“[...] o que semeia pouco pouco também ceifará; e o que semeia em
abundância em abundância também ceifará”(2Co 9:6).
INTRODUÇÃO
A Palavra de Deus garante a cada ser humano a
possibilidade de auferir bens materiais e de deles usufruir para a satisfação
de suas necessidades. Todavia, estabelece que o objetivo do homem e da mulher
não deve ser o acúmulo de riquezas para si ou para sua exaltação por causa dos
bens que tenha a seu dispor, mas que tudo isto seja um instrumento para que a
glória de Deus se manifeste na administração destes bens que lhe forem
confiados por Deus, o único e verdadeiro dono de todas as coisas. Não façamos
dos bens materiais o objetivo e a intenção de nossas vidas. Quem passa a viver
em função dos bens materiais, quem passa a pôr o seu coração nos tesouros desta
vida, passa a ser um avarento, um ganancioso e, como tal, será um idólatra(Cl
3:5)
e, assim, está fora do reino dos céus(Ap 22:15).
Não se está aqui
afirmando que o cristão não deve procurar uma melhoria de vida, um melhor
emprego, capacitar-se para obter melhores posições, ou seja, em absoluto se
nega ao servo de Deus a busca de melhores oportunidades, um progresso maior,
mas se está afirmando, isto sim, que não devemos colocar como alvos únicos e
exclusivos de nossas vidas uma prosperidade material, que é efêmera(Pv
27:24). Nunca nos esqueçamos que, se cremos em
Cristo só para esta vida, seremos os mais miseráveis de todos os homens!(1Co
15:19).
Quando o homem tenta
progredir na vida material tendo consciência de que existe uma dimensão eterna,
de que é mero administrador do que Deus lhe confiou, ele jamais se comporta de
forma nociva ao seu semelhante, jamais busca usar de todos os métodos, lícitos
ou não, visando à acumulação de riquezas, pois tem pleno conhecimento de que nu
saiu do ventre de sua mãe e de que nu terminará a sua existência(Jó
1:21; 1Tm 6:7). Como dizem as Escrituras, aqueles que se envolvem na ilusão das
riquezas, trazem para si somente males e problemas, já nesta vida, que dirá
quando se encontrar com o reto e supremo Juiz de toda a Terra(Pv
28:22; 1Tm 6:9; Hb 9:27).
Dentro desta
perspectiva, o cristão deve, consciente de que o que tem amealhado de bens
materiais, é para ser um instrumento de satisfação da vontade divina. Deve
administrar o seu patrimônio de forma a obter o agrado de Deus, fazendo-o
conforme a Sua Palavra.
I. A PROSPERIDADE NÃO É UM FIM EM SI MESMA
Quando falamos em
prosperidade, falamos de uma mensagem que se tem repetido, às escâncaras, nos
púlpitos das igrejas evangélicas de nossos dias. O “evangelho da prosperidade”
é proclamado de norte a sul, de leste a oeste, passando pelo centro, como sendo
a maior prova do amor de Deus para os nossos corações. Não resta dúvida de que
a Bíblia Sagrada contém promessas de prosperidade material para o homem, mas
esta prosperidade, como já temos visto neste trimestre, é secundária diante da
prosperidade espiritual, que é a efetivamente prometida pelo Senhor.
O que estes propagadores
da “Teologia da Prosperidade” esquecem de dizer aos seus ouvintes é que, em
vindo a prosperidade material solicitada, o "novo rico" não será um
senhor de riquezas, não será sequer o proprietário dos bens que o Senhor lhe
conceder.
A mensagem do “evangelho da prosperidade” faz
questão de alardear que Deus tem obrigação de nos dar bens e uma vida regalada,
pois "Deus é o dono de toda prata e de todo o ouro" e que nós somos
"filhos do rei", o que, em parte, é uma realidade e uma verdade
constante das Escrituras, mas não dizem que, quando ganharmos toda esta
prosperidade, o Senhor continua sendo Senhor, continua sendo o "dono de
todo o ouro e de toda a prata", assim como, também, continua sendo o
"Rei dos reis" e "Senhor dos senhores", ou seja, ao
contrário do que querem fazer crer os evangelistas da prosperidade, ser rico,
ser próspero materialmente não é um privilégio ou um direito do cristão, mas,
muito mais do que isto, é uma obrigação a mais que o servo do Senhor assume
diante do seu Deus. Quem tem riquezas, passa a ser mordomo destas mesmas
riquezas diante do Senhor e, como tal, assume muitas outras obrigações.
