3º Trimestre/2016
Texto Base: Daniel 2:24-28
"A minha palavra e a minha
pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas
em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa f é não se apoiasse em
sabedoria dos homens, mas no poder de Deus" (1Co 2.4,5).
INTRODUÇÃO
Na Lição 05, estudamos o
desafio da evangelização urbana. Na Lição 06, estudamos o desafio da evangelização
dos grupos desafiadores. Nesta Lição, estudaremos o desafio da evangelização no
mundo acadêmico e político. Sem dúvida alguma, este é um dos maiores desafios a
ser enfrentado, haja vista que as universidades são hostis aos alunos e aos professores
oriundos da tradição cristã. Essa hostilidade é sentida principalmente nos
cursos das áreas de humanas; nestes cursos os alunos que professam a fé cristã
são marginalizados e desafiados pelos professores, que são majoritariamente
ateus ou agnósticos. Infelizmente, a maioria dos universitários cristãos não
está preparada teologicamente para defender sua fé num campus. Desta feita, muitas vezes o desespero toma conta do jovem
cristão ao confrontar um oposicionista, e, por isso, se isolam e viram “007
evangélico”, não fazendo uso do seu direito constitucional de manifestar a sua
fé de forma explícita e destemida. Cabe aos líderes das igrejas locais e aos
departamentos de evangelismo engendrarem esforços e estratégias a fim de
preparar adequadamente jovens cristãos, a fim de que, no âmbito acadêmico,
atuem como reais testemunhas de Jesus Cristo. É válido ressaltar que é do
universo acadêmico que saem os cientistas, educadores, formadores de opinião e
boa parte dos governantes e legisladores.
Nesta Aula, analisaremos a
vida dos jovens hebreus Daniel e seus companheiros - Hananias, Misael e
Azarias. Apesar do exílio babilônico, eles se destacaram como acadêmicos,
servidores públicos e políticos. Eles mostraram, em atos e palavras, a
supremacia do Deus de Israel. A vida desses hebreus serve de exemplo aos acadêmicos
e políticos cristãos, que lutam por levar o Evangelho às mais altas esferas do
conhecimento e do poder.
I. POSSIBILIDADES E LIMITAÇÕES DA
EVANGELIZAÇÃO NO AMBIENTE ACADÊMICO (1)
1. É um ponto de convergência. As
pessoas presentes na escola se deslocaram de outros bairros, ou cidades, ou
estados ou países, no caso de estudantes estrangeiros. Ter essas pessoas
concentradas ali é uma economia de esforço, do ponto de vista da estratégia
evangelística. É claro que ninguém comparece à escola para tomar conhecimento
do evangelho. O nosso trabalho começa com a comunicação evangelística correta
para esse ambiente.
2. É um Local onde as
pessoas interagem. Na escola as pessoas precisam
se comunicar e têm oportunidade de se conhecerem, fazer amizades, trocar
ideias. Talvez não exista outra instituição mais apropriada para essa
finalidade. Na verdade, é lamentável vermos que muitos evangélicos ocultam o
seu testemunho cristão e perdem essa grande oportunidade para comunicarem o
evangelho aos seus colegas. Isso é notado entre alunos, professores e
funcionários.
3. A fé é confrontada. A escola
repassa conceitos filosóficos e científicos equivocados, que são antagônicos à
Palavra de Deus, mas são tornados válidos pelo consenso da Comunidade
Científica. Entre os não-cristãos, isso acentua o ceticismo e a incredulidade.
Entre cristãos menos alicerçados no conhecimento bíblico há ameaças de
esfriamento na fé. O que cabe a nós fazermos quanto a isto? Muito pode ser
feito. Todo o Comunicador do Evangelho tem a missão de manifestar um
posicionamento bem fundamentado, tanto na Bíblia como em assuntos científicos
e, principalmente, com um testemunho de vida coerente com a fé professada.
