Por: Samuel Rindlisbacher
Cristãos renascidos precisam obedecer
à Lei de Moisés ou estão dispensados de cumpri-la?
Há algum tempo fomos questionados por
que escrevemos tão pouco sobre o cumprimento dos Dez Mandamentos, que seria
muito importante para receber a bênção de Deus. Perguntas assim confirmam a
insegurança que existe entre os crentes em relação à observância da Lei de
Moisés.
Na Igreja de Jesus surgem perguntas
como: “Ainda devo guardar a Lei?” “Os Dez Mandamentos são obrigatórios?” “Devo
guardar o domingo?”, etc. Existem muitas dúvidas em relação à Lei e nossa
posição diante de suas exigências.
A Lei e a Graça
É da maior importância compreender o
verdadeiro caráter e o objeto da lei moral, como nos é apresentada neste
capítulo [Êx 20]. Existe uma tendência do homem para confundir os princípios da
lei com graça, de sorte que nem a lei nem a graça podem ser perfeitamente
compreendidas. A lei é despojada da sua austera e inflexível majestade, e a
graça é privada de todos os seus atrativos divinos. As santas exigências de
Deus ficam sem resposta, e as profundas e múltiplas necessidades do pecador
permanecem insolúveis pelo sistema anômalo criado por aqueles que tentam
confundir a lei com a graça. Com efeito, nunca podem confundir-se, visto que
são tão distintas quanto o podem ser duas coisas. A lei mostra-nos o que o
homem deveria ser; enquanto que a graça demonstra o que Deus é. Como poderão,
pois, ser unidas num mesmo sistema? Como poderia o pecador ser salvo por meio
de um sistema formado em parte pela lei e em parte pela graça? Impossível: ele
tem de ser salvo por uma ou por outra. (página 203)
Em que consiste a Lei de Moisés?
Quando se faz referência à Lei de
Moisés nas igrejas, geralmente está se falando dos Dez Mandamentos. Mas esse é
um engano, pois cumprir a Lei Mosaica é muito mais: ela é composta de todo o
código de leis formado por 613 disposições, ordens e proibições. Em hebraico a
Lei é chamada de Torá, que pode significar lei como também instrução ou
doutrina. O conteúdo da Torá são os cinco livros de Moisés, mas o termo Torá
é aplicado igualmente ao Antigo Testamento como um todo.
Neste artigo usaremos o termo Torá
para designar os cinco livros de Moisés, especialmente a compilação das
leis mosaicas, as 613 disposições, ordens e proibições que mencionamos.
• A Lei pode ser dividida em Dez
Mandamentos , que no hebraico são chamadas simplesmente de As Dez
Palavras. Eles regulamentam a relação do ser humano com Deus e com seu
próximo.
• No código mosaico encontramos
também o Livro da Aliança das Ordenanças Civis e Religiosas, que explica
e expõe detalhadamente o significado dos Dez Mandamentos para Israel.
• O código mosaico ainda contém as leis
cerimoniais, que regulavam o ministério no santuário do Tabernáculo e,
posteriormente, no Templo. Elas tratavam também da vida e do serviço dos sacerdotes.
Em conjunto, todas essas disposições,
ordens e proibições formam a Lei Mosaica. No judaísmo ortodoxo, além dessas 613
ordenanças, há ainda as leis do Talmude, a transmissão oral dos preceitos
religiosos e jurídicos compilados por escrito entre os séculos III-VI d.C. A
Torá e o Talmude são o centro da devoção judaica.
Jesus Cristo e a Lei de Moisés
É interessante observar que Jesus
posicionou-se claramente a favor do código legal mosaico, pois disse: “Não
penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para
cumprir” (Mt 5.17). Entretanto, Ele rejeitou com veemência as ordenanças
humanas e as obrigações impostas apenas pela tradição judaica (compiladas,
posteriormente, no Talmude), afirmando: “Negligenciando o mandamento de
Deus, guardais a tradição dos homens. E disse-lhes ainda: Jeitosamente
rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição. Pois
Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou a sua
mãe seja punido de morte. Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a
sua mãe: Aquilo que podereis aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o Senhor,
então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou de sua mãe,
invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos
transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes” (Mc 7.8-13).
Jesus defendeu firmemente a Palavra
de Deus. Ele considerava o Pentateuco como realmente escrito por Moisés,
inspirado por Deus e normativo para Sua própria vida e Seu ministério, pois
afirmou: “Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um
i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que
violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos
homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os
observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus” (Mt
5.18-19).
A quem foi dada a Lei de Moisés?
As passagens bíblicas seguintes
documentam que a Lei de Moisés foi dada ao povo judeu, ou seja, a Israel:
– “E que grande nação há que tenha
estatutos e juízos tão justos como toda esta lei que hoje vos proponho?” (Dt
4.8).
