segunda-feira, 2 de junho de 2025

A PROMESSA DO ESPÍRITO SANTO

      2º Trimestre de 2025

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 10

Texto Base: João 14:16-18; 16:7,8,13; 20:21,22

“E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo” (João 20:22).

João 14:

16.E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre,

17.o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós.

18.Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.

João 16:

7.Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei.

8.E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo:

13.Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.

João 20:

21.Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.

22.E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.

INTRODUÇÃO

A promessa do Espírito Santo ocupa um lugar central nos ensinamentos de Jesus aos seus discípulos, especialmente nos momentos que antecederam Sua crucificação. Em João 14:16-18; 16:7,8,13 e 20:21,22, encontramos palavras de consolo e esperança, onde o Mestre assegura que não deixaria os seus seguidores órfãos, mas enviaria o Consolador para habitar neles e guiá-los em toda a verdade.

Nesta lição, examinaremos a promessa do Espírito Santo conforme ensinada por Jesus, destacando seu papel essencial na vida e missão dos discípulos. O Espírito Santo não apenas habita nos crentes, fortalecendo-os e capacitando-os para cumprir a vontade de Deus, mas também age como Mestre, Conselheiro e Intercessor. Além disso, veremos o impacto transformador da descida do Espírito no Dia de Pentecostes, quando os discípulos foram revestidos de poder para testemunhar com ousadia e propagar o Evangelho ao mundo.

Dessa forma, ao estudarmos essa promessa, somos convidados a compreender e experimentar mais profundamente a atuação do Espírito Santo em nossa própria jornada de fé, permitindo que Ele nos conduza, fortaleça e transforme, capacitando-nos para viver segundo a vontade de Deus e testemunhar o Seu Reino.

I. A PROMESSA DO PAI

1. Jesus envia o Consolador

Ao se despedir dos seus discípulos, Jesus lhes assegurou que não os deixaria sozinhos, mas rogaria ao Pai para que lhes enviasse "outro Consolador" (João 14:16). A palavra grega utilizada para "Consolador" é Parákletos, que significa aquele que está ao lado para ajudar, interceder e fortalecer. Isso revela que a missão do Espírito Santo não seria apenas momentânea, mas contínua e permanente na vida dos discípulos: "para que fique convosco para sempre".

No versículo seguinte, Jesus acrescenta: "o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós" (João 14:17). Aqui, Cristo destaca dois aspectos fundamentais da atuação do Espírito Santo: primeiro, sua exclusividade para aqueles que creem, pois o mundo, em sua incredulidade, não pode recebê-lo; segundo, sua presença íntima e permanente dentro do crente, indicando que Ele não apenas acompanha externamente, mas faz morada no interior do discípulo.

Já em João 16:8, Jesus revela que uma das funções do Espírito Santo será convencer o mundo "do pecado, da justiça e do juízo". Essa obra do Espírito é essencial para a regeneração humana, pois Ele ilumina a consciência das pessoas, demonstrando-lhes a necessidade do arrependimento e da salvação em Cristo. Assim, o Espírito Santo age como agente divino na conversão dos pecadores, na edificação da Igreja e na capacitação dos discípulos para o cumprimento da missão de Deus.

Portanto, a promessa do envio do Consolador não apenas assegura a continuidade da presença divina entre os crentes, mas também revela a atuação poderosa e transformadora do Espírito Santo, conduzindo os discípulos na verdade, fortalecendo-os em sua caminhada e capacitando-os para testemunhar eficazmente o Evangelho.

2. O Consolador

A designação do Espírito Santo como "Consolador" (Parákletos) é um dos títulos mais significativos atribuídos a Ele por Jesus. A palavra grega Parákletos refere-se a alguém chamado para estar ao lado de outra pessoa com a finalidade de ajudar, fortalecer, encorajar e interceder. No contexto bíblico, essa função se manifesta tanto no apoio aos discípulos quanto na revelação da verdade e na capacitação espiritual para a obra do Reino.