4. O inimigo tem planos de ação. O
ambiente escolar nada mais é do que uma amostragem do que se encontra na
sociedade. Uma grande maioria apresenta um comportamento carnal, liberal,
contrário à vontade de Deus. Isso faz surgir o fenômeno conhecido como pressão
do grupo, pois essa maioria cobra de todos um comportamento padronizado, para
poder interagir. A posição dos comunicadores do Evangelho precisa ser
equilibrada. Isolar-se do grupo não é a solução. Na verdade, é preciso orar e
vigiar, pois o Espírito Santo nos unge para estarmos integrados e podermos
exercer a ação benéfica de sal da terra e luz do mundo.
(1) (Edson Talarico Rodrigues. A Comunicação do
Evangelho no Meio Acadêmico).
II. DANIEL NA UNIVERSIDADE BABILÔNICA
Daniel foi escolhido para
estudar na Universidade da Babilônia. Nabucodonosor era estadista e
estrategista. Ao mesmo tempo em que seus exércitos eram devastadores, queimando
casas, cidades, demolindo palácios e templos, também criara uma universidade
para formar jovens cativos que pudessem se tornar divulgadores de sua cultura.
Para ingressar na
Universidade Babilônica era preciso fazer
vestibular, que era composto de três exames: (a) Qualidades sociais: linhagem
real e dos nobres; (b) Qualidades físicas e morais: jovens sem nenhum defeito e
de boa aparência; (c) Qualidades intelectuais: instruídos em toda sabedoria,
doutos em ciência, versados no conhecimento e competentes para assistir no
palácio. Os aprovados deveriam andar pelos corredores do poder. Após o período
acadêmico eles mesmos governariam sobre os demais súditos conquistados.
Daniel 1:5 nos informa que
o curso da Universidade de Babilônia era intensivo, pois durava apenas três
anos. Depois disso, eles assistiriam no palácio, com garantia de emprego no
primeiro escalão do governo mais poderoso do mundo. Era uma chance de ouro. Era
tudo que um jovem queria na vida. Era tudo que um pai podia sonhar para seus
filhos. Mas, nesse quadro de oportunidades ímpares, havia riscos tremendos para
saúde espiritual. Por isso, todo cuidado seria pouco. O que adianta você ganhar
o mundo inteiro e perder sua alma? O que adianta você ficar rico, vendendo a
sua alma ao diabo? O que adianta você ter sucesso, mas perder sua fé? O que
adianta você ser famoso, mas não ter uma vida limpa? Muitas pessoas mentem,
corrompem-se, roubam, matam e morrem para alcançar o sucesso. Muitos destroem a
honra e a família para chegar ao topo da pirâmide social. Mas esse sucesso é
pura perda. Ele tem sabor de derrota.
1.
Uma vida testemunhal. Uma das características marcantes na
vida de Daniel era a firmeza do seu caráter moral e espiritual – “E Daniel assentou no seu coração não se
contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia”
(Dn 1:8). Este é um pré-requisito indispensável na vida do evangelizador neste
âmbito tão complexo e exigente que é o meio acadêmico: não se conformar com o
mundo (Rm 12:2).
Para os psicólogos, o
caráter é aquilo que é adquirido ao longo da vida, aquilo que é apreendido pelo
homem no seu convívio com o ambiente onde vive, ou seja, aquilo que incorpora,
conscientemente ou não, ao longo da sua história. Daniel estava longe de casa,
sem a sua família, em um país estranho, com uma língua estranha, sem o templo,
sem sacerdotes e sem os rituais do culto. A despeito de tantas perdas, porém,
não deixou seu coração ser envenenado pela mágoa, não permitiu que seu caráter
fosse deformado pelo meio que ora passou a enfrentar. Procurou ser instrumento
de Deus na vida dos babilônios. Daniel não foi um jovem influenciado, mas um
influenciador. As pessoas que foram levadas cativas entregaram-se à depressão,
nostalgia, choro, desânimo, amargura e ódio (Sl 137). Daniel, porém, escolheu
ser uma luz, uma testemunha, um jovem fiel a Deus em terra estranha.
