1ºTrimestre/2015
Texto Básico: Êxodo 20:4-6; Dt 4:15-19
“Portanto, meus amados, fugi da
idolatria” (1Co 10:14).
INTRODUÇÃO
"Não farás para ti imagem de
escultura" (Ex 20:4; Dt 5:8). O Primeiro Mandamento
de Deus no Sinai foi “não terás outros
deuses diante de mim” (Êx 20:3). E o Segundo Mandamento foi não fazer
imagens de escultura e nem se encurvar a elas (Êx 20:4-6). A idolatria é um
pecado grosseiro e afrontoso ao único e verdadeiro Deus. A idolatria consiste
em transformar uma imagem em objeto de adoração e atribuir a ela poderes do
deus que representa. Se considerarmos que gravuras ou imagens de pessoas
possuam poderes divinos e que sejam adorados, então elas se tornam ídolos. Há
formas de criaturas nos céus (anjos), na terra (animais, seres humanos) e nas
águas (peixes e baleias), e nenhuma dessas formas poderia jamais representar
Deus. Tentar reduzir Deus a uma figura conhecida era o mesmo que reduzir sua
glória. Deus apresentou os motivos para esta proibição: “Ele é Deus zeloso”, no
sentido de que não permite que o respeito e a reverência devidos a Ele sejam
dados a outrem. Está escrito: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha
glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de esculturas”
(Is 42:8).
I. PROIBIÇÃO À IDOLATRIA
1. Ídolo e imagem. O
ídolo é um objeto de culto visto pelos idólatras como tendo poderes
sobrenaturais e a imagem é o representante do ídolo. Diversas passagens bíblicas relacionam o
ídolo aos demônios, e o culto idólatra ao culto diabólico (Lv 17:7; 1Co 10:20).
Satanás, como “o deus deste século” (2Co
4:4), exerce vasto poder nesta presente era iníqua (ver 1João 5:19). Ele tem
poder para produzir falsos milagres e de proporcionar às pessoas benefícios
físico e materiais. Sem dúvida, esse poder contribui, às vezes, para a
prosperidade dos ímpios (cf. Sl 10:2,6; 73:1-17).
Essa correlação entre a idolatria e os
demônios vê-se mais claramente quando percebemos a estreita vinculação entre as
práticas religiosas pagãs e o espiritismo, a magia negra, a leitura da sorte, a
feitiçaria, a bruxaria, a necromancia, e coisas semelhantes (cf 2Rs 21:3-6; Is
8:19). Segundo as Escrituras Sagradas
todas essas práticas ocultistas envolvem submissão e culto aos demônios.
Os
ídolos sempre foram laços para o povo de Israel, a quem Deus elegeu como seu povo peculiar aqui na
Terra.
Em 1 e 2 Reis temos a revelação da infidelidade do povo de Deus. Encontram-se
ali três categorias de reis que tiveram diferentes relações com as imagens:
a) reis maus, que não andaram no caminho
do Senhor e apoiaram toda sorte de idolatria: Jeroboão (1Rs 12:31,32;
13:33); Roboão (1Rs 14:23); Zinri (1Rs 16:19); Onri (1Rs 16:25,26);
Acabe (1Rs 16:30-33); Acazias (1Rs
22:52,53); Jorão (2Rs 3:1-3); Acazias (2Rs 8:27); Jeú (2Rs 10:18-31); Jeocaz (2Rs 13:1,2); Jeoás (2Rs
13:10,11); Jeroboão (2Rs
14:23,24); Peca (2Rs 15:27,28); Acaz (2Rs 16:1-3); Oséias (2Rs 17:1,2); Manasses
(2Rs 21:1-3); Amom (2Rs 21:17-21).
b) reis bons,
que andaram no caminho do Senhor, mas que, ao mesmo tempo, toleraram os lugares
altos: Asa (1Rs 15:12-15); Josafá (1Rs 22:43,44); Joás (2Rs 12:3); Amazías (2Rs 14:1-4); Azarias
(2Rs 15:1-4); Jotão (2Rs 15:32-35).
c) reis excelentes,
que andaram no caminho do Senhor e derrubaram os lugares altos: Ezequias (2Rs 18:1-4) e Josias (2Rs
22:1,2; 2Cr 34:4).
