Leitura Bíblica: João 14.13-17; 15.7;1 João 5.14,15
“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito”(João 15.7).
INTRODUÇÃO
Paulo, discorrendo sobre a fraqueza humana, a exemplifica na vida cristã no fato de não sabermos orar como convém (Rm 8:26-27). Por isso, o Espírito Santo que em nós habita nos auxilia em nossas orações, fazendo-nos pedir o que convém, capacitando-nos a rogar de acordo com a vontade de Deus. Muitas vezes, estamos tão confusos diante das opções que temos, que não sabemos nem mesmo como apresentar os nossos desejos e as nossas dúvidas diante de Deus. Todavia, o Espírito Santo nos socorre. Ele ora a nosso favor quando nós mesmos deveríamos ter orado, porém não sabíamos para que orar. Orar como convém é orar segundo a vontade de Deus, colocando os nossos desejos em harmonia com o santo propósito de Deus; isto só é possível pelo Espírito de Deus que Se conhece perfeitamente (1Co 2.10-12). Assim, toda oração genuína é sob a orientação e direção do Espírito (Ef 6:18; Jd 20).
I. A ORAÇÃO E A VONTADE DE DEUS
Quando temos a certeza da vida eterna, é evidente que podemos colocar-nos diante de Deus com a confiança que João descreve em 1João 5:14-15, que diz: “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos”. Portanto, a oração não é um recurso conveniente para impormos a nossa vontade a Deus, ou para dobrar a sua vontade à nossa, mas, sim, o meio prescrito de subordinar a nossa vontade à de Deus. É pela oração que buscamos a vontade de Deus, nos abraçamos e nos alinhamos a ela.
1. O caráter de Deus. Por caráter, Deus é amoroso, justo, santo, sábio, bom, compassivo, misericordioso, amável, perdoador, paciente, tardio para se irar, fiel e muito mais. Deus é soberano e tem o controle final da história ao mesmo tempo em que leva em conta as decisões das pessoas. Deus é tanto transcendente (fora da criação) como imanente (está presente e ativo na criação e habita dentro do crente). Portanto, o conhecimento de tais atributos divinos é imprescindível para orarmos a Deus com entendimento e sermos respondidos em nossas súplicas. Quanto mais conhecermos a Deus, melhor compreenderemos, aceitaremos e identificaremos a sua vontade para nós.
O homem natural não conhece a vontade de Deus. E, por que não pode conhecê-la? Porque os caminhos e os pensamentos de Deus são mais altos do que os do homem. Aqueles que crêem n’Ele e O seguem, estão capacitados a conhecer a vontade de Deus.
2. A vontade de Deus e as Sagradas Escrituras. Submissão à vontade de Deus, e não imposição da nossa vontade a Deus, é o alicerce da nossa confiança na oração. Hoje temos visto falsos mestres ensinando que a oração da fé precisa determinar para Deus o que queremos. Este falso ensino proclama que oração é a vontade do homem prevalecendo no céu em vez da vontade de Deus prevalecendo na terra. A oração é um instrumento poderoso, não para conseguir que a vontade do homem seja feita no céu, mas para garantir que a vontade de Deus seja feita na Terra.
Aliás, devemos temer orar por qualquer coisa que não esteja de acordo com a vontade de Deus. Tiago e João, por exemplo, insensatamente pediram algo a Jesus Cristo em conflito com sua natureza e vontade, mas foram repreendidos pelo Senhor (Lc 9.54-56). Talvez alguém pergunte: “Como saber qual é a vontade de Deus?”. Podemos responder em termos gerais que a vontade de Deus nos é revelada nas Escrituras Sagradas. Devemos, portanto, estuda-las a fim de conhecer melhor a vontade de Deus e aprender a orar com mais discernimento.
Portanto, para orar segundo a vontade de Deus, é preciso conhecê-la e concordar com ela. Somente depois que estivermos convictos de que desejamos a vontade de Deus mais do que nossa própria vontade, é que podemos orar a oração dominical, com segurança: “Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”(Mateus 6:10).
3. A vontade de Deus para cada indivíduo. Conhecer a vontade de Deus é, às vezes, difícil. As pessoas querem que Deus, basicamente, diga a elas o que fazer – onde trabalhar, onde morar, com quem se casar, etc. Deus raramente dá às pessoas informações assim tão diretas e específicas. Deus permite que façamos escolhas em relação a estas coisas. A única decisão que Deus não quer que tomemos é a decisão de pecar ou resistir à Sua vontade.
Deus quer que façamos escolhas que estejam em conformidade com sua vontade. Mas, como podemos saber a vontade de Deus para nossa vida? Para descobri-la, é necessário que o servo de Deus cultive uma vida de íntima comunhão com Deus. À medida que conhecemos o Senhor, sua vontade vai se tornando mais evidente para nós. Romanos 12:2 nos diz: “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.”
Se buscarmos a Deus em favor de determinada causa precisamos saber se ela está dentro da vontade de Deus. Apresentamos dois comandos para se conhecer a vontade de Deus para uma dada causa:
a) Certifique-se de que o que você está pedindo ou pensando em fazer não é algo que a Bíblia proíbe.
b) Certifique-se de que o que você está pedindo ou pensando em fazer irá glorificar a Deus e ajudá-lo a crescer espiritualmente. Se estas duas coisas forem verdades e Deus, ainda assim, não está dando o que você está pedindo, então provavelmente não é da vontade de Deus que você tenha o que está pedindo. Ou, talvez, você somente precise esperar um pouco mais por isso.
