domingo, 12 de novembro de 2017

Aula 08 – SALVAÇÃO E LIVRE-ARBÍTRIO


4º Trimestre/2017

Texto Base: João 3.14-21

“Qual é o homem que teme ao Senhor? Ele o ensinará no caminho que deve escolher” (Sl.25:12).

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos a respeito da Salvação e o livre-arbítrio. Deus elaborou o plano perfeito para a salvação do ser humano, mas o ser humano precisa fazer a sua parte, que é crer e aceitar o sacrifício de Jesus. No plano perfeito da salvação, Cristo deu a sua vida por todos, mas somente aqueles que decidem crer serão salvos (At.16:31). Deus criou o ser humano com autonomia, inteligência e permite que ele escolha entre o bem e o mal.

I. A ELEIÇÃO BÍBLICA É SEGUNDO A PRESCIÊNCIA DIVINA

1. A eleição de Israel. Após o dilúvio, o Senhor estabeleceu com Noé um novo pacto, denominado pelos estudiosos da Bíblia de “pacto noaico” (Gn.9:1-17). Com essa família Deus começo a repovoar a terra, tratando com todos indistintamente. No entanto, cerca de mais de 400 anos depois, tal como antes do Dilúvio, toda as pessoas estavam, novamente, corrompidas, até mesmo a família de Abraão, conforme afirmou Josué: “... dalém do Rio, antigamente, habitavam vossos pais, Terá, pai de Abraão e pai de Naor; e serviram a outros deuses”(Josué 24:2). Não creram nas promessas divinas que lhe foram transmitidas por Noé e seus descendentes e, por isso, acabaram rejeitando a palavra do Senhor. Ficaram imersos no pecado, sendo por ele dominados, como, a propósito, bem descreveu o apóstolo Paulo no capítulo 2 da Epístola aos romanos. Aqui vemos nitidamente que a soberania divina não se confunde com o livre arbítrio humano, mas que o pecado impede que o pecador desfrute das bênçãos divinas que, entretanto, não são impedidas de serem oferecidas aos homens. A rebelião dos gentios contra Deus impedia o Senhor de promover a salvação por intermédio destas nações, vez que o pecado faz separação entre Deus e o homem (Is.59:2).

No episódio de Babel, houve a rebelião de toda aquela comunidade contra Deus (Gn.11:1-9) e, por causa desta rejeição, o Senhor, a fim de manter o seu compromisso com a humanidade, teria de formar um novo povo, uma nova nação, a fim de que, através dela, propiciasse o perdão dos pecados e a salvação da humanidade. Dentro do seu propósito de salvar o homem, ante a rebeldia gentílica, Deus, então, promoveu a formação de uma nação, de um povo que, a exemplo dos demais, teria população(Gn.12:2; 15:4,5; 17:1,2), território(Gn.15:7; 17:8)  e governo(Êx.19:6), a fim de que pudesse ser vista e observada por toda a humanidade. Deus, assim, mostra seu intento em cumprir a promessa feita no jardim do Éden.

Abrão, tornado posteriormente em Abraão (cujo significado é “pai de multidões”), atende ao chamado divino e, mediante a obediência e fidelidade dele, é retomado o propósito divino para a realização do seu objetivo de salvação da humanidade. Deus estava escolhendo Abraão, mas ele precisava aceitar e concordar com a escolha de Deus; certamente, Deus não iria tirá-lo à força de sua terra; ele podia rejeitar o chamado de Deus, caso quisesse. A eleição se completa quando a vontade do eleitor se encontra com a vontade do eleito. Abraão aceitou a escolha - “Assim, partiu Abraão, como o Senhor lhe tinha dito...”(Gn.12:4). Perceba que está escrito que “partiu Abraão”, e não que “tirou Deus Abraão”. Ele partiu, em obediência, porém, fazendo uso do seu livre arbítrio.

A partir do instante em que Abrão creu em Deus e isto lhe foi imputado por justiça (Gn.15:6), o plano de Deus começou a se cumprir integralmente na vida deste patriarca, que é chamado pelos judeus de “o primeiro judeu”, e reconhecido na Bíblia Sagrada como “o nosso pai segundo a fé” (Lc.1:73; Rm.54:12; Tg.2:21).

Notamos, pois, que, assim como a comunidade pós-diluviana fora constituída mediante a fé de Noé, também Israel teve, em seu nascedouro, a fé do patriarca Abrão que correspondeu ao chamado e à escolha da parte de Deus.

Não resta dúvida de que Deus usou de sua soberania para escolher Abrão e a nenhum outro dos habitantes da Terra do seu tempo para dar início à formação de Israel, mas, também, não há qualquer dúvida que o plano não se realizou a não ser a partir do instante em que Abrão respondeu com a sua fé, com a confiança nas promessas divinas que o levaram a abandonar a sua casa e a sua parentela, atendendo o chamado do Senhor.

Deus usou da sua soberania para escolher Abrão e o povo que formou a partir dele, mas a formação de Israel só foi possível diante da intervenção divina, pois Sara era estéril (Gn.16:1,2), assim como Rebeca (Gn.25:21) e, também, Raquel (Gn.29:31).

Deus elegeu Israel com um tríplice propósito para a humanidade:

Ø Revelar o Poder de Deus. Deus mostrou ao mundo a sua grandeza, poder e glória através de Israel (Rm.9:17), haja vista que Ele suscitou a Faraó para, através da intolerância deste com os israelitas, abater o monarca e dar liberdade ao povo da promessa, e assim mostrar ao mundo o seu grande e eterno poder.

Ø Dar a Bíblia ao mundo. A Bíblia foi dada às nações através de Israel. O apóstolo Paulo pergunta aos irmãos de Roma: "Qual é logo a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhes foram confiadas" (Rm.3:1,2). Então, através de Israel, Deus entrega a Bíblia ao mundo.

Ø Dar ao mundo o Salvador. A terceira razão da eleição de Israel por Deus foi para dar o Salvador ao mundo. Deus prometeu a Abraão: "...em ti serão benditas todas as famílias da Terra” (Gn.12:3). Jesus disse para a mulher samaritana: “...porque a salvação vem dos judeus” (João 4:22).

Embora escolhido por Deus e, de livre e espontânea vontade, tenha aceitado viver conforme os preceitos provenientes do Senhor, Israel cedo fracassou neste seu propósito, tendo, a partir da primeira geração adulta do Êxodo, aquela mesma que havia firmado o compromisso com o Senhor no monte Sinai, deixado de observar o pacto, endurecendo o seu coração continuadamente; ao longo da história se mostrara um povo obstinado (Ex.32:9; Dt.9:6; Ez.3:7); e por causa dessa obstinação, Israel sofreu progressivas sanções da parte do Senhor, pois Deus corrige a quem ama e castiga a quem quer bem (Hb.12:5,6), numa escalada já prevista na lei de Moisés (Dt.28:15-68), escalada esta que foi rigorosamente cumprida por Deus que chegou a tirar o povo da própria Terra Prometida para Babilônia (2Cr.36:15-21), sem falar na integral destruição das dez tribos do Norte (Efraim, Manasses, Ruben, Gade, Issacar, Zebulom, Naftali, Aser, Simeão e Dã – cf. 2Rs.17).

