2º Trimestre/2017
Texto Base: 2Crônicas 34.22-28
"Assim diz o Senhor: Eis que trarei
mal sobre este lugar e sobre os seus habitantes, a saber, todas as maldições
que estão escritas no livro que se leu perante o rei de Judá" (2Cr.34:24).
Dando
continuidade ao estudo dos personagens bíblicas, trataremos, nesta Aula, de Hulda,
uma das mulheres extraordinárias da Bíblia Sagrada. Ela foi vocacionada por
Deus para levar a Sua Palavra ao povo de Judá e aos seus líderes. Deus levantou
Hulda para chamar a atenção dos israelitas a respeito dos pecados que vinham
cometendo de forma deliberada e contumaz. Ela foi contemporânea do rei Josias,
que governou Israel no período de 639-609 a.C.
Ela entrou em cena quando o rei Josias tomou conhecimento do conteúdo do livro
da Lei, que fora perdido na Casa do Senhor. Ao ouvir a leitura do livro da Lei
e as maldições que cairiam sobre seu povo, o rei mandou consultar ao Senhor
sobre tamanha desgraça, causada pela desobediência de Judá. E Hulda, usada por
Deus, com ousadia e coragem confrontou a nação sobre as consequências de seus
pecados afim de que se arrependessem e se voltassem para Deus. É difícil
explicar o fato de Hulda ter sido a pessoa procurada, mesmo tendo grandes
profetas como Jeremias, Sofonias e possivelmente Habacuque, vivendo
em seu tempo; ela era rara exceção, já que os homens normalmente ocupavam o
cargo de profeta. Hulda, presumivelmente, havia se estabelecido como uma
confiável porta-voz de Deus. Certamente, a sua inspiração profética naquela
ocasião é justificativa suficiente para o rei e seus assessores a terem
procurado.
I.
QUEM FOI HULDA
1.
Hulda. Seu nome vem do hebraico hul’da, que se traduz “doninha”. Pouca conhecida nas Escrituras Sagradas,
mas a sua atuação, conquanto transitória e discreta, no momento mais dramático
da história do reino de Judá, quando o povo estava completamente afastado dos
caminhos do Senhor e dos ditames da Sua Palavra, é suficiente para aprendermos
acerca do seu caráter, que oferece lições preciosas ao povo de Deus da Nova
Aliança. Foi uma extraordinária conselheira do rei Josias e de seus assessores.
Seu marido chamava-se Salum, que era o guarda das vestiduras do templo (cf.
2Rs.22:14). Hulda testemunhou a ascensão e queda do reino de Ezequias, e
decadência de Judá, nos tempos de Manassés e Amom (2Cr.33:11-25). Ela foi
contemporânea dos profetas Jeremias, Sofonias e, possivelmente, Habacuque.
Hulda
foi uma das únicas seis mulheres chamadas de “profetisa” na Bíblia Sagrada
(as outras foram Miriam (Ex.15:20), Débora (Jz.4:4), Noadias (Ne.6:14), a mulher do profeta Isaias (Is.8:3) e Ana (Lc.2:36)). Ela aparece na Bíblia apenas numa ocasião,
mas evidentemente era já conhecida como profetisa do Senhor, quando foi
procurada pelo sumo sacerdote Hilquias e outros quatro homens importantes (cf.
2Cr.34:20; 2Rs.22:14), a fim de consultar o Senhor pelo rei Josias de Judá e
pelo povo sobre o conteúdo do livro da lei que haviam encontrado, quando
começavam a reparar o templo em Jerusalém. É interessante que estes cinco
homens de confiança do rei Josias fossem procurar Hulda, uma mulher, para
consultar o Senhor sobre uma matéria tão importante, pois à época já estavam em
cena os profetas Sofonias e Jeremias, ambos trazendo profecias severas da parte
do Senhor. Sem dúvida, estes cinco homens de confiança do rei Josias, foram
dirigidos por Deus para ir até Hulda, e dela receberem uma mensagem
confortadora e estimulante da parte do Senhor para este rei, que cedo se
destacou pela sua fidelidade em contraste com seus antecessores ímpios.
2.
Atividade que exerceu. Além de uma piedosa serva de Deus, foi
uma exímia conselheira e vocacionada para levar a mensagem de Deus ao povo de
Judá, na época do rei Josias. Poucas foram as mulheres escolhidas pelo Senhor
para serem profetisas, e dentre tantas mulheres que viviam na época do rei
Josias, Ele escolheu exatamente Hulda para servi-lo no ministério de Profecia.
