3º
Trimestre/2017
Texto Base:
1Pd.1:13-22
"Mas, como
é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira
de viver" (1Pd.1:15).
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo da Declaração de
Fé das Assembleias de Deus, estudaremos nesta Aula a respeito da “necessidade
de termos uma vida santa”. O povo de Deus foi
separado como Sua propriedade exclusiva (Cl.3:12b). Nós, ou seja, a Igreja,
fomos eleitos para a santidade. E ser santo é ser separado do mundo para Deus.
Agora, tirados do mundo, mesmo estando geograficamente no mundo, somos propriedades
exclusivas de Deus (1Pd.2:9). Fomos comprados por um alto preço e agora não
somos mais de nós mesmos (1Co.6:19,20). Somos feitos santos aos olhos de Deus
por causa do sacrifício de Cristo na cruz, ainda que a santidade seja um alvo
progressivo da salvação.
I. DEFININDO OS
TERMOS
1. A santidade
de Deus. Deus é Santo, por natureza – “...porque eu, o Senhor vosso Deus, sou
santo...” (Lv.19:2). Esta é uma das mais solenes declarações encontradas na
Bíblia. Deus, e somente Deus, é Santo na sua essência, conforme disse o profeta
Amós, em duas ocasiões: "Jurou o Senhor Jeová, pela sua santidade"
(Am.4:2); "Jurou o Senhor Jeová pela sua alma" (Am.6:8). A santidade
é característica fundamental de Deus (Is.6:3; Ap.4:8). Nenhuma de todas as suas
criaturas, mesmo Lúcifer que, ao que parece, era a mais perfeita delas, não era
santo na sua essência, e por isto pecou – “Perfeito eras nos teus caminhos, desde
o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti [...] elevou-se o
teu coração por causa da tua formosura...” (Ez.28:15,17). Portanto, somente o
Criador, somente Deus, que por ser santo na sua essência, possui absoluta
pureza moral, não podendo, pois, pecar. Podemos afirmar que Deus não pode
pecar, aborrece o pecado, mas, ama o pecador. O mesmo Deus que disse “sou
santo”, também disse que “eu, o Senhor, não mudo” (Ml.3:6). Com efeito, Sua
Palavra diz que nele “não há mudança, nem sombra de variação” (Tiago 1:17).
Deus é, eternamente, Santo.
2. Significado. Santificar significa pôr
à parte, separar, consagrar ou dedicar uma coisa ou alguém para uso
estritamente pessoal. O verbo hebraico qadash ("ser santo"), e seus
derivados "santo, santificar, dedicar, consagrar", no Antigo
Testamento, significam "separar". Dizer que qualquer coisa, objeto ou
pessoa é consagrada, separada ou dedicada a Deus significa dizer que isso
pertence a Ele (cf. Êx.13:2) ou serve a Ele com exclusividade (cf. Êx.30:30; Lv.20:26).
Em Lv.20:26, Deus diz a
Israel que o havia separado dos outros povos para que eles fossem Seus – “E ser-me-eis santos, porque eu, o SENHOR,
sou santo e separei-vos dos povos, para serdes meus”. Vemos aqui as duas
dimensões da santificação: primeiro, a separação dos outros povos, ou seja, a
separação do pecado; segundo, a separação para que Israel fosse propriedade
peculiar de Deus entre as nações (cf. Ex.19:5,6), isto é, uma separação para
Deus.
Da mesma forma é o povo
de Deus da Nova Aliança. A sua santificação tem dois lados: sua separação para
a posse e uso de Deus e; a separação do pecado, do erro, de todo e qualquer mal
conhecido, para obedecer e agradar a Deus. Esta separação para Deus envolve,
portanto, num primeiro instante, a consciência por parte do salvo de que ele
agora não mais vive, mas é Cristo quem vive nele (Gl.2:20). O crente salvo,
santo, vive separado do pecado e das práticas mundanas pecaminosas, para o
domínio e uso exclusivo de Deus. É exatamente o contrário do crente que se
mistura com as coisas tenebrosas do pecado.
