2º Trimestre/2020
Texto Base: Efésios 1:15-23
26/04/2020
“Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da
glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação”
(Ef.1:17).
Efésios
1:
15.Pelo
que, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus e o vosso amor
para com todos os santos,
16.
não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações,
17.para
que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu
conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação,
18.tendo
iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a
esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da sua herança nos
santos
19.e
qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo
a operação da força do seu poder,
20.que
manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos e pondo-o à sua direita nos
céus,
21.acima
de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se
nomeia, não só neste século, mas também no vindouro.
22.E
sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, o constituiu como
cabeça da igreja,
23.que
é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos.
INTRODUÇÃO
Nesta
Aula trataremos da “Iluminação Espiritual do Crente”. Paulo, após ouvir que a
fé em Cristo e o amor fraternal entre os crentes de Éfeso estava sendo
praticados (Ef.1:12), bem como a alegria de saber que em Cristo todas as
bênçãos espirituais são nossas (Ef.1:3), sentiu-se impelido a orar para que
Deus os iluminasse, ou seja, que eles tivessem o conhecimento ainda mais firme e
inabalável da vocação deles.
O
Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo nos abençoou com todas as bênçãos
espirituais nos lugares celestiais em Cristo; nos elegeu nele antes da fundação
do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele; nos
predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o
beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça; temos a redenção
pelo sangue de Jesus, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça
(Ef.1:3-7); enfim, temos o Céu, temos a vida eterna, a felicidade plena (João
14:2,3; Fp.3:20). Mas, todas estas bênçãos só são perceptíveis na vida do
crente quando ele está sob o sobrenatural de Deus, quando ele tem a iluminação
do Espírito Santo para enxergar com os olhos da fé todas estas maravilhas de Deus.
Portanto, é preciso iluminação espiritual, advinda do Espírito Santo da graça,
para que enxerguemos esta realidade. Devemos, pois, pedir a Deus que abra o
nosso entendimento a fim de que saibamos que somos o povo mais poderoso e o
mais feliz da terra, pois temos uma gloriosa e viva esperança que não deve ser abalada
pelas circunstâncias adversas.
I.
A ESPERANÇA DA VOCAÇÃO E AS RIQUEZAS DA GLÓRIA
“tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que
saibais qual seja a esperança da sua vocação e quais as riquezas da glória da
sua herança nos santos” (Ef.1:18).
Paulo
queria que os crentes destinatários de sua epístola tivessem a conscientização
do chamado deles e de quão preciosas riquezas espirituais estavam destinados a
eles; por isso, orou efusivamente para que os olhos espirituais deles se
abrissem e, através da experiência, alcançassem a compreensão da plenitude
dessas bênçãos.
1. Ação de graças e
intercessão
Em
Efésios 1:3-14 o apóstolo Paulo descreve a extensão maravilhosa do programa de
Deus desde a eternidade passada até a eternidade futura. Ele elaborou os mais
elevados pensamentos que podem ocupar a nossa mente, pensamentos tão sublimes
que agora Paulo fala aos destinatários de sua Epistola sobre o grande dever de
interceder por eles, afim de que possam compreender tais conceitos. O seu forte
desejo era que eles pudessem vislumbrar os gloriosos privilégios que eles tinham
em Cristo e o imenso poder que há na dádiva de Cristo às igrejas como Cabeça de
toda a criação.
a) Ação de graças
De
alguma forma, Paulo obteve informações sobre o que estava acontecendo entre os
efésios que o fez se alegrar e manifestar ação de graças a Deus. Vejamos o que
ele ouviu:
-Ouviu que a fé em
Jesus estava presente entre eles (Ef.1:15). Os efésios tinham ouvido a Palavra da
verdade e crido em Cristo (Ef.1:13), e continuaram firmes na fé (Ef.1:15).
Apesar das circunstancias adversas que esses crentes passavam, e sabedores que
o maior líder do cristianismo estava preso em Roma, eles não se afastaram de
Cristo; pelo contrário, eles mantinham os olhos fitos em Jesus. Isto alegrou
sobremaneira o coração de Paulo.
Esta
mesma fé deve estar sempre acesa em nossos corações, pois os olhos do Senhor
estão fitos nos que são fiéis a Ele (Sl.101:6) – “Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que estejam comigo; o
que anda num caminho reto, esse me servirá”. Devemos olhar para Cristo, independentemente
das circunstâncias - “olhando para Jesus,
autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a
cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus”
(Hb.12:2).