Se você estiver caminhando junto ao Senhor e verdadeiramente desejar a vontade dEle para sua vida, Deus colocará Sua vontade em seu coração. A chave é desejar a vontade de Deus, não a sua própria. “Deleita-te também no SENHOR, e ele te concederá o que deseja o teu coração” (Salmos 37:4). Se a Bíblia não se coloca contra algo, e este algo pode verdadeiramente beneficiá-lo espiritualmente, então a Bíblia dá a você a “permissão” de tomar decisões e seguir seu coração.
Para saber a vontade de Deus para decisões mais específicas, por exemplo, com quem casar, ou sobre a vida profissional, deveria considerar os seguintes:
a) Se existir uma falta da paz dentro de si, não vá em frente.
b) Fale com outros crentes mais maduros, e preste atenção aos seus conselhos.
c) Pergunte a si próprio: "Será que quero fazer a vontade de Deus com todo o meu coração?" Se a sua resposta for "sim", é muito provável que saiba logo qual é a vontade de Deus.
d) Pergunte a si próprio: "Será que esta coisa me vai ajudar na minha vida espiritual?".
e) Quando uma porta abrir, não suponha automaticamente que Deus esteja a abrir a porta. Às vezes o diabo tenta-nos com coisas atraentes que não são de acordo com a vontade de Deus para nós. Peça a sabedoria de Deus e pela Sua confirmação se aquela oportunidade à sua frente for a Sua vontade.
f) Não tome uma decisão rápida. Espere em Deus porque muitas vezes com o passar do tempo nossos pensamentos e desejos mudam.
Enfim, o que faço é para a glória de Deus? "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (1Co 10:31). Deus deve não somente ser glorificado nos templos, mas também fora deles; não somente na vida privada, mas também na esfera pública. Não somente nas coisas referentes à sobriedade do "ministério cristão", mas também nas coisas evidentes e simples do nosso cotidiano como "comer e beber".
II. ORAÇÕES NÃO RESPONDIDAS POR DEUS
1. Orações egoístas (Tg 4.3). Há algo muito errado com o crente que não sente necessidade e nem prazer em fazer a vontade de Deus. E essa grave anomalia é evidenciada em orações egoístas. O escritor do livro de Tiago disse: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”. Aqui, o apóstolo Tiago afirma que pedidos egoístas, que visam interesses próprios, não são respondidos pelo Senhor – é a dura consequencia. Deus não responde as orações dos que amam os prazeres e que desejam honra, poder e riquezas. Todos devemos tomar consciência disso, porque Deus não ouvirá as nossas orações se tivermos o coração cheio de desejos egoístas. Nossas orações se tornarão poderosas quando permitirmos que Deus mude nossos desejos para que correspondam perfeitamente à vontade dEle para a nossa vida(1João 3:21,22).
Quantos estragos temos feito em nossa própria vida, por orações centralizadas em nós mesmos?
E quantos benefícios a outras pessoas deixamos de proporcionar por nem pensarmos neles em nossas orações? Após conhecer o Senhor mais profundamente, Jó intercedeu por seus amigos (Jó 42.10). Experimente orar mais pelos outros do que por si.
2. Orações por posição social (Mt 20.17-28). É um tremendo erro orar por posição social tal como reconhecimento humano, honras, glórias, poder, dinheiro, para satisfazer a natureza hedonista do ser humano. Esse tipo de oração, considerada egoísta, certamente, Deus não atenderá. Vemos um exemplo clássico na Bíblia com a Mãe de Tiago e João: “Então, se aproximou dele a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-o e fazendo-lhe um pedido. E ele diz-lhe: Que queres? Ela respondeu: Dize que estes meus dois filhos se assentem um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu Reino”(Mt 20:20,21). É claro que Jesus não acatou esse pedido, como bem denota os versículos seguintes. Foi um pedido egoísta. É louvável da sua parte que ela quisesse os filhos perto de Jesus, e que ela ainda esperasse seu futuro reino. Mas ela não entendeu os princípios pelos quais as honras seriam conferidas no reino. Jesus respondeu claramente que eles não entendiam o que estavam pedindo. Eles queriam uma coroa sem uma cruz, um trono sem o altar de sacrifício, a glória sem o sofrimento anterior. Então Ele lhes perguntou sem rodeios: “Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber?”. Ela não tinha consciência de que não existe posição melhor do que ser um servo de Deus, que foi transportado do reino das trevas para o Reino do Filho do seu amor (Cl 1.13), e agora vive não mais para si mesmo, mas em e por Cristo (Gl 2.19,20).
Observe que a mãe de Tiago e João adorou a Jesus antes do seu pedido. Ela adorou Jesus, mas seu objetivo principal era obter algo dEle. Isso acontece muitas vezes em nossas igrejas e em nossa vida. Desempenhamos atividades religiosas, esperando que Deus nos dê alguma coisa em troca. Entretanto, a verdadeira adoração e louvor devem ser dados a Cristo por quem Ele é, e por aquilo que Ele fez.
