domingo, 22 de setembro de 2024

ESTER, A PORTADORA DAS BOAS-NOVAS

         3° Trimestre de 2024

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 13

Texto Base: Ester 8:4-8; 9:29-31; 10:1-3

“E para os judeus houve luz, e alegria, e gozo, e honra” (Et.8:16).

Ester 8:

4.E estendeu o rei para Ester o cetro de ouro. Então, Ester se levantou, e se pôs em pé perante o rei,

5.e disse: Se bem parecer ao rei, e se eu achei graça perante ele, e se este negócio é reto diante do rei, e se eu lhe agrado aos seus olhos, escreva-se que se revoguem as cartas e o intento de Hamã, filho de Hamedata, o agagita, as quais ele escreveu para lançar a perder os judeus que há em todas as províncias do rei.

6.Por que como poderei ver o mal que sobrevirá ao meu povo? E como poderei ver a perdição da minha geração?

7.Então, disse o rei Assuero à rainha Ester e ao judeu Mardoqueu: Eis que dei a Ester a casa de Hamã, e a ele enforcaram numa forca, porquanto quisera pôr as mãos sobre os judeus.

8.Escrevei, pois, aos judeus, como parecer bem aos vossos olhos e em nome do rei, e selai-o com o anel do rei; porque a escritura que se escreve em nome do rei e se sela com o anel do rei não é para revogar.

Ester 9:

29.Depois disso, escreveu a rainha Ester, filha de Abiail, e Mardoqueu, o judeu, com toda a força, para confirmarem segunda vez esta carta de Purim.

30.E mandaram cartas a todos os judeus, às cento e vinte e sete províncias do reino de Assuero, com palavras de paz e fidelidade,

31.para confirmarem estes dias de Purim nos seus tempos determinados, como Mardoqueu, o judeu, e a rainha Ester lhes tinham estabelecido e como eles mesmos já o tinham estabelecido sobre si e sobre a sua semente, acerca do jejum e do seu clamor.

Ester 10:

1.Depois disto, pôs o rei Assuero tributo sobre a terra e sobre as ilhas do mar.
2.E todas as obras do seu poder e do seu valor e a declaração da grandeza de Mardoqueu, a quem o rei engrandeceu, porventura, não estão escritas no livro das crônicas dos reis da Média e da Pérsia?

3.Porque o judeu Mardoqueu foi o segundo depois do rei Assuero, e grande para com os judeus, e agradável para com a multidão de seus irmãos, procurando o bem do seu povo e trabalhando pela prosperidade de toda a sua nação.

INTRODUÇÃO

Com esta Lição concluímos o estudo dos livros de Rute e Ester, duas mulheres notáveis que desempenharam papéis essenciais na história da salvação revelada em Cristo Jesus. Esta Lição aborda o grande livramento concedido por Deus ao Seu povo nos dias do rei Assuero. A trama que ameaçava os judeus estava terminando, com o decreto real permitindo que as comunidades judaicas se defendessem em todas as províncias persas. Ester, corajosa e estratégica, se destacou como a difusora das boas-novas, enquanto Mardoqueu alcançou grande honra em todo o império. Esse episódio sublinha a importância da fidelidade, da coragem e da providência divina na trajetória histórica da salvação.

I. O PEDIDO DE DEFESA AOS JUDEUS E A CONCESSÃO DO REI

1. A humildade de Ester e sua súplica

Ester, ciente da iminente ameaça ao seu povo, abordou o rei Assuero com humildade e respeito. O decreto fatal, planejado por Hamã e assinado pelo rei, determinava que no dia 13 do décimo segundo mês (entre fevereiro e março de nosso calendário), os judeus seriam exterminados em todas as 127 províncias do Império Persa. Para impedir esse massacre, Ester suplicou ao rei para revogar a ordem.

Assuero, reconhecendo a gravidade da situação e já tendo executado Hamã, explicou que não podia anular um decreto que havia sido selado com seu anel. No entanto, ele concedeu a Ester e Mardoqueu a permissão para redigir um novo decreto que poderia oferecer uma solução alternativa (Ester 8:7,8).

A resposta do rei sublinhou uma realidade comum nos sistemas legais daquela época: os decretos reais não podiam ser revogados, uma vez selados. Isso deixou os judeus com a necessidade de se defenderem, enfrentando seus adversários com coragem e fé.

Ester não apenas demonstrou grande humildade ao pedir ao rei que revesse a situação, mas também uma profunda sabedoria ao agir estrategicamente dentro dos limites da lei. Este episódio reforça a importância de agirmos com discernimento e confiança em Deus, mesmo diante de desafios aparentemente insuperáveis.

A humildade de Ester e sua capacidade de persuasão são exemplares. Ela soube equilibrar respeito e firmeza, lembrando-nos que, enquanto confiamos em Deus, também precisamos desempenhar nosso papel ativo nas situações que enfrentamos (Josué 1:3-9). A história de Ester nos ensina que a fé em ação, combinada com humildade e sabedoria, pode transformar circunstâncias desesperadoras em oportunidades de grande vitória e livramento.

2. Segurança jurídica

Os reis da Pérsia, incluindo Assuero, operavam dentro de um sistema onde a lei dos medos e persas era imutável. Este princípio significava que uma vez que um decreto real era assinado e selado, ele não podia ser revogado, independentemente das circunstâncias. A história de Dario e Daniel ilustra bem essa realidade. Apesar de Dario estimar Daniel, ele não pôde livrá-lo da cova dos leões devido à irrevogabilidade de seu próprio decreto (Dn.6:8,15).

Este conceito de imutabilidade legal sublinha a importância da sujeição às leis, um princípio que se aplica em qualquer nação. A Bíblia também reflete essa importância quando Paulo escreve que todos devem estar sujeitos às autoridades superiores e às leis (Rm.13:1). Jesus, ao responder sobre o tributo a César, exemplificou essa sujeição (Mt.22:17-21).

Em democracias modernas, como o Brasil, a vida pública e privada é regida por um ordenamento jurídico baseado na Constituição Federal. Este conjunto de leis oferece previsibilidade e segurança jurídica, assegurando que nenhuma pessoa ou poder está acima da Constituição. Alterações nesse ordenamento só podem ser feitas pelo Parlamento, que representa a vontade do povo.

A segurança jurídica é essencial para a estabilidade de qualquer sociedade. Sem ela, os direitos e deveres dos cidadãos se tornariam imprevisíveis, levando a um estado de anomia. O respeito às leis garante que todos saibam o que esperar, criando um ambiente de confiança e ordem.

Neste contexto, é vital que as autoridades respeitem a Constituição e que a Igreja do Senhor Jesus ore por elas, como Paulo exorta em 1Timóteo 2:1,2, pedindo para que governem com justiça e retidão. A oração pelas autoridades é um reconhecimento de que, apesar de as leis humanas serem fundamentais, a sabedoria e a justiça divinas são supremas e necessárias para guiar os líderes na condução de seus povos.

3. O direito de defesa

Diante da irrevogabilidade do decreto inicial de Assuero, que permitia a matança dos judeus em todo o Império Persa, o rei tomou uma medida significativa: emitiu um novo decreto, que concedia aos judeus o direito de se defenderem (Et.8:8-13). Esse decreto não anulava o anterior, mas funcionava como uma contraordem que equilibrava a balança, permitindo aos judeus se protegerem e lutarem por suas vidas no dia marcado para o ataque.

O texto de Ester nos revela que havia, de fato, uma hostilidade sistemática contra os judeus espalhada por todo o império (Et.8:11,13; 9:1,2,5). Portanto, a permissão para se defender não era uma licença para a vingança indiscriminada, mas uma resposta necessária às ameaças reais que os judeus enfrentavam. Este contexto é crucial para entender que a defesa dos judeus foi uma reação justa à tentativa de aniquilação, e não um ato de violência gratuita.

O envio do novo decreto às províncias produziu um efeito transformador. A notícia trouxe grande alegria aos judeus, que agora podiam se preparar para sua defesa, e gerou temor entre os demais povos do império. Esse temor foi tão profundo que muitos não-judeus se converteram ao judaísmo, evidenciando a ampla influência e o respeito gerado por Mardoqueu, cuja posição e poder estavam crescendo (Et.8:17).

