessoas com façanhas militares. Por exemplo: a vida dos israelitas no deserto e a conquista de Canaã.
  • No gênero Tragédia aparecem história da decadência de um indivíduo, da fama e honradez ao desastre e a miséria. Exemplos: Sansão, Saul, Salomão.
  • No gênero Romance descreve a vida amorosa entre um homem e uma mulher. Aparece este tipo de gênero nos livros de Rute e de Cânticos dos Cânticos.

c) Gênero Poético. Além da poesia hebraica encontrada nos livros de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cânticos dos Cânticos o gênero da poesia também aparece no Pentateuco e nos livros proféticos. Na poesia hebraica do Antigo Testamento é usada abundantemente as formas literárias do paralelismo entre as frases. O livro dos provérbios se destaca nesse aspecto; encontramos nele muitos paralelismos.

d) Gênero Profético. O gênero profético é muito encontrado na Bíblia. O gênero profético não significa adivinhação; o profeta manifestava ao povo a vontade de Deus com sermões e palavras duras, com sinais, exortações e oráculos.

e) Gênero Apocalíptico. Este gênero literário se apresenta com abundância de símbolos, imagens, visões e revelações. No Antigo Testamento, essa literatura apareceu com mais frequência em momentos de grande perseguição contra os judeus. Neste gênero literário aparece o confronto entre os justos e os ímpios, com resultados de recompensa. No livro de Daniel e Ezequiel encontramos este tipo de gênero.

f) Gênero Sapiencial. Este gênero mostra a sabedoria dos simples, que é a sabedoria da vida cotidiana – os Provérbios; ou mostra uma sabedoria que reflete a crise de fidelidade a Deus - exemplo: a história de Jó; mostra uma sabedoria que reflete a crise na própria sabedoria - “vaidade das vaidades tudo é vaidade” (Ec.12:8). 

(Extes conceitos foram extraídos do livro “Introdução Geral à Bíblia Sagrada”, de Norman L. Gleisler).

Os gêneros literários do Novo Testamento

a) Gênero do Evangelho. O evangelho é considerado um gênero literário e não pode ser visto simplesmente como uma biografia histórica da vida de Jesus. Isso ficou evidente na conclusão do Evangelho de João: Há, porém, muitas outras coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma, creio que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam” (João 21:25). O Evangelho contém material biográfico sobre Cristo, que as comunidades transmitiam oralmente e depois os evangelistas escreveram. Na verdade, no evangelho encontramos a pregação de Jesus e a atividade da comunidade primitiva. No evangelho encontramos ainda: Parábolas, narrativas de milagres, cânticos, provérbios, sentenças do Antigo Testamento encaixadas no texto, genealogias, histórias da infância de Jesus, narrativas etc.

b) Gênero Epistolar. Este gênero literário encontramos em grande parte do Novo Testamento. São ao todo 21 Cartas, a maioria de Paulo, mas também de Tiago, Pedro, Judas, João. O uso de cartas para a comunicação entre as pessoas do Império Romano era muito comum e tornou-se depois útil dentro dos objetivos da evangelização. Era um meio muito prático e popular. A obra da evangelização não se omitiu deste tipo de literatura. Em uma Epístola existe uma variante de temas, abordados em forma sistemática, na forma de uma circular dirigida a várias comunidades. Geralmente no final das Cartas aparece a parte parenética, ou exortações à comunidade, como um gênero próprio das Epístolas/Cartas.

c) Gênero narrativo. No livro dos Atos dos Apóstolos, como o nome diz, narra a atividade dos apóstolos, principalmente de Pedro e Paulo nas primeiras comunidades.

d) Gênero das genealogias. Este gênero literário tem um estilo típico, e usa formas esquemáticas rígidas. Por exemplo, as genealogias de Jesus encontrada na abertura do evangelho de Mateus.

e) Gênero Apocalíptico. No Novo Testamento a sua maior ênfase tem destaque no último livro da Bíblia - o Apocalipse. Em outros livros do Novo Testamento também pode ser verificado. Neste estilo literário aparecem símbolos, figuras, visões e revelações.