Em
todo esse período, o povo de Deus experimentou apenas dois reavivamentos: o
primeiro ocorreu durante o reinado de Ezequias e o segundo, nos dias de Josias.
Foram homens de muita coragem e de alto padrão espiritual; tanto Ezequias
quanto Josias tiveram a visão de voltar ao Senhor e deixar para trás toda
espécie de ídolos, inclusive os postes-ídolos e lugares altos que dominaram a
vida diária por tantas gerações.
O salmo 96:5
afirma que todos os deuses dos povos não passam de ídolos e faz uma clara
distinção entre os ídolos e Deus: o verdadeiro Deus fez os céus; os ídolos
foram criados, mas nunca criaram nada. O verdadeiro Deus tem poder criativo, os
ídolos não. Os ídolos foram criados e não criam, enquanto o verdadeiro Deus
cria e nunca foi criado.
Uma nova dimensão na questão da
idolatria abre-se nas palavras proféticas de Ezequiel, quando ele
se refere aos ídolos dentro do coração (Ez 14:1-11). Estes já não são visíveis
e estão ligados às atitudes do coração,
mas desviam do Senhor e contaminam o pensamento humano tanto quanto os ídolos
visíveis e tangíveis.
Hoje, no Brasil, é notória a prática de
espiritualismo em diversos púlpitos. Prometem "carro",
"casa", "emprego", "saúde", "dinheiro"
e tantas outras falsas promessas em troca de dinheiro. Na ânsia de "tomar
posse da bênção", as pessoas passam a cultuar uma série de objetos que
nada têm a ver com o Evangelho. É o "galho de arruda", o "sal
grosso", a "rosa ungida", as "sementes", o "carnê",
enfim, a razão da fé deixa de ser Jesus para ser as tais imagens. Quando você se prostra diante de um ídolo, uma
imagem de escultura, não importa quem, ou o que ela está representando, seja
aonde for - em um templo, ao ar livre, em um centro de magia -, por traz desse
ídolo, ou imagem, está um demônio.
É
válido ressaltar que não há condenação para confecção de
imagens, contanto que não se tornem objetos de veneração. No Tabernáculo (Êx
25:31-34) e no primeiro Templo (1Rs 6:18,29) haviam obras esculpidas. A
tradição cristã nunca condenou o emprego de imagens para fins didáticos. Pela
história eclesiástica, sabemos como as pinturas nas catacumbas serviram para a
catequese e a meditação dos fiéis analfabetos. O problema surge quando essas
imagens são desvinculadas da simplicidade da fé apostólica, tornando-se um
instrumento de veneração ou até adoração. Já o pé de coelho, o anel mágico, a
pirâmide esotérica, o cacto em frente da casa para dissipar os maus espíritos,
o arco-íris, as pedras no balde em cima da cabeça e outros objetos ou práticas
que recebem o apoio da crença popular são manifestações de desrespeito à
santidade de Deus e ao Segundo Mandamento (Dt 18:10-12).
2. Idolatria. A
palavra idolatria é formada por dois vocábulos gregos: eidolon = ídolo + latria
= adoração, idolatria. Portanto, idolatria é adorar, venerar, ajoelhar–se
diante de ídolos, fazer-lhes orações, prostrar-se diante deles e prestar-lhes
culto.
Teologicamente, idolatria é tudo aquilo que,
em nosso coração, tira a primazia de Deus. É idolatria, por exemplo, o
excessivo apego que se tem a uma pessoa ou objeto (Cl 3:5).
A idolatria é obra da carne. Ao
relacionar as obras da carne, Paulo coloca a idolatria no mesmo nível destas
(Gl 5:20).
A idolatria é um pecado
grosseiro e afrontoso ao único e verdadeiro Deus, porque: (a) lhe rouba a
glória e consagra-a às obras que nada são; (b) ignora-lhe a eterna e
inquestionável soberania; (c) zomba das reivindicações que Ele apresenta em Sua
Palavra. O idólatra demonstra que não dá nenhuma importância à soberania divina
(Sl 14:1).