1. Deus, a
Fonte de todo bem. Num mundo dominado
pela obsessão do ter e pelo amor ao dinheiro, o cristão apresenta-se como
alguém que sabe que tudo pertence a Deus e que somos apenas mordomos, devendo
prestar contas ao verdadeiro dono do universo do que nos foi dado para
administrar.
Deus é a fonte de todo bem, é o Criador de
todas as coisas, razão porque todas as coisas lhe pertencem – “Do Senhor
é a terra e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam”(Sal
24:1). Ninguém é dono de nada; tudo pertence a Deus, incluindo
nossa vida e nosso corpo(cf 1Co 6:19). Portanto, Deus é o Senhor
de todo bem e que o homem é mordomo de seus bens. O mordomo tem que administrar
de acordo com a vontade de seu Senhor, caso contrário dará conta do mau uso que
fizer dos bens que lhe foram confiados.
Infelizmente, nestes
tempos pós-modermos em que vivemos, o homem tem transformado a sua vida numa
constante e frenética busca pelos bens materiais, como se a sua vida terrena
fosse perene. A Teologia da Prosperidade inverteu os pólos e
colocou o objeto no lugar do sujeito. E o que é pior: acabou por transformar o
sujeito em objeto. Deus foi transformado em um objeto e o ser humano em
mercadoria. O homem foi "coisificado" para se transformar em uma
mercadoria vendável. A busca pelo poder, fama e riqueza converteu-se no
principal objetivo desta geração perdida.
Muitas pessoas pensam: “Ah! Se eu morasse
naquele bairro, em um apartamento duplex; se eu trabalhasse na empresa que
gosto, e tivesse o carro dos sonhos, eu seria feliz!”. Pensam que a felicidade
está nas coisas. Pensam que a felicidade está no ter. Assim, só se preocupam
com o que é terreno e correm atrás de ilusões. Se essa teoria fosse verdadeira,
os ricos seriam felizes e os pobres infelizes. No entanto, a experiência prova
o contrário. A riqueza tem sido fonte de angústias. Os ricos vivem tencionados
pelo desejo insaciável de ganhar sempre mais e com o pavor de perder o que
acumularam. Muitas pessoas que ceifam a própria vida são abastadas
financeiramente.
O dinheiro não produz
contentamento. O verdadeiro contentamento vem da piedade no coração e não do
dinheiro na mão. O contentamento nunca provém da posse de objetos externos, mas
de uma atitude interna para com a vida. Alguém disse acertadamente que o
contentamento não ocorre quando todos os nossos desejos e caprichos são
satisfeitos, mas quando restringimos nossos desejos às coisas essenciais. O
contentamento significa uma suficiência interior que nos mantém em paz apesar
das circunstancias. O apóstolo Paulo disse: “[...] aprendi a viver contente em
toda e qualquer situação”(Fp 4:11).
2. Despenseiros de Deus. Para que
possamos entender o que a Bíblia diz a respeito da conduta do ser humano frente
aos bens materiais é imperioso verificarmos a primeira declaração da revelação
de Deus ao homem. Em Gn 1:1, a Bíblia
deixa claro que Deus criou os céus e a terra, o que repete em Gn
1:31-2:3. Assim, tanto no início quanto no término do
relato da criação, a Palavra não deixa qualquer dúvida de que Deus é o Senhor
do Universo, ou seja, o dono de tudo. Assim, não deve causar espanto a
declaração do salmista (Sl 24:1), segundo a
qual “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele
habitam”. Com efeito, por ter criado o mundo e tudo o que nele há, Deus é o
legítimo dono de todas as coisas. Se isto é assim, o homem é apenas um
administrador da criação. Com efeito, ao criar o homem e a mulher, Deus concedeu
a eles o domínio sobre toda a criação(Gn 1:26,28), domínio este que não representa senhorio, mas uma autoridade,
uma autorização para administrar a criação terrena (observemos que no mandato
dado ao ser humano por Deus não se incluem as criações celestiais. É por isso
que o salmista afirma que o homem foi feito pouco menor do que os anjos(Sl
8:5).
