domingo, 19 de agosto de 2012

EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA – Aula 09


DESCOBRINDO O NOVO TESTAMENTO

FILIPENSES, COLOSSENSES, 1 e 2 TESSALONICENSES

Texto Básico: Cl 2:13-17




“Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo”(Fp 2:3)

INTRODUÇÃO

Dando continuidade ao estudo panorâmico do Novo Testamento vamos estudar nesta Aula as Epístolas aos Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses.
Filipenses é a mais bela Epístola de Paulo, repleta de ternura, gratidão, calor e afeição. Seu estilo é espontâneo, pessoal e informal. Ela foi escrita em circunstâncias difíceis, enquanto o grande apóstolo estava prisioneiro.
Colossenses contém uma exposição maravilhosa da divindade absoluta de nosso Senhor Jesus Cristo. Encontramos também nela rica instrução sobre os relacionamentos, a religião dos falsos cultos e a vida cristã.
1Tessalonicenses oferece uma visão única do estado de uma igreja zelosa, mas imatura, no começo da década de 50 d.C. e das características do ministério de Paulo como pioneiro do evangelho. Todos os cinco capítulos desta Carta fazem referência à volta de Cristo e à relevância deste evento para os salvos.
2Tessalonicenses foi escrita apenas poucos meses depois de 1Tessalonicenses. O apóstolo Paulo foi levado a escrever esta segunda Epístola porque percebeu, certamente por notícias trazidas por crentes daquela cidade, que havia pessoas que, muito provavelmente aproveitando-se da primeira Epístola, trouxeram falsos conceitos e ensinos àquela igreja. O apóstolo Paulo refuta ensinamentos errôneos a respeito da volta de Cristo, dizendo àquela igreja que a volta do Senhor não dispensaria a ocorrência de certos fatos, que ainda eram futuros. Esta Carta contém um dos trechos mais completos do Novo Testamento a respeito da iniquidade e da impostura desenfreadas, no final dos tempos(2Ts 2:3-12.
Vejamos a seguir, em resumo, o contexto e temas a respeito das referidas Epístolas.