Quando Jesus promete enviar "outro Consolador" (allos Parákletos) em João 14:16, Ele está indicando que o Espírito Santo será para os discípulos aquilo que Ele mesmo foi enquanto esteve fisicamente entre eles. O termo grego allos significa "outro da mesma espécie", ou seja, o Espírito Santo não é diferente em essência de Cristo, mas compartilha da mesma natureza divina. Isso reforça tanto a personalidade do Espírito Santo quanto sua divindade, em plena igualdade com o Pai e o Filho dentro da Trindade.

Além de ser o Consolador, o Espírito Santo também é o Advogado dos crentes. No sentido jurídico, Parákletos pode ser traduzido como "intercessor" ou "defensor", alguém que pleiteia uma causa em favor de outra pessoa. Em 1João 2:1, Jesus é chamado de "Advogado" (Parákletos) junto ao Pai, o que confirma que o Espírito Santo continua a obra de Cristo ao guiar, ensinar e interceder pelos crentes.

Portanto, a promessa do Consolador não se trata apenas de uma presença reconfortante, mas de uma atuação ativa e transformadora. Ele instrui na verdade (João 16:13), fortalece na adversidade (Atos 4:31), capacita para a missão (Atos 1:8) e intercede em favor dos santos (Romanos 8:26,27). Sua presença é a garantia de que os discípulos nunca estariam sozinhos, mas sempre acompanhados pelo poder de Deus em suas vidas.

3. “Não vos deixarei órfãos” (João 14:18)

A promessa de Jesus em João 14:18 — “Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós” — é uma afirmação profunda de cuidado, presença e continuidade da sua missão na vida dos discípulos. Ao dizer isso, Cristo estava assegurando que sua partida não significava abandono, mas sim a vinda de uma nova forma de relacionamento com os seus seguidores por meio do Espírito Santo.

Na cultura judaica, a orfandade representava uma condição de vulnerabilidade extrema. Um órfão ficava desprotegido, sem direção e sem esperança. Ao usar essa metáfora, Jesus revelou o impacto que sua partida teria sobre os discípulos, mas também garantiu que eles não ficariam desamparados. O Espírito Santo seria enviado para continuar sua obra e trazer a presença de Cristo de maneira real e contínua.

Essa promessa tem um significado teológico profundo. O Espírito Santo não apenas vem em nome de Cristo, mas torna Cristo presente nos crentes. Sua atuação revela e glorifica Jesus (João 16:14), aplica os méritos da redenção aos corações dos discípulos e faz com que os ensinamentos de Cristo sejam eficazes em suas vidas. Assim, quando o Espírito Santo é derramado, Cristo verdadeiramente retorna àqueles que creem, não em um sentido físico, mas por meio da habitação do Espírito.

Além disso, essa promessa reforça a comunhão íntima entre Jesus e seus seguidores. A vinda do Espírito Santo marca o início de uma nova fase da relação entre Deus e a humanidade, em que a presença de Cristo não estaria mais restrita a um corpo físico, mas seria vivida espiritualmente por todos os crentes ao longo da história.

Portanto, a promessa de que não seríamos órfãos significa que jamais estaremos sozinhos. O Espírito Santo nos guia, nos ensina, nos fortalece e nos conduz na caminhada cristã, garantindo que a obra redentora de Cristo continue em cada um de nós até a consumação dos tempos.

Sinopse I – A PROMESSA DO PAI

-A promessa do Espírito Santo, feita por Jesus aos seus discípulos, revela o compromisso divino de prover direção, consolo e transformação àqueles que seguem a Cristo. Jesus garantiu que não deixaria os seus seguidores desamparados, mas enviaria "outro Consolador" (João 14:16,17), a Terceira Pessoa da Trindade, que habitaria neles e os capacitaria para a missão.

-O Espírito Santo, identificado como o "Parákletos", desempenha o papel de ajudador, advogado e encorajador. Sua vinda não apenas assegura a presença contínua de Cristo na vida dos crentes, mas também reafirma a divindade e unidade da Trindade. Como Jesus declarou: "Não vos deixarei órfãos" (João 14:18), evidenciando que, por meio do Espírito, Ele permaneceria com os seus discípulos.

-Além de consolar, o Espírito Santo tem um papel ativo na convicção do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8), conduzindo os fiéis à verdade e aplicando os méritos da redenção em suas vidas. Assim, a promessa do Pai é o cumprimento da presença divina entre os homens, garantindo que os discípulos de Cristo jamais estejam sozinhos e tenham a orientação necessária para cumprir a vontade de Deus.

