No 4º Trimestre letivo
de 2022, estudaremos, através das Lições Bíblicas da CPAD, sobre o seguinte
tema: “A justiça divina: preparação do povo de Deus para os últimos dias no
Livro de Ezequiel”. O comentarista das Lições é o pastor Esequias Soares. As
lições estão distribuídas sob os seguintes assuntos:
Lição 1. Ezequiel, o Atalaia de Deus.
Lição 2. Vem o Fim.
Lição 3. As Abominações do Templo.
Lição 4. Quando se vai a Glória de Deus.
Lição 5. Contra os falsos profetas.
Lição 6. A Justiça de Deus.
Lição 7. A responsabilidade é
individual.
Lição 8. O Bom Pastor e os pastores infiéis.
Lição 9. Gogue e Magogue: um Dia de Juízo.
Lição 10. A Restauração nacional e espiritual
de Israel.
Lição 11. A Visão do Templo e o Milênio.
Lição 12. Imersos no Espírito nos Últimos Dias.
Lição
13. O Senhor está ali.
Como se observa, as lições deste trimestre têm
como base o Livro de Ezequiel. Este livro reúne elementos biográficos com cenas
dramáticas e mensagens apocalípticas. Segundo Charles Lee Feinberg, “do
primeiro ao último capítulo, encontramos em Ezequiel a ideia central da
soberania e da glória do Senhor Deus. Ele é soberano em Israel e nos assuntos
das nações do mundo, ainda que a jactância ruidosa dos homens pareça ter abalado
essa verdade. Em sua vontade soberana, Deus nos criou com o propósito de
glorificá-lo em vida e dar testemunho dele até os confins da terra”.
Na leitura de Ezequiel, encontramos temas e
profecias importantes:
-Capítulos 1 a 7 descrevem o início da missão
de Ezequiel, e frisam sua posição, dada por Deus, como atalaia de Israel.
-Capítulos 8 a 15 apresentam, de maneira
inesquecível, a mensagem triste de que Deus não habitaria mais no templo em
Jerusalém devido à rebeldia constante do povo.
-Capítulos 16 a 20 frisam o amor de Deus para
com seu povo rebelde, mostrando seu desejo de salvar todos.
-Capítulos 20 a 24 contêm figuras dramáticas
da corrupção espiritual que traria sobre o povo a ira de Deus.
-Capítulos 25 a 32 e 35 comunicam profecias
sobre outras nações ao redor de Judá.
-Capítulos 33 e 34 revelam vários dos motivos
pelo castigo do povo, especialmente culpando os líderes religiosos corruptos.
-Capítulos 36 a 39 asseguram Israel da
intenção do Senhor de restaurar seu povo e protegê-lo contra inimigos.
-Capítulos 40 a 48 utilizam figuras do sistema
do Antigo Testamento para descrever o reino de Cristo e a bênção da comunhão
com ele.
O mais extraordinário acerca do livro de
Ezequiel (diferente de Jeremias e, em menor grau, de Isaias e grande parte dos
profetas menores) é sua ênfase não sobre o juízo, mas sobre o consolo do povo
de Deus. Junto do rio Quebar (afluente do rio Eufrates), talvez um equivalente
antigo de um campo de concentração, próximo à Babilônia, o profeta Ezequiel
escreveu suas profecias para dar ânimo aos exilados judeus.
O autor do Livro foi o profeta Ezequiel, Filho
de Buzi (Ez.1:3). O pr. Esequias Soares argumenta em seu livro que ”Ezequiel
inaugurou o estilo literário apocalíptico no Antigo Testamento; o profeta
começa e termina o seu livro com oráculos divinos apocalípticos (capítulos 1;
capítulos 8-11 e 40-48). Esse gênero caracteriza-se pela presença de símbolos,
sonhos e visões, e o livro de Apocalipse é um exemplo clássico desse modelo
literário. Para uma linha de interpretação escatológica da teologia cristã, não
é possível compreender o livro de Apocalipse sem Ezequiel. A restauração de
Israel é um dos sinais que indicam a volta de Cristo para buscar sua Igreja.
Além disso, a descrição do milênio depende basicamente da visão descrita pelo
profeta Ezequiel”.
Ezequiel, que significa “Deus fortalece” ou
“fortalecido por Deus”, foi um dos habitantes de Judá levados à Babilônia na
segunda deportação de cativos, onze anos antes da destruição de Jerusalém. Tinha
sido sacerdote em Jerusalém (Ez.1:3). Talvez ele tenha ministrado no Templo,
visto que seus escritos demonstram ter ele amplo conhecimento daquele
santuário. Durante o quinto ano (Ez.1:2) do seu cativeiro em 592 a.C., foi
chamado pelo Senhor para ser profeta, e exerceu esse ofício durante ao menos 22
anos (Ez.29:17).