Quando o dia do confronto chegou, os judeus não apenas sobreviveram, mas prevaleceram sobre seus inimigos. Em Susã, a capital, 500 homens foram mortos, incluindo os dez filhos de Hamã, o arquiteto do genocídio planejado (Et.9:1-10). No total, 75 mil dos inimigos dos judeus foram mortos em todo o império persa (Et.9:11-16). No dia seguinte ao primeiro combate, mais 300 inimigos foram mortos em Susã (Et.9:15).

Este relato demonstra a justiça divina em ação. Os judeus, com a permissão do rei e a mão protetora de Deus, puderam se defender e eliminar as ameaças à sua existência. A aliança de proteção, liderada por Ester e Mardoqueu, não só salvou os judeus da aniquilação, mas também reforçou sua posição no império. Os nobres e maiorais das províncias, temendo Mardoqueu e reconhecendo a influência crescente dos judeus, os apoiaram, tornando o livramento ainda mais completo e divinamente providencial (Et.9:1-4).

A resposta firme e justa dos judeus ao decreto de destruição reforça a ideia de que a defesa legítima é um direito fundamental. A segurança jurídica dada pelo novo decreto de Assuero foi crucial para que os judeus pudessem se preparar e agir em sua defesa. A história nos ensina que, em momentos de adversidade extrema, a coragem, a sabedoria e a confiança em Deus são essenciais para transformar ameaças em triunfos.

II. A RAINHA ESTER ESCREVE BOAS NOTÍCIAS PARA O SEU POVO

1. A comemoração dos judeus

O dia 14 do décimo segundo mês, “adar”, tornou-se um dia de grande celebração para os judeus espalhados pelo vasto Império Persa. Esse dia marcou o alívio e a alegria pelo grande livramento que Deus concedeu ao seu povo. O sentimento de alívio e gratidão era profundo e precisava ser gravado na memória coletiva dos judeus. Para isso, Mardoqueu tomou a iniciativa de registrar esses eventos históricos.

Mardoqueu escreveu cartas aos judeus de todas as províncias, instituindo oficialmente a Festa de Purim. Esta festa comemorativa foi estabelecida para ser celebrada anualmente em memória do livramento dos judeus das mãos de seus inimigos. Hamã, o adversário dos judeus, havia lançado sortes (pur) para escolher o dia da destruição dos judeus, mas, em uma reviravolta providencial, aquele dia tornou-se uma data de celebração e alegria.

A Festa de Purim foi assim estabelecida como um feriado nacional judaico, a ser celebrado por todas as gerações futuras. Os eventos que levaram a esse livramento foram documentados para que nunca fossem esquecidos, e para que os judeus pudessem relembrar e celebrar a intervenção divina em sua história. Ester e Mardoqueu, ao instituírem esta festa, garantiram que o povo judeu manteria viva a memória de sua sobrevivência e da justiça divina que os salvou.

Essa celebração é uma poderosa lembrança da fé e da providência divina, sublinhando a importância de reconhecer e comemorar os momentos de livramento e bênção na vida comunitária e individual. A Festa de Purim serve como um testemunho duradouro do triunfo da justiça e da proteção de Deus sobre o seu povo, transformando um dia de medo e potencial destruição em um dia de alegria e renovação de esperança (Et.9:20-28).

2. A carta e o decreto de Ester

Após o envio da primeira carta por Mardoqueu, que anunciava a instituição da Festa de Purim, uma segunda carta foi redigida por Ester e Mardoqueu, confirmando a celebração dessa festa por dois dias. Esta segunda comunicação foi especialmente significativa porque foi a primeira vez que a rainha Ester se dirigiu oficialmente ao seu povo.

A iniciativa de Ester em escrever uma segunda carta foi um gesto poderoso de liderança e cuidado. Ela não apenas endossou o conteúdo da primeira carta, mas também solidificou a celebração de Purim como uma festa de dois dias, mostrando a importância e a solenidade desse evento na vida dos judeus. Esse decreto, saindo diretamente da caneta da rainha Ester, conferiu uma legitimidade adicional à instituição da festa.

A confirmação da Festa de Purim através do decreto real estabeleceu oficialmente a celebração no calendário judaico. Com isso, Ester garantiu que a memória do livramento dos judeus seria perpetuada por todas as gerações. A Festa de Purim, marcada pela leitura do Livro de Ester, troca de presentes, doações aos pobres e celebrações festivas, é uma lembrança constante da providência divina e da coragem dos protagonistas dessa história bíblica.

Até hoje, a Festa de Purim é comemorada pelos judeus ao redor do mundo, não apenas como um evento histórico, mas como uma celebração da sobrevivência e da identidade judaica. O decreto de Ester e Mardoqueu não só preservou a história, mas também reforçou a união e a fé do povo judeu, demonstrando que, mesmo em tempos de grande adversidade, a intervenção divina e a liderança corajosa podem transformar situações de ameaça em ocasiões de grande alegria e renovação espiritual (Et.9:32).

3. A exaltação de Mardoqueu

Após a revelação de Ester de que Mardoqueu era seu parente, Assuero passou a vê-lo sob uma nova luz. Até então, o rei conhecia Mardoqueu como um leal súdito que havia descoberto um complô contra sua vida, mas não sabia de sua relação com a rainha. Quando Ester fez essa revelação, a posição de Mardoqueu no reino mudou drasticamente.

No mesmo dia em que Ester denunciou Hamã, Assuero fez Mardoqueu comparecer à sua presença e, reconhecendo sua importância e lealdade, deu-lhe o anel que antes pertencia a Hamã, um símbolo de autoridade e poder (Et.8:1,2). Além disso, Ester confiou a Mardoqueu a administração da casa de Hamã, consolidando sua influência e posição no reino.

A exaltação de Mardoqueu não parou por aí. Após a derrota dos inimigos dos judeus, Assuero elevou ainda mais sua posição, fazendo dele o segundo homem mais poderoso do reino, uma posição que anteriormente era ocupada por Hamã (Et.10:3). Mardoqueu se tornou um exemplo de integridade e serviço público. Ele utilizou sua posição elevada para o benefício de seu povo, trabalhando incansavelmente pelo bem-estar dos judeus em todo o império.

O relato bíblico de Mardoqueu encerra com um testemunho de sua exemplaridade: ele não apenas prosperou pessoalmente, mas sua administração trouxe paz e segurança ao seu povo. Este exemplo ilustra como Deus pode usar seus servos em posições de influência para realizar Seus propósitos e trazer bênçãos a muitos. A trajetória de Mardoqueu nos lembra da importância de servirmos a Deus em todas as áreas de nossas vidas, fazendo tudo para a Sua glória (1Co.10:31).

III. A MULHER É CHAMADA POR DEUS PARA SER RELEVANTE NO MUNDO

1. Uma mulher notável

Ester é um exemplo notável de como uma mulher pode exercer um papel de extrema importância em um cenário adverso e patriarcal sem necessidade de conflito ou inversão de papéis. Desde sua ascensão à condição de rainha, Ester demonstrou profundo respeito, obediência e honra a Mardoqueu, seu primo e tutor. Mardoqueu, que a criou como uma filha, guiou-a com sabedoria e integridade, e Ester seguiu seus conselhos com humildade e discernimento.

A trajetória de Ester no Império Persa é marcada pela prudência, humildade e equilíbrio. Diferente de Vasti, que foi destituída por sua desobediência e atitude irreverente, Ester mostrou-se uma rainha que respeitava e honrava seu marido, o rei Assuero. Sua maneira de se dirigir ao rei, mesmo em momentos de grande tensão, era sempre marcada por uma deferência que lhe garantiu não apenas o respeito, mas também a confiança de Assuero.

Ester não apenas entendeu o propósito de Deus para sua vida, mas também agiu com firmeza moral e coragem, características que a destacaram como uma mulher de grande relevância. Sua decisão de arriscar a vida ao interceder pelo seu povo diante do rei é um testemunho de sua fé e determinação. Ester soube esperar o momento certo, agir com estratégia e, acima de tudo, confiar em Deus para a libertação de seu povo.

