3º Trimestre/2016
Texto Base: João 5:1-9
"[...] Sai depressa pelas ruas e
bairros da cidade e traze aqui os pobres, e os aleijados, e os mancos, e os
cegos" (Lc 14:21).
INTRODUÇÃO
A Bíblia é clara: Deus não faz acepção de
pessoas (Dt 10:17; Atos 10:34). Ele "quer que todos os homens se salvem e
venham ao conhecimento da verdade" (1Tm 2:4), inclusive os deficientes
físicos. Deficiência física, segundo a Organização Mundial da Saúde, é a “ausência
ou a disfunção de uma estrutura psíquica, fisiológica ou anatômica. Essas
pessoas acham-se privadas quer de seus sentidos, quer de seus movimentos, ou do
pleno uso de suas faculdades mentais. Estão incluídos os cegos, mudos, surdos,
paraplégicos e tetraplégicos, os autistas, os que têm a Síndrome de Down, etc”.
O amor de Deus abrange todas essas pessoas. Ele não admite que ninguém fique de
fora de seu plano salvífico (Atos 2:39; 1Tm 2:4).
Em Israel, até antes da primeira vinda de
Jesus, existia a crença errônea de que as pessoas com deficiência física era
resultado de algum pecado (João 9:2). Por isso, essas pessoas eram excluídas;
elas viviam à margem da sociedade. Mas Jesus veio para mudar essa situação; Ele
quer que todas essas pessoas, também, façam parte do seu glorioso Reino. Desta
feita, a Igreja, em seu plano evangelístico, deve engendrar todo esforço e
estratégias para evangelizar as pessoas com deficiência. A evangelização que
não inclui essas pessoas é incompleta e não expressa plenamente o amor de Deus.
Todavia, quando falamos em evangelização das
pessoas com deficiência, precisamos levar em conta os desafios e as implicações
do que isto quer dizer. O desafio começa com a adaptação das pessoas
deficientes na congregação. Se houver cadeirante, é necessário que haja espaços
adaptados para ele se locomover; se houver surdos, é necessário que haja na
igreja pessoas capazes de se comunicar por intermédio da linguagem de sinais; se
houver pessoas portadoras de cegueira, é necessário que haja pessoas
capacitadas em leitura de braile ou outros meios que visem atender esse público.
Não há como falar de evangelização desses grupos de pessoas sem levar em conta
o enorme desafio de compreendermos as suas necessidades.
I. A SUFICIÊNCIA DE CRISTO PARA COM AS
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
A cura do paralítico do tanque de Betesda (cf.
João 5:1-9) mostra com bastante clareza a suficiência de Cristo com as pessoas
com deficiência. Certa feita, Jesus foi a uma festa em Jerusalém. Mas, enquanto
o povo se alegrava, Ele se dirigiu ao tanque de Betesda, onde havia uma
multidão de deficientes sofrendo (João 5:1,2). Como sua comida era fazer a
vontade do Pai, e a vontade do Pai é a salvação dos perdidos e o socorro dos
aflitos, Jesus caminha para esse local, onde havia gente deformada, destruída
emocionalmente.
O tanque de Betesda era uma espécie de
hospital público da cidade. Conhecido como “Casa de Misericórdia” abrigava uma
multidão de pacientes sem perspectiva de cura. O texto é assaz chocante: “Nestes jazia grande multidão de enfermos:
cegos, coxos e paralíticos, esperando o movimento das águas” (João 5:3).
Essa multidão era alimentada pela crença de que um anjo desceria em algum
momento para agitar a água do tanque, e o primeiro que se lançasse na água seria
curado. Jesus caminha no meio dessa multidão e distingue um homem, um
paralítico, entrevado em sua cama, abandonado, sem nenhuma perspectiva de cura.
Aquele homem era a maquete da desesperança.
Destacamos neste
episódio alguns pontos importantes.
