sexta-feira, 7 de outubro de 2011

YOM KIPPUR – Dia da Expiação






"Ora, o décimo dia desse sétimo mês será o dia da expiação; tereis santa convocação, e afligireis as vossas almas; e oferecereis oferta queimada ao Senhor"(Lv 23:27).

Em Israel comemora-se o Yom Kipur; o dia mais sagrado no calendário judaico. Começa no crepúsculo, que inicia o décimo dia do mês hebreu de Tishrei (que coincide com setembro ou outubro), continuando até ao seguinte pôr do sol. Os judeus tradicionalmente observam esse feriado com um período de jejum de 25 horas e intensas orações.
No Antigo Testamento, uma vez ao ano, era realizado um sacrifício solene ao Senhor para aplacar a sua ira em virtude dos pecados do povo, o sacrifício realizado pelo sumo sacerdote, no dia da expiação, no décimo dia do sétimo mês, única oportunidade em que ele entrava no Santo dos Santos (ou lugar santíssimo), conforme se descreve, entre outras passagens, em Levítico 16:29-34.
Neste dia, depois de fazer sacrifício por si, o sumo sacerdote imolava um animal e levava o sangue do animal até o lugar santíssimo(Hb 9:7), onde estava a arca, cuja tampa era, precisamente, o propiciatório (Ex 25:17,21), lugar onde Deus falava com Moisés (cf. Ex 25:22) e de onde provinha a paciência de Deus, ou seja, onde Deus aplacava a sua ira com o povo e, por mais um ano, não expulsava Israel da sua presença, cobrindo, assim, os pecados do povo, adiando a execução da sua justiça (Sl 32:1,2). No entanto, esta propiciação era temporária, tanto que precisava ser renovada a cada ano, como determinava a lei.
Por ser temporária, como bem aponta o autor da epístola aos hebreus, era apenas um símbolo, uma figura do que estava por vir (Hb 9:8-10), pois Deus havia prometido resolver a questão, o que, mediante a lei, não havia se realizado ainda. Ademais, tanto a propiciação no dia da expiação (como era conhecido o dia do sacrifício propiciatório, dia do “Yom Kippur para os judeus”) não era senão um símbolo, que, na verdade, deixou de ser praticado como determinado na lei após a destruição do primeiro Templo, já que a arca desapareceu quando da destruição do Templo por Nabucodonosor, o que nos dá a entender que jamais houve arca e seu correspondente propiciatório no período do Segundo Templo, ocasião em que se cristalizou o ritual até hoje existente entre os judeus para a celebração do Yom Kippur.
“… Com a destruição final do santuário nacional em Jerusalém, houve uma inevitável perda de ênfase da expiação coletiva através da transferência mágica de todos os pecados para um animal que servisse de bode expiatório; cada vez mais o indivíduo passou a assumir a responsabilidade moral de suas próprias ações. (…). A ‘expiação’ era agora arrependimento — uma transformação que o indivíduo devia sofrer ‘por dentro’, e alcançá-la era o objetivo de todos os ritos e orações do Iom Kipur.(…). O Iom Kipur é observado com austeridades apropriadas, com orações contínuas e expressões de dor e de arrependimento. Tudo isto se faz para que o dia santificado fique de acordo com a idéia moral da expiação. Os Sábios Rabínicos concordavam em que o indispensável para uma expiação sincera era ‘um coração contrito’…” (Nathan AUSUBEL. Iom Kipur. In: A Judaica, v.5, p.382-4).
O ritual da propiciação era apenas uma figura da verdadeira propiciação, pela qual aguardava a paciência de Deus (Rm 3:25). É por este motivo que João Batista, ao contemplar Jesus, não hesitou em mostrar-lhe como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1:29), coroando o seu ministério preparatório para o Senhor e revelando, deste modo, que o principal trabalho de Cristo seria o de ser o propiciatório definitivo, o meio pelo qual os homens seriam favoráveis a Deus. Através do Seu sangue Jesus assumiu o castigo que deveria ser suportado pelos pecadores, morreu em nosso lugar e, por causa disto, tirou o pecado, pagando o preço da nossa redenção, da nossa libertação do pecado. Ele é o Cordeiro, ou seja, aquele que deu a sua vida em lugar do pecador, que sofreu a pena em lugar de quem pecou. Ele tira o pecado do mundo, porque, ao morrer, sem pecado (Hb 4:15), pagou o preço pelos nossos pecados e, portanto, de uma só vez, conquistou o favor de Deus a todos os homens que crerem na Sua obra (Hb 9:11-14).
Regozijemo-nos "em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a reconciliação" (expiação) (Rm 5:11).

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