A firmeza moral de Ester e sua capacidade de navegar com sabedoria as complexidades da corte persa a fizeram uma mulher notável, respeitada por seu povo e por aqueles ao seu redor. Ela é um exemplo de como a obediência a Deus e a sabedoria em lidar com as autoridades podem transformar situações difíceis e trazer grande livramento e bênção.

No contexto atual, Ester nos ensina que a relevância de uma mulher não está em disputar ou subverter os papéis, mas em reconhecer seu chamado divino e exercer sua influência com humildade, sabedoria e firmeza. Mulheres de todas as épocas podem olhar para Ester como um modelo de como servir a Deus e à sua comunidade de maneira significativa e impactante, cumprindo o propósito divino para suas vidas.

2. A banal “guerra dos sexos”

A “guerra dos sexos” é uma disputa fútil e sem sentido, promovendo ódio e aversão entre homens e mulheres, que Deus não apoia. Desde a criação, Deus fez homem e mulher, cada um com suas características e papéis específicos, conforme revelado nas Escrituras (Gênesis 1:27; 2:15-18). Ambos foram criados para complementar e colaborar, não para competir de forma destrutiva.

Deus não se alinha com partidarismos ou ideologias que buscam dividir ou diminuir qualquer gênero. Sua justiça e suas leis são perfeitas e serão o padrão pelo qual todos serão julgados. O papel de homens e mulheres é ser relevantes no mundo, utilizando seus dons e habilidades para cumprir os propósitos de Deus.

As mulheres têm um papel crucial no reino de Deus e podem contribuir imensamente para o bem-estar da sociedade. Ester é um exemplo brilhante disso, mostrando que a verdadeira força e influência vêm de uma vida dedicada à sabedoria, humildade e obediência a Deus. Ela não precisou entrar em conflito com os homens ao seu redor para ser relevante; ao invés disso, ela agiu dentro de sua posição e fez uma diferença monumental.

A relevância da mulher no plano divino e na sociedade é indiscutível. Deus chama tanto homens quanto mulheres para trabalhar em harmonia, refletindo seu amor e justiça. Mulheres, assim como Ester, são chamadas a se destacar pela integridade, coragem e fé, contribuindo de maneira significativa para a obra de Deus e a edificação de uma sociedade justa e amorosa.

3. O contexto cristão

Além das mulheres notáveis da Bíblia, muitas outras têm desempenhado papéis cruciais ao longo da história da Igreja. Anotamos algumas:

ü  Catarina von Bora, esposa de Martinho Lutero, foi fundamental na Reforma Protestante, trazendo estabilidade e apoio a Lutero.

ü  Susannah Wesley, mãe de John e Charles Wesley, criou uma base espiritual que influenciou o movimento metodista.

ü  Sarah Kalley, missionária no Brasil, teve um papel significativo no estabelecimento da Igreja Congregacional.

ü  Corrie ten Boom, com sua bravura durante a Segunda Guerra Mundial, salvou muitos judeus e escreveu um testemunho impactante de fé e perdão.

ü  Ruth Graham, esposa de Billy Graham, apoiou seu ministério global e inspirou muitos com sua devoção e sabedoria.

No contexto das Assembleias de Deus, várias mulheres foram pioneiras e líderes, tais como:

ü  Celina Martins Albuquerque foi a primeira pessoa a ser batizada com o Espírito Santo no Brasil, marcando o início do movimento pentecostal no país.

ü  Lina Nyström, missionária sueca, foi instrumental na evangelização e estabelecimento de igrejas.

ü  Zélia Brito e Frida Vingren foram outras missionárias que contribuíram significativamente para a expansão das Assembleias de Deus no Brasil.

ü  Signe Carlson e Elisabeth Nordlund também deixaram legados duradouros com suas obras missionárias e evangelísticas.

ü  Florência Silva Pereira e Albertina Bezerra Barreto desempenharam papéis importantes na liderança feminina dentro da igreja.

ü  Ruth Doris Lemos e Wanda Freire Costa são exemplos contemporâneos de mulheres que continuam a influenciar e liderar.

Essas mulheres e muitas outras não apenas atuaram em contextos específicos, mas também mostraram que a relevância das mulheres no reino de Deus é atemporal e universal.

Em solo brasileiro e ao redor do mundo, muitas mulheres continuam a servir com dedicação, coragem e amor, contribuindo para o crescimento e fortalecimento da Igreja. A sua atuação não apenas enriquece a história da fé cristã, mas também inspira futuras gerações a seguir seus passos de serviço e devoção a Deus.

CONCLUSÃO

Ester se destacou como uma figura central na história do povo judeu, sendo usada por Deus para trazer livramento e esperança em tempos de extrema adversidade. Sua coragem, sabedoria e humildade, em contraste com a maldade e arrogância de Hamã, resultaram na preservação de seu povo e na instituição da Festa de Purim, celebrada até hoje.

Mesmo em meio às dificuldades, Deus está presente e age em favor de Seu povo. A providência divina é uma constante em nossas vidas, e assim como Ester, somos chamados a ser instrumentos de Deus, levando boas novas e fazendo a diferença onde quer que estejamos. Que possamos aprender com o exemplo de Ester e confiar plenamente na soberania de Deus, sabendo que Ele está sempre no controle, guiando e protegendo Seu povo.

Com esta Lição, concluímos o estudo dos livros de Rute e Ester. Acima do papel humano evidenciado nessas histórias, a providência divina é contemplada do começo ao fim. Rute e Ester, com suas vidas e ações, foram instrumentos nas mãos de Deus para a realização de Seus propósitos. A trajetória de Rute, uma moabita que se tornou parte da linhagem de Jesus, e a coragem de Ester, que salvou seu povo da destruição, revelam como Deus utiliza indivíduos para cumprir Sua vontade. A providência divina não apenas guiou esses eventos históricos, mas também continua agindo em favor de Seu povo hoje. Que possamos reconhecer e confiar na soberania e no cuidado amoroso de Deus em nossas vidas, assim como fizeram Rute e Ester.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Rute – uma perfeita história de amor.

Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do cristão. CPAD.

Comentário Bíblico Beacon. Volume 2.

História dos Hebreus. Flavio Josefo. CPAD.

domingo, 15 de setembro de 2024

O BANQUETE DE ESTER: DENÚNCIA E LIVRAMENTO

          3º Trimestre de 2024

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 12

Texto Base: Ester 7:1-10

“Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do Senhor; a tudo quanto quer o inclina” (Provérbios 21:1).

Ester 7:

1.Vindo, pois, o rei com Hamã, para beber com a rainha Ester,

2.disse também o rei a Ester, no segundo dia, no banquete do vinho: Qual é a tua petição, rainha Ester? E se te dará. E qual é o teu requerimento? Até metade do reino se fará.

3.Então, respondeu a rainha Ester e disse: Se, ó rei, achei graça aos teus olhos, e se bem parecer ao rei, dê-se-me a minha vida como minha petição e o meu povo como meu requerimento.

4.Porque estamos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem e lançarem a perder; se ainda por servos e por servas nos vendessem, calar-me-ia, ainda que o opressor não recompensaria a perda do rei.

5. Então, falou o rei Assuero e disse à rainha Ester: Quem é esse? E onde está esse cujo coração o instigou a fazer assim?

6.E disse Ester: O homem, o opressor e o inimigo é este mau Hamã. Então, Hamã se perturbou perante o rei e a rainha.

7.E o rei, no seu furor, se levantou do banquete do vinho para o jardim do palácio; e Hamã se pôs em pé, para rogar à rainha Ester pela sua vida; porque viu que já o mal lhe era determinado pelo rei.

8.Tornando, pois, o rei do jardim do palácio à casa do banquete do vinho, Hamã tinha caído prostrado sobre o leito em que estava Ester. Então, disse o rei: Porventura, quereria ele também forçar a rainha perante mim nesta casa? Saindo essa palavra da boca do rei, cobriram a Hamã o rosto.