1. Jesus,
a esperança do desesperançado (João 5:6) – “E Jesus, vendo este deitado e sabendo que
estava neste estado havia muito tempo, disse-lhe: Queres ficar são? O enfermo
respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me
coloque no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim”.
Nota-se, pelo texto, que aquele homem não demonstrava
nenhuma esperança de ser curado; ele estava desprezado. Como eu disse, ele era
a maquete da desesperança. Ele já não tinha mais sonhos para embalar. Sua causa
estava totalmente perdida. Seu corpo estava surrado pela doença. Suas emoções
estavam turvas pelas circunstâncias adversas. Sua alma estava doente pela
autoestima aniquilada. Quando Jesus o viu, perguntou-lhe: "queres ficar são?". Ele respondeu
com uma evasiva. Ele não foi direto, não foi objetivo, não disse sim nem não.
Em vez de responder à pergunta objetiva de Jesus, saiu pela tangente e acentuou
sua dor emocional: "senhor, não
tenho ninguém...". Isso demonstra que o desprezo era a doença mais
avassaladora na vida daquele paralítico, até mesmo maior do que a paralisia;
que o abandono lhe doía mais do que a incapacidade de andar; que a falta de
solidariedade naqueles longos anos era como farpas cravadas em seu peito que
envenenavam sua alma; que a mágoa havia aberto feridas cheias de pus em seu
coração. Só Jesus poderia lhe conceder a cura física e da alma. Jesus era a sua
única esperança. Só em Jesus Cristo há salvação para o desesperado sem
esperança.
Quantas pessoas não estão assim como este paralitico,
sem esperança, sem ninguém para lhe estender a mão! A igreja é o braço
estendido de Jesus para amparar estas pessoas e lhes mostrar o caminho certo
que as levará à porta da provisão.
2.
A divina compaixão de Jesus (João 5:6). Jesus viu aquele
homem com uma doença incurável. Era uma causa perdida. Por isso, Jesus foi ao
encontro dele. Jesus o viu. Tomou a iniciativa. Abordou-o. Jesus abriu para ele
a porta da esperança. Sentiu sua dor, seu drama.
Talvez você também, prezado irmão e amigo,
já não tenha mais forças para clamar. Talvez você já tenha desistido de esperar
uma cura. Talvez você só tenha encontrado incompreensões e lute sozinho para
uma cura que não acontece. Mas Jesus se importa com você e se compadece de sua
vida.
Talvez você pense que foi longe demais e
agora já não tem mais saída. Talvez você já tenha batido em todas as portas e
esteja cansado de esperar. Mas Jesus vê você. Ele sabe o que está acontecendo
com você e se importa com tua vida. Jesus é tremendamente misericordioso. Ele
nos vê quando estamos prostrados, sozinhos, abandonados, sem ajuda, sem saída, conformados
com o caos. Ele nos distingue no meio da multidão e se importa conosco.
Jesus tem prazer na misericórdia. Ele é o
caminho para pés perdidos; é a verdade para a mente inquieta; é a vida para os
que estão mortos; é a luz para tua escuridão; é pão para tua fome e a água para
tua sede; é a paz para o teu tormento. Quando os nossos recursos acabam, somos
fortes candidatos a um milagre de Jesus (João 5:7,8) - “O enfermo respondeu-lhe: Senhor, não tenho homem algum que, quando a
água é agitada, me coloque no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes
de mim. Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma tua cama e anda”.
Aquele homem estava só. Não tinha ninguém
por ele. Não tinha saúde. Não tinha paz. A solidão era a marca da sua vida. Ele
havia chegado ao fim da linha, ao fundo poço. Mas, quando se viu desamparado,
Jesus lhe estendeu a mão. Este é o nosso Jesus: cheio de compaixão, de
misericórdia.
