3º Trimestre/2014
Texto Base: Tiago 2:1-13
“Todavia,
se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei real: Amarás a teu próximo como a ti
mesmo, bem fazeis. Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois
redarguidos pela lei como transgressores” (Tg 2:8,9).
INTRODUÇÃO
Acepção é
a tradução de uma palavra grega que, literalmente, significa “receber o rosto”,
ou seja, fazer julgamentos e estabelecer diferenças baseadas em considerações
externas, tais como aparência física, status social ou raça. É uma atitude
considerada anticristã pela Bíblia Sagrada (cf. Rm 2:11; Ef 6:9; Cl 3:25).
Tiago 2:1-13 enfatiza, com cabível exortação,
que nenhum cristão pode alegar-se ser verdadeiramente cristão se vive
desprezando as pessoas devido à condição social delas. O Cristianismo nivela
todas as pessoas. Embora os cristãos possam estar em níveis diferentes na
sociedade terrena, somos todos iguais diante de Deus; “não há acepção de
pessoas”; ninguém é mais importante do que qualquer outro (ler Rm 3:23).
Deus ordena que amemos o nosso próximo incondicionalmente,
independente de sua condição social, econômica, física, etc. (Lv 19:18; Mt
22:39). O cumprimento deste mandamento foi muito mais difícil no início da igreja,
à época em que a Epístola de Tiago foi escrita, haja vista que o mundo de então
era caracterizado por profundas divisões sociais que eram aceitas normalmente
pela maioria esmagadora da sociedade. Àquela época, agir com humildade era
manifestação de fraqueza, não de virtude, e fazer distinção de pessoas por
aparência ou por condições físicas ou socioeconômica era visto como algo
absolutamente natural. Logo, a mensagem cristã ao ser proclamada, teria um
impacto enorme na sociedade de então, porque ela batia fortemente de frente com
toda essa cultura, ao pregar a humildade, o perdão, a misericórdia, a igualdade
entre os seres humanos, etc.
Nesta Aula, mostraremos, pelas Escrituras
Sagradas, que a verdadeira fé em Cristo e a acepção de pessoas são atitudes
incompatíveis entre si e, justamente por isso, não podem coexistir na vida de
quem aceitou o Evangelho de Jesus Cristo (Dt 10:17; Rm 2:11; Tg 2:1,9).
I. A FÉ NÃO PODE FAZER ACEPÇÃO DE
PESSOAS (Tg 2:1-4)
Tiago diz que nós podemos testar nossa fé pela maneira
como nós tratamos as pessoas. Não podemos separar relacionamento humano de
comunhão divina (1João 4:20). A maneira como nos comportamos com as pessoas
indica o que realmente nós cremos sobre Deus.
1.
Em Cristo a fé é imparcial. Tiago diz que a fé verdadeira é conhecida pelo
relacionamento imparcial com as pessoas (Tg 2:1-4). Favoritismo e acepção de
pessoas não são atitudes de um cristão. Dois visitantes entram na igreja: um
rico e outro pobre; oferecer maiores privilégios ao rico e desprezar o pobre é negar
a nossa fé no Senhor da glória. Jesus não valorizava as pessoas pela cor da
pele, pela beleza das roupas, ou pelo dinheiro. Jesus não julgava as pessoas
pela aparência (Mt 22:16). Ele, sendo o Senhor da glória, se fez pobre e não julgou
as pessoas pela aparência. Jesus acolheu os ricos e os pobres; os religiosos e
os publicanos; os doentes e as crianças; os israelitas e os gentios. Sua
Palavra orienta-nos a não julgarmos as pessoas pela aparência (João 7:24).
2. O amor de Deus tem de
ser manifesto na igreja local. Conforme Tiago Tg 2:2-4,
havia na igreja do primeiro século uma clara acepção de pessoas por parte de
alguns que frequentavam as reuniões. Veja o que diz Tiago:
2. Porque, se no vosso ajuntamento
entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestes preciosas, e entrar
também algum pobre com sórdida vestimenta,
3. e atentardes para o que traz a veste
preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui, num lugar de honra, e disserdes
ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te abaixo do meu estrado,
4. porventura não fizestes distinção
dentro de vós mesmos e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?