Ao mesmo tempo em que a
santificação é uma separação do pecado, é, também, uma separação para Deus. O
salvo não apenas é mantido separado do pecado, não apenas é liberto do pecado,
mas também é posto numa posição de serviço, de destaque e de designação
por parte do Senhor, para que produza obras que levem à glorificação do Seu
nome.
Jesus, gerado por obra e
graça do Espírito Santo (Lc.1:35), manteve-Se sem pecado durante toda a Sua
existência terrena, mas, além de viver separado do pecado, também foi separado
para Deus, a fim de fazer o bem e curar a todos os oprimidos do diabo
(At.10:38), para consumar a obra da salvação, glorificando o nome do Pai (João
17:4). Nós, como membros do Corpo de Cristo (1Co.12:27), devemos, igualmente,
repetir o que fez o nosso Mestre, seguindo as Suas pisadas (1Pd.2:21).
Quando somos salvos,
devemos estar conscientes de que a salvação traz a nós um propósito divino para
nossas vidas. Não mais andamos segundo a nossa vontade, mas, sim, segundo a
vontade dAquele que nos salvou. Todo o nosso querer passa a estar submetido à
vontade divina; passamos a ser guiados pelo Espírito de Deus (Rm.8:14);
passamos a ter uma vida dirigida por Deus. É, aliás, neste sentido que Jesus
diz que o nascido da água e do Espírito é como o vento que sopra, que não sabe
de onde veio nem para onde vai (João 3:8). Não dependemos mais dos nossos
planos nem de nossas ideias, mas estamos, sempre, à disposição do Senhor e da
Sua vontade. Somos propriedade peculiar de Deus, passamos a pertencer-lhe e
isto nos faz com que ajamos e estejamos onde, como e quando Ele assim desejar
no cumprimento da Sua vontade.
Um dos objetivos da
santificação, nesta separação para Deus, é a de nos tornar insuscetíveis a
qualquer censura ou repreensão, ou seja, de nos tornar exemplos e referências
para todos as pessoas com quem convivemos. Quando somos separados para Deus,
somos separados para sermos exemplos às outras pessoas, para sermos testemunhas
da transformação que Cristo opera no ser humano e, assim, sermos instrumentos
para que os homens glorifiquem a Deus, reconheçam Sua soberania e Seu poder.
Assim como os tropeços dos salvos contribuem extremamente para o descrédito em
Deus e na Sua Palavra (e os tropeços são chamados de “escândalos”, que é a
palavra grega para tropeço), assim também a conduta irrepreensível de um salvo
é uma grande pregação e demonstração do poder de Deus aos homens.
A separação para Deus,
também, tem o objetivo de nos conservar irrepreensíveis para a vinda de Jesus –
“E o mesmo Deus de paz vos santifique em
tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados
irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts.5:23).
II. A
NECESSIDADE DE TERMOS UMA VIDA SANTA
A Santidade é a marca
característica de um crente, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Aquele
que esta no lugar santo para adorar a Deus deve ter as mãos limpas e um coração
puro, e não deve ter jurado enganosamente (Sl.24:3,4). Para habitar no “monte
santo de Deus” - em Sua presença - o crente deve caminhar com integridade
(praticar a justiça) e não fazer mal ao seu próximo (Sl.15). Deus “nos elegeu
nele [em Cristo] antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele” (Ef.1:4).
1. Israel. O estilo de vida dos israelitas devia estar
de acordo com a santidade do seu Deus: “Santos sereis, porque eu, o SENHOR,
vosso Deus, sou santo” (Lv.19:2). Essa santidade exigida era mais do que
natural, porque Deus é santo (Lv.11:44), e os israelitas foram “separados”, ou
seja, “retirados” dentre os povos para Deus.
A mensagem bíblica é a de
que Deus quer que haja uma nítida linha divisória entre o mundo dos santos e o
mundo dos ímpios. Foi por causa da mistura entre as linhagens de Sete e de Caim
que Deus destruiu o mundo com o dilúvio. Assim foi com Israel - “E vós me
sereis reino sacerdotal e povo santo...” (Êx.19:6). Ao deixar todas as demais
nações, de lado, Deus se propôs formar um povo especial com o qual passaria a
se relacionar. Porém, sendo santo, Deus somente se relaciona com santos. Daí,
uma das coisas que Deus queria de Israel era que fosse um “povo santo”.