I. FILIPENSES, O TESTEMUNHO DE PAULO

A Epístola à igreja de Filipos é considerada a mais bela do Novo Testamento. Ela transborda de alegria, generosidade e entusiasmo. Destacamos alguns pontos:
1) O autor da curta. O apóstolo Paulo, corajoso missionário, ilustrado mestre, articulado apologista, estadista cristão e fundador da igreja de Filipos, é o remetente da carta.
Há abundantes evidências internas e externas que provam conclusivamente que Paulo foi o autor desta carta. Os pais da Igreja primitiva Policarpo, Irineu, Clemente de Alexandria, Eusébio e outros afirmam a autoria paulina desta carta.
Paulo recebeu uma refinada educação secular e religiosa (At 22:3). Ele era um líder do judaísmo na cidade de Jerusalém. Era um fariseu, ilustre membro do Sinédrio, que deu seu voto para matar alguns seguidores de Cristo (At 26:5,10). Convertido a Cristo, foi destinado como apóstolo aos gentios. Foi enviado pela igreja de Antioquia como missionário transcultural, e, na sua segunda viagem missionária, esteve em Filipos, onde plantou a igreja. Dez anos depois, quando preso em Roma, escreveu a carta à igreja de Filipos.
2) Onde e quando a carta foi escrita. Essa é uma carta da prisão. Paulo esteve preso três vezes: em Filipos (At 16:23), em Jerusalém e Cesaréia (At 21:27-23.3.1) e finalmente em Roma (At 28:30,31), nesta última em duas etapas.
Há evidências abundantes de que Paulo escreveu de Roma essa carta, no final da sua primeira prisão. Três fatores parecem provar essa tese: Primeiro, as demais cartas da prisão foram escritas de Roma (Efésios, Colossenses, Filemom), onde Paulo passou mais tempo em cativeiro. Segundo, em Filipenses 1:13 Paulo menciona a guarda pretoriana (o pretório). Terceiro, em Filipenses 4:22 Paulo
envia saudações dos "da casa de César", todos os que faziam parte das lides domésticas do imperador.
Essa carta foi escrita no final da primeira prisão em Roma, e não durante a segunda prisão, visto que Paulo tem vívida esperança de rever os filipenses (1:19,25) e ainda desfrutava certa liberdade a ponto de receber livremente seus visitantes (At 28:17-30). Paulo ficou preso em Roma, nessa primeira reclusão, cerca de dois anos, aproximadamente nos anos 60 a 62 d.C. Ele escreveu a Carta aos Filipenses já no final de 61 d.C. Evidentemente essa foi a última carta escrita no período dessa primeira prisão. Na segunda prisão em Roma, entretanto, de onde escreveu sua última carta, 2Timóteo, Paulo estava sofrendo cadeias como um criminoso (2Tm 2:9). Ele foi abandonado (2Tm 4:10,16), sentia frio (2Tm 4:13) e esperava o martírio (2Tm 4:6,7,18).
3) Por que Paulo escreveu esta carta? Paulo escreveu a Carta aos Filipenses com dois propósitos em mente:
a) Para agradecer a igreja de Filipos sua generosidade. Essa é uma carta de gratidão à igreja pelo seu envolvimento com o velho apóstolo em suas necessidades. Essa igreja foi a única que se associou a Paulo desde o início para sustentá-lo (Fp 4:15). Enquanto Paulo esteve em Tessalônica, eles enviaram sustento para ele duas vezes (4:16). Enquanto Paulo esteve em Corinto, a igreja de Filipos o socorreu financeiramente (2Co 11:8,9). Quando Paulo foi para Jerusalém depois da sua terceira viagem missionária, aquela igreja levantou ofertas generosas e sacrificais para atender os pobres da Judéia (2Co 8:1-5). Quando Paulo esteve preso em Roma, a igreja de Filipos enviou a ele Epafrodito com donativos e para lhe prestar assistência na prisão (4:18).
