domingo, 13 de março de 2022

Aula 12 – AS EPÍSTOLAS INSTRUEM E FORMAM OS CRISTÃOS

 

1º Trimestre/2022


Texto Base: 1 Coríntios 1:1-3; 1 Pedro 1:1,2; 2 João 1:1-3

 

“A graça, a misericórdia, a paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, sejam convosco na verdade e amor” (2João 1:3).

 

1 Coríntios 1:

1.Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela vontade de Deus) e o irmão Sóstenes,

2.À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso:

3.graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

1 Pedro 1:

1.Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia;

2.Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.

2 João 1:

1.O ancião à senhora eleita e a seus filhos, aos quais amo na verdade e não somente eu, mas também todos os que têm conhecido a verdade,

2.Por amor da verdade que está em nós e para sempre estará conosco.

3.A graça, a misericórdia, a paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, o Filho do Pai, seja convosco na verdade e amor.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos dos Livros doutrinários do Novo Testamento – as Epístolas Paulinas e Universais, que correspondem a vinte e um dos vinte e sete livros do Novo Testamento. Como já foi dito na Aula 04, a maioria dessas Epístolas compõem-se de cartas escritas para certos grupos de crentes. Com frequência abordam problemas específicos que alguns daqueles grupos estavam enfrentando, ao procurarem seguir a maneira de viver cristã. Ao escrever a esses crentes, os autores desses livros explicaram as grandes verdades a respeito de Jesus Cristo e Sua obra, se ainda não as haviam compreendido. Os autores sagrados igualmente descreveram a relação entre os crentes e Cristo, e como os crentes devem viver como resultado disso. As poderosas mensagens que Deus inspirou que escrevessem não visavam apenas aos primeiros discípulos, mas também "todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Co.1:2).

I. COMO AS EPÍSTOLAS PAULINAS NOS INSTRUEM

As Epístolas paulinas são Cartas escritas pelo apóstolo Paulo, as quais tratam de pontos teológicos importantes para o desenvolvimento da doutrina cristã no princípio da Igreja. Geralmente, essas Epístolas foram escritas tanto para indivíduos, quanto para as primeiras comunidades cristãs. São elas: Romanos; 1Coríntios; 2Coríntios; Gálatas; Efésios; Filipenses; Colossenses; 1Tessalonicenses; 2Tessalonicenses; 1Timóteo; 2Timóteo; Tito e Filemon.

1. Instruções salvíficas

O apóstolo Paulo, em suas Epístolas, sempre teve preocupação em transmitir à Igreja instruções que a edificassem. Conforme ele disse, o que recebeu do Senhor entregou à Igreja. Aos crentes de Corinto, disse: “Desta forma, de boa vontade e por amor de vós, investirei tudo o que possuo e também me desgastarei pessoalmente em vosso favor” (2Co.12:15). As instruções prevalentes em suas cartas eram salvíficas. Por exemplo:

- Na Epístola Romanos Paulo destaca que “o justo viverá pela fé” (Rm.1:17), e que Cristo nos libertou do pecado mediante seu sacrifício remidor. Dessa forma, pela fé em Cristo, somos declarados justos (Rm.3:23-25).

- Aos Gálatas, Paulo assevera que ninguém é “justificado pelas obras da lei” (Gl.2:16), e que somente a fé em Cristo nos liberta do jugo do pecado (Gl.5:1).

- Em 1 Coríntios, ressalta-se a mensagem do “Cristo crucificado” (1Co.1:23), que morreu pelos nossos pecados e ressuscitou ao terceiro dia (1Co.15:3-4).

- Em 2 Coríntios, frisa-se o “ministério da reconciliação” (2Co.5:18), em que Cristo levou os nossos pecados e nos reconciliou com Deus (2Co.5:19-21).

Muitos têm uma concepção pobre da inefável salvação consumada por Jesus, o que às vezes reflete uma vida espiritual descuidada e negligente, onde falta aquele amor ardente e total por Jesus, e a busca constante de sua comunhão. O saudoso pr. Antônio Gilberto afirmou que “Salvação não significa apenas livramento da condenação do Inferno; ela abarca todos os atos e processos redentores e transformadores da parte de Deus para com o homem e o mundo através de Jesus, o Redentor, nesta vida e na outra”. Salvação é o resultado da redenção efetuada por Jesus; redenção foi o meio que Deus proveu para livrar o homem de seus pecados. Salvação é o usufruto desse livramento. No sentido comum e limitado, Salvação significa a obra que Deus realiza instantaneamente no pecador que a Ele se entrega, perdoando-o e regenerando-o. Porém, a Salvação tem sentido e alcance muito mais vasto; assim considerada, significa o pleno livramento da presença do pecado e suas consequências, o que somente ocorrerá na glória celestial. Nesse sentido, a Salvação alcança também outras esferas além da humana (Cl.1:20).

A Salvação foi planejada por Deus Pai (Ap.13:8 e 1Pd.1:18-20), Deus Filho consumou-a (João 19:30 e Hb.5:9) e o Deus Espírito Santo aplica-a ao pecador (João 3:5; Tt.3:5 e Rm.8:2). Tudo por graça (Ef.2:8).

2. Instruções a respeito de Cristo

As instruções de Paulo em suas Epístolas são essencialmente cristocêntricas. É extremamente relevante observar que a primeira atividade que o texto sagrado faz menção a respeito do apóstolo após a sua conversão é a de que logo, em Damasco, pregava a Jesus, que Este era o Filho de Deus (At.9:20). E esta centralidade acompanhou toda a vida cristã de Paulo que, próximo à sua morte, ao escrever suas últimas epístolas, mais uma vez apontou que a sua mensagem era o “mistério da piedade”, que nada mais é “Aquele que Se manifestou em carne, foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória” (1Tm.3:16), e que se deve sempre buscar a “salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna” (2Tm.2:10).

Paulo tinha um conhecimento pessoal de Jesus Cristo. O próprio Jesus encontrou-se com ele no caminho de Damasco e ali se iniciou um relacionamento tão íntimo que o apóstolo podia dizer que não mais vivia, mas Cristo vivia nele (Gl.2:20). Ele não só conhecia Jesus pessoalmente, como também tinha por objetivo fazer com que Cristo fosse formado dentro dos crentes (Gl.4:19).

Temos, portanto, que, desde o primórdio de sua vida cristã, Paulo não tinha outro assunto, não tinha outro objetivo senão anunciar a Jesus Cristo e mostrar que Ele é o Filho de Deus. Não é por outro motivo que, anos depois, escrevendo aos coríntios, Paulo vá afirmar que nada se propôs saber entre eles senão Jesus Cristo e este, crucificado (1Co.2:2). Em todas as suas Epístolas há instruções claras a respeito de Jesus Cristo.

-Aos Efésios, o tema é “Cristo, como cabeça; e a Igreja, o seu corpo” (Ef.1:22,23). Nesse sentido, a Igreja foi eleita em Cristo (Ef.1:4) e redimida em Cristo (Ef.1:7) para a glória de Cristo (Ef.1:12).