O apóstolo Paulo adverte que, o que ocorrera com Israel, nos serve de exemplo a fim de não repetirmos os mesmos erros do povo de Deus do Antigo Testamento – “E essas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram. Ora, tudo isso lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos” (1Co.10:6,11).

2. A eleição para a salvação. A eleição divina para a salvação do homem deve ser entendida como o ato pelo qual Deus chama os pecadores perdidos à salvação em Cristo, e “todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome” (João 1:12). Mas a quem Deus chama à salvação? A Bíblia responde-nos:

“Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm.2:4). “Desejaria Eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? Diz o Senhor Jeová: não desejo, antes, que se converta dos seus caminhos e viva?” (Ez.18:23). “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt.2:11).

A chamada é universal, ou seja, Deus chama todas as pessoas à salvação. Deus oferece uma real oportunidade de salvação a todas as pessoas, indistintamente. Mas, alguém poderá dizer que não são todas as pessoas que se salvam, e o dizem com razão, visto que as Escrituras assim o declaram, quando afirmam que “a fé não é de todos” (2Ts.3:2). No entanto, isto é apenas reflexo do fato de que o chamado para a salvação está inserido na ordem estabelecida por Deus de que as pessoas foram criadas com livre-arbítrio, ou seja, a graça salvadora de Deus é estendida a todas as pessoas, mas Ele requer que as pessoas estendam a sua mão para receber – “por meio da fé” (Ef.2:8).

Portanto, a chamada para a salvação parte de Deus, e tem caráter universal, pois o caráter divino é imparcial, Deus não faz acepção de pessoas (Dt.10:17; 2Cr.19:7; Jó 34:19; Is.47:3; At.10:34; Ef.6:9; 1Pd.1:17).

Assim, sendo proveniente de Deus, a chamada é para todas as pessoas, que, segundo afirmou Paulo, “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”(Rm.3:23). O Senhor Jesus também pensava assim quando lançou o seu convite a todos, sem qualquer exceção: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”(Mt.11:28). Também na Grande Comissão: “... ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”(Mc 16:15,16).

Ao que parece, o Senhor Jesus Cristo não excluiu ninguém da grande chamada universal para a Salvação. O Apóstolo Paulo também pensava assim, quando, em Atenas, na Grécia, pregou no Areópago, onde declarou: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam, porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos”(Atos 17:30,31).

Na hipótese remota de que uma parte dos seres humanos estivesse excluída desta chamada para a Salvação, qual seria a base desse julgamento referido por Paulo? O que Deus, na pessoa do Justo Juiz, que “com justiça há de julgar o mundo”, dirá àqueles que não foram salvos pelo fato de estarem excluídos pelo próprio Deus, do chamado para a Salvação? Será que eu posso imaginar que o Senhor Jesus, como justo Juiz, dirá aos que estiverem ali, diante de seu Trono: “Vocês que não foram salvos, serão condenados, eternamente, no inferno; e saibam mais: vocês não foram salvos porque eu mesmo, como Deus, os excluí do chamado para a Salvação; Eu os elegi para a perdição. Portanto, mesmo que vocês não quisessem ir para o inferno, teriam que ir, pois, foi para isto que eu os destinei”. Como Paulo fala “que com justiça [Cristo] há de julgar o mundo”, então se pode deduzir que a chamada universal para a Salvação de todos os pecadores não exclui ninguém, pois, segundo está escrito, “para com Deus, não há acepção de pessoas”(Rm.2:11).

Certamente a chamada universal para a Salvação é para todos, porque está escrito: “Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade”(1Tm.2:3-4). Pedro acrescenta: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânime para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se”(2Pd.3:9). Não se trata, pois, de uma passagem isolada, mas de todo um contexto bíblico apontando no sentido de que, de fato “... a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens”(Tito 2:11).

3. A presciência divina. Presciência é a capacidade de Deus saber todas as coisas de antemão (At.22:14; Rm.9:23) e de interferir na história humana (Ne.9:21; Sl.3:5; 9:4; Hb.1:1-3). A onisciência de Deus, aliada à sua eternidade, faz-nos conceber a presciência de Deus, ou seja, Deus já sabe, de antemão, o que irá acontecer, porque, para Deus, não há tempo, sempre é presente, um eterno presente. Assim, Deus conhece o futuro, pois, para Ele, passado, presente e futuro são uma só coisa. Por isso, pode nos revelar, como nos revelou, as coisas que ainda iriam acontecer, na dimensão dos homens. No Plano da Salvação, Ele quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (1Tm.2:4), mas Ele sabe quem responderá positivamente ao convite de salvação (Rm.8:30; Ef.1:5). O desejo do Pai é tão grande por incluir-nos em seus domínios eternos que imolou o Cordeiro antes da fundação do mundo. Em Apocalipse, o Espírito Santo revelou a João que o Senhor Jesus, para redimir-nos, não morreu apenas no tempo. Na presciência divina, o Cordeiro de Deus já estava morto antes mesmo dos eventos registrados em Gênesis (Ap.13:8). Nossa redenção, por esse motivo, transcende o tempo e os eventos da criação; é eterna (Hb.9:12). Portanto, quando ainda não havia pecado, ou pecadores, o amoroso Deus já tinha estabelecido as bases da nossa salvação. A morte do Cordeiro, na presciência de Deus, foi a primeira nota evangélica da história sagrada. Na sentença sobre o pecado, o Deus Pai anuncia a redenção do pecador (Gn.3:15). Antecipadamente, pregou o evangelho do Unigênito à humanidade, representada, ali, no primeiro ser humano. Antes mesmo que houvesse tempo, proclamou a salvação eterna. Era como se Deus, num tabernáculo vazio, chamasse os pecadores, que ainda não existiam, ao arrependimento. Infelizmente, a maior parte da humanidade não atenderia ao convite de Deus para a salvação.