Diante daqueles que estão a pensar apenas nas coisas materiais, que se tornaram materialistas, é imperioso que a Igreja mostre a sublimidade e a superioridade das coisas espirituais. Neste particular, é necessário que a Igreja seja a primeira a dar o seu testemunho de que as “coisas de cima” são melhores e maiores que as coisas desta terra. Paulo é taxativo ao afirmar que “… se já ressuscitastes com Cristo, buscais as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra, porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”(Cl 3:1-3). Entretanto, como podemos querer que o mundo se liberte do materialismo, se temos, enquanto Igreja, igualmente dado prioridade às coisas da terra? Como podemos querer que o mundo se liberte do materialismo, se nossas preocupações estão única e exclusivamente nesta terra?
Como podemos denunciar o materialismo, se nossos púlpitos apenas falam de “prosperidade material”, se os crentes querem apenas melhores salários, empregos (os mais modestos, pois a maioria quer, mesmo, é se tornar grandes empresários…) e bem-estar nesta vida? Como criticar a prática materialista dos nossos dias, se, nas igrejas, o critério de crescimento no ministério é a arrecadação econômico-financeira, se há uma preocupação em se formar grandes impérios empresariais da fé? Como mostrar a necessidade de se desprender do “ter” se alguns têm associado avivamento espiritual com o surgimento de megatemplos que fazem os grandes estádios e ginásios do mundo parecer miniaturas?
Nossos dias são os dias da “igreja de Laodicéia”, a igreja que deu valor ao materialismo e que, por isso, se achava suficiente e preparada só porque era rica, tinha se enriquecido e de nada tinha falta (Ap 3:17), mal sabendo, porém, que, espiritualmente falando, era praticamente um nada diante de Deus. É preciso voltarmos ao tempo em que a igreja, embora não tivesse prata nem ouro, tinha o poder de Deus para fazer a obra sobrenatural do Senhor (cf. At 3:6). Só aqueles que assim fizerem poderão enfrentar o materialismo hodierno e, mesmo que tenha pouca força, serão vitoriosos, pois são a “igreja de Filadélfia”, a igreja que será arrebatada por Jesus.
3. Orações hipócritas (Mt 6.5,6). “E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão”(v.5). Aqui, Jesus adverte os discípulos contra a hipocrisia ao orar. Eles não deveriam se posicionar propositalmente em áreas públicas de forma que os outros, vendo-os orar, ficassem impressionados por suas devoções.
A hipocrisia foi condenada porque desvia o propósito da oração, que é a glória de Deus, para a glória do ego, do eu. Alguns, especialmente os religiosos, queriam ser vistos como santos, e a oração em público era um modo de chamarem a atenção para isso. Porém Jesus enxergou a intenção deles de se promoverem e ensinou que a essência da oração não é a justificação em público, mas a comunicação particular com Deus. Como diz o pr. Eliezer de Lira: “É melhor ser sincero como um publicano, carente da misericórdia de Deus, do que um fariseu, cheio de justiça própria, pois aquele teve sua oração atendida e este não" (Lc 18.9-14).
Uma coisa é certa: A presunção, o fato de se considerar melhor que os outros faz parte do jeito dos fariseus. Na parábola, do fariseu e do publicano, o fariseu conhecia muito bem a maldade das outras pessoas, especialmente do publicano. Mas se estivermos conscientes da nossa imperfeição no momento em que orarmos a Deus, então, como Jesus disse, voltaremos "justificados" para nossa casa. "Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado"(Mt 23.12).
III. ORAÇÕES ATENDIDAS POR DEUS
Na Bíblia temos muitos exemplos de orações respondidas, uma vez que estavam em harmonia com a vontade de Deus. Nesta aula citaremos apenas três.
1. A oração do rei Salomão (2Cr 1.7-12). “Naquela mesma noite, Deus apareceu a Salomão e disse-lhe: Pede o que quiseres que eu te dê. E Salomão disse a Deus: Tu usaste de grande beneficência com Davi, meu pai, e a mim me fizeste rei em seu lugar. Agora, pois, ó SENHOR Deus, confirme-se a tua palavra, dada a Davi, meu pai; porque tu me fizeste rei sobre um povo numeroso como o pó da terra. Dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo; porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo? Então, Deus disse a Salomão: Porquanto houve isso no teu coração, e não pediste riquezas, fazenda ou honra, nem a morte dos que te aborrecem, nem tampouco pediste muitos dias de vida, mas pediste para ti sabedoria e conhecimento, para poderes julgar a meu povo, sobre o qual te pus rei, sabedoria e conhecimento te são dados; e te darei riquezas, e fazenda, e honra, qual nenhum rei antes de ti teve, e depois de ti tal não haverá”.
Eis aqui uma oração curta, porém sincera e sábia. Não há nenhuma denotação egoística em suas palavras. Por isso, Deus atendeu a sua oração sem demora. O pedido de Salomão provavelmente foi inspirado pela oração de que ele, como novo rei, pudesse ter sabedoria e entendimento. A aparição do Senhor, em visão, deu a ele a oportunidade de pedir o que quisesse, ou seja, ele tinha um “cheque em branco”(v.7), no entanto, não teve desejos egoístas, pensou no reino de Israel e no seu povo. Aqui está o princípio hebraico de que riquezas, fazenda e honra (v.12) seguem aquele que faz a vontade de Deus. É claro que isso não era sempre verdade naquela época, nem o é hoje em dia; mas o que era verdade então, e continua hoje, é que o homem que obedece a Deus é sempre melhor do que o que o ignora. Salomão tornou-se o homem mais sábio e rico do mundo de sua época (1Rs 4.29-34).