II. O ESPÍRITO SANTO HABITA OS DISCIPULOS

1. João 20:22

“Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”.

A passagem de João 20:19-23 descreve o momento em que Jesus aparece aos discípulos após a ressurreição. Eles estavam reunidos com as portas trancadas por medo dos judeus, quando Jesus se colocou no meio deles e os saudou com "Paz seja convosco" (João 20:19). O fato de que Ele apareceu de forma súbita, apesar das portas fechadas, indica que já possuía um corpo glorificado.

Após essa saudação, Jesus mostrou-lhes as mãos e o lado, confirmando sua identidade (João 20:20). Somente então, os discípulos se alegraram ao vê-lo vivo. Neste contexto, Ele os comissiona para a missão, dizendo: "Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio" (João 20:21). O verso seguinte, João 20:22, registra que Jesus soprou sobre eles e disse: "Recebei o Espírito Santo", um evento que antecipa o derramamento do Espírito no Pentecostes (Atos 2:1-4).

Ao olharmos para o contexto anterior (João 20:1-18), encontramos Maria Madalena testemunhando a ressurreição e a sua emocionante interação com Jesus. Isso prepara o cenário para a revelação do Cristo ressuscitado aos discípulos no cenáculo.

Já no contexto imediato posterior (João 20:24-31), encontramos o episódio de Tomé, que duvidava da ressurreição e só creu ao tocar nas chagas do Senhor. Isso reforça a importância da fé na revelação de Jesus.

O capítulo 21 complementa esse panorama ao mostrar uma nova aparição de Jesus aos discípulos, evidenciando seu papel como Senhor ressurreto e reafirmando a missão apostólica.

Portanto, João 20:22 deve ser interpretado dentro desse grande contexto da ressurreição e comissionamento apostólico, mostrando que o Espírito Santo seria dado para capacitação da missão que estava apenas começando.

2. O sentido de “assoprou sobre eles” o Espírito Santo

O ato de Jesus assoprar sobre os discípulos e dizer-lhes: "Recebei o Espírito Santo" (João 20:22) é profundamente simbólico e tem um significado teológico essencial. Este gesto remete à criação do homem, quando Deus soprou o fôlego da vida em Adão (Gênesis 2:7). Assim, Jesus, como o Segundo Adão, comunica nova vida espiritual aos seus discípulos, prefigurando a plenitude do derramamento do Espírito no Pentecostes (Atos 2:1-4).

Ao soprar sobre eles, Jesus não apenas antecipa a descida do Espírito Santo, mas também confere uma capacitação inicial para a missão que eles em breve desempenhariam. O teólogo D.A. Carson, citando João Calvino, destaca que esse momento pode ser entendido como uma aspersão preliminar do Espírito, enquanto a plenitude viria apenas no Pentecostes. Dessa forma, os discípulos receberam um fortalecimento imediato, mas aguardariam ainda o revestimento total de poder para cumprirem a Grande Comissão.

Esse episódio demonstra que a habitação do Espírito Santo nos discípulos não é um mero evento isolado, mas um processo progressivo dentro do plano redentor de Deus. Em João 14:17, Jesus já havia anunciado que o Espírito “habita convosco e estará em vós”, indicando que a presença do Espírito Santo seria contínua e permanente.

Portanto, João 20:22 marca um ponto de transição entre a Antiga Aliança e a Nova Aliança no Espírito. Jesus garante que seus discípulos não apenas receberiam a missão de pregar o Evangelho ao mundo, mas seriam devidamente capacitados pelo próprio Espírito Santo, cumprindo assim a Promessa do Pai e estabelecendo a Igreja como agência do Reino de Deus na Terra.

3. Um episódio anterior ao Pentecostes

A declaração de Jesus em João 20:22 — “Recebei o Espírito Santo” — acompanhada do gesto simbólico de soprar sobre os discípulos, marca um evento significativo que antecede o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes (Atos 2). Esse episódio, ocorrido logo após a ressurreição de Cristo, não substitui, mas prepara os discípulos para o evento futuro de Atos.