O caráter do cristão é quem
ele é de fato, não apenas quando está diante do pastor, ou do seu líder, ou
mesmo com um grupo de amigos, mas quando está num ambiente que ninguém o
conhece, e ninguém está observando-o. O seu verdadeiro interior é a expressão
mais exata da sua pessoa, sem máscaras, sem fingimentos ou aparências. Quem é você
quando ninguém está olhando? Nosso caráter está relacionado com quem somos
quando ninguém está olhando.
Deus está interessado em
quem realmente somos. Quando nós temos caráter cristão, a evidência está em
nossa conduta. Se você é salvo, sua conduta muda como evidência de que alguma
coisa mudou dentro – no coração. Existem evidências da sua salvação. Se alguém
diz, “eu sou salvo”, mas continua a mentir, roubar e viver imoralmente, é muito
claro que não está salvo.
Daniel e seus amigos
tiveram caráter santo e testemunhal. Mais adiante, eles vieram a influenciar
até mesmo a classe política do império babilônico.
Portanto, o universitário
crente evangeliza através de um testemunho santo e irrepreensível que, por si
mesmo, é uma mensagem. E, também, por meio de uma abordagem sábia e oportuna,
que mostre a razão de nossa esperança (1Pd 3:15).
2.
Daniel, um jovem universitário fiel a Deus, apesar das grandes perdas. Daniel
teve muitas perdas. Perdeu sua nacionalidade e sua bandeira. Foi arrancado de
sua Pátria e de seu lar. Perdeu sua família, foi arrancado dos braços de seus
pais, de seus amigos, de seus vizinhos. Ele foi agredido, violentado em seus
direitos mais sagrados. Ele perdeu sua liberdade, saiu de casa não como estudante,
mas como escravo; ele não é dono de sua vida nem de sua agenda. Daniel perdeu
sua religião. Seu país foi invadido, sua cidade arrasada e o templo do Senhor
derrubado. Seu povo estava debaixo de opróbrio. Mas, em vez de buscar a vingança
dos inimigos, procurou ser instrumento de Deus na vida deles. Daniel escolheu
ser uma luz, uma testemunha, um jovem fiel a Deus em terra estranha. Não é o
que as pessoas nos fazem que importa, mas como reagimos a isso.
3.
Daniel, um jovem universitário fiel a Deus, apesar dos grandes perigos. A
integridade de Daniel e de seus amigos foi colocada à prova diante da
determinação do rei. Esses servos de Deus tiveram de se acautelar acerca de quatro
perigos:
a)
O perigo das iguarias do mundo (Dn 1:5-8). As
iguarias da mesa do rei eram comidas sacrificadas aos ídolos. Cada refeição no
palácio real de Babilônia se iniciava com um ato de adoração pagã. Comer
aqueles alimentos era tornar-se participante de um culto pagão. Há um ditado
que diz que todas as maçãs do diabo são bonitas, mas elas têm bicho. Os banquetes
do mundo são atraentes, mas o mundo jaz no maligno. Ser amigo do mundo é ser
inimigo de Deus. Aquele que ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Não entre
na configuração do mundo. Fuja dos banquetes que o mundo lhe oferece. Os
prazeres imediatos do pecado produzem tormentos eternos. As alegrias que o
pecado oferece, convertem-se em choro e ranger de dentes. Fuja das boates, das
noitadas, dos lugares que podem ser um laço para sua vida. Daniel “assentou no
seu coração não se contaminar com a porção do manjar do rei, nem com o vinho
que ele bebia”. Daniel preferiu a prisão ou mesmo a morte à infidelidade.
b) O
perigo de aculturamento no meio acadêmico (Dn 1:3,4). “E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus
eunucos, que trouxesse alguns dos filhos de Israel, e da linhagem real, e dos
nobres, jovens em quem não houvesse defeito algum, formosos de aparência, e
instruídos em toda a sabedoria, e sábios em ciência, e entendidos no
conhecimento, e que tivessem habilidade para viver no palácio do rei, a fim de
que fossem ensinados nas letras e na língua dos caldeus”.
Daniel e seus amigos
correram sério risco de aculturamento nos costumes e nas ciências babilônicos.