Partindo deste
pressuposto, não pode o homem achar-se dono de coisa alguma sobre esta terra e
deveria comportar-se desta maneira, ou seja, plenamente consciente de que é
apenas um administrador daquilo que Deus lhe deu. É exatamente esta a
consciência do cristão, a de que é apenas um mordomo, um despenseiro de Deus (1Co
4:1,2; Tt 1:7; 1Pe 4:10).
II. A PROSPERIDADE E O SUSTENTO PESSOAL
Apenas os seres
espirituais não precisam comer, vestir-se e ter onde se abrigar, como é o caso
dos anjos. Mas nós, seres humanos, precisamos subsistir em um mundo que possui
regras próprias. Precisamos de abrigo onde reclinar nossas cabeças, comida para
manter ativo nossos corpos e vestimentas, para que estejamos protegidos das
intempéries naturais, como frio e calor. Deus não despreza essa situação, e nos
proporciona o sustento pessoal por meio do trabalho digno.
1. As carências humanas. Carência é
algo que todos nós já experimentamos, e cada um respondeu a ela de maneira
diferente. Ela não acontece apenas no âmbito material. As necessidades
financeiras, as adversidades do dia a dia, a doença, a derrota profissional, as
perdas, a solidão são apenas algumas das muitas facetas da carência que abatem
o ser humano. Porém, por trás de todas está a pior manifestação desse problema:
a carência emocional e espiritual.
A Bíblia nos fornece
inúmeros exemplos de vidas que mergulharam em situação de carência extrema.
Abraão experimentou a carência de filhos. Tudo o que o velho
Patriarca possuía era uma promessa do Senhor (ler Gn 17:1-6). Porém, Abraão
decidiu confiar que ela se cumpriria, em vez de concentrar-se no problema, e
viu sua carência se transformar em fartura.
Poderíamos falar da
carência de Jó. Lemos na Bíblia que ele era um homem
próspero, com filhos e filhas, justo e temente a Deus. Porém, seu império
desmoronou, seus filhos foram mortos, e o que era um corpo saudável tornou-se
enfermo. Jó não compreendia o motivo de tanto sofrimento, de tanta carência.
Contudo, ele tinha plena convicção de sua fé em Deus. Ele confiava nEle de uma
maneira superlativa; tanto que fez a seguinte declaração: “Ainda que
ele[Deus] me mate, nele esperarei; contudo, os meus caminhos defenderei diante
dele”(Jó 13:15). E sabemos o resultado da sua fidelidade a Deus. O Senhor
lhe concedeu tudo novamente: restaurou a saúde, os negócios, a família. E, mais
importante do que essas bênçãos, foi o conhecimento que Jó obteve de Deus ao
vivenciar toda aquela situação em que Ele converteu a carência em fartura; daí
a declaração do patriarca: “Antes eu te conhecia só por ouvir falar, mas
agora eu te vejo com os meus próprios olhos”(Jó 42:5 NTLH).
Em fim, poderíamos
falar situação dramática do profeta Elias. Ele viveu um
período de extrema carência por ele mesmo profetizado, em que não haveria chuva
nem orvalho. Até mesmo o ribeiro de Querite já havia secado(1Reis
17:7). Sem chuvas, não havia mais água, produtos agrícolas nem rebanhos. Os
mantimentos do povo tinham se esgotado, e a escassez se espalhava pela terra de
Israel.
Deus vendo a carência
dramática de Elias mandou-o à cidade de Sarepta e ali ficasse, a
fim de ser sustentado por uma viúva (1Reis 17:9). Deus poderia ter encaminhado
Elias ao homem mais rico do local, com uma profecia que anunciasse a Sua
vontade e convencesse o homem a manter Elias até quando fosse necessário. Mas
Deus ordenou que o profeta buscasse o destino mais improvável, a casa mais
humilde – uma viúva sem eira nem beira. O texto bíblico diz que a situação
daquela mulher era tão crítica, que ela estava prestes a preparar sua última
refeição e aguardar, com o único filho, a morte (ler 1Rs 17:8-16).