Deus havia dito a Israel
– “E vós me sereis...o povo santo”. Porém, em lugar de se tornar “o povo
santo”, Israel se tornou um povo apóstata e idólatra; contaminou-se tanto que
foi acusado por Deus de prostituição e de adultério espiritual – “E disse mais
o Senhor nos dias do rei Josias: viste o que fez a rebelde Israel? Ela foi-se a
todo o monte alto, e debaixo de toda árvore verde, e ali andou prostituindo-se
[...] E sucedeu que pela fama da sua prostituição contaminou a terra, porque
adulterou com a pedra e com o pau” (Jr.3:6-9). Esta era a triste condição do povo
que Deus queria que fosse “o povo santo”.
2. A Igreja. Por falta de Santidade, Deus deixou de
relacionar-se com as nações; por falta de Santidade, Deus deixou de
relacionar-se com Israel. O mesmo não pode acontecer comigo e com você, isto é,
com a Igreja. A Igreja, como Reino de Deus, aqui na Terra, deverá ser sempre
santa. A Igreja, na condição de “Noiva do Cordeiro”, não pode e não será
rejeitada, porque ela é a “...a igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem
coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef.5:27). Porém, a igreja,
enquanto denominação local, cometendo o erro das gerações antediluvianas,
acabando por deixar apagar a marca divisória que separava os filhos de Deus dos
filhos dos homens, promovendo a mistura, também podemos ser rejeitados se
viermos a cometer o erro da geração antediluviana e o erro do povo de Israel. Exatamente
para que isto não aconteça, a Palavra de Deus nos adverte, dizendo: “Mas, como
é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira
de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo” (1Pd.1:15,16).
A nossa santificação é a
vontade direta e perfeita de Deus para nós, conforme nos exorta o apóstolo
Paulo:
“Porque esta é a vontade
de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição, que cada um
de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra, não na paixão de
concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus” (1Ts 4:3-5).
Portanto:
a) Devemos ser santos porque somos filhos de Deus - “Amados, agora
somos filhos de Deus...”(1João 3:2). Quando um filho ama seu pai ele se orgulha
quando alguém diz que ele se parece com o pai. O mesmo sentimento compartilha o
pai quando alguém diz que seu filho é a “sua cara”. Contudo, não havendo amor
essa mesma declaração aborrece tanto o filho como o pai.
b) Devemos ser santos porque queremos fazer a
vontade do Pai - “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa
santificação...”(1Ts.4:3). Todo bom filho sente prazer e se esforça para fazer
a vontade de seu pai. Todo pai fica feliz quando seu filho procura ser-lhe
agradável. A Bíblia diz que Deus quer que seus filhos sejam santos.
c) Devemos ser santos porque queremos ser morada de
Deus e Templo para o seu Espírito – “Jesus respondeu, e disse-lhe: se alguém me ama, guardará a minha
palavra, e meu pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”(João
14:23); “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que
habita em vós...”(1Co.6:9). Pela Bíblia sabemos que o corpo é o santuário, ou o
Templo de Deus e a morada do Espírito – “Não sabeis vós que sois o templo de
Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós” (1Co.3:16); “...porque vós sois o
templo do Deus vivente, como Deus disse: neles habitarei; e eu serei o seu Deus
e eles serão o meu povo” (2Co.6:16).
A expressão habitar não é
a mesma coisa que visitar. O visitante não permanece muito tempo e só entra nos
aposentos com a permissão do dono da casa; o que habita tem acesso livre. O
visitante vem, e vai, o que habita permanece no lugar. Assim, se Deus, na
Pessoa do Espírito Santo, apenas nos visitasse de vez em quando, poderíamos nos
descuidar quanto a Santificação do corpo. Porém, a Palavra de Deus diz que Ele
habita em nós. A mesma Palavra diz que Ele é Santo na sua essência, ou seja, é
absolutamente santo - “...porque eu o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv.19:2).