A despeito de eles serem educados em línguas e ciências, Nabucodonosor queria
muito mais. Ele queria educá-los nas ciências dos caldeus para que tivessem
conhecimento de astrologia e adivinhação. Mas, os babilônios perceberam logo
que a formação cultural e, sobretudo, religiosa desses jovens hebreus, era
forte. Não seria fácil fazê-los esquecer de suas convicções de fé. Para quebrar
a rigidez cultural desses jovens, Nabucodonosor elaborou um programa cultural
que fosse eficaz na sua extinção: os jovens participariam da mesa do rei. Mas
Daniel e seus amigos mantiveram-se íntegros, fieis e puros diante de Deus e dos
habitantes da Babilônia. O caráter deles era bastante sólido.
No meio de uma cultura sem
Deus e sem absolutos morais, Daniel não se corrompeu. Daniel vai como escravo
para uma terra que não conhecia a Deus, onde não havia a Palavra de Deus, nem o
temor de Deus, onde o pecado campeava solto. Mas, mesmo na cidade das
liberdades sem fronteiras, do pecado atraente e fácil, Daniel mantém-se
íntegro, fiel e puro diante de Deus e dos homens. Seu caráter não era feito de
vidro, não se quebrava com facilidade. Tinha um caráter ilibado, formado em um
lar temente a Deus, de convicção de fé inquebrável no Deus vivo. Daniel e seus
companheiros possuíam uma maturidade espiritual inexorável, que não foi
adquirida em uma universidade secular, mas na Palavra de Deus.
c)
O perigo da mudança dos valores. O nome de Daniel e de seus
amigos foram trocados. Com isso a Babilônia queria que eles esquecessem o
passado. A Babilônia queria remover os marcos e arrancar as raízes deles. Entre
os hebreus, o nome era resultado de uma experiência com Deus. Todos os quatro
jovens judeus tinham nomes ligados a Deus. Daniel significa: “Deus é meu juiz”;
deram-lhe o nome de Beltessazar, cujo significado é: “bel proteja o rei”.
Hananias significa: “Jeová é misericordioso”; passou a ser chamado de Sadraque,
que significa: “iluminado pela deusa do sol”. Misael significa: “quem é como
Deus?”; deram-lhe o nome de Mesaque, que significa: “quem é como Vênus?”.
Azarias significa: “Jeová ajuda”; trocaram-lhe o nome para Abede-Nego, cujo
significado é: “servo de Nego”. Assim, seus nomes foram trocados e vinculados
às divindades pagãs de Bel, Manduque, Vênus e Nego. Os caldeus queriam varrer o
nome de Deus do coração de Daniel, queria tirar a convicção de Deus da mente de
Daniel e de seus amigos e plantar neles novas convicções, novas crenças, novos
valores, por isso mudaram seus nomes.
A Babilônia mudou os nomes deles, porém, não
o coração. Daniel e seus amigos não permitiram que o ambiente, as
circunstâncias e as pressões externas ditassem sua conduta. Eles se firmaram na
verdade, batalharam pela defesa da fé e mantiveram a consciência pura.
Muitos jovens hoje têm caído na teia do
mundo, conformaram-se com o mundo. Muitos se envolvem de tal maneira que perdem
o referencial, mudam os marcos, abandonam suas convicções, transigem com os
absolutos e naufragam na fé. Isto é trágico!
d)
O perigo das ofertas vantajosas. Muitos judeus se
dispuseram a aceitar as ofertas generosas da Babilônia. Pensaram: é melhor
esquecer Sião. É melhor esquecer os absolutos da Palavra de Deus. Isso não tem nada
a ver. A Bíblia já não serve mais para nós. Agora estamos num estágio mais
avançado: estamos estudando as ciências. Além do mais, a Babilônia oferecia
riquezas, prazeres e Jerusalém era muito repressora. A lei de Deus, pensavam, é
muito rígida, tem muitos preceitos. E assim, muitos se libertaram de seus
escrúpulos e se esqueceram de Deus e de Sua Palavra. Para eles, tudo havia se
tornado relativo. Os tempos estavam mudando depressa e eles precisavam se
adaptar às mudanças.
