domingo, 20 de fevereiro de 2022

Aula 09 – AS HISTÓRIAS E AS POESIAS FALAM AO CORAÇÃO

 

Trimestre de 2022


Texto Base: Deuteronômio 6.20-25; Salmos 119.105-108


 “Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra” (Sl.119:107).

Deuteronômio 6:

20.Quando teu filho te perguntar no futuro, dizendo: Que significam os testemunhos, e estatutos e juízos que o Senhor nosso Deus vos ordenou?

21.Então dirás a teu filho: Éramos servos de Faraó no Egito; porém o Senhor, com mão forte, nos tirou do Egito;

22.E o Senhor, aos nossos olhos, fez sinais e maravilhas, grandes e terríveis, contra o Egito, contra Faraó e toda sua casa;

23.E dali nos tirou, para nos levar, e nos dar a terra que jurara a nossos pais.

24.E o Senhor nos ordenou que cumpríssemos todos estes estatutos, que temêssemos ao Senhor nosso Deus, para o nosso perpétuo bem, para nos guardar em vida, como no dia de hoje.

25.E será para nós justiça, quando tivermos cuidado de cumprir todos estes mandamentos perante o Senhor nosso Deus, como nos tem ordenado.

Salmos 119:

105.Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.

106.Jurei, e o cumprirei, que guardarei os teus justos juízos.

107.Estou aflitíssimo; vivifica-me, ó Senhor, segundo a tua palavra.

108.Aceita, eu te rogo, as oferendas voluntárias da minha boca, ó Senhor; ensina-me os teus juízos.

INTRODUÇÃO

Dando prosseguimento ao estudo das Sagradas Escrituras, veremos nesta Aula uma visão panorâmica dos livros históricos e poéticos; trataremos das experiências e das instruções relatadas nesses livros, cuja mensagem fortalece os nossos corações.

Os estudiosos cristãos das Escrituras dividiram o Antigo Testamento em quatro partes: a Lei (idêntica à Torah judaica); Livros Históricos (Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester), Livros Poéticos (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares); e Livros Proféticos (Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Ageu, Sofonias, Zacarias e Malaquias). Em razão desta classificação é que foi feita a disposição dos livros em nossa Bíblia. Os livros históricos valem-se da literatura chamada de “narrativa” para contar as histórias do povo de Deus. Os livros poéticos e de sabedoria recorrem ao “texto lírico” com o propósito de despertar sentimentos. Os escritos bíblicos em prosa e poesia revelam a sabedoria divina, que deve ser aplicada em nosso viver diário; essas mensagens servem de bom remédio e conservam saudável o nosso espírito, alma e corpo (Pv.17:22).

I. AS HISTÓRIAS DO ANTIGO TESTAMENTO

As histórias da Bíblia dão testemunho da fidelidade e misericórdia divinas.

1. Os livros históricos

Os Livros históricos são os registros da experiência das pessoas da Antiga Aliança que tiveram com Deus, e da posse da Terra Prometida. O pr. Douglas, citando Gordon Fee, enfatiza que as narrativas históricas da Bíblia não são meramente das pessoas que viveram no período da Antiga Aliança, mas são, antes de tudo, narrativas históricas acerca daquilo que Deus fez para aquelas pessoas e através delas.

Os livros históricos são: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. Estes livros retratam a história de Israel desde a entrada em Canaã (cerca de 1.400 a.C.) até o tempo de Esdras e Neemias (cerca de 400 a.C.). O Livro de Josué encabeça o rol desses livros históricos. A narrativa desse Livro relata a história da nação, desde a travessia do Jordão (Js.3:14-17) até a morte de Josué aos 110 anos de idade (Js.24:29).

Josué, sem dúvida alguma, é o personagem que predomina na fase da conquista da terra prometida, tendo sido fiel na sua incumbência de substituir Moisés na liderança do povo; embora fosse uma missão bastante árdua, o Senhor esteve com ele desde quando foi chamado (Dt.31:7,8; 34:7-12; Js.1:1-11). Já no início da conquista, Deus confirma o chamado de Josué aos olhos de todo o povo ao parar as águas do Jordão para que Israel atravessasse em seco para o lado ocidental da terra de Canaã (Js.3:1-7, 15-17), bem defronte de Jericó. Esta cidade era a primeira a ser conquistada, e mais uma vez o Senhor mostra o seu poder ao entregá-la milagrosamente nas mãos de Israel (Js.6:20,21,24,25). Nesse período, Israel experimentou, dentre outros, a fidelidade divina ao desfrutar da promessa feita aos patriarcas (Gn.17:3-8; Êx.3:13-17). A providência divina como na travessia do Jordão e na queda de Jericó (Js.4:7; Js.6:20), a proteção e a vitória sobre os inimigos (Js.24:1), dentre outros relatos, demonstram que Deus controla o curso da história e cumpre as suas promessas (Js.21:45).

2. As histórias dos Juízes

As histórias dos juízes são relatadas no livro de Juízes. Nele são contadas as histórias dos filhos de Israel à época em que se estabeleceram na terra de Canaã após a morte de Josué até o nascimento de Samuel (aproximadamente 1400 a.C.–1000 a.C.). Além da curta narrativa do livro de Rute, Juízes fornece o único relato bíblico desse período. O Livro descreve um ciclo que se repetiu inúmeras vezes durante o reinado dos juízes. Como os israelitas não conseguiram acabar com as influências iníquas da terra prometida, envolveram-se em pecados e foram conquistados e afligidos por seus adversários. Após os israelitas clamarem ao Senhor pedindo ajuda, Ele enviou juízes para libertá-los de seus inimigos. No entanto, os israelitas logo voltaram a pecar, e esse ciclo se repetiu (ver Juízes 2:11–19) - ciclos de pecado da nação, servidão a estrangeiros, súplica ao Senhor e salvação através de libertadores (os juízes).

Israel havia mergulhado na anarquia (Jz.17:6; 21:25) e na desobediência. Nessa época, não havia rei em Israel (Jz.18:1), e cada um andava como queria (Jz.21:25). Por essa razão, a nação entrou em declínio espiritual e fez o que parecia mal aos olhos do Senhor (Jz.3:7). Como resultado, os israelitas foram subjugados pelas nações vizinhas (Jz.3:8,12; 6:1; 10:7). Apesar disso, mediante o arrependimento do povo, Deus levantava libertadores para resgatar Israel da opressão (Jz.3:9,15; 6:7; 10:10). Os juízes eram muito mais do que julgadores, eles eram libertadores (Jz.2:16,19; 3:9) usados por Deus para que a nação não fosse totalmente destruída durante aquele período. Essas histórias apontam para a fidelidade e a misericórdia divinas (2Tm.2:13).