9.Então, disse Harbona, um dos eunucos que serviam diante do rei: Eis que também a forca de cinquenta côvados de altura que Hamã fizera para Mardoqueu, que falara para bem do rei, está junto à casa de Hamã. Então, disse o rei: Enforcai-o nela.

10.Enforcaram, pois, a Hamã na forca que ele tinha preparado para Mardoqueu. Então, o furor do rei se aplacou.

INTRODUÇÃO

Nesta Lição, estudaremos sobre o tema: "O Banquete de Ester: Denúncia e Livramento". Este foi um momento crucial na história dos judeus no império persa. A rainha Ester, demonstrando coragem e sabedoria, preparou um banquete ao qual convidou o rei Assuero e Hamã. Durante esse banquete, Ester revelou ao rei o plano maligno de Hamã para exterminar os judeus. A revelação provocou a ira do rei Assuero, levando à queda e execução de Hamã, irônica e justamente, na forca que ele havia preparado para Mardoqueu. Destacaremos a maneira como Deus interveio para proteger Seu povo, punindo o ódio, a perversidade e a injustiça. Ao estudarmos estes eventos, veremos como a providência divina e o cuidado amoroso de Deus se manifestam em tempos de grande necessidade, trazendo livramento e justiça.

I. O BANQUETE E A DENÚNCIA

1. A instabilidade de Hamã

Hamã, o poderoso ministro do rei Assuero, experimentou um dia de reviravoltas extremas que expuseram sua instabilidade emocional e moral. Sua jornada começou com a resolução firme de obter a ordem de enforcamento de Mardoqueu. Hamã estava convencido de que seu status e proximidade com o rei lhe garantiriam facilmente esse desejo sombrio. No entanto, o destino lhe reservou um papel humilhante: conduzir Mardoqueu, o mesmo homem que ele queria morto, pelas ruas de Susã, puxando o cavalo do rei, em uma demonstração pública de honra (Ester 6:11). Este evento deve ter abalado profundamente a confiança e a soberba de Hamã.

Ao retornar para casa, Hamã buscou consolo, mas encontrou mais angústia. Seus amigos e sua esposa, Zeres, pressagiaram sua queda iminente, reconhecendo que ele não prevaleceria contra Mardoqueu, se este fosse de fato judeu (Ester 6:13). Este mau prenúncio intensificou sua instabilidade emocional, levando-o a um estado de desespero e confusão.

Para agravar ainda mais sua situação, enquanto ainda processava os eventos do dia, Hamã foi apressadamente levado pelos servos do rei ao banquete preparado por Ester (Ester 6:14). Nesse banquete, ele estava ciente de que algo significativo estava por vir, mas incapaz de prever o desfecho. A mudança brusca de ser um favorecido do rei para um homem em profunda crise, prestes a enfrentar acusações graves, deixou Hamã profundamente perturbado.

A instabilidade de Hamã revela como a arrogância e o ódio podem levar à queda de uma pessoa. Seu dia, que começou com intenções malignas e confiança excessiva, terminou em humilhação e pavor.

Esse episódio sublinha a importância da humildade e da justiça, mostrando que, independentemente do poder e da posição, aqueles que tramam o mal contra os outros podem enfrentar consequências devastadoras. Deus, na Sua providência, utiliza até os planos dos ímpios para realizar Seus propósitos e proteger Seu povo, como demonstrado na vida de Mardoqueu e na queda de Hamã.

2. O banquete do vinho

O consumo de vinho era uma prática comum em celebrações e eventos sociais, e não seria diferente no contexto do reino da Pérsia. Desta feita, o banquete preparado por Ester para Assuero e Hamã, conhecido como "banquete do vinho" (Ester 7:2), não era uma festa desconhecida. Porém, esta prática, embora culturalmente aceita, é vista de forma crítica em várias passagens do Antigo Testamento devido aos perigos e males associados ao consumo excessivo de álcool.

No Antigo Testamento, o vinho é frequentemente associado a situações de descontrole e pecado. Após o dilúvio, Noé plantou uma vinha, embriagou-se e ficou exposto em sua tenda, resultando em uma maldição sobre seu neto, Canaã (Gênesis 9:20-27). A embriaguez de Ló, induzida por suas filhas, levou a um incesto que resultou na origem dos moabitas e amonitas (Gênesis 19:31-38). Esses relatos exemplificam as consequências devastadoras do abuso de álcool.

Provérbios também adverte sobre os perigos do vinho, destacando que ele pode levar à violência, à falta de autocontrole e à miséria (Provérbios 20:1; 23:29-35).

Os sacerdotes levíticos eram proibidos de consumir vinho durante o serviço no tabernáculo para assegurar que permanecessem santos e separados do profano (Levítico 10:8-11). Esta restrição sublinha a importância da sobriedade e da clareza de mente em tarefas sagradas. Além disso, o voto do nazireado exigia abstinência total do vinho, representando uma dedicação especial a Deus (Números 6:2-4).

Um exemplo notável de abstinência é encontrado nos recabitas, uma família que se absteve totalmente de vinho em obediência às instruções de seu antepassado Jonadabe, filho de Recabe. Por sua fidelidade, Deus os honrou e prometeu que sempre teriam descendentes que serviriam a Ele (Jeremias 35:6-19).

O Novo Testamento também adverte contra a embriaguez, aconselhando os crentes a encherem-se do Espírito Santo em vez de se embriagarem com vinho (Efésios 5:18). Este contraste sugere que a vida no Espírito é marcada por autocontrole e santidade, ao contrário do descontrole associado ao consumo excessivo de álcool.

Paulo aconselha a evitar toda aparência do mal (1Tessalonicenses 5:22) e enfatiza que nada deve dominar o crente além do Espírito Santo (1Coríntios 6:12). Pedro exorta os crentes a serem santos em todas as suas condutas, conforme o chamado de Deus à santidade (1Pedro 1:15).

3. “Qual é a tua petição?”

Assuero estava ansioso para descobrir o que afligia Ester, especialmente porque ela se arriscou ao comparecer em sua presença sem ser chamada e, durante o primeiro banquete, manteve o motivo de sua aflição em suspense. Essa combinação de risco pessoal e mistério certamente fez com que Assuero percebesse a gravidade da situação. Por isso, ele estava determinado a atender a qualquer pedido que Ester fizesse, demonstrando sua disposição ao perguntar novamente: “Qual é a tua petição, rainha Ester? [...]Qual é o teu requerimento? Até a metade do reino se fará” (Ester 7:2).

Nesse momento crítico, o coração de Ester provavelmente estava acelerado. Ela estava na presença do rei e de Hamã, o inimigo mortal dos judeus. Ester tinha que ser firme e clara em sua declaração. Demonstrando coragem e determinação, ela revelou a trama maligna de Hamã contra seu povo, expondo sua verdadeira intenção de exterminar os judeus (Ester 7:3-6).

A postura de Ester é um exemplo de sabedoria e compostura. Ela não apenas teve a coragem de se apresentar diante do rei sem ser convocada, mas também soube esperar o momento certo para expor a verdade. Ester agiu com a sabedoria e a virtude de uma mulher que sabia “[abrir] a boca com sabedoria” e manter sua dignidade (Provérbios 31:26).

A história de Ester destaca a importância da sabedoria e da coragem na luta contra a injustiça. Ester usou sua posição e influência de maneira sábia e corajosa, enfrentando um inimigo poderoso para salvar seu povo. Sua determinação e confiança em Deus foram fundamentais para a revelação do plano maligno de Hamã e a subsequente proteção dos judeus. Esta narrativa nos ensina sobre a força e a virtude necessárias para enfrentar desafios e lutar pela justiça, confiando na providência divina em todos os momentos.

II. A FÚRIA DO REI CONTRA A INJUSTIÇA

1. A revelação do plano

Ester, com firmeza e clareza, detalhou ao rei o plano maligno que ameaçava sua vida e a de seu povo. Ela explicou que tanto ela quanto os judeus estavam condenados à destruição - “Porque estamos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem e lançarem a perder” (Ester 7:4). Ester sublinhou o absurdo da conspiração de Hamã, que visava o extermínio de toda uma raça. Comparou essa situação à venda de pessoas como escravos, uma prática comum na época, mas enfatizou que, se fosse apenas uma questão de escravidão, ela não teria incomodado o rei.

