1º Trimestre/2018
Texto Base: Hebreus 11:1-8, 22-26,30-34
"Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova
das coisas que se não veem" (Hb.11:1).
Dando continuidade ao
estudo da Epístola aos Hebreus, estudaremos nesta Aula a respeito dos heróis da
fé - descritos no capítulo 11 - e o seu legado para a Igreja. Trataremos a
respeito da jornada de fé desses homens e mulheres de Deus, e como isso deveria
ser tomado como exemplo para os cristãos da Nova Aliança (cf.Hb.11:1-40). A fé
demonstrada por esses gigantes da fé em diferentes momentos da história, e em
diferentes situações, foi o que garantiu as suas inserções na galeria dos
heróis bíblicos. Esses heróis e heroínas eram pessoas comuns, sujeitos às
intempéries da vida, mas a fé deles em Deus fez com que superassem grandes
obstáculos, fazendo com que o nome do Senhor fosse exaltado. Eles deixaram, sem
dúvida alguma, um legado extraordinário, o qual deve ser considerado pela
igreja durante a sua jornada rumo à Pátria celestial. É válido ressaltar que
esses heróis da fé não tinham as Escrituras Sagradas como temos hoje, o que tornava
o conhecimento deles a respeito de Deus limitado, se comparado a nós hoje. Essa
mesma fé, que garantiu que eles sempre avançassem e nunca recuassem, é a que devemos
imitar.
I. A FÉ QUE
GERA CONFIANÇA EM DEUS
1. O sacrifício
de Abel. “Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim;
pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às
suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala”
(Hb.11:4).
Caim e Abel foram os dos
primeiros filhos e Adão e Eva (cf. Gn.4:2-5). Caim tornou-se lavrador e Abel
tornou-se pastor de ovelhas. Ao fim de algum tempo, ambos resolveram oferecer
um sacrifício a Deus. Caim levou alguns frutos do solo, mas Abel ofereceu o
melhor dos seus carneiros. Deus se agradou da oferta de Abel, mas não a de Caim
(Gn.4:4,5) - "Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do
que Caim" (Hb.11:4).
Por que Deus rejeitou a
oferta de Caim? A razão de Deus ter aceitado o sacrifício de Abel e rejeitado o
de Caim não foi baseado no fato de que o sacrifício de Caim era sem sangue; muitas
das oferendas exigidas no Antigo Testamento eram sem sangue, como as ofertas de
manjares (cf. Lv.2:1-16). A diferença estava nos corações daqueles dois
ofertantes. A Bíblia relata que o modo de vida de Caim não era agradável a Deus
e, por isso, Deus não aceitou a sua oferta. Abel ofereceu com fé (Hb.11:4), ao
passo que Caim, não. Aliás, a Bíblia afirma que Caim era do maligno (1João
3:12), ou seja, não tinha um coração temente e submisso a Deus e, por isso, não
foi aceita a sua oferta. Esta diferença básica entre os dois ofertantes é
indicada pelas palavras no texto sagrado: Deus “atentou para Abel e para sua
oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou” (Gn.4:4,5). Provérbios
21:27 diz: “O sacrifício dos ímpios é abominação; quanto mais oferecendo-o com
intenção maligna!”. Somente quando são oferecidos com fé, os sacrifícios e o
serviço dos homens agradam a Deus (cf.Is.1:11-17; Ml.1:6-14).
Na realidade, a chave
para o fracasso de Caim se encontra nas cuidadosas descrições do texto sagrado,
referentes ao tributo de Caim e Abel - “Caim trouxe do fruto da terra uma
oferta ao Senhor” (Gn.4:3). Aqui, não há indicação que este “fruto da terra”
seja o primeiro e o melhor. Abel ofertou o melhor que tinha; ele “trouxe dos
primogênitos das suas ovelhas e da sua gordura” (Gn.4:4); seu coração era
sincero; seu culto era verdadeiro (Hb.11:4). Portanto, o pecado de Caim foi a
superficialidade. Ele parecia religioso, porém seu coração não era totalmente
dependente de Deus, não era sincero nem grato.
Hoje, o que oferecemos ao
Senhor no culto? Nossas ofertas demonstram a atitude real de nossos corações?
(Sl.51:17). Deus se agrada do gesto de gratidão e reconhecimento, do que está
no coração do homem, não do que está sendo apresentado em termos materiais.
