3º Trimestre/2015
Texto Base: 2Timóteo 4:6-17
“Combati o bom combate, acabei a
carreira, guardei a fé” (2Tm 4:7).
INTRODUÇÃO
Na noite de 17 de julho de 64 d.C, um catastrófico
incêndio estourou em Roma. O fogo durou seis dias e sete noites. Dez dos
quatorze bairros da cidade foram destruídos pelas chamas vorazes. Pelo fato de
dois bairros em que havia grande concentração de judeus e cristãos não terem
sido atingidos pelo incêndio, Nero encontrou uma boa razão para culpar os
cristãos pela tragédia. A partir daí a perseguição contra os cristãos tornou-se insana e sangrenta. Segundo
estudiosos, faltou madeira na época para fazer cruz, tamanha a quantidade de
cristãos crucificados. Os crentes eram amarrados em postes e incendiados vivos
para iluminar as praças e os jardins de Roma. Outros, segundo o historiador
Tácito, foram jogados nas arenas enrolados em peles de animais, para que cães
famintos os matassem a dentadas. Outros ainda foram lançados no picadeiro para
que touros enfurecidos os pisoteassem e esmagassem.
Na época em que explodiu essa brutal perseguição, Paulo
estava fora de Roma, visitando as igrejas. Por ser o líder maior do
cristianismo, tornou-se alvo dessa ensandecida cruzada de morte. Provavelmente,
quando estava em Trôade, na casa de Carpo, foi preso pelos agentes de Nero e
levado a Roma para ser jogado numa masmorra úmida, fria e insalubre. Foi dessa
prisão que Paulo escreveu a epístola de 2Timóteo. É digno de destaque
que, nesta epístola, Paulo não pede oração para sair da prisão nem expressa expectativa
de prosseguir em seu trabalho missionário. O idoso apóstolo está convencido de
que a hora de seu martírio havia chegado. Paulo não estava pesaroso com a
partida, pois suas dores e sofrimentos, certamente, foram esquecidos, diante da
certeza de que fez um bom trabalho e que cumpriu a missão para qual fora
designado pelo Senhor.
Para o apóstolo Paulo a morte não era uma tragédia.
Para ele, morrer era partir para estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor
(Fp 1:23). Ele desejava, preferencialmente, estar com o Senhor - “Desejamos, antes, deixar este corpo, para
habitar com o Senhor”(2Co 5:8). Somente aqueles que têm o Espírito Santo
como penhor (2Co 5:5) podem ter essa confiança do além-túmulo. O penhor do
Espírito é uma garantia de que caminhamos não para um fim tenebroso, mas para
um alvorecer glorioso; caminhamos não para a morte, mas para a vida eterna,
para habitação de uma mansão permanente. Aqueles que vivem sem essa garantia se
desesperam na hora da morte. Na verdade, eles caminham para um lugar de trevas,
e não para a cidade iluminada; caminham para um lugar de choro e ranger de
dentes, e não para a festa das bodas do Cordeiro; caminham para o banimento
eterno da presença de Deus, e não para o bendito lugar onde Deus armará seu
“tabernáculo” para sempre conosco. Para o verdadeiro cristão, “o viver é
Cristo, e o morrer é lucro”(Fp 1:21).
I. A CONSCIÊNCIA DA MORTE NÃO TRAZ
DESESPERO AO CRENTE FIEL
A morte é a situação mais difícil que o ser humano
pode enfrentar. Ela é o terrível legado que herdamos dos nossos primeiros pais,
que desobedeceram ao Criador no Éden (Gn 2:15-17; 3:19; Rm 5:12). É o pagamento
indesejado que o ser humano recebe por ter pecado (Rm 6:23). É o fim para o
qual o ser humano caminha a passos largos (Ec 12:1-7). Mais do que isso, é o
inimigo implacável que vem no encalço do ser humano para, no inevitável dia do
encontro, deixá-lo prostrado (Lc 12:20). É o último inimigo a ser aniquilado
(1Co 15:26). Contudo, para o crente fiel, a morte é “lucro”(Fp 1:21).