2. A oração do profeta Elias (1Rs 18.36-39). A oração que está dentro da vontade de Deus, ou seja, aquela que O glorifica e O exalta, será respondida. Aqui, citamos como exemplo, a oração que Elias fez no monte Carmelo diante dos profetas de Baal. Conforme se observa no versículo 37, o único desejo de Elias era que o nome do Senhor fosse reconhecido e aclamado no meio daquele povo.
Naquela época, Israel vivia uma verdadeira “apostasia nacional”, pois todo o país estava se enveredando pelo culto a Baal. O próprio Deus diria a Elias, pouco depois, que apenas sete mil pessoas não haviam dobrado seus joelhos a Baal nem o haviam beijado, um número bem diminuto frente a uma população que deveria ser bem maior (1Rs 19:18). Diante da apostasia reinante, Elias resolveu fazer um desafio ao povo de Israel: o Deus verdadeiro deveria responder com fogo a aceitação do sacrifício que Lhe fosse dado. No momento do desafio, os profetas de Baal e de Asera, num total de oitocentos e cinquenta (1Rs.18:19), tentaram, durante toda a manhã, resposta de seus deuses para o sacrifício, sem resultado.
Elias, então, depois que havia deixado tempo suficiente para que Baal respondesse ao sacrifício, oferece o seu diante de Deus. Como Deus não é Deus de confusão (1Co 14:33), reparou o altar, que estava quebrado, bem como pôs água abundante para que não houvesse qualquer dúvida de que era Deus quem iria operar. Este cuidado do profeta é um exemplo a seguirmos na atualidade: a operação de Deus é algo de que devemos ter certeza e convicção. Por isso, nada deve ser feito sem a devida preparação espiritual, a devida santificação (o reparo do altar), como também tudo deve ser feito às claras diante do povo, com transparência, decência e ordem (1Co 14:40). Quantos altares desmantelados na atualidade têm buscado o “fogo divino” e, como Deus não opera em lugares assim, recorrem a subterfúgios, a astuciosos estratagemas para impressionar o povo. Entretanto, não nos iludamos, Deus não é Deus de confusão.
Mas, além de ter reparado o altar e não deixado margem a qualquer dúvida, Elias fez uma oração. Ele não “determinou” coisa alguma a Deus, pois sua “determinação” é a disposição firme de servir a Deus, não qualquer exigência que devesse ser feita, como muitos iludidos atrevem-se a fazer em os nossos dias. Elias fez uma oração, um pedido a Deus, reconhecendo a Sua soberania, o Seu senhorio. Relembrou ao povo, que o escutava, que Deus era o Deus do pacto feito com os patriarcas, o Deus que havia formado a nação de Israel e que ele, Elias, era tão somente um servo dEle. Mal acabou a oração, o Senhor consumiu tudo com o fogo e o povo não teve mais dúvida alguma: só o Senhor é Deus! (1Rs 18:36-39).
3. A oração de Davi (Sl 51.1-17). O salmo 51 é uma súplica, primeiramente, por perdão, com uma confissão humilde de atos pecaminosos provenientes de uma natureza pecaminosa como sua raiz amarga; e, depois, por renovação e santificação através do Espírito Santo. Neste salmo, Davi reconhece a gravidade de seus erros e, principalmente, por ter pecado contra o seu Deus. Em seguida, arrepende-se profundamente e busca com lágrimas o perdão e a restauração divina. Davi tinha plena certeza que alcançaria a misericórdia e benignidade de Deus se o buscasse com um coração sincero e contrito.
Davi sentiu uma culpa profunda por sua conivência, mentira, adultério e, finalmente, assassinato. Por trás dessas transgressões ele consegue enxergar a raiz e causa e ora para que o Senhor o lave completamente da sua iniquidade e o purifique do seu pecado (51:2). Ele não procura encobrir ou desculpar a profundidade da sua necessidade.
Todos que pecaram gravemente e que estão opressos por sentimento de culpa podem obter o perdão, a purificação do pecado e a restauração diante de Deus, se O buscarem conforme a natureza e a mensagem deste Salmo. A súplica de Davi, por perdão e restauração, baseia-se na graça, misericórdia, benignidade e compaixão de Deus(51:1), num coração verdadeiramente quebrantado e arrependido(51:17) e, em sentido pleno, na morte vicária de Cristo pelos nossos pecados(1João 2:1,2).
Nenhum pecado é grande demais para Deus perdoar! Você sente que nunca poderia aproximar-se do Senhor por ter feito algo terrível? Deus pode e quer perdoá-lo. Embora Ele nos perdoe, nem sempre apaga as conseqüências de nossos pecados. A vida e a família de Davi nunca mais foram as mesmas como resultado do que ele fez(ver 2Samuel 12:1-23).
CONCLUSÃO
Quando oramos exercitamos a nossa confiança no Deus da Providência, sabendo que nada nos faltará, porque Ele é o nosso Pai. A oração tem sempre uma conotação de submissão confiante. Portanto, orar ao Pai, significa sintonizar a nossa vontade com a dEle; sabendo que Ele é santo e a Sua vontade também o é (Mt 6.9,10).
----------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
-------
Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 44. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee.