O primeiro juiz que encontramos no livro de Juízes é Otiniel; o último foi Sansão, totalizando o número de 12 juízes. São eles: Otiniel; Eúde; Sangar; Débora (e Baraque); Gideão; Tola; Jair; Jefté; Ibsã; Elom; Abdom; Sansão. O nome de Abimeleque não é contado por ter sido um usurpador (cf. Jz.cap.9). Entretanto, se considerarmos os juízes além do período do livro, teremos os nomes de Eli (1Sm.4:18) e de Samuel (1Sm.7:15), sendo este último, não somente juiz, mas também profeta e sacerdote. O nome de Samuel faz parte da transição entre os juízes e a monarquia e é considerado como o último e o maior dos juízes.

3. As histórias dos Reis

As histórias dos reis de Israel, que começa com a história do rei Saul, estão descritas em vários livros, a saber: 1Sm.10:1-31; 2Samuel; 1 e 2 Reis; 1 e 2 Crônicas. Vale lembrar que a maior parte dos profetas canônicos, exceto seis deles (Daniel, Ezequiel, Obadias, Ageu, Zacarias e Malaquias), profetizaram durante a época dos reis; portanto, estes livros correspondem a esta época e possuem dados importantes sobre este período. Soma-se a isto, o fato de 73 dos Salmos serem de autoria de Davi e 1 de Salomão. Os livros de Provérbios, Cantares e Eclesiastes também correspondem ao período dos reis de Israel, pois foram escritos pelo rei Salomão.

O período dos reis se divide em duas partes, a saber: a) Reino unido, quando Israel ainda não havia se dividido em reino do norte e reino do sul. Neste período reinaram Saul, Davi e Salomão; b) Reino dividido, quando Israel foi divido em duas partes; o reino do Norte ficou com dez tribos e o reino do Sul com duas tribos.

Por volta do ano 1050 a.C., o primeiro rei de Israel, Saul, foi ungido por Samuel (1Sm.10:1, entretanto, sua confirmação perante o povo aconteceu em Mispa (1Sm.10:17-27) e a proclamação definitiva ocorreu em Gilgal (1Sm.11:14,15). Saul era o rei que o povo escolheu; Deus lhes deu um rei segundo a vontade deles - de boa aparência e grande estatura (1Sm.10:23,24). Seu reinado foi bom apenas no primeiro ano, mas logo começou a mostrar o seu coração. Sua queda começou quando decidiu oferecer sacrifícios em Gilgal, ao invés de aguardar a chegada de Samuel, conforme lhe fora ordenado. Por não ser sacerdote, isto não era da sua competência. Saul foi desobediente a Deus e a Samuel; foi impaciente e decidiu fazer as coisas da sua própria maneira e não conforme os mandamentos do Senhor, sendo, portanto, rejeitado o seu reinado pelo Senhor (1Sm.13:13,14). Deus escolheu outro para ser rei (1Sm.13:14). Davi foi escolhido como seu substituto (1Sm.8:5; 9:17).

Davi saiu do exílio ao Trono de Israel. Ele estava em Ziclague, último “estágio” do seu exílio, quando o exército de Saul foi abatido diante dos filisteus (cf. 2Sm.1:1). De lá, após a morte de Saul, ele dirigiu-se a região de Judá; antes, porém, ele consultou o Senhor se Ele aprovava a sua decisão; e ele foi instruído pelo Senhor a ir para Hebrom, que ficava cerca de trinta quilômetros a sudoeste de Jerusalém (2Sm.1:1) - “E sucedeu, depois disso, que Davi consultou ao SENHOR, dizendo: Subirei a alguma das cidades de Judá? E disse-lhe o SENHOR: Sobe. E disse Davi: Para onde subirei? E disse: Para Hebrom”. Em Hebrom, os seus habitantes se ajuntaram e “ungiram a Davi rei sobre a casa de Judá” (2Sm.2:4) - “Então, vieram os homens de Judá e ungiram ali a Davi rei sobre a casa de Judá...” (2Sm.2:2-4).

Por sete anos e seis meses, Davi reinou somente sobre a tribo de Judá, tendo Hebrom como sua capital. Ele aceitou ser rei de uma única tribo, até que o Senhor lhe abrisse a porta para reinar sobre todo Israel. Davi não se precipitou para assumir o controle da nação inteira. Antes de tomar uma decisão difícil, buscava o Senhor (2Sm.2:1).

Sete anos e meio mais tarde, Davi tornou-se rei da nação inteira (2Sm.5:1-5); reinou sobre as doze tribos por 33 anos, totalizando quarenta anos de reinado (2Sm.5:4,5). Foi somente no governo de Davi que houve a apropriação de todo território prometido a Abraão (ver Gn.15:18) - “Da idade de trinta anos era Davi quando começou a reinar; quarenta anos reinou. Em Hebrom reinou sobre Judá sete anos e seis meses; e em Jerusalém reinou trinta e três anos sobre todo o Israel e Judá” (2Sm.5:4,5).

Após a morte de Davi, Salomão, seu filho, assumiu o trono, e após a sua morte, o reino foi dividido em duas partes - Reino do Norte e Reino do Sul. Com o passar do tempo, ambos os reinos rebelaram-se contra Deus, e por causa disso Deus os levou para o exílio. Em 722 a.C., Israel foi conquistado pelos Assírios. Em 586 a.C., Judá caiu diante da Babilônia. Contudo, em 539 a.C., cumprindo sua promessa, Deus restaurou o trono de Davi. E, do reino de Judá, a esperança messiânica se cumpriu em Jesus (Lc.1:32,33). Essas narrativas mostram que os planos do Senhor não podem ser frustrados (Jó 42:2).

II. OS LIVROS POÉTICOS (E DE SABEDORIA) DO ANTIGO TESTAMENTO

1. Os livros sapienciais e poéticos

Como já foi dito na introdução desta Aula, os atuais estudiosos da Bíblia Sagrada dividem os livros do Antigo Testamento em: livros da lei, livros históricos, livros poéticos e livros proféticos. Segundo o pr. Caramuru Afonso, o grupo dos livros poéticos são chamados assim porque são "poesias", ou seja, escritos que têm como ponto-de-vista o mundo interior do autor. Ora, na mente do escritor, basicamente temos dois tipos de faculdades: a sensibilidade e o entendimento. Desta forma, os "livros poéticos" traduzem tanto ensinamentos (resultado do entendimento, da reflexão), como sentimentos (resultado da sensibilidade, das emoções e sensações). Não é de se admirar, portanto, que, no grupo dos livros poéticos, tenhamos tantos livros de ensinamentos (os chamados "livros de sabedoria" ou "livros sapienciais”) como livros de louvores e cânticos.

Os "livros poéticos" são cinco, a saber: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Destes, três são sapienciais - Jó, Provérbios e Eclesiastes; e dois são livros de louvores e cânticos - Salmos e Cantares de Salomão. Entre os hebreus, todos eles estão classificados entre os "Ketuvim" (outros escritos), que constitui na última parte do cânon judaico, que se inicia, precisamente, com os Salmos. Jesus fez menção a esta parte do cânon judaico: “A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos” (Lc.24:44).