Que avaliação o
apóstolo Paulo faz de sua jornada, agora, no crepúsculo da vida, a caminho do
patíbulo? Se esse bandeirante do cristianismo fosse examinado pelas lentes da
teologia da prosperidade, seria um fracasso. O maior pregador, missionário,
teólogo e plantador de igrejas da história do cristianismo, está velho, jogado
numa masmorra, pobre, cheio de cicatrizes, abandonado no corredor da morte. O
grande apóstolo dos gentios está sozinho num calabouço romano, sem dinheiro,
sem amigos, sem roupas para enfrentar o inverno, sofrendo as mais amargas
privações. Como esse homem se sente? Como ele avalia seu passado, seu presente
e seu futuro?
Destacamos alguns
pontos fundamentais acerca da atitude do apostolo Paulo no momento em que se
viu no corredor da morte. Em 2Timóteo 4:7,8, ele faz uma
profunda análise do seu ministério e, antes de fechar as cortinas da sua vida,
abre-nos uma luminosa clareira com respeito a seu tempo presente, passado e
futuro. Diz o velho bandeirante da fé:
6. Porque eu
já estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida
está próximo.
7. Combati o
bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
8. Desde
agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me
dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua
vinda.
1.
Serenidade diante da morte (2Tm 4:6). Mesmo estando na antessala da morte e no corredor
do martírio, Paulo não usa palavras de revolta nem de lamento. Ele estava
consciente e sereno. O veterano apóstolo sabe que vai morrer. Mas não é Roma
que tirará a sua vida; é ele quem vai oferecê-la. E ele não vai oferecê-la a
Roma, mas a Deus. Paulo compara sua vida com um sacrifício e uma oferta para
Deus. Ele disse: “Porque eu já estou
sendo oferecido por aspersão de
sacrifício, e o tempo da minha partida está Próximo” (2Tm 4:6). Aqui, ele
usa a figura da libação, um rito comum na religião judaica, para expressar sua
disposição de dar sua vida pelo evangelho e pela igreja. No judaísmo, a libação
era o derramamento de vinho ou azeite sobre a oferta do holocausto (cf. Ex
29:40,41; Nm 15:5,7,10; 28:24). Não era uma oferta pelos pecados, mas uma
oferta de gratidão ao Senhor. O Rev. Hernandes Dias Lopes, citando Hans Burki,
diz que a libação não era o sacrifício propriamente dito. Pelo contrário, era
derramada sobre o animal a ser sacrificado (Nm 15:1-10). Paulo, portanto,
entendia sua morte como oferenda derramada sobre o sacrifício da igreja (Fp
2:17) e derramada no mais verdadeiro sentido sobre o holocausto [sacrifício
total] do Messias Jesus (Rm 8:32).
O grande avivalista americano do século 19, Dwight
L. Moody, na hora da morte, disse às pessoas que o cercavam: - “Afasta-se a
Terra, aproxima-se o Céu, estou entrando na glória”. O médico e pastor galês,
Martyn Lloyd-Jones, depois de uma grande luta contra o câncer, disse para os
seus familiares e paroquianos: - “Por favor, não orem mais por minha cura, não
me detenha da glória”. O crente fiel comporta-se de forma sereno diante da
morte.
2.
A certeza da missão cumprida (2Tm 4:7). Paulo está passando o bastão para o seu filho
Timóteo, mas, antes de enfrentar o martírio, relembra como havia sido sua vida:
um duro combate. A vida para Paulo não foi uma feira de vaidades nem um parque
de diversões, mas um combate renhido. O Rev. Hernandes Dias Lopes, citando Hans
Burki, diz que Paulo lutou contra poderes sombrios da maldade; contra Satanás;
contra vícios judaicos, cristãos e gentílicos; contra hipocrisia, violência,
conflitos e imoralidades em Corinto; contra fanáticos e desleixados em
Tessalônica; contra gnósticos e judaizantes em Éfeso e Colossos; e, não por
último - no poder do Espírito Santo —, contra o velho ser humano dentro de si
mesmo, tribulações externas e temores internos. Acima de tudo e em todas as
coisas, porém, lutou em prol do evangelho - a grande luta de sua vida, seu bom
combate. O apóstolo poderia morrer tranquilo porque havia concluído sua
carreira, e isso era tudo o que lhe importava (At 20:24). Mas ele também deixa
claro que nessa peleja jamais abandonou a verdade nem negou a fé. Não morre bem
quem não vive bem. A vida é mais do que viver, e a morte é mais do que morrer,
diz Hernandes Dias Lopes.
