3º Trimestre/2015
Texto Base: 2Timpteo 2:1-18
“Procura apresentar-te a Deus aprovado,
como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da
verdade” (2Tm 2:15).
INTRODUÇÃO
Nesta Aula estudaremos o capítulo 2 de
2Timóteo. Discorreremos prioritariamente sobre dois contrastes ali descritos
pelo apóstolo Paulo: obreiro aprovado versus falsos mestres; vaso de honra
versus vaso de desonra. Estes dois aspectos de personalidade existiam na igreja
de Éfeso, sobreviveu toda a história da igreja, e permeiam com grande
intensidade as igrejas locais dos dias hodiernos. O objetivo de Paulo é
orientar todos os cristãos, em todas as épocas, em como se portarem diante desta
realidade.
I. OBREIROS APROVADOS POR DEUS
“Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de
que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tm 2:15).
A
palavra grega parastesai, traduzida
por “apresentar-te”, significa
apresentar-se para o serviço. Dá a ideia de utilidade para e no serviço. Já a
palavra dokimos, traduzida por “aprovado”, era usada para indicar o ouro
e a prata purificados de toda a escória. Fazia referência ao dinheiro genuíno e
não adulterado. Também era empregada para aludir a uma pedra lavrada, cortada e
provada a fim de ser usada adequadamente na construção de um edifício.
O obreiro precisa apresentar-se primeiro a
Deus como aprovado, para depois
apresentar-se diante dos homens com eficácia. Seu papel não é torcer as
Escrituras, mas manejá-la bem. Precisa expô-la integralmente, fielmente,
corretamente. Enquanto os falsos mestres desvirtuam as Escrituras (1Tm 1:6; 6:21;
2Tm 2:18), o obreiro fiel deve manejá-la bem, ou seja, pregá-la com fidelidade.
Não podemos fazer a obra de Deus relaxadamente.
Aquele que ensina deve esmerar-se no fazê-lo. Quem prega a Palavra precisa ser
um mestre da Palavra. Aquele que cessa de aprender cessa de ensinar. Quem não
abastece sua própria alma com a Palavra não pode alimentar os outros com a
Palavra. Não podemos ensinar os outros a partir da plenitude das nossas emoções
e do vazio da nossa mente.
Os Obreiros aprovados
por Deus:
1.
Pregam e ensinam sem engano. “Paulo nunca usou de
engano em suas pregações. Diferente de alguns falsos mestres de sua época que
pregavam e ensinavam com argumentos falsos e logro. É preciso ter muito cuidado
com os “lobos” vestidos de ovelhas, que andam a enganar os crentes incautos”.
2.
Pregam com pureza. Paulo pregava por amor a Cristo. Jesus
era o seu alvo. Atualmente, há muitos falsos obreiros que só visam lucro e bens
financeiros. O falso mostra-se tão bem vestido de verdadeiro, que, se possível
fosse, enganaria até mesmo os escolhidos. São falsos milagres, falsos
milagreiros, falsos ensinos, falsos mestres, falsas profecias e falsos
profetas. As igrejas locais estão proliferadas de obreiros corrompidos e
distanciados da verdade, como os mestres da lei de Deus, nos dias de Jesus (Mt
24:11-24), e o crente precisa estar informado sobre este fato.
Jesus adverte que nem toda pessoa que
professa a Cristo é um crente verdadeiro e que, hoje, nem todo escritor
evangélico, missionário, pastor, evangelista, professor, diácono e outros
obreiros são aquilo que dizem ser. Muitos desses obreiros “exteriormente
pareceis justos aos homens”(Mt 23:28). Aparecem “vestidos como ovelhas”(Mt
7:15). Podem até ter uma mensagem firmemente baseada na Palavra de Deus e expor
altos padrões de retidão. Podem parecer sinceramente empenhados na obra de Deus
e no seu reino, demonstrar serem grandes ministros de Deus, líderes espirituais
de renome, ungidos pelo Espírito Santo. Poderão realizar milagres, ter grande
sucesso e multidões de seguidores (ver Mt 7:21-23; 2Co 11:13-15). Todavia,
esses homens são semelhantes aos falsos profetas dos tempos antigos (ver Dt
13:3; 1Rs 18:40; Ne 6:12; Jr 14:14; Oséias 4:15), e aos fariseus do Novo
Testamento, cujas vidas eram “cheias de iniquidade e de hipocrisia”(Mt 23:28).