O Livro inicia-se com a chamada de Ezequiel
para ser profeta e um atalaia para Israel (Ez.1-3). Ao ser chamado, ele começou
imediatamente pregar e a demonstrar a verdade de Deus, ao profetizar o cerco e
a destruição de Jerusalém (Ez.4-24). Esta devastação seria um castigo divino
pela idolatria do povo. Durante o seu ministério ele pregou nas ruas da
Babilônia por 22 anos, falando a todos sobre o julgamento e a salvação de Deus,
conclamando-os ao arrependimento e à obediência. Também, dirigiu-se às nações
vizinhas a Judá, anunciando que Deus também as julgaria por seus pecados (Ez.25-32).
O livro é concluído com uma mensagem de esperança; Ezequiel proclama a
fidelidade de Deus e prediz as bençãos futuras que estão reservadas para o seu
povo (Ez.33-48).
William Macdonald divide a profecia de
Ezequiel em três partes:
-Na primeira parte, o profeta começa com uma
relação dos pecados de Judá e adverte acerca do juízo iminente de Deus
acompanhado da deportação do povo e da destruição de Jerusalém. Os fatos são
anunciados de modo vívido por meios de visões e atos simbólicos incomuns. Uma
nuvem resplandecente que representava a presença de Deus paira sobre o Templo e
depois se afasta com relutância. Esse acontecimento indicou que Deus não
poderia mais habitar no meio de seu povo por causa dos pecados, e sua espada de
juízo desceria em breve sobre o Templo profanado.
-A segunda parte condena os vizinhos de Judá
por sua idolatria e pelo modo cruel com que trataram o povo de Deus. Fala dos
amonitas, moabitas, edomitas, filisteus, tírios, sidônios e egípcios.
-Na terceira parte, Ezequiel trata da
restauração e reunião de Israel e Judá. Quando o povo se arrepender de seus
pecados, Deus colocará neles o seu Espírito. O Messias virá para seu povo e
destruirá os últimos adversários. O Templo será reconstruído, e a glória do
Senhor voltará a enchê-lo. As profecias que ainda não se cumpriram anteveem o
milênio, o período de mil anos no qual Cristo reinará na Terra.
Ezequiel, filho de Buzi, havia sido sacerdote
em Jerusalém (Ez.1:3). Agora, como cativo de Nabucodonosor na terra dos
Caldeus, o Senhor o chamou para ser profeta aos 30 anos de idade (Ez.1:1). Como
sacerdote, ele tinha levado os homens a Deus; como profeta, ele continuou
realizando esse ministério, mas precisou estar mais próximo de Deus do que
antes. Como sacerdote, esteve próximo dos homens em seus sofrimentos, para
poder levá-los a Deus; como profeta, precisou estar próximo o suficiente de
Deus para receber suas mensagens para ser entregue aos homens.
Por que Deus vocacionou Ezequiel para tão
nobre missão, na Babilônia? Falsos profetas haviam surgido entre os exilados
que lhes diziam o que os israelitas queriam ouvir - que haveria um retorno
rápido para sua terra natal. Naquela época, Jeremias profetizava em Jerusalém,
e tinha enviado uma carta para comunidade dos exilados, anunciando-os que seu
cativeiro duraria 70 anos e que, enquanto isso, eles deveriam submeter-se à
vontade e aos caminhos de Deus (Jr.29). Nem todos gostaram de ouvir o que
Jeremias tinha dito, e havia uma inquietação junto ao rio Quebar. Essa mensagem
havia sido enviada no quarto ano do reinado de Zedequias (Jr.51:59), que também
era o quarto ano do cativeiro. No quinto ano do cativeiro, Deus levantou
Ezequiel de entre os exilados; ele, semelhantemente a Jeremias, declararia, de
maneira autêntica e ousada, a verdade de Deus ao povo. A verdade era que Deus
traria juízo sobre o povo de Judá por causa de seus pecados abomináveis.
Ezequiel foi escolhido como atalaia ou vigia
para alertar o povo sobre os perigos da idolatria. Ele enfrentaria um povo
obstinado, mas Deus o tornaria ainda mais obstinado em relação à mensagem
divina que ele iria transmitir do que o povo era contra ela. Eles eram duros
como a pederneira, mas Ezequiel seria como diamante, mais forte do que a
pederneira (Ez.3:9). Ele não deveria temê-los por causa dos seus olhares de
pederneira, não importava a sua rebeldia. Maior era aquele que estava com
Ezequiel do que aqueles que eram contra ele. Quer as pessoas ouvissem quer
deixassem de ouvir (Ez.3:11), Ezequiel foi comissionado e fortalecido a
anunciar a ruína delas (caps.3-34), a ruína dos seus vizinhos pagãos
(caps.25-32), mas, também, o amanhecer de um novo dia (caps.33-48).