-Aos Filipenses, a mensagem enfatiza que “o viver é Cristo” (Fp.1:21); Ele é o segredo da verdadeira alegria e o modelo de vida para o salvo (Fp.1:4; 2:2-16).

-Aos Colossenses, Paulo sublinha que a “vossa vida está escondida com Cristo” (Cl.3:3); a Igreja está unida em Cristo, morta e ressuscitada com Cristo (Cl.2:2,10,20; 3:1). Em suma, quem tem o Filho tem a vida (1João 5:12).

3. Instruções sobre as últimas coisas

Algumas Epístolas de Paulo tratam de instruir os crentes sobre as últimas coisas. A Doutrina das últimas coisas não tem como objetivo saciar a curiosidade dos crentes, mas prepará-los convenientemente para servir a Deus de forma correta. Paulo deu maior ênfase à volta do Senhor Jesus, e isto ele fez com maior destaque nas duas Epístolas aos Tessalonicenses.

A ênfase dada por Paulo à vinda de Jesus nos seus dois primeiros escritos aos crentes por ele evangelizados é a prova viva de que esta foi sempre uma característica do apóstolo que, ao findar o seu ministério, na sua última Epístola, continuava aguardando a coroa da vida, a quem tem direito somente aqueles que amam a vinda do Senhor (2Tm.4:8).

Paulo enfatiza, nas duas Epístolas aos Tessalonicenses, a necessidade de o crente estar ciente do retorno de Cristo, bem como da santificação, precisamente os dois assuntos que mais desapareceram dos púlpitos nos nossos dias. Em 1 Tessalonicenses, Paulo ensina que no retorno de Cristo “nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados” (1Ts.4:17), sendo necessário, para esperar o Senhor, conservar irrepreensível o espírito, a alma e o corpo (1Ts.5:23). Em 2 Tessalonicenses, o apóstolo esclarece que, após o arrebatamento da Igreja, o “Dia do Senhor” se iniciará com a manifestação do Anticristo (2Ts.2:2,3,8).

A perspectiva da volta de Jesus é o alvo, o objetivo que jamais pode faltar na vida espiritual de um cristão. Nós somos salvos para morar no Céu; este é o nosso objetivo. Esta terra não é o nosso descanso e, por isso, não há sentido em servir a Jesus se não tivermos isto sempre em mente.

Quando nascemos de novo, em Cristo Jesus, temos de ter a consciência de que fomos salvos para ter a vida eterna, e que a vida eterna é uma vida de separação do pecado e preparação para a glorificação que ocorrerá quando Jesus vier buscar a Sua igreja. Ser salvo é querer ir morar no Céu, e no Céu só entrará aquele que viver separado do pecado. Esta consciência devemos ter, se é que não queremos ter uma vida de aparência. É esta a mensagem que Paulo transmitiu aos tessalonicenses nestas duas Epístolas e que transmite a nós, nestes dias tão difíceis, onde o misticismo e o materialismo ameaçam a fé de muitos cristãos incautos.

4. Instruções pastorais e pessoais

Neste item trataremos, resumidamente, das Epístolas pastorais, a saber, 1 e 2 Timóteo, e Tito. Estas Epístolas, preciosas tanto para seus receptores como para nós hoje, por conterem mais um tratado de conselhos práticos do que compêndio teológico, têm sido conhecidas desde os tempos mais remotos como Epístolas Pastorais.

Levando em consideração a alta experiência do apóstolo Paulo com relação a assuntos relacionados à Igreja do Senhor, ele proporcionou a dois de seus companheiros, “os quais foram por ele chamados de filhos”, a responsabilidade de estarem à frente de igrejas e os advertiu de modo sensato e preciso, dando-lhes direção e instrução, a fim de que eles pudessem ter condições suficientes para se manterem firmes nesta obra tão árdua. A Timóteo e a Tito, no término de sua missão neste mundo, Paulo endereçou cartas com diversas admoestações, fortalecendo-os quanto a fé e de como deveriam se portar ante as heresias que assolavam a Igreja na época, bem como acerca da formação daqueles que dariam prosseguimento a obra do Senhor.

Em 1 Timóteo, dentre outros temas, Paulo orienta o combate às heresias por meio da “sã doutrina” (1Tm.1:3,9,10); em vista disso, o líder deve ser apto para ensinar (1Tm.3:2; 4:13,16).

Em 2 Timóteo, Paulo ratifica que o obreiro deve manejar “bem a palavra da verdade” (2Tm.2:15) a fim de produzir arrependimento nos que resistem (2Tm.2:25).

Em Tito, Paulo instrui que o pastor deve contrapor os falsos ensinos (Tt.1:5,10,11), e para tanto é exortado a falar “o que convém à sã doutrina” (Tt.2:1).

Paulo, também, direcionou uma carta particular a um homem chamado Filemom. Embora alguns estudiosos a considerem a única carta particular de Paulo que temos, o contexto nos deixa claro que Paulo a endereça também a Áfia, Arquipo e à Igreja que se reunia na casa de Filemom. Esta é a mais breve entre as cartas que formam a coletânea paulina e consiste apenas em 335 palavras no grego original. No entanto, aborda temas profundíssimos, que, segundo Hernandes Dias Lopes, nem toda uma enciclopédia poderia esgotar.

William MacDonald afirma que, embora a carta a Filemom não seja doutrinária como as demais do apóstolo, é uma perfeita ilustração da doutrina da “imputação”. Paulo se apresentou como mediador entre Onésimo e Filemom para quitar todo o débito de Onésimo. A dívida de Onésimo foi colocada na conta de Paulo, que se dispôs a pagá-la. Esse fato lança luz sobre a bendita verdade de que nossa dívida impagável não foi colocada em nossa conta (2Co.5:19), mas na conta de Cristo (2Co.5:21), e Ele, com sua morte, rasgou o escrito de dívida que era contra nós, quitando completamente nosso débito (Cl.2:14). Além disso, sua justiça completa e perfeita foi colocada em nossa conta (2Co.5:21).

O âmago da Carta a Filemom é o perdão. Filemom deveria perdoar aquele a quem Deus já havia perdoado. Filemom não deveria punir aquele por quem Cristo já havia sido castigado na cruz. Filemom deveria receber como a um filho o escravo que o havia desonrado. O transgressor arrependido deve ser recebido “mais do que servo, como irmão amado” (Fm.1:16).

II. COMO AS EPÍSTOLAS GERAIS NOS FORMAM

As Epístolas Gerais na Bíblia são as oito cartas do Novo Testamento que não foram escritas pelo apóstolo Paulo. São elas: Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 e 3 João e Judas. Essas epístolas também são conhecidas como “Epístolas Universais”.