2. Eclesiastes, Provérbios e Jó

- Eclesiastes. “Eklesiastes”, significa "orador de uma assembleia convocada"; deriva do termo “eklêsia”, que é a palavra do Novo Testamento para "igreja". Aparentemente, Salomão, já perto do fim de uma vida desperdiçada em busca das coisas deste mundo, foi levado ao arrependimento pela repreensão do Senhor (1Rs.11:9-13). Muito provavelmente, foi nesta ocasião que ele escreveu, sob a inspiração do Espírito Santo, a respeito da futilidade de suas buscas materialistas e seus esforços para encontrar paz alegria nas coisas temporais. A perspectiva de Salomão na época em que ele escreveu é a chave para entender o livro de Eclesiastes de modo apropriado, e para explicar o seu pessimismo geral. Salomão escreve do mesmo ponto de vista em que tinha vivido a maior parte da sua vida, a de alguém "debaixo do sol" (Ec.1:3,30).

A aplicação deste livro à vida cristã é vista pelo fato de que Salomão está advertindo aqueles fiéis que tinham sido atraídos pelos valores, riquezas e filosofias deste mundo a retornarem de seus caminhos esbanjadores. Os que não são crentes são advertidos pelo próprio exemplo de Salomão, de que a vida, sem Cristo, na melhor das hipóteses, é apenas vaidade. No final do livro Salomão dá o célebre conselho: “Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec.12:14).

- Provérbios. Segundo Hernandes Dias Lopes, este Livro é um manual de sabedoria para a vida. Sabedoria divina, e não sabedoria deste século. Sabedoria do alto, e não sabedoria da terra. Sabedoria que nos toma pela mão e nos conduz em segurança por caminhos aplanado de sanidade e santidade, justiça e misericórdia, fidelidade e amor. Provérbios abrange todas as áreas da vida. Trata da vida pessoal e familiar. Aborda o trabalho e o lazer. Enfatiza o relacionamento com Deus e com as pessoas. Destaca a necessidade de sermos justos e também misericordiosos. Estabelece a necessidade de sermos criteriosos com as ações e as motivações, com as palavras e os pensamentos.

- Jó. O livro de Jó é um belo exemplo de poesia hebraica, ainda que, na verdade, nem todo o livro tenha forma poética. O prólogo (Jó 1; 2) e o epílogo (Jó 42:7-16) estão escritos em prosa. O drama do sofrimento de Jó, o estilo majestoso e a natureza das discussões ajudaram a tornar o livro de Jó universalmente aceito como uma obra-prima literária. O propósito do livro é mostrar a sabedoria insondável da providência e benevolência de Deus, até mesmo nas provações trazidas aos seus filhos. Ele também explica por que o Senhor permite que as pessoas justas sofram: para expor a sua fragilidade e o seu caráter pecaminoso, para fortalecer a sua fé, e para purificá-las. A perspectiva espiritual do relato e o fato de que o Eterno exerce controle total sobre Satanás incentivam a confiança completa em Deus.

3. Salmos e Cantares de Salomão

- Salmos. O livro de Salmos é uma coletânea das obras de, pelo menos, seis autores. Os títulos dos salmos creditam a Davi a autoria de setenta e três salmos, e dois outros são atribuídos a ele nas páginas do Novo Testamento (Salmo 2, cf. At.4:25; Salmo 95, cf. Hb.4:7). Asafe foi o autor de doze salmos (Salmos 50; 7 a 83), ou, pelo menos, é o responsável pela preservação deles. Os filhos de Cora escreveram onze (Salmos 42; 44 a 49; 84; 85; 87; 88); Salomão escreveu dois (Salmos 72 e 127); o salmo 89 é atribuído a Etã; Moisés é o autor do salmo 90 (e possivelmente do salmo 91).

Os salmos transmitem poderosamente os sentimentos que são comuns aos crentes de todas as eras. Eles são intimamente pessoais, pelo fato que exploram todo o campo das emoções humanas: do profundo desespero ao prazer extasiado; de um desejo por vingança a um espírito de humildade e perdão; de uma súplica fervorosa a Deus, pedindo proteção, ao louvor jubiloso pela sua libertação. O princípio geral que pode ser visto em todos os salmos é o de que os autores têm uma confiança serena na orientação e na provisão de Deus.

Myer Pearlman expressa assim acerca do Livro de Salmos:

O livro dos Salmos é uma coletânea de poesia hebraica inspirada pelo Espírito Santo; descreve a adoração e as experiências espirituais do povo de Deus no Antigo Testamento. É a parte mais íntima e pessoal deste testamento, pois nos mostra como era o coração dos fiéis naquele tempo, e a sua comunhão com Deus.

Nos livros históricos da Bíblia, Deus fala acerca do homem; nos livros proféticos, Deus fala ao homem, e nos Salmos, o homem fala a Deus. A alma do crente pode ser comparada a um órgão cujo executor é Deus. Nos Salmos, percebe-se como Deus toca todas as emoções da alma piedosa, produzindo cânticos de louvor, confissão, adoração, ações de graças, esperança e instrução. Até hoje, não foi achada linguagem melhor para que nós nos expressemos diante de Deus. As palavras dos Salmos são a linguagem da alma” (PEARLMAN, Myer. Salmos: adorando a Deus com os filhos de Israel. Rio de Janeiro: CPAD, 2020, p.5).

- Cantares de Salomão. Cantares de Salomão é parte de uma coletânea de livros do Antigo Testamento conhecida como os "Megilloth" (pergaminhos). Os outros livros incluídos neste grupo são Rute, Ester, Eclesiastes e Lamentações. Cantares de Salomão é importante na tradição judaica porque partes dele eram entoadas na Festa anual da Páscoa. Mas, este Livro tem sido o livro mais mal interpretado de todas as Escrituras. Talvez isto seja pelo fato de que é o único livro da Bíblia em que o enredo principal é sobre o "amor humano".

- Alguns interpretam o livro como um retrato literal e histórico do amor humano e do casamento puro. Eles sugerem que nunca se teve em mente um significado figurado ou alegórico. A este grupo pertencem os que dizem que Salomão estava apenas escrevendo um livro sobre o amor profano e cânticos de casamento que têm pouco ou nenhum valor espiritual.

- Outra interpretação do livro é a de que o seu significado é alegórico, e que tudo o que ele diz é figurado. Os que defendem esta teoria dizem que Salomão escreveu sob a inspiração do Espírito Santo, para mostrar o amor do Senhor por Israel e o amor de Cristo pela igreja e por cada crente. Como "esposa" de Cristo, os crentes devem retribuir este amor como obrigados por votos de casamento. A interpretação típica reconhece o cenário histórico, mas crê que os personagens e os relacionamentos são tipos de Cristo e da igreja.