Paulo, discorrendo sobre a fraqueza humana, a exemplifica na vida cristã no fato de não sabermos orar como convém (Rm 8:26-27). Por isso, o Espírito Santo que em nós habita nos auxilia em nossas orações, fazendo-nos pedir o que convém, capacitando-nos a rogar de acordo com a vontade de Deus. Muitas vezes, estamos tão confusos diante das opções que temos, que não sabemos nem mesmo como apresentar os nossos desejos e as nossas dúvidas diante de Deus. Todavia, o Espírito Santo nos socorre. Ele ora a nosso favor quando nós mesmos deveríamos ter orado, porém não sabíamos para que orar. Orar como convém é orar segundo a vontade de Deus, colocando os nossos desejos em harmonia com o santo propósito de Deus; isto só é possível pelo Espírito de Deus que Se conhece perfeitamente (1Co 2.10-12). Assim, toda oração genuína é sob a orientação e direção do Espírito (Ef 6:18; Jd 20).
I. A ORAÇÃO E A VONTADE DE DEUS
Quando temos a certeza da vida eterna, é evidente que podemos colocar-nos diante de Deus com a confiança que João descreve em 1João 5:14-15, que diz: “E esta é a confiança que temos nele: que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos”. Portanto, a oração não é um recurso conveniente para impormos a nossa vontade a Deus, ou para dobrar a sua vontade à nossa, mas, sim, o meio prescrito de subordinar a nossa vontade à de Deus. É pela oração que buscamos a vontade de Deus, nos abraçamos e nos alinhamos a ela.
1. O caráter de Deus. Por caráter, Deus é amoroso, justo, santo, sábio, bom, compassivo, misericordioso, amável, perdoador, paciente, tardio para se irar, fiel e muito mais. Deus é soberano e tem o controle final da história ao mesmo tempo em que leva em conta as decisões das pessoas. Deus é tanto transcendente (fora da criação) como imanente (está presente e ativo na criação e habita dentro do crente). Portanto, o conhecimento de tais atributos divinos é imprescindível para orarmos a Deus com entendimento e sermos respondidos em nossas súplicas. Quanto mais conhecermos a Deus, melhor compreenderemos, aceitaremos e identificaremos a sua vontade para nós.
O homem natural não conhece a vontade de Deus. E, por que não pode conhecê-la? Porque os caminhos e os pensamentos de Deus são mais altos do que os do homem. Aqueles que crêem n’Ele e O seguem, estão capacitados a conhecer a vontade de Deus.
2. A vontade de Deus e as Sagradas Escrituras. Submissão à vontade de Deus, e não imposição da nossa vontade a Deus, é o alicerce da nossa confiança na oração. Hoje temos visto falsos mestres ensinando que a oração da fé precisa determinar para Deus o que queremos. Este falso ensino proclama que oração é a vontade do homem prevalecendo no céu em vez da vontade de Deus prevalecendo na terra. A oração é um instrumento poderoso, não para conseguir que a vontade do homem seja feita no céu, mas para garantir que a vontade de Deus seja feita na Terra.
Aliás, devemos temer orar por qualquer coisa que não esteja de acordo com a vontade de Deus. Tiago e João, por exemplo, insensatamente pediram algo a Jesus Cristo em conflito com sua natureza e vontade, mas foram repreendidos pelo Senhor (Lc 9.54-56). Talvez alguém pergunte: “Como saber qual é a vontade de Deus?”. Podemos responder em termos gerais que a vontade de Deus nos é revelada nas Escrituras Sagradas. Devemos, portanto, estuda-las a fim de conhecer melhor a vontade de Deus e aprender a orar com mais discernimento.
Portanto, para orar segundo a vontade de Deus, é preciso conhecê-la e concordar com ela. Somente depois que estivermos convictos de que desejamos a vontade de Deus mais do que nossa própria vontade, é que podemos orar a oração dominical, com segurança: “Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”(Mateus 6:10).
3. A vontade de Deus para cada indivíduo. Conhecer a vontade de Deus é, às vezes, difícil. As pessoas querem que Deus, basicamente, diga a elas o que fazer – onde trabalhar, onde morar, com quem se casar, etc. Deus raramente dá às pessoas informações assim tão diretas e específicas. Deus permite que façamos escolhas em relação a estas coisas. A única decisão que Deus não quer que tomemos é a decisão de pecar ou resistir à Sua vontade.
Deus quer que façamos escolhas que estejam em conformidade com sua vontade. Mas, como podemos saber a vontade de Deus para nossa vida? Para descobri-la, é necessário que o servo de Deus cultive uma vida de íntima comunhão com Deus. À medida que conhecemos o Senhor, sua vontade vai se tornando mais evidente para nós. Romanos 12:2 nos diz: “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.”
Se buscarmos a Deus em favor de determinada causa precisamos saber se ela está dentro da vontade de Deus. Apresentamos dois comandos para se conhecer a vontade de Deus para uma dada causa:
a) Certifique-se de que o que você está pedindo ou pensando em fazer não é algo que a Bíblia proíbe.
b) Certifique-se de que o que você está pedindo ou pensando em fazer irá glorificar a Deus e ajudá-lo a crescer espiritualmente. Se estas duas coisas forem verdades e Deus, ainda assim, não está dando o que você está pedindo, então provavelmente não é da vontade de Deus que você tenha o que está pedindo. Ou, talvez, você somente precise esperar um pouco mais por isso.
