4º Trimestre/2018
Texto Base: Lucas 18.1-8
28/10/2018
"E Deus não fará
justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que
tardio para com eles?" (Lc.18.7).
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo sobre as
Parábolas de Jesus, estudaremos nesta Aula a respeito da “Perseverança na Fé”,
tendo como base a Parábola do juiz iniquo, também conhecida como a Parábola da
Viúva Perseverante ou a Parábola da Mulher Persistente. Pelo relato feito por
Jesus, a viúva da Parábola sempre pedia a mesma coisa: “faze-me
justiça contra meu adversário”. Jesus não quis falar,
aqui, propriamente da oração, mas sim sobre um dos mais importantes aspectos da
oração: a perseverança. O Senhor Jesus deixou claro que, por causa da perseverança daquela viúva, ela foi atendida. Com isto, o Senhor Jesus enfatiza a necessidade de pedir e continuar pedindo. Portanto, não é verdade que devemos orar
apenas uma vez por um problema, ficando, depois, à espera da resposta. Paulo
sabia disto, por isso, disse assim aos Colossenses: “Perseverai em oração...” (Cl.4:2); disse aos Romanos: “Alegrem-se na
esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração"
(Rm.12:12); disse aos Efésios:
“...perseverem na oração por todos os santos” (Ef.6:18). A perseverança na
fé e na oração é decisiva para o fortalecimento da intimidade com Deus, e da
maturidade e desenvolvimento espiritual do cristão.
I. INTERPRETANDO A PARÁBOLA DO JUIZ INÍQUO
Duas pessoas fazem parte desta Parábola: um
juiz que não temia a Deus e nem respeitava os homens, e uma viúva que implorava
por justiça. Essa mulher tinha uma causa justa contra uma pessoa e ia até
aquele juiz para clamar que ele julgasse o seu processo, porém, o homem da lei
a ignorava totalmente. No entanto, por causa da insistência dela e pelo
incômodo que ela estava lhe causando, o juiz decidiu que atenderia o seu pleito.
1. O Juiz. O juiz desta Parábola representa o lado mais
forte da sociedade. O cargo que ocupava demonstrava que ele era alguém muito
importante e que não temia nada nem ninguém. Era poderoso e iníquo, ou seja,
não era um juiz justo.
A Parábola pressupõe um ele era o único juiz
do tribunal. Na verdade, para entendermos melhor a parábola, não é tão
importante o conhecimento do sistema jurídico daquele tempo, mas sim nos
conscientizar da condição desesperadora de muitas viúvas da época que sofriam
com juízes corruptos ou desumanos. As viúvas eram marginalizadas na sociedade
dos tempos de Jesus, porém, essa viúva através da sua busca justa, convenceu um
juiz injusto a julgar corretamente sua causa.
É bom deixar claro que, aqui, Jesus não está
ensinando que Deus é como um juiz injusto. A Parábola é dita num estilo “quanto mais”. A Parábola quer nos
ensinar que, se um juiz iníquo finalmente responde aos clamores de uma viúva, quanto mais Deus, que é infinitamente
justo e bom, ouvirá as súplicas dos seus filhos. Por isso, os seguidores de Jesus devem
perseverar em oração. Não desanimar nunca, mesmo que, ou ainda que, as
circunstâncias ao nosso redor gritem o contrário. Deus não nos deixará
esperando para sempre. Ele atenderá nossa oração no Seu devido tempo. É no
momento da espera que precisamos confiar em Deus.
3. A Viúva. A viúva desta Parábola representa o lado mais
frágil e sem recursos. Na sociedade dos tempos de Jesus, as viúvas eram
marginalizadas. Naquela época, ser viúva era estar em uma posição muito
precária. A maioria delas era deixada sem nenhuma forma de subsistência. Se
permanecessem na família do falecido, acabavam numa condição inferior, quase servil.