Figuras de Linguagem

Os autores sagrados também fizeram uso de figuras de linguagem, tais como: o emprego de parábolas e enigmas (Jz.14:14; Ez.17:2); de alegorias (Gl.4:22-24; Hb.9:9; Tg.3:3-5); de hipérboles (João 21:35; Cl.1:23); de metáforas e símiles (Zc.2:8; Tg.3:3-5); de vocabulário simples ou rebuscado a depender do grau de instrução do escritor (2Pd.3:15,16). “O emprego dos recursos literários evidencia a cultura do escritor, mas em hipótese alguma invalida a inspiração da Palavra de Deus (Pv.2:6; Tg.1:17)” (Douglas).

As riquezas dos gêneros literários encontrados na Bíblia não se esgotam nestes apresentados acima, existem muitos outros, que juntamente com as formas literárias próprias vão dando forma ao texto bíblico. Descobrir e conhecer esta riqueza que existe no texto sagrado é um fator muito importante que é acrescentado ao estudo exaustivo das Sagradas Escrituras.

4. A linguagem do senso comum

Embora a Bíblia tenha sido gerada e comunicada por Deus ao homem, quem escreveu foi o homem, e esta escrita é a participação humana na elaboração das Escrituras. A escrita dos textos bíblicos é a “forma” do texto, ou seja, o modo como ele foi escrito, a maneira como a mensagem foi redigida. Esta “forma” é humana, tanto que, ao analisarmos os textos bíblicos, notamos que há uma mudança de estilo, de língua e de vocabulário entre os diversos autores da Bíblia.

Quanto à língua original usada pelos autores: o Antigo Testamento foi escrito em hebraico e aramaico; já o Novo Testamento, em grego.

Quanto ao estilo usado: o estilo de um Moisés, criado em toda a ciência do Egito, é bem diferente do estilo de um boiadeiro, como é Amós; sem falarmos que as figuras de linguagem e as palavras utilizadas por Moisés ou pelo autor dos livros de Samuel diferem daqueles empregados pelos escritores do Novo Testamento. Tudo isto nos mostra, claramente, que, embora a mensagem seja de Deus, há a intervenção da individualidade de cada autor; não no “conteúdo”, não na “mensagem”, pois, se assim fosse, não se teria a perfeita e extraordinária harmonia e unidade que a Bíblia apresenta, mesmo havendo mais de um milênio e meio entre o início e o término da sua elaboração, mas na “forma” de cada um.

É por isso, aliás, que, muitas vezes, temos dificuldade de entender visões recebidas pelos escritores bíblicos, notadamente nos textos proféticos, uma vez que, dentro da individualidade e realidade vivida de cada escritor, ele tendia a descrever o que via. Embora seja um registro fiel daquilo que o Senhor lhe mostrava, é algo que, quase sempre, está fora do contexto cultural dos nossos dias, da nossa realidade presente. Esta dificuldade, porém, é mais uma comprovação de que a Bíblia é um Livro único no mundo, pois, além de ser a Palavra de Deus, é resultado da individualidade de cada homem santo inspirado pelo Espírito Santo.

Embora os escritores da Bíblia utilizaram um estilo literário mais conveniente com a cultura de sua época para transmitir a mensagem de Deus, em determinadas situações utilizaram linguagem de senso comum, como bem explica o pr. Douglas Baptista: “na linguagem de fenômenos científicos, por exemplo, os autores sagrados usaram a fraseologia comum e popular. Para citar um dos casos, ao descrever a herança dos rubenitas, também dos gaditas e à meia tribo de Manasses, Josué fez alusão ao “nascer do sol” (Js.1:15); e, na batalha contra os amorreus, ele registrou que o “sol parou” (Js.10:13). Essa linguagem não ignora os fundamentos científicos, nem desacredita a inspiração da Palavra de Deus, apenas busca alcançar a compreensão de todos (1Co.14:9-11)”.

III. O ESPÍRITO SANTO E A BÍBLIA

1. A Inspiração do Antigo Testamento

O Antigo Testamento vindica para si a inspiração divina, com base no fato de se apresentar perante o povo de Deus e ser por esse povo recebido como pronunciamento profético. Os livros escritos pelos profetas de Deus eram conservados em lugar sagrado. Moisés colocara sua lei na Arca de Deus (Dt.10:2). Mais tarde, ela seria mantida no tabernáculo, para ensino das gerações futuras (Dt.6:2). Cada profeta, depois de Moisés, acrescentou seus escritos sagrados à coleção existente. Aliás, o segredo da inspiração do Antigo Testamento está na função profética de seus escritores.