Tanto assim é que, ao indagar Caim sobre sua oferta, Deus diz que ele deveria
ter feito bem, ou seja, não como um mero formalismo, não como um mero ritual,
mas como algo espontâneo e que proviesse do fundo da alma, pois, somente neste
caso é que haverá aceitação por parte do Senhor (Gn.4:7).
2. O testemunho de Enoque. “Pela fé, Enoque foi
trasladado para não ver a morte e não foi achado, porque Deus o trasladara,
visto como, antes da sua trasladação, alcançou testemunho de que agradara a
Deus” (Hb.11:5).
Enoque é a sétima
personagem mencionada na descendência de Adão pela linhagem piedosa de Sete.
Dentre todos os homens antediluvianos é o que mais se destaca, pois, ao
contrário dos demais, não provou a morte, pois, diz a Bíblia, andou com Deus
trezentos anos e Deus para Si o tomou (Gn.5:22). Com relação ao tempo de vida à
época, ele morreu muito cedo - “Todos os dias de Enoque foram trezentos e
sessenta e cinco anos” (Gn.5:23). Quando ele tinha 65 anos nasceu seu filho
Metusalém (Gn.5:21), que foi o homem mais longevo da terra – “novecentos e sessenta
e nove anos; e morreu” (Gn.5:27). Entretanto, quando Matusalém morreu,
sobreveio o dilúvio. “...É melhor viver menos tempo como Enoque, andar com Deus
e ser levado por Ele, do que viver muitos anos como Metusalém e morrer na lama
do dilúvio..." (Osmar José da SILVA. Reflexões filosóficas de eternidade a
eternidade, v.3, p.24).
“Enoque foi trasladado para não ver a morte e não foi achado, porque Deus
o trasladara”. Veja que a credencial para que Enoque fosse trasladado para não ver a
morte foi andar com Deus (Gn.5:22). Deus chamou Enoque para perto de si
por causa do seu andar na fé. Sem fé ninguém agrada a Deus. Assim como Enoque
foi trasladado para não ver a morte, a Igreja será arrebatada para viver
eternamente com o Senhor (1Ts.4:13-18; 1Co.15:51-58). Somente os verdadeiros e
sinceros servos do Senhor, que andam com Deus, têm a consciência do
arrebatamento e, por causa disto, mantêm-se vigilantes, aguardando o Senhor a
qualquer momento (Mt.24:43,44; Mc.13:29-37; Lc.21:34-36).
Enoque, apesar de andar
com Deus, não abandonou a vida social nem familiar, pois é dito que teve filhos
e filhas (Gn.5:23). Andava com Deus num ambiente de maldade e de infidelidade.
Enoque tinha comunhão com Deus levando uma vida de fé e pureza, não separado
dos seus, mas como chefe de uma família. Isto nos mostra que para servir a Deus
não há necessidade de se isolar do mundo. Aliás, a santidade nada tem a ver com
o isolamento físico, como bem nos mostrou Jesus (Lc.7:31-35). Para o homem
andar com Deus, é preciso que esteja de acordo com a Sua Palavra (Am.3:3). A
Igreja que será arrebatada é aquela que não se misturou com o mundo nem com o
pecado, que preferiu seguir o seu Senhor (Ap.3:8-10; Ef.5:25-27).
Andar com Deus significa renunciar a si mesmo e aceitar
viver única e exclusivamente para fazer a vontade divina (Mt.10:37-39;
16:24-27; Mc.8:34-38; Lc.9:23-26; Ef.5:15-17).
Andar com Deus significa renunciar ao pecado e à impiedade
(Sl.1:1,2;Tt.2:11-14).
Andar com Deus significa tomar o caminho estreito e
apertado, mas que conduz à salvação. Significa submeter-se ao Senhor Jesus
(Mt.7:13,14; João 14:5,6; 15:14).
Para andar com Deus, portanto,
devemos andar como Cristo andou, e assim seremos vitoriosos (1João2:6;
1Co.11:1; Ef.5:1; Fp.3:17; 1Pd.2:21).
A Igreja primitiva tinha
tanta preocupação em andar com Deus que era conhecida como o Caminho (At.18:26;
19:9; 22:4; 24:14).
3. A confiança de Noé. “Pela fé, Noé,
divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu, e, para salvação
da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito
herdeiro da justiça que é segundo a fé” (Hb.11:7).