1. As Epístolas de Pedro

- Primeira Epístola. Esta Epístola foi escrita para os cristãos perseguidos, desterrados e espoliados da Ásia Menor. Pedro escreve aos forasteiros e dispersos do Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia, cinco partes do império romano, todas elas localizadas na Ásia Menor (atual Turquia). Os cristãos que receberam essa Epistola eram gentios e judeus. Mesmo perdendo suas casas, suas terras, seus bens e sua liberdade, esses cristãos caminhavam com os pés no vale, mas com o coração no Céu. Mesmo suportando o fogo da perseguição, esses cristãos eram inundados por alegria indizível e cheia de glória (1Pd.4:13). A alegria do cristão não provém das riquezas deste mundo nem do reconhecimento das autoridades; ao contrário, essa alegria é fruto do Espírito (Gl.5:22), é parte integrante de uma pessoa regenerada; ela existe a despeito das perdas e da perseguição. Não é uma alegria fabricada na terra, mas derramada desde o Céu. Não é uma alegria produzida pela prosperidade material, mas resultado da herança celestial.

O apostolo Pedro deixa claro que a vida cristã não é indolor. Hernandes Dias Lopes argumenta que o sofrimento faz parte da jornada do peregrino rumo ao Céu. A cruz precede a coroa, e o sofrimento é o prelúdio da glória. Aqui somos estrangeiros e forasteiros; não temos pátria permanente aqui; não temos residência fixa aqui. Estamos a caminho da nossa Pátria celestial. Nossa pátria está no Céu. Nossa herança imarcescível está no Céu. Nessa viagem rumo ao Céu teremos de suportar o fogo da perseguição. Da mesma forma que o mundo odiou a Cristo, também nos odiará. Esse fogo só pode depurar-nos, mas não nos destruir. Estamos seguros nas mãos daquele que criou o universo; Ele é poderoso para nos livrar, nos fortificar e nos fundamentar; Ele é o Deus de toda a graça. Vivemos nele, somo dele e caminhamos para Ele.

- Segunda Epístola. Esta Epístola de Pedro trata de um brado de alerta à Igreja perante a ameaça contemporânea acerca do perigo dos falsos mestres, que se infiltraram na Igreja e disseminaram suas heresias perniciosas, negando a divindade de Jesus e a sua segunda vinda (2Pd.2:1; 3:4). Travestidos de ovelhas, eram lobos devoradores. Usando insígnias de mestres, desviavam as pessoas das veredas da verdade. Pedro alerta sobre o desvio doutrinário desses arautos do engano (2Pd.1:16,17).

Concordo com Hernandes Dias Lopes que a mensagem de Pedro é absolutamente oportuna em nossos dias. As velhas heresias estão de volta travestida com novas roupagens. Vale destacar que os hereges não se apresentam como tais; usam uma máscara de piedade; ostentam a pose de defensores de uma vida cristã mais avançada. Nem sempre atacam as verdades da fé cristã de forma aberta, mas sempre fazem uma releitura do antigo evangelho e oferecem uma nova interpretação das verdades clássicas do cristianismo. Misturam evangelho com filosofia e produzem, assim, outro evangelho, um evangelho híbrido, sincrético, herético. Relativizam as Escrituras, torcem as Escrituras, negam as Escrituras Sagradas. A heresia é pior que a perseguição; as falsas doutrinas são mais perigosas que o martírio. A sedução do diabo é mais danosa que a fúria do diabo.

A Igreja de Jesus nunca foi destruída por causa da perseguição; muitos mártires, no passado, selaram com sangue a sua fé, mas o sangue desses mártires tornou-se a sementeira do evangelho. A heresia, porém, é devastadora; aonde chega, destrói a Igreja. Não há antídoto contra a heresia. Uma Igreja que se submete à falsa doutrina e se curva à agenda dos falsos mestres naufraga irremediavelmente. Pedro, em sua epístola, contesta os hereges e suas heresias, ratifica que Jesus é o Filho de Deus (2Pd.1:16,17) e anima a Igreja a manter-se imaculada até a volta do Senhor Jesus (2Pd.3:14).

2. As Epístolas de João

As Epístolas de João são três: 1, 2 e 3 João. Estas três Epístolas têm uma mensagem solene e urgente para a Igreja contemporânea. Os problemas que motivaram o apóstolo João a escrevê-las ainda atingem a Igreja hoje. Os tempos mudaram, mas o ser humano é o mesmo. Os problemas podem ter aspectos diferentes, mas em essência são os mesmos.

O contexto das três Epístolas mostra uma Igreja assediada pelos falsos mestres. Muitos desses falsos mestres saíram de dentro da própria Igreja (1João 2:19), e se corromperam teológica e moralmente. O apostolo Paulo havia alertado para essa possibilidade (Atos 20:29,30). Como bem diz Hernandes Dias Lopes, a heresia é nociva; ela engana e mata. Não podemos ser complacentes com o erro. Não podemos tolerar a mentira. Não podemos apoiar a causa dos falsos mestres.

1 João. A Primeira Epístola foi escrita com o propósito de dar garantia aos que creram em Cristo acerca da certeza da salvação (1João 5:13). João adverte aos crentes sobre o falso ensino que negava a encarnação de Jesus (1João 1:1; 4:2,3) e as demais heresias gnósticas (1João 5:13-21). Aquele que nega que Jesus veio em carne e nega que Jesus é o Cristo não procede de Deus. Esse é o enganador e o anticristo. Ninguém pode se considerar cristão negando a encarnação de Cristo. Ninguém pode ser salvo negando a doutrina da natureza divino-humano de Cristo. Jesus Cristo não é meio Deus e meio homem; Ele é Deus-Homem. Ele é o verdadeiro Deus (1João 5:20).

O apóstolo João deixa claro que o ensino gnóstico acerca de Jesus estava absolutamente equivocado. Os gnósticos faziam distinção entre o Jesus histórico e o Cristo divino. Para eles, o Cristo veio sobre Jesus no batismo e saiu dele antes da crucificação. O ensino gnóstico era uma perversão da verdade, uma heresia que a Igreja deveria rechaçar. Ainda nesta primeira Epístola, João explica que o salvo deve viver em comunhão com os irmãos (1João 1:6,7); deve afastar-se da prática do pecado (1João 2:1; 3:7); deve amar uns aos outros (1João 4:11); e deve vencer o mundo por meio da fé (1João 5:4).

2 João. Esta Carta foi escrita com o propósito de alertar a Igreja acerca da necessidade de se viver à luz da verdade. Verdade é a palavra que rege não só o início da Carta, onde João usou-a três vezes (2João 1:1-3), mas toda a Carta. A Igreja estava sendo bombardeada pelos falsos mestres; eles saíram de dentro da Igreja (1Joao 2:19), abandonaram a são doutrina e se converteram em agentes do anticristo. João se preocupa com a situação e exorta a Igreja a perseverar na doutrina de Cristo (2João 1:9). Muitas heresias estavam sendo espalhadas por esses falsos mestres e a Igreja precisava se acautelar para não naufragar na fé (2João 1:7,8; 2:19). Conhecer a verdade, andar na verdade e permanecer na verdade são as orientações de João à Igreja para não sucumbir diante deste cerco dos falsos mestres.