Ao expor o plano, Ester tocou no coração do rei, mostrando a injustiça e a crueldade da trama. Sua habilidade em comunicar a gravidade da situação e o impacto pessoal que isso teria sobre ela foi crucial. Ester não apenas defendia seu povo, mas também apelava ao senso de justiça do rei, destacando a insensatez e a desumanidade do decreto.

A revelação de Ester foi um momento decisivo, demonstrando sua sabedoria e coragem. Ela soube esperar o momento certo para falar e fez isso de maneira que não apenas salvou seu povo, mas também expôs a verdadeira natureza de Hamã ao rei. Este ato de bravura e perspicácia destaca a importância de usar a sabedoria e a firmeza para enfrentar a injustiça e defender o que é certo. A história de Ester nos ensina que, com fé e coragem, podemos enfrentar grandes desafios e fazer a diferença em situações críticas.

2. Quem fez isso?

A pergunta de Assuero — "Quem fez isso?" — pode parecer estranha, dado que o decreto havia sido assinado em seu nome (Ester 3:12,13). No entanto, não é incomum que líderes governamentais, ou mesmo pais, desconheçam detalhes de ações tomadas sob sua autoridade. Assuero, possivelmente, não estava ciente da gravidade do decreto ou que ele afetava diretamente a rainha, já que ele não sabia que Ester era judia (Ester 2:10). Além disso, Hamã havia sido investido com amplos poderes, e o rei pode ter confiado nele sem questionar seus motivos ou ações.

A surpresa do rei poderia também derivar da revelação do envolvimento do povo da rainha. Assuero amava Ester (Ester 2:17) e a descoberta de que o decreto afetava diretamente a mulher que ele amava mudou drasticamente sua perspectiva. A concessão de poderes a Hamã, sem a devida supervisão, levou a uma situação extrema que agora exigia correção imediata. Hamã, ao aproveitar-se do poder conferido, foi longe demais, e sua tentativa de exterminar os judeus revelou-se uma afronta pessoal ao rei.

A situação também ressalta a importância de limites e respeito mútuo em qualquer grupo social, incluindo famílias. A convivência saudável exige que cada indivíduo respeite os direitos dos outros e não abuse de autoridade ou poder. Hamã, ao ultrapassar esses limites, trouxe ruína sobre si mesmo, um exemplo claro de como o abuso de poder e a falta de consideração pelos outros podem resultar em consequências devastadoras.

Em qualquer contexto, seja governamental ou familiar, a comunicação clara e a supervisão responsável são essenciais para evitar abusos e garantir que todas as ações tomadas estejam alinhadas com os valores e objetivos compartilhados. A história de Hamã e Assuero nos ensina que a confiança cega sem questionamentos pode levar a grandes injustiças, e que a intervenção oportuna e justa é crucial para restaurar a ordem e a justiça.

3. A terrível reação do rei

Assuero, ao compreender a magnitude da injustiça contra os judeus, povo de sua rainha, teve uma reação terrível. Ester, com firmeza, identificou Hamã como o responsável: "O homem, o opressor e o inimigo é este mau Hamã" (Ester 7:6). No momento certo, Deus capacitou Ester a “[erguer] a voz em favor dos que não podem se defender” (Pv.31:8). Ester não agiu precipitadamente ou de forma temerária, nem instigou motim ou violência, mas confiou em Deus e esperou o momento oportuno para agir (2Co.10:4).

Assuero, furioso com a revelação, levantou-se do banquete e foi para o jardim do palácio (Ester 7:7). Enquanto isso, Hamã, em pânico, se lançou sobre o assento de Ester, implorando por misericórdia. Quando o rei retornou e viu Hamã nessa posição, interpretou erroneamente a situação, pensando que Hamã estava tentando desonrar a rainha na sua presença (Ester 7:8). Essa interpretação só agravou a situação de Hamã, que já estava em desespero total.

Ester demonstrou grande sabedoria e coragem ao denunciar Hamã no momento certo. Sua abordagem foi estratégica, refletindo sua confiança em Deus e sua habilidade em manejar uma situação delicada. Assuero, ao perceber a gravidade da situação, reagiu com ira, mostrando que a injustiça cometida contra os judeus era intolerável para ele, especialmente por afetar diretamente sua amada rainha.

A história de Ester e Assuero ressalta a importância de agir com sabedoria e confiança em Deus, mesmo diante de grandes injustiças. Ela nos ensina que Deus pode nos capacitar a falar e agir no momento certo, defendendo os oprimidos e trazendo justiça. Além disso, mostra que a precipitação e o abuso de poder, como no caso de Hamã, levam inevitavelmente à ruína.

III. O GRANDE LIVRAMENTO

1. A história da forca chegou ao palácio

A reação física e verbal de Assuero fez seus servos entenderem que a morte de Hamã estava decretada (Pv.20:2). Quando o rei, já furioso, viu Hamã deitado junto à rainha, seu furor redobrou. Os servos imediatamente cobriram o rosto de Hamã, sinalizando sua sentença de morte. O véu era colocado sobre a face da pessoa condenada à morte, pois os reis persas se recusavam a olhar o rosto da pessoa condenada.

A história da forca, preparada no dia anterior, já havia chegado ao palácio. Nada fica oculto (Lc.12:2). Um dos eunucos, Harbona, mencionou a forca que Hamã havia preparado para Mardoqueu, acrescentando que ela tinha cinquenta côvados de altura – cerca de vinte e dois metros. Embora não se saiba exatamente por que Hamã teria preparado uma forca tão alta, é possível que ele quisesse promover um espetáculo público, exibindo sua vingança de maneira grandiosa e humilhante para Mardoqueu.

A providência divina agiu, revertendo os planos malignos de Hamã. O instrumento de morte que ele havia preparado para seu inimigo acabou sendo usado para sua própria execução. Isso demonstra que Deus não deixa impunes aqueles que tramam o mal contra o Seu povo. A justiça divina prevalece, mesmo quando tudo parece conspirar contra os justos. Essa história é um poderoso lembrete de que Deus está no controle e que Ele reverte situações em favor daqueles que confiam Nele.

2. Os ventos mudaram

Até aquele dia, à exceção de Mardoqueu, todos os servos de Assuero se inclinavam e se prostravam diante de Hamã. No entanto, é possível que Hamã não fosse tão querido assim na corte. Bastou uma oportunidade para que um dos oficiais do rei, Harbona, sugerisse a execução de Hamã, informando a Assuero sobre a forca que ele havia preparado para Mardoqueu.

Em ambientes de poder, muitas vezes prevalece um sistema de conveniência, onde mudar de lado se torna fácil quando as circunstâncias mudam. Harbona, que pode ter sido parte do grupo que denunciou Mardoqueu a Hamã (Ester 3:3,4), mostrou-se perspicaz ao sugerir a forca para seu ex-superior. Ele não apenas informou ao rei sobre a existência da forca, mas também fez uma insinuação explícita ao mencionar que Mardoqueu era aquele que “falara para bem do rei” (Ester 7:9).

A sugestão de Harbona foi sutil, mas poderosa, destacando a lealdade de Mardoqueu ao rei e o contraste com as intenções maliciosas de Hamã. Assuero imediatamente acatou a sugestão, ordenando que Hamã fosse enforcado na mesma forca que ele havia preparado para Mardoqueu. Provérbios 26:27 ensina que se uma pessoa fizer uma armadilha para outra, ela própria nela cairá.

Essa reviravolta mostra como as alianças e lealdades podem mudar rapidamente em ambientes de poder. Também destaca a justiça divina, que não deixa impunes aqueles que tramam o mal contra os justos. O plano maligno de Hamã acabou se voltando contra ele, e a justiça prevaleceu, reforçando a ideia de que Deus está no controle e pode transformar situações adversas em favor daqueles que confiam Nele.