3. Paulo olhou para o futuro com esperança (2Tm
4:8). A gratidão do dever
cumprido, associada à serenidade de saber que estava indo para a presença de
Jesus, dava a Paulo uma agradável expectativa do futuro. Mesmo que o imperador
o condenasse à morte e o tribunal de Roma o considerasse culpado, o reto e
justo Juiz revogaria o veredito de Nero, considerando-o sem culpa e dando-lhe a
coroa da justiça. Como num brado de triunfo diante do martírio, Paulo proclama: “Desde agora, a coroa da justiça me está
guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim,
mas também a todos os que amarem a sua vinda”.
Segundo William
Macdonald, “a coroa da justiça é a grinalda que será dada aos cristãos que
mostrarem justiça em seu serviço”. Nos jogos atléticos romanos, os vencedores
recebiam uma coroa de louros. Símbolo de triunfo e honra, era o prêmio mais
cobiçado da antiga Roma. Provavelmente, Paulo estava se referindo a isso quando
falou de uma coroa. Esperando por
Paulo, guardada para ele, estava uma recompensa: a coroa da justiça. Paulo
receberia a sua recompensa do Senhor, justo
Juiz. A recompensa de Paulo lhe seria dada no Dia da volta do Senhor. Esta
coroa da justiça, esta recompensa, não será somente para Paulo. Ela está
prometida a “todos os que amam a vinda de Jesus”. Que grande incentivo para
Timóteo, para os crentes leais da sua igreja, e para todos os crentes em todos
os tempos. Seja o que for que venhamos a enfrentar – desânimo, perseguição, ou
morte -, nós sabemos que a nossa recompensa está com Cristo, na eternidade.
II. O SENTIMENTO DE ABANDONO
Paulo, certamente, foi a maior expressão do
cristianismo. Viveu de forma superlativa e maiúscula. Pregador incomum, teólogo
incomparável, missionário sem precedentes, evangelista sem igual. Viveu perto
do Trono, mas ao mesmo tempo foi açoitado, preso, algemado e desolado. Tombou
como mártir na terra, mas foi recebido como príncipe no Céu. Não foi poupado
dos problemas, mas triunfou no meio deles. Como bem disse o rev. Hernandes Dias
Lopes, o Céu não é aqui. Aqui não pisamos tapetes aveludados nem caminhamos em
ruas de ouro, mas cruzamos vales de lágrimas. Aqui não recebemos o galardão,
mas bebemos o cálice da dor.
1.
O clamor de Paulo na solidão. “Procura vir ter comigo depressa. Porque Demas me desamparou, amando o
presente século, e foi para Tessalônica; Crescente, para a Galácia, Tito, para
a Dalmácia. Só Lucas está comigo...” (2Tm 4:9-11).
Paulo, já idoso, anseia ter a companhia do
jovem pastor Timóteo. Por isso, ele pede que Timóteo se esforce para chegar
logo a Roma. O apóstolo sente-se profundamente solitário na prisão em Roma. Ele
estava numa cela fria, necessitado de um ombro amigo. Ele, então, roga para que
Timóteo vá depressa ao seu encontro. Pede para ele vir antes do inverno (2Tm
4:21), pois nesse tempo era impossível navegar. Roga a Timóteo que leve também
Marcos. O gigante do cristianismo está precisando de gente amada a seu lado,
antes de caminhar para o patíbulo. Sua comunhão com Deus não o tornava um
super-homem. Dentro do seu peito, batia um coração sedento por relacionamento.
a)
Demas o desamparou. Paulo passou a vida investindo na vida
das pessoas e, na hora em que mais precisou de ajuda, foi abandonado e
esquecido na prisão. Ser esquecido pelos que antes foram colegas na
evangelização deve ser uma das mais amargas experiências no serviço cristão. Demas era amigo de Paulo, irmão na fé e
parceiro de trabalho. Mas agora Paulo estava na prisão, os cristãos eram
perseguidos e o clima politico era claramente desfavorável a eles. Em vez de
ansiar pela vinda do Senhor, Demas
preferiu amar o presente século e assim abandonou Paulo e foi para Tessalônica.