A Bíblia descreve Noé
como sendo um homem reto e justo e que andava com Deus. Escolhido por Deus para
preservar a humanidade e os animais do Dilúvio que havia de vir, Noé viveu numa
época parecida com a nossa: violenta, má e corrupta. Os homens viviam alienados
de Deus, sem padrões éticos e morais, sem amor, presunçosos, violentos... Sua
maldade e degeneração eram tais que o Senhor decidiu destruir toda a humanidade
(Gn.6.7,13). Entretanto, Noé escolheu
ser um homem temente a Deus, a tal ponto que achou graças aos seus olhos (Gn.6:8)
em um mundo caído.
Diz o escritor aos
hebreus que Noé construiu a arca pela fé, porque confiou no aviso divino
da destruição. Foi a fé de Noé que o fez pregar durante cem anos, sem que
ninguém tivesse crido. A fé de Noé deve ser imitada por nós. Noé creu em algo
que nunca havia visto, a chuva; construiu algo que nunca imaginara fazer, a Arca;
durante um ano cuidou de animais que jamais tinha sequer conhecido. Tudo fez
por fé e, por isso, foi poupado da destruição, abençoado e se tornado uma
bênção para toda a humanidade. De igual modo, todos aqueles que, nos dias
anteriores à vinda de Cristo, nEle confiarem, também serão guardados da hora da
tentação que há de vir sobre o mundo (Ap.3:10,11).
II. A FÉ QUE
FAZ VER O INVISÍVEL
1. A obediência
de Abraão. “Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia
de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia” (Hb.11:8).
Abraão provavelmente era
um idólatra que vivia em Ur dos caldeus quando Deus lhe apareceu dizendo que se
mudasse. Com a obediência da fé, ele deixou sua casa, sem saber o destino
final. Sem dúvida, seus amigos o ridicularizaram por tal loucura, mas esta foi
sua atitude, em obediência ao chamado de Deus. A caminhada da fé muitas vezes
dá aos outros a impressão de imprudência e insensatez, mas o homem que conhece
a Deus está contente em ser guiado com os olhos da fé, porque é com os olhos da
fé que o crente enxerga o desconhecido e acredita no futuro prometido por Deus
à sua amada Igreja.
A Epístola aos Hebreus
explica que “pela fé Abraão obedeceu”, e descreve três atos resultantes da fé
de Abraão: (a) ele mudou-se para uma nova terra (Hb.11:8); (b) ele foi pai na
sua velhice (Hb.11:11); (c) ele estava disposto a obedecer à ordem de Deus de
sacrificar o seu único filho (Hb.11:17). Abraão demonstrava a sua fé por meio
dos seus atos. A sua fé o justificou diante de Deus.
A fé de Abraão é vista,
em primeiro lugar, na sua obediência em sair de sua terra e ir para um lugar
que havia de receber de Deus por herança. Abraão partiu com base na promessa de
Deus, sem saber para onde ia (vide Gn.12:1-9). Abraão confiou nas promessas que
Deus lhe fez, de bênçãos ainda maiores no futuro. A vida de Abraão era cheia de
fé.
Os crentes podem se
sentir encorajados com o exemplo de fé de Abraão. Deus pode nos pedir para abandonarmos
um ambiente seguro e familiar para realizar a sua vontade; Ele pode nos pedir
para realizarmos tarefas difíceis. Mas nós podemos ter a certeza de que o
resultado será sempre para o nosso bem e nos levará para mais perto dele. Pense
nisso!
2. A fidelidade de José. “Pela fé, José, próximo
da morte, fez menção da saída dos filhos de Israel e deu ordem acerca de seus
ossos” (Hb.11:22).
A Escritura testemunha
sobre a fidelidade de José. Ele foi fiel a Deus em todas as circunstâncias. Foi
fiel a Deus, temeu ao Senhor, não importando o que lhe aconteceria ao longo da
vida: foi fiel a Deus na casa de seu pai, como filho; como escravo, em terra
estranha; na casa do cárcere, como preso injustiçado e; no palácio de Faraó,
como governador do Egito. Esta firmeza e constância é algo que devemos
reproduzir no nosso andar com Cristo até que o Senhor volte ou que nos chame
para a sua glória. O Senhor é bem claro em sua carta à igreja de Esmirna: “…Sê
fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”(Ap.2:10).
