domingo, 16 de agosto de 2015

Aula 08 – APROVADOS POR DEUS EM CRISTO JESUS


3º Trimestre/2015

 
Texto Base: 2Timpteo 2:1-18

 
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2:15).

 

INTRODUÇÃO

Nesta Aula estudaremos o capítulo 2 de 2Timóteo. Discorreremos prioritariamente sobre dois contrastes ali descritos pelo apóstolo Paulo: obreiro aprovado versus falsos mestres; vaso de honra versus vaso de desonra. Estes dois aspectos de personalidade existiam na igreja de Éfeso, sobreviveu toda a história da igreja, e permeiam com grande intensidade as igrejas locais dos dias hodiernos. O objetivo de Paulo é orientar todos os cristãos, em todas as épocas, em como se portarem diante desta realidade.

I. OBREIROS APROVADOS POR DEUS

Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2:15).

A palavra grega parastesai, traduzida por “apresentar-te”, significa apresentar-se para o serviço. Dá a ideia de utilidade para e no serviço. Já a palavra dokimos, traduzida por “aprovado”, era usada para indicar o ouro e a prata purificados de toda a escória. Fazia referência ao dinheiro genuíno e não adulterado. Também era empregada para aludir a uma pedra lavrada, cortada e provada a fim de ser usada adequadamente na construção de um edifício.

O obreiro precisa apresentar-se primeiro a Deus como aprovado, para depois apresentar-se diante dos homens com eficácia. Seu papel não é torcer as Escrituras, mas manejá-la bem. Precisa expô-la integralmente, fielmente, corretamente. Enquanto os falsos mestres desvirtuam as Escrituras (1Tm 1:6; 6:21; 2Tm 2:18), o obreiro fiel deve manejá-la bem, ou seja, pregá-la com fidelidade.

Não podemos fazer a obra de Deus relaxadamente. Aquele que ensina deve esmerar-se no fazê-lo. Quem prega a Palavra precisa ser um mestre da Palavra. Aquele que cessa de aprender cessa de ensinar. Quem não abastece sua própria alma com a Palavra não pode alimentar os outros com a Palavra. Não podemos ensinar os outros a partir da plenitude das nossas emoções e do vazio da nossa mente.

Os Obreiros aprovados por Deus:

1. Pregam e ensinam sem engano. “Paulo nunca usou de engano em suas pregações. Diferente de alguns falsos mestres de sua época que pregavam e ensinavam com argumentos falsos e logro. É preciso ter muito cuidado com os “lobos” vestidos de ovelhas, que andam a enganar os crentes incautos”.

2. Pregam com pureza. Paulo pregava por amor a Cristo. Jesus era o seu alvo. Atualmente, há muitos falsos obreiros que só visam lucro e bens financeiros. O falso mostra-se tão bem vestido de verdadeiro, que, se possível fosse, enganaria até mesmo os escolhidos. São falsos milagres, falsos milagreiros, falsos ensinos, falsos mestres, falsas profecias e falsos profetas. As igrejas locais estão proliferadas de obreiros corrompidos e distanciados da verdade, como os mestres da lei de Deus, nos dias de Jesus (Mt 24:11-24), e o crente precisa estar informado sobre este fato.

Jesus adverte que nem toda pessoa que professa a Cristo é um crente verdadeiro e que, hoje, nem todo escritor evangélico, missionário, pastor, evangelista, professor, diácono e outros obreiros são aquilo que dizem ser. Muitos desses obreiros “exteriormente pareceis justos aos homens”(Mt 23:28). Aparecem “vestidos como ovelhas”(Mt 7:15). Podem até ter uma mensagem firmemente baseada na Palavra de Deus e expor altos padrões de retidão. Podem parecer sinceramente empenhados na obra de Deus e no seu reino, demonstrar serem grandes ministros de Deus, líderes espirituais de renome, ungidos pelo Espírito Santo. Poderão realizar milagres, ter grande sucesso e multidões de seguidores (ver Mt 7:21-23; 2Co 11:13-15). Todavia, esses homens são semelhantes aos falsos profetas dos tempos antigos (ver Dt 13:3; 1Rs 18:40; Ne 6:12; Jr 14:14; Oséias 4:15), e aos fariseus do Novo Testamento, cujas vidas eram “cheias de iniquidade e de hipocrisia”(Mt 23:28).

Na época de Jeremias, o reino de Judá foi destruído por causa de falsos profetas que diziam às pessoas coisas que Deus não havia falado. A mesma coisa acontece hoje. Na sua falsidade eles ensinam rebelião contra a palavra verdadeira de Deus. Na sua interpretação errada da Palavra de Deus eles caminham para a condenação, levando juntos aqueles que acreditam nos seus falsos ensinamentos. Portanto, tenhamos cautela e não sejamos ignorantes! Os nossos olhos podem ver o pregador mais poderoso do mundo, mas isto não significa nada.