Todavia, Daniel e seus companheiros eram comprometidos
com a Verdade. Os caldeus mudaram seus nomes, mas não seus corações. Eles
compreenderam que a babilonização era uma porta aberta para a apostasia. A
guerra das ideias, a lavagem cerebral, a relativização da moral, a filosofia de
que "nada tem nada a ver" é procedente do maligno. Daniel não
negociou seus valores. Ele não se corrompeu. Não se mundanizou. Ele teve coragem
para ser diferente mesmo quando foi pressionado a se contaminar, mesmo quando
não era vigiado e mesmo quando estava correndo risco de vida.
Daniel estava no mundo, mas não era do
mundo. Deus não livrou Daniel do perigo, mas lhe deu livramento no perigo. Ele
não satanizou a cultura, dizendo que tudo era do diabo, mas ele percorreu os corredores
da universidade e do palácio sem se corromper. Daniel e seus amigos não anatematizaram
a vida pública como pecado. Contudo, jamais se corromperam. Eles tinham
consciência que pertenciam e serviam a outro Reino. Mesmo cercados por uma
babel de outras vozes, sempre se orientaram pela voz de Deus. Resistiram sempre
aos interesses da Babilônia, quando esses se chocavam com os interesses do
Reino de Deus.
4.
Uma carreira acadêmica testemunhal. Finalmente, o curso
de três anos terminou. Era hora dos exames finais. Como nas universidades
britânicas, em dias passados, esses exames não eram escritos, mas orais. O
próprio rei os examinou. E Daniel e seus amigos foram examinados, aprovados e
considerados dez vezes mais sábios que os outros estudantes – “E em toda matéria de sabedoria e de
inteligência, sobre que o rei lhes fez perguntas, os achou dez vezes mais
doutos do que todos os magos ou astrólogos que havia em todo o seu reino"(Dn
1:20). Como resultado, cada um dos quatro foi colocado em um alto cargo. Porque
foram fiéis a Deus, o Senhor os honrou e os fez dez vezes mais cultos e mais
eminentes que os mais sábios da Babilônia. Eles estavam no palácio do rei da
Babilônia, servindo ao Rei Eterno, o Deus Todo-Poderoso.
Daniel e seus amigos são
modelos para os jovens universitários de hoje. Devem se esforçar ao máximo para
serem os melhores dentre os seus colegas universitários. Conformo disse o Pr.
Claudionor de Andrade, “a mediocridade acadêmica depõe contra o Evangelho. O
crente que ama a Cristo adora-o também com as suas notas, graduações, mestrados
e doutorados”.
5.
Uma carreira testemunhal. Daniel e seus três
companheiros foram inseridos, imediatamente, na elite cultural e científica de
Babilónia. Daniel tornou-se Primeiro Ministro da Babilônia. Figurou entre os
maiores do grande império. Tornou-se homem de projeção. Foi uma bênção durante
toda sua vida.
Muitos crentes anseiam por posições mais
altas, mas para isso negociam valores, vendem a consciência, se corrompem e
envergonham o nome de Deus. Se não vivermos agora honrando a Deus nas pequenas
coisas, jamais o honraremos quando chegarmos às altas posições.
Daniel foi maior que a
própria Babilônia. A Babilônia caiu, mas Daniel continuou em pé. A Babilônia
perdeu seu poder, mas Daniel continuou sendo uma bênção para o outro império. Daniel
1:21 mostra o triunfo de Daniel. Ele continuou fiel até o primeiro ano de Ciro,
o rei persa – “E Daniel esteve até ao
primeiro ano do rei Ciro”. Ele atravessou setenta anos de cativeiro com uma
vida limpa diante de Deus e dos homens. Ele começou bem e terminou bem. Hoje
muitos começam bem e terminam mal. São crentes consagrados até enfrentarem a
primeira prova, mas depois negociam seus valores, vendem a consciência e se
perdem no cipoal de suas paixões. Muitos nessa corrida ao sucesso deixam sua
devoção a Jesus, deixam a igreja e se contaminam com o mundo.