Devido à fidelidade de
José a Deus, ele foi promovido para um alto posto no Egito. O diácono Estevão,
em seu grande discurso diante dos seus algozes, ratificou este fato - “E livrou-o de todas as suas tribulações e
lhe deu graça e sabedoria ante Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador
sobre o Egito e toda a sua casa” (Atos 7:10). Mas, embora José pudesse ter
usado a sua posição para construir um império pessoal, ele lembrou-se da
promessa de Deus a Abraão. José creu na promessa de Deus de que os filhos de
Israel iriam sair do Egito e retornar a Canaã. Ele tinha tanta certeza disso,
que lhes recomendou, quando estava próximo da morte (Hb.11:22), que levassem os
seus ossos consigo quando partissem, para que ele pudesse ser sepultado na
Terra Prometida (Gn.50:24,25; Ex.13:19; Js.24:32). Mesmo no seu leito de morte,
José perseverou na sua fé, esperando desejosamente as promessas que Deus tinha
feito. É essa fé, que nos faz enxergar o desconhecido e acreditar no futuro.
3. A determinação de Moisés. “Pela fé, Moisés, sendo já grande, recusou ser chamado filho da filha de
Faraó, escolhendo, antes, ser maltratado com o povo de Deus do que por, um
pouco de tempo, ter o gozo do pecado; tendo, por maiores riquezas, o vitupério
de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a recompensa” (Hb.11:24-26).
Moisés foi o grande líder
do povo de Israel, escolhido pelo Senhor não só para libertar o seu povo da
escravidão no Egito, mas para construir a nação israelita nos moldes desejados
por Deus. Não é à toa que Moisés, até hoje, é tido e havido pelos israelitas
como o mais importante integrante da nação de todos os tempos.
A grande fé de Moisés foi
revelada por meio de sua difícil determinação. A Epístola aos Hebreus apresenta
Moisés como um homem que soube fazer escolhas: escolheu deixar um nome de
glória passageira – filho da filha de Faraó – e as benesses do título, para
sofrer conduzindo um grupo de escravos recém libertos para uma terra prometida,
que no momento estava plenamente ocupada por nações altamente experimentadas em
guerras e sem um mínimo de temor a Deus. Caso optasse em permanecer no Egito,
se tornaria certamente um grande rei com toda a formação que recebeu, e seria
também mais um corpo mumificado a ser descoberto por arqueólogos. Para Deus não
teria nenhum valor. Mas por abrir mão de seu título e da glória inerente a ele,
Deus cuidou de Moises em toda a sua vida, inclusive do seu sepultamento (Dt.34:4-7).
Moisés sabia que não poderia tomar parte em um modo de vida fácil e confortável
enquanto seus companheiros hebreus estavam escravizados. Devido à sua fé,
Moisés sabia que o conforto terreno não era o objetivo final de sua vida.
Moisés é um exemplo de
que a fé exige que as pessoas deixem seus próprios desejos de lado por Cristo.
Ele era motivado porque tinha em vista a recompensa que Deus lhe daria
(Hb.11:26). Embora Moisés não conhecesse pessoalmente Jesus Cristo, ele sofreu
para realizar a vontade de Deus e para proclamar o caminho da redenção de Deus
para os hebreus. Em lugar de fazer do Egito e deste mundo o seu lar, Moisés
deixou o Egito e foi adiante, “porque ficou firme, como vendo o invisível
(Hb.11:27). Pela fé, ele estava certo daquilo que não podia ver (Hb.11:1). Que
possamos seguir o exemplo de fé de Moisés na nossa jornada espiritual!
III. A FÉ QUE
DÁ PODER PARA AVANÇAR
1. A ousadia de
Josué. “Pela
fé, caíram os muros de Jericó, sendo rodeados durante sete dias” (Hb.11:30).
Josué era conhecido pela
profunda confiança em Deus, como um homem cheio do Espírito Santo (Nm.27:18).
Na península do Sinai, foi Josué quem comandou as tropas de Israel na vitória
sobre os amalequitas(Êx.17:8-13). Somente ele teve permissão de subir com
Moisés ao monte santo, onde foram outorgadas as tábuas da lei (Êx.24:13,14). E
foi ele quem ficou de vigia na provisória tenda de encontro, que Moisés
levantou antes de erigir o tabernáculo (Êx.33:11). Certamente, dentre os
nomes mais importantes da história de Israel, Josué destaca-se como um
personagem que tem servido de modelo de liderança. Escolhido por Deus, ele foi
um líder moldado por Moisés ao longo da peregrinação de Israel, especialmente a
partir da saída dos israelitas da terra do Egito em sua peregrinação no
deserto.