Ezequiel foi um homem que escolheu obedecer a
Deus. Ele viveu o que pregou. Durante o seu ministério, Deus lhe pediu que
ilustrasse suas mensagens com dramáticas lições: (a) deitar-se do lado esquerdo
por 390 dias e comer alimentos cozidos sobre esterco de animais (Ez.4:15); (b)
raspar sua cabeça e barba, e (c) não demonstrar qualquer sofrimento ou tristeza
por ocasião da morte de sua esposa (Ez.24:16). Ezequiel obedeceu e proclamou
fielmente a Palavra de Deus.
Ezequiel foi levado cativo para Babilônia por Nabucodonosor
em 597 a.C. (1Rs.24:14). Quando Nabucodonosor invadiu Judá pela primeira vez em
606 a.C., ele capturou Jerusalém e levou diversos homens proeminentes,
incluindo Daniel; isso deu início aos 70 anos de cativeiro. Oito anos mais
tarde, em 597 a.C., depois que Jerusalém havia se revoltado, Nabucodonosor
invadiu a capital de Judá pela segunda vez, levando, dessa vez, 10.000 homens
importantes para o exílio, incluindo Ezequiel. Zedequias, filho do rei Josias,
foi estabelecido rei em Jerusalém, mas depois de onze anos esperando pela ajuda
do Egito, ele revoltou-se contra Nabucodonosor. Por causa da rebelião de
Zedequias, o rei da Babilônia voltou sua fúria pela terceira vez contra
Jerusalém. Depois de um cerco que demorou três anos, ele destruiu a cidade, o
Templo e o reino de Judá, matando ou deportando o povo em grande número.
Ezequiel viveu nesse período turbulento; não
obstante, ele anunciou suas advertências e proclamou mensagens de conforto e
exortação como profeta do Senhor. Ele era uma sentinela para advertir os
infiéis, e um homem com bálsamo para os fiéis. Diferentemente dos falsos
profetas, que não haviam recebido mensagem alguma, mesmo assim pregavam
(Jr.29:31), Ezequiel recebeu seus oráculos do próprio Senhor. Talvez mais do que
qualquer outro profeta, o que ele tinha a dizer sentia-se compelido a transmitir
a mensagem como o Senhor lhe tinha ordenado. Os judeus alimentavam a falsa
esperança de voltar em breve a Jerusalém, daí Ezequiel lhes mostrar a
necessidade de se voltarem, primeiramente, para o Senhor.
Ezequiel datou suas profecias com precisão. A
primeira profecia (Ez.1:2) é do quinto ano de Joaquim no exilio (593 a.C.); a última
profecia é datada de 571 a.C. (Ez.29:17). Seu ministério durou, portanto, 22
anos. Se, como iniciante de sacerdote, Ezequiel começou seu ministério sacerdotal
aos vinte e cinco anos (início para o serviço no ministério da tenda da
congregação - Nm.4:3), então ele estava com mais de cinquenta anos quando
terminou de profetizar, haja vista que ele foi chamado ao ministério profético
aos 30 anos de idade (Ez.1:1). Enquanto Daniel participou dos 70 anos de
cativeiro, Ezequiel deve ter morrido antes do seu fim.
Portanto, o estudo do livro de Ezequiel nos
oferece o privilégio de ver a vontade de Deus desdobrar por meio de imagens
dramáticas apresentadas pelo profeta Ezequiel, que destemidamente pregou a
Palavra de Deus nas ruas da Babilônia. Os registros de Ezequiel removem o véu
para revelar a justiça de um Deus que se preocupa com seus servos e que
continua reinando sobre os assuntos humanos.
Que neste trimestre, todos os que vão
participar das lições propostas possam entender a mensagem de Deus através do
livro de Ezequiel; que as revelações ali contidas possam trazer edificação
espiritual para todos, e que possamos refletir sobre como a justiça de Deus se
relaciona com a santidade e a Sua glória. Que venhamos a pensar na
responsabilidade que cada um tem de confiar em Deus e sobre o inevitável juízo
contra a idolatria, a rebelião e a indiferença a Deus. Que venhamos a nos
comprometer a obedecer a Deus em todo o tempo, em todos os lugares e em todos
os aspectos e circunstâncias de nossa vida. Enfim, esperamos que todos sejam
edificados e tenham a sua fé fortalecida na esperança da vinda de Cristo que se
aproxima.
Luciano
de Paula Lourenço
IEADTC/Fortaleza-CE
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