O povo de Deus cometeu o pecado da
idolatria repetidas vezes, ao longo de sua história no Antigo
Testamento. Em Deuteronômio 27:15 vemos
a função condenatória do Segundo Mandamento em sua forma mais radical. Quem
quebrar este mandamento será maldito e abominável perante o Senhor, e o povo
dirá amém. O mesmo povo que concordava com esta exigência do Senhor mais tarde
caiu em grande idolatria. Outra passagem que se destaca é Deuteronômio 16:21,22, onde Javé adverte contra postes-ídolos e
árvores ao lado do altar ou colunas que lhe são odiáveis (veja também Juízes 3:7,8). A adoração a esses
fetiches nos lugares altos tornou-se a principal forma de idolatria em Israel.
Todos os profetas exortaram os
israelitas a que se abstivessem da idolatria. Foi em consequência da idolatria
que Israel e Judá foram expulsos de suas possessões e experimentaram o amargo
cativeiro (2Rs 17:1-23; 2Cr 36:11-21).
Por que a idolatria
era tão fascinante aos israelitas?
a) Porque as nações ao redor
de Israel criam que a adoração a vários deuses era superior à adoração a um
único Deus, ou seja, quanto mais deuses melhor. O povo de Deus sofria
influência dessas nações e constantemente as imitava, ao invés de obedecer ao
mandamento de Deus no sentido de se manter santo e separado delas.
b) Porque os deuses das nações
vizinhas a Israel não exigiam nenhum tipo de obediência a padrões morais, como
o Deus de Israel. Por exemplo, muitas das religiões pagãs incluíam imoralidade
sexual religiosa no seu culto, tendo para isso prostitutas cultuais. Essa
prática sem dúvida atraia muitos israelitas. Deus, por sua vez, exigia padrões
morais para o seu povo, vida de consagração, adoração com reverência.
c) Porque acreditavam que os
deuses da fertilidade prometiam o nascimento de filhos; os deuses do tempo
(sol, lua, chuva etc.) prometiam as condições apropriadas para colheitas
abundantes e os deuses da guerra prometiam proteção dos inimigos e a vitória
nas batalhas. A promessa de tais benefícios fascinava os israelitas; daí,
muitos se dispunham a servir aos ídolos, ou seja, aos demônios (cf Dt 32:17).
Se a idolatria era combatida com rigor
no Antigo Testamento, não será diferente no Novo. No Concílio de
Jerusalém, os apóstolos e anciãos, inspirados pelo Espírito Santo, recomendaram
aos fiéis: “Que vos abstenhais das coisas
sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação;
destas coisas fareis bem se vos guardardes” (Atos 15:29). Em suas diversas
epístolas, os apóstolos condenaram duramente o envolvimento dos cristãos com a
idolatria (1Co 10:14; 1Pe 4:3).
O
apóstolo Paulo advertiu a igreja de Corinto e adverte a igreja de hoje para não
se envolver com a idolatria, como o povo de Israel no deserto. Ele diz: “Não
vos torneis, pois, idólatras, como alguns deles, conforme está escrito: O povo
assentou-se a comer e a beber, e levantou-se para dançar” (1Co 10:7).
II. AMEÇAS E PROMESSAS
1. O
Deus zeloso. “Porque eu, o SENHOR, teu Deus, sou Deus
zeloso...” (Êx 20:5). Estas palavras devem ser interpretadas à luz do
caráter de Deus. Deus é zeloso no sentido de ser exclusivista, não tolerando
que seu povo preste culto a outros deuses. Como um marido, que ama a sua esposa,
não permite que ela reparta seu amor com outros homens, Deus não tolera nenhum
rival. Esse direito de exclusividade era algo inusitado na época e único na
história das religiões, pois os cultos pagãos antigos eram tolerantes em
relação a outros deuses.
2.