b) Para alertar a igreja sobre os perigos que estava enfrentando. A igreja de Filipos enfrentava dois sérios problemas: um interno e outro externo.
·   Primeiro, a quebra da comunhão. A desunião dos crentes era um pecado que atacava o coração da igreja. Era uma arma destruidora que estava roubando a eficácia da igreja diante do mundo. Percebe-se que a igreja filipense sofria com problemas de presunção (Fp 2:3), de vaidosa superioridade (Fp 2:3), que induziam ao egoísmo (Fp 2:4), quebrando a koinonia, espírito de boa vontade para com a comunidade. Isso gerava pequenas disputas (Fp 4:2) e espírito de reclamação (Fp 2:14).
·   Segundo, a heresia doutrinária. A igreja estava sob ataque também pelo perigo dos falsos mestres (Fp 3:2). O judaísmo e o perfeccionismo atacavam a igreja. Paulo os chama de adversários (Fp 1:28), inimigos da cruz de Cristo (Fp 3:17).
Paulo tem de lidar também com os missionários gnósticos perfeccionistas. Eles alardeavam seu "conhecimento" (Fp 3:8) e professavam ter alcançado uma ressurreição, já experimentada, dentre os mortos (Fp 3:10). Esses gnósticos são, de fato, inimigos da cruz de Cristo (Fp 3:18), libertinos e condenados (Fp 3:19).
4) As principais ênfases da carta. A Carta aos Filipenses não é um tratado teológico como Romanos, Efésios e Colossenses. É uma Carta pessoal, que trata de assuntos pessoais, mas esses temas são abordados teologicamente. Vamos destacar aqui alguns pontos principais:
a) A alegria. Filipenses é a carta da alegria. Transborda de seu texto uma alegria indizível e cheia de glóría. O tom da alegria no Senhor perpassa toda a Carta. O conceito de "regozijai-vos” e "alegria" aparece dezesseis vezes nela (Fp 1:4; 1:18; 1:25; 2:2; 2:28; 3:1; 4:1; 4:4; 4:11). Ainda que preso, oprimido por circunstâncias adversas, Paulo irrompe em brados de alegria, revelando que a alegria verdadeira é imperativa, ultracircunstancial e cristocêntrica (Fp 4:4).
b) A unidade cristã. Depois de dar primazia a Cristo no capítulo 1, Paulo revela que o outro deve vir antes do eu. O amor não é egocentralizado, mas outrocentralizado. O segredo da unidade é sempre pôr o interesse dos outros na frente do nosso. No capítulo 2, Paulo cita quatro exemplos daqueles que pensam no outro antes de pensar no eu: Cristo, ele próprio, Timóteo e Epafrodito.
c) A Pessoa de Cristo. Cristo é a figura central desta Carta. Ele é o elo de união entre todas as outras partes. É o Senhor plenamente divino (Fp 2:6), exaltado (Fp 2:9-11). É o Jesus da cruz (Fp 2:8; 3:18), mas, também, Aquele que virá em glória para nos transformar (Fp 3:21; 1:11).
d) A segunda vinda de Cristo. Há seis referências à segunda vinda de Cristo nesta Carta (Fp 1:6,10; 2:16; 2:9-11; 3:20,21; 4:5). Para esse Dia, Deus Pai está trabalhando, a fim de que toda criatura, sem exceção, se dobre aos pés do Senhor Jesus (Fp 2:9-11) e todo aquele em quem Ele começou a Sua obra esteja pronto para aquele grande Dia (Fp 1:6). Para aquele Dia, os cristãos também devem trabalhar. Precisamos viver como Ele viveu (Fp 1:10), produzindo frutos de justiça (Fp 1:11), esforçando-nos para trazer outros à fé para que nos alegremos juntos ante o Seu trono (Fp 2:16,17; 4:5). Para esse Dia, também, o próprio Cristo está trabalhando. Quando Ele manifestar a Sua glória, todo inimigo irá se curvar (Fp 2:9-11). Então seremos transformados à Sua semelhança (Fp 3:20,21). A alegria e a unidade cristã têm como fundamento Cristo e a expectativa da Sua vinda gloriosa.