– “Mostra a sua palavra a Jacó, as
suas leis e os seus preceitos, a Israel. Não fez assim a nenhuma outra nação;
todas ignoram os seus preceitos. Aleluia!” (Sl 147.19-20).
– “São estes os estatutos, juízos
e leis que deu o Senhor entre si e os filhos de Israel, no monte Sinai, pela
mão de Moisés” (Lv 26.46).
– “São israelitas. Pertence-lhes a
adoção e também a glória, as alianças, a legislação, o culto e as promessas”
(Rm 9.4).
A Lei de Moisés foi entregue a Israel
A Lei fez de Israel algo especial,
transformando-o em parâmetro para todos os outros povos. A Bíblia exprime essa
verdade da seguinte maneira: “Porque tu és povo santo ao Senhor, teu Deus; o
Senhor, teu Deus, te escolheu, para que lhe fosses o seu povo próprio, de todos
os povos que há sobre a terra” (Dt 7.6). Por conseqüência, o Israel do
Antigo Testamento era a única nação cuja legislação, jurisdição e
jurisprudência tinham sua origem na pessoa do Deus vivo.
Hoje não é essa a situação de Israel,
pois o povo continua incrédulo e não está sob o governo do Messias. No futuro,
quando Israel tiver se convertido a Jesus, a Lei divina será seguida por todo o
povo judeu. O próprio Deus estabelecerá a teocracia como forma de governo,
definirá a legislação e executará justiça em Israel. Sobre a situação vigente
quando o Messias estiver reinando, a Bíblia diz: “Deleitar-se-á no temor do
Senhor; não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o
ouvir dos seus ouvidos; mas julgará com justiça os pobres e decidirá com equidade
a favor dos mansos da terra; ferirá a terra com a vara de sua boca e com o
sopro dos seus lábios matará o perverso” (Is 11.3-4).
A situação futura das nações será
como descreve Isaías 2.3: “Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao
monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos,
e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do
Senhor, de Jerusalém”. Deus está preparando o cumprimento dessa profecia.
Por isso, não devemos nos admirar quando todo o poder das trevas se levanta
para atrapalhar, pois o que está em jogo é o domínio divino sobre o mundo,
domínio que virá acompanhado de todas as suas abençoadas consequências! Quando
o Senhor reinar, pecado será pecado, injustiça e mentira serão chamadas pelos
seus nomes e acontecerá o que está escrito em Jeremias 25.30-31: “O Senhor
lá do alto rugirá e da sua santa morada fará ouvir a sua voz; rugirá fortemente
contra a sua malhada, com brados contra todos os moradores da terra, como o
eia! dos que pisam as uvas. Chegará o estrondo até à extremidade da terra,
porque o Senhor tem contenda com as nações, entrará em juízo contra toda a
carne; os perversos entregará à espada, diz o Senhor”. A oração de Jesus
também se cumprirá: “Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu
nome; venha o teu reino; faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt
6.9-10).
Até que ponto as nações têm o dever de seguir a Lei Mosaica?
Provérbios 29.18 diz a respeito: “Não
havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é feliz”. Toda
nação que seguir esse conselho se dará bem!
A Lei de Moisés foi entregue ao povo
de Israel com a seguinte finalidade: “Porque o mandamento é lâmpada, e a
instrução, luz; e as repreensões da disciplina são o caminho da vida” (Pv
6.23). Deus queria que Israel fosse uma clara luz no meio da escuridão
espiritual em que viviam os povos e um contraponto às trevas do pecado. Por
essa razão Balaão, o profeta gentio, foi compelido a proclamar: “...eis que
é povo que habita só e não será reputado entre as nações. Que boas são as tuas
tendas, ó Jacó! Que boas são as tuas moradas, ó Israel!” (Nm 23.9; 24.5). Balaão
reconheceu que Deus era com Israel, que Ele velava sobre esse povo, morava no
meio dos israelitas e lhes dava segurança e estabelecia a ordem através da Lei.
Mesmo a meretriz Raabe, que vivia na
cidade ímpia de Jericó, sentiu-se obrigada a declarar aos dois espias judeus: “Bem
sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor que infundis caiu sobre nós,
e que todos os moradores da terra estão desmaiados. Porque temos ouvido que o
Senhor secou as águas do mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito; e
também o que fizestes aos dois reis dos amorreus, Seom e Ogue, que estavam além
do Jordão, os quais destruístes” (Js 2.9-11).