As ameaças. “... que
visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles
que me aborrecem” (Êx 20:5). As ameaças sobre as gerações daqueles que
aborrecem Javé são para os descendentes que continuam envolvidos no pecado dos
pais, as sucessivas gerações que aprenderam os pecados dos seus ancestrais e
vivem ainda neles. Este princípio aparece outras vezes no Antigo Testamento
além das duas passagens do Decálogo (Êx 34:7; Nm 14:18; Jr 32:18). Deus não
castiga os filhos pelos pecados de seus pais, a não ser nos casos em que os
filhos continuem nos pecados dos pais. Castiga os que o "aborrecem" e
não os arrependidos. "A alma que
pecar, essa morrerá"; "o filho não levará a maldade do pai, nem o pai
levará a maldade do filho" (Ez 18:20). Em vez disso, a maldade passa
de geração a geração pela influência dos pais e quando chega a seu ponto
culminante, Deus traz castigo sobre os pecadores (Gn 15:16; 2Reis 17:6-23; Mt
23:32-36).
"visito a maldade dos pais nos
filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem"
- Os expositores da falaciosa doutrina da “maldição hereditária” costumam usar
este texto para fundamentar a sua teoria. “Afirmam que, se alguém tem problemas
com adultério, pornografia, divórcio, alcoolismo ou tendências suicidas é porque
alguém de sua família, no passado - não importa se avós, bisavós ou tataravós
-, teve esse problema. Nesse caso, a pessoa afetada pela maldição hereditária
deve, em primeiro lugar, descobrir em que geração seus ancestrais deram lugar
ao diabo. Uma vez descoberta tal geração, pede-se perdão por ela, e, dessa
forma, a maldição de família é desfeita. Uma espécie de perdão por procuração,
muito parecido com o batismo pelos mortos, praticado pelos mórmons”. “Tal
pensamento não se sustenta biblicamente; é um erro crasso. A maldição está
sobre quem continuar no pecado dos pais, sobre ‘aqueles que me aborrecem’,
pontua com clareza o mandamento. Não é o que acontece com o cristão que ama a
Deus. Se fomos alvejados pela graça de Deus ainda no tempo da nossa ignorância,
quanto mais agora que somos reconciliados com ele? (Rm 5:8-10). Quando alguém
se converte a Cristo, torna-se nova criatura: "as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo" (2Co 5;17)“
(Esequias Soares).
III. O CULTO VERDADEIRO
Em
todo o culto verdadeiro, Deus é ao mesmo tempo o objeto do culto, o assunto do
culto, e o poder do culto.
1. Adoração. De
acordo com a Bíblia, a adoração está associada com a ideia de culto,
reverência, veneração, por aquilo que Deus é: Santo, Justo, Amoroso, Soberano,
Misericordioso, etc. Os dois principais verbos gregos para “adorar”, no Novo
Testamento, são proskyneo, que
significa “adorar” no sentido de prostrar-se; e latreuo, que significa “servir” a Deus.
Muitos
têm se iludido achando que Deus se agrada se cumprirmos tão somente os deveres
litúrgicos, ou seja, se rendermos a Deus um culto formal em alguma igreja. A
essência do culto está na adoração ao Senhor, e nunca é demais enfatizarmos
essa verdade, pois adoração vazia significa culto frio e sem propósito.
A
adoração a Deus é o gesto concreto de nosso reconhecimento de que Deus é o
Senhor de todas as coisas, inclusive de nosso ser. É através da adoração que
Deus é reconhecido como Senhor e o homem, como seu servo. Quando adoramos ao
Senhor, em espírito e em verdade (João 4:23,24), trazemos o Senhor até ao local
de adoração de uma forma especial.
O
Senhor Jesus disse que Deus procura a estes adoradores e disse que estaria onde
estivessem dois ou três reunidos em seu nome (Mt 18:20). Assim sendo,
quando nos reunimos em nome do Senhor, quando realmente O adoramos, Ele se faz
presente de uma forma toda especial, ou seja, como companheiro, como
intercessor, como Salvador.
2. Deus é espírito. De
conformidade com a revelação de Cristo à mulher Samaritana, Deus é Espírito
(João 4:24), sendo, portanto, invisível e imperceptível para os sentidos físicos
(Jo 1:18). Cultuá-lo com a mediação de imagens é colocá-lo no mesmo nível das
falsas divindades, uma afronta ao verdadeiro Deus.