Deus conhecia a sua coragem, capacidade de aconselhar, fé e muitos outros
atributos que O levaram a esta decisão.
Josias
começou o seu reinado com oito anos de idade e, logo cedo, começou a
buscar o Deus de Davi (2Co.34:3). Por amar ao verdadeiro Deus, ele decidiu
purificar Judá e Jerusalém, mandando derrubar os altares de falsos deuses,
quebrar as imagens de escultura e de fundição. Esta purificação se estendeu
também a outras cidades. Logo no início do seu reinado, um fato muito
importante aconteceu, quando a Casa do Senhor estava sendo reparada por ordem
do rei: "Hilquias, o sacerdote,
achou o livro da lei do Senhor, dada pela mão de Moisés" (2Cr.34:14).
Ao encontrar o livro de Deus, o sacerdote o deu a Safã, o escrivão, que levou
ao rei e disse: "O sacerdote
Hilquias entregou-me um livro. E Safã leu nele perante o rei" (2Cr.34:18).
Ao ouvir a Palavra do Senhor, o rei viu que todos não estavam guardando a
Palavra Santa de Deus. O rei, então, rasgou as suas vestes e pediu,
imediatamente, para irem consultar o Senhor. Ele sabia que a nação estava
afastada de Deus e as consequências para isso eram irreparáveis. Foi a
profetiza Hulda quem teve o privilégio de ser a mensageira do nosso
Deus. A mensagem de Hulda foi contundente e forte (2Rs.22:18-20). Ela não teria
outra atitude a tomar, senão a de entregar o que Deus havia determinado, embora
o conteúdo fosse duro e pessimista. Ela disse tudo que o Senhor mandou dizer:
- Ao povo:
"Eis que trarei mal sobre este
lugar, e sobre os seus habitantes, a saber, todas as maldições que estão
escritas no livro que se leu perante o rei de Judá" (2Cr.34:24b).
- Ao rei:
"Porquanto o teu coração se
enterneceu, e te humilhaste perante Deus, ouvindo as Suas palavras contra este
lugar, e contra os seus habitantes, e te humilhaste perante Mim, e rasgaste as
tuas vestes, e choraste perante Mim, também Eu te ouvi, diz o Senhor. Eis que
te reunirei a teus pais, e tu serás recolhido ao teu sepulcro em paz, e os teus
olhos não verão todo o mal que hei de trazer sobre este lugar e sobre os seus
habitantes" (2Cr.24:27-28).
Depreende-se
deste texto - o dirigido ao povo de Judá e o outro dirigido ao rei - dois
atributos do nosso Deus: um Deus que julga e castiga aqueles que estão
errados (os habitantes da terra eram adoradores de outros deuses); um Deus que
perdoa e tem misericórdia daqueles que, de coração, se arrependem (o rei
se arrependeu e chegou a rasgar as suas vestes). Aqui, vemos a concretização de
1João 1:9 que diz: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e
justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça".
Hulda
falava o que o Senhor mandava, porque ela tinha certeza de que o que ouvia do
Senhor era verdadeiro. Ela profetizou, por exemplo, a destruição de Judá,
confiando que isto se concretizaria, pois era o Senhor que estava dizendo. Por
causa de sua maneira de transmitir a Palavra de Deus com coragem e fé, ela
conseguiu tocar no coração do povo que foi reavivado e transformado. Num tempo
em que os reis e os profetas haviam se desviado dos caminhos do Senhor ela
demonstrou um caráter firme, decidido e discreto. A sua coragem e determinação
são dignas de nossa admiração. Sabemos que hoje em dia não existe mais
profetisa, como Hulda, mas podemos agir como ela, sendo portadores da Palavra
de Deus.
II.
HULDA VÊ O TEMPO DO AVIVAMENTO
O que
é um avivamento? É o “retorno de algo à sua natureza e propósito”. Significa
acordar e viver. Significa que os crentes mornos, cansados, despertem para uma
nova vida espiritual e entrem outra vez em contato com "rios de água
viva”(ler Is.44:3). Significa retornar à Bíblia como a nossa única regra de fé
e prática. Infelizmente, a maioria de nós experimenta aqueles momentos de
apatia espiritual que tornam o avivamento necessário. Mas se vivêssemos
continuamente na plenitude do Espírito de Cristo, como Deus deseja, o
avivamento seria um estado permanente.