Sendo Santo ele só pode habitar num corpo que também seja santo. Por isto ser
santo é uma exigência do próprio Deus, conforme diz: “...Santo sereis”. Nós com
todas nossas impurezas não sentimos bem habitando, ou convivendo num lugar
sujo, imundo, quanto mais Deus. Daí, se eu quero que Ele habite em mim, então,
preciso não apenas estar limpo, preciso estar purificado. Seu corpo está sempre
em condições de ser morada do Espírito Santo?
d) Devemos ser santos porque queremos ser um vaso
nas mãos de Deus. Santificação significa ser separado para uso de Deus. Daí,
qualquer que desejar ser um vaso nas mãos de Deus, tem que ser um vaso separado
para seu uso. Isto significa ser santo. Esta é a condição exigida pela Palavra
de Deus, conforme escreveu Paulo: “Ora, numa grande casa não somente há vasos
de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros,
porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purifica destas coisas, será
vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor e preparado para toda
boa obra”(2Tm.2:20,21).
e) Devemos ser santos porque somos peregrinos a
caminho da Canaã Celestial - “...Andai em temor, durante o tempo da vossa peregrinação”(1Pd.1:17).
Os que não conhecem a Bíblia pensam que para ser santo é preciso estar morando
no Céu. Pensam que é lá que vivem os santos. Porém, pela Palavra de Deus
sabemos que Deus exigiu que Israel fosse santo durante a peregrinação através
do deserto. Foi lá no Monte Sinai que Deus disse: “...Santos sereis, porque eu,
o Senhor, vosso Deus, sou santo”(Lv.19:2). Naquele deserto, Israel teria que
andar com Deus. Porém, o Profeta Amós, pergunta: “Andarão dois juntos, se não
estiverem de acordo?”(Amós 3:3). Deus é Santo. Só existe uma maneira de poder
andar com Ele: sendo Santo.
f) Devemos ser santos porque queremos morar no Céu - “Senhor, quem
habitarás no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?” (Salmo 15:1). O
Senhor Deus diz: “Os meus olhos procurarão os fiéis da terra, para que estejam
comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá”(Salmo 101:6). Somente os
santos é que podem ser fiéis. Só os santos morarão no Céu.
g) Devemos ser santos porque é uma exigência de
Deus.
Essa exigência é mais do que natural porque Deus é Santo. Diz o apóstolo Pedro:
"mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a
vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou
santo" (lPd.1:15,16). Portanto, da mesma maneira como Deus escolheu e
santificou o povo de Israel para viver em santidade, assim também o Senhor
Jesus nos chamou para vivermos uma vida santa. Israel precisava viver longe das
práticas imorais dos cananeus; nós, da mesma forma, devemos ter cuidado para
não nos conformarmos com este mundo (Rm.12:2).
Diante do exposto, percebe-se que ser santo é uma exigência de Deus para
aqueles que querem servi-lo e segui-lo. Todavia, em que pese o Senhor ter dito
“santo sereis” (Lv.19:2), a Palavra de Deus nos ensina que Ele respeita a
vontade do homem e não viola sua liberdade, ou seu livre arbítrio. Obedecer ou
não obedecer é uma decisão do homem. Ninguém será santo à força. Foi assim com
Israel, e é assim com a Igreja.
III. A
POSSIBILIDADE DE TERMOS UMA VIDA SANTA
No Novo Testamento, os
cristãos salvos em Jesus, são reconhecidos como santos (cf. At.9:13,32,41), e é
dessa maneira que o apóstolo Paulo se dirige aos crentes nas suas epístolas
(cf. Rm.1:7). A base dessa santificação é o sacrifício vicário de Jesus
(Hb.10:10,14), mas ela é obra do Deus trino e uno por ocasião da conversão do
pecador a Cristo (João 17:17; 1Co.6:11; 1Pd.1:2).
De acordo com a Bíblia, a
santificação do crente é tríplice: Posicional, Progressiva e Futura.