A Babilônia passou, e um
novo império surgiu, mas Daniel continuou servindo a Deus com integridade. Reis
subiram ao trono e desceram do trono, mas Daniel continuou como um homem
incontaminado.
Você tem se guardado
incontaminado do mundo? Você é um influenciador? Você faz diferença no meio em
que vive? As pessoas são despertadas a conhecer a Deus por intermédio de seu
testemunho? Concordo com o Pr. Claudionor de Andrade quando diz que “Jesus
precisa de testemunhas em todas as áreas do saber humano. Ele também morreu
pelos cientistas, médicos, advogados, sociólogos e educadores. Se prepararmos
devidamente os crentes, levaremos Cristo à elite cultural de nossa nação e do mundo.
Portanto, treinemos os crentes para que formem, no campus, grupos de oração, estudo bíblico e evangelismo. Desses
núcleos, Deus haverá de suscitar testemunhas irresistíveis de sua Palavra. O
Evangelho de Cristo não pode ausentar-se das áreas cultas”.
III. A INTERVENÇÃO DE DEUS NA POLÍTICA
BABILÔNICA
Há uma linha invisível que separa a paciência
de Deus de Sua ira. Os que persistem em andar no caminho errado cruzam essa
linha invisível. Chega um dia em que Deus diz: "Basta!”. Deus oferece ao
homem muitas oportunidades para arrepender-se; convida-o insistentemente a se
voltar para Ele e o persuade; mas se o homem continua no pecado, ele cruza essa
linha invisível e, depois, perece inapelavelmente. Belsazar foi um homem que
desprezou o conhecimento de Deus e não lhe deu glória, a despeito de conhecer a
verdade (Dn 5:22). Ele conhecia a verdade, mas não foi dirigido por ela. Ele
conhecia a verdade, mas a rejeitou deliberadamente para viver regaladamente em seus
pecados. A impiedade produz perversão. O desprezo do conhecimento de Deus leva
o homem a uma vida dissoluta moralmente. Deus teve que intervir na política
babilônica. Chamou Daniel para proclamar a Sua sentença sobre o reino de
Belsazar.
1.
A corrupção de Babilônia. Catorze anos como segunda
pessoa no comando do reino, Belsazar precisava encarar grandes
responsabilidades. Nabonido, seu pai, estava no campo de batalha com o exército
caldeu tentando rechaçar os ataques das forças conjuntas dos Medos e Persas.
Uma província após outra do império da Babilônia tinha caído. Agora, os
exércitos de Ciro cercavam a capital como o último obstáculo a ser vencido.
Mas, Belsazar não estava nenhum pouco preocupado com as ameaças de Ciro. Ele
acreditava que Babilônia era impenetrável e que seus muros eram inexpugnáveis.
Tendo em vista a fartura de mantimentos e o suprimento de água inesgotável que
a cidade possuía, Belsazar tinha a confiança que os habitantes poderiam
sobreviver a qualquer cerco. Para demonstrar o seu desdém pela ameaça persa,
Belsazar decretou uma festa para toda a cidade. Por meio de um convite especial
para mil dos seus grandes (Dn 5:1), ele preparou uma festa no palácio real. Ele
convidou as mulheres do harém real para acrescentar diversão à festa. O próprio
rei liderou a festa oferecendo bebida para todos. Em dado momento, inflamado
pelo muito vinho, Belsazar se deixou levar por um impulso imprudente. Ele
ordenou que fossem buscados os utensílios sagrados que seu avô tinha trazido de
Jerusalém para a Babilônia (Dn 5:3). Eles beberam dessas taças, coisa que
nenhum outro ousara fazer até então. Belsazar e seus companheiros de festa
beberam dessas taças e deram louvores aos deuses da Babilônia (Dn 5:4).
O desprezo do conhecimento
de Deus leva o homem a uma vida dissoluta moralmente. Belsazar conhecia a
verdade (Dn 5:22), mas não foi dirigido por ela. Ele conhecia a verdade, mas a
rejeitou deliberadamente para viver regaladamente em seus pecados. Belsazar
profanou os utensílios consagrados ao Deus de Israel. Logo, o juízo de Deus
seria inevitável e irrevogável.