Nesse momento, os discípulos recebem o Espírito de forma regeneradora e vivificadora, tornando-se nova criação em Cristo, conforme ensinado por Paulo em Romanos 8:9-14 e Gálatas 5:16-26. Esse ato simboliza a obra do Espírito Santo na regeneração, cumprindo o que Jesus havia dito a Nicodemos sobre o novo nascimento pelo Espírito (João 3:5-8).

Entretanto, em Atos 1:8, Jesus fala de um revestimento de poder que viria sobre os discípulos para a missão. Isso indica que a experiência de João 20:22 foi distinta do Pentecostes, pois a promessa do batismo no Espírito Santo para capacitação ainda estava por vir (Atos 2:1-4).

O verbo “soprou” (gr. enephusēsen) ocorre na Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento), em Gênesis 2:7, quando Deus soprou o fôlego de vida no homem, dando-lhe existência. Dessa forma, o gesto de Jesus remete ao ato criador, indicando que os discípulos estavam experimentando um novo nascimento espiritual.

Essa regeneração pelo Espírito em João 20:22 não substitui o revestimento de poder do Pentecostes, mas confirma que os discípulos passaram a ser habitação do Espírito, inaugurando a Nova Aliança. Posteriormente, com o derramamento do Espírito em Atos 2, eles seriam capacitados para proclamar o Evangelho com ousadia, conforme Jesus havia ordenado (Atos 1:8).

Sinopse II – O ESPÍRITO SANTO HABITA OS DISCÍPULOS

-O Espírito Santo não apenas capacita, mas também habita nos discípulos de Cristo, inaugurando uma nova realidade espiritual na vida da Igreja. No episódio descrito em João 20:22, Jesus sopra sobre os discípulos e declara: "Recebei o Espírito Santo", simbolizando a regeneração e a nova criação que ocorre quando o Espírito passa a habitar nos crentes. Esse evento antecede o Pentecostes, onde o Espírito viria capacitá-los com poder para a missão.

-Essa habitação do Espírito transforma os discípulos em nova criação, tornando-os guiados, vivificados e governados pelo Espírito, conforme ensinado em Romanos 8:9-14 e Gálatas 5:16-26. O sopro de Jesus remete ao ato criador de Gênesis 2:7, indicando que, assim como Deus deu vida ao primeiro homem, agora Cristo concede vida espiritual aos seus seguidores.

-Entretanto, a descida do Espírito no Pentecostes (Atos 2) foi uma experiência distinta e complementar. Enquanto João 20:22 marca a regeneração e a habitação do Espírito nos discípulos, o Pentecostes representa o revestimento de poder para a proclamação do Evangelho ao mundo (Atos 1:8). Assim, aprendemos que a presença do Espírito na vida dos crentes é essencial tanto para a santificação quanto para a capacitação na obra do Reino de Deus.

III. A PROMESSA DO PAI NO DIA DE PENTECOSTES

1. “De repente” (Atos 2:2)

O evento descrito em Atos 2:2, introduzido pela expressão "De repente", destaca a soberania e a intervenção divina no derramamento do Espírito Santo sobre os discípulos reunidos no Dia de Pentecostes. A escolha desse momento não foi aleatória, mas fazia parte do plano perfeito de Deus, cumprindo a promessa feita por Jesus (Atos 1:4,8) e estabelecendo um marco na história da Igreja.

O contexto histórico e teológico do Pentecostes é significativo. Cinquenta dias após a Páscoa, os judeus celebravam a Festa das Semanas (ou Festa da Colheita), que simbolizava a gratidão pelas primícias da colheita e, segundo a tradição judaica, também marcava a entrega da Lei a Moisés no Monte Sinai. Agora, no Pentecostes cristão, Deus estava inaugurando uma nova era, a da Igreja, não pela Lei, mas pelo Espírito Santo, que capacitaria os discípulos a proclamar o Evangelho ao mundo.

A expressão “de repente” indica que a descida do Espírito Santo não foi uma consequência natural de um processo humano, mas um ato sobrenatural, surpreendente e poderoso. Assim como Deus agiu soberanamente em momentos-chave da história bíblica, agora Ele manifestava Seu Espírito de forma visível e audível, preparando os discípulos para uma transformação profunda e irreversível.