Provavelmente o temor pela segurança pessoal, o levou a se tornar desleal.
Demas é
mencionado apenas três vezes no Novo Testamento (Cl 4:14; Fm 24; 2Tm 4:10). Na
primeira vez, era um cooperador; na segunda
vez, seu nome é apenas mencionado; e,
na última vez, ele é apresentado como um desertor.
Começou bem a carreira, mas a encerrou mal. Hendriksen
diz que o verbo [desamparou] usado por Paulo implica que Demas não apenas deixou o apóstolo, mas
o deixou numa situação difícil. Demas foi
atacado pela covardia naquele tempo de terror. Ele foi seduzido de volta ao
mundo pelo amor ao dinheiro. Os momentos de adversidade revelam aqueles que realmente
são amigos sinceros.
b)
Só o médico amado ficou com Paulo.
“Só Lucas está comigo...”. Lucas era o único a manter contato com Paulo
em Roma. Deve ter significado muito para o apóstolo ter o estímulo espiritual e
a habilidade profissional desse grande homem de Deus. A presença de Lucas com
Paulo na sua segunda prisão é um tocante testemunho da lealdade desse
companheiro. Lucas já havia acompanhado Paulo em sua viagem a Roma e em sua
primeira prisão (At 27). Paulo o chamara de médico amado (Cl 4:14) e
colaborador (Fm 24). Feliz é o obreiro que no final da sua lida tem um amigo,
como Lucas, para estar ao seu lado. Lucas escreveu tanto o Evangelho que leva
seu nome como o livro de Atos.
2. A
serenidade dos últimos dias. “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e
os livros, principalmente os pergaminhos” (2Tm 4:13).
Paulo precisava de amigos para a alma,
livros para a mente e cobertura para o corpo. Ele tinha necessidades físicas,
mentais e emocionais. As prisões romanas eram frias, insalubres e escuras. Os
prisioneiros morriam de lepra e de outras doenças contagiosas. O inverno se
aproximava, e Paulo precisava de uma capa quente para enfrentá-lo. Segundo
estudiosos, essa “capa” era uma roupa externa grande, sem mangas, feita de uma
única peça de tecido pesado, com um buraco ao meio por onde se passava a
cabeça. Servia de proteção contra o frio e a chuva. Paulo tinha deixado a sua “capa”
na casa de um homem chamado Carpo, aparentemente onde ele havia
se hospedado, em uma de suas visitas a Trôade (provavelmente não a visita
mencionada em Atos 20:6, pois esta tinha ocorrido vários anos antes).
Paulo também precisava de livros (feitos de papiro) e pergaminhos (feitos de peles). Estava
no corredor da morte, mas queria aprender mais. Paulo precisava de amigos, de
roupas e de livros. Precisava de provisão para a alma, a mente e o corpo. Essa
atitude de Paulo é um eloquente testemunho de que o homem de Deus, quando está
seguro no Senhor, não teme a morte ou quaisquer outras circunstâncias adversas.
3.
Preocupações finais com o discípulo. “Alexandre, o latoeiro, causou-me muitos males; o Senhor lhe pague
segundo as suas obras. Tu, guarda-te também dele, porque resistiu muito às
nossas palavras” (2Tn 4:14,15).
