1º Trimestre/2021
Texto Base: João
16:7-13
“Assim, pois, as igrejas em
toda a Judeia, e Galileia, e Samaria tinham paz e eram edificadas; e se
multiplicavam, andando no temor do Senhor e na consolação do Espírito Santo” (Atos
9:31).
João 16:
7.Todavia,
digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque, se eu não for, o
Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei.
8.E,
quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo:
9.do
pecado, porque não creem em mim;
10.da
justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;
11.e
do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.
12.Ainda
tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora.
13.Mas,
quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade,
porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará
o que há de vir.
INTRODUÇÃO
Nesta
Aula, estaremos diante de um assunto muito importante e essencial: a atuação do
Espírito Santo no Plano Divino da Redenção. O Espírito Santo é a mais
misteriosa das três Pessoas que compõem a Santíssima Trindade; isto talvez
possa ser explicado no fato de o Espírito Santo, em seu ministério, não revelar
a si mesmo, mas a verdade, a Jesus e o poder de Deus (João 16:13,14). Ainda que
se note mais evidente a sua atuação no Novo Testamento, Ele está presente desde
quando tudo começou (Gn.1:2; Gn.2:7). O Espírito Santo atua de maneira contínua
e dinâmica para salvação. Sem o Espírito Santo seria quase impossível um
pecador se converter a Cristo. Além de Ele atuar para convencer o pecador, o
Espírito capacita o pregador da mensagem, dando-lhe poder e manifestando sinais
sobrenaturais para confirmá-la.
I. O
ESPÍRITO SANTO COMO PROMESSA
A
participação do Espírito Santo como promessa é vista na promessa messiânica, na
Antiga Aliança e na Pessoa de Jesus Cristo. A Sua influência é muito importante
no Plano da Salvação do ser humano. Deus fez o homem perfeito, mas ele caiu.
Agora, o homem caído e escravizado pelo pecado, é alvo do plano salvador de
Deus. Neste Plano estão envolvidas as três Pessoas da Trindade. A Bíblia
Sagrada mostra que cada Pessoa da Trindade exerce função específica para salvar
o ser humano.
Neste
Plano salvador de Deus, a Sua relação com este homem passa por dois crivos: seu
amor e sua justiça. Devido a sua santidade e justiça, Deus deve punir o homem
por sua transgressão. Devido ao seu amor, Deus quer salvar o ser humano. A
justiça divina exige que o homem seja punido, receba o justo castigo por seus
atos, contudo, o Seu amor não admite a ideia de abandonar o homem em seu estado
de miséria e desgraça, longe de seu Criador e em permanente conflito
espiritual. Como conciliar tal dilema? A dívida do homem para com Deus é
imensa, impagável. Quem pode restituir plenamente a um Deus que foi ofendido em
sua justiça e santidade? Não há como pagar; no entanto, Deus em seu amor quer
resgatar o homem de tão terrível situação. O meio encontrado por Deus foi a
encarnação da segunda Pessoa da Trindade - o Filho, e nesta encarnação esteve a
imprescindível participação do Espírito Santo (Mt.1:20; Lc.1:35). O Filho de
Deus foi gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria. Ele nasceu, cresceu e
morreu; por meio de Sua morte na cruz, o Filho de Deus proveu uma solução que
satisfez tanto a justiça como o amor de Deus.
1. A
Promessa Messiânica
Deus
tomou a decisão de salvar o homem antes da fundação do mundo. Este foi o
primeiro ato do processo da salvação. Se Deus não tivesse querido salvar o ser
humano, jamais ele poderia ter a oportunidade da salvação. Movido pelo seu
amor, o Senhor decidiu que o ser humano teria esta chance e, por isso, planejou
a salvação, e esta salvação é fruto da manifestação da vontade soberana de
Deus. O Senhor escolheu salvar o ser humano, mesmo sabendo que ele haveria de
pecar, e previamente determinou que todos aqueles que crerem em Cristo serão
salvos e os que não crerem serão condenados (Mc.16:16). A salvação é para todos
os seres humanos (Is.55:1; Tt.2:11), sem qualquer distinção, tanto que o
primeiro casal foi expulso do Éden e impedido de tomar da árvore da vida para
que toda a humanidade tivesse a mesma oportunidade de salvação, até porque Deus
é imparcial e não faz acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34). Já antes mesmo
da fundação do mundo, o Senhor estipulou condições para que tal salvação acontecesse,
mas nem por isso deixou de querer que todos os homens se salvem (1Tm.2:4).