Por que Deus enviou o
profeta à viúva de Sarepta, que estava vivendo um momento de dificuldade
e escassez muito maior que a experimentada por ele? Deus não age com base
naquilo que queremos, nos planos que fazemos e que consideramos os mais
racionais e lógicos. A lógica de Deus não é, nem de longe, parecida com a
nossa. Ela leva em conta nossa obediência e nossa fé, e também o fato de Deus
ser onisciente, onipotente, onipresente, enquanto a nossa lógica considera
apenas superficialmente as coisas, por meio de nossa visão limitada.
Por que Deus nos
conduz a pessoas tão ou mais carentes, necessitadas e desprovidas que nós nos
momentos de escassez, como fez com Elias? A lógica divina nos responde: para
que possamos aprender a depender somente do Senhor, e de mais nada ou ninguém.
Este é o milagre planejado por Ele.
Quando, em meio a uma
gigantesca necessidade, Deus nos coloca diante de alguém com uma necessidade
maior ainda e afirma que de tal pessoa virá a ajuda, é porque o milagre está
sendo preparado, o milagre da dependência total do Senhor. E você sabe por que
o Senhor age dessa maneira? Porque assim podemos servir como instrumento para
solucionar o problema do outro e, ao mesmo tempo, resolver o nosso. Aconteceu
dessa forma com Elias. Enviado a alguém que sofria com extrema carência, foi
instrumento de Deus para resolver as dificuldades da viúva e do filho dela e,
consequentemente, teve suas necessidades supridas.
2. O cuidado divino. O Eterno, o
Guardador da nossa vida, é tão preocupado conosco que realmente não precisamos
estar ansiosos por nada. É uma honra para Ele assumir todas as nossas
preocupações. Por isso Pedro diz: "lançando sobre ele toda a vossa
ansiedade, porque ele tem cuidado de vós"
(1Pe 5:7).
Quando Rute procurou
ansiosamente um campo de cereal maduro para poder sobreviver com sua sogra,
está escrito: "Por casualidade entrou na parte que pertencia a
Boaz" (Rt 2:3). Isso foi mero acaso, ou foi o Senhor que a dirigiu?
Quando Rute voltou para sua sogra Noemi com bastante cevada e lhe contou tudo,
será que ela disse: "Oh, que coincidência!"? Não, ela sabia muito bem
que isso fora o cuidado de Deus por elas e se regozijou, dizendo: "Bendito
seja ele [Boaz] do Senhor, que ainda não tem deixado a sua benevolência nem
para com os vivos nem para com os mortos" (Rt 2:20). A graça e o fiel
cuidado de Deus estavam por detrás da vida dessas duas mulheres. Portanto, não
devemos andar ansiosos por nada desta vida, pois o Pai Celeste está atento a
todas as nossas necessidades.
A Bíblia está cheia de exemplos da
providência de Deus para com o Seu povo e para com os Seus filhos:
· Israel esteve por 40 anos no deserto. Nunca
faltou pão e água aos israelitas, e suas sandálias não se gastaram nos seus pés
(Dt 29:5). Quando Josué e Calebe entraram na Terra Prometida, ainda tinham nos
pés as mesmas sandálias que usavam quando saíram do Egito!
· Nenhum pardal cairá no chão sem o consentimento
do Pai. Alguém disse: "Deus participa do funeral de cada pardal".
Quanto mais preciosos somos nós do que um pardal (Lc 12:6 e Mt 10:29)?!
·
Ele veste os lírios no campo com glória e
esplendor maiores que a glória de Salomão (Mt 6:28-30).
·
Ele que se preocupa com cada boi, quanto maior
cuidado tem de nós (1Co 9:9-10)!
·
Ele conta os cabelos da nossa cabeça, e nossas
lágrimas são recolhidas por Deus e inscritas no Seu livro (Mt 10:30 e Sl 56:8).
Qual pai ou mãe já fez isso, alguma vez, com seus filhos?