Segundo Norman L. Geisler e Willian E.Nix, os escritores do Antigo Testamento eram profetas. O profeta era o porta-voz de Deus. As funções do profeta ficam esclarecidas nas várias menções que a ele se fazem. O profeta era chamado homem de Deus (1Rs.12:22), o que revela ser ele escolhido por Deus; era chamado servo do Senhor (1Rs.14:18), o que mostra sua ocupação; era chamado de mensageiro do Senhor (Is.42:19), o que assinala sua missão a serviço de Deus; era chamado de vidente (Is.30:10), o que revela a fonte apocalíptica de sua verdade; era chamado de homem do Espírito (Oséias 9:7), o que demonstra quem o levava a falar; era chamado de atalaia (Ez.3:17), o que manifesta sua prontidão em realizar a obra de Deus. Acima de todas estas designações, entretanto, sobressai a de “profeta”, ou seja, o porta-voz de Deus.

Em razão do próprio chamado, o profeta era alguém que se sentia como Amós - “Falou o Senhor Deus, quem não profetizará?” (Am.3:8); ou como outro profeta, que disse: “… eu não poderia desobedecer à ordem do Senhor meu Deus, para fazer coisa pequena ou grande” (Nm.22:18). Assim como Arão havia sido porta-voz de Moisés (Êx.7:1), pois deveria falar “todas as palavras que o Senhor havia dito a Moisés” (Êx.4:30), assim também os profetas de Deus deveriam falar somente aquilo que o Senhor lhes ordenasse. Assim dissera Deus aos profetas: “Porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar” (Dt.18:18). Além disse, Deus disse mais: “Nada acrescentareis ao que vos ordeno, e nada diminuireis” (Dt.4:2). Como afirma o profeta Amós, “certamente o Senhor Jeová não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Amós 3:7). Em suma, profeta era aquele que dava a saber o que Deus lhe havia revelado.

Segundo Norman L. Geisler, todos os autores tradicionais do Antigo Testamento são denominados profetas, seja como título, seja como função. Se alguns não eram profetas por vocação, mas todos possuíam o dom da profecia. Assim confessou Amós, que era boiadeiro: “… eu não era profeta, nem filho de profeta […]. Mas o Senhor […] me disse: Vai, profetiza ao meu povo Israel” (Am.7:14,15). Davi, a quem se atribui a criação de quase metade dos salmos, exercia a função de rei; no entanto, assim testificou esse rei: “O Espírito do Senhor fala por mim, e a sua palavra está na minha boca” (2Sm.23:2). O Novo Testamento acertadamente o denomina profeta (Atos 2:30). De modo semelhante, o rei Salomão, autor dos livros de Cântico dos Cânticos, Provérbios e Eclesiastes, teve visões da parte do Senhor (1Rs.11:9). De acordo com Números 12:6, as visões eram um meio de Deus mostrar ao povo quem eram seus profetas. Embora Daniel fosse estadista, o próprio Senhor Jesus o denominou profeta (Mt.24:15).

Moisés, o grande legislador e libertador de Israel, é denominado profeta (Dt.18:15; Os.12:13). Josué, sucessor de Moisés, era considerado profeta de Deus (Dt.34:9). Samuel, Natã e Gade foram profetas que escreveram (1Cr.29:29), da mesma forma que Isaías, Jeremias, Ezequiel e os doze profetas menores. Samuel fundou uma escola de profetas (1Sm.19:20), cujos alunos mais tarde se chamariam “filhos dos profetas” (2Rs.2:3).

Existem inúmeros testemunhos nos livros das Crônicas segundo os quais os profetas guardavam com cuidado as histórias sagradas e as mensagens de Deus proferidas por eles. A história de Davi havia sido escrita pelos profetas Samuel, Natã e Gade (1Cr.29:29). A história de Salomão foi registrada por Natã, Aías e Ido (2Cr.9:29). O mesmo aconteceu no caso das histórias de Roboão, de Josafá, de Ezequias, de Manasses e de outros reis (cf. 2Cr.9:29; 12:15; 13:22; 20:34; 33:19; 35:27).

Na época do exílio babilônico, no século VI a.C., Daniel se referiu à compilação de escritos proféticos dando-lhe o nome de “livros” (Dn.9:2). De acordo com Ezequiel (Ez.13:9), havia um registro oficial dos verdadeiros profetas de Deus. Todo aquele que transmitisse profecias falsas era excluído do rol oficial. Só os verdadeiros profetas de Deus eram oficialmente reconhecidos, e só os escritos desses profetas eram guardados ao lado dos escritos inspirados. Desde os tempos mais remotos de que temos registro, todos os 39 livros do Antigo Testamento já compunham esse acervo de escritos proféticos.