II. ARMÍNIO E O LIVRE-ARBÍTRIO

1. Breve histórico de Jacó Armínio. Jacó Armínio (1560-1609) nasceu na Holanda, foi pastor de uma igreja em Amsterdã e recebeu o título de doutor em teologia pela Universidade de Leiden. Tendo sido envolvido numa disputa calvinista, desenvolveu uma tese bíblica a partir dos primeiros pais da Igreja, que foi denominada de Arminianismo; sua principal característica é a defesa do livre-arbítrio humano. No arminianismo é ensinado que a vontade de Deus é que todos os homens sejam salvos, porque Cristo morreu por todos; por essa finalidade ele oferece sua graça a todos. Estes são os cinco pontos básicos do arminianismo (extraídos do Dicionário Teológico. CPAD):

·     A predestinação depende da forma de o pecador corresponder ao chamado da salvação. Logo, acha-se fundamentada na presciência divina; não é um ato arbitrário de Deus.

·     Cristo morreu, indistintamente, por toda a humanidade, mas somente serão salvos os que crerem.

·     Como o ser humano não tem a capacidade de crer precisa da assistência da graça divina.

·     Apesar de sua infinitude, a graça pode ser resistida.

·     Nem todos os que aceitaram a Cristo perseverarão.

Após a morte de Armínio (19 de outubro de 1609), alguns seguidores redigiram uma declaração de fé em cinco artigos que continham as principais ideias de Armínio, chamada de “Os Remonstrantes”. Eles criaram o acrônimo FACTS, grafado em inglês, que traduzido é: Livre pela Graça para crer; Expiação para todos; Eleição Condicional; Depravação total e; Segurança em Cristo. Estes cinco pontos de são uma forma de combater os cinco pontos do calvinismo conhecidos como TULIP, acróstico da língua inglesa que significa: Depravação total; Eleição incondicional; Expiação limitada; Graça irresistível e; Perseverança dos santos.

Concordamos que, embora a salvação seja obra de Deus, absolutamente livre e independente de nossas boas obras ou méritos, o homem tem certas condições a cumprir. Ele pode escolher aceitar a graça de Deus, ou pode resistir-lhe e rejeitá-la. Seu direito de livre arbítrio sempre permanece.

As Escrituras certamente ensinam a predestinação, mas não que Deus predestinou alguns para a vida eterna e outros para o sofrimento eterno. Ele predestina todos os que querem ser salvos, e esse plano é bastante amplo para incluir todos que realmente desejam ser salvos. Essa verdade é explicada da seguinte maneira: na parte de fora da porta da salvação, lemos as palavras: “quem quiser, pode vir”; quando entramos por essa porta e somos salvos, lemos as palavras no outro lado da porta: “eleitos segundo a presciência de Deus”. Deus, em razão de seu conhecimento, previu que essas pessoas aceitariam o evangelho e permaneceriam salvas, assim predestinou para essas pessoas uma herança celestial. Ele previu o destino delas, mas não o predeterminou nem interferiu.

Diante das duas correntes teológicas (calvinismo e arminianismo), com relação à salvação, o cristão deve atentar para o equilíbrio, deve evitar os extremos. As respectivas posições fundamentais, tanto do calvinismo quanto do arminianismo, são ensinadas nas Escrituras. O calvinismo exalta a graça de Deus como única fonte de salvação, e a Bíblia Sagrada concorda. O arminianismo acentua o livre-arbítrio e a responsabilidade do homem, a Bíblia também concorda. A solução prática consiste tanto em evitar os extremos antibíblicos de um e de outro ponto de vista quanto em evitar pôr uma ideia em aberto antagonismo com a outra. Quando duas doutrinas bíblicas são postas em posições antagônicas, uma contra a outra, o resultado é uma reação que conduz ao erro. Por exemplo: a ênfase demasiada na soberania e na graça de Deus em relação à salvação pode conduzir a uma vida descuidada, porque se a pessoa é ensinada a crer que a conduta dela nada tem a ver com sua salvação, pode tornar-se negligente. Por outro lado, a ênfase demasiada no livre-arbítrio e responsabilidade do homem, como reação contra o calvinismo, pode deixar as pessoas sob o jugo do legalismo religioso de algumas igrejas e despojá-las de toda a confiança de sua salvação. Os dois extremos, portanto, devem ser evitados. Pense nisso!

2. O Livre Arbítrio. O Livre Arbítrio é a faculdade mediante a qual o homem é dotado de poder para agir sem coações externas, e de acordo com sua própria vontade ou escolha. Como um livre agente, o ser humano tem a capacidade e a liberdade de escolha, inclusive a de desobedecer a Deus (Dt.30:11-20 e Js.24:15). Isso, por si só, é suficiente para que ele seja responsável pelas consequências de seus atos. Esta corrente teológica é contrária ao determinismo, e que tem como seu expoente maior o teólogo holandês Jacó Armínio.

O que é o determinismo? É a corrente doutrinária que ensina que os homens já nascem predestinados por Deus para serem salvos ou para serem condenados. Assim, o homem já nasce com seu destino definido – o que nasceu para ser salvo será salvo; e, uma vez salvo, estará salvo para sempre. Por outro lado, o que nasceu para a condenação, será condenado. Os seguidores dessa doutrina creem na predestinação no sentido de que, segundo eles, Deus, no início, já determinou ou “predestinou” quem seria salvo e quem seria condenado. A escolha, para eles, é um ato unilateral de Deus, sem qualquer participação do homem. Segundo essa doutrina, quando uma pessoa se arrepende, é inteiramente pelo poder atrativo do Espírito Santo.

Para os adeptos do determinismo, a predestinação é o "decreto" de Deus, através do qual Ele decidiu quem seria ou não salvo. O homem não tem condições de, por si só, desprender-se do domínio do pecado, que somente uma intervenção divina é capaz de fazer com que os homens atendam ao chamado para a salvação. O atendimento ao chamado para a salvação só seria possível àqueles que, de antemão, Deus tenha destinado à salvação, ou seja, Deus somente chama à salvação àqueles que, por sua soberana vontade, quiser que sejam salvos.

Ora, se Deus dá a salvação para quem Ele quer, se o homem nada tem a ver com a salvação, ou seja, se não depende da vontade do ser humano, por que Deus não salva a todos os homens? A Bíblia diz que Deus deseja que todos os homens se salvem - “O qual deseja que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm.2:4). Se a Bíblia diz que Deus quer que todos os homens sejam salvos, e se Deus é Onipotente, por que não salva a todos os homens? Se a salvação é um "decreto" de Deus, por que Ele não decretou que todos fossem salvos, se a Bíblia diz que essa é a sua vontade? Fica subentendido, então, que se Deus não salva a todos, é porque nem todos creem.