Pelo
que se depreende do referido texto, Tiago deve ter presenciado este pecado bem
de perto. Segundo Silas Daniel, à época de Tiago os judeus convertidos ao
cristianismo ainda se reuniam nas sinagogas – “ajuntamento” -, ao estilo judaico e, por isso, muito provavelmente,
ainda traziam consigo práticas das sinagogas de seus dias que se chocavam com a
essência do Evangelho. Tais praticas haviam, inclusive, já sido alvo de
repreensão de Jesus, como podemos ver em Mt 23:6 – “e amam os primeiros lugares nas ceias, e as primeiras cadeiras nas
sinagogas”.
Veja os seguintes detalhes retirados do
texto supra:
- “... anel
de ouro no dedo, com vestes preciosas...” (Tg 2:2). Silas Daniel, citando
Harper, diz que o anel de ouro indicava que esse homem era do Senado ou um
nobre romano, pois durante os primeiros anos do Império romano, somente homens
nessa posição tinham o direito de usar esse tipo de anel. Já “vestes preciosas”
é uma referência a belas togas brancas, que eram uma vestimenta usada
frequentemente por candidatos a um ofício politico.
-
“... abaixo do meu estrado” (Tg 2:3). Segundo Silas Daniel, esta
expressão é uma alusão ao fato de que, em uma sinagoga, pessoas de uma posição
inferior ficavam em pé ou sentavam no chão. Logo, “abaixo do meu estrado” deve ser compreendido como “aos meus pés”. Isto é, enquanto as
cadeiras das sinagogas e os demais assentos do “ajuntamento” eram reservados
para os anciãos, escribas, fariseus e saduceus, e a qualquer outra pessoa na
congregação que fosse detentora de privilegiada posição social, os pobres
ficavam em pé ou no chão.
Pelo que se depreende de Tiago 2:1-4, essas
mesmas atitudes estavam ocorrendo nos ajuntamentos dos cristãos judeus. Por
isso, Tiago declara contundentemente: “porventura
não fizestes distinção dentro de vós mesmos e não vos fizestes juízes de maus
pensamentos?” (v.4).
A Igreja de Cristo tem como princípio eterno
produzir um ambiente regado de amor e acolhimento, e para isto “não há judeu
nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós
sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:28).
3.
Não sejamos perversos (2:4). “Não fizestes distinção entre vós mesmos e não vos tornastes juízes
tomados de perversos pensamentos?”
(ARA). A discriminação contra o pobre é atribuída a “perversos pensamentos”.
Na comunidade cristã, destinatária da
Epístola de Tiago, havia uma excessiva deferência em relação aos ricos e
poderosos, resultando em desrespeito e humilhação às pessoas mais pobres. Tal
comportamento manifesta uma falha na prática da “lei régia” que eles tinham
ouvido (cf. Tg 1:22-25).
Imagine a seguinte cena na congregação local
de cristãos: um senhor de aparência distinta, vestindo trajes da moda e usando
“anéis de ouro” acaba de chegar. Um membro da congregação com toda gentileza e
civilidade conduz o visitante ilustre até ao “lugar de honra” na primeira
fileira. Outro visitante chega logo em seguida. Desta vez, é um homem pobre em
trajes muito humildes, ou seja, vestimentas velhas e gastas em virtude das
condições de vida difíceis dessa pessoa. Desta vez, o homem da congregação
procura, habilmente, poupar os presentes de qualquer embaraço e diz ao
visitante que fique em pé nos fundos do templo ou se acomode no chão, diante de
um dos assentos; esta atitude é quase inacreditável. Gostaríamos de imaginar
que se trata apenas de um exemplo exagerado, mas, se perscrutarmos nosso
coração, veremos que, muitas vezes, temos preconceito contra pessoas e, desse
modo, nos tornamos “juízes tomados de
perversos pensamentos”.
Tiago apresenta duas razões pelas quais os
cristãos devem evitar este tipo de comportamento discriminatório: Primeira, o tratamento preferencial
prestado ao rico estabelece um franco contraste com a atitude de Deus, que
escolheu os pobres “para serem ricos em fé” (Tg 2:5-7); Segunda, toda manifestação de favoritismo é condenada pela “lei régia”, que exige o amor ao próximo
(Tg 2:8-13).
Infelizmente, ainda hoje, há pessoas que se
deixam guiar por esses critérios iníquos. Isso só revela o quão distante os
seus corações estão ainda do verdadeiro Evangelho. Que Deus nos livre de
cairmos nesse mesmo pecado! Que em nossas igrejas e no nosso dia a dia tratemos
a todos com honra, amor e respeito, independente da condição social de cada um.
