2º
Trimestre/2018
Texto Base:
Romanos 13:3-5; 1Samuel 2:6,7; João 8:3-5,7,10,11; Rm.13:3-5
"O SENHOR
é o que tira a vido e a dá; faz descer à sepultura e faz tomar a subir
dela" (1Sm.2:6).
Dando continuidade ao estudo sobre Ética
Cristã e as questões morais de nosso tempo, trataremos nesta Aula sobre “Pena
de Morte e Eutanásia”. Este é um dos mais polêmicos temas dentre os da Ética
Cristã. Os dois possuem um só objetivo: a supressão ou interrupção de uma vida,
ou seja, tirá-la deste mundo, sem que, pelo processo normal, se tenha chegado o
tempo de Deus nos termos descritos por Salomão: ”Tudo tem o seu tempo
determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer
e tempo de morrer...”(Ec.3:1,2). Contudo, o Pós-Modernismo ignora o que diz a
Palavra de Deus e defende, em todo o mundo, a legalização da intervenção do
homem, determinando quem deve morrer. A vida é um dom de Deus; só a Ele cabe
concedê-la ou suprimi-la, direta ou indiretamente (1Sm.2:6) - “O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz
descer à sepultura e faz tornar a subir dela”.
I. A PENA DE MORTE NAS ESCRITURAS SAGRADAS
A questão da pena de morte, chamada também de
pena capital, está sendo mais amplamente discutida em nossos dias devido ao
surgimento do terrorismo internacional organizado e da crescente criminalidade
em todo o mundo. Quase não se passa uma semana sem que os meios de comunicação
internacional nos informem sobre sequestros e assassinatos de pessoas inocentes
com a finalidade de apresentar ideias ou reivindicações terroristas. Alguns
argumentam que a pena capital é divinamente instituída e socialmente necessária,
outros a consideram bárbara e anticristã. Tanto os que defendem quanto os que condenam
a pena de morte apresentam argumentos e contra-argumentos teológicos e
filosóficos para justificar sua posição.
O que diz as Escrituras Sagradas – Antigo e
Novo Testamento - a respeito da pena de morte? Respondemos esta questão a
seguir, com base no argumento do Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco, que analisa
com muita clareza e de forma assaz convincente este assunto.
1. No Antigo Testamento. A morte surge na Bíblia Sagrada como consequência do pecado. Deus já
havia dito ao homem que, se ele pecasse, certamente morreria (Gn.2:17). Sabemos
que a morte aí referida era a morte espiritual, ou seja, a separação de Deus.
No entanto, o pecado também trouxe ao homem, como consequência, a morte física
(Gn.3:19). Podemos, pois, observar, desde o início, que a morte física é
consequência do pecado e quem a determinou foi o próprio Deus, que é o único
dono da vida (1Sm.2:6).
- Civilização
antediluviana. Deus aplicou a pena de
morte a todos os homens da civilização antediluviana, salvo Noé e sua família (Gn.6:5-8).
Mais uma vez verificamos que a deliberação para a morte do ser humano pela sua
maldade e pecados proveio diretamente de Deus que, aliás, não havia sentenciado
à morte o primeiro homicida (Gn.4:10-15), mas, antes, aplicou-lhe pena severa, porém,
com oportunidade para que ele viesse a se arrepender e alcançar a salvação de
sua alma.
- Civilização
Pós Diluviana. Após o Dilúvio, Deus faz
um pacto com Noé, prometendo não mais destruir o mundo com as águas do dilúvio,
ocasião em que estabeleceu que o sangue do ser humano seria requerido de quem o
derramasse (Gn.9:5,6).
“E certamente requererei o vosso sangue, o sangue da vossa vida; da mão
de todo animal o requererei, como também da mão do homem e da mão do irmão de
cada um requererei a vida do homem. Quem derramar o sangue do homem, pelo homem
o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem”.