- Alguns sugerem que Cantares de Salomão falam apenas de Salomão e a mulher sulamita, uma interpretação raramente respaldada. Em contraste, muitos acreditam que há três pessoas envolvidas na narrativa: Salomão, a sulamita e o pastor amante (Ct.1:7; 4:7-15). A perspectiva histórica é importante pelo fato de que Salomão e a sulamita estão descrevendo as ramificações do amor puro, ao passo que o pastor está tentando desviar o coração da mulher de Salomão. A ênfase do pastor é mostrar que a mulher foi tirada de sua pátria para o palácio do rei Salomão, como sua esposa, mas ela preferiria estar em casa com o pastor, perto de tudo o que é precioso para ela. O aspecto típico dos personagens diz respeito ao relacionamento de Deus com o seu povo. Salomão representa Deus e Cristo, e a mulher sulamita (como a esposa) representa o seu povo escolhido (Is.54:5,6; Jr.2:2; Ef.5:23-25). Finalmente, o pastor e amante é um retrato do mundo e suas ciladas, que buscam destruir o elo formado entre Deus e o seu povo.

- Segundo o pr. Douglas, o livro de Cantares ilustra o compromisso, a intimidade e o amor que deve existir no casamento. Refere-se ao plano original de Deus acerca do relacionamento conjugal. O versículo-chave sintetiza o ideal da fidelidade entre o marido e a sua mulher: “Eu sou do meu amado, e o meu amado é meu” (Ct.6:3).

III. UMA MENSAGEM AO CORAÇÃO

1. Uma mensagem de soberania

Nas histórias do povo de Deus da Antiga Aliança sobressaem a soberania de Deus; esta soberania é a garantia de que as promessas de Deus jamais falham, e isto é importantíssimo para o fortalecimento de nossa fé. Ao longo da história da humanidade, houve tentativas humanas e diabólicas para impedir os planos de Deus, mas todas elas foram frustradas, haja vista que a vontade de Deus é soberana e nada, absolutamente nada, pode mudar o rumo daquilo que previamente foi estabelecido por Deus para acontecer. Satanás usou todas os seus ardis para que as promessas divinas não fossem cumpridas, inclusive a promessa da encarnação de Cristo, prometida por Deus logo após a queda do homem (Gn.3:15). Satanás foi vencido e Deus cumpriu a sua Promessa, formando um novo povo, a Igreja, através da morte expiatória de Cristo na cruz do Calvário.

Mas, para que o Filho de Deus, o Salvador do mundo, fosse encarnado Deus prometeu escolher um povo dentre todos os povos; esse povo seria Israel, oriundo das entranhas de Abraão. O povo de Israel foi formado, mas logo que herdou a Terra Prometida se desviou do Senhor seu Deus. Na sua obstinação em desobedecer aos ditames de Deus, Israel sofreu progressivas sanções da parte do Senhor, pois Deus corrige a quem ama e castiga a quem quer bem (Hb.12:5-11), numa escalada já prevista na lei de Moisés (Dt.28:15-68), escalada esta que foi rigorosamente cumprida por Deus que chegou a tirar o povo da própria Terra Prometida para Babilônia (2Cr.36:15-21), sem falar na integral destruição das dez tribos do Norte (cf. 2Rs.17:1-18). No entanto, apesar de todos os seus pecados, em Israel sempre houve um remanescente fiel, ou seja, pessoas que, ainda que anônimas e despidas de poder político, social ou econômico, serviam a Deus com sinceridade, obedecendo à Sua Palavra. Em determinado tempo, Deus resgatou da Babilônia o remanescente de Judá conforme a promessa feita a Davi (Ed.9:13). Deus conservou a nação de Judá e assim preparou o caminho para a vinda do Messias prometido (Atos 13:17-23). Assim sendo, nosso coração deve se aquietar, porque Deus é soberano, Ele age na história e nada acontece fora da sua vontade (Mt.10:29,30). Glórias a Deus!

2. Uma mensagem de sabedoria

Sabedoria, segundo a Bíblia, é a capacidade para fazer boas escolhas e distinguir o que é bom do que é ruim. De acordo com a Bíblia, a verdadeira sabedoria só pode ser alcançada através do Espírito Santo e de uma vida dedicada a Deus. A sabedoria que vem de Deus vale muito mais que a sabedoria do mundo. Segundo a bíblia, o sábio é aquele que conhece e teme a Deus. Não adiantaria termos todo conhecimento do mundo e perdermos a salvação de nossas almas por não caminhar com aquele que criou todas as coisas.

Salomão, na sua cosmovisão, falando do valor da sabedoria, disse: “Porque melhor é a Sabedoria do que joias e, de tudo o que se deseja, nada se pode comparar com ela” (Pv.8:11). O ser humano corre sofregamente atrás de prata, ouro, joias e riquezas. Investe seu tempo, usa sua energia, devota sua inteligência e emprega seus talentos para amealhar riquezas. Muitos chegam a alcançar sucesso nessa empreitada, porém deixam para trás os destroços de sua busca insaciável. Há aqueles que destroem o casamento e a família para atingirem o topo da pirâmide social. Acumulam bens, mas perdem a família. Ajuntam tesouros, mas perdem a alma. A Sabedoria divina nos adverte: a Sabedoria é melhor do que joias; e nada neste mundo, nem as riquezas nem os prazeres, podem ser comparado à sabedoria. O néscio ajunta tesouros julgando que essa riqueza lhe dará felicidade e segurança, porém, esses tesouros acabam se transformando no combustível de sua própria destruição. Quando alguém busca conhecimento e sabedoria em vez de correr atrás de bens materiais, encontra segurança e felicidade.

Infelizmente, hoje, o mundo tem muito conhecimento, porém, pouca sabedoria. Somos considerados a sociedade do conhecimento; avançamos em ciência, tecnologia e comunicação; temos satélites e a internet, e sabemos que muito mais novidade vem por aí. Mas, o mesmo conhecimento que nos trouxe conquistas e conforto, trouxe-nos guerras e morte. Tanto não alcançamos felicidade pelo livre e pleno exercício da razão, como multiplicamos alternativas emocionais, hedonistas, utilitárias e egocêntricas para a vida comum. Distanciamo-nos uns dos outros; estranhamo-nos; isolamo-nos. Nossos índices de drogadição, alcoolismo, acidentes de trânsito, conflitos e dissoluções familiares aumentaram drasticamente.

Diante desse quadro, eis uma conclusão: temos muito conhecimento, mas pouca sabedoria. Conhecimento é domínio da informação que se refere ao objeto de interesse; sabedoria é a capacidade de utilizar o conhecimento em prol da vida e dos relacionamentos. O sábio não é, necessariamente, aquele que tem muito conhecimento, mas aquele que canaliza adequadamente para as ações e decisões do dia-a-dia todo o conhecimento que tem. Assim, um morador da periferia, um profissional artesão, um administrador de negócio próprio sem formação acadêmico, uma dona de casa ou um jovem que trabalha no campo podem ser mais sábios que um doutor ou um professor universitário. Com certeza, nossa geração é a geração do conhecimento, mas carece de uma sabedoria que a ajude a encontrar veredas de vida e paz.