Se retornassem para a sua família de origem, o dinheiro do dote repassado nas
negociações do seu casamento teria que ser devolvido. Dessa forma, as viúvas em
geral ficavam em uma situação bastante miserável. Geralmente elas eram vendidas
como escravas para a quitação das dívidas. Portanto, uma mulher pobre, por
causa da morte de seu marido, ficava privada do amparo social e, em caso de
controvérsias de ordem pública, se não tivesse dinheiro, precisava confiar na
honestidade dos magistrados. Elas tinham poucos direitos e muitas vezes não
eram levadas a sério, especialmente em tribunais. Já de idade e sem marido para
a defender, uma viúva corria o perigo de sofrer muitas injustiças e cair na
miséria. A despeito de todas estas desvantagens, essa viúva através da sua
busca justa, foi perseverante em convencer um juiz injusto a julgar
corretamente sua causa.
A Lei de Deus tinha instruções muito claras
aos juízes, para fazerem justiça para os mais necessitados, incluindo as viúvas
(Dt.27:19).
“Maldito aquele que
perverter o direito do estrangeiro, do órfão e da viúva! E todo o povo dirá:
Amém!”.
“Aprendei a fazer o bem;
praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa
das viúvas (Is.1:17).
Esse era o contexto em que estava a viúva
desta Parábola. Como outras viúvas naquela sociedade, ela era impotente e estava
entre as mais vulneráveis das pessoas. Ela era dependente dos outros para
cuidar dela.
A viúva tinha uma causa justa contra um
adversário que não é revelado no texto. O que se vê é que ela desejava
ardentemente que o juiz julgasse sua causa, fazendo justiça. O juiz a desprezou
várias vezes ignorando o seu pedido. No entanto, pela insistência da viúva, e
pela importunação que ela causava a ele, o juiz decide que iria julgar a sua causa.
Observe que, por mais que aquela mulher pudesse
sentir raiva ou mágoa daquela pessoa que ela havia processado, em nenhum
momento da Parábola a viúva pede vingança contra seu adversário, muito menos
que aquele juiz o prejudique de alguma forma. Ela somente quer que a justiça
seja feita. Isso mostra que nós podemos usar a nossa fé e perseverança para
buscar em Deus a solução das nossas causas, mas não podemos pedir que Deus castigue
severamente tal pessoa e a faça pagar por tudo que ela fez de ruim. A Bíblia
diz: "Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois
está escrito: Minha é a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor" (Rm.12:19).
3. A perseverança da viúva como um exemplo. A Parábola descreve um
juiz injusto que normalmente não temia a Deus nem respeitava o próximo. Ele não
estava interessado em obedecer a Deus e ignorou as súplicas da viúva por algum
tempo. Como eu disse anteriormente, a Lei de Deus tinha instruções muito claras
aos juízes, para fazerem justiça aos mais necessitados, incluindo as viúvas.
Porém, o juiz iniquo não queria saber deste mandamento divino. A viúva, porém,
não desistiu e continuou a pedir justiça várias vezes, para que pudesse se
livrar desse tratamento desumano. Mas, o fato de que ela estava sendo tratada
injustamente não incitou o juiz a agir a favor dela. Porém, a persistência e
regularidade com que ela se apresentou perante ele o forçou a agir; chegou uma
hora em que o juiz ficou farto da senhora viúva e fez-lhe justiça, só para se
livrar dela. Ele não temia a Deus nem era dedicado à justiça, mas não aguentava
mais ouvir os pedidos da viúva, dia após dia (Lc.18:4,5).
Então o Senhor explicou aos discípulos que se
um injusto juiz agiria a favor de uma pobre viúva por causa de sua
importunidade, quanto mais o Deus justo intervirá no interesse dos seus
escolhidos (Lc.18:7)
“E Deus não fará justiça
aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para
com eles?”.