-Ouviu que o amor
fraternal entre eles estava sendo praticado (Ef.1:15). Quando trabalhou na
igreja de Éfeso, Paulo mostrou com o próprio exemplo como se vive o amor (Atos
20:35). Portanto, não é de se surpreender que ele ouça sobre o amor dos efésios
– “ouvindo…o vosso amor para com todos os santos” (Ef.1:15). A fé produz fruto
na comunidade cristã, ela flui de Cristo para nossos semelhantes que também
pertencem a Ele, em forma de serviço (Tg.2:14-26). Jesus disse a Seus
discípulos: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes
uns aos outros” (João 13:35).
b) Intercessão
(Ef.1:17-23)
Tendo
ouvido a fé que havia entre eles no Senhor Jesus e o amor para com todos os
santos (Ef.1:15), Paulo teve a certeza de que os destinatários de sua epístola
eram possuidores das bênçãos já descritas, sendo então levado a orar por eles. A
fé e o amor dos crentes impeliram Paulo a oferecer ações de graças ao Senhor e
a interceder por eles sem cessar (Ef.1:16). Esta intercessão era por iluminação
espiritual dos crentes de efésios e de todos os demais cristãos que creram
efetivamente no Senhor Jesus.
Paulo
intercedeu porque sabia que a extensão das bênçãos (Ef.1:3) precisava ser reconhecida
pelos crentes. Eles precisavam “saber” (Ef.1:18) qual era a plenitude do que
Deus reservou para os santos. A oração se torna um instrumento necessário da
revelação, abre nosso coração e ilumina a nossa mente para compreendermos
melhor as bênçãos espirituais já reveladas.
Paulo
orou pedindo que Deus concedesse a eles “espirito de sabedoria e de revelação
no pleno conhecimento dele” (Ef.1:17) - revelação diz respeito à comunicação de
conhecimento; sabedoria diz respeito ao uso adequado do conhecimento na nossa
vida. O Espirito Santo é o Espírito de sabedoria (Is.11:2) e de revelação
(1Co.2:10). Visto que cada crente tem o Espírito Santo habitando nele, Paulo
não orou para que os crentes destinatários de sua epístola recebessem a Pessoa
do Espírito Santo. Antes, orou para que recebessem mais iluminação dEle.
O
apóstolo não estava se referindo ao conhecimento em geral, mas o conhecimento
(gr. epignosis) especifico de Jesus
Cristo. Queria que o crente tivesse um conhecimento profundo e espiritual de
Deus por experiência própria – um conhecimento que não pode ser obtido através
da capacidade intelectual, mas somente pelo ministério gracioso do Espírito
Santo. Enfim, Paulo orou para que o Espirito divino que neles habitava fizesse
com que sua visão fosse mais nítida, mais intensa e mais ampla, e que o poder, o
amor e grandeza divinos lhes fosse revelado ainda mais.
Em
resumo, na sua intercessão, Paulo menciona três áreas especiais de conhecimento
divino que não quer que os santos ignorem: a esperança da vocação; a riqueza da
glória da herança de Deus nos santos; e a suprema grandeza do poder de Deus
para com os que creem (Ef.1:19).
2. A esperança da
vocação
Ainda
imbuído em sua atividade intercessora pelos crentes destinatários de sua
epístola, Paulo ora para que o Espirito Santo os ilumine a fim de saberem qual
a esperança da vocação de Deus - “tendo iluminados os olhos do vosso
entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação...”
(Ef.1:18).
Paulo
alerta os crentes que eles, antes, não tinham esperança (Ef.2:12), mas agora
eles têm a esperança do chamamento de Deus. Ele nos chamou para: sermos de
Jesus (Rm.1:6); a comunhão de Jesus Cristo (1Co.1:9); sermos santos (Cl.3:15;
Ef.4:1,2); o sofrimento, se for necessário (1Pd.2:21). Entretanto, a nossa
vocação, o nosso chamamento, só encontrará sua plenitude nos céus (1Ts.2:12;
1Pd.5:10; Fp.3:14).
O
mundo sem Jesus é um mundo sem esperança. A aceitação de Cristo enche o coração
de esperança e alegria (Rm.5:2,5; 8:24; 12:12).
“pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na
qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E a
esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso
coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm.5:2,5).