Na época de Jeremias, o reino de Judá foi
destruído por causa de falsos profetas que diziam às pessoas coisas que Deus
não havia falado. A mesma coisa acontece hoje. Na sua falsidade eles ensinam
rebelião contra a palavra verdadeira de Deus. Na sua interpretação errada da Palavra
de Deus eles caminham para a condenação, levando juntos aqueles que acreditam
nos seus falsos ensinamentos. Portanto, tenhamos cautela e não sejamos
ignorantes! Os nossos olhos podem ver o pregador mais poderoso do mundo, mas
isto não significa nada.
No tempo de Jeremias havia falsos profetas,
que pregavam mensagens “bonitas”, que vendiam ilusões, que enganavam o povo.
Mas o profeta de Deus os advertiu dizendo: “Assim
diz o Senhor dos Exércitos: não deis ouvidos às palavras dos falsos profetas,
que entre vós profetizam; ensinam-vos vaidades; falam da visão do seu coração,
não da boca do Senhor”(Jr 23:16). Esses falsos profetas, esses
profissionais da religião, enganavam o povo, para tirar proveito pessoal. Não
foram chamados, não tinham compromisso com Deus, não conheciam Sua Palavra.
Falavam aquilo que o povo queria ouvir, e eram aplaudidos. Pregavam abundância
de bênçãos materiais para um povo afundado no pecado e na idolatria (Jr
5:12;8:11;14:13,15).
Não devemos ficar impressionados quando o
pregador só fala o que o povo quer ouvir: promessas de paz, promessas de
prosperidade, promessas de milagres e curas. Numa época de crise e desemprego,
muitos se aproveitam, pregando prosperidade e bênçãos, enganando até multidões.
Que o povo de Deus não se engane! Que o povo de Deus não seja ignorante, mas
conheça as Escrituras Sagradas! Importa ouvirmos a pura e verdadeira Palavra de
Deus, a qual nos orienta sobre os nossos pecados e sobre as nossas
transgressões. Sejamos como os crentes de Beréia: “Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica,
porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se
estas coisas eram assim” (Atos 17:11).
3.
Não buscam a glória de homens. “E, não buscamos glória dos homens…” (1Ts 2:6). Paulo não pregava
para alcançar glória e prestígio humano, não andava atrás de lisonja humanas.
Ele não buscava prestígio pessoal nem glória de homens. Ele não dependia desse
reprovável expediente, pois sabia quem era e o que devia fazer. Ele não
precisava bajular nem receber bajulação. Sua realização pessoal não procedia da
opinião das pessoas, mas da aprovação de Deus. É digno observar que em
1Tessalonicenses 1:5 Paulo não tenha dito: “Eu cheguei até vós”, mas disse: “O
nosso evangelho chegou até vós”. O foco não estava no homem, mas no evangelho. Paulo
procurava a aprovação exclusivamente de Deus. O culto à personalidade é um
pecado. Toda a glória que não é dada a Deus é vanglória, é glória vazia.
II. OS DOIS TIPOS DE VASOS (2Tm
2:20,21)
“Ora,
numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de
madeira e de barro; uns para honra,
outros, porém, para desonra. De
sorte que, se alguém se purificar destas
coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e
preparado para toda boa obra”.
Segundo
Hendriksen, aqui, Paulo está comparando os crentes fiéis com os hipócritas
dentro da igreja. A igreja visível abriga tanto os verdadeiros crentes (alguns
muito fiéis, comparáveis ao ouro; outros menos fiéis, comparados à prata)
quanto os hipócritas (Mt 13:24-30), estes os vasos de desonra.