O
Plano de Deus para a salvação do ser humano, revelado à humanidade no momento
mesmo da aplicação da penalidade pela prática do pecado, foi sendo executado
desde então.
-O primeiro ato de Deus após a entrada do
pecado no mundo foi imolar um animal, derramar seu sangue e com a pele
providenciar vestes para o primeiro casal (Gn.3:21). Sangue fala do meio para a
redenção e vestes dos resultados, isto é, o usufruto da salvação (cf.Is.61:10;
Ap.19:8; 3:18).
-O segundo ato deste plano foi a proibição
de o homem ter acesso à árvore da vida por causa do pecado (Gn.3:22),
acompanhado da expulsão do Éden (Gn.3:23). Com estas medidas, Deus impediu que
o homem, a exemplo dos anjos pecadores, vivesse numa dimensão eterna, condenado
à inevitável e sempiterna separação de Deus, possibilitando ao homem que,
mediante o arrependimento enquanto estivesse na dimensão terrena, pudesse
desfrutar de uma eternidade com o Senhor.
-A partir de então, a Divina Trindade iniciou a
execução de seu plano que alcançou o seu ápice quando da própria encarnação do
Deus Filho, momento que as Escrituras denominam de “a plenitude dos tempos”
(Gl.4:4), instante em que Deus cumpriu a sua promessa Messiânica - de providenciar,
da semente da mulher, o único e suficiente Salvador, Jesus, o próprio Filho de
Deus (Mt.1:21; Lc.2:11; Jo.3:16,17; At.4:12). Eis a razão pela qual a Bíblia,
mais de uma vez, diz que Deus é o Deus da nossa salvação (1Cr.16:35; Sl.24:5;
51:14), bem como que a salvação provém dEle (Sl.3:8; 37:39; 62:1).
2. Na
Antiga Aliança
A
Bíblia narra que na Antiga Aliança houve várias atuações do Espírito Santo.
Cito algumas:
-Ele vinha sobre alguém - "O Espírito de Deus se
apoderou de Zacarias (2Cr.24:20).
-Ele capacitava pessoas para obras especificas -
"Eu o enchi do Espírito de Deus" (Êx.31:3).
-Ele dava habilidades para liderança militar
(Jz.3:10) – “E veio sobre ele [Otniel] o Espírito do Senhor, e julgou a Israel
e saiu à peleja...”.
-Ele dava habilidade para liderança política
(cf.Zc.4:6) – “E respondeu e me falou, dizendo: Esta é a palavra do Senhor a
Zorobabel, dizendo: Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito,
diz o Senhor dos Exércitos”.
-Ele usou em profecia até mesmo pessoas que não
eram profetas (Nm.11:24,25) – “E saiu Moisés, e falou as palavras do Senhor ao
povo, e ajuntou setenta homens dos anciãos do povo e os pôs em roda da tenda.
Então, o Senhor desceu na nuvem e lhe falou; e, tirando do Espírito que estava
sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; e aconteceu que, quando o
Espírito repousou sobre eles, profetizaram; mas, depois, nunca mais”.
-A atuação do Espírito Santo foi notória
sobre juízes, profetas e reis. Estes eram ungidos com
óleo, símbolo de que eles estavam sendo revestidos com o poder do Espírito
Santo, como podemos ver na unção de Davi por Samuel, em 1Sm.16:13 - ". . .
daquele dia em diante o Espírito do Senhor se apossou de Davi".
-Ele atuava para fertilizar mulheres que eram estéreis. Uma mulher casada que não conseguia ter filhos,
sabendo que quem dá a vida é o Espírito, ia ao Tabernáculo ou ao Templo; lá, ou
ela orava ou o sacerdote pedia a Deus que abrisse o seu ventre. Ana, por
exemplo, é uma ilustração clássica para isto. Ela foi para o Tabernáculo para
orar por um filho. O sumo sacerdote Eli a princípio pensou que ela estivesse
bêbada, mas ela lhe disse que era uma mulher atribulada que tinha derramado seu
coração diante do Senhor. Eli respondeu: "Vai-te em paz, e o Deus de
Israel te conceda a petição que lhe fizeste" (1Sm.1:17). Mais tarde ela
deu à luz ao profeta Samuel. Apesar de o Espírito Santo não ser mencionado na
história, a nossa compreensão das suas funções, de acordo com o Salmo 104 (e Jó
33:4), nos mostra que cabia ao Espírito de Deus conceder vida.