Os
escolhidos, aqui, podem se referir em sentido especial ao remanescente
judaico durante o período da Grande Tribulação, mas também se aplica aos
crentes oprimidos de todas as épocas. Cristo ainda não retornou. Ele deixou
claro que haveria um intervalo de tempo. Jesus não deu nenhuma indicação de
quanto tempo duraria esse intervalo, nem quando Ele retornaria. Na verdade, Ele
disse que ninguém sabe (Mt.24:36). O certo é que Ele virá e depressa fará
justiça ao seu povo.
Na vida cristã temos muitos inimigos: o
pecado, o Diabo, as tentações, as tragédias e perseguições. As lutas são
inumeráveis. O servo de Deus, enquanto viver neste mundo, travará uma batalha
espiritual na própria carne mortal. Por isso, a personagem da viúva é um
exemplo de perseverança para nós. Ela estava diante de um juiz mau, ainda
assim, não deixou de confiar na resposta à sua petição por justiça. Nós estamos
diante de um Deus bom, justo e galardoador daqueles que o buscam. Não por acaso
a Parábola inicia assim: “E contou-lhes também uma Parábola sobre o dever de
orar sempre e nunca desfalecer”.
II. A BONDADE DE UM DEUS JUSTO
1. Deus é bom. Como o juiz da Parábola
era cheio de si mesmo, não temia ao Senhor e não respeitava ninguém, ele
atendeu a viúva apenas para que ela não o incomodasse mais. Deus, porém, nos
atende por amor, por bondade. A bondade faz parte da natureza de Deus. Satanás,
ao contrário, possui uma natureza má, ele não pode fazer o bem, tudo que ele
faz resulta em maldade para o homem, ele é mau em si mesmo. Assim, sendo Deus
bom por natureza, todos os homens são beneficiados pela sua Bondade. É o que
afirma a Palavra de Deus:
“O Senhor é bom para
todos, e as suas misericórdias são sobre todas as suas obras... Abres a mão e
satisfazes os desejos de todos os viventes”(Sl.145:9,16).
O Senhor Jesus confirmou o que Davi havia
declarado, quando disse que Deus “é benigno até para com os ingratos e
maus”(Lc.6:35); “...porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons e a
chuva desça sobre justos e injustos”(Mt.5:45).
É, pois, por sua Bondade, que Deus dispensa,
dia a dia, o seu favor para toda a humanidade (Gn.8:22).
- A misericórdia é um dos aspectos de sua Bondade, por isto o profeta Jeremias
diz: “As misericórdias do Senhor são as
causas de não sermos consumidos; porque as suas misericórdias não têm fim”(Lm.3:22).
- Paulo fala da bondade de Deus aos crentes de Tessalônica: “Pelo que também
rogamos sempre por vós, para que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação e
cumpra todo desejo da sua bondade e a obra da fé com poder”(2Tes.1:11).
- Davi falou da bondade de Deus da seguinte forma: “Não te lembres dos pecados da minha mocidade nem das minhas
transgressões; mas, segundo a tua misericórdia, lembra-te de mim, por tua
bondade, Senhor. Bom e reto é o Senhor; pelo que ensinará o caminho aos
pecadores”(Sl.25:7,8).
- Os homens são convidados a louvar a Deus, pela sua bondade: “Louvai ao Senhor, porque ele é bom...Louvem ao Senhor pela sua bondade
e pelas suas maravilhas para com os filhos dos homens!”(Sl.107:1,8); “Celebrai
com júbilo ao Senhor, todos os moradores da terra...Porque o Senhor é bom, e
eterna, a sua misericórdia...”(Sl.100:1,5).
Portanto, Jesus quer que nós entendamos que,
se aquele juiz injusto atendeu o pedido de uma pessoa humilde e sofredora, o
Deus Todo-Poderoso, o nosso justo juiz, fará muito mais por nós todos, com o
maior prazer do mundo, pois Ele nos ama.
“E qual dentre vós é o
homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E, pedindo-lhe
peixe, lhe dará uma serpente? Se, vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas
aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que
lhe pedirem?” (Mt.7:9-11).