A nossa obrigação é expressar de forma prática o fato de que todos os cristãos
constituem um só corpo em Cristo.
II. DEUS ESCOLHEU OS POBRES AOS OLHOS
DO MUNDO (Tg 2:5-7).
Hoje há muitos ensinos distorcidos e anti-bíblicos
sobre questões financeiras; ensinos que conduzem o crente ao mercenarismo,
ao procurar servir a Deus para ser servido ou para ser abençoado,
financeiramente.
Se os pobres são ricos na fé e devem ser
honrados na Casa de Deus, não há fundamento na afirmação de que a pobreza é uma
maldição, estando atrelada ao pecado ou a algum “encosto”. Isso é uma
invencionice, e muitos crentes, por falta de conhecimento, estão sendo
enganados por homens que mercadejam a Palavra de Deus.
“... Não tenho prata nem ouro...” (Atos
3:6). Estas palavras não foram proferidas por um crente fraco e sem fé; não
foram proferidas por um homem fora da direção e da vontade de Deus; não foram
proferidas por alguém com problemas espirituais; não foram proferidas por uma
pessoa em desespero pela falta de dinheiro. Estas palavras - “não tenho
prata e nem ouro” - foram proferidas por um homem de Deus, por um homem
chamado por Jesus para ser Apóstolo, por um homem de fé e de oração; ele estava
indo orar, no Templo - “E Pedro e João subiam juntos ao Templo a hora da
oração, a nona” (Atos 3:1).
Pedro e João eram crentes, eram Apóstolos, eram fiéis. Amavam a Jesus e estavam
empenhados em fazer a Sua Obra, porém, “não tinham prata e nem ouro”. Se
você, meu irmão, não tem recursos financeiros, saiba que Pedro e João também
não tinham.
Alguns pregadores usam com frequência a
passagem bíblica de Deuteronômio
28:1-14 para fundamentar seus argumentos em favor da riqueza. Destacam
as expressões contidas nos versículos 12 e 13 –”... emprestarás a muita gente, porém tu não tomarás emprestado... E o
Senhor te porá por cabeça, e não por cauda, e estarás em cima e não embaixo...”.
Não dizem, contudo, que estas promessas foram feitas à nação de Israel, e com uma condição: “... quando obedeceres
aos mandamentos do Senhor teu Deus, que hoje te ordeno, para guardar e
fazer”. A
Palavra de Deus coloca a obediência antes
da benção e o servir a Deus
antes de ser servido.
À
luz do Novo Testamento, não é pecado ser pobre, nem ser rico;
somos livres para trabalhar e conquistar dignamente os nossos bens. Por isso, o
texto de Tiago 2:1-7 apresenta
algumas lições quanto à convivência em comunhão entre ricos e pobres na Casa de
Deus:
1.
Não deve haver acepção de pessoas (vv.1,4). Não podemos nos
deixar influenciar por ideologias humanas, e sim pela Palavra de Deus, segundo
a qual os ricos não devem menosprezar os pobres; nem estes, valendo-se do
complexo de inferioridade, se indignar contra aqueles.
2.
Não deve haver desprezo aos pobres (vv.2,3). É uma tendência
humana julgar as pessoas pela aparência (1Sm 16:7; João 7:24). No entanto, não
devemos tratar melhor alguém só porque exibe um anel de ouro ou usa vestes
preciosas. Ninguém é superior perante o Senhor. Todos devem se humilhar diante
dEle (Lc 18:9-14).
3.
Os pobres devem ser honrados (Tg 2:5). “Ouvi, meus amados irmãos. Porventura, não escolheu Deus aos pobres
deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do Reino que prometeu aos que o amam?”.
Aqui, trata da soberana escolha de Deus. É claro que a salvação não é apenas
para os pobres, porém esse versículo deixa claro que o Senhor prioriza a
riqueza da fé, e não a prosperidade financeira.
4.
A principal razão para não desonrar o pobre (Tg 2:6,7). “Mas vós desonrastes o pobre. Porventura, não
são os ricos que vos oprimem e não são eles que vos arrastam para tribunais?”. Porventura,
não blasfemam eles o bom nome que sobre vós foi invocado?”.
Aqui, Tiago mostra que os crentes,
destinatários de sua Epístola, desonravam os pobres porque nãos os tratavam
como Deus os trata. Tiago traz à memória da igreja que quem a oprimia era justamente
os ricos. Estes os arrastavam aos tribunais. Como podiam eles desonrar os
pobres, aos quais Deus tinha profundo apreço, e favorecer os ricos que os oprimia
e blasfemavam o bom nome de Cristo?