Muitos interpretam este texto como uma autorização de Deus para o homem
aplicar a pena capital. Mas, não é isto que o texto diz. Deus não afirma, em
momento algum, que o homem está autorizado a matar seu semelhante por ser ele
um criminoso. Muito pelo contrário, o texto nos diz que o próprio Deus
requererá do assassino o sangue injustamente derramado. Em Gênesis 9:5 está
escrito: “E certamente requererei o vosso
sangue, o sangue de vossas vidas…como também da mão do homem e da mão do irmão
de cada um requererei a vida do homem”; ou seja, é Deus quem se encarrega
de punir com a morte aquele que matar a seu semelhante. Isto tem se cumprido
literalmente durante os séculos. Qualquer censo penitenciário mostra que a
idade dos criminosos encarcerados é sempre baixa e, raramente, um criminoso
desde a juventude chega aos 40 anos de idade nesta vida criminosa. Por quê?
Porque Deus, o único dono da vida, requer dele as maldades cometidas. Está
escrito: “O homem carregado do sangue de
qualquer pessoa fugirá até à cova; ninguém o detenha” (cf.Pv.28:17).
- Lei Mosaica. Na lei de Moisés vemos que a pena de morte
foi instituída para a punição de delitos mais graves, como o homicídio, o
adultério, a idolatria, o sequestro, o homossexualismo e as aberrações sexuais,
a profanação do dia do descanso e a desobediência contumaz aos pais. Durante a
marcha no deserto e na conquista da Terra Prometida, houve episódios em que se
aplicaram estas normas, como nos casos do homem apanhado profanando o sábado (Nm.15:32-36),
dos cabeças do povo que serviram a Baal-Peor(Nm.25:4,5) e de Acã (Js.7:19-26).
Não devemos nos esquecer de que a lei de Moisés se encontrava debaixo da regra
de talião, ou seja, olho por olho, dente por dente, bem como que muitas de suas
disposições refletiam a dureza dos corações dos homens. Não nos esqueçamos,
também, que a geração do deserto era uma geração de dura cerviz e incrédula,
que acabou ela própria sendo condenada por Deus à morte no deserto por causa de
sua incredulidade (Hb.3:17-19).
Apesar destas disposições da lei de Moisés, encontramos, durante toda a
história dos hebreus, constantes abrandamentos destas leis, a ponto de, nos
tempos de Jesus, terem os próprios membros do Sinédrio, o maior tribunal
judaico, mesmo em relação a Jesus, a quem acusavam impiedosamente, terem dito
que não lhes era lícito matar homem algum (João 18:31).
- O rei Davi
não foi apenado com a morte (2Sm.12:13). O homicídio e o adultério eram apenados com a morte, mas a Bíblia nos
mostra que Deus, ao revelar o duplo pecado de Davi, não lhe aplicou a pena de
morte prevista na lei, mas, expressamente, através do profeta, afirma que a
morte não lhe seria aplicada (2Sm.12:13). Por que isto aconteceu? A resposta
está em Êxodo 33:19 – “...terei
misericórdia de quem eu tiver misericórdia e me compadecerei de quem me
compadecer”. É Deus quem decide. É Deus quem determina quem e quando uma
pessoa deve morrer. Neste caso, Deus tratou pessoalmente do pecado de Davi
(2Sm.12:10-12).
- Outros
episódios registrados no Antigo Testamento, que não foi aplicado a pena capital,
apesar das disposições da lei de Moisés. Apesar de a idolatria ser apenada com a morte, o povo,
impunemente, sacrificava a deuses estranhos, mesmo durante reinados de homens
fiéis a Deus, sem que a morte fosse aplicada (1Rs.15:13; 1Rs.22:42,43), nem
fosse determinada por Deus, o que também se dava diante da prática do homossexualismo,
que eram desterrados, mas não mortos(1Rs.15:12; 22:47). De igual modo, os que profanaram
o sábado foram punidos, mas não mortos (Ne.13:15-21).
Verificamos, portanto, que, apesar das disposições da lei de Moisés,
servos fiéis e sinceros de Deus, ao longo da história de Israel, jamais
aplicaram tais disposições, numa clara demonstração que elas eram fruto da
permissão divina e não da Sua vontade operativa. Algumas penas de morte
ocorridas no Antigo Testamento, que estão ali registradas, foram por expressa
determinação divina; isto prova que o próprio Deus, e não o homem, é quem pode
condenar à morte. É o que verificamos no caso do homem que profanou o sábado,
no caso de Acã, no caso de Agague, rei dos amalequitas (1Sm.15:1-3,32,33) e no
caso dos parentes de Saul (2Sm.21:1-9).