Ao contrário do que ensina o determinismo, no Livre-Arbítrio a Salvação é bilateral. Ela inclui a vontade de Deus em oferecer uma Salvação gratuita – “pela graça sois salvos”; mas esta Salvação precisa ser aceita pelo homem – “por meio da fé”. Assim, na verdade, Deus elegeu todos os homens para a Salvação, porém, o homem tem o livre arbítrio, ou a liberdade de escolha. É fazendo uso desta liberdade que o homem tomará posse, ou não, da Salvação, em Cristo. Em função do Livre Arbítrio que o próprio Deus deu ao homem, ele não pode forçá-lo a aceitar sua graça. Aceitar, ou rejeitar – a escolha é do homem. Isto confere com as palavras ditas por Jesus: “quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”; ou, conforme o que consta em João 3:16, “para que todos aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”. A vontade de Deus é que “todos” os homens sejam salvos, porque Cristo morreu por todos os homens: “O qual deseja que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade” (1Tm.2:4); “Pois a graça de Deus se manifestou trazendo salvação a todos os homens” (1Tt.2:11); “E todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo” (At.2:21).

3. O livre-arbítrio na Bíblia. A Bíblia contém uma série de textos em que o direito humano de escolha fica claro: Adão e Eva, no jardim do Éden, podiam escolher o fruto que comeriam. Escolheram a desobediência e foram castigados por causa dela. Se estivessem predestinados a pecar, Deus não os condenaria. Depois vieram Caim e Abel. Deus deixou claro para Caim que, se ele mudasse sua atitude, sua oferta poderia ser aceita (Gn.4:7); por outro lado, havia a opção pelo pecado; se tudo estivesse predestinado e predeterminado por Deus, por quê o Senhor haveria de alertá-lo? É bom observarmos que Caim estava morto espiritualmente, mas isso não significava incapacidade de ouvir a voz de Deus, de crer e decidir.

Outras passagens interessantes: “Mas, se vos parece mal o servirdes ao Senhor, escolhei hoje a quem haveis de servir; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais. Porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js.24:15);  “O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt.30:19).

Portanto, a liberdade humana, o livre-arbítrio, é uma manifestação da vontade divina. Deus quis que o homem tivesse esta liberdade e, por isso, não cabe a nós querer estabelecer limites ou objeções ao Senhor por causa desta liberdade. Deus fez o homem com poder de servi-lo ou não e, por isso, nós, simples seres humanos, não podemos querer obrigar os homens a servir a Deus. Quem cerceia, pois, a liberdade de opção do homem em servir, ou não, a Deus, algo que, infelizmente, muitas vezes foi praticado em nome do Senhor, atenta, antes de tudo, contra a própria ordem estabelecida por Deus, que foi quem criou o homem com esta faculdade.

Mas, a liberdade que Deus deu ao ser humano, tem uma correspondência: a responsabilidade. Ao verificarmos o texto sagrado de Gn.2:16,17, notamos que Deus deu uma ordem ao homem no sentido de que ele comesse livremente de todas as árvores do jardim do Éden, com exceção da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que ele dela comesse, certamente morreria. O homem poderia escolher entre o bem e o mal, mas, no dia em que desobedecesse a Deus, em que escolhesse o mal, adviria uma penalidade, a saber, a morte, a separação entre o homem e Deus (“certamente morrereis”). A contrapartida do poder dado ao homem para escolher entre o bem e o mal era a de que deveria responder diante de Deus pela escolha feita, arcando com as consequências de sua opção.

III. ELEIÇÃO DIVINA E LIVRE-ARBÍTRIO

1. A Eleição divina. Afirma o apóstolo Paulo: “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dEle em caridade, e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito da sua vontade” (Ef.1:4,5).

A Eleição divina refere-se a escolha feita por Deus, em Cristo, de um povo para si mesmo, a fim de que sejam santos e inculpáveis diante dEle (cf. 2Ts.2:13). Essa Eleição é uma expressão do amor de Deus, que recebe, como seus, todos os que recebem o seu Filho Jesus (João 1:12). Segundo Donald C. Stamps, a eleição abarca as seguintes verdades:

a) É cristocêntrica, isto é, a Eleição de pessoas ocorre somente em união com Jesus Cristo. Deus nos elegeu em Cristo para a salvação (Ef.1:4). Ninguém é eleito sem estar unido a Cristo pela fé.

b) A Eleição é feita em Cristo, pelo seu sangue - “em quem [Cristo]... pelo seu sangue” (Ef.1:7). O propósito de Deus, já antes da criação (Ef.1:4), era ter um povo para si mediante a morte redentora de Cristo na cruz. Sendo assim, a Eleição é fundamentada na morte sacrificial de Cristo, no Calvário, para nos salvar dos nossos pecados (At.20:28; Rm.3:24-26).

c)  A Eleição em Cristo é em primeiro lugar coletiva, isto é, a eleição de um povo (Ef.1:4,5,7,7; 1Pd.1:1; 2:9). Os eleitos são chamados “o seu [Cristo] corpo” (Ef.1:23; 4:12), “minha igreja” (Mt.16:18), o “povo adquirido” por Deus (1Pd.2:9) e a “noiva” de Cristo (Ap.21:9). Logo, a Eleição é coletiva, e abrange o ser humano como indivíduo somente à medida em que este se identifica e se une ao corpo de Cristo, a igreja verdadeira (Ef.1:22,23). É uma Eleição como a de Israel no Antigo Testamento (vide item 1, do tópico I, desta Aula).

“No tocante à Eleição e Predestinação, podemos aplicar a analogia de um grande Navio viajando para o Céu. Deus escolhe o Navio(a Igreja) para ser sua própria nau. Cristo é o Capitão e Piloto desse Navio. Todos os que desejam estar nesse Navio eleito, podem fazê-lo mediante a fé viva em Cristo. Enquanto permanecerem no Navio, acompanhando o seu Capitão, estarão entre os eleitos. Caso alguém abandone o navio e o seu Capitão, deixará de ser um dos eleitos. A predestinação concerne ao destino do Navio e ao que Deus preparou para quem nele permanece. Deus convida a todos a entrar a bordo do Navio eleito mediante Jesus Cristo”(Bíblia de Estudo Pentecostal).

2. Escolha humana e fatalismo. A graça salvadora (Rm.5:18) é estendida a todos os seres humanos, abrindo-lhes a oportunidade para crerem no Evange­lho, o que descarta a possibilidade de a eleição ser uma ação fatalista de Deus. Não encontramos na Bíblia uma predestinação fatalista, em que uns são destinados à vida eterna e outros, à perdição eterna. Isto contradiz dois atributos divinos: Primeiro, porque torce a justiça divina, pois, nesse caso, Deus destinaria as pessoas antes mesmo de seu nascimento à perdição eterna; Segundo, porque põe em dúvida o ilimitado amor de Deus, por ensinar que o Senhor destinou os pecadores ao inferno sem lhes dar o direito à oportunidade de arrepender-se.