Em meio àquela orgíaca
festividade pagã, onde ressoavam risos sarcásticos regados a muita bebida
embriagante, a mão de Deus escreveu na parede com letras de fogo, estranhas e
misteriosas palavras. A Bíblia diz que o semblante do rei mudou, e os seus
pensamentos o turbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus
joelhos bateram um no outro. A festança parou, e um silêncio lúgubre encheu a
sala (Dn 5:5,6).
Quando Belsazar conseguiu
falar, ele começou a gritar e chamar os peritos em astrologia, os caldeus e os
adivinhadores (Dn 5:7), para explicar esse mistério. O rei prometeu todo tipo
de recompensa e promoção para qualquer um que pudesse ler a escrita na parede e
interpretar a sua mensagem. Esse homem seria vestido de púrpura (púrpura real),
uma cadeia de ouro seria colocada ao redor do seu pescoço e ele se tornaria o
terceiro em importância no governo do seu reino. Esse era o posto mais elevado
disponível, visto que Nabonido ocupava o posto mais elevado, e Belsazar, o
segundo. Quando os sábios não conseguiram decifrar a escrita, o rei e todos os
convidados ficaram outra vez aterrorizados.
O banquete tinha como
objetivo afrontar o Deus vivo. A atitude do rei em utilizar os utensílios do
templo de Jerusalém em sua festa devassa e idólatra, mostrava o caráter
perverso de Belsazar. Ele estava afrontando ao Senhor e profanando publicamente
aquilo que pertencia a Deus. Mas, esse foi o último desafio do imoral Belsazar.
O castigo viria inevitavelmente e imediatamente.
A vida é uma semeadura, colhemos
o que plantamos. Aqueles que plantam o mal colhem o mal. Aqueles que semeiam
vento colhem tempestade. Aqueles que semeiam na carne, da carne colhem
corrupção. Aquilo que fazemos aqui determinará nosso destino amanhã. Querer
fazer o mal e receber o bem é zombar de Deus, e de Deus ninguém zomba (Gl 6:7).
Os políticos e os governantes brasileiros precisam se conscientizar que Deus é
o Senhor. As consequências pelos erros cometidos de forma deliberada e consciente
são muito duras e inexoráveis.
2.
Daniel, o incorruptível. Como nenhum acadêmico
babilónico foi capaz de ler a sentença divina escrita na parede, o nome de
Daniel, agora com idade avançada, é evocado. A rainha-mãe (esposa de Nabonido e
mãe de Belsazar), ciente do fato da escrita na parede, informa ao rei sobre
Daniel e conta a respeito dos dons sobrenaturais que ele possuía. Ela disse: “Ó rei, vive eternamente! Não te turbem os
teus pensamentos, nem se mude o teu semblante. Há no teu reino um homem que tem
o espírito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e
inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei
Nabucodonosor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos
astrólogos, dos caldeus e dos adivinhadores. Porquanto se achou neste Daniel um
espírito excelente, e ciência, e entendimento, interpretando sonhos, e
explicando enigmas, e solvendo dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de
Beltessazar; chame-se, pois, agora Daniel, e ele dará interpretação” (Dn
5:10-12).
Após contar tudo, a
rainha-mãe aconselha ao rei que chamasse Daniel, e, certamente, ele daria a
interpretação. Daniel, então, foi introduzido à presença do rei (Dn 5:13-16).
Ele agora era um homem idoso, mas continuava sendo um homem de Deus. Bom é
conservarmos a fidelidade ao Senhor até o fim de nossas vidas!
Belsazar propõe a Daniel a
mesma recompensa extravagante que havia prometido aos sábios (Dn 5:16), mas
Daniel não deu nenhuma importância às “ninharias” do rei (Dn 5:17) e foi direto
ao assunto. Mais uma vez, ele não se deixou enlaçar pelo charme do
politicamente correto. Daniel confrontou o rei de forma cortês, mas sem rodeios,
com uma mensagem de Deus. Daniel recordou a Belsazar como Deus humilhou
Nabucodonosor. Embora Belsazar soubesse desse evento trágico, não deu
importância à sua lição - “E tu, seu
filho Belsazar, não humilhaste o teu coração, ainda que soubeste de tudo isso.