"E Deus não fará
justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que
tardio para com eles?" (Lc.18:7).
2. Deus é justo. Além de sua infinita
bondade, Deus é justo e não devemos ter dúvida alguma a respeito disso.
Tenhamos sempre a certeza de que Deus é justo e a justiça se fará sempre.
O juiz da Parábola se negou a atender a viúva
durante algum tempo. Mas num dado momento ele refletiu sobre a situação daquela
mulher, e preocupado com seus próprios interesses, considerou atendê-la. Ele
admitiu que não temia a Deus e nem tinha consideração pelas pessoas; mas também
ele não queria mais ser importunado. Ele, então, resolveu julgar a causa da
viúva para que ela deixasse de aborrecê-lo com seu pedido.
O Senhor Jesus concluiu a Parábola do juiz
iníquo com a seguinte declaração:
“Ouvi o que diz o injusto juiz. E Deus não
fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que
tardio para com eles? Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Quando, porém,
vier o Filho do Homem, porventura, achará fé na terra?” (Lc.18:6-8).
Se um juiz injusto responde à pressão
constante, quanto mais um Deus grandioso, amoroso e bondoso irá responder a
aqueles que, com perseverança, e com um coração contrito e piedoso, o buscarem!
Eles podem crer que Ele ouvirá seus pedidos de ajuda. Eles podem confiar que um
Dia Deus finalmente irá fazer justiça.
À media que o povo de Deus procura ser
obediente neste mundo de pecado, todos devem saber que Deus não será tardio
para com eles. Durante algum tempo, poderá parecer que os seus pedidos não são
ouvidos; mas, um Dia, Deus depressa lhes fará justiça. O juiz da Parábola é
iníquo, injusto; Porém, Deus, a quem servimos, é fiel e justo.
3. Deus assume a nossa causa. Além da perseverança na
oração e na fé, a Parábola destaca a bondade, a justiça e o fato de que Deus
assume as causas dos menos favorecidos. Moisés deixou escrito este fato, para
que o seu povo lembrasse sempre disso:
“Pois o SENHOR, vosso
Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e
terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita recompensas; que faz
justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e veste”
(Dt.10:17,18).
No Antigo Testamento, a viúva era personagem
marginalizada, especialmente se não tinha filhos crescidos para cuidar dela ou
algum familiar que se tornasse o remidor, casando-se com ela. Ela era
facilmente vitimada e tinha limitados recursos materiais e financeiros (vide
Sl.94:6). Mas, Deus sempre teve uma atenção especial à viuvez, quer no Antigo
quer no Novo Testamento. As recomendações foram claras e imperativas ao povo de
Israel e à Igreja. Cito algumas:
·
“Quando no teu campo colheres a tua colheita, e esqueceres um molho no
campo, não tornarás a tomá-lo; para […] a viúva será; para que o Senhor
teu Deus te abençoe em toda a obra das tuas mãos”(Dt.24:19).
·
“Quando sacudires a tua oliveira, não voltarás para colher o fruto dos
ramos; …para a viúva será”(Dt.24:20).
·
“Quando vindimares a tua vinha, não voltarás para a rebuscá-la; …para a
viúva será o restante”(Dt.24:21).
·
“Quando acabares de separar todos os dízimos da tua colheita no ano
terceiro, que é o ano dos dízimos, então os darás ao levita, ao estrangeiro, ao
órfão e à viúva, para que comam dentro das tuas portas, e se
fartem”(Dt.26:12);
·
“A nenhuma viúva … afligireis”(Ex.22:22).
·
“Se algum crente ou alguma crente tem viúvas, socorra-as,
e não se sobrecarregue a igreja, para que se possam sustentar as que deveras
são viúvas”(1Tm.5:16).
A bondade demonstrada às viúvas era
louvada como um dos sinais da verdadeira religião. Diz o profeta Isaías:
·
“Aprendei a fazer o bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei
justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas” (Is.1:17).