II. COLOSENSES, A SUPREMACIA DE CRISTO

1. Generalidades. A Carta de Paulo aos colossenses é o maior tratado cristológico do Novo Testamento. A mensagem de Colossenses é desesperadoramente necessária para a Igreja contemporânea. Vivemos num tempo de tolerância com o erro e de intolerância com a verdade. Ao mesmo tempo em que as heresias se aninham confortavelmente na Igreja, embaladas nos braços da tolerância e do sincretismo religioso, a verdade é atacada com rigor excessivo.
Mais do que nunca, estudar Colossenses é oportuno e necessário, uma vez que testemunhamos um ressurgimento vigoroso de obras insolentes atacando o nosso bendito Deus e Salvador Jesus Cristo. Homens pervertidos, réprobos quanto à fé, com altivez e arrogância drapejam suas bandeiras e disparam suas armas de grosso calibre tentando desacreditar e até ridicularizar a concepção virginal de Cristo, Sua morte vicária, Sua ressurreição corporal e Sua santidade imaculada.
A doutrina de Cristo sempre agitou o inferno e muitos opositores têm se levantado contra ela. Porém, todo aquele que se levanta contra o Filho de Deus será reduzido a pó, pois ninguém pode lutar contra o Eterno e prevalecer. Esta carta é uma resposta a esses críticos de plantão.
A Igreja vive num mundo hostil. Muitas vezes, ela é influenciada e até seduzida pela cultura secular que a circunda. Filosofias anticristãs surgem todos os dias conspirando contra o cristianismo. Homens arrogantes, arrotando uma falaciosa sapiência, escarnecem das Sagradas Escrituras e rotulam os cristãos de pré-históricos. Constantemente, os inimigos da fé evangélica fazem troar sua voz arrogante, dizendo que agora descobriram um fato novo que irá desacreditar a Palavra de Deus. Ela, porém, marcha resoluta e sobranceira, vitoriosa e impávida, contra todos esses ataques. A Bíblia tem saído vitoriosa dos ataques mais perversos, das fogueiras mais intolerantes. A voz dos críticos se cala. Suas obras cobrem-se de poeira, mas a Palavra de Deus prospera gloriosamente. Na verdade, a Bíblia é a bigorna de Deus que tem quebrado todos os martelos dos críticos.
2. Alguns pontos sobre a Carta à igreja de Colossos
a) O autor da Carta. A maioria dos eruditos aceita a autoria paulina desta carta. A autoridade externa é ampla e satisfatória. Os testemunhos externos são unânimes a favor da origem paulina. Ditos testemunhos remontam até Justino, o Mártir, Policarpo e Inácio.
Depois de passar três anos em Éfeso, Paulo foi preso em Jerusalém e ficou mais dois anos detido em Cesaréia. De lá, navegou para Roma, onde ficou preso numa casa alugada, sob custódia do imperador Nero. Dessa primeira prisão em Roma, Paulo escreveu várias cartas como Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom.
Nesse tempo, Aristarco, Onésimo e o evangelista Marcos também estavam presos com Paulo. Em Roma, encontrava-se nessa ocasião Lucas, o médico amado. Tíquico também estava com Paulo na prisão e era seu amanuense(escrevente, copista). Foi nesse tempo que Paulo recebeu a visita de Epafras, o evangelista que fundou as três igrejas do vale do Lico, relatando a ele a firmeza da igreja e ao mesmo tempo o surgimento da heresia judaico-gnóstíca que ameaçava a sua saúde espiritual da Igreja.
b) O destinatário da carta. Esta carta foi endereçada à igreja de Colossos. Essa igreja, mesmo não tendo sido fundada pelo apóstolo, mantinha uma profunda ligação com ele. Ela reconhecia a autoridade apostólica de Paulo e acolhia seus ensinos.