O que as pessoas viam naquele paralítico desprezível
e excluído pela sociedade e até mesmo pelos seus familiares? Uma fonte de
problemas, e problemas sem solução; alguém sem futuro, sem esperança e sem
capacidade de produzir algo relevante para a sociedade; um fardo, não só para
ele mesmo como para os demais à sua volta. Para muitos, sua ausência nem seria
sentida, apesar das várias vezes que o viram ser colocado junto ao tanque, à
espera do milagre. Era isso que as pessoas viam. Mas, Jesus viu naquele homem
sem nome, sem história, sem currículo e sem futuro, algo de muito valor.
Jesus também está vendo a tua vida, caro
irmão e amigo. Ele sabe todos os problemas que tu estás passando. Ele conhece a
tua dor, a tua angústia, o teu vazio, a tua crise. Ele tem nas mãos o
diagnóstico da tua vida. Jesus sabe há quanto tempo você está sofrendo; Ele conhece
a dor de ser abandonado; conhece a dor da desesperança; conhece os sonhos
frustrados; conhece a virulência do pecado que assola tua vida, o peso da culpa
que esmaga tua consciência.
Prezado irmão e amigo, você talvez não
saiba, mas o Senhor pode mudar seu cativeiro, e aquilo que hoje você carrega
com vergonha vai se tornar, em breve, algo que você carregará com orgulho. Basta
que você creia nele, e o aceite como único e suficiente Senhor e Salvador. Ele
disse: “Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e
aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso
para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt
11:28).
3. Jesus
supre plenamente a necessidade do paralítico (João 5:8) –
“Jesus disse-lhe: Levanta-te, toma tua
cama e anda”. Observe que Jesus não pregou, não corrigiu a teologia do
paralitico, não fez uma palestra sobre salvação para ele. Pessoas que tem falta
de esperança não precisam de mais conhecimento, precisam de compaixão. Jesus
deu ao homem o que faltava e aquilo de que ele desesperadamente necessitava; deu
a ele graça em forma de uma ordem: “Levanta-te,
toma a tua cama e anda”.
O Rev. Hernandes Dias Lopes, citando Charles
Erdman, diz que, em João 5:8, a palavra “levanta-te”,
sugere a necessidade de resolução e ação imediatas; a frase “toma a tua cama”, lembra ao homem a ser
curado que ele não deve pensar em recaída, nem fazer provisão para uma volta ao
velho modelo de vida, nem temer o futuro, mas apenas confiar em Cristo; a
palavra “anda”, declara a necessidade
de passar logo a experimentar a nova vida que Cristo outorga.
Jesus dá a ordem e também o poder para
cumpri-la. Uma ordem de Cristo sempre encerra uma promessa. Ele sempre nos
capacita a executar suas ordens. Na verdade, Jesus dá o que ordena e ordena o que
deseja. A Palavra de Jesus tem poder: a natureza lhe obedece, os ventos ouvem
sua voz, o mar escuta suas ordens, os anjos obedecem ao seu comando, os
demônios batem em retirada diante de sua autoridade. Ele tem toda a autoridade
no Céu e na Terra.
4.
A causa da deficiência do paralitico de Betesda: o pecado (João 5:14) –
“Depois, Jesus encontrou-o no templo e
disse-lhe: Eis que já estás são; não peques mais, para que te não suceda alguma
coisa pior”.
Jesus é Deus, Ele tudo vê. Jesus viu o
passado, a condição e o futuro desse paralitico. Viu que ele estava colhendo o
que havia plantado. Viu nele uma triste história de pecado. Aquele homem não
estava apenas preso à sua cama, mas também preso ao seu passado, às suas
memórias amargas, à sua culpa.