O Antigo Testamento prescreve a pena de morte,
todavia os ensinamentos de Cristo são no sentido de que todo homem tem o
direito à salvação.
2. No Novo Testamento. Como já dissemos, nos tempos de Jesus, apesar das disposições da lei de
Moisés, era ponto pacífico entre os príncipes dos judeus que não se devia
aplicar a pena de morte, tanto que o Sinédrio não ousou aplicá-la nem mesmo a Jesus
(João 18:31), preferindo entregá-lo aos romanos para que a sentença partisse
deles, tanto que Jesus foi crucificado, pena aplicada pelos romanos aos
rebeldes que não fossem cidadãos romanos (os cidadãos romanos eram decapitados,
como foi Paulo).
Jesus, ao discorrer sobre sua doutrina no sermão do
monte, em momento algum Ele abonou a pena de morte, tendo demonstrado que, aos
olhos de Deus, era tão culpado o homicida (que poderia ser apenado com a morte
segundo a lei de Moisés), quanto o que tivesse raiva do seu irmão (Mt.5:21,22),
reafirmando que a pena imposta por Deus ao pecador é a morte espiritual, a
separação eterna de Deus, a verdadeira morte; daí porque ter dito que os
pecadores são “réus do fogo do inferno”. Aliás, Jesus foi bem claro em afirmar
que não devemos temer quem tenha o poder de matar o nosso corpo, mas, sim,
aquele que pode nos lançar no fogo do inferno (Mt.10:28).
Em momento algum vemos Jesus defendendo a pena de morte ou dela fazendo
apologia no Seu ministério. Ao contrário, Jesus afirmou que Ele é a vida (João 14:6),
que Ele veio ao mundo para que tenhamos vida com abundância (João 10:10), pois
nele estava a vida (João 1:4), e é através dEle que passamos da morte para a
vida(João 5:24).
- A morte de
Jesus. Muitos afirmam que Jesus
não era contrário à pena de morte, tanto que Se submeteu à esta condenação ao
aceitar ir ao Calvário. Entretanto, devemos observar que a morte de Jesus era
necessária e tinha um propósito divino para a redenção da humanidade. A
aceitação da morte por parte de Jesus não insinuou a aceitação da pena de morte
nem mesmo da soberania romana para condená-lo à morte, mas significou tão
somente a aceitação da vontade de Deus. No Getsêmane, ficou bem claro que
Jesus, como homem sem pecado, não poderia aceitar a morte física como algo
natural e instintivo, mas sacrificou a Sua vontade por causa da vontade de Deus
e não por qualquer outro motivo. Entregou-se à morte para agradar a Deus
(Mt.26:38,39; Mc.14:34-36; Lc.22:41-44; Is.53:10). Se Jesus não tivesse subido
ao calvário para morrer por nós, certamente, desceríamos ao inferno.
- Ananias e
Safira (Atos 5:1-11). Aqueles que defendem a
pena de morte costumam citar o episódio ocorrido com Ananias e Safira como uma
realidade no Novo Testamento. O caso da morte desse casal não é uma aprovação
da pena de morte no Novo Testamento. Em primeiro lugar, a penalidade aplicada a
esse casal não veio da parte de Pedro, mas foi algo advindo diretamente do
Espírito Santo, que tudo revelou a Pedro, o qual foi mero instrumento do
anúncio da penalidade. Com efeito, se bem observarmos a passagem, veremos que
Pedro se dirigiu a Ananias e lhe anuncia que seu coração estava cheio de mentira,
havia sido enganado por Satanás. Ora, um homem comum não tem acesso a esta
circunstância, que foi fruto da própria revelação do Espírito Santo a Pedro.
Pedro foi apenas o porta-voz da sentença exarada pelo Espírito Santo, contra
quem Ananias se dirigiu, de modo que aqui, uma vez mais, está demonstrado que
só Deus (e o Espírito Santo é Deus) pode tirar a vida de alguém. Desta forma,
este texto, antes de indicar a possibilidade da pena de morte, mesmo como
exceção, reafirma que o único que pode aplicar esta pena é Deus, ninguém mais.