CONCLUSÃO

Nesta lição, estudamos como Ester, com coragem e sabedoria, revelou ao rei Assuero o plano maligno de Hamã durante o banquete. Este ato de denúncia resultou no livramento dos judeus e na execução de Hamã na forca que ele havia preparado para Mardoqueu. A história ilustra a justiça divina, mostrando que Deus pune o ódio, a perversidade e a injustiça, enquanto cuida amorosamente de Seu povo. O episódio ensina a importância de confiar em Deus, agir com sabedoria e coragem, e destaca que o mal não prevalece contra aqueles que Deus protege.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Rute – uma perfeita história de amor.

Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do cristão. CPAD.

Comentário Bíblico Beacon. Volume 2.

domingo, 8 de setembro de 2024

A HUMILHAÇÃO DE HAMÃ E A HONRA DE MARDOQUEU

3º Trimestre de 2024

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 11

Texto Base: Ester 6:1-14

“E Hamã tomou a veste e o cavalo, e vestiu a Mardoqueu, e o levou a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoou diante dele: Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada!” (Ester 6:11).

Ester 6:

1.Naquela mesma noite, fugiu o sono do rei; então, mandou trazer o livro das memórias das crônicas, e se leram diante do rei.

2.E achou-se escrito que Mardoqueu tinha dado notícia de Bigtã e de Teres, dois eunucos do rei, dos da guarda da porta, de que procuraram pôr as mãos sobre o rei Assuero.

3.Então, disse o rei: Que honra e galardão se deu por isso a Mardoqueu? E os jovens do rei, seus servos, disseram: Coisa nenhuma se lhe fez.

4.Então, disse o rei: Quem está no pátio? E Hamã tinha entrado no pátio exterior do rei, para dizer ao rei que enforcassem a Mardoqueu na forca que lhe tinha preparado.

5.E os jovens do rei lhe disseram: Eis que Hamã está no pátio. E disse o rei que entrasse.

6.E, entrando Hamã, o rei lhe disse: Que se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada? Então, Hamã disse no seu coração: De quem se agradará o rei para lhe fazer honra mais do que a mim?

7.Pelo que disse Hamã ao rei: Quanto ao homem de cuja honra o rei se agrada,

8.traga a veste real de que o rei se costuma vestir, monte também o cavalo em que o rei costuma andar montado, e ponha-se-lhe a coroa real na sua cabeça;

9.e entregue-se a veste e o cavalo à mão de um dos príncipes do rei, dos maiores senhores, e vistam dele aquele homem de cuja honra se agrada; e levem-no a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoe-se diante dele: Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada!

10.Então, disse o rei a Hamã: Apressa-te, toma a veste e o cavalo, como disseste, e faze assim para com o judeu Mardoqueu, que está assentado à porta do rei; e coisa nenhuma deixes cair de tudo quanto disseste.

11.E Hamã tomou a veste e o cavalo, e vestiu a Mardoqueu, e o levou a cavalo pelas ruas da cidade, e apregoou diante dele: Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada!

12.Depois disso, Mardoqueu voltou para a porta do rei; porém Hamã se retirou correndo a sua casa, angustiado e coberta a cabeça.

13.E contou Hamã a Zeres, sua mulher, e a todos os seus amigos tudo quanto lhe tinha sucedido. Então, os seus sábios e Zeres, sua mulher, lhe disseram: Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é da semente dos judeus, não prevalecerás contra ele; antes, certamente cairás perante ele.

14.Estando eles ainda falando com ele, chegaram os eunucos do rei e se apressaram a levar Hamã ao banquete que Ester preparara.

INTRODUÇÃO

Nesta Lição trataremos de dois eventos significativos no livro de Ester: a humilhação de Hamã e a honra de Mardoqueu. Esses acontecimentos evidenciam a providência divina e a justiça de Deus. A narrativa começa com a insônia do rei Assuero que, ao revisar os registros do reino, se lembra da lealdade de Mardoqueu ao revelar uma conspiração contra sua vida. Em contraste, a arrogância e a ambição desmedida de Hamã são expostas quando ele, erroneamente, presume que o rei deseja honrá-lo, mas enfrenta uma humilhação pública ao ter que enaltecer Mardoqueu. Esta lição destaca a importância da humildade, uma virtude que agrada a Deus e é recompensada por Ele, enquanto a soberba e a vaidade levam à queda. Ao refletirmos sobre esses eventos, somos lembrados do valor da integridade e da confiança na justiça divina.

I. O REI SE LEMBRA DA BOA AÇÃO DE MARDOQUEU

1. Uma noite decisiva

Enquanto o rei Assuero se retirava para seus aposentos após o banquete oferecido por Ester, Hamã saía cheio de júbilo, sentindo-se prestigiado tanto pelo rei quanto pela rainha. No entanto, sua exultação rapidamente se transformou em fúria ao avistar Mardoqueu, que permanecia impassível e não lhe prestava nenhuma reverência (Ester 5:9). A presença indiferente de Mardoqueu despertou em Hamã um ódio incontrolável. Apesar de sua ira, Hamã se conteve temporariamente e foi desabafar com seus amigos e sua esposa, Zeres. Ele revelou que toda sua riqueza e alta posição no reino eram insuficientes enquanto Mardoqueu continuasse vivo e não lhe prestasse respeito.

Planejando a vingança

O conselho de Zeres e dos amigos de Hamã foi pragmático e cruel: construir uma forca de 25 metros de altura e pedir ao rei, no dia seguinte, a execução de Mardoqueu (Ester 5:14). Satisfeito com o plano, Hamã foi dormir certo de que a morte de Mardoqueu estava iminente. Sua determinação em eliminar Mardoqueu antes do dia previsto para a matança dos judeus revela a profundidade de seu ódio. No entanto, enquanto Hamã planejava a destruição de Mardoqueu, algo extraordinário acontecia no palácio do rei.

Naquela noite, o rei Assuero não conseguia dormir (Ester 6:1). Este detalhe aparentemente trivial foi um ato de providência divina. Incapaz de descansar, o rei pediu que os registros do reino fossem lidos para ele. Durante a leitura, ele foi lembrado da lealdade de Mardoqueu, que havia exposto uma conspiração para assassinar o rei (Ester 2:21-23). Ao perceber que Mardoqueu não havia sido recompensado por sua boa ação, Assuero decidiu que era o momento de honrá-lo.

Reviravolta dramática

A insônia do rei Assuero foi uma intervenção divina crucial que desencadeou uma série de eventos inesperados. Enquanto Hamã dormia, seguro de sua vingança iminente, o rei planejava a honra de Mardoqueu. Na manhã seguinte, Hamã entrou no pátio do palácio para pedir a execução de Mardoqueu, sem saber que o destino estava prestes a mudar dramaticamente. Assuero, ao ver Hamã, perguntou-lhe como deveria honrar um homem que o rei desejava exaltar. Na presunção de que ele próprio era o destinatário da honra, Hamã sugeriu um tratamento grandioso, apenas para descobrir que seria ele mesmo a realizar essas honrarias para Mardoqueu (Ester 6:6-11). O início da derrota melancólica de Hamã estava iniciando.

Este episódio ressalta a soberania de Deus e Sua habilidade de virar situações aparentemente desesperadoras em favor dos Seus. A providência divina guiou cada detalhe, desde a insônia do rei até a lembrança da boa ação de Mardoqueu. A narrativa também sublinha a futilidade da arrogância e do ódio desmedido, exemplificados pela queda de Hamã. Em contraste, a integridade e a lealdade de Mardoqueu foram recompensadas de maneira surpreendente.

Aplicações contemporâneas

A história nos desafia a confiar na justiça divina e a manter nossa integridade, mesmo quando enfrentamos adversidades. Deus é capaz de usar as circunstâncias mais simples para realizar Seus propósitos. A arrogância, como a de Hamã, leva à queda, enquanto a humildade e a fidelidade, como a de Mardoqueu, são exaltadas. Esta lição nos lembra que Deus está no controle de todas as coisas e que Seu tempo e planos são perfeitos.