O Senhor quer que todos se arrependam (At.17:30) e a todos dá tempo para o arrependimento. Se todos já estivessem predestinados ao céu ou ao inferno, por que Deus haveria de dar oportunidades? Veja o caso da personagem descrito em Ap.2:20-21: “Mas tenho contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e seduz os meus servos a se prostituírem e a comerem das coisas sacrificadas a ídolos; e dei-lhe tempo para que se arrependesse; e ela não quer arrepender-se da sua prostituição”. Se essa misteriosa Jezabel estivesse predestinada ao inferno, Deus não lhe daria tempo para se arrepender. Se ela estivesse predestinada ao céu, teria se arrependido no tempo que Deus lhe deu. Se sua condição de morte espiritual significasse incapacidade absoluta, Deus não lhe daria tempo para se arrepender, pois isto seria inútil.

O Texto sagrado é claro: “Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens”(Tt.2:11); “O qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade”(1Tm.2:4); “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Portanto, Deus dá a oportunidade para que todos se salvem (At.17:30), pois Ele não faz acepção de pessoas (At.10:34).

3. A possibilidade da escolha humana. Ao ser humano foi dada a capacidade e a liberdade de escolha, inclusive a de desobedecer a Deus (vide Dt.30:11-20 e Js.24:15). Tendo em vista essa possibilidade, ele é responsável pelas consequências dos seus atos; não existe liberdade sem responsabilidade. O ser humano não faz o que quer sem qualquer consequência, uma vez que a sua liberdade não é o direito de ditar as regras para si, mas de optar entre seguir, ou não, as regras estabelecidas por Deus. Liberdade não se confunde, pois, com libertinagem, como, infelizmente, tem sido propagandeado pelo mundo ao longo dos séculos e, muito intensamente, nos dias em que vivemos. O uso da liberdade pelo homem deverá ser objeto de prestação de contas diante de Deus, que é o soberano, a máxima autoridade. O plano da salvação, pois, não elide nem sequer diminui a soberania divina.

Deus fez o homem com o poder de escolher entre o bem e o mal, sendo real a possibilidade da escolha do mal, só que, uma vez feita a escolha pelo mal, o homem sofrerá a penalidade da morte, ou seja, da separação eterna de Deus, arcando com as consequências de sua opção. Ao criar o homem com liberdade, Deus também estabeleceu que o homem responderia diante dEle sobre o uso desta liberdade.

Uma das coisas mais belas da Palavra de Deus é que, embora o Altíssimo seja soberano, Ele não criou seus filhos como robôs autômatos milimetricamente controlados, mas, na sua soberania, quis que fossem criados seres que, assim como Ele, pudessem saber o que é o bem e o que é o mal, e, portanto, tivessem liberdade para escolher fazer o bem, seguindo, assim, as determinações divinas, ou de fazer o mal, ou seja, escolherem ter uma vida em que estivessem distantes de Deus. Essa liberdade de escolha aparece já nos primórdios de Gênesis, na aurora da raça humana, quando o primeiro casal dá ouvidos à serpente e comete por sua livre vontade a primeira transgressão contra Deus(Gn.3:1-13).

É importante salientar que o fato de haver seres com liberdade (anjos e homens), isto em nada diminui a soberania de Deus; pelo contrário, a existência de seres com liberdade é a maior prova de que Deus é soberano, pois está tão acima dos seres criados que lhes permite, inclusive, dar as costas para Ele. O fato de Deus permitir que alguns dos seres criados possam não lhe obedecer não é qualquer fragilidade ou diminuição na autoridade de Deus; antes, porém, é a reafirmação dessa autoridade, pois o fato de seres criados poderem desobedecer a Deus não retira o fato de que Deus mantém o controle sobre todas as coisas, tanto que tais seres serão responsabilizados pela desobediência, no tempo, modo e lugar já previamente determinado pelo Senhor.

Portanto, a liberdade do homem construiu-se debaixo da soberania divina, não havendo, pois, qualquer incompatibilidade, qualquer conflito entre o fato de Deus ser soberano e o homem, livre para escolher entre o bem e o mal. Essa liberdade está sujeita à vontade e às determinações de Deus.

CONCLUSÃO

A Salvação provém de Deus, é um presente incomensurável do Deus Altíssimo para o homem, sendo a Sua graça a causa meritória dessa Salvação. Entretanto, segundo as Escrituras Sagradas, a maior parte da humanidade resiste ao Espírito Santo e rejeita a salvação em Cristo Jesus que é oferecida a todas as pessoas indistintamente. Todavia, os que aceitam o convite de Deus estão predestinados a "serem conforme a imagem de seu filho", Jesus Cristo (Rm.8:29). Deus deseja que todo ser humano seja salvo. Creia nisso!

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 72. CPAD.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e exaustiva.
Claiton Ivan Pommerening. Obra da Salvação. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. 1,2,3 João.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. A chamada divina e o Livre Arbítrio. PortalEBD_2006.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. As Doutrinas da Graça de Deus. Portal EBD.2006.
Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. CPAD.
A Mensagem de Romanos. John Stott. ABU.
Maravilhosa Graça. José Gonçalves. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Gálatas, a carta da liberdade cristã. Hagnos.

 

domingo, 5 de novembro de 2017

Aula 07 - A SALVAÇÃO PELA GRAÇA


4º Trimestre/2017

Texto Base: Romanos 5:6-10,15,17,18,20; 11:6

 "Pois assim como por uma só ofensa veio ajuízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida" (Rm.5:18).

INTRODUÇÃO

Nesta Aula trataremos a respeito da graça salvadora de Deus. A Salvação do homem não se dá por nenhum mérito humano, mas que ela é resultado do favor divino, um favor que o homem, por ter pecado, não merece receber. Este favor imerecido é a Graça de Deus. Como diz o apóstolo Paulo aos efésios: “...pela graça sois alvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus”(Ef.1:8). Portanto, a nossa salvação é resultado desta graça, ou seja, do favor imerecido de Deus à humanidade pecadora. A graça de Deus traduz a bondade do Senhor e o seu desejo de favorecer o homem, de ser misericordioso com o ser humano, ainda que o homem não mereça esta benevolência divina, vez que pecou e se rebelou contra o seu Criador. Mas, apesar do pecado, Deus mostra seu amor em relação ao ser humano, por intermédio da sua graça. A todos quantos crerem na Obra do Filho, Deus permite que venha novamente a ter comunhão com Ele, ainda que imerecidamente. É este favor imerecido que consiste na maravilhosa graça de Deus.

I. LEI E GRAÇA

A Lei e a Graça são opostas; apesar de serem opostas, elas se complementam. A lei cumpre seu papel no propósito de preparar o homem a receber pela fé a promessa. A lei toma o pecador pela mão e o leva a Cristo. A força da lei está em que ela define o pecado; sua debilidade está em que ela nada pode fazer para remediar o pecado. Portanto, o propósito da lei é revelar o pecado em vez de removê-lo.