Jesus olhou para a mulher samaritana e viu
que ela estava vivendo em adultério. Jesus olhou para Zaqueu na árvore e viu
que havia sede de Deus no seu coração. Jesus viu o amor às riquezas no coração
do jovem rico. Jesus viu a hipocrisia nas atitudes dos fariseus. Jesus viu
falsidade no beijo de Judas Iscariotes. Jesus viu o arrependimento sincero no
coração do ladrão na cruz. Nada fica oculto aos olhos de Jesus. Caim tentou
fugir de Deus; Acã tentou encobrir o seu roubo; Davi tentou esconder o seu
adultério. Mas o Senhor estava vendo tudo.
Jesus sabia que aquele homem estava enfermo
havia 38 anos. Ele conhecia a causa do seu sofrimento: o pecado. O texto de
João 5:14 mostra que o pecado é maligníssimo, porque esse homem está sofrendo
por causa do seu pecado. Está colhendo os frutos malditos de sua semeadura
insensata. Esse homem estava sem amigos, sem ajuda e sem esperança. Os anos
passavam, e ele continuava entregue à sua desventura, sem nenhum socorro. Esse
é o preço do pecado.
Muitos hoje ainda se apegam ao pecado que
Deus abomina. Mas o pecado é uma fraude: promete prazer e paga com o desgosto;
promete liberdade e escraviza; aponta um caminho de vida, mas seu fim é a
morte. Por isso, o paralítico, agora já agraciado por Jesus, ao encontrar-se
com Jesus no templo, é advertido de não voltar ao pecado para não lhe suceder
coisa pior. Percebe-se que, nesse caso, existe uma relação entre pecado e doença.
Charles
Erdman coloca essa advertência de Jesus nas seguintes
palavras: “Trinta e oito anos de
padecimentos, ocasionados pelo pecado, podiam parecer bastantes para fazer o
homem acautelar-se de, outa vez, meter-se debaixo do seu jugo. A triste verdade,
porém, é que por mais que o pecado faça sofrer, ninguém por isso o detesta;
entretanto, não deixa de sentir as agonias das suas consequências. Nossa única
segurança está na submissão de nossa vontade ao Salvador” (Erdman, Charles. O evangelho de João).
II. PESSOAS COM DEFICIÊNCIAS SÃO CARENTES DE SALVAÇÃO (1)
A inclusão de pessoas com deficiência não
deve ser vista apenas como política pública, mas alvo do grande amor de Deus.
Porque o Pai Celeste, amando-nos como nos ama, enviou o seu Filho ao mundo, para
que todos nós viéssemos experimentar a salvação em sua plenitude.
1. O deficiente, sem Jesus Cristo, está condenado
ao inferno (Sl 9:17). Enganosamente, muitos veem como não
condenáveis os indivíduos com deficiências, como se a entrada no Céu lhes fosse
franqueada em compensação das dificuldades enfrentadas na vida terrena. Mas a
Palavra de Deus é clara: "Porque
todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Rm 3:23). Com ou
sem deficiências, todos nascemos pecadores e estamos "debaixo do pecado,
como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda;
não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se fizeram
inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só" (Rm 3:10-12).
Tendo em vista que a Bíblia Sagrada não faz
diferença entre o deficiente e o não deficiente, então é necessário que a
igreja engendre todo o esforço possível para levar o Evangelho de Jesus Cristo às
pessoas com deficiência. Não resta dúvida que é um grande desafio, pois a
evangelização das pessoas com deficiência requer esforços concentrados e
específicos. Mas, esta é a nossa missão: tornar o evangelho acessível a todos,
inclusive aos que trazem alguma deficiência. Devemos, pois, falar de Cristo aos
que não ouvem, mostrar as belezas da vida cristã aos que não veem, apontar o
caminho da salvação aos que não conseguem andar e discorrer sobre a razão da
nossa fé aos que não logram pensar com clareza. Ajamos, pois, como seus olhos,
ouvidos, boca e pernas, pois assim agiu o Senhor Jesus em seu ministério
terreno.