3 João. Esta Carta foi escrita para advertir sobre os falsos líderes. Esta Carta fala sobre três homens: Gaio, Diótrefes e Demétrio (3João vv.1,9,12). João destaca-se a fidelidade de Gaio e Demétrio (3João vv. 5-8,12) e a reprovação do mau testemunho de Diótrefes (3João vv. 9,10). Diótrefes, nas palavras de Hernandes Dias Lopes, era um líder soberbo em vez de ser um líder servo. Ele queria ser o maior, em vez de ser servo de todos. Ele buscava a honra de seu próprio nome, em vez de buscar a glória de Cristo. No caráter e na conduta, Diótrefes era inteiramente diferente de Gaio. Ele se amava mais do que aos outros. Seu “eu”, e não Cristo, estava no trono de sua vida. Seu “eu” vinha sempre na frente dos outros. Ele buscava os seus interesses e não os de Cristo. Ele buscava não os interesses dos irmãos, mas o seu próprio. Ele construía monumentos a si mesmo, em vez de buscar a glória de Deus. A atitude de Diótrefes era oposta à de João Batista: “convém que ele [Cristo] cresça e que eu diminua” (João 3:30). Por ser amante dos holofotes, e gostar de ser o primeiro em tudo, Diótrefes via o apóstolo João como uma ameaça à sua posição. A rejeição possivelmente não era doutrinária, mas pessoal. Seu problema não era heresia, mas egoísmo. Diótrefes queria ser o centro das atenções. Ele olhava para João como um rival a quem rejeitar, e não como um apóstolo de Cristo, a quem acolher. Diótrefes recusou receber João (v.9), mentiu sobre João (v.10a) e rejeitou os colaboradores de João (v.10b).

Hernandes Dias Lopes afirma que Satanás estava encontrando brecha na Igreja por intermédio de Diótrefes, uma vez que ele estava operando sobre a base do orgulho e da autoglorificação, as duas principais armas do diabo. O orgulho e a soberba são pecados intoleráveis aos olhos de Deus. Deus resiste ao soberbo. Na Igreja de Cristo, todos estamos nivelados no mesmo patamar - somos servos. Na Igreja de Cristo não existe donos ou chefes. Não Igreja de Cristo não existe culto à personalidade. Na Igreja de Cristo não há lugar para se colocar líderes no pedestal. Na Igreja de Cristo não há lugar para líderes ditadores. Diótrefes era um líder arrogante e ditador. Ele impunha sua liderança pela força e pela intimidação. Sua vontade era a lei na Igreja. Ninguém podia ocupar o seu espaço. Ele via cada pessoa que chagava à Igreja como uma ameaça à sua liderança. Foi por esta razão que ele não deu acolhida ao apóstolo João. Que Deus nos guarde de líderes desta estirpe!

3. As outras Epístolas Gerais

Além das Epístolas Gerais mencionadas anteriormente, existem outras Epístolas: Aos Hebreus; Tiago; e Judas.

Hebreus. Esta Epístola universal apresenta com eloquência incomparável a supremacia de Cristo (Hb.1:1). Nela está escrito que Jesus é superior aos profetas, aos anjos, a Moisés, a Josué e a Arão. Nela está escrito que o sacrifício oferecido por Cristo foi melhor do que o sacrifício que os sacerdotes apresentavam. A aliança que Ele firmou é superior à antiga aliança. Jesus é um Sacerdote superior aos sacerdotes levíticos (Hb.4:14-7:28). Aqueles era homens imperfeitos, que ofereciam sacrifícios imperfeitos, realizados por sacerdotes imperfeitos. Jesus é o sacerdote perfeito que ofereceu um sacrifício perfeito, para aperfeiçoar homens imperfeitos. Ele é o Sumo-Sacerdote que por seu próprio sangue executou uma eterna redenção (Hb.9:11,12). Desse modo, o crente é estimulado a olhar para Cristo, o “autor e consumador da fé” (Hb.12:2).

Tiago. Tiago escreve esta Epístola para ajudar os crentes dispersos a vencerem as provações a que estavam expostos, buscando, ao mesmo tempo, o alvo da maturidade cristã. Ele ensinou (Tg.1:2-4) que as provas são compatíveis com a fé cristã, são variadas, passageiras e pedagógicas. O alvo de Deus em nossa vida é a maturidade cristã. À medida que somos provados, precisamos pedir a Deus para nos mostrar o que Ele está fazendo (Tg.1:5). Segundo Hernandes Dias Lopes, Deus nos prova para nos fazer desmamar de atitudes infantis. O fato de sermos provados nos capacita, não apenas para recebermos recompensa, mas também nos equipa para sermos usados por Deus aqui e agora.

Judas. Esta Carta foi escrita para advertir a Igreja contra certos hereges que estavam infiltrados na comunidade cristã (Jd.1:4). Judas encoraja a Igreja a batalhar pela fé evangélica (v.3). Aquele era um tempo perigoso, no qual muitos falsos mestres sorrateiramente entravam dentro das igrejas e ensinavam heresias. Judas, então, exorta os crentes a entrar numa peleja renhida contra a mentira, contra as falsas doutrinas, contra os falsos mestres, empregando nessa batalha toda sua atenção e todas as suas armas (v.3). O alvo dessa batalha é a fé entregue aos santos. Essa fé é o conteúdo final da verdade. Essa fé foi entregue de uma vez por todas, de forma final; não há outra revelação a ser recebida. Judas não deixa espaços para “inovações”, tal como os “homens ímpios” (v.4) estavam introduzindo. A revelação de Deus é final; possui validade perpétua e nunca mais precisa ser repetida. Assim, o crente é instruído a orar e a preservar a esperança da vida eterna (Jd.1:20,21).

III. AS EPÍSTOLAS CONTINUAM A FALAR

1. A doutrina da justificação

A doutrina da justificação, estudada muitas vezes na EBD, é fundamental da fé cristã. Ela é bastante narrada nas Epístolas de Paulo, principalmente na Epístola aos romanos. Escreveu Paulo:

21. Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da Lei e dos Profetas,

22. isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença.

23. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus,

24. sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus,

25. ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus;

26. para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.

A Justificação é o processo pelo qual a culpa do homem é transferida para Jesus, que já a pagou através de Seu sacrifício expiatório da cruz. É por isto que Paulo diz: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é....”. O homem justificado não é um homem “reformado”, mas um novo homem. Este novo homem é visto por Deus como se nunca tivesse pecado. A Justificação não deixa resíduos dos pecados dantes cometidos. Isto por causa daquele “...que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que, nele, fossemos feitos justiça de Deus” (2Co 5:21).