Diz também Tiago:
·
“A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: visitar os
órfãos e as viúvas nas suas Tribulações…” (Tg.1:27).
Deus é o socorro do Seu povo na hora da
angústia. O salmista assim se expressou:
·
“Deus é o nosso refúgio e
a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade” (Salmo 46:1).
O socorro divino nem sempre se manifesta em
forma de milagre, de algo sobrenatural; pode ser de forma muito simples e nem
ser notada. Geralmente o socorro de Deus vem pela ação de algum dos Seus servos
que Ele usa para a glória do nome dEle; muitas vezes vem como resposta à
oração. É o Pai respondendo o clamor de seus filhos, assumindo a sua causa.
III. A PERSEVERANÇA DA VIÚVA É UMA IMAGEM PARA NÓS
1. Oração. Há momentos de nossa vida que são tão
cruentos que pensamos que Deus nos tem desprezado. As angústias e adversidades nos
deixam debilitados espiritualmente e nos fazem ofuscar as esperanças de uma
recuperação a uma posição original. Mas, o crente tem uma arma poderosa nestes
momentos difíceis de nossa caminhada rumo ao Céu: a oração. Ela é poderosa e
traz substância à alma, pois mesmo não tendo força suficiente devido o momento
difícil e tenebroso, o Espírito Santo nos ajuda a buscarmos a Deus em oração. O
apóstolo Paulo, real exemplo de um crente que passou por momentos de angústia,
nos dá a receita certa para esses momentos:
“alegrai-vos na
esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração”(Rm.12:12).
A oração é o canal pelo qual o homem exercita
a sua submissão a Deus; é a forma pela qual o crente se põe como um verdadeiro
servo do Senhor; é a própria exteriorização de nossa qualidade de servo de
Deus.
2. Perseverança. Além de orar, é
necessário compreender que a oração deve vir acompanhada de perseverança. O
tema central da Parábola em comento é a Oração Perseverante. O texto já
revela isso logo no início: “Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever
de orar sempre e nunca esmorecer” (Lc.18:1).
A ansiedade da viúva certamente era muito
grande para ver a sua situação resolvida. Porém, precisou de vários encontros
com o juiz para que ele a atendesse. Precisou ser resistente e persistente.
Deus faz todas as coisas no tempo certo. A nossa ansiedade e imediatismo muitas
vezes destroem a nossa persistência e a nossa fé. Deus quer ser buscado de
forma incessante e persistente pelos seus, pois a perseverança levará em conta
o tempo de espera como um meio para aclarar e purificar a nossa vida no
aprendizado das coisas de Deus.
3. Fé. Existe fé verdadeira nas orações das
pessoas? A viúva da Parábola teve fé, mas muitos não têm. Jesus derruba a
questão do imediatismo e mostra que na realidade o que falta muitas vezes nas
pessoas é a fé. Com uma pergunta de efeito Jesus questiona se aqueles que vêm
até Deus com suas orações serão como a viúva cheia de fé perseverante ou não:
“Quando, porém, vier o Filho do Homem, porventura,
achará fé na terra? (Lc.18:8).
Ao fazer essa pergunta, Jesus afirma que
muitos de nós deixamos de lado a nossa fé por causa do imediatismo. Queremos
tudo “para ontem”, e nos esquecemos que temos um Deus que é dono do tempo e de
todas as coisas; nada foge do controle e da soberania dEle. Quase sempre não
entendemos o porquê da "demora" de Deus, mas se formos perseverantes,
veremos que Ele agirá no tempo perfeito, no Seu tempo (Kairós), que na maioria
das vezes não coincide com o nosso tempo (Chronos).