Para
os crentes, neste mundo só há tribulação, fadiga e infelicidade; contudo, o
futuro é glorioso: pois Deus Pai nos escolheu e nos adotou; Deus Filho nos
redimiu e nos perdoou, e Deus Espírito Santo nos selou e nos deu sua garantia.
O futuro não é mais algo que se deve temer ou que se deve aceitar com
resignação. Devemos, agora, ser encarados com anelo e segurança. Paulo ora para
que a igreja destinatária de sua epístola venha a conhecer e a experimentar essa
gloriosa esperança. Ele ora para que a igreja possa usufruir toda sua riqueza
espiritual.
Concordo
com o Rev. Hernandes Dias Lopes quando diz que “Deus chamou-nos a alguma coisa
e para alguma coisa. Deus chamou-nos para sermos de Jesus Cristo e para a
santidade. Deus chamou-nos para a liberdade e para a paz. Deus chamou-nos para o
sofrimento e para o seu reino de glória. Tudo isso estava na mente de Deus
quando nos chamou”.
3. As riquezas da
glória da sua herança
Paulo,
continuando a sua intercessão, pede que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o
Pai da glória, desse aos crentes de Éfeso conhecimento para que entendessem “quais
as riquezas da glória da sua herança nos santos” (Ef.1:18).
Existem
vários entendimentos acerca deste texto. John Stott, por exemplo, afirma que
este texto pode se referir tanto à herança de Deus como à nossa herança, ou
seja, à herança que Ele recebe ou à herança que Ele outorga.
No
entendimento do Rev. Hernandes Dias Lopes, “Paulo está falando que Deus é a
nossa herança. O Salmo 16:5 diz que Deus é a nossa herança. Mas, agora, Paulo
diz que nós somos a herança de Deus. Aqui não é a herança que Deus outorga, mas
a herança que ele recebe. Essa frase não se refere à nossa herança em Cristo (Ef.1:11),
mas à sua herança em nós. Essa é uma tremenda verdade. Deus olha para nós e vê
em nós sua gloriosa riqueza, sua preciosa herança. Jesus verá o fruto do seu
penoso trabalho e ficará satisfeito (Is.53:11). Paulo expressa, aqui, o desejo
de que os crentes compreendam quão preciosos eles são para Deus. Eles são o troféu
da graça de Deus. O tesouro deles está em Deus, e, num sentido bem verdadeiro,
o tesouro de Deus está nos santos”.
Paulo
ora para que os crentes de Éfeso possam entender o quão preciosos eles eram
para Deus. Disse bem Hernandes Dias Lopes: “Somos a Igreja que Deus comprou com
o sangue de seu amado Filho (Atos 20:28). Somos a Noiva do Filho de Deus. O
Senhor escolheu-nos para sermos a sua porção eterna. Ele nos fez troféus da sua
graça e monumentos para a sua glória. Se a vocação aponta para o passado, a
herança aponta para o futuro. Nós somos a riqueza de Deus, o presente de Deus,
o tesouro de Deus, a menina dos olhos de Deus. Somos filhos, herdeiros,
coerdeiros, santuários e ovelhas de Deus”.
Entretanto,
devemos nos conscientizar de que temos uma herança extraordinária que Deus
preparou para os seus fiéis. Levando em consideração Colossenses 1:12,
entendemos que “herança de Deus” é aquilo que Ele nos dará; é o prêmio que obteremos
por causa de nossa união com Cristo (Rm.8:17). Aqui vale lembrar 1Corintios
2:9: “As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao
coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam”.
Somente
a iluminação outorgada pelo Espirito Santo pode levar qualquer um de nós a
compreender a vastidão dessa herança gloriosa. Segundo John Stott, “Paulo não
considera que seja presunçoso pensarmos acerca da nossa herança celestial ou
até mesmo antegozá-la com alegria e gratidão; pelo contrário, ele ora para
‘saberdes a Sua glória’, de fato, a riqueza da glória da Sua herança”.
II.
A SOBRE-EXCELENTE GRANDEZA E FORÇA DO PODER DIVINO
O
poder de Deus é extraordinário e supera todo e qualquer outro poder. O mesmo
não pode ser compreendido pela mera lógica humana, mas nem por isso Deus deixou
de se revelar de diversas maneiras e em várias ocasiões a fim de que o ser
humano viesse a conhecê-lo. Na Sua epístola Paulo tenta com esforço fazer
entender a grandiosidade desse poder, e pede a Deus que os destinatários de sua
epístola tenham uma percepção profunda desse glorioso atributo divino em prol
dos santos.