2. Forca ou honra

Na noite crucial narrada no livro de Ester, o destino de Mardoqueu estava sendo decidido por duas pessoas: Hamã e Assuero. Hamã, consumido pelo ódio, planejava erigir uma forca para executar Mardoqueu (Ester 5:14). Em contraste, o rei Assuero, após ser lembrado da boa ação de Mardoqueu ao expor uma conspiração contra ele, planejava honrá-lo (Ester 6:1-3). A questão que pairava era: qual desses planos prevaleceria? Esta situação ilustra a realidade de que, gostemos ou não, as ações e intenções das pessoas ao nosso redor podem ter consequências significativas em nossas vidas.

A importância dos relacionamentos interpessoais

Diante dessa realidade, é fundamental que nossos relacionamentos interpessoais estejam pautados no temor a Deus. A ética cristã ensina que a interdependência humana é essencial e que a autossuficiência, ou individualismo, é um estilo de vida antibíblico. A Bíblia nos instrui a "dar a cada um o que é devido" (Romanos 13:7), reconhecendo que ninguém se realiza plenamente sozinho, independente das pessoas ao seu redor. Esse reconhecimento é contrário ao individualismo moderno, que prega a autossuficiência.

O Novo Testamento contém inúmeros versículos que enfatizam a importância dos relacionamentos interpessoais com a expressão "uns aos outros". Por exemplo, Jesus ensina a seus discípulos a amarem uns aos outros como Ele os amou (João 13:34). Paulo exorta os cristãos a se encorajarem mutuamente (1Tessalonicenses 5:11), e Tiago instrui a confessarem os pecados uns aos outros e a orarem uns pelos outros (Tiago 5:16). Esses mandamentos destacam a interdependência dos cristãos e como Deus trabalha através dos relacionamentos humanos.

A providência Divina e a proteção de Deus

Coisas boas e ruins podem nos alcançar através das pessoas que nos cercam. No entanto, quando tememos a Deus, Ele é capaz de interceptar o mal e fazer com que a bênção nos alcance (Salmos 91:5-10). A maldição não atinge aqueles que são abençoados por Deus, como está claro na história de Balaão e Balaque, onde Balaão afirmou: "Como posso amaldiçoar quem Deus não amaldiçoou? Como posso denunciar quem o Senhor não quis denunciar?" (Números 23:8). Deus transformou a maldição planejada por Balaque em bênção para Israel (Deuteronômio 23:5), demonstrando que Sua proteção é eficaz contra qualquer plano maligno (Provérbios 26:2).

3. Cinco anos depois

Cinco anos haviam se passado desde que Mardoqueu revelara a conspiração contra Assuero, aparentemente caindo no esquecimento. Contudo, Deus, que governa sobre todas as coisas, inclusive a fisiologia humana, tirou o sono do rei naquela noite específica (Salmos 127:2). Sem conseguir dormir, Assuero mandou trazer e ler diante dele o livro de registros do reino (Ester 6:1). Entre tantos relatos de treze anos de reinado, a providência divina guiou a leitura exatamente para o trecho que mencionava o feito de Mardoqueu, que desmantelou a conspiração contra o rei. Esse momento crucial destaca a verdade das Escrituras: "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto" (Romanos 8:28).

Essa sincronia entre o esquecimento humano e a oportuna recordação divina ilustra como Deus orquestra eventos aparentemente triviais para cumprir Seus propósitos maiores. A leitura do registro no momento certo trouxe à memória do rei o feito heroico de Mardoqueu, que merecia ser honrado. Esse desenrolar dos acontecimentos foi essencial para frustrar os planos malignos de Hamã e exaltar Mardoqueu, demonstrando que nada escapa ao controle soberano de Deus.

A insegurança humana e a soberania Divina

A história de Mardoqueu nos lembra que, mesmo quando as boas ações parecem esquecidas pelos homens, elas nunca são esquecidas por Deus. Em tempos de aparente silêncio e espera, a providência divina está em ação, preparando o momento certo para trazer à luz o reconhecimento e a recompensa. Isso nos encoraja a confiar plenamente em Deus, sabendo que Ele vê e se lembra de todas as nossas ações, recompensando-nos no tempo certo.

II. HAMÃ É CHAMADO PARA HONRAR MARDOQUEU

1. Um ato de justiça

A leitura das crônicas naquela noite insone levou Assuero a lembrar-se de Mardoqueu e de sua heroica ação ao desmascarar uma conspiração contra o rei. Curioso sobre a recompensa dada a Mardoqueu, Assuero perguntou aos seus servos: “Que honra e recompensa Mardoqueu recebeu por isso?”. A resposta foi clara: “Coisa nenhuma se lhe fez” (Ester 6:3). A maneira como o rei se referiu diretamente ao nome de Mardoqueu indica que ele o conhecia bem e reconhecia a importância de seu ato.

Nesse momento crucial, vemos a providência divina em ação. Enquanto Assuero buscava uma forma de recompensar Mardoqueu, Hamã estava no pátio exterior do palácio, esperando uma oportunidade para pedir ao rei que permitisse enforcar Mardoqueu na forca que havia preparado. Hamã, dominado pelo ódio e pela vingança, não tinha ideia de que Deus estava prestes a virar o jogo de uma forma que ele nunca poderia prever.

A ironia divina é evidente quando Assuero pede a opinião de Hamã sobre a melhor forma de honrar um homem a quem o rei deseja exaltar, sem mencionar o nome de Mardoqueu. Hamã, presunçoso e pensando que o rei estava falando dele, sugeriu as maiores honras possíveis: vestir o homem com trajes reais, colocá-lo no cavalo do rei e conduzi-lo pelas ruas da cidade, proclamando sua honra (Ester 6:6-9).

A inversão do destino

Quando Assuero instruiu Hamã a fazer exatamente isso para Mardoqueu, a surpresa e o horror de Hamã devem ter sido imensos. O homem que ele planejava matar seria agora exaltado por sua própria mão. Hamã ia conduzir o cavalo no qual Mardoqueu, seu arqui-inimigo, estava montado. Parecia ironia do destino, mas não era; era Deus humilhando o inimigo e exaltando o seu servo (Mateus 23:12). Esse momento revela a verdade contida em Gênesis 50:20: “Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem”. A providência divina transformou os planos malignos de Hamã em uma ocasião de honra para Mardoqueu.

Essa passagem de Gênesis 50:20 nos ensina sobre a justiça e a soberania de Deus. Mesmo quando os justos são esquecidos pelos homens, Deus lembra e age no tempo certo. Ele pode usar até mesmo os inimigos para cumprir Seus propósitos e exaltar aqueles que O servem fielmente. A história de Mardoqueu e Hamã nos encoraja a confiar na justiça divina, sabendo que Deus trabalha todas as coisas para o bem daqueles que O amam (Romanos 8:28).

2. Presunção e autoconfiança

Hamã estava extasiado. A proposta do rei Assuero sobre honrar alguém que lhe agradava (Ester 6:6) encheu Hamã de presunção, levando-o a crer que ele próprio era o destinatário da honra. Este equívoco fez com que ele momentaneamente esquecesse sua sede de vingança contra Mardoqueu e a forca que havia preparado. Hamã é um exemplo clássico de alguém que precisa constantemente inflar seu ego para se sentir realizado, revelando um quadro profundamente doentio de narcisismo e autossuficiência.

A presunção de Hamã, achando-se digno de uma honra destinada a outro, é uma manifestação clara de soberba e orgulho. Este tipo de orgulho é um dos pecados mais antigos e perigosos, remontando à queda de Lúcifer, que em sua arrogância desejou ser igual a Deus (Isaías 14:13,14). Lúcifer não só caiu por causa de seu orgulho, mas também instilou esse mesmo sentimento na mente de Eva, levando-a a desobedecer a Deus (Gênesis 3:1-5). A Bíblia nos adverte repetidamente sobre os perigos do orgulho, afirmando que ele precede a ruína (Provérbios 16:18,19).