No tempo de Jeremias havia falsos profetas, que pregavam mensagens “bonitas”, que vendiam ilusões, que enganavam o povo. Mas o profeta de Deus os advertiu dizendo: “Assim diz o Senhor dos Exércitos: não deis ouvidos às palavras dos falsos profetas, que entre vós profetizam; ensinam-vos vaidades; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor”(Jr 23:16). Esses falsos profetas, esses profissionais da religião, enganavam o povo, para tirar proveito pessoal. Não foram chamados, não tinham compromisso com Deus, não conheciam Sua Palavra. Falavam aquilo que o povo queria ouvir, e eram aplaudidos. Pregavam abundância de bênçãos materiais para um povo afundado no pecado e na idolatria (Jr 5:12;8:11;14:13,15).

Não devemos ficar impressionados quando o pregador só fala o que o povo quer ouvir: promessas de paz, promessas de prosperidade, promessas de milagres e curas. Numa época de crise e desemprego, muitos se aproveitam, pregando prosperidade e bênçãos, enganando até multidões. Que o povo de Deus não se engane! Que o povo de Deus não seja ignorante, mas conheça as Escrituras Sagradas! Importa ouvirmos a pura e verdadeira Palavra de Deus, a qual nos orienta sobre os nossos pecados e sobre as nossas transgressões. Sejamos como os crentes de Beréia: “Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim” (Atos 17:11).

3. Não buscam a glória de homens. “E, não buscamos glória dos homens…” (1Ts 2:6). Paulo não pregava para alcançar glória e prestígio humano, não andava atrás de lisonja humanas. Ele não buscava prestígio pessoal nem glória de homens. Ele não dependia desse reprovável expediente, pois sabia quem era e o que devia fazer. Ele não precisava bajular nem receber bajulação. Sua realização pessoal não procedia da opinião das pessoas, mas da aprovação de Deus. É digno observar que em 1Tessalonicenses 1:5 Paulo não tenha dito: “Eu cheguei até vós”, mas disse: “O nosso evangelho chegou até vós”. O foco não estava no homem, mas no evangelho. Paulo procurava a aprovação exclusivamente de Deus. O culto à personalidade é um pecado. Toda a glória que não é dada a Deus é vanglória, é glória vazia.

II. OS DOIS TIPOS DE VASOS (2Tm 2:20,21)

Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de madeira e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra”.

Segundo Hendriksen, aqui, Paulo está comparando os crentes fiéis com os hipócritas dentro da igreja. A igreja visível abriga tanto os verdadeiros crentes (alguns muito fiéis, comparáveis ao ouro; outros menos fiéis, comparados à prata) quanto os hipócritas (Mt 13:24-30), estes os vasos de desonra.

Algumas frases merecem esclarecimento:

- “grande casa” – se refere ao cristianismo em geral. No sentido amplo, cristianismo inclui os cristãos verdadeiros e os que assim se declaram, ou seja, aqueles que são realmente nascidos de novo e os que são apenas chamados cristãos.

- “vasos de ouro e de prata”se refere aos cristãos de fato.

- “vasos de madeira e de barro” – não se refere aos não-cristãos em geral, mas àqueles em particular que eram obreiros perversos e que ensinaram falsas doutrinas, como Himineu e Fileto (2Tm 2:17).

1. Vasos de honra (2Tm 2:21).De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra”.

O vaso de honra é alguém que se aparta do erro doutrinário e moral dos falsos mestres. Ou seja, devemos evitar não apenas os falsos mestres, mas também seus erros e maldades, expurgando da nossa mente a falsidade de seus ensinos e do nosso coração suas perversidades morais. Os vasos de honra precisam buscar a pureza doutrinária, bem como a pureza moral. Aqueles que assim procedem são santificados para toda boa obra.

Não existe honra mais elevada do que ser um instrumento na mão de Jesus Cristo, estar à disposição dEle para o cumprimento de seus propósitos, achar-se pronto para seu serviço sempre que solicitado. Que possamos dizer como Isaías: “... eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6:8), ou como Maria: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1:38).

2. Vaso de desonra. Quem são estes? São os réprobos que se misturam com os salvos na igreja. Podemos igualmente afirmar que são os crentes infiéis, que causam problemas e escândalos na igreja. São o “joio” a que se referiu Jesus na parábola de Mateus 13:24-30.

Veja a expressão em 2Tm 2:21:“se purificar destas coisas”. A expressão “destas coisas” se refere aos vasos de desonra. Timóteo é instruído a se separar dos homens pecaminosos, especialmente dos mestres perversos, como Himineu e Fileto, que Paulo menciona em 2Tm 2:17.

Timóteo não é instruído a deixar a igreja, nem a deixar o cristianismo. Seria impossível para ele fazer tal coisa sem desistir também de sua confissão de fé, uma vez que o cristianismo inclui todos os que professam ser cristãos. Ele deveria se separar dos malfeitores e evitar a contaminação por doutrinas pervertidas. Se um homem se mantém livre de más associações, será vaso para honra. Deus usa apenas os vasos limpos para o santo serviço: “...purificai-vos, os que levais os vasos do SENHOR” (Is 52:11)..

III. REJEITANDO AS DISSENSÕES E QUSTÕES LOUCAS

1. Rejeitando “questões loucas”. “E rejeita as questões loucas e sem instrução, sabendo que produzem contendas” (2Tm 2:23).