Afirma o apóstolo Paulo: ”sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus” (Rm.3:24). Ao morrer por nós, Cristo abre a oportunidade de nos libertar do pecado. Jesus pagou o preço da nossa salvação e, por isso, nos comprou a liberdade. Este ato é conhecido por “redenção”, ou seja, “o ato de remir”, o “resgate”, ou seja, “o ato de livrar (algo) de ônus por meio do pagamento”, o “ato de comprar para libertar”. Por isso, o apóstolo Pedro nos lembra que não fomos comprados com ouro, mas com o precioso sangue de Jesus (1Pd1:18,19). Como fomos comprados por Cristo, libertamo-nos do jugo do pecado e, por isso, não mais estamos sob condenação, alcançamos a justificação.

A Bíblia declara que não poderíamos ser redimidos sem o sacrifício de Cristo (Hb.9:22; Lv.17:11). Na Cruz do Calvário, quando ele declarou “está consumado” (João 19:30), o preço da redenção foi pago, a Justiça de Deus estava satisfeita. A punição exigida pela Justiça de Deus estava concretizada sobre Jesus. Agora, nEle o homem pode ser justificado.

2. A doutrina da santificação

A doutrina da santificação implica uma vida separada do pecado (1Pd.1:15,16). A santificação é parte integrante da vida cristã, e o cristão que não deseja a santificação está perdendo o temor a Deus. Como Deus deseja também nos auxiliar no processo de santificação, Ele nos dá o seu Santo Espírito para habitar em nós e nos orientar nesta separação do mundo, ou seja, separação do pecado, não dos pecadores. A vida cristã somente pode progredir e se desenvolver se houver separação do pecado, o que deve ser buscado até o dia do arrebatamento da Igreja. Mas, é bom ressaltar que a Santificação é um processo de desenvolvimento espiritual, auxiliado pelo Espírito Santo, para que o homem possa prestar verdadeiro culto (serviço) ao Pai (Rm.12:1). Segundo a Bíblia, o propósito da santificação é que o velho homem deixe de viver e Cristo viva nele. Após sermos justificados, o Senhor trabalha em nós e por nós, na obra de preparar-nos para o Céu; isto é santificação.

A santificação começa por ocasião da conversão, e continua através de toda a vida do crente. É o gradual desenvolvimento de um caráter semelhante a Cristo, produzido pela submissão do crente à graça de Deus. Abrange todo o momento da vida, e é de importância progressiva. Significa perfeito amor, obediência e perfeita conformidade à vontade de Deus. O escritor aos Hebreus exorta que sem santificação ninguém verá o Senhor (Hb.4:12).

3. A doutrina da glorificação

A glorificação é a última etapa do processo da salvação. Ao contrário do que muitos pensam, a salvação não é um ato único, um instante isolado, mas envolve todo um processo, ou seja, uma sequência de atos, com origem em Deus. Tanto a salvação é um processo, que o próprio Jesus nos ensina que é preciso “perseverar até o fim” para que seja salvo (Mt.24:13), isto é, é preciso uma continuidade, uma constância até o instante final da nossa permanência nesta dimensão terrena, onde fomos postos pelo Senhor, por Sua misericórdia, para termos a chance e oportunidade de sermos salvos. Está escrito: “Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Rm.8:17). O processo de salvação se dá na seguinte sequência de atos:

- Primeiro, o arrependimento. O reconhecimento de que se é pecador e que é preciso mudar seu comportamento diante de Deus. Jesus, ao iniciar a pregação do Evangelho, não tinha outra mensagem senão “Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc.1:15).

- Segundo, a Conversão. É a mudança de direção na vida. O homem, quando se arrepende, muda a sua concepção a respeito da vida, modifica seus desejos, seus sentimentos e seus pensamentos; reconhece que Deus deve governar a sua vida e que deve, a partir daquele momento, passar a agradar a Deus. A atuação do Espírito Santo é indispensável para que o homem seja convencido do pecado, da morte e do juízo e, assim, resolva se arrepender dos seus pecados e mudar a direção da sua vida, que é o que denominamos de "conversão".

- Terceiro, o Perdão dos pecados. Quando nos arrependemos e cremos que Jesus é o nosso único e suficiente Senhor e Salvador, temos os nossos pecados perdoados (At.10:43).

- Quarto, a Regeneração ou Novo Nascimento. É um ato divino através do qual a criatura humana experimenta uma mudança radical no seu interior. É a única maneira pela qual o “homem velho”, morto em ofensas e pecados pode voltar a viver para Deus.

- Quinto, a Justificação. Após ser regenerado ou nascido de novo, o homem é declarado justo por Deus, ou seja, o castigo que merecia receber pelos seus pecados é atribuído a Cristo e, por causa disto, o homem fica sem pecado algum, é absolvido, ou seja, é declarado justo diante de Deus.

- Sexto, a Adoção de filhos. A Regeneração e a Justificação tornam-nos filhos de Deus (João 1:12). Como deixamos de ter pecados, como passamos a ser considerados justos, como passamos a ter comunhão com Deus, recebemos o poder de sermos filhos de Deus, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo (Rm.8:17).

- Sétimo, a Santificação. Santificação significa apartar-se do mal. É condição necessária para desfrutar-se da comunhão com Deus. Deus é santo, e seu povo há de ser santo também. A exortação de Deus é: “santificai-vos e sede santos, pois eu sou o SENHOR, vosso Deus. E guardai os meus estatutos e cumpri-os. Eu sou o SENHOR que vos santifica” (Lv.20:7,8).

- Oitiva, a Glorificação. Este ato divino ocorrerá quando Jesus voltar para arrebatar a Sua Igreja. Quando do arrebatamento da Igreja, o Senhor Jesus completará o processo da salvação. Aqueles que dormiram no Senhor, ou seja, mantiveram-se em santidade até o instante de sua morte física, ressuscitarão primeiro e receberão um corpo glorioso. Os que estiverem vivos naquela oportunidade, serão transformados e, assim, todos atingirão o estágio final da salvação: a glorificação (1Co.15:51-57). Por isso as Escrituras nos dizem que Cristo é as primícias dos salvos (1Co.15:20), pois foi o primeiro a ressuscitar e a receber a glorificação que nós também receberemos naquele grande dia (1Co.15:23).

CONCLUSÃO

As Epístolas são eminentemente livros doutrinários, divinamente inspirados e que representam quase 80% do cânon do Novo Testamento. Ao escrever essas Epístolas, os autores explicaram as grandes verdades a respeito de Jesus Cristo e Sua obra. Os autores sagrados igualmente descreveram a relação entre os crentes e Cristo, e como os crentes devem viver como resultado disso. As poderosas mensagens que Deus inspirou que escrevessem não visavam apenas aos primeiros discípulos, mas também "todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Co.1:2). Portanto, elas continuam a instruir o povo de Deus, a formar o caráter do crente salvo em Jesus, e a preparar a Igreja para a vinda do Senhor.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Norman L Geisler. Introdução geral à Bíblia. Vida Nova.

Pr. Douglas Baptista. A Supremacia das Escrituras – A inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de Deus. CPAD.