A humildade de Cristo como exemplo

Em contraste com a presunção de Hamã, somos chamados a seguir o exemplo de humildade de Cristo. Jesus, mesmo sendo Deus, não considerou o ser igual a Deus algo a que devia apegar-se, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo (Filipenses 2:3-8). A humildade de Cristo nos liberta de ambições egoístas e nos ensina a considerar os outros superiores a nós mesmos. Este espírito de humildade nos protege do orgulho destrutivo e nos guia para um relacionamento saudável com Deus e com os outros.

A fonte verdadeira de alegria

Ao invés de condicionar nossas emoções ao reconhecimento humano ou às circunstâncias momentâneas, devemos buscar a alegria verdadeira no Senhor. Jesus nos oferece uma alegria completa e duradoura (João 15:11). Paulo exorta os cristãos a se regozijarem sempre no Senhor (Filipenses 4:4-7) e Pedro exorta-nos a lançar sobre Jesus todas as nossas ansiedades (1Pedro 5:7). Esta confiança em Deus nos fortalece contra a necessidade de aprovação externa e nos mantém firmes em meio às adversidades.

3. O devido lugar de honra

O rei Assuero perguntou: "Que se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada?" (Ester 6:6). Hamã, cheio de presunção, achou que o rei se referia a ele e sugeriu que o homem fosse vestido com a veste real, montasse o cavalo do rei, recebesse a coroa real e fosse conduzido por um dos maiores príncipes do rei, com uma proclamação pública: "Assim se fará ao homem de cuja honra o rei se agrada!" (Ester 6:6-9). O rei imediatamente acatou a sugestão, mas Hamã não imaginava que o honrado seria Mardoqueu e que ele próprio teria que conduzi-lo pela cidade (Ester 6:10,11). Esta reviravolta deixou Hamã furioso e profundamente envergonhado (Ester 6:12).

Alegrar-se com a honra alheia

Devemos nos alegrar quando alguém é honrado. Incomodar-se com a honra alheia pode ser uma expressão de orgulho e inveja. A Bíblia nos ensina a honrar os que são dignos de honra, pois isso agrada a Deus (1Pedro 2:17; 1Tessalonicenses 5:12,13). Honra genuína não deve ser confundida com bajulação. É uma virtude reconhecer e celebrar as conquistas e virtudes dos outros, pois isso reflete um coração puro e humilde.

A humildade de Mardoqueu

Apesar da grande honra recebida, Mardoqueu voltou para a porta do rei (Ester 6:12). Sua reação demonstra uma humildade exemplar. A verdadeira honra não deve nos desviar de nossos deveres e responsabilidades. Honras efêmeras podem facilmente inflar nosso ego e nos fazer perder de vista nosso verdadeiro propósito. Manter os pés no chão e continuar servindo fielmente é uma característica dos verdadeiramente honrados.

III. A SÍNDROME DE IMPERADOR

1. A soberba de Hamã

Quando Hamã sugeriu ao rei Assuero como deveria ser honrado o homem de cuja honra o rei se agrada, ele revelou seu desejo de ser tratado como um imperador. Hamã queria a roupa de rei, o cavalo de rei e a coroa de rei (Ester 6:8). Este desejo desenfreado de honra e poder é uma clara manifestação de soberba e presunção. A síndrome de imperador, onde alguém deseja ser tratado como um monarca absoluto, é um problema antigo que ainda se manifesta em diferentes contextos hoje.

Síndrome de imperador nas famílias e o papel dos pais

Atualmente, a "síndrome do imperador" tem sido identificada em adolescentes e jovens. Esses jovens se comportam de maneira egocêntrica, reinam dentro e fora de casa, ditam as regras e exigem o que querem. Essa atitude pode ser resultado de uma educação permissiva e falta de limites claros. Sem correção adequada, esses filhos podem chegar à vida adulta como Hamã, cheios de soberba e presunção (Provérbios 23:13-14; 29:15,17,23; 30:17). É crucial que os pais entendam a importância da disciplina e do ensino dos valores corretos desde cedo.

Deus deseja que tenhamos famílias saudáveis, onde a disciplina e o amor coexistem em harmonia (Salmos 127:1-5; 128:1-6). Os pais têm um papel fundamental em guiar seus filhos com amor responsável, dedicando tempo de qualidade e vivendo em constante vigilância e oração (Hebreus 12:7-9; Jó 1:5; Salmos 144:12). A correção, quando feita com amor e sabedoria, é uma forma de demonstrar cuidado e preparar os filhos para uma vida de humildade e serviço.

Prevenindo a síndrome de imperador

Para prevenir a síndrome do imperador, é essencial que os pais:

a)   Estabeleçam limites claros. Crianças precisam de limites para entender o que é aceitável e o que não é. Esses limites devem ser consistentes e justos.

b)   Modelem comportamentos humildes. Os pais devem ser exemplos de humildade e serviço. As crianças aprendem observando os adultos ao seu redor.

c)   Encorajem a empatia. Ensinar as crianças a se colocarem no lugar dos outros ajuda a combater o egocentrismo.

d)   Promovam a responsabilidade. As crianças devem aprender a assumir responsabilidades adequadas à sua idade, desenvolvendo um senso de dever e cooperação.

e)   Dedicação de tempo de qualidade. O tempo de qualidade com os filhos fortalece os laços familiares e permite que os pais ensinem valores importantes de forma natural.

2. Um mau prenúncio

Depois de ser humilhado ao honrar Mardoqueu, Hamã voltou para casa arrasado. Ele esperava encontrar consolo na sua esposa e amigos, mas o que recebeu foi uma advertência ainda mais desalentadora. Eles declararam: “Se Mardoqueu, diante de quem já começaste a cair, é da semente dos judeus, não prevalecerás contra ele; antes, certamente cairás perante ele” (Ester 6:13). Esta afirmação foi um mau prenúncio para Hamã, sinalizando que sua sorte estava prestes a mudar para pior.

Reconhecimento da providência Divina

A declaração dos amigos e da esposa de Hamã revela um reconhecimento implícito da providência divina sobre os judeus. Eles pareceram entender que a história dos judeus está repleta de episódios onde, apesar das adversidades, Deus intervém para proteger e salvar Seu povo. A percepção de que Hamã estava começando a cair diante de Mardoqueu, um judeu, reforça a crença de que forças maiores estavam em ação.

A história dos judeus é marcada por inúmeros episódios de sofrimento e ameaças, mas também de livramentos miraculosos. Desde a libertação do Egito até os tempos de Ester, os judeus experimentaram a intervenção divina de maneiras poderosas e inesperadas. A Bíblia está cheia de relatos onde Deus reverte situações aparentemente impossíveis para o bem do Seu povo (Êxodo 14:21-31; Daniel 3:16-28).

O desespero de Hamã

Hamã, que estava tão seguro de seu plano e de sua posição, agora se via confrontado com uma realidade que não conseguia controlar. A confiança de seus familiares e amigos na inevitabilidade da queda de Hamã, devido à sua oposição a Mardoqueu, apenas aumentou seu desespero. Esse momento marcou uma virada na narrativa, onde o orgulho e a presunção de Hamã começaram a ser recompensados com a ruína iminente.

Reflexão sobre soberba e humildade

A história de Hamã serve como um poderoso lembrete das consequências da soberba e do orgulho. Aqueles que se exaltam, eventualmente, serão humilhados (Lucas 14:11). Em contraste, a humildade e a confiança em Deus, como demonstrado por Mardoqueu e Ester, resultam em honra e livramento (1Pedro 5:6).

CONCLUSÃO

Este estudo sobre "A Humilhação de Hamã e a Honra de Mardoqueu" destaca a providência divina e a justiça de Deus em ação. Hamã, movido pela soberba e pelo ódio, acabou enfrentando a ruína, enquanto Mardoqueu, pela sua integridade e humildade, foi honrado pelo rei. Estes eventos sublinham a importância de confiar em Deus e agir com humildade, mostrando que, mesmo em situações difíceis, a justiça divina prevalece. A narrativa nos lembra que Deus está no controle e que a verdadeira honra vem de viver de acordo com Seus princípios.

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Rute – uma perfeita história de amor.

Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do cristão. CPAD.

Comentário Bíblico Beacon. Volume 2.