A discriminação social na igreja é algo
reprovável diante de Deus. “Por isso, o favoritismo, a parcialidade e quaisquer
tipos de discriminação devem ser combatidos com rigor na igreja local,
principalmente pelas lideranças. Quem discrimina não compreendeu o que é o
Evangelho!”.
III. A LEI REAL, A LEI MOSAICA E A LEI
DA LIBERDADE (Tg 2:8-13).
Em Tiago 2:2-4 é ilustrado o problema da
discriminação contra o pobre, ato este atribuído a “perversos
pensamentos”(2:4). Em Tg 2:8-13 são apresentadas duas razões pelas quais os cristãos
devem evitar este tipo de favoritismo: Primeira,
o tratamento preferencial prestado ao rico estabelece um franco contraste com a
atitude de Deus, que escolheu os pobres “para serem ricos em fé” (Tg 2:5-7); Segunda, toda manifestação de favoritismo
é condenada pela “lei real” que exige
amor ao próximo (Tg 2:8-13).
1.
A Lei Real (2:8). “Todavia,
se cumprirdes, conforme a Escritura, a
lei real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem fazeis”.
De acordo com Tiago, tratar o rico com deferência
e desconsideração com o pobre constitui uma transgressão da lei, que diz: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo”.
Essa prescrição é chamada de “lei real”, pois foi dada pelo Rei, e governa as
outras leis. Muitas vezes, tomamos decisões com base nas retribuições que
advirão. Somos egocêntricos. Tratamos bem os ricos porque esperamos recompensas
materiais ou sociais. Desprezamos os pobres porque é pouco provável que nos
possam trazer benefício semelhante. A “lei
real” proíbe a exploração egoísta e nos ensina a amar o próximo como a nós
mesmos. E se perguntarmos: “quem é o meu próximo?”, descobrimos na parábola do
bom samaritano (Lc 10:25-37) que ele é qualquer pessoa com uma necessidade que podemos
ajudar e suprir.
O
amor é o cumprimento de toda a lei. Amar é tratar as pessoas
como Deus nos trata. Na parábola do bom samaritano (Lc 10:25-37), o sacerdote e
o levita tinham uma fé ortodoxa. Eles serviam no templo, mas eles falharam em
viver a fé amando o próximo. A fé era ortodoxa, mas estava morta (Lc 10:31,32).
Tiago estava convidando os seus leitores a obedecerem à lei real do amor, que
os proibia de discriminar qualquer pessoa que viesse a participar da sua
comunhão. Nós devemos favorecer a todos, seja pessoa rica ou pobre.
Segundo
Tiago, dar atenção especial aos ricos, em detrimento do pobre,
é pecado. E aqueles que estão
envolvidos neste ato são transgressores,
por não terem respeitado a “lei real” de Tiago 2:8 – “Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado e sois redarguidos
pela lei como transgressores” (Tg 2:9). As nossas atitudes e os
nossos atos em relação aos outros devem ser guiados pelo amor.
2.
A Lei Mosaica. “Porque
aquele que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás. Se tu,
pois, não cometeres adultério, mas matares, estás feito transgressor da lei”
(Tg 2:11).
Segundo o pr. Eliezer de Lira, “na época em
que a Epístola de Tiago foi escrita os judeus faziam distinção entre as leis
religiosas mais importantes e as menos importantes, segundo os critérios
estabelecidos por eles mesmos. Os judeus julgavam que o não cumprimento de um
só mandamento acarretaria a culpa somente daquele mandamento desobedecido. Mas
quando a Bíblia afirma: ‘Porque aquele
que disse: Não cometerás adultério, também disse: Não matarás’, está
asseverando o aspecto coletivo da lei, isto é, quem desobedece um único
preceito, quebra, ao mesmo tempo, toda a lei. Embora os crentes da igreja não
adulterassem, faziam acepção de pessoas; eles não atendiam a necessidade dos
órfãos e das viúvas e, por isso, tornaram-se transgressores da lei’”.
O mesmo Deus que proibiu o adultério também
proibiu o homicídio. Um homem que não é culpado de adultério pode, no entanto,
ter cometido homicídio. Acaso ele é transgressor da lei? Sem dúvida! De acordo
com o espirito da lei, devemos amar nosso próximo como a nós mesmos. O
adultério certamente constitui uma transgressão desse princípio, e o homicídio
também. Pode-se dizer o mesmo do esnobismo e da discriminação; se cometemos um
desses pecados, deixamos de cumprir a lei.