- Saulo de
Tarso. A Bíblia afirma que Saulo
tinha tanto ódio para com os cristãos que chegava a respirar ameaças e mortes
contra os discípulos do Senhor (At.9:1), tendo, antes, consentido na morte de Estevão
(At.8:1). Todavia, como bem sabemos, este comportamento foi reprovado por Jesus
quando se apresentou a Saulo no caminho de Damasco (At.9:5), sendo certo que o
já transformado Paulo sempre se refere com tristeza e arrependimento dos tempos
em que era um fiel executor da pena de morte (Gl.1:13-15; 1Co.15:9) – “Porque
eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois
que persegui a igreja de Deus” (1Co.15:9).
- O poder dado
às autoridades constituídas (Rm.13:1-4). Também, há quem busque defender a pena de morte, ou nela encontrar algum
respaldo bíblico, invocando os textos pelos quais devemos nos submeter às
autoridades. O referido texto de Romanos não está concedendo poder às
autoridades para aplicar a pena de morte, mas para castigar os maus. O trecho
afirma que as autoridades que existem foram constituídas por Deus, ou seja, ali
estão por vontade operativa ou permissiva de Deus, podendo, pois, exercer
legitimamente o poder que lhes foi atribuído, inclusive o poder de castigar os
maus. Isto, em absoluto, confere às autoridades o poder de matar o semelhante,
pois este poder, que é somente de Deus (Dt.32:39; 1Sm.2:6), não lhe foi, em
momento algum, concedido.
O fato de que existem autoridades que condenem à morte não significa que
isto tenha sido concedido por Deus e seja do Seu agrado. Se assim fosse,
teríamos de concordar que o rei Nabucodonosor estava legitimamente constituído
para impor a adoração da sua estátua (Dn.3:1-6) ou que o rei Dario também
poderia ter proibido a adoração a Deus como fez no seu decreto(Dn.6:7-9), ou,
ainda, que o Sinédrio poderia proibir a pregação do evangelho pelos apóstolos
(At.4:16-18). Tais atitudes, conquanto tenham decorrido da circunstância
política e sejam válidas perante a lei dos homens, são usurpações indevidas do
poder divino e, por isso, são atitudes pecaminosas. O mesmo se dá com relação à
pena de morte, existente em muitos ordenamentos jurídicos, mas, nem por isso,
podemos afirmar que as autoridades que a aplicam estejam agindo debaixo da
vontade de Deus. O trabalho de matar, roubar e destruir não vem da parte de
Deus, mas é obra típica do adversário de nossas almas (João 8:44, 10:10).
Sabemos que o tema é polêmico, mas temos a convicção de que a Bíblia
Sagrada, em momento algum, dá a qualquer autoridade o poder de tirar a vida do
semelhante, ainda que este seja mau e transgressor da lei. O fato de a pena de
morte ter sido, inclusive, incluída na lei de Moisés (embora nunca tenha sido
rigorosamente aplicada), não invalida este nosso entendimento, pois é bíblico
que muito do que se constou na lei mosaica decorreu da dureza dos corações dos
homens e não da vontade operativa de Deus (ou seja, que Deus tivesse querido
isto, tendo apenas permitido).
A defesa da pena de morte é a própria anulação da mensagem do evangelho,
que é baseada na crença de que o homem pode se arrepender e, em se
arrependendo, obter o perdão de todos os seus pecados. A Bíblia toda ensina que
cabe a Deus, o único dono da vida, a aplicação de eventual pena de morte, pena
esta que é definitiva, pois não atinge apenas a morte física, mas também a
morte espiritual.
(Adaptado do argumento do
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco, quando comentou sobre “O Cristão e a Pena de
Morte”, no PortalEBD_2002).
II - EUTANÁSIA: CONCEITOS E IMPLICAÇÕES
Após termos abordado a questão da pena de morte, analisaremos desta vez
outra questão ética que diz respeito ao dom divino da vida: a Eutanásia, também
chamada de “homicídio piedoso”, uma prática que tem sido estimulada e
incentivada na atualidade, mas que se constitui em grave transgressão aos
preceitos da Palavra de Deus.
1. O conceito de Eutanásia. Etimologicamente, a palavra “eutanásia” é um composto de duas palavras gregas:
“eu”, que quer dizer bom e “tanatos”, que quer dizer morte. “Eutanásia” é, portanto, “boa morte”,
também conhecida como "morte misericordiosa. No sentido técnico, a “eutanásia”
significa a interrupção da vida por motivos piedosos, ou seja, a determinação
da morte de alguém por estar ela sofrendo, sem que haja condições naturais de
cura, de restabelecimento da saúde do doente.