Pr. Claudionor de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua Igreja em Levítico. CPAD.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. Exortação à Santidade. PortalEBD_2005.

domingo, 6 de março de 2022

Aula 11 – LUCAS-ATOS: O MODELO PENTECOSTAL PARA HOJE

 

1º Trimestre/2022


Texto Base: Lucas 1:21,22; Atos 2:1-4

 

 “E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At.2:4).

Lucas 1:

21.E o povo estava esperando a Zacarias e maravilhava-se de que tanto se demorasse no templo.

22.E, saindo ele, não lhes podia falar; e entenderam que tivera alguma visão no templo. E falava por acenos e ficou mudo.

Atos 2:

1.Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar;

2.E, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.

3.E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.

4.E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos da Ação do Espírito Santo, na vida de Jesus, segundo o Evangelho de Lucas e na Igreja, em Atos dos apóstolos. Os registros mostram que a unção do Espírito Santo que repousava sobre Jesus também foi concedida à Igreja para que ela proclame o evangelho em continuidade ao ministério de Jesus. Desde o Pentecostes, o derramar do Espírito Santo permanece como modelo para a Igreja de Cristo até agora. O Espírito Santo atua de maneira contínua e dinâmica para salvação. Sem o Espírito Santo seria quase impossível um pecador se converter a Cristo. Além de Ele atuar para convencer o pecador, o Espírito capacita o pregador da mensagem, dando-lhe poder e manifestando sinais sobrenaturais para confirmá-la. Assim como no início da Igreja, os crentes atuais precisam buscar o Batismo no Espírito Santo como revestimento de poder do Alto para realizar a obra de Deus e alcançar uma vida cristã vitoriosa.

I. O EVANGELHO DE LUCAS: O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DE CRISTO

1. O Espírito Santo no Evangelho

O evangelho de Lucas contém abundantes referências ao Espírito Santo. Há pelo menos umas dezessete referências ao Espírito Santo nesse evangelho, em comparação com doze em Mateus e seis em Marcos. Em Lucas é descrito que Ele reveste o precursor do Messias (Lc.1:13,15); Ele é percebido na vida de Zacarias e de sua esposa; Ele atuou na concepção de Jesus (Lc.1:35); Ele é percebido na vida de Simeão ao conhecer o Messias antes de morrer (Lc.2:25-22); Ele reaviva o dom da profecia (Lc.1:41,67; 2:25-27); Ele é o sinal do Messias há muito esperado (Lc.4:1); Ele capacitou Jesus em sua obra (Lc.4:14; 5:17); Ele é o dom de Deus a seus filhos (Lc.11:13). Os discípulos deviam aguardar "serem revestidos" pelo Espírito, e, sob seu poder, deviam, então, sair a evangelizar o mundo (Lc.24:44-49; At.1:8). Enfim, no Evangelho de Lucas vemos a força do Espírito Santo em Jesus. Jesus tinha a força do Espírito que o movia para a evangelização, sobretudo aos mais carentes. Ele estava imerso pelo poder operador do Espírito Santo, e guiado por Ele, Jesus instruiu os seus seguidores.

2. O Espírito Santo e o batismo de Cristo

O batismo de Jesus é narrado nos quatro Evangelhos: Mateus (3:13-17), Marcos (1:9-11), Lucas (3:21,22) e João (1:32-34). Isso, por si só, constitui forte testemunho de sua importância e singularidade. Lucas informa que, nesse momento, estando o Senhor orando, o céu se abriu (Lc.3:21) e o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma de pomba (Lc.3:22a), e uma voz do céu dizia: “Tu és o meu Filho amado” (Lc.3:22). A descida do Espírito e a voz que identificava Jesus como Filho de Deus tinham como propósito marcar o início do ministério público dEle (Lc.4:1,14,18). Esse evento foi o ato inaugural do ministério público de Jesus, quando o Senhor se revelou ao povo de Israel como o Messias, o Salvador do mundo. No batismo, Jesus mostrou que veio se identificar com a humanidade pecadora, submetendo-se, como homem, ao cumprimento da vontade de Deus. Por isso, batizou-se embora não tivesse pecado. Neste ato, Jesus foi apresentado como o Filho amado do Pai (Mt.3:17) e Servo do Pai (Mt.3:17 cf. Is.42:1).

3. O Espírito Santo e a tentação de Cristo

Lucas Narra que, após o batismo, Jesus, cheio do Espírito Santo (Lc.4:1a), foi impelido pelo Espírito ao deserto, e lá foi tentado pelo Diabo durante quarenta dias (Lc.4:1b; 4:2a). Não foi o diabo que arrastou Jesus para o deserto, foi o Espírito Santo quem levou (Mt.4:1) e impeliu (Mc.1:12) Jesus ao deserto. O mesmo Espírito que desceu sobre Jesus como uma pomba agora o impele para o deserto para ser tentado. O propósito dessa batalha espiritual era para que Jesus não apenas tivesse a natureza humana, mas também a experiência humana. O propósito era que Ele fosse não apenas nosso paradigma, mas o nosso refúgio e consolador. O autor aos Hebreus esclarece:

“Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb.2:17,18).

Jesus passou quarenta dias no deserto jejuando; mesmo estando cheio do Espírito e sendo guiado pela Espírito, Ele foi tentado. Mesmo jejuando, o diabo não se afastou dele. Mesmo ouvindo a voz do Pai dizendo que Ele era seu Filho e seu deleite, o diabo o tentou. O fato de sermos filhos de Deus cheios do Espírito Santo, e de estamos na prática da oração e do jejum não nos isenta da tentação.

Segundo Hernandes Dias Lopes, a iniciativa da tentação foi do próprio Deus. Não foi propriamente Satanás quem estava atacando Jesus; foi Jesus quem estava invadindo o seu território. Jesus era quem estava empurrando as portas do inferno. Satanás, nessa reação, foi fragorosamente derrotado. A vitória do Senhor sobre a tentação demonstra que Ele estava capacitado para cumprir o seu ministério. Cristo venceu o Diabo pelo poder do Espírito e da Palavra de Deus (Lc.4:4,8,12,13). Mesmo cercado por feras e num lugar tão hostil e desfavorável, Jesus triunfou sobre o Diabo.

4. O Espírito Santo e a missão de Cristo

Após o triunfo de Jesus sobre o diabo, o Espírito Santo, agora, o reveste de poder para dar início ao seu ministério na Galileia (Lc.4:14). Ou seja, o mesmo Espírito que havia conduzido o Senhor ao isolamento, para longe das pessoas (Lc.4:1), leva-o agora à cena pública, às pessoas (Lc.4:14,15). Jesus, porém, não inicia seu ministério na Judeia, centro nevrálgico da religião de Israel. Não dá o pontapé inicial em seu ministério de ensino, cura e libertação na geografia sagrada da Judeia, onde estavam o Templo, os escribas e os sacerdotes. Mas volta sua atenção para a desprezada Galileia, região mais estigmatizada de Israel, pela forte influência gentílica que recebia. A aceitação de Jesus foi entusiasmada: “sua fama correu por toda a circunvizinhança” (Lc.4:14), sendo glorificado por todos” (Lc.4:15).