Aqui, Paulo alerta Timóteo a respeito de
“Alexandre, o latoeiro”. Paulo não dá nenhuma descrição de Alexandre, senão sua
profissão. Ele trabalhava com cobre. O apóstolo também não descreve quais foram
esses muitos males. Segundo estudiosos, Alexandre pode ter testemunhado contra
Paulo no seu julgamento, causando desta forma muitos males ao apóstolo. Os
informantes eram uma das grandes maldições de Roma naquela época. Buscavam
obter favores e receber recompensas em troca de informações. Isso levou alguns historiadores
a afirmar que foi Alexandre, o latoeiro, quem traiçoeiramente delatou Paulo,
resultando em sua segunda prisão e consequente martírio. Alexandre se tornou inimigo
do mensageiro [Paulo] e também da mensagem [evangelho]. Perseguiu o pregador e
resistiu à pregação. Possivelmente, esse Alexandre morava em Trôade, onde Paulo
fora preso, e, por isso, o apóstolo exorta a Timóteo que, ao passar por Trôade para
pegar seus pertences, se guardasse desse malfeitor.
- “o Senhor lhe pague segundo as suas
obras”. Quando
Paulo diz estas palavras, não está expressando um espírito vingativo contra
Alexandre, mas apenas entregando seu julgamento nas mãos de Deus, a quem
pertence esse direito.
“O crente fiel sempre vai encontrar pessoas
difíceis em sua caminhada, por isso, precisa estar preparado para lidar com
toda a sorte de gente, boas e más”.
III. A CERTEZA DA PRESENÇA DE CRISTO
1. Sozinho perante o tribunal dos
homens (2Tm 4:16). “Ninguém
me assistiu na minha primeira defesa; antes, todos me desampararam. Que isto
lhes não seja imputado”.
Paulo se arriscou pelos outros; mas ninguém
compareceu em sua primeira defesa para estar a seu lado ou falar a seu favor.
Nem Lucas, “o médico amado”, se encontrava na cidade, quando Paulo compareceu a
audiência.
Segundo
Hernandes Dias Lopes, mais perturbador que o frio gelado que se
avizinhava pela chegada do inverno, era a geleira da ingratidão que Paulo tinha
de suportar no apagar das luzes de sua jornada na terra. John Stott argumenta que, se Alexandre, o latoeiro, falou com
deliberada malícia contra Paulo e o evangelho, os amigos de Paulo, em Roma,
deixaram completamente de falar, e seu silêncio não se devia à malícia, mas ao
medo. O verdadeiro amigo é aquele que chega quando todos já se foram. É aquele
que está ao nosso lado, pelo menos para confortar-nos com o bálsamo do
silêncio.
O verdadeiro amigo não nos abandona na hora
da aflição. Jó fez uma dramática descrição desse abandono na hora de
necessidade (Jó 19:13-16):
13. Pôs longe de mim a meus irmãos, e
os que me conhecem deveras me estranharam.
14. Os meus parentes me deixaram, e os
meus conhecidos se esqueceram de mim.
15. Os meus domésticos e as minhas
servas me reputaram como um estranho; vim a ser um estrangeiro aos seus olhos.
16.
Chamei a meu criado, e ele me não respondeu; cheguei a suplicar com a minha
boca.
“Podem os amigos e companheiros nos
abandonar nos momentos difíceis, mas Deus é fiel e jamais nos deixa sozinho”.
2.
Sentindo a presença de Cristo (2Tm 4:17). “Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me,
para que, por mim, fosse cumprida a pregação e todos os gentios a ouvissem; e
fiquei livre da boca do leão”.
Paulo foi vitima do abandono dos homens, mas
foi acolhido e assistido por Deus. Assim como Jesus foi assistido pelos anjos
no Getsêmani enquanto seus discípulos dormiam, Paulo também foi assistido por
Deus na hora de sua dor mais profunda.
O
Rev. Hernandes Dias Lopes, citando Warren Wiersbe, escreve:
Quando Paulo ficou desanimado com os coríntios, o Senhor foi até ele e o
encorajou (At 18:9-11). Depois de ser preso em Jerusalém Paulo voltou a receber
a visita e o estimulo do Senhor (At 23:11). Durante a terrível tempestade em
que Paulo estava a bordo de um navio, mais uma vez o Senhor lhe deu forcas e
coragem (At 27:22-26). Agora, naquela horrível prisão romana, Paulo voltou a
experimentar a presença fortalecedora do Senhor, que havia prometido: “De maneira alguma te deixarei, nunca jamais
te abandonarei” (Hb 13:5).