·
Aquele que nos guarda não dormita nem dorme (Sl
121:3-4).
·
Ele nos compreende mesmo sem palavras, disse o
rei Davi (Sl 139:2).
·
Ele é tão grande que entregou Sua vida por nós
(João 10:11), e não cuidaria de nós todos os dias?
·
E em Hebreus 13:5 lemos: "De maneira
alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei".
· Não estamos expostos ao destino cruel, nem
entregues ao acaso. Pelo contrário, está escrito que Ele – por amor do Seu nome
– nos guia pelas veredas da justiça (Sl 23:3).
III. A PROSPERIDADE NA AJUDA DO PRÓXIMO
Deus quer que nós,
além de sermos justos em tudo, amemos a beneficência. O Salmo 41:1,2 diz o
seguinte: “ Bem-aventurado é aquele que atende ao pobre; o Senhor o livrará no
dia do mal. O Senhor o livrará e o conservará em vida; será abençoado na terra,
e tu não o entregarás à vontade de seus inimigos”.
Provérbios 19:17 diz: “Ao Senhor empresta o que
se compadece do pobre, e ele lhe pagará o seu benefício”. Em outras palavras,
quem ajuda o pobre está na verdade, emprestando a Deus; por isso, há bênçãos
financeiras reservadas por Deus àqueles que se compadecem dos menos
afortunados.
O texto de Efésios
6:8 enfatiza: “cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo,
seja livre”. Em Tiago 4:17 lemos: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não
faz comente pecado”.
Como você age quando vê um necessitado? Você
compartilha o quê com ele? Jamais diga: “eu sou pobre; vou pedir esmola para
dois?”. Jamais fale assim, porque senão você continuará sofrendo desse jeito.
Certo pregador disse o seguinte: “Aquilo que você faz aos outros, Deus fará a
você”. Então, quando você abençoar alguém, prepare-se, porque Deus irá
abençoa-lo. Se você pensa que pobre
deveria apenas receber, observe o que Paulo disse da igreja da Macedônia: “Também,
irmãos, vos fazemos conhecer a graça de Deus dada às igrejas da Macedônia;
como, em muita prova de tribulação, houve abundância do seu gozo, e como a sua
profunda pobreza abundou em riquezas da sua generosidade. Porque, segundo o seu
poder (o que eu mesmo testifico) e ainda acima do seu poder, deram
voluntariamente”(2Co 8:1-3). Observe neste texto que os cristãos pobres da
Macedônia ajudaram os mais pobres da Judéia. Portanto, o fato de alguém ser
pobre não o torna isento da responsabilidade de contribuir financeiramente com
outros em pior situação.
1. Um mandamento divino. Na lei de Moisés foi bem especificado que o fundamento, a essência
do relacionamento de Deus com o homem é o amor e que este amor não se limitava
tão somente ao interior do homem que aceita Cristo, mas que se espraia aos
semelhantes, tanto que Jesus fez questão de complementar a inquirição do doutor
da lei com uma afirmação extremamente relevante: “...amarás o próximo como a
ti mesmo” (Mt 22:39). O amor ao próximo é determinado pelo Senhor, é seu
mandamento – “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros,
assim como eu vos amei”(João 15:12). Quando amamos o próximo da forma determinada na Palavra de Deus,
melhoramos sensivelmente o ambiente em que vivemos.
Amar o próximo não é apenas ajudar alguém do ponto-de-vista material, mas,
sobretudo, levar este alguém a uma vida de comunhão com Deus, a um equilíbrio
em todos os aspectos da sua vida. Medidas emergenciais serão necessárias, como
nos mostra a parábola do bom samaritano, mas é extremamente necessário
que levemos o próximo a entender que deve, sobretudo, amar a Deus, para que
também ame o próximo, como nós o amamos.
Amar o próximo não é dizer a alguém que o ama, mas um amor que se mostra por
atitudes concretas, por ações efetivas, por obras. Amor ao próximo não é amor
de palavra nem de língua, mas amor por obras e em verdade (1João 3:18). Para
Tiago, a fé sem as obras mantém-se no campo da teoria e para nada serve: “Se
um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa e necessitados do alimento cotidiano,
e qualquer dentre vós lhes disser: ide em paz, aquecei-vos e fartai-vos, sem,
contudo, lhe dar o necessário para o corpo, qual é o proveito disso?”(Tg
2:15,16, ARA). O apóstolo Paulo exorta-nos a praticarmos o bem e a sermos ricos
em boas obras(1Tm 6:18).