Após ministrar em alguns lugares, dirigiu-se para Nazaré (Lc.4:15,16), cidade na qual fora criado e onde, provavelmente, trabalhou como carpinteiro. Num sábado, ele foi à sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler as Escrituras Sagradas. Há muitas referências à presença de Jesus nos cultos, mas somente esta referência de Lucas 4:16 nos conta que se tratava de um hábito seu. Jesus, então, recebe o Livro do profeta Isaías e Ele mesmo abre o Livro no exato lugar onde estava definida a sua missão. Mais uma vez é ressaltado que o Espírito Santo estava sobre Ele e o ungiu para cumprir essa sublime missão. Ao terminar a leitura, Jesus afirmou categoricamente que essa profecia de Isaías estava se cumprindo nEle (Lc.4:21). Aqui, o Senhor declara que a unção do Espírito qualifica seu ministério para evangelizar em cinco áreas: “evangelizar os pobres” (Lc.4:18); “proclamar libertação aos cativos” (Lc.4:18); “restaurar a vista aos cegos” (Lc.4:18); “libertar os oprimidos” (Lc.4:18); e “apregoar o ano aceitável do Senhor” (Lc.4:19).

II. ATOS DOS APÓSTOLOS: O ESPÍRITO SANTO NO MINISTÉRIO DA IGREJA

1. O Espírito Santo em Atos

Depois de dar aos discípulos a grande comissão, Jesus promete a eles poderosa capacitação, dizendo-lhes: “Eis que envio sobre vós a promessa de meu Pai; permanecei na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc.24:49). Jesus se refere a uma espera obediente, perseverante e cheia de expectativa. Essa promessa do Pai é o batismo no Espírito Santo (Atos 1:4-8). Os discípulos receberiam poder ao descer sobre eles o Espírito Santo (Atos 1:8). Essa promessa cumpriu-se no Pentecostes, quando o Espírito foi derramado sobre eles, que ficaram cheios do Espírito (Atos 2:1-4).

“Portanto, Atos registra a ação do Espírito na inauguração histórica da Igreja como agência de Cristo. Trata-se da continuação da obra de Jesus por meio dos discípulos capacitados pelo Espírito Santo” (Atos 2:38). Hernandes Dias Lopes argumenta que a capacitação precede a ação. Citando Barclay, afirma: ”há um momento para esperar em Deus e um momento para trabalhar para Deus”. Citando Anthony Ash, afirma que a ordem era: “espere Deus agir e depois vá! Atue no poder dele!”. Primeiro Jesus envia o Espírito Santo à Igreja, depois ele envia a Igreja ao mundo.

2. A promessa cumprida no Pentecostes

Jesus fez uma promessa e ela se cumpriu. Aliás, o batismo no Espírito Santo remonta a profecia de Joel (Jl.2:28). Cristo a ratificou como sendo “a promessa do Pai” (Atos 1:4). O cumprimento se deu no dia de Pentecostes (Atos 2:1). Como nada que ocorre nas Escrituras e, por conseguinte, no plano de Deus ao homem, é por acaso, é sem propósito, também não é coincidência nem muito menos um acidente que a promessa do derramamento do Espírito Santo tenha se cumprido no dia de Pentecostes, uma das três mais importantes festas judaicas, ao lado da Páscoa e da Festa dos Tabernáculos (Ex.23:14-19). A própria festa de Pentecostes, também chamada de “festa da sega dos primeiros frutos” (Ex.23:16), “festa das semanas” (Dt.16:16) ou “festa das primícias (Ex.34:22), já era uma figura que apontava para o próprio derramamento do Espírito Santo.

No momento do cumprimento da promessa, os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas. Lucas descreve esse maravilhoso evento de forma clara (Atos 2:1-4):

“Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”.

·     O derramamento do Espírito veio como um som (Atos 2:2). Não foi barulho, algazarra, falta de ordem, histeria, mas um “som” do Céu. A palavra grega “echos”, usada aqui, é a mesma usada em Lucas 21:25 para descrever o estrondo do mar. O derramamento do Espírito Santo foi um acontecimento audível, verificável, público, reverberando sua influência na sociedade. Esse impacto atraiu grande multidão para ouvir a Palavra de Deus.

·     O derramamento do Espírito veio como um vento (Atos 2:2). O Espírito veio em forma de vento para mostrar sua soberania, liberdade e inescrutabilidade. Assim como o vento é livre, o Espírito sopra onde quer, da forma que quer, em quem quer. O Espírito sopra onde jamais sopraríamos e deixa de soprar onde gostaríamos que ele soprasse. Como o vento, o Espírito é soberano. Ele sopra no templo, na rua, no hospital, no campo, na cidade, nos ermos da terra, na hora do batismo nas águas. Quando ele sopra, ninguém pode detê-lo. As pessoas podem até medir a velocidade do vento, mas não podem mudar o seu curso. Como o vento, o Espírito também é misterioso - ninguém sabe donde vem nem para onde vai. Seu curso é livre e soberano. Deus não se submete à agenda das pessoas nem se deixa domesticar.

·     O derramamento do Espírito veio em línguas de fogo (Atos 2:3). O fogo é símbolo do Espírito Santo. Deus se manifestou a Moisés na sarça em que o fogo ardia e não se consumia (Êx.3:2). Quando Salomão consagrou o templo ao Senhor, desceu fogo do Céu (2Cr.7:1). No Carmelo, Elias orou, e o fogo desceu (1Rs.18:38,39). Deus é fogo. Sua Palavra é fogo. Ele faz dos seus ministros labaredas de fogo. Jesus batiza com fogo. E o Espírito Santo desceu em línguas como de fogo.

A “promessa do Pai”, que foi anunciada pelo Filho (At.1:4), é dirigida à Igreja e, por isso, perdurará durante toda a dispensação da graça como algo que estará à disposição de todos quantos pertencem ao corpo de Cristo.

3. A expansão da Igreja Primitiva

A partir do batismo no Espírito Santo, os discípulos começaram a pregar pelo poder do Espírito, e a Igreja cresceu geometricamente, e se expandiu por todo o mundo de então, chegando até nós. Logo no primeiro sermão, Pedro anunciou Cristo com intrepidez, e quase 3.000 almas se converteram (Atos 2:36,38,41). Depois disso, muitas maravilhas e sinais eram operados, e as almas eram alcançadas (Atos 2:43,47), e a Igreja crescia muito (Atos 5:14) – “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais” (At.5:14).