Deus não nos livra do vale, mas caminha
conosco no vale. Deus não nos livra da fornalha, mas nos livra na fornalha.
Deus não nos livra da cova dos leões, mas nos livra na cova dos leões. Às
vezes, Deus nos livra da morte; outras vezes, Deus nos livra através da morte.
Em toda e qualquer situação, Deus é o nosso refúgio.
3.
Palavras e saudações finais (2Tm 4:18). “E o Senhor me livrará de toda má obra e guardar-me-á para o seu Reino
celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém!”.
Segundo Willian Macdonald, ao afirmar que o
Senhor o livraria de toda má obra, o apóstolo Paulo não quis
dizer que seria definitivamente liberto da execução. Ele sabia que a hora de
sua morte se aproximava (cf. 2Tm 4:6). O que, então, ele quis dizer? Sem
dúvida, que o Senhor o livraria de fazer qualquer coisa que maculasse seus
últimos dias de testemunho. O Senhor o livraria de se retratar, de negar o nome
de Jesus, de covardia ou de qualquer outra forma de colapso moral ou espiritual.
Além disso, Paulo estava seguro de que o Senhor o levaria salvo para o seu “reino
celestial”, ao Céu.
Numa
última oportunidade de encorajar o jovem pastor Timóteo diante
de tantas lutas, Paulo diz: “O Senhor
Jesus Cristo seja com o teu espírito. A graça seja convosco”. Matthew Henry está correto ao dizer que
nada nos deve deixar mais felizes que ter o Senhor Jesus Cristo com o nosso
espírito; porque nele todas as bênçãos espirituais estão resumidas.
A epístola de 2Timóteo não foi endereçada apenas
ao pastor Timóteo; foi escrita a toda a igreja de Éfeso e consequentemente a
nós, hoje. No último versículo, Paulo passa do singular – “o Senhor seja com o teu espírito” -, para o plural – “a graça seja convosco”. A presença do
Senhor e a graça do Senhor nos bastam.
Assim como a graça, que é melhor que a vida,
foi suficiente para Paulo e a igreja de Éfeso no passado, seja também nosso
alento hoje, para prosseguirmos preservando o evangelho, sofrendo pelo
evangelho, permanecendo no evangelho e pregando o evangelho. “Amém!”.
CONCLUSÃO
Paulo tinha consciência de que a morte
física aniquilaria apenas o seu corpo, mas seu espirito e sua alma (o homem
interior — 2Co 4:16) estavam guardados em Cristo Jesus. Um servo de Deus que se
pauta pela obediência ao Senhor, vivendo em santidade, e fazendo a vontade
divina, não se desespera, mesmo ante a iminência do dia final.
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Luciano de Paula Lourenço -
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista
Ensinador Cristão – nº 63. CPAD.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards
Tito e
Filemom – doutrina e vida, um binômio inseparável. Rev. Hernandes Dias Lopes.
Hagnos.
1 Timóteo
– o pastor, sua vida e sua obra. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.
2 Timóteo
– O testamento de Paulo à Igreja. Rev. Hernandes Dias Lopes. Hagnos.
Comentário
do Novo Testamento – 1 e 2 Timóteo e Tito. William Hendriksen.
As
Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.
Parabéns pelos subsídios, meu amado. Somente gostaria de colocar sobre a data apresentada na Introdução: quando se lê 1964, acredito que seja 64 d.C.. Que Deus continue te dando discernimento da Sua Palavra pra que possa continuar nos abençoando com tão preciosos comentários. Deus o abençoe.
ResponderExcluirPaz do Senhor amado.
ResponderExcluirO incêndio em Roma foi em 64 d.c é não 1964 como diz o texto publicado.
Sempre acompanho os seus subsídios e uso sempre em um programa de rádio na internet que eu apresento. Abraço e que Deus te abençoe ainda mais!
Prezados Marco Bertolini e Jhonatan Freitas, obrigado pela vossa participação. Corrigi o lapso.
ResponderExcluirDeus os abençoe sobremaneira!
Luciano