2. Todas as pessoas são carentes de salvação e
estão ao alcance da graça de Deus, inclusive o deficiente (João 3:16). Todas
as pessoas, inclusive o deficiente, devem ser conscientizadas de sua situação
perante Deus, por causa do pecado, e saber que podem ser "justificados
gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus" (Rm 3:24).
Jesus não veio para a maioria, mas para
"toda a criatura", para "todo aquele que nele crê" e para
"todo aquele que invocar o nome do Senhor" (Mc 16:15; João 3:16; Atos
2:21; Rm 10:13). Mas "como crerão naquele de quem não ouviram? E como ouvirão,
se não há quem pregue?"(Rm 10:14). Ainda que em nossa comunidade haja
apenas uma única pessoa que demande atenção especial, é bíblico que façamos o
necessário para levá-la a Cristo e discipulá-la.
Nas parábolas do capítulo 15 do Evangelho de
Jesus Cristo, segundo escreveu Lucas, ao mostrar a preocupação do pastor por
uma única ovelha desgarrada, o desvelo da mulher por uma única moeda perdida e
a solicitude do pai por um filho distante, o Senhor destacou a preciosidade de
cada indivíduo ao coração de Deus. A Igreja deve ter essa mesma visão e não se
contentar enquanto lá fora houver uma alma perdida. E se essa alma for alguém
com uma deficiência que demande investimento humano e financeiro, a Igreja não
deverá encolher-se no pensamento mesquinho de que só valeria a pena se fosse um
grupo inteiro.
Alguém, ao discorrer sobre a graça divina,
afirmou que, se todas as pessoas do mundo fossem justas, com exceção de apenas
uma, Jesus Cristo ainda assim desceria do Céu, para morrer por essa única
pessoa. Porque Deus não nos ama apenas coletivamente, Ele nos ama também individual
e particularmente. Portanto, ninguém deverá ficar de fora de nossas ações
evangelísticas, mormente os que não podem ver, ouvir, falar, locomover-se ou compreender
com a razão.
III. EXEMPLOS BÍBLICOS DE INCLUSÃO DE
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (2)
Por toda a Bíblia, encontramos personagens
com algum tipo de deficiência. No entanto, é maravilhoso observar a obra divina
na vida de cada um deles, restaurando-lhes a dignidade, salvando-os e até restabelecendo-lhes
plenamente a sanidade física e mental. Vejamos alguns deles. Ao conhecer melhor
suas histórias, concluiremos que é possível, sim, incluir a todos no Reino de
Deus, pois o Pai Celeste não deseja que ninguém fique de fora.
1.
A inclusão de Mefibosete. Neto de Saul, Mefibosete
ficou coxo aos cinco anos quando sua ama, tentando salvar-lhe a vida, deixou-o cair
(cf. 2Sm 4:4). No capítulo 9, a reação de Mefibosete ao chamado de Davi revela
o que ele pensava de si mesmo, talvez por sua condição física: "Quem é teu servo, para tu teres olhado para
um cão morto tal como eu?" (2Sm 9:8). Ao ser beneficente para com
Mefibosete, Davi restaurou-lhe a autoestima. Mefibosete não viveria mais como
um indivíduo qualquer e sem importância. Todos os dias ele comeria pão à mesa
de Davi, como se fora um príncipe.
Conforme a Lei de Moisés, o jovem Mefibosete
não poderia exercer o sacerdócio, por causa de sua deficiência física. Todavia,
Deus o honrou de tal forma, que veio a estar à mesa de Davi. O Pai Celeste, no
seu Reino, não discrimina a nenhum de seus filhos. Ao aceitarem Jesus como
Salvador, as pessoas com deficiência passam a ser filhos de Deus, "logo,
herdeiros também, herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo" (Rm 8:17).
2.
Acenos e uma tábua de escrever. O sacerdote Zacarias, ao
receber de Gabriel a notícia de que sua esposa daria à luz um filho, não creu.