Pensamos
sempre em acontecimentos espetaculares quando falamos em avivamento.
Entretanto, o acontecimento maior e mais espetacular do avivamento é quando
filhos de Deus que estavam mornos e cansados espiritualmente se tornaram outra
vez ardorosos pelo Senhor; quando em suas vidas começaram a jorrar outra vez
"rios de água viva"(João 7:38).
Deus
sempre estabelece condições para que haja a renovação espiritual na vida de uma
pessoa. Dentre elas, destacamos: buscar a Deus; submeter-se à Palavra do
Senhor; confessar os pecados; arrepender-se; mudar de vida. Foi o que aconteceu
na época da profetiza Hulda e do rei Josias.
1.
Josias promove verdadeiro avivamento. Nos dias do rei
Josias, houve um vigoroso avivamento, um dos mais impressionantes da história
de Judá. Isto ocorreu quando a Palavra de Deus, que estava perdida na Casa do
Senhor, foi encontrada. Josias ordenou que todos os homens de Judá, todos os
moradores de Jerusalém, os sacerdotes, os profetas e todo o povo, desde o menor
até ao maior se reunissem com ele diante do Templo; em seguida, todas as
palavras do Livro da Aliança, que fora encontrado na Casa do Senhor, foram
lidas diante deles. Feito isto, o rei se pôs em pé junto à coluna e fez aliança
ante o Senhor, para O seguirem, guardarem os seus mandamentos, os seus
testemunhos e os seus estatutos, de todo o coração e de toda a alma, cumprindo
as palavras dessa aliança, que estavam escritas naquele livro; e todo o povo
anuiu a esta aliança. Dessa forma, aconteceu um avivamento em Judá, quando o
povo se arrependeu e retornou às práticas descritas por Deus em sua Palavra.
Aquele avivamento trouxe maravilhosos resultados ao Reino de Judá: os judeus
puseram-se, com temor e com o coração cheio de júbilo, a celebrar as festas do
Senhor (2Cr.35:18).
O
princípio bíblico essencial para o verdadeiro avivamento é o arrependimento
sincero de pecados. Sempre que há arrependimento verdadeiro, pecados
específicos são reconhecidos, falsos mestres e irmãos são devidamente
disciplinados, praticas pagãs e mundanas são abandonadas e os padrões de
santidade são restaurados. Falar de renovação ou avivamento espiritual, sem
incluir mudança de atitude, ou sem arrependimento, significa que não há
propósito sadio e real mudança no coração e na maneira de viver do povo.
Avivamento,
também, significa retorno à obediência da Palavra de Deus. Uma evidência segura
de que o avivamento está chegando entre o povo de Deus é o grande desejo de
ouvir, estudar e obedecer à Palavra de Deus (veja Atos 2:42).
Todo
avivamento espiritual registrado no Antigo Testamento surgiu de uma renovada
proclamação da Palavra de Deus e da obediência a ela: (a) Josias leu as
“palavras do Livro do concerto diante do povo, e os ouvintes voltaram-se para
Deus (cf. 2Cr.34:30-33); (b) numa ocasião anterior, o rei Josafá e os levitas
“ensinaram em Judá, e tinham consigo o Livro da Lei do Senhor” (cf. 2Cr.17:9);
(c) posteriormente, Esdras leu a Lei de Deus, seis horas por dia, durante sete
dias a fio (cf. Ne.8:3,18) e a explanou de tal maneira que o povo entendesse o
que se lia (cf. Ne. 8:8). Todos os reais e duradouros avivamentos são marcados
pela reposição da Palavra de Deus ao seu devido lugar de autoridade e de honra.
O
avivamento é necessário, pois a tendência do homem é a de esquecer-se das
coisas de Deus com o passar do tempo. Não é de estranhar que em muitas de
nossas igrejas, o ”Livro da Lei” de Deus esteja perdido. Não no mundo, mas na
própria igreja, vemos a carência de que a pregação genuína e o ensino da
Palavra de Deus sejam mais consistentes. Para que possamos ver o verdadeiro
avivamento acontecer, precisamos retornar à Palavra. Nenhum avivamento é
possível sem um retorno incondicional à Palavra de Deus. Enquanto a Palavra de
Deus não for achada, lida e crida, não poderá haver avivamento na Casa do
Senhor.