E te levantaste contra o Senhor do Céu. Então, dele foi enviada aquela parte da
mão, e escreveu-se esta escritura” (Dn 5:22-24). Belsazar, ao profanar os
vasos santos do Senhor cometeu um ato de afronta deliberada contra o Deus vivo.
Poucas pessoas aprendem as lições da história.
“Esta, pois, é a escritura
que se escreveu: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM” (Dn 5:25). “MENE: Contou Deus o
teu reino e o acabou” (Dn 5:26). “TEQUEL: Pesado foste na balança e foste
achado em falta” (Dn 5:27). “PERES: Dividido foi o teu reino e deu-se aos medos
e aos persas”. A mensagem era clara e específica. Deus havia empilhado os
crimes do rei e completado a sua medida. O período de supremacia política de
Babilônia havia terminado. Essa foi a última noite dos babilônios e do rei
Belsazar. Os babilônios cruzaram a linha-limite que Deus traçara. “Naquela
mesma noite, foi morto Belsazar, rei dos caldeus. E Dario, o medo, ocupou o
reino, na idade de sessenta e dois anos” (Dn 5:30,31).
Belsazar testemunhou as
obras de Deus dentro de sua casa, mas as desprezou. Ele era da família real.
Ele presenciou todos os acontecimentos relatados nos capítulos 1 a 4 do livro
de Daniel. Ele devia ter a idade de Daniel e viu seu testemunho, bem como o
testemunho de seus amigos. Viu como Deus libertou os amigos de Daniel da
fornalha, como Nabucodonosor foi arrancado do trono para tornar-se um animal,
até que seu coração foi humilhado e convertido. Belsazar conviveu com o
testemunho fiel a respeito de Deus, mas tapou seus ouvidos, fechou seus olhos e
endureceu seu coração. Deus deu um ano para Nabucodonosor arrepender-se, mas
Belsazar cruzou a linha da ira de Deus naquela mesma noite e pereceu. Viver no
pecado é loucura. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb 10:31).
A queda de Babilônia está
associada a profecias que em breve deverão cumprir-se com a Babilônia
espiritual, um dos destacados temas do Apocalipse. Nações estão sendo avaliados
bem de perto pelo Deus Altíssimo. Todos estão por sua própria escolha decidindo
seu destino e Deus indubitavelmente cumprirá os Seus propósitos. Que os homens
públicos cristãos não se furtem ao seu dever. Que venhamos neste momento de
crise de liderança, econômica e política que debilita o Brasil, anunciar que
Jesus Cristo é o caminho, a verdade e a vida e que bem-aventurada é a nação
cujo Deus é o Senhor.
CONCLUSÃO
Evangelizar o meio
acadêmico é uma estratégia de grande alcance. É uma oportunidade sem
precedentes e essa responsabilidade precisa ser assumida pelos cristãos
brasileiros ligados à vida escolar. Como Corpo Vivo de Cristo, a igreja deve
cumprir ali a tarefa de sal da terra e luz do mundo, esforçando para comunicar
as Verdades divinas com uma linguagem que o estudante possa entender. Que os
líderes saibam como preparar aqueles que vão frequentar um ambiente acadêmico.
À semelhança de Daniel e seus companheiros, estes poderão fazer uma grande
diferença no mundo acadêmico e na esfera política.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Revista
Ensinador Cristão – nº 67. CPAD.
Ev.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Missão Profética da Igreja. PortalEBD_2007.
Ev.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Evangelização – a Missão máxima da Igreja.
PortalEBD_2007.
Roy
E. Swim. Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Hernandes
Dias Lopes – Daniel (Um homem amado do Céu). Hagnos.
Severino
Pedro da Silva – Daniel (as visões para estes últimos dias).CPAD.
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