3. A
Promessa do Consolador
“E, no último dia, o grande
dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, que
venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva
correrão do seu ventre. E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os
que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus
não ter sido glorificado” (João 7:37-39).
Houve
uma promessa do Consolador, mas para que essa promessa fosse concretizada um
acontecimento muito importante e essencial deveria acontecer: a Ressurreição de
Jesus Cristo e a Sua volta ao Céu. Está escrito: “Todavia, digo-vos a verdade:
que vos convém que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós;
mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei”.
Jesus
deixou claro aos seus discípulos que, antes de o Espírito Santo descer, Ele
próprio precisava subir. O Pentecostes somente pode acontecer depois da assunção
de Jesus. Apenas a ida de Jesus para cruz e para o Trono do Pai tornou possível
que Ele enviasse o Espírito Santo, o Consolador. Dessa maneira, a saída de
Jesus não apenas representa alegria para Si mesmo (João 14:28), mas também
ajuda para seus discípulos. Jesus já havia dito aos discípulos que Sua partida
tinha o propósito de preparar-lhes lugar (João 14:2), capacitá-los a fazerem
obras maiores (João 14:12), dar-lhes maior conhecimento (João 14:20) e chegar
mais perto deles, no Espírito (João 14:22).
A
promessa do Espírito Santo, portanto, foi concretizada nas Escrituras Sagradas
e ao longo da história da Igreja. Ainda hoje, milhares de pessoas experimentam
dia após dia a doce presença dessa Bendita Pessoa Divina.
II. O
ESPÍRITO SANTO CONSOLA E ENSINA
O
Espírito Santo é uma Pessoa - Ele consola, ensina e ajuda.
1. O
Consolador (João 16:7)
Consolador
- do
grego Parakletos, significa “aquele que anda ao lado”, como um eterno companheiro
(João 14:16-26). A palavra Consolador, a princípio, sugere passividade, como
alguém que aparece apenas em momentos maus para prestar socorro e trazer alento
ao coração. Porém, o sentido é maior que este. O Espírito Santo é um
companheiro inseparável, que sempre encoraja e exorta. Talvez a tradução mais
correta seja advogado, que é alguém que luta pela justiça em defesa de outrem.
Jesus
disse aos seus discípulos que partiria, mas apesar de ter perguntado de maneira
geral para onde Ele ia, eles não pareciam muito envolvidos (João 16:5). Eles
estavam mais preocupados com o próprio futuro que com o de Jesus (cf. João
16:6) – “...o vosso coração se encheu de tristeza”. Eles estavam cheios de
tristeza com relação aos seus problemas. Na verdade, perante eles estavam a
cruz e o túmulo; perante eles estava a perseguição no seu serviço para Cristo.
Mas
eles não seriam deixados sem auxílio e conforto do alto. Cristo enviaria o
Espírito Santo a fim de ser o Consolador deles (João 16:7). Era sobremaneira
importante para os discípulos que o Consolador viesse; Ele os capacitaria, encorajaria,
ensinaria e tornaria Cristo mais real para eles. Mas, o Consolar não viria até
que o Senhor Jesus voltasse ao Céu e fosse glorificado. Naturalmente, o
Espírito Santo havia estado no mundo antes disso, como já vimos, mas viria de
maneira nova: para convencer o mundo e ministrar aos redimidos.
2. O
Ensinador
“Mas aquele Consolador, o
Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas
as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14:26).
Muitos
dos que negam a personalidade do Espírito costumam apegar-se ao ensino de
Cristo de que o Espírito Santo dirigiria a Igreja (João 16:13), querendo, com
isto, ter base para suas ideias antibíblicas de consideração do Espírito como
uma força, porque, dizem eles, uma força se caracteriza por guiar, dirigir um
ser a um determinado lugar, chegando, mesmo, a nos trazer os conceitos físicos
a respeito dos atributos das forças, entre os quais está a direção.
No
entanto, analisando as palavras de Cristo, vemos que tal argumento não se
sustenta, porque a direção mencionada pelo Senhor não é, em absoluto, este
atributo cego indicado pelos falsos mestres, mas, sim, a direção proveniente de
um Mestre.