2.
Josias aboliu a idolatria. Com a sua forte liderança, Josias
purificou o Templo de todo resquício de idolatria; eliminou por toda a terra de
Israel os sacerdotes idólatras, matando os sacerdotes dos altos sobre os
próprios altares; destruiu e profanou os objetos, altares, templos e monumentos
aos deuses falsos; para cumprir as palavras da lei aboliu os médiuns, os
feiticeiros, os ídolos do lar, os ídolos e todas as abominações que se viam na
terra de Judá e em Jerusalém. Ainda moço, no oitavo ano de seu reinado, ou
seja, aos dezesseis anos de idade, tomou medidas drásticas e corajosas contra a
idolatria que tomou conta de Jerusalém e de cidades vizinhas. Aos vinte anos de
idade, com doze no trono, começou a purificar Judá e Jerusalém, tirando-lhes os
altos, os postes-ídolos e as imagens de escultura e de fundição que seu pai
havia novamente introduzido. Certamente, foi uma obra de grande envergadura,
tendo, inclusive, destruído os “intocáveis” bezerros de ouro construídos por
Jeroboão, porque ouviu a Palavra de Deus, porque quis saber o que estava
naquele Livro que fora achado na Casa de Deus. Foi isto que o impulsionou a
abolir a idolatria, a levar o povo a observar a Lei do Senhor. Veja o que diz o
texto Sagrado (2Cr.34:3-7):
3. Porque, no oitavo ano do
seu reinado, sendo ainda moço, começou a buscar o Deus de Davi, seu pai; e, no
duodécimo ano, começou a purificar a Judá e a Jerusalém dos altos, e dos
bosques, e das imagens de escultura e de fundição.
4. E derribaram perante ele
os altares de baalins; e cortou as imagens do sol, que estavam acima deles, e
os bosques, e as imagens de escultura e de fundição quebrou, e reduziu a pó, e
o aspergiu sobre as sepulturas dos que lhes tinham sacrificado.
5. E os ossos dos sacerdotes
queimou sobre os seus altares e purificou a Judá e a Jerusalém.
6. O mesmo fez nas cidades de
Manassés, e de Efraim, e de Simeão, e ainda até Naftali, em seus lugares
assolados, ao redor.
7. E, tendo derribado os
altares, e os bosques, e as imagens de escultura, até reduzi-los a pó, e tendo
cortado todas as imagens do sol em toda a terra de Israel, então, voltou para
Jerusalém.
Verdade
é que, após sua morte, o povo, como em outros avivamentos, desviou-se, mas isto
era consequência de séculos de inobservância da Lei do Senhor.
3. Os
frutos do avivamento. O avivamento sempre resulta em frutos
que denotam claramente mudança no padrão moral e espiritual das pessoas. O
avivamento na vida do crente produz os seguintes frutos:
a) Mantém o crente afastado do mundo. Em
Efésios 4:25-31 encontramos uma relação de vícios e práticas mundanas, emanadas
do velho homem, que muitas vezes atingem sorrateiramente a vida do crente.
Precisamos não somente abandonar, mas abominar estas coisas que entristecem o
Espírito de Deus - "Não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas,
mas, antes, condenai-as" (Ef.5:11). Pela renovação espiritual nos mantemos
firmes no processo de despir-se do velho homem e revestir-se do novo (Ef.4:22-24).
b) Aprofunda o crente na Palavra de Deus.
Quando somos renovados, nosso espírito é impelido pelas verdades eternas da
Palavra (João 6:63), e nossa fé cresce abundantemente (Rm.10:17).
c) Perseverança nas orações. Uma
igreja avivada não para de orar, faz contínua oração. A história dos
avivamentos mostra que sempre o povo foi levado a buscar ao Senhor, a orar, a
jejuar e a adorá-lo na beleza da Sua santidade. Diz a Bíblia que a igreja
recém-nascida era uma igreja que perseverava na oração (At.2:42) e que todos
viviam orando, desde os apóstolos (At.3:1) até os crentes mais jovens
(At.12:12,13). Paulo afirmou que devemos orar em todo o tempo, sendo a oração o
verdadeiro exercício que mantém o soldado de Cristo em forma para que use com
eficácia a armadura de Deus (Ef.6:18). A oração é a forma pela qual nos
comunicamos com Deus e, se temos comunhão com Ele, quereremos, sempre, orar.
d) Louvor a Deus (At.2:47). Um
avivamento exalta o nome de Deus, coloca-o acima de tudo. Quando falamos em
louvor, falamos em exaltação de Deus, em cânticos, hinos e salmos que enalteçam
o Senhor e não o homem; que trazem enlevo à alma e ao espírito, e, por
conseguinte, não agridem o corpo, nem promovem qualquer sentimento carnal.