Quando a rainha de Sabá (atual Iêmen)
visitou o rei Salomão, exclamou admirada: “Foi verdade a palavra que a teu
respeito ouvi na minha terra e a respeito da tua sabedoria. Eu, contudo, não
cria no que se falava, até que vim e vi com meus próprios olhos. Eis que não me
contaram a metade da tua sabedoria; sobrepujas a fama que ouvi. Felizes os teus
homens, felizes estes teus servos que estão sempre diante de ti e ouvem a tua
sabedoria! Bendito seja o Senhor, teu Deus, que se agradou de ti para te
colocar no seu trono como rei para o Senhor, teu Deus; porque o teu Deus ama a
Israel para o estabelecer para sempre; por isso, te constituiu rei sobre ele,
para executares juízo e justiça” (2 Cr 9.5-8).
O nome de Deus era conhecido muito
além das fronteiras de Israel. As nações reconheciam que Israel era singular,
admiravam seu maravilhoso Templo e vinham para louvar seu Deus. Assim era
respondida a oração que Salomão fizera por ocasião da inauguração do Templo: “Também
ao estrangeiro, que não for do teu povo de Israel, porém vier de terras
remotas, por amor do teu nome (porque ouvirão do teu grande nome, e da tua mão
poderosa, e do teu braço estendido), e orar, voltado para esta casa, ouve tu
nos céus, e faze tudo o que o estrangeiro te pedir, a fim de que todos os povos
da terra conheçam o teu nome, para te temerem como o teu povo de Israel e para
saberem que esta casa, que eu edifiquei, é chamada pelo teu nome” (1 Rs
8.41-43).
Até que ponto, então, as nações do
mundo têm o compromisso de obedecer à Lei de Moisés? Bem, na verdade ninguém
tem a obrigação de cumprir lei alguma. Nenhuma nação é obrigada a se orientar
pelo código de leis divinas. Mas quando, de livre e espontânea vontade, ela se
sujeita às ordens de Deus, essa é a melhor escolha, com os melhores resultados
práticos. Cada povo que segue as orientações do Senhor experimenta o que diz o
Salmo 19.8-11: “Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração; o
mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos. O temor do Senhor é límpido e
permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente,
justos. São mais desejáveis que o ouro, mais do que muito ouro depurado; e são
mais doces do que o mel e o destilar dos favos. Além disso, por eles se
admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa”.
A História nos ensina que os povos
que desprezaram as leis divinas de maneira consciente, que as pisotearam, cedo
ou tarde desapareceram de cena. Basta pensar na ex-República Democrática Alemã
ou na União Soviética, que não existem mais. Mas os povos que estabelecem sua
legislação e fundamentam sua constituição sobre as leis divinas, mesmo que seja
de maneira imperfeita, são povos abençoados. A Bíblia diz: “Bem-aventurado o
povo a quem assim sucede! Sim, bem-aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor!”
(Sl 144.15).
Será que hoje vivemos estressados,
emocionalmente doentes e desorientados porque deixamos de obedecer à Palavra de
Deus? Será que os líderes da economia mundial e os políticos tomam tantas
decisões equivocadas por negligenciarem a Palavra do Senhor? Será que hoje as
pessoas andam insatisfeitas e infelizes porque desprezam as ordens divinas? Com
toda a certeza, pois o desprezo pelos decretos divinos sempre acaba conduzindo
à ruína – espiritual, emocional e financeira.
A Igreja de Jesus deve cumprir a Lei?
O Senhor Jesus, cabeça da Igreja (Ef
5.23), validou toda a Lei Mosaica, inclusive as 613 disposições, ordens e
proibições, ao afirmar: “É mais fácil passar o céu e a terra do que cair um
til sequer da Lei” (Lc 16.17). Ele avançou mais um passo, dizendo: “Não
penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para
cumprir” (Mt 5.17). Jesus, ao nascer, também foi colocado sob a Lei: “vindo,
porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido
sob a lei” (Gl 4.4). Ele foi criado e educado segundo os preceitos da Lei,
pois cumpria suas exigências.
O Senhor Jesus, porém, não apenas se
ateve pessoalmente a toda a Lei de Moisés. Foi essa mesma Lei que O condenou à
morte. Quando tomou sobre Si todos os nossos pecados, teve de morrer por eles,
pois a Lei assim o exige. Vemos que a Lei foi cumprida e vivida por Jesus, e
através dEle ela alcançou seu objetivo. Por isso está escrito que “...o fim
da Lei é Cristo” (Rm 10.4).
Quando sou confrontado com a Lei
Mosaica, ela me apresenta uma exigência que devo cumprir. Deus diz em Sua Lei :
“...eu sou santo...” e exige de nós: “...vós sereis santos...” (Lv 11.44-45).
Assim, a Lei me coloca diante do problema do pecado, que não posso resolver
sozinho. O apóstolo Paulo escreve: “...eu, todavia, sou carnal, vendido à
escravidão do pecado” (Rm 7.14).