Deus é a fonte da sabedoria (Pv.2:6), e o propósito da sabedoria é agradar a Deus (Pv.3:5). Desse modo, segundo o pr. Douglas, todo o conselho prático está subordinado à sabedoria divina. Dentre eles, citamos: andar retamente (Pv.2:7); fugir da luxúria (Pv.2:16); não ser preguiçoso (Pv.6:6); manter boa reputação (Pv.22:1); tomar cuidado no falar (Ec.5:2); não confiar no dinheiro (Ec.5:10); viver com alegria (Ec.9:7); remir o tempo (Ec.12:1); manter a integridade (Jó 1:22); aceitar a repreensão (Jó 5:17); confiar no Senhor (Jó 19:25); e desfrutar do verdadeiro amor (Ct.8:7). No entanto, essas ações não devem ser observadas de forma legalista, elas devem ser o resultado do toque divino no coração humano (Pv.4.:3).

3. Uma mensagem de adoração

De acordo com a Bíblia, a adoração está associada com a ideia de culto, reverência, veneração, por aquilo que Deus é (Santo, Justo, Amoroso, Soberano, Misericordioso etc.), ou seja, independente do que Deus faz, fez ou fará, nós devemos adorá-lo, pois Ele é Deus. É dever de cada criatura inteligente adorar a Deus. Os anjos O adoram (Ne.9:6); os Seus santos O adoram; e todos os seres são chamados a dar glória a Deus e adorá-Lo (Salmos 148), e dentro em breve tudo que há sobre a terra O adorará (Sf.2:11; Zc.14:16; Sl.86:9).

Um dos livros poéticos que mais expressam mensagens de adoração é o Livro de Salmos. Todos os livros da Bíblia aprofundam a compreensão de nosso relacionamento com Deus, mas os Salmos, incomparavelmente, enriquecem a experiência desse relacionamento; eles possuem a peculiaridade de expressar as mais profundas emoções do coração humano, tais como: medo, angústia e tristeza (Sl.116:3); força, segurança e alegria (Sl.118:14).

Sem dúvida o Livro de Salmos é o mais subjetivo dos livros da Bíblia; ele expressa realidades intimas vivenciadas por aqueles que amam a Deus; ele tem formado a oração e a adoração dos santos de todas as épocas. Crentes têm aplicado individualmente os Salmos para conforto e inspiração, e encontram neles modelos para oração e adoração pessoal. Toda emoção humana tem seu eco no livro de Salmos, e a maravilhosa mensagem deles é que Deus se importa não somente com as circunstâncias externas de nossas vidas, mas com cada reação à variadas experencias da vida.

Nas palavras do pr. Douglas, nos Salmos, destacam-se, entre outros retratos da vida espiritual: o coração que confia (Sl.3:3); o coração contrito (Sl.6:1); o coração que glorifica (Sl.8:1), o coração agradecido (Sl.30:1), o coração arrependido (Sl.51:1). O salmista, a fim de manter a verdadeira adoração em todas as circunstâncias da vida, descreveu a conduta por ele adotada: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl.119:11).

CONCLUSÃO

Os livros históricos são narrativas da história de Israel desde a morte de Moisés até a salvação do povo judeu no reinado de Assuero, quando quase foram totalmente destruídos; trata-se do mais pormenorizado e completo relato histórico de um povo da Antiguidade, que nos prova quanto Deus vela pelo Seu povo e para o cumprimento de Suas promessas. Os livros poéticos e sapienciais revelam a sabedoria divina, que deve ser aplicada em nosso viver diário; suas mensagens alegram o nosso coração, servem de bom remédio, e conservam saudável o nosso espírito, alma e corpo (Pv.17:22). Enfim, as histórias e as poesias da Bíblia falam ao coração do ser humano.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Norman L Geisler. Introdução geral à Bíblia. Vida Nova.

Pr. Douglas Baptista. A Supremacia das Escrituras – A inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de Deus. CPAD.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. Os Livros históricos e poéticos. PortalEBD_2003.

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Aula 08 – A LEI E OS EVANGELHOS REVELAM JESUS

 

1º Trimestre/2022


Texto Base: Deuteronômio 6.4-9; Lucas 1.1-4


“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt.6:4).

Deuteronômio 6:

4.Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.

5.Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças.

6.E estas palavras que hoje te ordeno estarão no teu coração;

7.E as intimarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te.

8.Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos.

9.E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.

Lucas 1:

1.Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram,

2.Segundo nos transmitiram os mesmos que os presenciaram desde o princípio e foram ministros da palavra,

3.Pareceu-me também a mim conveniente descrevê-los a ti, ó excelentíssimo Teófilo, por sua ordem, havendo-me já informado minuciosamente de tudo desde o princípio;

4.Para que conheças a certeza das coisas de que já estás informado.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula estudaremos sobre o tema: “A Lei e os Evangelhos revelam Jesus”. “A Lei esboça o plano de redenção em Cristo confirmado pelos Evangelhos. Por isso que o Pentateuco e os Evangelhos têm relação profunda na revelação da pessoa de Jesus Cristo”. O cristão para compreender a Lei, exarada no Pentateuco, precisa ler e estudar o Novo Testamento, pois este confirma aquele. Segundo Robert H. Stein, “normalmente, a Lei é associada com Êxodo 20 a Deuteronômio 33. Dentro desta seção, não encontramos outros materiais, senão leis. Tendo em vista que há mais de seiscentos mandamentos e leis, encontrados em Gênesis a Deuteronômio, estes cinco livros normalmente são denominados de ‘a Lei’. Gênesis, por sua vez, não contém nenhum material sobre a lei, mas é parte da Lei, porque serve como uma introdução a Êxodo até o livro de Deuteronômio e porque se aceita que Moisés escreveu todos os livros”. Entretanto, Jesus não é somente revelado no Pentateuco; todo o Antigo Testamento revela Jesus; Ele é o tema principal de toda Bíblia.

I. O PENTATEUCO: A LEI DE DEUS

1. Os cinco livros da Lei

O nome Pentateuco vem da versão grega que remonta ao século III antes de Cristo; significa: "o livro em cinco volumes". Os judeus lhe chamavam a “Lei” (Êx.24:12; Mt.5:17); a “Lei de Moisés” (Js.8:31,32; At.13:39) - porque a legislação de Moisés constitui parte importante do Pentateuco -; a “Lei de Deus” (Ne.8:8; Rm.7:22); e a “Lei do Senhor” (Ne.10:29; Lc.2:22,23). Hoje, os cinco primeiros Livros da Bíblia, ou seja, o Pentateuco, são denominados de “Torá” pelos judeus, com o sentido de “instrução, ensino, direção”.