Segundo afirma o Rev. Hernandes Dias Lopes, a Lei é como um espelho que mostra a sujeira do nosso rosto, mas não a remove; é como um prumo que mostra a sinuosidade da nossa vida, mas não a endireita; é como uma luz que mostra o obstáculo do caminho, mas não o remove; é como uma tomografia computadorizada que mostra os tumores escondidos em nossas entranhas, mas não é o bisturi que faz a cirurgia.

1. O propósito da Lei. O propósito da Lei não é salvar, mas convencer o homem do seu pecado, tomá-lo pela mão e levá-lo ao Salvador. A Lei torna o homem consciente do seu pecado e de sua condenação. Paulo disse: “Até ao regime da lei havia pecado no mundo, mas o pecado não é levado em conta quando não há lei” (Rm.5:13); “Pela Lei vem o pleno conhecimento do pecado” (Rm.3:20); “...onde não há lei, também não há transgressão” (Rm.4:15); “...eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei” (Rm.7:7).

O pacto da Lei, firmado no Monte Sinai entre Israel e Deus, não teve a intenção de ser meio de salvação. Foi celebrado com Israel depois de sua redenção alcançada mediante poder e sangue. Deus já havia restaurado Israel à justa relação com ele, mediante a graça. Israel já era seu povo. O Senhor desejava dar-lhe algo que o ajudasse a continuar sendo seu povo e a ter uma relação mais íntima com ele. O motivo que levasse a cumprir a lei haveria de ser o amor e a gratidão a Deus por havê-los redimido e feito filhos seus.

Os israelitas prometeram solenemente cumprir toda a Lei (cf. Êx.19:5-8), mas não perceberam quão fraca é a natureza humana nem quão forte é a tendência para pecar. Séculos depois, parece que se esqueceram de que estavam obrigados pelo pacto a obedecer. Imaginaram que o pacto era incondicional e que bastava ser descendente de Abraão para gozar do favor divino (vide Jr.7:4-16; Mt.3:9; João 8:33). Embora a salvação de Israel fosse um dom de pura graça, podia, contudo, ser perdida pela desobediência.

Em geral são estes os propósitos da Lei:

·     Proporcionar uma norma moral pela qual os redimidos possam demonstrar que são filhos de Deus e viver em justa relação com seu Criador e com o próximo.

·     Demonstrar que Deus é santo e ele exige a santidade de toda a raça humana.

·     Mostrar à humanidade seu estado pecaminoso e fazê-la entender que somente mediante a graça pode ser salva (Gl.3:24,25).

Enfim, a Lei era um mestre para ensinar a Israel através dos séculos e ajudá-lo a permanecer em contato com Deus (Gl.3:24). Mas, junto com a lei foi instituído um sistema de sacrifícios e cerimônias para que o pecado fosse retirado. Assim se ensinou que a salvação é pela graça. Os profetas posteriores demonstraram que, sem fé e amor, as formas, cerimônias e sacrifícios da Lei de nada valiam (Mq.6:6-8; Amós 5:21,24; Oséias 6:6; Is.1:1-15).

2. A Lei nos conduziu a Cristo. Afirma o apóstolo Paulo: “De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos Justificados” (Gl.3:24). “Aio, no grego “paidagogos”, significa literalmente “tutor, guia, guardião de crianças”. O “paidagogos” era encarregado dos meninos entre 6 e 16 anos, cuidando do seu comportamento e acompanhando-o sempre que saísse de casa. Vale ressaltar que o “aio” não era o pai da criança; seu trabalho era preparar essa criança para a maturidade. Quando a criança atingisse a maturidade, a função do “aio” deixaria de ser necessária.

Da mesma forma, a Lei foi uma preparação para a chegada de Cristo. O papel da lei era levar o homem a Cristo, o verdadeiro Mestre, o único que pode libertar. O papel da Lei era levar as pessoas a Cristo a fim de que fossem justificados por fé; mas, tendo vinda a Fé, já não permanecem mais subordinados ao “aio”. Calvino disse “que sob o Reino de Cristo não há mais uma infância que necessite ficar sob a tutela de um “paidagogos” e, em consequência, a lei resigna de seu ofício”. Em outas palavras, a Lei era uma preparação para Cristo, e era temporária.

Segundo o Rev. Hernandes Dias Lopes, o propósito da Lei é convencer o homem de que ele é pecador e precisa do Salvador. Quando o homem olha para a Lei e vê que é pecador, tem consciência de que está perdido e condenado e de que necessita desesperadamente do Salvador. A Lei prepara o caminho da fé. A Lei pavimenta a estrada para Cristo.

Diz mais o Rev. Hernandes Dias Lopes: “É a lei que desmascara o pecado e condena o homem. Somente um homem consciente de sua culpa busca o Salvador. O evangelismo que ignora a lei enfraquece a graça. Sem a lei o homem não consegue ver o brilho da graça. É na escuridão da noite que vemos o brilho das estrelas. Da mesma forma, é no contexto da escuridão densa do pecado e do juízo que o evangelho resplandece”.

John Stott foi brilhante em seu argumento: “Só depois que a lei nos fere e esmaga é que admitimos a nossa necessidade do evangelho para atar nossas feridas. Só depois que a lei nos aprisiona é que anelamos que Cristo nos liberte. Só depois que a lei nos tiver condenado e matado é que vamos clamar a Cristo por justificação e vida. Só depois que a lei nos tiver levado ao desespero é que vamos crer em Jesus. Só depois que a lei nos tiver humilhado até o inferno é que vamos buscar o evangelho para nos elevar até o Céu” (John Stott. A mensagem de Gálatas).

Portanto, a Lei não tem poder de libertar do pecado, mas prepara o homem para encontrar o libertador, Cristo Jesus, o Salvador. Diz o apóstolo Paulo: “Mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que, mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem” (Gl.3:22).

3. A graça revela que a Lei é imperfeita. A Lei é imperfeita porque ela, conquanto ordenada para o bem, não conseguiu justificar ninguém, conforme se observa em todo contexto da Epístola aos Gálatas. Pelo contrário, foi alvo de muitas transgressões e culpas que deveriam levar o homem a conhecer a sua própria miséria e impotência e, partindo daí, a se humilhar diante de Deus, arrepender-se e a ser salvo mediante a fé. Todavia, em si mesma, a Lei não tinha poder algum para levar o homem ao Criador. Afirma o apóstolo Paulo: “E é evidente que, pela lei, ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé” (Gl.3:11). Portanto, estar sob a Lei significa derrota, escravidão, maldição e impotência espiritual, porque a Lei não pode salvar (Gl.3:11-13,21-23,25; 4:3,24,25; 5:1). Estar sob a Lei é estar sob maldição, pois maldito é aquele que não persevera em toda a obra da lei para cumpri-la (Gl.3:10). A Lei exige de nós perfeição, e por isso mesmo nos condena, pois não somos perfeitos. Porém, quando somos guiados pelo Espirito, já não estamos debaixo da tutela da Lei e, por isso, somos livres; é o que afirma o apóstolo Paulo: “Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei” (Gl.5:18). O Espirito Santo é quem nos põe em liberdade (Gl.4:29; 5:1,5).