A lei expõe e revela nossa
incapacidade de atender às exigências divinas, pois ela nos confronta com o
padrão de Deus. Ela nos mostra a verdadeira maneira de adorá-lO, estabelece as
diretrizes segundo as quais devemos viver e regulamenta nossas relações com
nosso próximo. Além disso, a Lei é o fundamento que um dia norteará a sentença
que receberemos quando nossa vida for julgada por Deus. Pela Lei, reconhecemos
quem é Deus e como nós devemos ser e nos portar. Mas existe uma coisa que a Lei
não pode: ela não consegue nos salvar. Ela nos expõe diante de Deus e mostra que
somos pecadores culpados. Essa é sua função.
Lembremos que Jesus disse: “Não
penseis que vim revogar a Lei ou os profetas; não vim para revogar, vim para
cumprir” (Mt 5.17). O Filho de Deus está afirmando que veio a este mundo
para cumprir a Lei com todas as suas 613 disposições, ordenanças e proibições.
Ele realmente cumpriu todas elas, pelo que está escrito: “...o fim da lei é
Cristo” (Rm 10.4). Ele conduziu a Lei ao seu final; ela está cumprida. Por
que Ele o fez? Encontramos a resposta quando lemos o versículo inteiro: “Porque
o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). Jesus
cumpriu a Lei para todos, mas Sua obra é eficaz apenas para todo aquele que
crê. Segundo a Bíblia, que tipo de fé é essa? É a fé que sabe...
...que pessoa alguma é capaz de
cumprir a Lei e que ninguém consegue satisfazer as exigências divinas.
... que para isso o Filho de Deus,
Jesus Cristo, veio ao mundo, cumprindo as exigências da Lei até nos mínimos
detalhes.
...que Jesus Cristo tomou sobre Si,
em meu lugar, o castigo da Lei, que é a morte.
Agora, talvez, muitos perguntem: Não
estamos removendo a base que sustenta uma ética comprometida ao dizermos que a
Lei não vale mais para os cristãos renascidos? Será que saberemos como nos
comportar e o que é certo ou errado se dissermos que não é preciso cumprir a
Lei de Moisés?
Jesus estabeleceu uma ética muito
superior...
...à ética da Lei de Moisés. Ela
exige: “Não adulterarás” (Êx 20.14). Mas Jesus disse: “qualquer que
olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela”
(Mt 5.28). A lei de Moisés impõe: “Não matarás” (Êx 20.13). Mas
Jesus ensina: “Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que
vos perseguem” (Mt 5.44).
A ética estabelecida por Jesus Cristo
supera tudo que já houve em matéria de lei moral e toda e qualquer
possibilidade dentro da ética humana. Jesus exige que cumpramos normas
diametralmente opostas ao nosso comportamento natural. Essa ética estabelecida
por Jesus só pode ser seguida por pessoas que nasceram de novo, que entregaram
todo o seu ser ao Senhor: “Porei no seu coração as minhas leis e sobre a sua
mente as inscreverei” (Hb 10.16). A Bíblia diz, ainda, acerca dos
renascidos: Deus “...nos habilitou para sermos ministros de uma nova
aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito
vivifica” (2 Co 3.6).
Curiosamente, Paulo escreveu essas
palavras justamente à igreja que tinha mais problemas com ira, ciúme,
imoralidade, libertinagem e impureza espiritual entre seus membros. Mas, ao
admoestá-los, ele estava dizendo aos crentes de Corinto – e, por extensão, a
todos nós – que é possível ter uma ética superior e viver segundo os elevados
preceitos de Jesus quando nascemos de novo. Com isso os cristãos não estão
rejeitando a ética da Lei de Moisés mas estabelecem uma ética muito superior, a
ética do Espírito Santo, do qual a Bíblia diz: “Mas o fruto do Espírito é:
amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5.22-23).
Como, porém, colocamos isso em
prática? Simplesmente vivendo um relacionamento íntimo e autêntico com Jesus
Cristo. O que pensamos, o que falamos, o que fazemos ou deixamos de fazer deve
ser determinado somente por Jesus: “E tudo o que fizerdes, seja em palavra,
seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus” (Cl
3.17). Na prática, devemos nos comportar como se tudo o que fizermos
levasse a assinatura de Jesus. Somente quando nos entregarmos completamente ao
Senhor Jesus poderemos produzir fruto espiritual. Quando submetermos nosso ser
ao Senhor, o fruto do Espírito poderá crescer em nós em todos os seus nove
aspectos. Talvez nós mesmos nem o percebamos, mas certamente as pessoas que nos
cercam perceberão que o Espírito está frutificando em nós. Que seja assim na
vida de todos nós! (Samuel Rindlisbacher - http://www.beth-shalom.com.br)
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