Foi líder guerreiro desde
a juventude. É chamado de moço (Êx.33:11) poucos meses após sair de
Egito, provavelmente tendo mais ou menos trinta anos de idade. Perante os
ataques dos amalequitas, Moisés lhe diz: “Escolhe alguns de nossos homens e
lute contra os amalequitas. Amanhã tomarei posição no alto da colina, com a
vara de Deus em minhas mãos”(Êx.17:9). Apesar de ser tão jovem, foi escolhido
entre os 40.500 homens de guerra de sua tribo, Efraim (Nm.2:18,19), como o melhor
para espiar a terra de Canaã (Nm.13:2,8).
Josué foi o grande líder
escolhido por Deus para suceder a Moisés na condução do povo à Terra Prometida.
Após a travessia do Jordão, o primeiro desafio de Josué foi conquistar a
fortificada Jericó. O ingresso na Terra Prometida não poderia ser feito
enquanto Jericó permanecesse de pé. Essa não era uma tarefa fácil. Exigiria dos
israelitas confiança e fé em Deus para derrotar uma cidade de grandes
fortalezas e muros muito altos que escondiam tudo o que havia em seu interior
(Js.6:1).
Jericó tinha uma
característica importante: quando era ameaçada e o medo surgia, seus habitantes
se recolhiam dentro dos seus muros, fechando-se. Conquistar aquela cidade era
estratégico por duas razões: primeiro, porque nada do que nela havia agradava a
Deus; segundo, porque aquela fortaleza deveria exercer certa influência de
insegurança e medo no povo de Deus (parece-me que Josué olhava para ela com
certo temor – Js.5:13,14). Conquistá-la e destruí-la liberaria o povo de Deus
da contaminação de Jericó e da insegurança que ela trazia.
Deus fala a Josué dando
as instruções de como deveria proceder à conquista: a cidade deveria ser
cercada por seis dias; sete sacerdotes levariam sete buzinas; no sétimo dia
rodeariam a cidade sete vezes e os sacerdotes tocariam as buzinas; quando o
povo ouvisse as buzinas, gritaria e assim o muro cairia. Assim aconteceu. Os
israelitas entraram na cidade e destruíram totalmente o que havia na cidade ao
fio da espada, poupando somente Raabe e sua família. A cidade e tudo o que
havia na cidade foi queimado.
A conquista de Jericó aconteceu
quase 3.500 anos atrás, mas a conquista serve como um exemplo importante para
nos instruir. Paulo disse que os exemplos do Antigo Testamento servem para nos
instruir (1Co.10:6) e para demonstrar a fidelidade de Deus em cumprir as suas
promessas (Rm.15:4).
Fé em Deus, obediência
aos seus desígnios e ousadia são requisitos indispensáveis para aqueles que
almejam superar todos os obstáculos da vida espiritual e destruir as fortalezas
do inimigo – “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim,
poderosas em Deus, para destruição das fortalezas”(2Co.10:4). Nossa luta é
contra as hostes espirituais da maldade (Ef.6:12). Por isso, as armas carnais e
humanas, tais como, habilidade, riqueza, capacidade organizacional, eloquência,
persuasão, influência e personalidade, são em si mesmas inadequadas para
destruir as fortalezas de Satanás. As únicas armas adequadas para desmantelar
os arraiais de Satanás, a injustiça e os falsos ensinos são as que Deus nos dá.
Paulo alista algumas dessas armas: a dedicação à verdade, uma vida de retidão,
a proclamação do evangelho, a fé, o amor, a certeza da salvação, a Palavra de
Deus e a oração perseverante (Ef.6:11-19; 1Ts.5:8). Mediante o emprego dessas
armas contra o inimigo, a igreja sairá vitoriosa.
2. A coragem de Raabe. “Pela fé, Raabe, a
meretriz, não pereceu com os incrédulos, acolhendo em paz os espias”
(Hb.11:31).
Na queda de Jericó, Raabe
escapou com vida. Josué ordena o rasgaste de Raabe e sua família (Js.6:17,25).