c) O portador da carta. Tíquico era um antigo e leal companheiro de Paulo, natural da Ásia Menor, mencionado várias vezes em todo o Novo Testamento (At 20:4; Ef 6:21; Cl 4:7; 2Tm 4:12; Tt 3:12). Tíquico foi incumbido pelo apóstolo de conduzir Onésimo até o lar de Filemom em Colossos (Cl 4:9) e também de levar esta carta aos cristãos de Colossos (Cl 4:7,8). Tíquico é comissionado para levar também as notícias da experiência do apóstolo na prisão e para trazer algum encorajamento à igreja de Colossos acerca da detenção do seu líder, Epafras.
d) A singularidade da carta. Segundo estudiosos, as cartas de Efésios e Colossenses foram escritas mais ou menos na mesma época, enquanto Paulo era prisioneiro em Roma. As duas cartas contêm grandes doutrinas do Evangelho e foram escritas para serem lidas em voz alta nas igrejas. São muito parecidas em seu estilo, mas bastante diferentes em sua ênfase. Efésios fala de todos os cristãos, chamando-os de o corpo de Cristo. Colossenses fala da "cabeça" do corpo, Jesus Cristo. Em Efésios, a Igreja de Cristo é o tema central; em Colossenses, salienta-se o Cristo da Igreja. Ambos os temas são necessários. Não pode haver corpo sem cabeça, nem cabeça sem corpo. Note que por todo o livro de Colossenses é Cristo, Cristo, Cristo.
e) O propósito da carta. A carta de Paulo aos colossenses tinha dois propósitos fundamentais:
e.1) Elogiar os cristãos pelo crescimento espiritual (Cl 1:3- 8). Paulo era um pastor com profunda sensibilidade. Ele conhecia a importância do encorajamento. Ele não desperdiçava oportunidades de elogiar as pessoas e encorajá-las a prosseguir firmes na fé.
e.2) Alertar os cristãos sobre o perigo das heresias (Cl 2:8-23). Paulo escreve para prevenir a Igreja sobre o perigo da heresia. O misticismo sincrético, o legalismo e o ascetismo estavam sendo introduzidos na Igreja e pervertendo a sã doutrina. Os falsos mestres diziam que apenas a fé em Cristo não era suficiente para a salvação. Essa heresia atacava a fé a partir de seus fundamentos. Ainda hoje, a suficiência da obra de Cristo e a das Escrituras é negada até mesmo em círculos chamados evangélicos.
A heresia de Colossos afetava seriamente tanto a doutrina como a ética cristã. A heresia sempre tem um poder mortal. Aonde ela chega, destrói a igreja.
f) Que doutrinas foram atingidas pela heresia de Colossos?
f.1) A doutrina da criação. Se Deus é espírito e eternamente bom, não poderia ter criado a matéria essencialmente má. Conseqüentemente, Deus não é o criador do mundo, diziam os gnósticos. As emanações de Deus é que criaram o mundo, segundo esses falsos mestres.
f.2) A doutrina da encarnação de Cristo. Se a matéria é essencialmente má e Jesus Cristo é o Filho de Deus, então este não teve um corpo de carne e ossos, diziam esses hereges. Para os gnósticos, Jesus Cristo era uma espécie de fantasma espiritual. Eles chegavam a afirmar que, quando Jesus caminhava por uma praia, não deixava rastro na areia. Desta forma, os gnósticos negavam tanto a divindade quanto a humanidade de Cristo.
f.3) A doutrina da santificação. A teologia sempre desemboca na ética. Os que dizem: "Não me importo com o que você acredita, desde que viva corretamente" não raciocinam com lógica. As convicções determinam o comportamento. Doutrinas erradas geram um modo de vida errado. A heresia sempre leva à perversão. Os gnósticos diziam: Se a matéria é má, logo nosso corpo é mau. E se nosso corpo é mau, devemos adotar uma de duas atitudes: afligi-lo, caindo nas malhas do ascetismo, ou ignorá-lo, caindo na teia da licenciosidade.