Além disso, o som vindo do céu como um vento impetuoso remete a símbolos da presença divina no Antigo Testamento (como em Ezequiel 37:9-14, onde o Espírito de Deus traz vida aos ossos secos). Esse evento não apenas cumpriu a promessa do Pai, mas marcou o início da Igreja, capacitada pelo Espírito Santo para testemunhar “até os confins da terra” (Atos 1:8).

2. “E todos foram cheios do Espírito Santo” (Atos 2:4)

O texto de Atos 2:4, que afirma “E todos foram cheios do Espírito Santo”, revela o cumprimento da promessa do Pai e a inauguração de um novo tempo na história da redenção.

O batismo no Espírito Santo, evidenciado pelo falar em línguas, não deve ser confundido com a regeneração operada pelo Espírito no momento da conversão. Em João 20:22, Jesus soprou sobre os discípulos e disse: “Recebei o Espírito Santo”, o que indica um ato de regeneração. No entanto, a experiência narrada em Atos 2:4 trata-se de um revestimento de poder, capacitando os discípulos para a missão evangelizadora.

A distinção entre a habitação do Espírito e o ser cheio do Espírito é fundamental para a compreensão da pneumatologia do Novo Testamento. A regeneração pelo Espírito Santo transforma o pecador em nova criatura (2Co.5:17), enquanto o batismo no Espírito Santo equipa os crentes com ousadia e poder para proclamar o Evangelho (Atos 1:8). O livro de Atos enfatiza repetidamente que os discípulos, além de nascerem do Espírito, também precisavam ser cheios d’Ele para cumprirem a obra de Deus com eficácia (Atos 4:31; 9:17; 13:9,52).

Outro aspecto relevante do texto é a manifestação sobrenatural associada ao batismo no Espírito: “e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem”. Essa evidência inicial do batismo no Espírito Santo demonstra o caráter extraordinário da promessa cumprida e o impacto imediato dessa experiência na vida dos discípulos. O falar em línguas é um sinal de que o Espírito Santo havia tomado pleno controle daquelas vidas, capacitando-as para testemunharem com ousadia e fluência espiritual em sua missão.

Assim, ser cheio do Espírito Santo não é uma experiência isolada ou estática, mas um processo contínuo. Paulo exorta os crentes a “encherem-se do Espírito” (Ef.5:18), indicando a necessidade de uma busca constante pela plenitude da ação divina em suas vidas. Portanto, o batismo no Espírito Santo e a plenitude do Espírito são elementos indispensáveis para o avanço da obra de Deus na Igreja e no mundo.

3. “E começaram a falar em outras línguas” (Atos 2:4)

O relato de Atos 2:4 enfatiza que “e começaram a falar em outras línguas” como um sinal visível e audível do batismo no Espírito Santo. Esse fenômeno sobrenatural marcou a inauguração da nova era do Espírito, prometida por Jesus e aguardada pelos discípulos desde Sua ascensão (Atos 1:4,5,8).

É fundamental compreender que o falar em outras línguas no Pentecostes não foi um evento isolado, mas um padrão evidenciado em outras ocorrências do batismo no Espírito Santo no livro de Atos (Atos 10:44-46; 19:6). Em cada caso, aqueles que recebiam o Espírito manifestavam essa experiência com a evidência inicial de falar em línguas, um sinal inconfundível da plenitude do Espírito.

As línguas faladas no Pentecostes tinham um duplo propósito:

a)   Glorificação a Deus. Os discípulos falavam “as grandezas de Deus” (Atos 2:11), indicando que as línguas eram expressões espirituais concedidas pelo Espírito Santo e não meras repetições humanas.

b)   Impacto evangelístico. Aqueles que estavam em Jerusalém para a festa ouviram os discípulos falarem em seus próprios idiomas, o que serviu como testemunho poderoso do agir sobrenatural de Deus. Entretanto, vale ressaltar que, embora alguns compreendessem, as línguas eram desconhecidas para quem falava, confirmando sua natureza espiritual e não apenas linguística.