Portanto, a lei é como uma corrente com dez elos, o rompimento de um dos
elos representa o rompimento de toda a corrente. Deus não permite que guardemos
algumas leis de nossa preferência e não outras. Se tropeçarmos em um único
ponto da “lei real”, somos culpados da lei inteira - “Porque qualquer que guardar toda a lei e tropeçar em um só ponto
tornou-se culpado de todos” (Tg 2:10).
3.
A Lei da Liberdade. “Assim
falai e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade”
(Tg 2:12). Aqui, Tiago está dizendo que como cristãos não estamos sob a
servidão da lei, mas sob a ‘lei da liberdade’, ou seja, a liberdade de fazer o
que é certo. Quem é verdadeiramente salvo - liberto do pecado, dos preconceitos
e da maneira mundana de pensar (Rm 6:18) -, desfruta de tal liberdade (João
8:36; Gl 5:1,13). Entretanto, tal liberdade deve vir acompanhada da coerência:
“assim falai e assim procedei...” (Tg
2:12). Esta expressão de Tiago refere-se a palavra e atos. O modo de viver deve
ser coerente com a profissão verbal. É a conduta do crente em relação aos
demais irmãos que demonstrará se ele é, de fato, um liberto em Cristo ou não.
No
regime da graça, amamos incondicionalmente o nosso próximo
e somos recompensados quando obedecemos. Não o fazemos para receber a salvação,
mas porque já somos salvos. Não obedecemos por medo do castigo, mas por amor
àquele que morreu por nós e ressuscitou. No Tribunal de Cristo, os galardões
serão distribuídos de acordo com esse padrão. Não se trata de salvação, mas de
recompensa.
As
transgressões da “lei da liberdade”
serão julgadas no Tribunal de Cristo. “Porque
o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a
misericórdia triunfa sobre o juízo” (Tg 2:13). “Misericórdia” era
exatamente o que os crentes não estavam demonstrando quando insultavam as
pessoas pobres. Se eles continuassem a fazer discriminações, estariam correndo
o risco de enfrentar o seu próprio julgamento sem misericórdia. Esta é uma
excelente declaração da ética do Novo Testamento: o que nós fazemos aos outros,
na verdade, fazemos a Deus, e ele igualmente nos retribui. Nós comparecemos
diante de Deus precisando da sua misericórdia. Precisamos constantemente de sua
misericórdia. Quando negamos o perdão a outros, depois de nós mesmos o termos
recebido, mostramos que não compreendemos nem valorizamos a misericórdia que
Deus tem para conosco.
O mundo está procurando provas de que Deus é
misericordioso. Mostrar que somos pessoas que tiveram misericórdia e que
expressam misericórdia irá chamar a atenção do mundo. O mundo vai ver que por
causa de nosso relacionamento com Cristo, que é misericordioso, expressamos ações
misericordiosas. Não mostrar misericórdia nos deixa sujeitos unicamente ao
julgamento de Deus. Mas, ao demonstrarmos misericórdia, passamos a estar
sujeitos à misericórdia de Deus, como também ao seu julgamento. Devido ao
caráter de Deus, a sua misericórdia triunfa sobre o seu juízo
contra nós.
CONCLUSÃO
A salvação não está baseada em mérito humano
nem mesmo em nossas obras. A salvação não é comprada nem merecida (Ef 1:4-7;
2:8-10). Deus ignora diferenças nacionais (salvou Cornélio). Ele ignora
diferenças sociais (salva senhores e escravos: Filemom e Onésimo). A escolha
divina não está baseada no que a pessoa tem (1Co 1:26,27). É possível uma pessoa
ser pobre neste mundo e rica no vindouro. Ser rica neste mundo e pobre no
vindouro (1Tm 6:17,18). Devemos tratar as pessoas como Deus as trata, e não de
acordo com o seu status social. A
verdadeira fé não faz acepção de pessoas.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Assembleia de Deus – M. Bela Vista.
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 59 – CPAD.
William Macdonald - Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento.
Mundo Cristão.
Douglas J. Môo. Tiago. Introdução e Comentário. Vida Nova.
Rev. Hernandes Dias Lopes – Tiago (Transformando Provas em
Triunfo). Hagnos.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Silas Daniel & Alexandre Coelho – Tiago – Fé e Obras. CPAD.
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