II. O FAVOR IMERECIDO DE DEUS

1. Superabundante graça. Não há pecador, por pior que seja, que não possa ser alcançado pela graça divina, pois onde abundou o pecado, que foi exposto pela Lei, superabundou a graça de Deus (Rm.5:20). Portanto, a graça é maior que o pecado. Assim como o segundo Adão é maior do que o primeiro, assim como a obra de Cristo é maior do que o pecado de Adão, também a graça é maior do que o pecado. A redenção levou o homem não apenas ao seu estado original, mas a horizontes mais sublimes. Não somente restituiu o que ele havia perdido, mas o colocou numa posição superior aos anjos, tornando-o membro da família de Deus. A nova vida que recebemos pelo perdão dos pecados faz com que tenhamos comunhão com Deus, e o Espírito de Deus testifica com o nosso espírito, que volta a ter relacionamento com Deus, que somos filhos de Deus (Rm.8:16). Adotado por Deus, o crente é considerado como filho do Pai Celeste (1João 3:2), como irmão de Jesus (Hb.2.11), como herdeiro dos céus (Rm.8.17). De igual modo, é libertado do medo (Rm.8.15) e desfruta de segurança e certeza de vida eterna (Gl.4.5,6).

2. Fé e Graça. Estes são os dois fatores imprescindíveis para a Salvação do ser humano. A salvação é um dom da Graça de Deus, mas somente podemos recebê-la em resposta à fé, do lado humano. É válido ressaltar que somos salvos não pela fé, mas pela graça mediante a fé. A fé não é a causa meritória, mas a causa instrumental da justificação. A Fé é a mão estendida que recebe o presente da vida eterna. Portanto, a Fé e a Graça atuam juntamente na obra da salvação.

Efésios 2:8-10 pode ser visto como o resumo mais completo no Novo Testamento do processo da nossa salvação:

“Porque pela graça sois salvos mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas”.

A maneira como recebemos a dádiva da salvação é mediante a Fé. Ter fé nesse caso significa assumir o lugar de pecador culpado e perdido e receber o Senhor Jesus como única esperança da salvação. A verdadeira fé que salva se manifesta quando a pessoa se entrega totalmente a Cristo.

“Não vem de vós”. Qualquer ideia de merecimento ou de que o homem pode adquirir a salvação pelas obras é completamente destruída pelas palavras “não vem de vós”. Pecadores nada merecem a não ser julgamento.

“É dom de Deus”. O “dom de Deus” é a salvação “pela graça mediante a fé”. Esse dom é oferecido a todas as pessoas em todos os lugares. Observe que não é a fé que opera a salvação, mas a graça de Deus que atua mediante a fé do crente no Filho de Deus (Rm.3:28; 5:2; Fp.3:9).

Se é verdade que o pecado se estendeu a todos os homens, sejam judeus, sejam gentios, e que, por causa dele, todos os homens estão destituídos da glória de Deus (Rm.3:23), também é verdade que os homens podem, agora, ser justificados gratuitamente por Deus pela Sua graça e pela redenção que há em Cristo Jesus (Rm.3:24).

Portanto, a Graça é a causa meritória da nossa salvação. Sem que o homem mereça coisa alguma, Deus providenciou um meio pelo qual o homem pudesse retornar a conviver com Ele. Ele enviou seu Filho para que morresse em nosso lugar e satisfizesse a justiça divina. A todos quantos creem na Obra do Filho, Deus permite que venha novamente a ter comunhão com Ele, ainda que imerecidamente. É este favor imerecido que consiste na maravilhosa Graça de Deus.

3. A graça não é salvo conduto para pecar. Segundo o ensino das Sagradas Escrituras, a graça jamais pode ser vista como um salvo conduto para a prática do pecado ou da libertinagem. Diz o apóstolo Paulo: ”Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne” (Gl.5:13).

Fomos chamados para uma vida nova, para a liberdade, e não para a escravidão do pecado. Todavia, a liberdade cristã não é uma licença para pecar, mas o poder para viver em novidade de vida. A liberdade cristã não é licenciosidade, mas deleite na santidade. A liberdade cristã é a liberdade irrestrita para aproximar-se de Deus como seus filhos, não uma liberdade irrestrita para chafurdar em nosso egoísmo. A licenciosidade desenfreada não é liberdade alguma, é outra forma mais terrível de servidão, uma escravidão aos desejos de nossa natureza caída. Enfim, a liberdade cristã não é liberdade para pecar, mas liberdade de consciência, liberdade para obedecer. O cristão salvo pelo sangue de Cristo é livre para viver em santidade.

Muitos defendem a liberdade do amor livre, a prática irrestrita do aborto, o uso indiscriminado das drogas e o homossexualismo, porém, isso não é liberdade, é escravidão. Jesus disse que aquele que pratica o pecado é escravo do pecado (João 8:34).

À época de Paulo, os inimigos da graça apresentava um argumento supostamente irrefutável: “Se a graça é superabundante onde o pecado é abundante, se a multiplicação das transgressões serve para demonstrar o esplendor da graça, então não deveríamos pecar mais para que Deus seja ainda mais glorificado na magnificência da sua graça?”. Esta pergunta retratava tanto a distorção antinomiana como a objeção dos legalistas à doutrina da justificação pela graça, por meio da fé, independentemente das obras. A inferência licenciosa é imediata e energicamente rejeitada por Paulo; responde o apóstolo: “De modo nenhum! Nós que estamos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele?” (Rm.6:2). De acordo com esta resposta de Paulo, não podemos continuar a pecar porque morremos para o pecado. Trata-se de um fato acerca de nossa condição. Quando Jesus morreu para o pecado, Ele o fez como nosso representante. Morreu não apenas como nosso substituto, ou seja, por nós e em nosso lugar, mas também como nosso representante, ou seja, como se nós estivéssemos lá. Assim, quando Ele morreu, nós também morremos. Ele morreu para o problema do pecado e resolveu-o de uma vez por todas. Para Deus, todos que estão em Cristo também morreram para o pecado. Isto não quer dizer que o cristão é impecável; antes, ele é identificado com Cristo em sua morte e tudo o que ela significa.