Deus
é Espírito infinito, sem fronteiras ou limites tanto quanto ao seu Ser como
quanto aos seus atributos, e cada aspecto e elemento de sua natureza é
infinito. Essa natureza infinita, em relação ao tempo, é chamada eternidade, e
em relação ao espaço é chamada onipresença; em relação ao universo, ela implica
tanto em transcendência como em imanência.
3.
Deus é imanente e transcendente. Por transcendência de Deus
se entende que Ele está separado de toda a sua criação como um Ser independente
e auto-existente. Ele não está limitado pela natureza, mas existe infinitamente
exaltado sobre ela. Até mesmo aquelas passagens das Escrituras que salientam
suas manifestações temporais e locais dão ênfase à sua exaltação e onipotência
como Ser externo ao mundo, como seu soberano Criador e Juiz (cf Is 40:12-17).
Em Is 57:15 temos uma expressão da transcendência de Deus: “o Alto, o Sublime, que habita a eternidade,
o qual tem o nome de Santo”, bem como sua imanência como Aquele que habita
“também com o contrito e abatido de
espírito”.
Por imanência de Deus se
entende sua presença difundida e seu poder dentro de sua criação, ou seja, Deus
não abandonou a criação e que dela participa ativamente, sendo companheiro do
homem a cada instante de sua existência. Desta percepção da imanência de Deus,
o homem pode compreender que Deus o ama e que tudo fez para resgatá-lo do
pecado e do mal, chegando ao ponto de se humanizar e de morrer em nosso lugar
na cruz do calvário, na pessoa de seu Filho. Por isso, a Bíblia mostra que o
primeiro e maior mandamento de Deus para o homem é o de amarmos a Deus sobre
todas as coisas, algo que decorrerá do fato de reconhecermos nosso estado de
pecador e de nos arrependermos e nos chegarmos ao Senhor, através da pessoa de
Jesus Cristo.
IV. AS IMAGENS E O CATOLICISMO ROMANO
1. Uma interpretação forçada. Para
escapar da acusação de prática de idolatria por parte dos seus fiéis, a Igreja
Católica Romana desenvolveu três argumentos básicos:
- Em
primeiro lugar, diz que o texto de Êxodo 20:4-5 não era uma
proibição absoluta, mas condicionada por circunstâncias em que vivia o povo de
Israel, haja vista que o próprio Deus mandou que se confeccionassem imagens
sagradas (Ex 25:17-22; 1Rs 6:23-29).
-
Em segundo lugar, desenvolveu a teoria da pedagogia divina.
D. Estevão Bettencourt resume assim a teoria: ...os cristãos foram
percebendo que a proibição de fazer imagens no Antigo Testamento tinha o mesmo
papel de pedagogo (condutor de crianças destinado a cumprir as suas funções e
retirar-se) que a Lei de Moisés em geral tinha junto ao povo de Israel. Por
isto o uso das imagens foi-se implantando. As gerações cristãs compreenderam
que, segundo o método da pedagogia divina, atualizada na Encarnação, deveriam
procurar subir ao Invisível passando pelo visível que Cristo apresentou aos
homens; a meditação das fases da vida de Jesus e a representação
artística das mesmas se tornaram recursos com que o povo fiel procurou
aproximar-se do Filho de Deus. Assim criaram a ideia de que: Nas igrejas
as imagens tornaram-se a Bíblia dos iletrados, dos simples e das crianças,
exercendo função pedagógica de grande alcance. É o que notam alguns escritores
cristãos antigos: 'O desenho mudo sabe falar sobre as paredes das igrejas e
ajuda grandemente'(S. Gregório de Nissa, Panegírico de S. Teodoro. p.
46,737d). O que a Bíblia é para os que sabem ler, a imagem o é para os
iletrados (São João Damasceno. De imaginibus 17 p. 94,1248c). (Diálogo
Ecumênico. D. Estevão Bittencourt osb. Edições "Lúmen Christi”.1989.
p.227-234).
- Em terceiro lugar,
criou a teoria da distinção de devoção ou culto: dulia, devoção aos
santos e anjos; hiperdulia, devoção a Maria e; latría, culto
prestado a Deus.