Raabe e sua casa foram poupadas porque ela teve fé em Deus e ajudou os espias
israelitas (Hb.11:31). Tiago também faz menção à fé dessa mulher quando diz: “E
de igual modo não foi a meretriz Raabe também justificada pelas obras, quando
acolheu os espias, e os fez sair por outro caminho?” (Tg.2:25). Embora fosse
uma mulher pagã, com atitudes totalmente repreensíveis, Raabe reconheceu o
poderio e a grandeza do Deus de Israel. Ela creu que o Senhor era poderoso para
subjugar a cidade de Jericó, apesar de sua fortaleza e fama; por isso tornou-se
o elo da vitória de Israel sobre o restante de Canaã.
Raabe tornou-se uma
pessoa muito especial, porque, depois de ter constituído um piedoso lar com
Salmom, e ter gerado a Boaz(Rt.4:21), bisavô de Davi, passou a integrar a
genealogia de Davi e de Jesus(Mt.1:5,6). Isto ilustra o fato que Deus aceita
qualquer pessoa “que em qualquer nação, o teme e faz o que é justo”(At.10:35).
A fé de Raabe deve servir de inspiração e motivação para quem está na jornada
rumo à Canaã celestial.
3. O heroísmo de Gideão. O autor fecha a sua
lista dos heróis da fé citando vários personagens bíblicos. O autor apresentou
uma lista imponente de homens e mulheres que demonstraram fé e perseverança no
período do Antigo Testamento.
“E que mais direi?
Faltar-me-ia o tempo contando de Gideão, e de Baraque, e de Sansão, e de Jefté,
e de Davi, e de Samuel, e dos profetas, os quais, pela fé, venceram reinos,
praticaram a justiça, alcançaram promessas, fecharam as bocas dos leões,
apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, da fraqueza tiraram
forças, na batalha se esforçaram, puseram em fugida os exércitos dos estranhos”
(Hb.11:32-34).
Observe que o autor faz
uma pergunta retórica: “e que mais direi?” (Hb.11:32). O que mais ele teria de
apresentar para deixar claro o que pensa? Não lhe faltavam exemplos, mas tempo.
Levaria muito tempo para entrar em detalhes, então ele se satisfaria em nomear
alguns e dar uma breve lista de triunfos e provas de fé.
A lista é encabeçada por
Gideão, um dos juízes durante o regime tribal israelita. Ele foi um dos juízes
de Israel escolhido por Deus para livrar o povo de Israel dos seus inimigos.
Gideão foi desafiado por Deus a buscar o livramento do seu povo por meio da fé.
O exército comandado por ele foi reduzido de trinta e dois mil para trezentos.
Primeiro foram mandados para casa os covardes e depois os que pensavam demais
no próprio conforto. Com um time ferrenho de verdadeiros discípulos, Gideão
derrotou os midianitas (cf. Juízes 6:11-8:35). Gideão venceu os midianitas pela
fé; ele confiou na Palavra do Senhor que lhe daria a vitória. Deus não conta
com número, Ele conta com quem tem fé. Nós também podemos obter a vitória pela
fé em Cristo.
CONCLUSÃO
A lista dos gigantes da
fé que estudamos não é exaustiva, e o próprio autor deixa essa impressão.
Todavia, ela é suficiente para nos incentivar a seguir com fé o desconhecido
futuro prometido, independentemente das circunstâncias. A nossa vida pode não
incluir o tipo de acontecimentos dramáticos registrados no capítulo dos heróis
da fé, que foi estudado, mas certamente inclui momentos em que a nossa fé é
posta à prova. Devemos dá testemunho nesses momentos, publicamente e
honestamente, e, desta forma, incentivar a fé de outras pessoas. A fé nos leva
a suportar a perseguição (Hb.11:27) e nos leva a sofrer por amor a Deus
(Hb.11:25,35-38). A única forma de não retroceder é caminhar com fé. A fé
derruba o obstáculo, abate o inimigo e levanta o abatido. A fé deve ter como
fundamento alguma revelação de Deus, alguma promessa de Deus. Não é um tatear
no escuro. Ela exige a evidência mais segura no universo, que é encontrada na
Palavra de Deus. Ela não está limitada a possibilidades; ela invade o reino da
possibilidade. Alguém disse: “A fé começa onde terminam as possibilidades. Se é
possível, não há nisso glória para Deus”.
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 73. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal.
CPAD.
Paul
Hoff . O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo
G. Cox. O Livro de Êxodo - Comentário
Bíblico Beacon. CPAD.
Victor
P. Hamilton. Manual do Pentateuco. CPAD.
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