Desde o dia de Pentecostes, quando, após a pregação de Pedro, quase três mil almas se converteram (At.2:41), o aumento do número de salvos saltou para aproximadamente cinco mil, após o milagre da cura do coxo da porta Formosa do templo (At.4:4). Nota-se que, por seguidas vezes, Lucas registra o crescimento como uma marca da Igreja. Deste modo, não se pode negar que o crescimento é um elemento que deve constar dos objetivos e alvos de todos quantos estão a fazer a obra do Senhor, visto que o trabalho do Espírito Santo produz, sim, aumento do número de pessoas convertidas a Cristo Jesus, não havendo como se impedir que isto se verifique, pois se trata de um trabalhar divino, trabalho este que ninguém pode impedir (Is.43:13). O pr. Douglas lembra bem o seguinte mover do Espírito Santo na vida dos apóstolos: “Felipe, na virtude do Espírito, pregou em Samaria, e vidas foram salvas (At.8:5-13). Cornélio e sua casa receberam o Evangelho pelo mover do Espírito (At.10:24-29). Paulo, cheio do Espírito, alvoroçou o mundo, e milhares de almas foram salvas e curadas pela pregação do Evangelho (At.9:15,17; 17:6; 19:10; 24:5). Esses relatos demonstram a ação do Espírito Santo na propagação do Reino de Deus”.

O propósito principal do batismo no Espírito Santo é, precisamente, fazer com que o crente possa ser Sua testemunha; é o que verificamos no texto de At.1:8 - “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra”. Alguém só pode ser testemunha de alguém se tiver presenciado o fato, se conhecer a pessoa ou a sua vida e obra. Como poderia um crente falar a respeito do amor e do poder de Deus, se não os presenciasse, se não os vivenciasse? Somente o crente batizado no Espírito Santo é testemunha plena e completa da obra de Deus através de Jesus Cristo, pois não só desfruta do amor de Deus, pois é salvo, como também é envolvido pelo poder de Deus através do revestimento de poder.

III. UM MODELO PENTECOSTAL PARA A IGREJA DE NOSSOS DIAS

1. O revestimento de poder do alto

O Batismo no Espírito Santo é o revestimento e derramamento de poder do Alto para o ingresso do crente numa vida de mais profunda adoração e eficiente serviço para Deus - “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós...” (Atos 1:8). O crente batizado no Espírito Santo goza do privilégio de uma comunhão mais profunda com Deus (1Co.4:26), de uma vida de oração mais poderosa, de uma vida mais vitoriosa (Atos 6:8-10), de maior capacidade para entender a Palavra de Deus, pode suportar as provações e as tentações com mais facilidade. Em vista disso, a exemplo dos primeiros cristãos, a Igreja contemporânea deve buscar com insistência o revestimento de poder (Lc.11:13), pois esta experiência é para todos os salvos, em todas as épocas (Atos 2:38,39).

É válido ressaltar que o batismo no Espírito Santo é uma experiência distinta da Salvação. A salvação vem pela fé em Cristo e não pelo batismo no Espírito. Portanto, todos aqueles que foram salvos em Cristo - sejam eles pentecostais, ou não, foram eles batizados no Espírito Santo, ou não -, têm o Espírito Santo, e foram batizados no Corpo de Cristo (1Co.12:13) – “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito”. Quem não tem o Espírito não é cristão (Rm.8:9) – “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”.

2. As línguas como evidência inicial

Lucas apresenta as línguas como evidência da vinda do Espírito. No dia de Pentecostes, Pedro declarou que as línguas dos discípulos serviram de sinal (Atos 2:3,4) - “E todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (Atos 2:4). As línguas estabeleceram o fato de que eles, os discípulos de Jesus, eram proclamadores do fim dos tempos, sobre os quais Joel profetizou. As línguas também marcaram a chegada dos últimos dias (Atos 2:17-21) e serviram para estabelecer o fato de que Jesus ressuscitara e é o Senhor de tudo e de todos (Atos 2:33-36).

Neste glorioso fenômeno do Pentecostes, Deus rompeu a barreira da língua e os judeus de diversas partes do mundo puderam ouvir os discípulos falando em sua própria língua materna. Essas “outras línguas” eram dialetos conhecidos e falados pelos judeus que habitavam diversas regiões do Império Romano, e estavam em Jerusalém para participarem da festa de Pentecostes.

O apóstolo Pedro aborda a questão da “glossolalia” de Atos 2 e diz que não foi consequência de uma intoxicação ou embriaguez (Atos 2:13). Os discípulos não perderam suas funções físicas e mentais; foi um fenômeno tanto de fala como de audição. Não foram sons incoerentes, mas uma habilidade sobrenatural para falar em línguas reconhecíveis. Assim, a expressão “outras línguas” poderia ser traduzida por “línguas diferentes da sua língua materna”. Os discípulos falaram línguas que ainda não haviam aprendido. Essas “outras línguas”, portanto, são conhecidas como “glossolalia”, e elas evidenciam externa, física e inicialmente o batismo no Espírito Santo.

3. A plenitude do Espírito Santo

A Promessa de ser batizado no Espírito Santo é para toda a Igreja, e isso engloba todos os crentes em Cristo em todos os lugares e em todas as épocas até à volta de nosso Senhor (At.2:16-21). O profeta Joel havia profetizado que o Espírito Santo seria derramado sobre toda a carne (Jl.2:28-32). Esse derramamento do Espírito quebraria barreiras e romperia o preconceito sexual (filhos e filhas), etário (jovens e velhos) e social (servos e servas) (Atos 2:17,18). A profecia de Joel teve um cumprimento no Pentecostes, iniciando assim a dispensação do Espírito, mas a efusão é contínua até “o grande e glorioso dia do Senhor” (Atos 2:20).

O apóstolo Paulo nos ordena a sermos cheios do Espírito Santo (Ef.5:18). É o Espírito Santo que nos convence do pecado; é Ele quem opera em nós o novo nascimento; é Ele quem nos ilumina o coração para entendermos as Escrituras; é Ele quem nos consola e intercede por nós com gemidos inexprimíveis; é Ele quem nos batiza no corpo de Cristo; é Ele quem testifica com o nosso Espírito que somos filhos de Deus; é Ele quem habita em nós. Todavia, é possível ser nascido do Espírito, ser batizado no Espírito, habitado pelo Espírito, selado pelo Espírito e estar ainda sem a plenitude do Espírito. Aquele que já tem o Espírito, que é batizado no Espírito, deve agora, ser cheio do Espírito.

CONCLUSÃO

O evangelho completo, sem restrições, inteiramente assumido como verdade atual só é possível para quem crê na atualidade da operação do Espírito Santo, o que só é possível dentro da aceitação das doutrinas bíblicas pentecostais. Somente a admissão do “derramamento do Espírito Santo” como uma realidade atual poderá dizer que cremos na Bíblia e que a praticamos.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Norman L Geisler. Introdução geral à Bíblia. Vida Nova.

Pr. Douglas Baptista. A Supremacia das Escrituras – A inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de Deus. CPAD.

Pr. Ezequias Soares. “Os doze Profetas Menores – Advertências e Consolações para a Santificação da Igreja de Cristo”. CPAD.

Pr. Caramuru Afonso Francisco. A Promessa do Batismo no Espírito Santo. PortalEBD_2007.