1. A Sobre-excelente
grandeza do seu poder
“e qual a sobre-excelente
grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos...” (Ef.1:19).
Paulo
continua sua intercessão e pede a Deus que conceda uma profunda percepção do
poder que Ele utilizou em prol dos santos: “a
sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos...”.
Desde
o momento que iniciou sua intercessão, Paulo abrangeu três aspectos: se referiu
à vocação dos crentes – apontando para o passado; se referiu à herança – apontando
para o futuro; e, agora, se referiu ao poder de Deus – apontado para o presente
e expressando acerca dos recursos sem limites à disposição do povo de Deus.
-“sobre-excelente grandeza do seu poder”. Em suas palavras, Paulo afirma que o poder de Deus é
excepcionalmente grande, que vai além do alcance da mente humana. Paulo quer
impressionar os crentes destinatários de sua epístola com a grandeza do poder
exercido na realização de tudo o que está nos propósitos de Deus, segundo a sua
obra de eleição, predestinação e adoção soberanas.
2. A força do poder
divino
“…segundo a operação da força do
seu poder”.
Qual
é a medida do poder de Deus? Algo grandioso desse poder é ressaltado pelo
notável acúmulo de termos: "
sobre-excelente", "atuação", "força",
"poder" (Ef.1:19). Essa abundância de termos sugere a ideia de poder
cuja simples expressão exaure os recursos da linguagem e chega a desafiar a
enumeração. Esse é o poder que Deus usou para a nossa redenção, o poder que Ele
exerce na nossa preservação e que Ele exercerá na nossa glorificação. Esse é o
poder que temos à nossa disposição para nos amparar e nos fortalecer em nossa
jornada. Por que temer o inimigo, se temos a força do poder divino sobre nós,
que nos protege e nos faz vencedores? Avancemos, pois, com a cabeça erguida e
atravessemos o deserto de nossa vida, pois maior é aquele que está em nós do
que aquele que está no mundo (1João 4:4). Pela força do poder divino vencemos o
maligno (1João 2:13).
III.
CRISTO: NOSSO EXEMPLO DE EXALTAÇÃO
Paulo
está convencido de que o poder de Deus é suficiente e eficaz, e pode ser
conhecido por meio da demonstração pública da ressurreição e exaltação de
Cristo (Ef.1:20-23). Então o poder de Deus que atua no crente é o poder da
ressurreição (cf. Fp.3:10). Paulo apresenta três afirmações a respeito do que
Deus tem feito em Cristo e por seu intermédio.
1. A Ressurreição de Cristo
(Ef.1:20)
“que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dos mortos...”.
A
ressurreição de Jesus Cristo foi a maior exibição do poder divino que o mundo
jamais viu. Talvez pensemos que a criação do universo tenha sido a maior
manifestação do poder de Deus. Talvez imaginemos que tenha sido o livramento
milagroso do povo de Israel no Mar Vermelho. Estes acontecimentos foram realmente
extraordinários, e que somente Deus podia realizá-los. Mas, o Novo Testamento
ensina que a Ressurreição de Cristo e sua Ascensão demandaram uma maior
expressão do poder de Deus. Como explicar isso?
Sem
a ressurreição de Cristo, o ser humano, a natureza – animada e inanimada – o
cosmo, estariam perdidos para sempre, pois Cristo, a Palavra criadora estaria
morto. E se tivesse ocorrido isso, o maligno seria o grande vencedor; e com
certeza todas as hostes infernais se uniram com a finalidade de frustrar os
propósitos de Deus, mantendo Cristo no túmulo ou impedindo a sua ascensão
depois da ressurreição. Porém, Deus triunfou sobre todas as formas de oposição,
ressuscitando o Seu amado Filho.
A
ressurreição de Cristo e sua glorificação representaram uma derrota arrasadora
para Satanás e suas hostes, bem como um espetáculo glorioso do poder vitorioso
de Deus. O Cristo ressuscitado detém a chave da morte e do Hades (Ap.1:18), e
ao nome de Jesus todo joelho se dobra no Céu, na Terra e no Inferno” (Fp.2:10).
Ninguém
é capaz de descrever esse poder. Por isso, Paulo toma emprestado algumas
palavras do vocabulário próprio da dinâmica na sua descrição: “...segundo a eficácia da força do seu poder;
o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o de entre os mortos...”