III. 1 e 2 TESSALONICENSES, ESPERANÇA DA VINDA DE CRISTO

1. 1 TESSALONICENSES
a) Data em que foi escrita. A Primeira Carta aos Tessalonicenses foi escrita de Corinto, durante a estada de Paulo nessa cidade, que foi de 18 meses, não muito depois da chegada de Timóteo (1Ts 3:6; cf 2:17). Uma vez que Gálio (At 18) chegou a Corinto no verão de 51 d.C., conforme se acredita, Paulo deve ter visitado Tessalônica no início de 50 d.C., e escrito esta Carta logo depois de sua chegada. Quase todos os estudiosos da Bíblia concordam em que ela foi escrita pouco depois de 50 d.C e que podemos datá-la mais precisamente em 50 ou 51 d.C. – apenas vinte anos depois da ascensão de nosso Senhor Jesus.
b) Contexto e Tema. Foi durante a segunda viagem missionária de Paulo que a luz do Evangelho raiou nas trevas de Tessalônica (At 17:1-10).
Depois que foram soltos da prisão em Filipos, Paulo e Silas partiram para Tessalônica, passando por Anfípolis e Apolônia. Na época, Tessalônica era uma cidade estratégica tanto para o comércio quanto para a política. Como era de costume, Paulo dirigiu-se à sinagoga e mostrou ao povo, por meio das Escrituras do Antigo Testamento, que o Messias havia de sofrer e ressuscitar dentre os mortos.
Em seguida, afirmou que Jesus de Nazaré era o Messias prometido. A discussão continuou por três semanas. Alguns dos judeus foram convencidos e tomaram a posição de cristãos confessos, ao lado de Paulo e Silas. Muitos dos prosélitos gregos e não poucas das mulheres mais respeitadas da cidade também foram convertida. A reação não demorou. Judeus descrentes incitaram alguns maus elementos da praça da cidade a cercarem a casa de Jason, onde Paulo e Silas estavam hospedados, e houve grande tumulto. Como não encontraram os pregadores em casa, levaram Jason e alguns crentes perante os magistrados da cidade, sob a acusão de haverem transtornado o mundo. Acusaram-nos de planejar uma revolta contra César, promovendo um rei chamado Jesus. Os chefes políticos ficaram assustados e obrigaram Jason e seus companheiros a pagar fiança. É provável que tenham acrescentado ordens expressas para que os convidados de Jason deixassem a cidade. Ele e seus companheiros foram libertados em seguida.
Os crentes de Tessalônica decidiram que seria melhor os pregadores deixarem a cidade e à noite partiram para Beréia.
É de admirar que, ao partir, Paulo e Silas tenham deixado uma congregação de crentes bem instruídos nas doutrinas da fé, a ponto de não cederem diante da perseguição. Pela leitura de Atos 17:2, seria fácil presumir que Paulo e seus companheiros ficaram apenas três semanas em Tessalônica. No entanto, esse pode ter sido apenas o tempo gasto com a ministração de ensinos na sinagoga. É possível que Paulo e sua equipe tenham ficado até três meses na cidade. As cartas do apóstolo dão a entender que os tessalonicenses tinham bom conhecimento da doutrina cristã, o que dificilmente seria possível em três ou quatro semanas.
De Beréia, Paulo foi para Atenas (At 17:15), onde soube que os crentes de Tessalônica estavam sendo perseguidos. Tentou visitá-los, porém Satanás o impediu (1Ts 2:17,18), por isso enviou-lhes Timóteo (1Ts 3:1,2), que retornou com notícias animadoras (1Ts 3:6-8). Foi isso que o motivou a escrever esta Carta. Nela, Paulo defende seu ministério contra os ataques maliciosos; apela para a separação da imoralidade que prevalecia naquela cultura; corrige as ideias errôneas quanto aos que morreram em Cristo; repreende os que abandonaram o trabalho por acreditar que Cristo viria em breve; exorta os santos a respeitar seus líderes espirituais.
Um dos temas mais importantes da Primeira Carta aos Tessalonicenses é a volta de Cristo Jesus a este mundo. Ela é mencionada pelo menos uma vez em cada um dos cinco capítulos.
2. 2 TESSALONICENSES
a) Data em que foi escrita. Paulo escreveu 2Tessalonicenses em resposta a mais problemas que surgiram na Igreja e a mal-entendidos gerados por 1Tessalonicenses. É possível que se tenham passado apenas alguns meses, ou mesmo semanas, entre a redação da primeira e da segunda epístolas. Paulo, Silvano e Timóteo ainda estavam juntos (2Ts 1:1) e temos registro de que permaneceram reunidos somente em Corinto (At 18:1,5). Daí ser possível datar a epístola da metade do século I, provavelmente 50 ou 51 d.C.
b) Contexto e Tema. Mesmo não tendo passado muito tempo depois da primeira Carta, Paulo encontrou três motivos importantes para escrever novamente aos tessalonicenses: Os santos de Tessalônica estavam sendo perseguidos e precisavam de encorajamento (2Ts 1); Continuavam equivocados acerca do Dia do Senhor e precisavam de esclarecimento (2Ts 2); Alguns estavam vivendo ociosos à espera da volta do Senhor e precisavam de correção (2Ts 3).
No tocante ao Dia do Senhor, os cristãos temiam já estar vivendo nesse período. Seus receios foram alimentados por rumores falsos de que o próprio Paulo estava ensinando que o Dia do Senhor já havia chegado. O apóstolo corrige esse erro.
O Dia do Senhor não deve ser confundido com a volta do Senhor para buscar seus santos, isto é, o arrebatamento. Os cristãos não temiam que o Senhor já houvesse voltado. Seu medo era que eles estivessem vivendo no período da tribulação, a primeira fase do Dia do Senhor.
Em nenhum momento, Paulo havia ensinado que determinados acontecimentos deviam ocorrer antes do arrebatamento. Agora, porém, o apóstolo ensina que, antes do início do Dia do Senhor, haverá grande apostasia, aquele que detém será removido e o homem da iniquidade se revelará.
O requisito mais importante para entender essa Epístola é a distinção clara entre o arrebatamento, o Dia do Senhor e a Vinda de Cristo para reinar.