Estamos persistindo na fé? Estamos preparados
e, em oração, esperando a volta de Jesus? Será que temos a mesma perseverança
que aquela viúva teve? Ou será que, ao ouvir o primeiro "não" durante
uma provação, abandonaremos a nossa fé e decidiremos resolver as situações com
as nossas próprias forças? Aqueles que cristãos dizem ser podem ser tentados a
abandonar a fé, porque suas orações não foram ainda respondidas. Mas Deus não
os esqueceu, e eles não devem ficar desanimados. Como a viúva da Parábola,
temos de perseverar e continuar pedindo. Ao contrario do juiz iniquo, Deus não
responde de má vontade as nossas orações. Ele se deleita em conceder nossos
desejos e nos vindicar.
IV. LIÇÕES IMPORTANTES DA PARÁBOLA DO JUIZO INIQUO
Nesta Parábola, Jesus dá primeiro a lição,
depois conta a Parábola. A lição é sobre o dever de orar sempre e nunca
esmorecer. Se um juiz injusto concede o pedido por causa da persistência da
requerente, quanto mais o Pai celestial, o Deus de amor, de infinita bondade e
misericórdia, irá responder à persistência de quem o pede. Vemos nesta Parábola
algumas lições importantes (Adaptado do Livro “Lucas – Jesus, o Homem
perfeito”, do Rev. Hernandes Dias Lopes).
1. A oração é o antídoto contra o desânimo
(Lc.18:1). “E contou-lhes também uma parábola
sobre o dever de orar sempre e nunca desfalecer”. Mesmo que a oração
seja um exercício espiritual que demanda toda a nossa energia, o que nos leva a
esmorecimento não é a oração, mas a falta dela; é quando deixamos de orar que
somos suplantados pelo desânimo; é quando falta oração em nossa vida que somos
esmagados pelo esmorecimento. Sem oração, perdemos o vigor espiritual. Sem
oração, não há poder para enfrentar as lutas e perseguições que sobrevém. Sem
oração, perdemos a conexão com as alturas, com o Céu.
2. A oração perseverante é um dever (Lc.18:1). “...o dever de orar sempre e nunca desfalecer”. Jesus poderia ter
falado que oração é um privilégio, e realmente é, pois orar é falar com Deus; a
oração é unir a fraqueza humana à Onipotência divina; é conectar o altar com o
trono. Porém, Jesus afirmou que a oração perseverante é um dever. Deixar de
orar é um pecado de omissão; é não apenas deixar de desfrutar de um privilégio,
mas é, também, deixar de cumprir um dever cristão.
3. A oração não é um pedido de um desconhecido a um
magistrado injusto (Lc.18:2-6). A Parábola deixa claro o contraste entre a
viúva e os escolhidos de Deus. A viúva é uma mulher desprotegida e indefesa,
que não possui mais um protetor natural. Ela não conhece o juiz, não é respeitada
por ele nem tem acesso ao tribunal.
Jesus não diz que o povo de Deus é como essa
viúva. Há um grande contraste entre esta viúva e o povo de Deus. Que contrastes
encontramos aqui?
- A viúva era anônima,
desconhecida e desprotegida; mas nós somos filhos de Deus, nosso nome está
inscrito no Livro da Vida.
- A viúva não tinha
acesso ao juiz; nós temos livre acesso ao Trono da Graça, por meio de
Cristo.
- A viúva não tinha
amigo algum no tribunal; nós temos, junto ao Pai, Jesus Cristo, o
Advogado, o Justo; Ele é o nosso grande Sumo Sacerdote que nos assiste em
nossa fraqueza.
- A viúva não tinha
nenhuma garantia ou promessa do juiz em atender à sua causa; nós temos as
Escrituras Sagradas com centenas de promessas do cuidado generoso de Deus.
- A viúva dirigiu-se a
um tribunal; mas nós entramos confiadamente no Trono da Graça
(Hb.4:14-16).