Amar o próximo é sentir compaixão por ele, ou seja, sentir a sua dor, como se
fosse nossa e, assim, suprir as necessidades imediatas do nosso semelhante,
lembrando que ele é tão imagem e semelhança de Deus quanto nós. O individualismo e o egoísmo têm dificultado, e até impedido, gestos de
amor ao próximo, até mesmo entre cristãos. Quem é o nosso próximo? É qualquer ser humano, como bem nos explicitou Jesus na parábola
do bom samaritano (Lc 10:30-37), e este amor supera todo e qualquer preconceito, toda e qualquer
barreira, toda e qualquer tradição.
2. Quando contribuímos para ajudar o próximo, nossa oferta
glorifica a Deus. A generosidade da igreja promove a
glória de Deus, pois aqueles que são beneficiários do nosso socorro glorificam
a Deus pela nossa obediência. O apóstolo Paulo escreve: “Visto como, na
prova desta ministração, glorificam a Deus pela obediência da vossa confissão,
quanto ao evangelho de Cristo e pela liberalidade com que contribuís para eles
e para todos”(2Co 9:13, ARA). Paulo destaca dois pontos importantes nesse
versículo:
a) Quando a teologia se transforma em ação, Deus é glorificado. Os judeus crentes glorificaram a Deus ao ver que os gentios não
apenas confessavam a teologia ortodoxa, mas também agiam de maneira
ortoprática(2Co 9:13a).
Jesus falou do
sacerdote e do levita que passaram ao largo ao verem um homem ferido(Lc
10:31,32). Não basta ter boa doutrina, é preciso colocar essa doutrina em
prática. Os crentes da Judéia glorificaram a Deus não apenas porque os gentios
creram, mas, sobretudo, porque obedeceram.
Warrem Wiersbe relata
o caso de um cristão rico que, em seu culto doméstico diário, orava pelas
necessidades dos missionários que sua igreja sustentava. Certo dia, depois que
o pai terminou de orar, o filho pequeno lhe disse: “Pai, se eu tivesse seu
talão de cheques, poderia responder as suas orações”(Comentário bíblico
expositivo, v. 5.2006:p.867).
b) Quando o amor deixa de ser apenas de palavras Deus é
glorificado. Os gentios contribuíram com
liberalidade não apenas para os crentes da Judéia, mas, também, para outros
necessitados (2Co 9:13b). Eles não amaram apenas de palavras, mas de fato e de
verdade (1João 3:17,18). O amor não é aquilo que se diz, mas o que se faz.
CONCLUSÃO
Nesta lição,
aprendemos que não podemos perder o foco da verdadeira prosperidade. A questão
não é somente prosperar, mas para quê prosperar. O nosso trabalho,
dinheiro e bens não devem ser usados apenas para o nosso deleite pessoal, mas,
prioritariamente, atender aos propósitos do Senhor. Enfim, a busca pelos bens
materiais deve ser com vistas à satisfação de Deus e não a uma incessante
corrida pelo prazer, pelo luxo e pela auto-suficiência. A ética cristã prega
que não há que se buscar o lucro máximo, mas, bem ao contrário, deve-se buscar
o suficiente para se ter uma vida digna, uma vida sossegada, mas sem a “febre
do ouro” que tem dominado o mundo de hoje. Diz o sábio Salomão que devemos,
sempre, buscar a “porção acostumada de cada dia”(Pv
30:8,9) e ninguém melhor do que Salomão para nos
afirmar que a posse de riquezas em demasia não representa bem algum para a alma
humana. Que Deus nos ajude.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD –
Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular
(Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 49.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico Beacon – CPAD.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Caramuru AFONSO
Francisco – A mordomia cristã das finanças.
Rev.Hernandes Dias Lopes – Dinheiro, a
prosperidade que vem de Deus.
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