(Ef.1:19,20- ARA). Estas palavras parecem se curvar sob o peso da ideia
transmitida. Nos maravilhamos diante da imensidão desse poder e adoramos o
nosso Deus por sua Onipotência.
Segundo
as Escrituras, o Senhor Jesus foi o primeiro a ressuscitar no poder de uma vida
indissolúvel. A ressurreição de Cristo foi a primeira na história humana
(1Co.15:23) – “Mas cada um por sua ordem:
Cristo, as primícias...“. Outros ressuscitaram dos mortos, mas morreram
outra vez.
A
ressurreição autenticou o ministério do Senhor, selou sua obra de redenção,
marcou o começo de sua glorificação e foi a confirmação pública de que o Pai
aceitou seu sacrifício; também, a sua ressurreição é a garantia de que nós
também ressuscitaremos (1Co.6:14) – “Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor,
nos ressuscitará a nós pelo seu poder”.
Nas
palavras de John Stott, a morte é um inimigo amargo e implacável, virá a todos
nós um Dia; e após a morte, nada pode deter o processo de deterioração e
decomposição. Mesmo as técnicas mais sofisticadas de embalsamento oferecidas
por agentes funerários modernos não podem preservar o corpo para sempre; somos
pó, e ao pó inevitavelmente retornaremos (Gn.3:19); nenhum poder humano pode
impedir isso, muito menos trazer uma pessoa morta de volta à vida.
Mas,
Deus vai fazer conosco o mesmo que fez com Jesus: nos ressuscitará dentre os
mortos pelo seu poder e estaremos para sempre com Ele (1Ts.4:16,17) – “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com
alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em
Cristo ressuscitarão primeiro [...] e assim estaremos sempre com o Senhor”.
Em
1Corintios 15:20-23, Paulo afirma: “Cristo
ressuscitou dos mortos e foi feito as primícias dos que dormem. Porque, assim
como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas
cada um por sua ordem: Cristo, as primícias; depois, os que são de Cristo, na
sua vinda”. Esta é a maior esperança do crente em Cristo!
2. Cristo elevado à
direita de Deus (Ef.1:20)
“...e pondo-o à sua direita nos céus”.
Depois
da ressurreição e ascensão de Cristo, Deus O promoveu ao lugar de suprema honra
e autoridade. Ele “[o fez] assentar-se à sua direita, nos céus” (Ef.1:20). Ao
fazer isso, Ele cumpriu a promessa messiânica do Salmos 110:1: “O Senhor disse
ao meu Senhor: ‘Senta-te à minha direita até que eu faça dos teus inimigos um
estrado para os teus pés’”.
Segundo
o Rev. Hernandes Dias Lopes, a "direita de Deus” é uma figura de linguagem
indicando o lugar de supremo privilégio e autoridade. A mais alta honra e autoridade
no Universo foi tributada a Cristo (Mt.28:18).
O
local é chamado de “céus”. Esta expressão se refere à morada de Deus; é onde
está o Senhor Jesus hoje com um corpo glorificado, que não pode mais morrer. Ele
foi entronizado acima de todo principado e autoridade (Ef.1:21).
3. Cristo exaltado
sobremaneira (Ef.1:21,22)
Paulo
afirmou aos crentes destinatários de sua epistola que o Deus Pai além de
colocar Jesus numa posição de suprema honra e autoridade, colocou-o “acima de
todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se
nomeia...” (Ef.1:21). O Senhor Jesus é superior a todo governo ou autoridade
humana; Ele domina sobre todos os seres inteligentes, bons e maus, angelicais e
demoníacos.
A
exaltação de Cristo abrange o soberano domínio sobre toda a criação. A cabeça
que um dia foi coroada com espinhos leva agora o diadema da soberania
universal. Todas as coisas estão sujeitas a Cristo. Todo o joelho se dobra
diante dEle no Céu, na Terra e debaixo da Terra (Fp.2:9-11).
Tanto
a Igreja como o Universo têm em Cristo a mesma Cabeça (Ef.1:22) – “E sujeitou todas as coisas a seus pés e,
sobre todas as coisas”. Todas as coisas estão debaixo dos Seus pés. Isso
significa domínio universal, não apenas sobre os homens e os anjos, mas sobre toda
a criação animada e inanimada.
O
escritor aos Hebreus nos faz recordar que no presente não vemos todas as coisas
sob o domínio dEle (Hb.2:8). De fato, embora o domínio universal pertença a
Cristo, Ele não exerce atualmente de modo pleno. Por exemplo, os homens ainda
se rebelam contra Ele, negando-o e resistindo a Sua vontade. Porém, Deus
decretou que o Seu Filho um Dia empunhará o cetro do domínio universal, e isso
é tão certo quanto qualquer realidade presente.