Se você estiver caminhando junto ao Senhor e verdadeiramente desejar a vontade dEle para sua vida, Deus colocará Sua vontade em seu coração. A chave é desejar a vontade de Deus, não a sua própria. “Deleita-te também no SENHOR, e ele te concederá o que deseja o teu coração” (Salmos 37:4). Se a Bíblia não se coloca contra algo, e este algo pode verdadeiramente beneficiá-lo espiritualmente, então a Bíblia dá a você a “permissão” de tomar decisões e seguir seu coração.
Para saber a vontade de Deus para decisões mais específicas, por exemplo, com quem casar, ou sobre a vida profissional, deveria considerar os seguintes:
a) Se existir uma falta da paz dentro de si, não vá em frente.
b) Fale com outros crentes mais maduros, e preste atenção aos seus conselhos.
c) Pergunte a si próprio: "Será que quero fazer a vontade de Deus com todo o meu coração?" Se a sua resposta for "sim", é muito provável que saiba logo qual é a vontade de Deus.
d) Pergunte a si próprio: "Será que esta coisa me vai ajudar na minha vida espiritual?".
e) Quando uma porta abrir, não suponha automaticamente que Deus esteja a abrir a porta. Às vezes o diabo tenta-nos com coisas atraentes que não são de acordo com a vontade de Deus para nós. Peça a sabedoria de Deus e pela Sua confirmação se aquela oportunidade à sua frente for a Sua vontade.
f) Não tome uma decisão rápida. Espere em Deus porque muitas vezes com o passar do tempo nossos pensamentos e desejos mudam.
Enfim, o que faço é para a glória de Deus? "Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (1Co 10:31). Deus deve não somente ser glorificado nos templos, mas também fora deles; não somente na vida privada, mas também na esfera pública. Não somente nas coisas referentes à sobriedade do "ministério cristão", mas também nas coisas evidentes e simples do nosso cotidiano como "comer e beber".
II. ORAÇÕES NÃO RESPONDIDAS POR DEUS
1. Orações egoístas (Tg 4.3). Há algo muito errado com o crente que não sente necessidade e nem prazer em fazer a vontade de Deus. E essa grave anomalia é evidenciada em orações egoístas. O escritor do livro de Tiago disse: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”. Aqui, o apóstolo Tiago afirma que pedidos egoístas, que visam interesses próprios, não são respondidos pelo Senhor – é a dura consequencia. Deus não responde as orações dos que amam os prazeres e que desejam honra, poder e riquezas. Todos devemos tomar consciência disso, porque Deus não ouvirá as nossas orações se tivermos o coração cheio de desejos egoístas. Nossas orações se tornarão poderosas quando permitirmos que Deus mude nossos desejos para que correspondam perfeitamente à vontade dEle para a nossa vida(1João 3:21,22).
Quantos estragos temos feito em nossa própria vida, por orações centralizadas em nós mesmos?
E quantos benefícios a outras pessoas deixamos de proporcionar por nem pensarmos neles em nossas orações? Após conhecer o Senhor mais profundamente, Jó intercedeu por seus amigos (Jó 42.10). Experimente orar mais pelos outros do que por si.
2. Orações por posição social (Mt 20.17-28). É um tremendo erro orar por posição social tal como reconhecimento humano, honras, glórias, poder, dinheiro, para satisfazer a natureza hedonista do ser humano. Esse tipo de oração, considerada egoísta, certamente, Deus não atenderá. Vemos um exemplo clássico na Bíblia com a Mãe de Tiago e João: “Então, se aproximou dele a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-o e fazendo-lhe um pedido. E ele diz-lhe: Que queres? Ela respondeu: Dize que estes meus dois filhos se assentem um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu Reino”(Mt 20:20,21). É claro que Jesus não acatou esse pedido, como bem denota os versículos seguintes. Foi um pedido egoísta. É louvável da sua parte que ela quisesse os filhos perto de Jesus, e que ela ainda esperasse seu futuro reino. Mas ela não entendeu os princípios pelos quais as honras seriam conferidas no reino. Jesus respondeu claramente que eles não entendiam o que estavam pedindo. Eles queriam uma coroa sem uma cruz, um trono sem o altar de sacrifício, a glória sem o sofrimento anterior. Então Ele lhes perguntou sem rodeios: “Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber?”. Ela não tinha consciência de que não existe posição melhor do que ser um servo de Deus, que foi transportado do reino das trevas para o Reino do Filho do seu amor (Cl 1.13), e agora vive não mais para si mesmo, mas em e por Cristo (Gl 2.19,20).
Observe que a mãe de Tiago e João adorou a Jesus antes do seu pedido. Ela adorou Jesus, mas seu objetivo principal era obter algo dEle. Isso acontece muitas vezes em nossas igrejas e em nossa vida. Desempenhamos atividades religiosas, esperando que Deus nos dê alguma coisa em troca. Entretanto, a verdadeira adoração e louvor devem ser dados a Cristo por quem Ele é, e por aquilo que Ele fez.
Diante daqueles que estão a pensar apenas nas coisas materiais, que se tornaram materialistas, é imperioso que a Igreja mostre a sublimidade e a superioridade das coisas espirituais. Neste particular, é necessário que a Igreja seja a primeira a dar o seu testemunho de que as “coisas de cima” são melhores e maiores que as coisas desta terra. Paulo é taxativo ao afirmar que “… se já ressuscitastes com Cristo, buscais as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra, porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus”(Cl 3:1-3). Entretanto, como podemos querer que o mundo se liberte do materialismo, se temos, enquanto Igreja, igualmente dado prioridade às coisas da terra? Como podemos querer que o mundo se liberte do materialismo, se nossas preocupações estão única e exclusivamente nesta terra?