2. Refutação Apologética. Deus
proibiu seu povo de confeccionar e cultuar imagens, estátuas, etc, visto que os
povos pagãos atribuíam a esses artefatos de barro, madeira, ou outro material
corruptível, um caráter religioso. Acreditavam, além do mais, que a divindade
se fazia presente por meio dessa prática. O Deus Todo-poderoso instruiu seu
povo a não cultuar imagens. Sua palavra era tão poderosa no coração dos
israelitas, que embora muitos homens santos, profetas e sacerdotes, servos
exemplares, com todas as virtudes para "canonização" (os heróis da
Bíblia), não foram pretextos para serem adorados ou cultuados, nem fizeram suas
imagens e nem lhes prestaram culto. Deus proibiu seu povo de fabricar imagens
de escultura, de fundir imagens para cultuá-las (Êx 20:23 e 34:17).
Algumas imagens que Deus mandou confeccionar
não tinham por objetivo elevar a piedade de Israel e nem serviam de modelo para
reflexão ou conduta. Eram apenas símbolos
decorativos e representativos. Deus mandou fazer a Arca da Aliança; mandou
confeccionar figuras de querubins no Tabernáculo e no Templo, entre outros
utensílios (Ex 25:17-22; 1Rs 6:23-29), além de outros ornamentos (1Rs 7:23-28).
Essas figuras, porém, jamais foram adoradas ou veneradas, ou vistas como objeto
de devoção ou adoração. Se os filhos de Israel tivessem adorado, cultuado ou
venerado esses objetos, sem dúvida, Deus mandaria destruí-las. Foi isso o que
aconteceu com a serpente de bronze, levantada por Moisés no deserto, quando se
tornou objeto de culto (2Rs 18:4).
Quando
analisamos esta questão na história da nação de Israel, o povo que recebeu os
mandamentos de Deus e a preocupação dos judeus religiosos em manter-se fiéis
até hoje, podemos entender que, apesar do Antigo Testamento proibir a confecção
de imagens relativamente, no entanto a adoração ou culto a imagens era
absolutamente proibido: “Não te
prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto” (Êx 20:4b).
Em
algumas sinagogas do século III, e até hoje, encontramos pinturas de heróis da
fé em seus vitrais, entretanto, jamais veremos judeus orando, cultuando ou
invocando Moisés, Abraão ou Ezequiel.
No
Novo Testamento, não encontramos argumentos, nem evidências que justifique o
culto, veneração ou a fabricação de imagens.
Considerando o segundo argumento apresentado
pelo catolicismo romano de que um dos objetivos da Igreja é ensinar o povo a
Bíblia através das imagens, especialmente aos menos alfabetizados, surge-nos
algumas perguntas: Por que se faz culto a elas, se o objetivo é ensinar a
Bíblia? Por que após passar dezenas de anos, com milhares de católicos
alfabetizados, ainda insistem cultuar imagem? Se realmente a imagem fosse o
livro daqueles que não sabem ler, por que os católicos alfabetizados são tão
devotos e apegados às imagens? Será que podemos desobedecer a Bíblia para
superar uma deficiência de entendimento? Onde está a base bíblica para esta teoria
da pedagogia divina? Será que a encarnação do verbo poderia servir de base para
se fazer imagens dos santos e cultuá-los? Cristianismo é a fé exclusiva na obra
do Senhor Jesus (João 3:16; Rm 5:8: Ef 2:8-9; 1Tm 2:5; Tt 2:11), é adoração
exclusiva a Deus: “...ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás” (Mt
4:11; Lc 4:8).
O
principal de todos os mandamentos é: “Ouve, ó Israel, o Senhor nosso Deus é
o único Senhor! Amarás o Senhor leu Deus de todo o teu coração, de toda a sua
alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças” (Mc 12:29-30;
Mt 22:37). “Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai cm espirito e em verdade, pois o Pai procura a tais que assim o
adorem. Deus e Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em Espírito e
em verdade” (João 4:23,24).