1. A santificação posicional. A partir do momento que
cremos em Jesus, passamos a ser justificados e mudamos de posição diante de
Deus, que não nos vê como éramos, mas que, agora, por causa de Cristo, nos vê
como pessoas justas. Ao mudarmos de posição diante de Deus, alcançamos o que os
estudiosos da Bíblia denominam de “santificação posicional”. A partir do
instante em que aceitamos a Cristo como nosso Senhor e Salvador, nossos pecados
são perdoados, somos justificados e, por isso, passamos a ser “santos de Deus”.
Por isso, todo pecador arrependido e remido pelo Senhor Jesus é um “santo”, não
tendo, pois, cabimento, procedimentos como os de “canonização” ou
“beatificação”, como vemos em alguns segmentos religiosos.
Portanto, o ser humano
torna-se santo ao nascer de novo, ou seja, no exato momento em que ocorre a
Regeneração; nesse momento, acontece uma mudança no ser humano - de pecador perdido
para santificado em Cristo (At.26:18; 1Co.1:2). É a santificação posicional, ou
instantânea, conforme Paulo disse ao carcereiro de Filipo quando este
perguntou: “...que é necessário que eu faça para me salvar?”. A resposta foi
simples e direta: “...crê no Senhor Jesus, e serás salvo...” (Atos 16:30,31).
Paulo acrescenta que “...as coisas velhas já passaram: eis que tudo se fez
novo” (2Co.5:17).
Ao crer em Jesus, segundo
afirmou João, o sangue de Jesus Cristo nos purifica de todo o pecado (1João
1:7). Nesse exato momento, o seu corpo, inteiramente purificado, torna-se o
Templo do Espírito Santo, que passa a habitar nele. Se este homem for chamado à
eternidade, está salvo, e irá para o Paraíso. Foi exatamente o que aconteceu
com o ladrão na cruz; ele creu, e o Senhor Jesus lhe disse: “...em verdade te
digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc.23:43). É como a pessoa que toma
um belo banho, à noite; deita-se, e dorme; limpa e perfumada, dorme; porém, não
acorda; morre durante o sono, mas morre limpa.
Na santificação
posicional, o crente que nasceu de novo recusa-se a permitir que os seus
membros pequem, portanto, a santificação deve ser contínua. Ele deve
deliberadamente seguir “...a santificação, sem a qual ninguém verá o
Senhor" (Hb.12:14). Não basta ser santo aos domingos, ou na semana da
Santa Ceia. A Palavra de Deus diz: “Em todo tempo sejam alvos os teus
vestidos...” (Ec.9:8).
2. A santificação real. É conhecida como a
santificação presente. Ela é progressiva. Diz o apóstolo Paulo: “Ora, amados,
pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundice da carne e do
espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus” (2Co.7:1). Em outras
palavras foi o que Paulo disse aos tessalonicenses: “...assim andai, para que
continueis a progredir cada vez mais” (1Ts.4:1). Como sabemos, o novo
convertido é um recém-nascido, espiritualmente. A criança não desenvolve por si
só os hábitos de higiene. Ela precisa ser ensinada a cultivar esses hábitos até
que se conscientize da importância e necessidade deles. No plano espiritual,
com muito mais razão, o ensino é fundamental porque todos os hábitos
anteriormente adquiridos, enquanto no mundo, são contrários à Santificação. É
preciso, primeiro, despojar-se do velho homem, como ensinou Paulo: “Que, quanto
ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas
concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso sentido, e vos
revistais do novo homem, que, segundo Deus, é criado em verdadeira justiça e
santidade” (Ef.4:22-24).
Por falta de ensino da
Palavra de Deus e por falta de uma vida de oração, muitos crentes continuam
“meninos na fé”. A Santificação que deveria ser progressiva, continuou,
contudo, prejudicada, ou estagnada. A Igreja onde a Palavra de Deus não é
ensinada, é Igreja onde não há Santificação Progressiva. Em consequência, seus
membros não conseguem se livrar dos velhos hábitos e costumes aprendidos no
mundo.