O
Espírito Santo nos dirige porque nos ensina e, naturalmente, que uma força não tem
o condão de ensinar quem quer que seja, mas tão somente uma Pessoa. Só uma Pessoa
pode ensinar, somente uma Pessoa pode ser Mestre, e o Espírito Santo tem como
uma de suas principais funções a de ensinar os discípulos do Senhor Jesus
enquanto aqui estiverem aguardando o seu Salvador.
Neste
ponto, também, cumpre aqui observar que estes falsos mestres também gostam de
mencionar a afirmativa de Cristo de que o Espírito Santo nos faria lembrar as
coisas que o Senhor nos tivesse dito (João 14:26), querendo, com isto, dar a
entender que o Espírito não passaria de uma força de evocação, de uma espécie
de “remédio para a memória” do crente, de um estímulo vindo da parte de Deus
para o exercício de nossa “memória espiritual”. Porém, isto não condiz com a
verdade.
Quando
Jesus diz que o Espírito Santo nos faria lembrar de tudo quanto o Senhor Jesus
nos tem dito, está a nos revelar uma face maravilhosa deste Professor e Mestre
que é o Espírito Santo. Ele não só é um Mestre (algo que uma força não pode
ser), como também é um Mestre dedicado, um Professor comprometido com os Seus
alunos. Como tem ensinado a psicologia educacional, um bom professor é aquele
que está preocupado em verificar se os seus alunos aprenderam e, por isso,
sempre os faz lembrar daquilo que os ensinou.
É
exatamente este o papel do Espírito Santo. Quando Ele nos faz lembrar, não é
porque seja uma força cega, um “remédio para a memória”, mas, bem ao contrário,
é um Professor dedicado, que mostra ser uma Pessoa não só porque ensina, mas
também porque ama e quer o melhor para os Seus alunos, quer que Seus alunos
efetivamente aprendam o que lhes foi ensinado. Tanto assim é que sua ação não é
meramente de lembrança, mas também de juízo de conveniência, pois nos lembrar o
que convém falar é algo que uma força jamais poderia fazer – “Porque na mesma
hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar” (Lc.12:12).
3. O
Ajudador
Em
João 14:16 está escrito que Jesus rogaria ao Pai a fim de dar “outro
Consolador”, para estar para sempre com a Igreja, consolá-la em suas angústias
e guiá-la pelas veredas da verdade. A palavra Consolador (Parakletos) quer
dizer alguém convocado ao lado do outro para ajudar; é o ajudador ou defensor,
um amigo no tribunal. É também traduzida como Advogado (1João 2:1). O Senhor
Jesus é nosso Advogado ou Auxiliador, e o Espírito Santo é “outro Consolador”,
não outro de um tipo diferente, mas outro de natureza semelhante. O Espírito
Santo estaria sempre com os cristãos. No Antigo Testamento, o Espírito Santo
descia sobre os homens em vários tempos, mas muitas vezes os deixava; agora,
Ele viria ficar “para sempre” (João 14:16b), a fim de ajudar a Igreja do
Senhor, protegê-la e livrá-la. O Espírito jamais deixaria os discípulos; daria
a eles consolo, direção e poder - nas horas mais amargas, daria consolo; nas
horas mais confusas, daria direção; nas horas mais cruciais, daria poder.
III. O
ESPÍRITO SANTO REPROVA E CONVENCE O MUNDO
O
ministério precípuo do Espírito Santo é levar o pecador ao Salvador e torná-lo
parecido com Ele. Sua obra tem início em nós ao convencer-nos do pecado – “E,
quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo: do
pecado, porque não creem em mim” (João 16:8,9). Convencer quer dizer “expor
os fatos, convencer alguém da verdade, acusar, refutar ou interrogar uma
testemunha”. Vejamos algumas atuações do Espírito Santo na vida do ser humano.
1. O
Espírito Santo convence o mundo do pecado (João 16:9)
“do pecado, porque não creem
em mim”.
O
pecado do mundo é a falta de fé em Jesus. O maior pecado é a recusa em crer em
Jesus (João 3:18). Aqueles que rejeitam a Jesus estão correndo o risco da
separação eterna de Deus.
Diz-nos
Jesus que o Espírito Santo teria como uma de suas principais atividades nesta
dispensação a do convencimento do mundo do pecado; mundo aqui é entendido como
o conjunto de pessoas perdidas, a humanidade sem Deus e sem salvação. O
convencimento do pecado seria devido ao fato de os homens não crerem em Jesus.