Após ensinar sobre o que Timóteo deveria cultivar e obedecer, e também rejeitar, Paulo acrescenta que ele deve rejeitar questionamentos que não produzem nem agregam valor espiritual ou moral, e nem valoriza o conhecimento e a vida cristã. As questões loucas eram as questões e proposições levantadas pelos falsos mestres ou hereges, que assediavam os irmãos na igreja de Éfeso. Os hereges, julgando-se "doutores da lei", não entendiam o que diziam ou afirmavam, mas produziam enormes contendas, lançando uns contra outros, provocando desunião e intrigas entre os próprios crentes.

“... sabendo que produzem contendas”. Certamente, os irmãos deveriam viver unidos, em harmonia, mas muitas vezes eles vivem em guerra. Os próprios discípulos geraram tensões entre si, perguntando para Jesus quem era o maior entre eles. Às vezes, os membros da igreja de Corinto entravam em contendas e levavam essas guerras para os tribunais do mundo (1Co 6:1-8). Na igreja da Galácia, os crentes estavam se mordendo e se devorando (Gl 5:15). Paulo escreveu aos crentes de Éfeso, exortando-os a preservarem a unidade no vínculo da paz (Ef 4:3). Na igreja de Filipos, duas mulheres, colaboradoras do apóstolo Paulo, estavam em desacordo (Fp 4:1-3).

Que sentimentos são estes? Mundano, claro! O mundo vê essas guerras dentro das denominações, dentro das igrejas, dentro das famílias, e isso é uma pedra de tropeço para a evangelização. Como podemos estar em guerra uns contra os outros se pertencemos à mesma família, se confiamos no mesmo Salvador, se somos habitados pelo mesmo Espírito? Tiago responde que temos uma guerra dentro de nós (Tg 4:1). O nosso coração é o laboratório onde as guerras são criadas, a estufa onde elas germinam e crescem, o campo onde elas dão o seu fruto maldito.

2. Não entrando em contenda.E ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor”.

Paulo exorta a Timóteo a fim de que ele não contendesse com os falsos mestres, pois isso levaria somente a escandalizar e envergonhar o evangelho e a igreja do Senhor. O servo de Deus é um indivíduo que edifica vidas, em vez de destruir relacionamentos. A contenda abre fendas, em vez de cicatrizá-las. Mas, é válido ressaltar que Paulo não está aqui proibindo todo tipo de controvérsia. Quando a verdade do evangelho estava sendo cruelmente atacada, o próprio Paulo se tornou um ardoroso apologista (2Tm 4:7; Cl 2:11-14) e ordenou que Timóteo fizesse o mesmo (1Tm 6:12). Porém, a combinação de especulações não bíblicas com polêmicas despidas de amor tem causado grandes danos à causa de Cristo.

“... ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor”. O ministro do evangelho deve instruir com brandura o povo, orientando todos com paciência e mansidão. O ministro não pode ser arrogante. Uma coisa é amar a pregação; outra coisa é amar as pessoas a quem se prega. O ministro cuida não apenas de um conceito doutrinário; cuida de vidas. Por isso, precisa falar a verdade em amor. Ele deve ser apto para ensinar. Ao mesmo tempo em que condena o erro, promove a verdade; na mesma medida em que denuncia as falsas doutrinas, transmite a sã doutrina. Esse ensino da verdade, tanto no aspecto negativo quanto no aspecto positivo, deve ser feito da forma certa, com a motivação adequada. “Pregamos e ensinamos, mas só o Espírito Santo pode convencer a pessoa de seus erros”.

CONCLUSÃO

Na administração de muitas igrejas locais, surgem conflitos de ordem espiritual, doutrinária ou humana. Daí por que há necessidade de preparo e capacitação de líderes, que saibam não só ministrar o ensino, mas, com o uso adequado dos princípios bíblicos, resolver questões diversas que podem desestabilizar o ministério e a própria liderança.

Faz parte do ministério não apenas instruir, mas também disciplinar os faltosos. A disciplina, porém, não pode ser feita com arrogância e dureza, mas com espírito de brandura (Gl 6:1). A disciplina tem dois propósitos: preventivo e curativo. Ela previne a igreja e restaura o faltoso. Aqueles que tropeçam e caem precisam se arrepender, uma vez que o pecado priva as pessoas da verdade e as desvia da sensatez. Paulo é categórico ao dizer que tanto o erro doutrinário quanto o mal moral são laços do diabo, dos quais as pessoas precisam ser libertadas. Por outro lado, tanto o arrependimento, que leva as pessoas de volta à sensatez, quanto a libertação do poder de Satanás são obra de Deus.

“Disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” (2Tm 2:25,26).

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Luciano de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Revista Ensinador Cristão – nº 63. CPAD.

Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD

Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards

Tito e Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

1 Timóteo – o pastor, sua vida e sua obra. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

2 Timóteo – O testamento de Paulo à Igreja. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.

Comentário do Novo Testamento – 1 e 2 Timóteo e Tito. William Hendriksen.

As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.

 

 

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