Algumas frases merecem esclarecimento:
- “grande casa” – se refere ao
cristianismo em geral. No sentido amplo, cristianismo inclui os cristãos
verdadeiros e os que assim se declaram, ou seja, aqueles que são realmente
nascidos de novo e os que são apenas chamados cristãos.
- “vasos de ouro e de prata” – se refere aos
cristãos de fato.
- “vasos de madeira e de barro” – não se refere aos
não-cristãos em geral, mas àqueles em particular que eram obreiros perversos e
que ensinaram falsas doutrinas, como Himineu e Fileto (2Tm 2:17).
1.
Vasos de honra (2Tm 2:21). “De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para
honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda boa obra”.
O vaso de honra é alguém que se aparta do
erro doutrinário e moral dos falsos mestres. Ou seja, devemos evitar não apenas
os falsos mestres, mas também seus erros e maldades, expurgando da nossa mente
a falsidade de seus ensinos e do nosso coração suas perversidades morais. Os
vasos de honra precisam buscar a pureza doutrinária, bem como a pureza moral.
Aqueles que assim procedem são santificados para toda boa obra.
Não existe honra mais elevada do que ser um
instrumento na mão de Jesus Cristo, estar à disposição dEle para o cumprimento
de seus propósitos, achar-se pronto para seu serviço sempre que solicitado. Que
possamos dizer como Isaías: “... eis-me
aqui, envia-me a mim” (Is 6:8), ou como Maria: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra”
(Lc 1:38).
2.
Vaso de desonra. Quem são estes? São os réprobos que se
misturam com os salvos na igreja. Podemos igualmente afirmar que são os crentes
infiéis, que causam problemas e escândalos na igreja. São o “joio” a que se referiu Jesus na parábola
de Mateus 13:24-30.
Veja a expressão em 2Tm 2:21:“se purificar destas coisas”. A
expressão “destas coisas” se refere
aos vasos de desonra. Timóteo é instruído a se separar dos homens pecaminosos,
especialmente dos mestres perversos, como Himineu e Fileto, que Paulo menciona
em 2Tm 2:17.
Timóteo não é instruído a deixar a igreja,
nem a deixar o cristianismo. Seria impossível para ele fazer tal coisa sem
desistir também de sua confissão de fé, uma vez que o cristianismo inclui todos
os que professam ser cristãos. Ele deveria se separar dos malfeitores e evitar
a contaminação por doutrinas pervertidas. Se um homem se mantém livre de más
associações, será vaso para honra. Deus usa apenas os vasos limpos para o santo
serviço: “...purificai-vos, os que levais
os vasos do SENHOR” (Is 52:11)..
III. REJEITANDO AS DISSENSÕES E QUSTÕES
LOUCAS
1. Rejeitando “questões loucas”.
“E rejeita as questões loucas e sem
instrução, sabendo que produzem contendas” (2Tm 2:23).
Após ensinar sobre o que Timóteo deveria
cultivar e obedecer, e também rejeitar, Paulo acrescenta que ele deve rejeitar
questionamentos que não produzem nem agregam valor espiritual ou moral, e nem
valoriza o conhecimento e a vida cristã. As questões loucas eram as questões e
proposições levantadas pelos falsos mestres ou hereges, que assediavam os
irmãos na igreja de Éfeso. Os hereges, julgando-se "doutores da lei",
não entendiam o que diziam ou afirmavam, mas produziam enormes contendas,
lançando uns contra outros, provocando desunião e intrigas entre os próprios
crentes.
“... sabendo que produzem contendas”. Certamente,
os irmãos deveriam viver unidos, em harmonia, mas muitas vezes eles vivem em
guerra. Os próprios discípulos geraram tensões entre si, perguntando para Jesus
quem era o maior entre eles. Às vezes, os membros da igreja de Corinto entravam
em contendas e levavam essas guerras para os tribunais do mundo (1Co 6:1-8). Na
igreja da Galácia, os crentes estavam se mordendo e se devorando (Gl 5:15).
Paulo escreveu aos crentes de Éfeso, exortando-os a preservarem a unidade no
vínculo da paz (Ef 4:3). Na igreja de Filipos, duas mulheres, colaboradoras do
apóstolo Paulo, estavam em desacordo (Fp 4:1-3).