III. O ESCÂNDALO DA GRAÇA

A Graça é um escândalo para aqueles que não se converteram de verdade a Cristo, que não nasceram de novo. Exatamente pelo fato de a Graça de Deus ser um escândalo é que existe tanta dificuldade em compreendê-la de forma plena. Certamente, uma das formas de compreender é perceber o conceito da Graça de Deus presente na Parábola dos trabalhadores da vinha (cf. Mt.20:1-16); nesta Parábola, mesmo que o senhor tenha sido injusto aos olhos dos trabalhadores que iniciaram primeiro, não há méritos por tempo de serviço ou produtividade; a mesma recompensa dos que iniciaram o trabalho no fim do dia é dado aos que começaram no início do dia. É esta aparente “injustiça” sob a ótica humana, que caracteriza a Graça de Deus, que produz escândalo.

1. Seria a graça injusta? A justiça divina, se comparada com a humana, é imensamente perdoadora; por isso, a graça torna-se injusta sob a ótica humana, pois é imerecida e incoerente. Por esse motivo, Paulo classificou-a como escandalosa (1Co.1:23; Gl.5:11). Paulo pregava a mensagem da cruz, anunciando que uma pessoa é justificada e aceita por Deus somente pela cruz de Cristo. As pessoas detestavam e ainda, hoje, detestam ouvir que só podem ser salvas ao pé da cruz, e opõem-se ao pregador que lhes diz isso. À época de Paulo, os falsos mestres ficavam ofendidos com essa pregação; eles sustentavam que a morte de Cristo não era suficiente para tornar uma pessoa aceitável a Deus; diziam que a cruz não era o bastante; era preciso algo mais. O argumento de Paulo, porém, é que a salvação pelas obras da lei é falsa. A salvação não é resultado do que fazemos para Deus, mas do que Cristo fez por nós na cruz. Logo, pelas obras é impossível o pecador se salvar; ele depende única e exclusivamente da maravilhosa graça de Deus para encontrará descanso eterno com Cristo no Céu (Mt.11:28-30).

2. A divina graça incompreendida. Na época do apóstolo Paulo, e hoje também, muitos não compreenderam, nem compreendem, seus ensinamentos sobre a Graça de Deus. Por isso, ao longo da história da Igreja, dois extremos estiveram presentes acerca da compreensão da Graça:

a) Liberdade total para pecar (Rm.6:1,2). É bom saber que a liberdade do cristão está em Cristo Jesus, e isso exclui qualquer ideia de que de alguma maneira possa significar liberdade para pecar. Não devemos nunca transformar a liberdade numa base de operações para a natureza carnal. Portanto, a liberdade proporcionada por Cristo não é uma liberdade para o crente fazer o que quer, mas para fazer o que deve. Exorta-nos o apóstolo Paulo:

“E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça. Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia e à maldade para a maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para a santificação. Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. E que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. Mas, agora, libertados do pecado e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por fim a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm.6:18-23).

b) a impossibilidade de receber tão valioso presente (Gl.5:4,5). A Graça é favor imerecido; e isto chega a ser um escândalo para os que não creem. Muitos entendem que para ser salvo por Deus é preciso dar algo em troca. Mas, não é o que fazemos para Deus que nos garante o Céu, e sim o que Deus fez por nós em Cristo Jesus. O Céu não é um prêmio que merecemos, mas uma oferta que recebemos; não é uma conquista das obras, mas um presente da graça de Jesus Cristo – “Pela graça sois salvos” (Ef.2:8). O crente salvo não confia em si mesmo, nas suas obras para a sua salvação. Se para ser salvo as obras tivessem algum valor creditório, então, certamente, isto levaria o crente ao orgulho espiritual (Ef.2:8-10) e geraria toda sorte de comportamentos hipócritas, como foram os escritas e fariseus legalistas à época de Cristo (Mt.23:23). Portanto, buscar a salvação pelas obras é desligar-se de Cristo e decair da Graça. Não há salvação para aqueles que tentam alcançar o favor de Deus por meio das obras, de atitudes legalistas. Afirma o apóstolo Paulo: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé...Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef.2:8,9).

3. Deixe-se presentear pela Graça. Sem qualquer mérito humano, mas unicamente pela sua Graça, Deus quis prover um meio de salvar o ser humano. E proveu. E a Graça salvadora de Deus, que é inesgotável, envolve todo o mundo e oferece oportunidade a toda humanidade de escapar da justa e inevitável condenação – “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor”(Rm.6:23). E porque é o “Deus de toda a graça”, conforme está escrito em 1Pedro 5:10, ele “...quer que todos se salvem e venham ao conhecimento da verdade”(1Tm.2:4). Os que compreendem esse favor inefável de Deus, mediante sua Graça, devem deixar-se presentear por ela. Quem compreende o que significa ser justificado por Deus se permite embalar nos braços de amor e de perdão do Pai.

Somos pecadores, precisamos nos arrepender e mudar de vida, precisamos reconhecer que valemos menos que nada e que não merecemos a salvação; todavia, não podemos nos prostrar diante destas realidades; devemos, sim, ao revés, sermos profundamente felizes porque o Senhor teve misericórdia de nós e tomou o nosso lugar na cruz do Calvário e, agora, devemos viver alegres no Senhor. Para os filhos de Deus, cônscios do valor da Graça do Pai, tudo é dádiva Sua, tudo é favor imerecido. Portanto, deixe-se presentear pela graça de Deus!

CONCLUSÃO

Ninguém poderá ser salvo pelas obras e boas ações, ou por tentar guardar os mandamentos de Deus. Para sermos salvos precisamos receber a provisão divina da salvação (Ef.2:4,5), ser perdoados do pecado (Rm.4:7,8), ser espiritualmente vivificados (Cl.1:13), ser feitos novas criaturas (Ef.2:10; 2Co.5:17) e receber o Espírito Santo (João 7:37-39; 20:22). Nenhum esforço de nossa parte poderá realizar essas coisas. O que opera a salvação é a Graça de Deus mediante a Fé (Ef.2:5,8). Devemos diligentemente desejar e buscar a maravilhosa Graça de Deus (Hb.4.16).

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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 72. CPAD.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e exaustiva.
Claiton Ivan Pommerening. Obra da Salvação. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. 1,2,3 João.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. O Deus da Redenção. PortalEBD_2008.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. As Doutrinas da Graça de Deus. Portal EBD.2006.
Comentário Bíblico Pentecostal. Novo Testamento. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Romanos – O Evangelho segundo Paulo. Hagnos.
A Mensagem de Romanos. John Stott. ABU.
Maravilhosa Graça. José Gonçalves. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Gálatas, a carta da liberdade cristã. Hagnos.