2. A grandeza da Lei

A lei de Moisés é o alicerce de toda a Bíblia, e os judeus a consideram "a expressão máxima da vontade de Deus". Todo o Pentateuco é considerado a Lei de Deus e não meramente os Dez Mandamentos (ler Josué 24:26). O que de fato existem são preceitos morais, cerimoniais e civis, mas a Lei é uma só. Quando estudamos, detalhadamente, a Lei de Moisés, devemos discernir os diversos aspectos desta lei. Como devemos classificá-la e entendê-la? Muitos mal-entendidos e doutrinas erradas podem ser evitadas, se compreendermos que a Palavra de Deus apresenta os seguintes aspectos da Lei:

a) A Lei Civil ou Judicial. Representa a legislação dada à sociedade ou à nação de Israel, por exemplo: os crimes contra a propriedade e suas respectivas punições.

b) A Lei Religiosa ou Cerimonial. Representa a legislação levítica do Antigo Testamento; por exemplo: os sacrifícios e todo aquele simbolismo cerimonial.

c) A Lei Moral. É a expressão do caráter de Deus, da Sua vontade, da Sua mente, expressão de toda Sua justiça; é a personificação dos dois grandes Mandamentos: amor para com o Deus Todo Poderoso e amor para com nossos semelhantes (Mt.7:12; 22:36-40; Rm.13:8-10). Esses dois Mandamentos citados por Jesus Cristo são o resumo dos Dez Mandamentos, que, por sua vez, são detalhados em todos os juízos e estatutos morais contidos na Bíblia inteira (Gn.26:5; Êx.15:26; Dt.4:1,2,6). Deus requereu de Israel e requer, também, de nós – Igreja do Senhor Jesus - duas atitudes em relação às Suas ordenanças: que possamos ouvir e obedecer (Dt.11:26,27). Desse modo, tornamo-nos Sua propriedade peculiar, Seu reino sacerdotal e Seu povo santo (Êx.19:5,6).

Mas como devemos entender a validade desses aspectos da lei? São todos válidos aos nossos dias? Devemos praticar a seguinte compreensão, quanto à aplicação da Lei:

a) A Lei Civil: Tinha a finalidade de regular a sociedade civil do estado teocrático de Israel. Era temporal e necessária para a época à qual foi concedida, mas foi específica para aquele estado teocrático. Como tal, não é aplicável normativamente em nossa sociedade hoje.

b) A Lei Religiosa: Tinha a finalidade de apresentar aos homens a santidade de Deus e concentrar suas atenções no Messias prometido, Cristo, fora do qual não há esperança. Como tal, foi cumprida com Sua vinda e não se aplica aos nossos dias.

c) A Lei Moral: Tem a finalidade de deixar bem claro ao homem os seus deveres, revelando suas carências e auxiliando-o a discernir o bem do mal. É aplicável em todas as épocas e ocasiões, e assim foi apresentada por Jesus, que nunca a aboliu. A Lei Moral de Deus é a única que possui validade total, isto é:

· Histórica - está entrelaçada na história da revelação de Deus e da redenção do seu Povo.

· Didática - ela nos ensina o respeito ao nosso Criador e aos nossos semelhantes.

· Reveladora - ela nos revela o caráter e a santidade de Deus, bem como a pecaminosidade das pessoas.

· Normativa - ela especifica com bastante clareza o procedimento requerido por Deus a cada ser humano, em todos os tempos.

A Lei Moral representa a vontade de Deus para com o homem, no que diz respeito ao seu comportamento e seus deveres principais e essenciais. Ela foi proclamada por Deus no Monte Sinai (Êx.20:1-17) e escrita por Sua própria mão em duas tábuas de pedra (Êx.31:18; Êx.24:12; Dt.4:12,13; 5:4-7, 22). É a mesma lei dada no princípio a Adão e Eva, e aos patriarcas (Os.6:7; Gn.4:7; Gn.26:5). Ela é a base do Concerto de Deus com Seu povo, no Sinai (Êx.24:4,7,8; Hb.9:19,20).

3. A Lei e a fé cristã

Na Antiga Aliança o sistema da Lei era provisório. Tinha prazo de validade; estava destinada a acabar. Segundo o rev. Hernandes Dias Lopes, “a lei é como uma lanterna: mostra o obstáculo no caminho, mas não tira o obstáculo; é como uma tomografia computadorizada: mostra o tumor interno, mas não o remove; é como o prumo de um construtor civil: mostra a sinuosidade da parede, mas não a corrige; é como um espelho que revela a sujeira do nosso rosto, mas não a elimina” (Rm.3:20; Gl.3:24). Diz assim o escritor da epístola aos Hebreus (Hb.10:1-4):

Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem.

Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam consciência de pecados?

Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos, porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.

Três pontos são destacados neste texto (adaptado do Livro “Hebreus”, de Hernandes Dias Lopes):

-Primeiro, os antigos sacrifícios eram apenas sombras (Hb.10:1). O escritor aos Hebreus diz que a lei tem sombra dos bens vindouros, e não a imagem real das coisas. Os sacrifícios oferecidos pelos sacerdotes apontavam para o sacrifício de Cristo. Eram sombras, representações e figuras terrenas, mas não a própria realidade. Prepararam o seu caminho, mas não eram sua consumação. De acordo com Augustus Nicodemos, “Hebreus mostra que o cristianismo é o desenvolvimento e a consumação do judaísmo do Antigo Testamento. A Lei anunciava uma realidade futura. Tinha um papel didático, simbólico, para que os israelitas confiassem no Salvador que haveria de vir”.

-Segundo, os antigos sacrifícios precisavam ser repetidos (Hb.10:1b,2). Se os sacríficos no sistema da Lei fossem eficazes, não precisariam ser repetidos dia após dia, ano após ano. Esses sacríficos não podiam purificar pecados. Não traziam alívio para a consciência nem pleno perdão para os pecadores. Tinham a finalidade de apontar para o perfeito sacrifício que Cristo realizaria na cruz.

-Terceiro, os antigos sacríficos eram completamente ineficientes (Hb.10:2b-4). O que os sacrifícios do sistema da Lei podiam fazer era apenas recordar o pecado e mostrar a necessidade de purificação, mas eles não tinham o poder de purificá-lo. Não havia remissão. Não havia perdão. Não havia paz para a consciência atormentada do homem. A conclusão óbvia é que era impossível que o sangue de touros pudesse remover pecados (Hb.10:4).

A ineficácia dos sacrifícios da Antiga Aliança exigia, necessariamente, a chegada de uma Nova Aliança, com o sacerdote perfeito, oferecendo o sacrifício perfeito, para a completa remoção do poder do pecado. O sangue do Cordeiro de Deus, Jesus Cristo, tratou definitivamente com o problema do pecado. Agora, livres do sistema da Lei, vivemos debaixo da graça divina (Rm.6:14) e, todo aquele que permanece em Cristo, não vive pecando (1João 3:6). Na verdade, o homem justo não precisa da lei; essa é a verdade do cristão. Quando ele é salvo pela graça de Deus, não precisa ser colocado sob a lei para viver uma vida santa. Não é o temor da punição que faz o cristão viver de maneira santificada, mas o amor pelo Salvador que morreu no Calvário. O apóstolo João afirmou: “se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1João 1:7).