Por isso, ficou mudo até o dia em que se cumpriram as coisas anunciadas pelo
anjo. Observe, em Lucas 1:21-23, que a mudez de Zacarias não o impossibilitou
de comunicar-se com as pessoas que estavam no Templo. Por acenos, o sacerdote
conseguiu fazer-se entender. Alguns versículos à frente, vemos mais um recurso
usado por Zacarias: "E, pedindo ele uma tabuinha de escrever,
escreveu..." (Lc 1:63). O que se conclui dessa narrativa sagrada? Todos,
apesar de suas limitações, podem receber a comunicação do evangelho e, assim, experimentar
a vida eterna. Se naquele tempo já era possível aos mudos se comunicar, hoje,
com os recursos didáticos e tecnológicos de que dispomos, podemos integrar mais
facilmente as pessoas com deficiência.
3. Uma figueira no lugar certo.
Em Lucas 19, lemos sobre o encontro de Zaqueu e Jesus. "E, tendo Jesus entrado em Jericó, ia
passando. E eis que havia ali um homem, chamado Zaqueu... E procurava ver quem era Jesus e não podia, por causa da
multidão, pois era de pequena estatura.
E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver, porque havia de
passar por ali. E, quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e
disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque, hoje, me convém pousar em tua casa"
(Lc 19:1-5).
Zaqueu estava em desvantagem, pois era de
baixa estatura. Se a figueira não estivesse exatamente naquele lugar, ele não
teria conseguido ver Jesus, por mais que se esticasse, ou ficasse na ponta dos
pés. Assim como Zaqueu, muitas pessoas com deficiência querem ver a Jesus, e certamente
frequentariam nossas igrejas se soubessem que os templos estavam devidamente
preparados para recebê-las.
4. Aqueles que se esforçam para levar
alguém a Jesus.
Lemos, em Marcos 2:1-12, que quatro homens levaram um paralítico a Jesus. Esse
homem não poderia, por si mesmo, chegar onde Jesus estava. Ele estava impedido
de se mover, pois era coxo e entrevado. Suas pernas não se moviam, seus
músculos estavam atrofiados e sua coluna vertebral estava paralisada. A doença
havia atingido as áreas motoras do seu cérebro. Ele jazia como um morto. Aquele
homem tinha de ser carregado; então, os seus amigos o ajudaram a ir a Jesus. Que
bom que ele tinha amigos! Que bom que eles dispuseram seus dons, seus talentos,
seus recursos para ajudar o outro! Ainda hoje há muitas pessoas que não irão à
Casa de Deus a não ser que sejam levadas e colocadas aos pés de Jesus.
Aprendemos, aqui, duas lições importantes:
a) os quatro amigos do paralítico tiveram
visão (Mc 2:3,4). Lucas nos informa que esses quatro homens
queriam introduzir o paralitico dentro da casa e pô-lo diante de Jesus (Lc
5:18). Aquele coxo precisava de ajuda. Ele não poderia ir por si mesmo a Jesus.
Ou era levado ou, então, estaria fadado ao desespero. Entretanto, esses quatro
amigos tiveram a visão de levá-lo e pô-lo diante de Jesus. Eles compreenderam que
se aquele paralitico fosse colocado diante de Jesus seria curado e liberto do
seu mal. Esse quarteto não apenas era esforçado, mas tinha fé. Eles sabiam que
Jesus era tudo o que o paralítico precisava (Mc 2:5). Por isso, descobriram o
telhado onde estava e, fazendo um buraco, baixaram o leito em que jazia o
paralítico (Mc 2:4). Aquele quarteto se dispusera a fazer um grande sacrifício
para levar o paralítico até onde Jesus estava. Eles disseram: "Já que não
tem uma porta aberta, vamos fazer uma; e vamos fazer no teto, porque o único
jeito de fazer porta fácil é no teto". E naquele tempo nem telha existia,
como as que existem hoje. Você é um amigo disposto a abrir portas onde elas não
existem? Você é um amigo pronto a dar do que você sabe, e tem, para criar
portas? Afinal, há tanta gente que só precisa de uma porta aberta!