Quando
Ele reinar literalmente na Terra durante mil anos (Ap.20:4), Ele será Rei sobre
todos os reis e Senhor sobre todos os senhores. Ele será exaltado acima de
todos os seres criados sem exceção alguma. Será o cumprimento das profecias
preditas por intermédio dos profetas nas Escrituras do Antigo Testamento (Is.11:4-9; 60:1-22; 65:8-25; Zc.14:6-9; 16-21).
Será o melhor período da história de toda a humanidade.
Na
Plenitude do Reino haverá uma renovação de toda a criação, que atualmente geme
esperando por este ditoso Dia (Rm.8:19-21). Durante todo esse período, Satanás
estará preso (Ap.20:2) e o mundo gozará de uma genuína Paz que nunca houve até
então; haverá a perfeita justiça - “e o efeito da justiça será paz; e a operação da justiça,
repouso e segurança para
sempre”(Is.32:17
No
seu Reino, o Rei Jesus, cujas mãos foram um dia perfuradas, vai exercer
autoridade soberana sobre todo o Universo; e Deus Pai entregou essa Pessoa
gloriosa à Igreja – “o constituiu como
cabeça da Igreja”(Ef.1:22).
A
eleição especial da Igreja é para participar com Cristo o domínio ilimitado.
Quando a Igreja estiver desfrutando disso, todo o resto da criação estará
debaixo do seu Reino. Concordo com John Stott quando diz que “tanto o Universo
quanto a igreja têm em Jesus Cristo a mesma Cabeça”.
Segundo
Rev. Hernandes Dias Lopes, Deus estabeleceu uma relação singular entre Cristo e
a Igreja. Cristo é o grande dom de Deus para a Igreja. O fato de Cristo ser a
Cabeça da Igreja ressalta três coisas: primeiro, Cristo tem autoridade suprema
sobre a Igreja; Ele a governa, guia e dirige. Segundo, entre Cristo e a Igreja
existe uma união vital, tão íntima e real como é a da cabeça com o corpo; é uma
união íntima, terna e indissolúvel. Terceiro, a Igreja é inteiramente
dependente de Cristo; de Cristo, a Igreja deriva sua vida, seu poder e tudo
quanto é necessário à sua existência.
“A igreja é a plenitude de Cristo. A
igreja está cheia da sua presença, animada pela sua vida, cheia com os seus
dons, poder e graça. A igreja é o prolongamento da encarnação de Cristo. A
igreja é o seu corpo em ação na terra. A igreja está cheia da própria Trindade:
Filho (Ef.1:23), Pai (Ef.3:19) e Espírito Santo (Ef.5:18). Concordo com William
Hendriksen quando diz que, no tocante à sua essência divina, Cristo em sentido
algum pode depender da igreja nem ser completado por ela. Contudo, como Esposo,
ele é incompleto sem a esposa; como Videira, não se pode pensar nele sem os
ramos; como Pastor, não se pode vê-lo sem suas ovelhas; e também como Cabeça,
ele encontra sua plena expressão em seu corpo, a igreja” (Hernandes Dias Lopes.
Efésios).
CONCLUSÃO
Diante do exposto nesta Aula e à luz do que Paulo mencionou
no texto base em epígrafe, como avaliamos a nossa vida espiritual? Temos
usufruído as riquezas que tem em Cristo? Temos crescido no relacionamento íntimo
com Deus? Conhecemos mais a Deus? Temos fome de Deus? Compreendemos a esperança
do nosso chamado - de onde Deus nos chamou, para que Deus nos chamou e para
onde Deus nos chamou? Compreendemos o quão valioso nós somos para Deus? Temos
experimentado de forma prática o poder da ressurreição em nossa vida? Pensemos
nisso!
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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Pr. Douglas Baptista. A IGREJA ELEITA. Redimida
pelo Sangue de Cristo e Selada com o Espírito Santo. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Efésios. Igreja, a
noiva gloriosa de Cristo.
SHEDD, Russel. Epístolas da Prisão: uma
análise. São Paulo: Edições Vida Nova,
2005, p. 15.
STOTT, John. A Mensagem de Efésios. São Paulo:
ABU Editora, 2007.
STOTT, John. Lendo Efésios.
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