Ora, é por isso que Deus concede aos homens a fé salvadora, que é a aptidão
para crer em Jesus.
O
Espírito Santo, portanto, é o Agente que promove o contato entre o homem e o
Deus Criador, através do Redentor Jesus Cristo (João 6:44). No Antigo
Testamento a base desse contato era a Lei e os Profetas; no Novo Testamento é a
Pessoa de Jesus Cristo (Rm.3:21-24); caso aceite o convite da graça, o pecador
é convencido de seu pecado e conduzido ao arrependimento (Ap.3:20).
É
bom que entendamos que o trabalho de convencimento do ser humano é do Espírito
Santo e não dos homens. Por isso, na nossa tarefa de evangelização, não devemos
ter a presunção de “convencer” as pessoas. Certa feita, alguém declarou que a
salvação é um processo simples, pois se reduz a um exercício racional dos mais
evidentes. O que é melhor: viver eternamente ou morrer eternamente?
Evidentemente que a pessoa dirá que é viver eternamente. Entretanto, não é algo
tão simples assim. Não há raciocínio humano que consiga gerar a fé salvadora; ela
é um dom de Deus e somente é recebida em nosso homem interior se formos
convencidos pelo Espírito Santo, somente se nos dispusermos a crer em Cristo.
Todavia, para que isto ocorra, faz-se necessário que o homem assuma a sua
condição pecaminosa. É preciso ser convencido do pecado, ou seja, o homem
precisa reconhecer que é um pecador, que desobedece a Deus e que deve servi-lo.
Este gesto somente será tomado se a pessoa atender ao Espírito de Deus, se
abrir o seu coração a Deus e permitir que Ele faça morada nele (Jo.14:23).
Este
reconhecimento de que se é pecador e que é preciso mudar seu comportamento
diante de Deus é o arrependimento, que é um ato do processo da salvação que
depende única e exclusivamente do homem. É por este motivo que todos não serão
salvos, pois a salvação não depende exclusivamente de Deus, mas tem participação
humana, que é a apropriação da fé e, consequentemente, o reconhecimento de que
se é um pecador e que se precisa de um Salvador.
O
arrependimento é o que devemos proclamar. Jesus, ao iniciar a pregação do
Evangelho, tinha como mensagem principal a do arrependimento - “Arrependei-vos
e crede no Evangelho” (Mc.1:15). A palavra grega para “arrependimento” é “metanóia”,
cujo significado é “mudança de mentalidade”, “mudança de pensamento”, “mudança
de atitude”. O arrependimento, pois, envolve uma modificação de desejos, ações
e concepções de vida. Não é possível uma salvação sem arrependimento. Não é
possível uma salvação com base em emoções passageiras. Não é possível uma
salvação em que as pessoas continuam a praticar as mesmas coisas do passado.
Por
isso, devemos diferenciar entre arrependimento e remorso. O remorso é, assim
como o arrependimento, uma tristeza que vem ao homem por causa de atos
praticados; entretanto, enquanto o arrependimento gera uma mudança de atitudes,
o remorso é tão somente esta tristeza, sem qualquer mudança de comportamento. O
remorso é incapaz de gerar salvação, como nos mostram os exemplos bíblicos de
Caim (Gn.4:13,14), Esaú (Hb.12:7), Faraó (Ex.10:16,17), Judas Iscariotes
(Mt.27:3-5).
Portanto,
o Espírito Santo é indispensável para que o homem seja convencido do pecado e,
assim, resolva se arrepender dos seus pecados e mudar a direção da sua vida,
que é o que denominamos de "conversão". A fé salvadora, como nos
explica Paulo, é um dom de Deus e, como tal, é algo que é trazido ao nosso ser
pelo Espírito Santo. Não é possível que alguém se arrependa de seus pecados sem
que o faça por força da atuação do Espírito Santo.
2. O
Espírito Santo convence o mundo da Justiça (João 16:10)
“da justiça, porque vou para
meu Pai, e não me vereis mais”.