4. A oração é um pedido dos escolhidos ao Deus
justo (Lc.18:7). Jesus faz aqui um claro contraste entre o juiz e Deus. O juiz é
arrogante e egoísta. Não teme a Deus nem respeita aos homens. Ele nem sequer
tinha amor pela justiça. Sentimentos de ternura, de igual modo, eram
completamente estranhos para ele. Só atendeu a viúva por causa da importunação dela
e para ficar livre dela. Até mesmo ao fazer justiça à viúva, ele o fez por amor
a si mesmo, e não por senso de justiça ou amor a ela. Deus, porém, não é assim;
Ele é o Pai de misericórdias e o Deus de toda consolação (2Co.1:3). Ele
responde à nossa oração porque nos ama. Deleita-se em ouvir nossa voz e em
socorrer-nos em nossas necessidades. Se entendermos Deus como um Pai amoroso e
não como um juiz severo, nós nos aproximaremos dele confiadamente em oração.
5. A oração não é atendida conforme agenda dos
homens, mas segundo a vontade soberana de Deus (Lc.18:7,8). Mesmo quando os escolhidos
de Deus clamam a Ele dia e noite, e mesmo sabendo que Deus os defende, nem
sempre a oração é atendida imediatamente. A demora de Deus, entretanto, não é
prova da insensibilidade, mas evidência de sua sábia e generosa providência.
Quando Deus demora, segundo a nossa percepção terrena, é porque está nos
preparando para a realização de sua vontade. A demora de Deus não é um
indeferimento ao nosso clamor. Quando ele demora é porque está preparando algo
maior e melhor para a nossa vida.
6. Deus ouve as orações e faz o que é correto. O juiz iníquo faz
um contraste com o Juiz Justo, que é o Deus Todo-Poderoso. Se o juiz iníquo
ouviu uma pessoa das mais simples e humildes da sociedade, e julgou a sua
causa, Deus, o Todo-Poderoso Juiz Justo, não iria fazer muito melhor do que
isso? Claro que sim! Por isso, o texto mostra claramente essa
verdade: “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia
e noite, embora pareça demorado em defendê-los?” (Lc.18:7).
7. O fim dos tempos será marcado pelo declínio da
fé, pelo esfriamento da prática da oração (Lc.18:8b). Antes desta parábola,
Jesus falou sobre sua Segunda Vinda e terminou apontando novamente para sua
Volta. Entre sua Primeira e sua Segunda Vinda, precisamos orar sempre e nunca
esmorecer. Porém, à medida que a história caminha para sua consumação, as
pessoas se tornarão mais desatentas às coisas espirituais, como ocorreu com a
geração de Noé e Ló (Lc.17:26-30). Daí a pergunta perturbadora de Jesus:
“...quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra? (Lc.18:8).
Provavelmente, isso quer dizer o tipo de fé que a pobre viúva tinha; mas, pode
indicar também que, quando o Senhor voltar, haverá somente um remanescente fiel
a Ele. As oito pessoas que foram salvas no dilúvio no tempo de Noé e as três
que escaparam de Sodoma, nos alertam que não haverá uma grande fé no fim dos
tempos. Entretanto, cada um de nós deveria ser estimulado ao tipo de fé que
clama a Deus noite e dia, uma fé perseverante.
CONCLUSÃO
A Parábola do juiz iníquo, ou da viúva
persistente, é um poderoso exemplo de fé perseverante, de que nós não podemos
deixar de orar, independentemente das circunstâncias. O Senhor deseja
ouvir a nossa voz em um relacionamento sincero e profundo com Ele. Não estamos
abandonados à própria sorte, podemos clamar e seremos ouvidos, pois, o Senhor é
bom e a sua benignidade dura para sempre (Sl.107:1). Entenda que a oração nos
fortalece no dia mau e nos dá sensibilidade para ser gratos nos dias bons. Deus
sempre estará junto daqueles que perseveram na fé e na oração. Pense nisso!
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo –
Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico
popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão
– nº 76. CPAD.
Comentário Bíblico
Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo
Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Rev. Hernandes Dias
Lopes. Lucas, Jesus o Homem perfeito.
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