II. OS EVANGELHOS: A MENSAGEM DE CRISTO

1. O conceito de Evangelho

O termo “evangelho” vem do grego “euanggelion”, que significa “boas novas”. Era usado genericamente para relatar boas notícias a alguém. Foi usado por Jesus e depois adotado pelos apóstolos, que relataram em seus evangelhos a vida de Jesus como o cumprimento das profecias a respeito do Messias no Antigo Testamento. Ou seja, a vinda do Messias na pessoa de Jesus Cristo era a boa notícia de que todas as promessas a respeito da salvação do homem estavam se cumprindo. Jesus veio para cumprir a Lei no sentido de levar a sua obediência à essência, cumprindo com perfeição todos os requisitos legais, tudo o que a lei demanda. Como resultado de Sua vida perfeita, de Seu sacrifício expiatório e ressurreição, hoje Ele oferece gratuitamente Sua perfeita justiça ao pecador. A única condição para se receber tal justiça é ter fé em Jesus – crer que Ele morreu pelos nossos pecados.

São quatro Evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e João. Eles descrevem a vida terrena do Senhor Jesus e o seu glorioso ministério entre os homens. Portanto, Jesus é o Homem principal e a razão de ser destes Evangelhos. Não há nenhum livro escrito que se compare com este compêndio, pois nunca houve homem como Jesus, cuja história estes livros relatam. São quatro Evangelhos, mas um só objetivo; são quatro evangelhos, mas harmoniosos entre si; são quatro Livros, mas um único Evangelho, o Evangelho de Jesus Cristo. Somente estes quatro Evangelhos receberam reconhecimento por cristãos ortodoxos por quase dois mil anos.

Os quatro evangelistas, escrevendo dos seus pontos de vista distintos, cooperam em nos apresentar um retrato abrangente, suficiente e comovente de Jesus como: Messias de Israel e Salvador do mundo (Evangelho segundo Mateus); Servo do Senhor e Amigo de pecadores (Evangelho segundo Marcos); Filho de Deus e Filho do homem (Evangelho segundo Lucas). O objetivo explícito do quarto Evangelho (Evangelho segundo João) é igualmente aplicável ao dos outros três: “Mas este foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (João 20:31).

2. A mensagem do Reino de Deus

“... O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc.1:15).

A mensagem do Reino de Deus é facilmente vista nas palavras de Jesus, descrita neste texto de Marcos. Aqui, o evangelista Marcos expôs o que ele e outros escritores inspirados denominaram de o Evangelho (boa nova ou boa mensagem) do Reino. As palavras de Jesus representam boas novas porque oferecem liberdade, justiça e esperança. Trata-se de uma mensagem simples e objetiva, que diz:

  • “o tempo está cumprido” – Jesus tinha vindo cumprir tudo quanto havia sido escrito pelos profetas a Seu respeito. Como nos ensina o apóstolo Paulo, havia chegado “a plenitude dos tempos” (Gl.4:4).
  • “O reino de Deus está próximo”. O reino não havia chegado, mas estava próximo, ou seja, ele não se imporia sobre o povo de Israel, mas, a exemplo da lei, estava sendo oferecido, era tornado acessível a todos quantos o aceitassem.
  • “Arrependei-vos”. O reino de Deus não era uma estrutura política, social ou econômica que seria imposta aos judeus, mas seria o estabelecimento de uma comunhão entre Deus e cada um dos israelitas. Para tanto, necessário se faria a remoção dos pecados. Para que o reino de Deus se instalasse, era necessário o arrependimento.
  • “E crede no Evangelho”. As duas coisas que deveriam ser feitas pelo povo judeu seria o arrependimento de seus pecados e a fé na mensagem trazida pelo Senhor.

Entretanto, o reino de Deus não se instalou na nação judaica, porque ela não recebeu o Senhor como o verdadeiro Messias, não creu nEle nem em Sua mensagem. Ante a rejeição de Israel, a pregação do reino de Deus se estendeu também aos gentios (Mt.21:43; At.11:18; Rm.11:11), ou seja, chegou até nós. Vive-se o momento da oportunidade para que todos aceitem a Cristo como Senhor e Salvador (Mt.24:14; 28:19; Mc 16:15).

Os Evangelhos são enfáticos quanto à mensagem de Cristo e dos seus discípulos no sentido de proclamar o Reino de Deus a todas as gentes (Mt.3:1,2; Mc.1:14,15; Lc.18:16,17). A centralidade da mensagem está no Reino de Deus, o foco principal da proclamação da Igreja em seus primórdios (At.1:3; 8:12; 14.22; 19:8; 20:25; 28:23,31). Quando se diz “é chegado o Reino...” (Mt.4:17), o sentido é profético, referindo-se tanto à presença do Reino no presente quanto no futuro.

A atual manifestação do Reino de Deus implica salvação do poder do pecado, mas quanto ao futuro, a libertação da presença do pecado (1Co.15:20-25,42-57). Na grande comissão (Mt.28:18-20) recebemos autoridade para fazer este reino notório entre os homens. Se a igreja não marcha vitoriosa expulsando demônios, curando enfermos, pregando o evangelho, é porque ainda não descobriu sua função na Terra. A igreja é um poder em operação na Terra; é o corpo de Cristo e o governo de Cristo sobre a Terra. Jesus orou e disse “venha a nós o teu reino”; isso quer dizer que devemos desejar que o reino espiritual de Deus seja sobre nós, sobre nossa nação, sobre o mundo inteiro.

3. A mensagem da Salvação

A mensagem da salvação é a mensagem de Cristo exarada na Bíblia Sagrada, principalmente no Novo Testamento. Ela deve ser pregada pela Igreja, em qualquer tempo e circunstâncias. Há uma grande responsabilidade para os que foram alcançados pela salvação em Cristo, e uma das mais importantes é o compromisso de compartilhar o Evangelho de Jesus Cristo. Foi Ele mesmo quem ordenou: “ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt.28:19,20).  Jesus Cristo é o único e suficiente salvador (Atos 4:12). Mateus registra que Ele veio para salvar o povo dos pecados (Mt.1:21). Marcos afirma que é preciso crer em Cristo para ser salvo (Mc.16:16). Lucas assevera que Ele veio salvar o que estava perdido (Lc.19:10). João esclarece que Ele é o Salvador do mundo (João 4:42). Por isso a mensagem da salvação é um ato do amor e da graça divina pelos méritos de Cristo (João 3:16).

Quando o cristão tem consciência de que a tarefa primordial da Igreja é a evangelização, passa a entender que sua existência gira em torno desta missão dada a cada crente. A ordem do Senhor é que devemos ir ao encontro do mundo, ir ao encontro dos pecadores levar-lhes a mensagem da salvação em Cristo Jesus. O homem não tem condição de salvar-se a si próprio e, mais, o deus deste século lhe cegou o entendimento para que não tenha condições de ver a luz do evangelho da glória de Cristo (2Co.4:4). Portanto, é tarefa da Igreja ir ao encontro de judeus e de gentios para lhes anunciar as boas-novas da salvação.