DISTINÇÃO ENTRE O ARRBATAMENTO E A SEGUNDA VINDA DO SENHOR

Há quem pergunte como é possível determinar que o arrebatamento e a segunda vinda são dois acontecimentos separados. Podemos responder apontando para as formas como são distinguidos nas Escrituras Sagradas:
ARREBATAMENTO
SEGUNDA VINDA
1. Cristo vem nos ares (1Ts 4:17).
1. Cristo vem à Terra (Zc 14:4).
2. Vem para buscar seus santos (1Ts 4:16,17).
2. Vem com seus santos (1Ts 3:13; jd 14).
3. O arrebatamento é um mistério, ou seja, uma verdade desconhecida no tempo do Antigo Testamento(1Co 15:51).
3. A segunda vinda de Cristo não é um mistério; constitui o tema de várias profecias do Antigo Testamento (Sl 72; Is 11; Zc 14).
4. Em nenhum momento, as Escrituras dizem que a vinda de Cristo para buscar seus santos é precedida de portentos celestiais.
4. Sua vinda com seus santos será anunciada por vários sinais nos céus (Mt 24:29-30).
5. O arrebatamento é identificado com o Dia de Cristo (1Co 1:8; 2Co 1:14; Fp 1:6,10).
5. A segunda vinda é identificada com o Dia do Senhor (2Ts 2:1-12).
6. O arrebatamento é apresentado como um tempo de benção (1Ts 4:18).
6. A ênfase da segunda vinda é sobre o julgamento (2Ts 2:8-12).
7. O arrebatamento ocorre num piscar de olhos(1Co 15:52), uma clara indicação de que o mundo não testemunhará sua ocorrência.
7. O mundo inteiro verá a segunda vinda (Mt 24:27; Ap 1:7).
8. O arrebatamento aparece envolver principalmente a Igreja (João 14:1-4; 1Co 15:51-58; 1Ts 4:13-18).
8. A segunda vinda envolve principalmente Israel, mas também as nações gentias (Mt 24:1-25:46).
9. Cristo vem como a brilhante Estrela da Manhã (Ap 22:16).
9. Ele vem como sol da justiça (Ml 4:2).
10. O arrebatamento não é mencionado nos evangelhos sinópticos, mas João faz diversos alusões a ele.
10. A segunda vinda está presente nos evangelhos sinópticos, mas quase não é mencionado nada em João.
11. Os que forem levados serão abençoados (1Ts 4:13-18). Os que forem deixados serão julgados (1Ts 5:1-3).
11. Os que forem levados serão julgados. Os que forem deixados serão abençoados (Mt 24:37-41).
12. As Escrituras não fornecem um sistema de datação para acontecimento que precederão o arrebatamento.
12. As Escrituras fornecem um sistema de datação complexo para segunda vinda, como 1.260 dias, 42 meses, 3 anos e meio ( cf Dn 7:25; 12:7,11,12; Ap 11:2; 12:14; 13:5).
13. O título “Filho do homem” não é usado em nenhuma passagem que trata do arrebatamento.
13. A segunda vinda é descrita como a vinda do Filho do homem (Mt 16:28; 24:27,30,39; 26:24; Mc 13:26; Lc 21:27).
Uma vez definido que o arrebatamento e a segunda vinda são dois acontecimentos separados, também precisamos mostrar que eles não ocorrerão praticamente ao mesmo tempo, mas que haverá um intervalo entre os dois. Para isso, contamos com três evidências:
1.       A primeira evidência se baseia na profecia de Daniel acerca das setenta semanas (Dn 9:25-27). Estamos vivendo um parêntese chamado de ra da Igreja, entre 69ª e 70ª semana. Esta última corresponde ao período de sete anos de tribulação (Rm 5:9; 1Ts 1:10; 5:9; Ap 3:10). A vinda de Cristo para reinar ocorre depois da 70ª semana (Dn 9:24; Mt 24).
2.       A segunda evidência de um intervalo entre o arrebatamento e a segunda vinda se baseia na estrutura do livro de Apocalipse. Nos três primeiros capítulos, a Igreja aparece na Terra. Os capítulos 4 a 19:10 descrevem o período da grande tribulação, no qual Deus derramará sua ira sobre o mundo que rejeitou seu Filho. Não se faz menção à presença da Igreja na Terra durante esse período. Ao que parece, a Igreja é levada para o Céu no final do capítulo 3. Em Apocalipse 19:11, Cristo volta à Terra para subjugar seus inimigos e estabelecer seu reino, no final do período da tribulação.
3.       Uma terceira evidência considerada  aponta para um intervalo entre a vinda de Cristo para buscar seus santos e sua volta com seus santos. Na ocasião do arrebatamento, todos os cristãos serão levados do mundo e receberão um corpo glorificado. Quando Cristo voltar para reinar, porém, haverá cristãos na Terra que ainda não terão recebido um corpo glorificado e que se casarão e terão filhos durante o milênio (Is 11:6,8). De onde virão esses cristãos? É necessário haver um intervalo entre o arrebatamento e a segunda vinda, durante o qual serão convertidos.

CONCLUSÃO

As Epístolas em epígrafe trouxeram grandes benefícios espirituais e morais aos cristãos no princípio da Igreja. Os seus efeitos têm atravessado os séculos, e continuam vivos e influenciando as pessoas nestes tempos pós-modernos. A mensagem que essas epístolas nos trazem são desesperadoramente necessária para a Igreja contemporânea.
Devemos ser bastantes cautelosos com as literaturas apresentadas, pois muitas delas estão enxertadas com doutrinas subliminares, cuja absorção pode ser fatal àqueles que não tem o hábito de estudar a Palavra de Deus. Não devemos, portanto, aceitar todo e qualquer escrito, toda e qualquer versão das Escrituras, todo e qualquer ensinamento falado ou escrito. Antes, devemos procurar nestes escritos a legitimidade, a autenticidade, o sinal de aprovação do Senhor, que não é um sinal físico, mas que é, sobretudo, a sua concordância com a sã doutrina. Temos tido o cuidado de examinar o que nos vem à mão como Palavra de Deus? Temos nos preocupado em verificar a legitimidade do ministério daqueles que vêm, em nossas igrejas locais, pregar, profetizar e ensinar? Temos sido criteriosos na análise da literatura que é publicada? Pense nisso!
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Panorama do Novo Testamento – ICI, São Paulo, 2008).
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Novo Testamento).
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
Filipenses(A alegria triunfante no meio das provas) – Hernandes Dias Lopes.
Colossenses(A Suprema grandeza de Cristo, o cabeça da Igreja) – Hernandes Dias Lopes.
1 e 2 Tessalonicenses ( Como se preparar para a segunda vinda de Cristo).

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