Em suma, quase todos os livros do Antigo Testamento oferecem alguma vindicação de inspiração divina. Às vezes se trata de autoridade implícita, mas em geral há uma declaração explícita do tipo “assim diz o Senhor”. Do início ao fim, a doutrina da inspiração do Antigo Testamento está solidamente instalada em numerosos trechos, os quais sustentam sua origem e inspiração divina.

2. A Inspiração do Novo Testamento

Os apóstolos e profetas do Novo Testamento não hesitaram em classificar seus escritos como inspirados, ao lado do Antigo Testamento. Seus livros eram respeitados, colecionados e circulava no princípio da Igreja como Escrituras Sagradas.

Segundo Norman L. Geisler, há dois movimentos básicos na compreensão das reivindicações do Novo Testamento a respeito de sua inspiração. Primeiramente temos a promessa de Cristo de que o Espírito Santo guiaria os discípulos no ensino de suas verdades, que constituem o fundamento da Igreja. Em segundo lugar, há o cumprimento aclamado disso no ensino apostólico e nos escritos do Novo Testamento.

Os discípulos de Cristo não se esqueceram da promessa do Senhor. Eles pediram-lhe que seu ensino tivesse exatamente o que Jesus lhes havia prometido: a autoridade de Deus. E eles o fizeram de várias maneiras: dedicando-se ao que sabiam ser a continuação do ministério de ensino de Cristo, crendo fervorosamente que seus ensinos teriam a mesma autoridade e poder do Antigo Testamento e afirmando de modo específico em seus escritos que eles tinham a autoridade de Deus.

Lucas afirma ter apresentado um relato exato de “tudo o que Jesus começou não só a fazer, mas também a ensinar” em seu evangelho. Ele dá a entender que Atos dos apóstolos registra o que Jesus continuou a fazer e a ensinar mediante seus apóstolos (Atos 1:1; cf. Lc.1:3,4). Na realidade, segundo consta, a primeira Igreja se caracterizava pela devoção ao “ensino dos apóstolos” (Atos 2:42). Até mesmo os ensinos de Paulo, que se baseavam nas revelações diretas de Deus (Gl.1:11,12), estavam sujeitos à aprovação dos apóstolos (Atos 15). A própria Igreja do Novo Testamento, como se sabe, foi edificada “sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas [do Novo Testamento]” (Ef.2:20; cf. 3:5).

É verdade que as declarações orais dos apóstolos que viviam na época tinham a mesma autoridade de seus escritos (1Ts.2:15), e também é verdade que os livros do Novo Testamento são o único registro autêntico do ensino apostólico de que dispomos hoje. A restrição de que todo membro dos doze apóstolos devia ser testemunha ocular do ministério e da ressurreição de Jesus Cristo (Atos 1:21,22) elimina a sucessão apostólica que não passaria do século I. E o fato de não existir ensino apostólico autêntico além do encontrado no Novo Testamento, limita tudo quanto os apóstolos ensinaram ao que se encontra no Novo Testamento, isto é, aos seus 27 Livros. Ao lado do Antigo Testamento, esses Livros são considerados inspirados, dotados de autoridade divina, visto que só eles são verdadeiramente apostólicos ou proféticos.

Em suma, Cristo prometeu que todo o ensino apostólico seria dirigido pelo Espírito Santo. Os Livros do Novo Testamento são o único registro autêntico que temos do ensino apostólico. Daí decorre que só o Novo Testamento pode reivindicar para si o título de registro autorizado dos ensinos de Cristo.

A inspiração do Novo Testamento, portanto, baseia-se na promessa de Cristo de que seus discípulos seriam dirigidos pelo Espírito Santo em seus ensinos a respeito do Senhor Jesus. Os discípulos creram nessa promessa e a assimilaram, havendo claros indícios de que os próprios autores do Novo Testamento, bem como os de sua época, reconheceram o cumprimento dessas promessas. Criam em que o Novo Testamento havia sido divinamente inspirado, pelo que, desde os primórdios do início dos registros cristãos, tem havido apoio unânime à doutrina da inspiração do Novo Testamento, em igualdade de condições com o Antigo Testamento.