“Avivamentos” feitos com base em “louvorzões”, que suprimem a Palavra do
Senhor, que promovam a sensualidade e a emoção, que agitem as pessoas e que se
utilizem de ritmos criados para adoração ao diabo ou a seus agentes, que
privilegiem o “eu” do crente em detrimento do Senhor, nunca podem ser
verdadeiros e autênticos avivamentos.
e) Temor a Deus (At.2:43). Um
verdadeiro avivamento não produz bagunça ou anarquia. É um ambiente de ordem e
de decência, onde o nome do Senhor é glorificado e onde os incrédulos, ao invés
de se escandalizarem, sentem a presença do Senhor. Um avivamento traz ao povo
uma devida reverência às coisas de Deus, um respeito a tudo o que se relaciona
com o culto.
4.
Quando a Palavra de Deus é ensinada. Desde o Antigo Testamento,
sempre vemos que os momentos de avivamento do povo de Deus são caracterizados
por uma busca da Lei do Senhor, por uma renovação no interesse e na observância
das Escrituras. Todo e qualquer movimento que menosprezar a Palavra de Deus,
que não der espaço ao estudo e ao ensino da Palavra, não é um verdadeiro
avivamento espiritual, mas um movimento místico, que se misturará facilmente
com manifestações sobrenaturais de procedência maligna.
Dizer
que se está diante de uma igreja avivada sem que haja ensino, exposição e
meditação na Palavra do Senhor, onde há uma sequência interminável de cânticos,
de divulgações intermináveis de “visões”, de “revelações”, de diálogos
intermináveis com demônios, de teatralizações, de sessões de exorcismo e de
operações similares, carregadas de misticismo e histeria, é um engano, é
mentira, é ilusão. Deus Se revela através da Sua Palavra e as operações e
manifestações de poder existem para confirmar a Sua Palavra (Mc.16:20). Não há
como se concordar com um “avivamento” que deixa de lado as Escrituras e se
apegam a invencionices humanas. Sejamos vigilantes e não deixemos que o
adversário, com seus ardis, que não podemos ignorar (2Co.2:10,11), venha a nos
enganar e a nos golpear.
III.
HULDA É USADA POR DEUS
Hulda
foi usada por Deus para advertir o rei e os israelitas do pecado de apostasia.
O povo de Judá vivia numa degradação espiritual e moral tão grande que
incomodou o próprio Deus. Certamente, isso não ficaria sem uma consideração
punitiva do próprio Deus ao seu povo. A punição já estava escrita no Seu livro
Sagrado, só precisava do momento certo para alguém encontrá-lo; foi o que
aconteceu, como vimos anteriormente. Quando leram as Palavras do Senhor, Josias
ficou apavorado, e logo buscou o Senhor através de seu instrumento, a profetiza
Hulda, para dar-lhe uma resposta objetiva e clara acerca do que ali estava
escrito. O sumo sacerdote Hilquias e os demais assessores do rei foram procurar
a profetisa Hulda para saber o que iria acontecer com Judá - "e ela lhes
disse: Assim diz o SENHOR, o Deus de Israel: Dizei ao homem que vos enviou a
mim: Assim diz o SENHOR: Eis que trarei mal sobre este lugar e sobre os seus
moradores, a saber, todas as palavras do livro que leu o rei de Judá. Porquanto
me deixaram e queimaram incenso a outros deuses, para me provocarem à ira por
todas as obras das suas mãos, o meu furor se acendeu contra este lugar e não se
apagará“ (2Rs.22:15-17). Foi uma mensagem forte e objetiva, sem meandros. Era o
prenúncio do cativeiro de Judá, o que ocorreu poucos anos depois.