Finalmente, acerca da teoria de três
tipos de devoção: a dulia,
a hiperdulia e a latria, perguntamos:
qual a diferença que pode haver entre a dulia,
a hiperdulia? Qual a diferença das duas com a latria? A verdade é que os três termos se confundem. Os dois termos
(dulia e hiperdulia) podem estar envolvidos com a latria
e tudo se torna uma distinção que não define coisa alguma. As
pessoas que se prostram diante de uma imagem da Conceição Aparecida, ou
de São João, ou de São Sebastião, ou de Jesus, sabem que estão cultuando em
níveis diferentes? Para elas não seria tudo a mesma coisa? Imagine um católico
romano bem instruído que vai para o culto. Primeiramente ele pretende cultuar
São João; dobra então seus joelhos diante da imagem de São João e pratica a dulia;
depois, irá prestar culto a
Maria, deixando, nesse momento, do praticar a dulia e passando a praticar a hiperdulia;
finalmente, com intenção de
cultuar a Deus, ele começa a
praticar a latria.
Não
acreditamos que o povo católico romano saiba diferenciar a dulia, a hiperdulia
e a latria, e mesmo que soubesse diferenciá-las, dificilmente
conseguiria respeitar os limites de cada uma. Se o culto aos santos e a Maria fosse correto, João, que
escreveu o último evangelho, aproximadamente no ano 100 d.C., certamente
falaria sobre o assunto e incentivaria tal pratica. No entanto nos adverte: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos (1João 5:21).
3.
Maria é digna de admiração e honra?
Claro que sim, tanto quanto outros santos da Bíblia por haverem cumprido com
fé, obediência e humildade os encargos que Deus lhes confiou. Honrar a Maria
significa reconhecer que a sua missão aqui na Terra foi uma das mais nobres e
importantes, qual seja, a missão de carregar em seu ventre, alimentar com seu
sangue, amamentar e criar o nosso Redentor. Todavia, não se deve dispensar a
Maria honrarias superiores às que ela merece. Nada podemos fazer para aumentar
a sua posição diante de Deus. Como justo juiz, Deus não dará a Maria nada mais
nada menos do que ela merece, do que ela conquistou com sua fé, humildade e
obediência. E o que ela mais desejou foi a sua salvação, ou seja, viver com
Cristo na eternidade.
Foi exemplo
de fé, obediência e humildade.
Ao ser escolhida para nobre missão de ser a mãe de Jesus, de ser o veículo para
que o Verbo se fizesse carne e habitasse entre nós, ela disse: “Eis aqui a
serva do Senhor, cumpra-se em mim segundo a tua vontade” (Lc 1:38). Não se
envaideceu diante das declarações de sua prima Isabel, que lhe disse: "Bendita
és tu entre as mulheres, e é bendito o fruto do seu ventre". Tão logo
ouviu estas palavras, dirigiu-se ao Senhor em oração: "A Minha alma
engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque
atentou na humildade de sua serva, pois eis que, desde agora, todas as gerações
me chamarão bem-aventurada" (Lc 1:39-55).
Foi exemplo
também de coragem. Ela não ficou a
meditar se o seu casamento com José seria desfeito ou se José gostaria ou não;
se iria compreender ou não a sua gravidez. Ela confiou no Senhor e na Sua
Palavra.
Seguindo seu exemplo, sejamos submissos à Palavra
de Deus e à Sua vontade, ainda que isso nos cause algumas dificuldades no meio
em que vivemos. Que bom seria se todos dissessem: "Cumpra-se em mim,
Senhor, segundo a tua palavra".
CONCLUSÃO
Tenhamos cuidado para não reproduzirmos falsas
imagens que ousam representar Deus. Não há mente humana que possa reproduzi-lo.
Que o nosso cuidado não seja apenas com os ídolos de escultura, mas igualmente
em relação àqueles vivos, que cantam, pregam e formam público em nome de Deus.
Vigiai!
-------
Luciano
de Paula Lourenço - Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Revista Ensinador Cristão – nº 61. CPAD.
Eugene
H. Merrill – História de Israel no Antigo Testamento. CPAD.
Hans
Ulrich Reifler. A ética dos dez Mandamentos. Vida Nova.
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Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Leo
G. Cox - O Livro de Êxodo - Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Victor
P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Esequias Saores. Os Dez Mandamentos –
Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. CPAD.
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