III. UMA MENSAGEM TRANSFORMADORA

1. A transformação do caráter

Caráter, segundo o Dicionário Aurélio, “é o conjunto das qualidades, boas ou más, de um indivíduo, e que lhe determinam a conduta e a concepção moral”. A queda trouxe consequências terríveis ao ser humano, e uma dessas consequências foi a deformação do seu caráter. Por isso, todo ser humano necessita de uma transformação espiritual e moral. Somente o Deus de toda a perfeição, mediante o Seu Filho Jesus Cristo, pode transformar o caráter do ser humano, que se dá quando a pessoa nasce de novo (João 3:5). Somente a graça divina é capaz de transformar o caráter humano. Como nova criatura (2Co.5:17), o caráter do ser humano é completamente transformado pelo Espírito Santo, restaurando a imagem e semelhança de Deus distorcida com o pecado. Por isso, a mensagem do evangelho de Cristo é tão essencial, pois ela produz substancial mudança no caráter da pessoa salva em Cristo (Lc.19:8,9).

2. A restauração da família

Cada ano que passa a família se mostra cada vez mais deformada. Testemunhamos, estarrecidos, o naufrágio de muitas famílias. Segundo afirma o Rev. Hernandes Dias Lopes, há um esforço concentrado do inferno para desestabilizar e destruir a família. Há uma clara conspiração de forças hostis que se mancomunam para desacreditar essa importante instituição divina. Há um bombardeio cerrado, com arsenal pesado, em cima da família. Torpedos mortíferos estão sendo despejados sobre ela, provocando terríveis desastres.

A família está em crise: é a crise do marido, da esposa, dos filhos, dos irmãos. Casamentos outrora fincados no solo firme da confiança mútua estão afrouxando as suas estacas. Casais que viveram juntos sob os auspícios de um amor comprometido e fiel começam a arvorar suas bandeiras para o lado da infidelidade. Cônjuges que outrora defendiam a indissolubilidade do matrimônio agora zombam dos votos conjugais e aviltam a aliança que um dia selaram diante de Deus. Até casais que outrora ensinavam com vivo entusiasmo os princípios de Deus para um casamento feliz voltam-se contra esses mesmos princípios, transgredindo-os e justificando seus deslizes morais. Os mourões estão caindo. As cercas estão arrebentadas.

A família está em crise: o adultério está em voga, já não causa mais espanto nem repulsa. Estamos perdendo a sensibilidade. O divórcio cresce assustadoramente, mas nos Evangelhos Cristo ensina que o propósito divino para o casamento é a união indissolúvel entre um homem e uma mulher (Gn.1:27; 2:24; Mt.19:4,5). Esse ensino é enfatizado com as seguintes palavras: “o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mt.19:6).

A família está em crise: muitos filhos têm sido agredidos emocionalmente; outros vivem como órfãos de pais vivos. As drogas arrastam nossos jovens para um pântano infernal. O aborto criminoso está sendo praticado descaradamente com a devida anuência das cortes judiciais superiores. A prática do sexo antes do casamento é cada vez mais incentivada, e muitas igrejas locais fazem vista grossa não atentando para esse grande mal dentro dos recintos sagrados. A família, na verdade, está moralmente doente, espiritualmente frágil, acometida por torças diabólicas.

Entretanto, não há crise na família que Deus não possa restaurar. Deus é especialista em pegar vasos quebrados e fazer deles vasos novos e lindos. Não há causa perdida para o Senhor. Onde há humildade para reconhecer os erros e disposição para pedir perdão e perdoar, sempre há chance de restauração. Talvez o seu casamento esteja abalado. Talvez a chama do seu amor esteja apagando, como uma tênue luz de vela. Talvez as decepções já sejam maiores do que o seu amor. Quem sabe você até mesmo tenha um casamento de aparências, viva debaixo do mesmo teto, durma na mesma cama, mas a aliança de amor já foi quebrada. Quem sabe você só esteja no barco do casamento por causa dos filhos. Ou talvez há muitos anos o sexo tenha acabado no leito conjugal. Todas as circunstâncias apontam para o fim irreversível. Tudo faz crer que não há mais esperança para o seu casamento. Mas se Deus intervier, um milagre pode acontecer, seu casamento será salvo e, por conseguinte, sua família será restaurada.

3. A regeneração da sociedade

“E Jesus, tendo ouvido isso, disse-lhes: os sãos não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores” (Mc.2:17)

A sociedade está destruída moralmente, e cada vez mais caminha para o abismo profundo. A Igreja é o agente principal incumbido para levar a sociedade ao caminho da regeneração. Por estar no mundo e por se apresentar em grupos sociais, a Igreja acaba tendo de ter um papel importantíssimo perante a sociedade. Deus não nos tirou do mundo nem Jesus quis que isto acontecesse (João 17:15); diante desta realidade, assim como fez nosso Senhor, devemos, também, ter uma atuação social digna de nota, que sirva de testemunho de nossa comunhão com Deus. Guiada pelo Espírito, ao pregar e viver o Evangelho, a Igreja torna-se sal da terra e luz do mundo (Mt.5:13,14). Ela ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho. A ordem do Senhor é para que se pregue a toda criatura, mesmo aquela que, pela sua conduta, pela sua forma de proceder, seja a pior pessoa que exista sobre a face da Terra.

Ao longo da história humana Deus implementou diversas maneiras de tratar com o ser humano sempre no afã de restaurar a sua identidade perdida. Neste período da graça de Deus está sendo apresentada ao ser humano a mensagem do Evangelho, a mensagem de que “o tempo está cumprido e que o reino de Deus chegou”, ou seja, que Jesus salva o homem e o liberta do pecado, pondo-o, novamente, em comunhão com Deus, restaurando, assim, a dignidade originalmente concedida na criação, bem como lhe assegurando a vida eterna. Ao aceitar a mensagem do Evangelho o ser humano passa a se comportar de maneira condizente com a vontade de Deus; passa refletir a respeito dos princípios e valores que se encontram na Palavra de Deus, em todos os níveis de nossas relações: na família, na igreja, na escola, no trabalho e nas amizades. Isto equivale dizer que o Evangelho de Cristo não visa apenas salvar o homem do pecado e do inferno, mas também levá-lo a agir como instrumento transformador da sociedade na qual acha-se inserido.

CONCLUSÃO

A função da Lei mosaica é expor e condenar o pecado e trancar o pecador no calabouço da culpa até que Cristo venha libertá-lo através da fé. Assim, a fé justifica aqueles a quem a lei condena. Pela fé nós alcançamos uma justiça perfeita, a justiça de Cristo a nós imputada (2Co.5:21). Quem transgride a lei pode se valer do pagamento feito por Cristo em seu lugar. Assim, o evangelho da salvação pela fé confirma a lei ao asseverar que suas exigências máximas foram e devem ser cumpridas. Em suma, as obras da Lei não justificam, mas pela graça somos salvos, por meio do arrependimento e da fé em Jesus Cristo.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Norman L Geisler. Introdução geral à Bíblia. Vida Nova.

Pr. Douglas Baptista. A Supremacia das Escrituras – A inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de Deus. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Efésios - Igreja, a noiva gloriosa de Cristo.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Hebreus. A superioridade de Cristo.

Pr. Caramuru Afonso Francisco - O Ministério de Ensino de Jesus.