3. A obra da regeneração e a iluminação

A Palavra de Deus afirma que o homem no pecado está morto; foi o que afirmou Paulo: ”E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados” (Ef.2:1). Morte significa separação. No sentido espiritual, o homem no pecado está separado de Deus. A única maneira desse homem voltar a ter comunhão com Deus é recebendo uma nova vida, através do nascer de novo, ou seja, da regeneração. Quando Nicodemos se encontrou com Jesus, Este não se sentiu lisonjeado com as belas palavras proferidas por aquele, mas foi direto ao seu verdadeiro problema. Nicodemos embora fosse um homem rico, culto, de grande projeção social e, também, religioso, espiritualmente estava morto e seu maior problema era a Salvação – “Jesus respondeu e disse-lhe: na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode entrar no Reino de Deus” (João 3:3).

Nascer de Novo é a primeira condição para todo aquele que quiser receber a Salvação. Nicodemos não entendeu e pensou como ainda pensam os espíritas: pensou que o nascer de novo significava tornar a nascer do ventre da mãe. Assim, para que não pairasse qualquer dúvida sobre a reencarnação como sendo o “nascer de novo”, o Senhor Jesus explicou que se fosse possível tornar a nascer, no sentido físico, quantas vezes a pessoa pudesse nascer, em nada iria mudar, ou seja, nasceria sempre com a velha natureza carnal. Assim, o Senhor Jesus lhe disse: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (João 3:6).

No processo da Regeneração, o Espírito Santo testifica de Cristo e convence a pessoa do pecado, da justiça e do juízo (João 15:26; 16:8-11). Assim, o Espírito Santo produz a fé regeneradora (Ef.2:8) na pessoa, que vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Rm.10:17). Segundo o pr. Douglas Baptista, “sem o mover do Espírito Santo não é possível nem aceitar e nem entender a Palavra de Deus (Mt.13:15; 1Co.2:14). Essa ação em conduzir o pecador a compreender as verdades bíblicas chama-se iluminação (Ef.1:18). Porém, ressalta-se que o Espírito Santo ilumina o que Ele já tem inspirado, não se tata de nenhuma nova revelação (Gl.1:8,9)”.

Portanto, é somente o Espírito Santo quem pode operar no homem o milagre do Novo Nascimento ou Regeneração. Foi o que afirmou Paulo: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a sua misericórdia nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tito 3:5). Portanto, a Regeneração não significa retornar a velha natureza, mas significa transformar o velho homem numa nova criatura. Foi isso o que Paulo queria dizer quando declarou: “Assim, que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já se passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co.5:17).

Através deste nascer de novo o homem se torna participante da natureza de Deus, recebendo a adoção de filho. Sem o novo nascimento o homem será sempre criatura de Deus, não filho. Foi por isto que o apóstolo João, quando escreveu aos crentes que já haviam passado pela experiência do Novo Nascimento, disse: ”Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (1João 2:2).

CONCLUSÃO

A Bíblia é inspirada por Deus e fornece evidências plausíveis desse fato para aqueles que estão dispostos a investigar; é a única revelação escrita de Deus para toda a humanidade. Ela sobreviveu para contar sua mensagem de Cristo e da salvação de geração a geração. Mattew Henry, um dos maiores expositores das Sagradas Escrituras, é categórico ao referir-se à inspiração da Bíblia: “As palavras das Escrituras devem ser consideradas palavras do Espírito Santo”. Como não concordar com Henry? Basta ler a Bíblia para sentir, logo em suas palavras iniciais, a presença do Espírito Santo. Paulo afirma: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra” (2Tm.3:16,17). Muitos liberais aproximam-se das Escrituras carregados de ceticismo e contestando toda inspiração, inerrância e infalibilidade. Há aqueles que, enganosamente, afirmam que as Escrituras apenas contêm a Palavra de Deus, mas não são a Palavra de Deus. Outros negam sua historicidade e tentam, jeitosamente, explicar seus registros históricos e seus milagres de forma metafórica. Todavia, permanece a verdade inabalável de que toda as Escrituras Sagradas são inspiradas por Deus; elas são a própria Palavra de Deus.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Rev. Hernandes Dias Lopes. 2Timóteo – o testamento de Paulo à Igreja.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. Inspiração divina e Autoridade da Bíblia. PortalEBD_2017.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. A Bíblia, a Inspirada e Inerrante Palavra de Deus.PortalEBD_2006.

Norman L Geisler. Introdução geral à Bíblia. Vida Nova.