Não basta ser santo; não
basta ser santo cada dia; é preciso ser mais santo, cada dia. Enquanto vivemos
neste mundo, o nosso corpo mortal não foi redimido, transformado e glorificado
e, por isso, precisamos dia após dia estar diante de Jesus, buscando-o e
consagrando a nossa vida para o Espírito Santo sobrepujar a natureza má da
nossa "carne". A Palavra de Deus nos mostra que fomos chamados para
sermos santos em toda a esfera da vida (cf. 1Pd.1:15,16). Portanto, a
Santificação precisa ser progressiva – “Mas todos nós, com cara descoberta,
refletindo, como um espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória
em glória, na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor" (2Co.3:18).
3. A santificação futura. "E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso
espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a
vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1Ts.5:23). Trata-se da
santificação completa e final (1João 3:2).
O Senhor Jesus que é
santo, virá buscar os que são consagrados a Ele (1Ts.3:13; 5:23; 2Ts.1:10;
Hb.12:14). Por isso, a vontade de Deus para a vida do crente é que ele seja
santo, separado do pecado (1Ts.4:3). Mas observe, a Bíblia exige a separação do
pecado, não dos pecadores. Esta prática, que se disseminou entre os cristãos
por volta do terceiro ou quarto século, no entanto, tem um grande equívoco. Com
relação a isto, aliás, o próprio Jesus foi enfático em Sua oração sacerdotal, ao
dizer que não pedia ao Pai que tirasse os salvos do mundo, mas tão somente que
os livrasse do mal (João 17:15). Ele próprio deu o exemplo, em todo o Seu
ministério, jamais se isolou dos pecadores, tanto que isto foi um dos pontos
principais da censura dos fariseus ao Senhor (Mt.9:10,11), censura que foi
repelida por Cristo (Mt.9:12,13).
Além de nos fazer
instrumentos para a glorificação do Senhor, a separação para Deus permite-nos
conservar separados do pecado, aguardando o instante final de nossa salvação,
que é a glorificação, daí porque o apóstolo Paulo ter dito que esta conservação
é para a vinda do Senhor, pois, a partir de então, seremos transformados e,
glorificados, ficaremos para sempre livres do “corpo do pecado”.
A Santificação é um dos
fatores que nos mantêm preparados e vigilantes para a volta de Cristo (Hb.12:14;
1Ts.5:23; Ap.19:7,8). É neste sentido que a santificação se equipara à
“consagração”, termo muito utilizado pelos crentes pentecostais. A consagração
é, como se verifica, pelo próprio significado da palavra, a destinação
exclusiva para o uso da divindade ou para fins de culto, ou seja, a consagração
significa a entrega total ao Senhor. A consagração faz com que o bem ou pessoa
não mais pertença a quem quer que seja, mas, sim, a Deus.
Nenhum crente será
totalmente santificado para Deus até que nossa posição e prática estejam em
perfeita harmonia, e isso só ocorrerá quando formos glorificados, por ocasião
da vinda de Cristo, e nos tornarmos semelhantes a Ele (1João 3:1-3). Esta é a
nossa santificação futura ou definitiva, que aguarda nossa completa
glorificação em corpos ressurretos (Ef.5:26-27; Jd.24,25), quando o Senhor
Jesus "transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo
glorioso" (Fp.3:21). Essa é a nossa mais sublime esperança.
CONCLUSÃO
É a esperança de ver Jesus em sua vinda de glória que faz com que os
crentes busquem a santificação. Paulo afirma que há uma coroa ou recompensa
para os justos, que será dada por ocasião da volta do Senhor Jesus a todos
aqueles que amarem a sua vinda (2Tm.4:8).
“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda
não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se
manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. E
qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é
puro” (1João 3:2,3).
“E agora, filhinhos,
permanecei nele, para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não
sejamos confundidos por ele na sua vinda” (1João 2:28).
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Luciano
de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 71. CPAD.
Pr. Esequias Soares. A Razão de nossa Fé. CPAD.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. O Cristão e sua
Santificação. PortalEBD_2006.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. Exortação à Santificação. PortalEBD_2010.
Wayne Grudem. Teologia Sistemática Atual e
exaustiva.
Deus continue abençoando!
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