Pedro, ao explicar o ocorrido, destacou que essa manifestação não era restrita àquele momento, mas se estenderia às gerações futuras até a volta de Cristo (Atos 2:38,39). Isso reforça que o batismo no Espírito Santo não foi uma experiência exclusiva dos apóstolos ou da igreja primitiva, mas continua disponível a todos os crentes que buscam essa capacitação espiritual.

Além disso, as línguas mencionadas em Atos não eram aprendidas ou treinadas, mas sim resultado direto da ação sobrenatural do Espírito. O próprio apóstolo Paulo, mais tarde, abordaria a diversidade das línguas espirituais, distinguindo entre o dom de variedades de línguas para edificação coletiva na igreja (1Co.12:10,30) e a oração em línguas como edificação pessoal (1Co.14:2,4,18).

Portanto, o falar em línguas no Pentecostes foi um sinal inegável do cumprimento da promessa do Pai, servindo como evidência visível e audível da atuação do Espírito Santo. Essa manifestação continua sendo a marca distintiva do batismo no Espírito Santo, não como um fim em si mesma, mas como um meio pelo qual o crente é capacitado para viver uma vida cheia do Espírito e testemunhar com ousadia.

Sinopse III – A PROMESSA DO PAI NO DIA DE PENTECOSTES

-O derramamento do Espírito Santo no Dia de Pentecostes marcou o cumprimento da Promessa do Pai, conforme anunciado por Jesus. Esse evento foi introduzido pela expressão “de repente” (Atos 2:2), enfatizando a soberania divina no envio do Espírito Santo no tempo determinado. O Pentecostes, celebrado cinquenta dias após a Páscoa, simbolizou a inauguração da nova colheita espiritual, com a capacitação dos discípulos para a expansão do Evangelho.

-No evento descrito em Atos 2:4, todos os presentes foram cheios do Espírito Santo, recebendo poder para testemunhar. Esse enchimento do Espírito, frequentemente identificado com o batismo no Espírito Santo, não se limitou à regeneração, mas capacitou os discípulos com ousadia e autoridade espiritual. A experiência foi acompanhada pelo falar em outras línguas, um sinal visível e audível da manifestação do Espírito.

-Por fim, o fato de “começarem a falar em outras línguas” revelou a dimensão sobrenatural da promessa. As línguas faladas glorificavam a Deus e serviam como evidência física da plenitude do Espírito. Além disso, esse fenômeno não se restringiu à igreja primitiva, mas foi estendido a todas as gerações de crentes, como Pedro declarou em Atos 2:38-39. Assim, o Pentecostes não foi um evento isolado, mas o início de uma nova era na qual o Espírito Santo continua agindo, capacitando e enchendo os fiéis para a missão da Igreja.

CONCLUSÃO

O estudo desta Lição revelou a centralidade da Promessa do Espirito Santo na vida dos discípulos e na missão da Igreja. Jesus garantiu que seus seguidores não ficariam desamparados, mas receberiam o Consolador, o Espírito Santo, que habitaria neles para guiá-los em toda a verdade e capacitá-los para cumprir a vontade de Deus.

Vimos que essa promessa se cumpriu de forma extraordinária no Dia de Pentecostes, quando o Espírito foi derramado sobre os crentes, revestindo-os de poder e concedendo-lhes ousadia para testemunhar o Evangelho. O falar em outras línguas serviu como sinal visível dessa capacitação sobrenatural, demonstrando que a promessa do Pai era uma realidade para a Igreja nascente e para todas as gerações de crentes.

Assim, aprendemos que a atuação do Espírito Santo não se limita ao passado, mas permanece viva e acessível a todo aquele que crê. Como templo do Espírito, somos chamados a viver em plena comunhão com Deus, sendo continuamente cheios do Espírito e conduzidos por Ele em nossa caminhada cristã.

 

Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Comentário Bíblico Pentecostal do Novo Testamento. CPAD.

Dicionário VINE.CPAD.

O Novo Dicionário da Bíblia. VIDA NOVA.

Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e exaustiva.

Rev. Hernandes Dias Lopes. João, as glórias do Filho de Deus. Hagnos.

Rev. Hernandes Dias Lopes. Atos dos Apóstolos.

Um comentário:

  1. Deus te abençoe pelo seus maravilhosos comentário não deixando nenhuma dúvida aos sesleitores

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