A visão determina a ação. O homem sem Jesus
está só, doente, perdido. Não há esperança para os aflitos a menos que os
levemos a Jesus. Nós não podemos converter as pessoas, mas podemos levá-las a
Jesus. Não podemos realizar milagres, mas podemos deixar as pessoas aos pés
daquele que realiza milagres.
b) os quatro amigos do paralítico
exercitaram uma fé verdadeira (Mc 2:5). Este texto diz que Jesus é
poderoso para fazer algo extraordinário. Eles creram que Jesus ia fazer o
milagre e isso os motivou. Apesar de nenhum desses homens ter falado coisa
alguma, todos confiaram. E foi isto que realmente importou. A fé daqueles
quatro homens tocou o coração de Jesus, levando o evangelista Marcos a registrar:
“Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao
paralítico: filho, os teus pecados estão perdoados” (Mc 2:5). A fé do paralítico
está aqui incluída, é uma fé operosa, que atua pelo amor. Eles não poderiam
fazer o milagre nem salvar o homem, mas eles poderiam levá-lo a Jesus. Levar o
paralitico a Jesus era tarefa deles, perdoar e curar o coxo era obra exclusiva
de Jesus.
O milagre é Jesus quem faz, mas nós somos
cooperadores de Deus. Levar as pessoas aos pés de Jesus é nossa missão.
Precisamos ter fé que Jesus vai salvá-las, curá-las, libertá-las. É preciso ter
fé e força de vontade o bastante para, literalmente, buscar as pessoas e
levá-las ao local onde a salvação está.
CONCLUSÃO
O Evangelho de Cristo tem de ser anunciado a
todos, em todo tempo e lugar, por todos os meios. Por essa razão, não
deixaremos de fora nenhuma pessoa com deficiência. Todos precisam ser
alcançados pelas Boas-Novas: os que enxergam bem, os que veem pouco e os que
nada veem; os que escutam e falam, os que não ouvem nem falam; os que aprendem
rápido e os que precisam de mais tempo para aprender; os que caminham com as
próprias pernas e os que usam cadeiras de rodas, próteses ou muletas; os
autistas, aqueles com síndrome de Down, com dislexia, com Transtorno de Déficit
de Atenção e Hiperatividade, com paralisia cerebral, epilepsia... Todos devem
ser conscientizados de sua situação perante Deus, por causa do pecado, e saber
que podem ser "justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção
que há em Cristo Jesus" (Rm 3:24).
---------
Luciano de Paula Lourenço
Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia
de Estudo Pentecostal.
Bíblia
de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Guia
do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards.
Revista
Ensinador Cristão – nº 67. CPAD.
Ev.
Dr. Caramuru Afonso Francisco. Evangelização – a Missão máxima da Igreja.
PortalEBD_2007.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. João, as glórias do Filho de Deus.
Rev.
Hernandes Dias Lopes. Marcos, o evangelho dos milagres.
O
desafio da Evangelização. Pr. Claudionor, de Andrade. CPAD.
Orlando Boyer. Esforça-te para ganhar almas. Ed. Vida.
(1) Adaptado do texto do Pr. Claudionor de
Andrade. A evangelização das pessoas com deficiência.
(2) Adaptado do texto do Pr. Claudionor de
Andrade. A evangelização das pessoas com deficiência.
A Paz Prezado Pastor, a anos ja que leio dos os comentarios da EBD e sempre indico para os irmaos em cristo onde buscar conteudo de boa qualidade, e nunca comentei um agradecimento, apenas compartilhei algumas vezes no Google, quero dizer que tem sido bençãos em nossas vidas, grande abraço..
ResponderExcluirObrigado pela tua participação, prezado irmão Antônio. Que Deus te abençoe sobremaneira!
Excluir