A
justiça de Deus foi plenamente manifestada ao mundo no sacrifício de Cristo na
cruz. Ao se tornar nosso substituto e morrer em nosso lugar, Ele cumpriu por
nós cabalmente todas as demandas da Lei e satisfez todos os reclamos da justiça
divina. O Espírito Santo veio ao mundo para convencer o ser humano dessa
verdade gloriosa. Por sua ressurreição e ascensão, Jesus provou ser um Homem
justo, e tudo quanto afirmou de Si, com relação à divindade, foi dado como
justo e autêntico. A ressurreição e a ascensão de Jesus ainda hoje são o
fundamento sobre o qual o Espírito Santo convence o mundo que Jesus é o Cristo,
o Filho de Deus.
3. O
Espírito Santo convence o mundo do Juízo (João 16:11)
“e do juízo, porque já o
príncipe deste mundo está julgado”.
O
Espírito Santo também convence o mundo “do juízo” vindouro. O fato de Ele estar
aqui significa que o Diabo já foi condenado na cruz e que todos os que recusam
o Salvador compartilharão do seu terrível julgamento num Dia ainda futuro.
A
atuação do Espírito Santo é mostrar que, por meio da morte e ressurreição de
Cristo, “já o príncipe deste mundo está julgado” e condenado. Embora Satanás
ainda se esforce ativamente para insensibilizar, intimidar e iludir os que
estão neste mundo (1Pd.5:8), nós devemos tratá-lo como um criminoso condenado,
pois Deus determinou a ocasião da sua execução (cf. Ap.20:2,7-10). Portanto,
sua condenação foi decidida, e sua sentença já foi declarada. Cada vez que
Cristo é proclamado na pregação, sob o poder do Espírito Santo, Satanás sofre mais
uma perda, e cada alma salva é nova prova de que o Diabo está “julgado”.
Pode
ser que a derrota de Satanás não seja evidente, quando lemos os jornais e
ligamos a televisão, mas Satanás é um inimigo vencido em princípio. Ele ainda
arrisca sua guerra de pecado, mas sua destruição total e afastamento da terra
estão próximos. Até lá ele vai intensificar suas atividades. Perversões,
permissividade, violência e centenas de outras tendências sinistras se
manifestam em todo o mundo com uma intensidade que houve provavelmente só nos
dias de Noé. O Espírito Santo veio para nos mostrar estas coisas, porque Ele
tem muito a ver com as profecias bíblicas.
CONCLUSÃO
Aprendemos
aqui quão importante é atuação do Espírito Santo no Plano da Redenção. A Bíblia
ensina, e todos nós sabemos isto de experiência própria, que todos pecaram e
estão afastados da presença gloriosa de Deus (Rm.3:23). Um pecador não pode
herdar a vida eterna. Todos que nasceram neste mundo revivem a queda de Adão.
Todos nascem com a semente do pecado dentro de si, e ao chegarem à idade
responsável não tardam a ser culpados de multidão de pecados. É bom entender
que há diferença entre pecado e pecados. O pecado é a raiz, os pecados são os
frutos. Pode ser que alguém não esteja consciente de que seu maior problema é o
pecado, ou que o pecado o separou da comunhão com Deus. Por isso é tarefa do
Espírito Santo alertá-lo e convencê-lo do seu pecado. Ele não pode experimentar
a salvação sem que isto aconteça.
Vimos
que o Espírito Santo não só convence de pecado, Ele convence as pessoas também
que Jesus é a justiça de Deus. Ele mostra aos pecadores que Jesus é o caminho,
a verdade e a vida, e que ninguém vem ao Pai a não ser por Ele.
Vimos,
também, que o Espírito Santo também convence o mundo do juízo, porque o
príncipe deste mundo já está julgado, e todos os que recusarem a oferta de vida
eterna que Deus faz também serão julgados. Quando o apóstolo Paulo, diante do
rei Agripa, falando do que Cristo tinha feita em sua vida, disse que na estrada
para Damasco, na hora da sua conversão, Deus lhe tinha revelado o tipo do seu
ministério - seria apóstolo entre os gentios, para "lhes abrir os olhos a
fim de que se convertessem das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para
que recebessem remissão de pecados..." (Atos 26:18). Enfim, sem a presença
do Espírito Santo, o mundo seria deveras ainda mais tenebroso. Bendito seja a
Sua gloriosa presença!
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Luciano de Paula Lourenço –
EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
Comentário Bíblico popular (Novo e Antigo Testamento) - William
Macdonald.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
O Espírito Santo. Billy Graham. EDIÇÕES VIDA NOVA.
Caramuru Afonso Francisco. A Promessa a Salvação. PortalEBD_2007.
Glória a Deus!
ResponderExcluirAleluia!
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