O efeito da profecia sobre Judá e
Jerusalém foi extraordinário. Quando um profeta merece
credibilidade, sua palavra é reconhecida como sendo da parte de Deus por ser
diferente da dos falsos profetas (Dt.18:18-22). A leitura da Palavra de Deus
conduziu o rei a ouvir a profecia que o Senhor deu através de Hulda, e isso foi
vital para o reavivamento espiritual do seu povo, e adiando para mais tarde o
juízo de Deus sobre Judá. Esta é uma lição para nossos dias. Somente mediante o
arrependimento da negligência existente, a busca e a obediência sincera dos
ensinos contidos na Palavra de Deus e a comunhão com Ele é que podemos esperar
um reavivamento espiritual do Seu povo.
Após
ouvir a mensagem profética de Hulda, Josias tomou de imediato algumas medidas
que demonstram o seu cuidado e zelo em ouvir a voz de Deus:
a) Ele fez uma convocação urgente "a
todos os anciãos de Judá e Jerusalém". É certo que as
mudanças numa nação, ou numa igreja, só têm efeito se começarem pela liderança.
b) Ele levou todos os seus assessores e
todo o povo à casa do Senhor. Ele "subiu à Casa do
Senhor com todos os homens de Judá e os habitantes de Jerusalém, e os
sacerdotes, e os levitas, e todo o povo, desde o maior até ao menor".
Depois de reunir todo o povo, "ele leu aos ouvidos deles todas as palavras
do livro do concerto, que se tinha achado na Casa do Senhor"
(2Cr.34:29,30). Até então, apenas o rei e seus assessores tinham conhecimento
do conteúdo do Livro da Lei e das maldições previstas contra a desobediência do
povo. Por isso, Josias providenciou para que a leitura do Livro fosse feita
perante todo o povo, a exemplo do que fizera Esdras, o sacerdote, no tempo de
Neemías, diante todo o povo (Ne.8:2,3).
c) Ele fez um concerto com Deus -
"E pôs-se o rei em pé em seu lugar e
fez concerto perante o Senhor [...] com todo o seu coração e com toda a sua
alma, cumprindo as palavras do concerto, que estão escritas naquele livro"
(2Cr.34:31). Josias entendeu que precisava dar o exemplo de liderança e, antes
de propor um concerto do povo com Deus, assumiu o compromisso diante de Deus e
do povo de pautar seu reino pelos mandamentos do Senhor.
d) Em seguida, ele levou o povo a fazer um
concerto com Deus - "E
fez estar em pé a todos quantos se acharam em Jerusalém e em Benjamim; e os
habitantes de Jerusalém fizeram conforme o concerto de Deus, do Deus de seus
pais" (2Cr.34:32). O verdadeiro líder vai na frente e influencia seus
liderados.
e) Aboliu por completo a idolatria. Por
fim, Josias usou da autoridade que Deus lhe concedera e determinou que
"todas as abominações" fossem tiradas do meio de Israel - “E Josias tirou todas as abominações de todas
as terras que eram dos filhos de Israel; e a todas quantos se achara em Israel
obrigou a que com tal culto servissem ao SENHOR, seu Deus; todos os seus dias
não se desviaram de após o SENHOR, Deus de seus pais” (2Cr.34:33).
Depois
das reformas necessárias, Josias cumpriu o que Deus determinara, e reinstituiu
a Festa da Páscoa em Jerusalém, de conformidade com a Palavra de Deus que havia
lido, de forma que foi celebrada como nunca fora desde os tempos dos juízes
(cf. 2Cr.35:1-19).
CONCLUSÃO
A atuação
da profetisa Hulda foi sobremodo significante no meio do povo de Judá. Foi uma
atuação passageira, todavia, o que importa é a qualidade de seu trabalho, e não
o tempo de seu ministério. Hulda soube colocar-se discreta e humildemente no
lugar que Deus reservou a ela. No momento apropriado, entregou a mensagem de
Deus ao povo de Judá, que, de maneira deliberada e contumaz, afastara-se dos
caminhos do Senhor. A Igreja atual, urgentemente, carece de pessoas como Hulda:
destemida; determinada; humilde; sem holofotes sobre si; que pregue
absolutamente a Verdade, doa a quem doer.
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no
Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 70. CPAD.
Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O caráter do Cristão.
CPAD.
Comentário Bíblico Bacon. CPAD.
Amo esses estudos, tenho aprendido muito com o Luciano de Paula Lourenço.
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