Que sentimentos são estes? Mundano, claro! O
mundo vê essas guerras dentro das denominações, dentro das igrejas, dentro das
famílias, e isso é uma pedra de tropeço para a evangelização. Como podemos
estar em guerra uns contra os outros se pertencemos à mesma família, se
confiamos no mesmo Salvador, se somos habitados pelo mesmo Espírito? Tiago
responde que temos uma guerra dentro de nós (Tg 4:1). O nosso coração é o
laboratório onde as guerras são criadas, a estufa onde elas germinam e crescem,
o campo onde elas dão o seu fruto maldito.
2.
Não entrando em contenda. “E ao servo do Senhor não convém
contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor”.
Paulo exorta a Timóteo a fim de que ele não
contendesse com os falsos mestres, pois isso levaria somente a escandalizar e
envergonhar o evangelho e a igreja do Senhor. O servo de Deus é um indivíduo
que edifica vidas, em vez de destruir relacionamentos. A contenda abre fendas,
em vez de cicatrizá-las. Mas, é válido ressaltar que Paulo não está aqui
proibindo todo tipo de controvérsia. Quando a verdade do evangelho estava sendo
cruelmente atacada, o próprio Paulo se tornou um ardoroso apologista (2Tm 4:7;
Cl 2:11-14) e ordenou que Timóteo fizesse o mesmo (1Tm 6:12). Porém, a
combinação de especulações não bíblicas com polêmicas despidas de amor tem
causado grandes danos à causa de Cristo.
“... ser manso para com todos, apto
para ensinar, sofredor”. O ministro do evangelho
deve instruir com brandura o povo, orientando todos com paciência e mansidão. O
ministro não pode ser arrogante. Uma coisa é amar a pregação; outra coisa é
amar as pessoas a quem se prega. O ministro cuida não apenas de um conceito
doutrinário; cuida de vidas. Por isso, precisa falar a verdade em amor. Ele
deve ser apto para ensinar. Ao mesmo tempo em que condena o erro, promove a
verdade; na mesma medida em que denuncia as falsas doutrinas, transmite a sã
doutrina. Esse ensino da verdade, tanto no aspecto negativo quanto no aspecto
positivo, deve ser feito da forma certa, com a motivação adequada. “Pregamos e
ensinamos, mas só o Espírito Santo pode convencer a pessoa de seus erros”.
CONCLUSÃO
Na administração de muitas igrejas locais,
surgem conflitos de ordem espiritual, doutrinária ou humana. Daí por que há
necessidade de preparo e capacitação de líderes, que saibam não só ministrar o
ensino, mas, com o uso adequado dos princípios bíblicos, resolver questões
diversas que podem desestabilizar o ministério e a própria liderança.
Faz parte do ministério não apenas instruir,
mas também disciplinar os faltosos. A disciplina, porém, não pode ser feita com
arrogância e dureza, mas com espírito de brandura (Gl 6:1). A disciplina tem
dois propósitos: preventivo e curativo. Ela previne a igreja e restaura o
faltoso. Aqueles que tropeçam e caem precisam se arrepender, uma vez que o
pecado priva as pessoas da verdade e as desvia da sensatez. Paulo é categórico
ao dizer que tanto o erro doutrinário quanto o mal moral são laços do diabo,
dos quais as pessoas precisam ser libertadas. Por outro lado, tanto o
arrependimento, que leva as pessoas de volta à sensatez, quanto a libertação do
poder de Satanás são obra de Deus.
“Disciplinando
com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o
arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à
sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por
ele para cumprirem a sua vontade” (2Tm 2:25,26).
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Luciano de Paula Lourenço -
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista
Ensinador Cristão – nº 63. CPAD.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
Tito e
Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. Rev. Hernandes Dias Lopes.
Hagnos.
1 Timóteo
– o pastor, sua vida e sua obra. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.
2 Timóteo
– O testamento de Paulo à Igreja. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.
Comentário
do Novo Testamento – 1 e 2 Timóteo e Tito. William Hendriksen.
As
Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.
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