Como podemos denunciar o materialismo, se nossos púlpitos apenas falam de “prosperidade material”, se os crentes querem apenas melhores salários, empregos (os mais modestos, pois a maioria quer, mesmo, é se tornar grandes empresários…) e bem-estar nesta vida? Como criticar a prática materialista dos nossos dias, se, nas igrejas, o critério de crescimento no ministério é a arrecadação econômico-financeira, se há uma preocupação em se formar grandes impérios empresariais da fé? Como mostrar a necessidade de se desprender do “ter” se alguns têm associado avivamento espiritual com o surgimento de megatemplos que fazem os grandes estádios e ginásios do mundo parecer miniaturas?
Nossos dias são os dias da “igreja de Laodicéia”, a igreja que deu valor ao materialismo e que, por isso, se achava suficiente e preparada só porque era rica, tinha se enriquecido e de nada tinha falta (Ap 3:17), mal sabendo, porém, que, espiritualmente falando, era praticamente um nada diante de Deus. É preciso voltarmos ao tempo em que a igreja, embora não tivesse prata nem ouro, tinha o poder de Deus para fazer a obra sobrenatural do Senhor (cf. At 3:6). Só aqueles que assim fizerem poderão enfrentar o materialismo hodierno e, mesmo que tenha pouca força, serão vitoriosos, pois são a “igreja de Filadélfia”, a igreja que será arrebatada por Jesus.
3. Orações hipócritas (Mt 6.5,6). “E, quando orares, não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão”(v.5). Aqui, Jesus adverte os discípulos contra a hipocrisia ao orar. Eles não deveriam se posicionar propositalmente em áreas públicas de forma que os outros, vendo-os orar, ficassem impressionados por suas devoções.
A hipocrisia foi condenada porque desvia o propósito da oração, que é a glória de Deus, para a glória do ego, do eu. Alguns, especialmente os religiosos, queriam ser vistos como santos, e a oração em público era um modo de chamarem a atenção para isso. Porém Jesus enxergou a intenção deles de se promoverem e ensinou que a essência da oração não é a justificação em público, mas a comunicação particular com Deus. Como diz o pr. Eliezer de Lira: “É melhor ser sincero como um publicano, carente da misericórdia de Deus, do que um fariseu, cheio de justiça própria, pois aquele teve sua oração atendida e este não" (Lc 18.9-14).
Uma coisa é certa: A presunção, o fato de se considerar melhor que os outros faz parte do jeito dos fariseus. Na parábola, do fariseu e do publicano, o fariseu conhecia muito bem a maldade das outras pessoas, especialmente do publicano. Mas se estivermos conscientes da nossa imperfeição no momento em que orarmos a Deus, então, como Jesus disse, voltaremos "justificados" para nossa casa. "Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado"(Mt 23.12).
III. ORAÇÕES ATENDIDAS POR DEUS
Na Bíblia temos muitos exemplos de orações respondidas, uma vez que estavam em harmonia com a vontade de Deus. Nesta aula citaremos apenas três.
1. A oração do rei Salomão (2Cr 1.7-12). “Naquela mesma noite, Deus apareceu a Salomão e disse-lhe: Pede o que quiseres que eu te dê. E Salomão disse a Deus: Tu usaste de grande beneficência com Davi, meu pai, e a mim me fizeste rei em seu lugar. Agora, pois, ó SENHOR Deus, confirme-se a tua palavra, dada a Davi, meu pai; porque tu me fizeste rei sobre um povo numeroso como o pó da terra. Dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar perante este povo; porque quem poderia julgar a este teu tão grande povo? Então, Deus disse a Salomão: Porquanto houve isso no teu coração, e não pediste riquezas, fazenda ou honra, nem a morte dos que te aborrecem, nem tampouco pediste muitos dias de vida, mas pediste para ti sabedoria e conhecimento, para poderes julgar a meu povo, sobre o qual te pus rei, sabedoria e conhecimento te são dados; e te darei riquezas, e fazenda, e honra, qual nenhum rei antes de ti teve, e depois de ti tal não haverá”.
Eis aqui uma oração curta, porém sincera e sábia. Não há nenhuma denotação egoística em suas palavras. Por isso, Deus atendeu a sua oração sem demora. O pedido de Salomão provavelmente foi inspirado pela oração de que ele, como novo rei, pudesse ter sabedoria e entendimento. A aparição do Senhor, em visão, deu a ele a oportunidade de pedir o que quisesse, ou seja, ele tinha um “cheque em branco”(v.7), no entanto, não teve desejos egoístas, pensou no reino de Israel e no seu povo. Aqui está o princípio hebraico de que riquezas, fazenda e honra (v.12) seguem aquele que faz a vontade de Deus. É claro que isso não era sempre verdade naquela época, nem o é hoje em dia; mas o que era verdade então, e continua hoje, é que o homem que obedece a Deus é sempre melhor do que o que o ignora. Salomão tornou-se o homem mais sábio e rico do mundo de sua época (1Rs 4.29-34).
2. A oração do profeta Elias (1Rs 18.36-39). A oração que está dentro da vontade de Deus, ou seja, aquela que O glorifica e O exalta, será respondida. Aqui, citamos como exemplo, a oração que Elias fez no monte Carmelo diante dos profetas de Baal. Conforme se observa no versículo 37, o único desejo de Elias era que o nome do Senhor fosse reconhecido e aclamado no meio daquele povo.
Naquela época, Israel vivia uma verdadeira “apostasia nacional”, pois todo o país estava se enveredando pelo culto a Baal. O próprio Deus diria a Elias, pouco depois, que apenas sete mil pessoas não haviam dobrado seus joelhos a Baal nem o haviam beijado, um número bem diminuto frente a uma população que deveria ser bem maior (1Rs 19:18). Diante da apostasia reinante, Elias resolveu fazer um desafio ao povo de Israel: o Deus verdadeiro deveria responder com fogo a aceitação do sacrifício que Lhe fosse dado. No momento do desafio, os profetas de Baal e de Asera, num total de oitocentos e cinquenta (1Rs.18:19), tentaram, durante toda a manhã, resposta de seus deuses para o sacrifício, sem resultado.
Elias, então, depois que havia deixado tempo suficiente para que Baal respondesse ao sacrifício, oferece o seu diante de Deus. Como Deus não é Deus de confusão (1Co 14:33), reparou o altar, que estava quebrado, bem como pôs água abundante para que não houvesse qualquer dúvida de que era Deus quem iria operar. Este cuidado do profeta é um exemplo a seguirmos na atualidade: a operação de Deus é algo de que devemos ter certeza e convicção. Por isso, nada deve ser feito sem a devida preparação espiritual, a devida santificação (o reparo do altar), como também tudo deve ser feito às claras diante do povo, com transparência, decência e ordem (1Co 14:40). Quantos altares desmantelados na atualidade têm buscado o “fogo divino” e, como Deus não opera em lugares assim, recorrem a subterfúgios, a astuciosos estratagemas para impressionar o povo. Entretanto, não nos iludamos, Deus não é Deus de confusão.
Mas, além de ter reparado o altar e não deixado margem a qualquer dúvida, Elias fez uma oração. Ele não “determinou” coisa alguma a Deus, pois sua “determinação” é a disposição firme de servir a Deus, não qualquer exigência que devesse ser feita, como muitos iludidos atrevem-se a fazer em os nossos dias. Elias fez uma oração, um pedido a Deus, reconhecendo a Sua soberania, o Seu senhorio. Relembrou ao povo, que o escutava, que Deus era o Deus do pacto feito com os patriarcas, o Deus que havia formado a nação de Israel e que ele, Elias, era tão somente um servo dEle. Mal acabou a oração, o Senhor consumiu tudo com o fogo e o povo não teve mais dúvida alguma: só o Senhor é Deus! (1Rs 18:36-39).
3. A oração de Davi (Sl 51.1-17). O salmo 51 é uma súplica, primeiramente, por perdão, com uma confissão humilde de atos pecaminosos provenientes de uma natureza pecaminosa como sua raiz amarga; e, depois, por renovação e santificação através do Espírito Santo. Neste salmo, Davi reconhece a gravidade de seus erros e, principalmente, por ter pecado contra o seu Deus. Em seguida, arrepende-se profundamente e busca com lágrimas o perdão e a restauração divina. Davi tinha plena certeza que alcançaria a misericórdia e benignidade de Deus se o buscasse com um coração sincero e contrito.
Davi sentiu uma culpa profunda por sua conivência, mentira, adultério e, finalmente, assassinato. Por trás dessas transgressões ele consegue enxergar a raiz e causa e ora para que o Senhor o lave completamente da sua iniquidade e o purifique do seu pecado (51:2). Ele não procura encobrir ou desculpar a profundidade da sua necessidade.
Todos que pecaram gravemente e que estão opressos por sentimento de culpa podem obter o perdão, a purificação do pecado e a restauração diante de Deus, se O buscarem conforme a natureza e a mensagem deste Salmo. A súplica de Davi, por perdão e restauração, baseia-se na graça, misericórdia, benignidade e compaixão de Deus(51:1), num coração verdadeiramente quebrantado e arrependido(51:17) e, em sentido pleno, na morte vicária de Cristo pelos nossos pecados(1João 2:1,2).
Nenhum pecado é grande demais para Deus perdoar! Você sente que nunca poderia aproximar-se do Senhor por ter feito algo terrível? Deus pode e quer perdoá-lo. Embora Ele nos perdoe, nem sempre apaga as conseqüências de nossos pecados. A vida e a família de Davi nunca mais foram as mesmas como resultado do que ele fez(ver 2Samuel 12:1-23).
CONCLUSÃO
Quando oramos exercitamos a nossa confiança no Deus da Providência, sabendo que nada nos faltará, porque Ele é o nosso Pai. A oração tem sempre uma conotação de submissão confiante. Portanto, orar ao Pai, significa sintonizar a nossa vontade com a dEle; sabendo que Ele é santo e a Sua vontade também o é (Mt 6.9,10).
----------
Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. E-Mail: luloure@yahoo.com.br. Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
-------
Fonte de Pesquisa: Bíblia de Estudo-Aplicação Pessoal. Bíblia de Estudo Pentecostal. Bíblia de Estudo das Profecias. O novo dicionário da Bíblia. Revista Ensinador Cristão – CPAD nº 44. Guia do leitor da Bíblia. A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck. Comentário Bíblico Beacon – CPAD. Comentário Bíblico Popular do Novo Testamento – William Macdonald. Através da Bíblia – Lucas – John Vernon McGee.
Nenhum comentário:
Postar um comentário