Como se percebe, na Eutanásia há um julgamento feito por alguém no
sentido de que “a morte é irreversível para aquela pessoa que não tem mais
condições de viver, passando a sua vida a ser apenas um sofrimento e um
padecimento sem razão, visto que a morte é inevitável e, deste modo, melhor
será pôr fim a esta vida, visto que não há mais solução para o caso, não sendo
razoável que a pessoa fique sofrendo ou vegetando por um prazo indeterminado”. Este
é um raciocínio perfeitamente lógico, e que demonstra uma aparente
solidariedade e caridade para com o próximo; já que a pessoa vai morrer mesmo,
por que deixá-la sofrendo, por que não lhe dar uma morte mais digna e menos
dolorosa? Todavia, temos, dentro deste raciocínio, um sofisma, um grande engodo
do adversário de nossas almas; temos uma comprovação do que diz a Escritura de
que “há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da
morte”(Pv.14:12). Todo o belo e tocante raciocínio da Eutanásia parte de uma premissa
falsa, qual seja, a de que o homem é senhor de sua vida, o que não é verdade.
Existem três tipos de
Eutanásia: Ativa, Passiva e Eugênica. Os três são condenadas pela Bíblia
Sagrada.
·
Eutanásia Ativa. É aquela
em que o médico, a pedido do paciente, providencia a sua morte.
·
Eutanásia Passiva. É a
que se dá mediante o desligamento de aparelhos que farão com que a vida se
extinga. Tanto a Ativa quanto a Passiva são condenadas pela Bíblia Sagrada. Há
uma tendência de considerar que a questão da eutanásia seja reduzida a uma
questão técnica médica, como se o médico não fosse um ser humano como qualquer
outro, que não pode se constituir em senhor da sua própria vida, que dirá da
vida de seu paciente.
·
Eutanásia Eugênica. Eugênia
é a ciência que se preocupa com as condições de melhoria da raça humana. Assim,
pela eutanásia eugênica procura-se evitar o nascimento de deficientes físicos e
mentais, ou eliminar os já nascidos. Aconteceu na Alemanha de Hitler. Em nome
da Eugênia genética, Hitler mandou sacrificar nas câmaras de gás, cerca de seis
milhões de Judeus; ordenou, ainda, a morte de todos os velhos, deficientes
físicos e mentais internados nos hospitais e manicômios, afim de que esses
locais fossem utilizados como alojamentos para os soldados feridos.
Deus condena tudo isto. Diz a Bíblia que a vida de cada homem pertence a
Deus (1Sm.2:6), até porque foi Ele quem criou o homem (Gn.1:26,27), sendo,
pois, o Senhor da vida de todos os homens (Sl.24:1; João 10:17,18). O homem é
um simples mordomo dos dons divinos, entre os quais, o dom da vida, devendo
administrá-la e, depois, prestar contas do que recebeu do Senhor (Hb.9:27).
Assim, se o homem não é senhor da sua vida, não pode determinar quando e como
deve ela findar. Vemos, pois, que, diante desta verdade bíblica, o raciocínio
da Eutanásia não faz sentido algum, pois não temos direito algum de pôr fim a
nossa vida ou de qualquer semelhante, por motivos de “piedade”, “misericórdia”
ou qualquer outra razão aparentemente benemérita.
2. As implicações da Eutanásia. Dentro da “cultura de morte” que se
estabeleceu no mundo de hoje, cada vez mais vozes se levantam a favor da Eutanásia,
que já está legalizada, com certas restrições, em alguns países como a Holanda,
a Austrália, dentre outros. A prática da eutanásia tem implicações de ordem legal,
moral e ética.
- Nos aspectos legais, a Constituição Brasileira assegura a
"inviolabilidade do direito à vida" (Art.5°). Assim, a
"eutanásia" é tipificada como crime no Código Penal Brasileiro
(Art.122). No entanto, tramita no Senado Federal o Projeto de Lei n°
236/12 (Novo Código Penal) onde o juiz poderá deixar de aplicar punição
para quem cometer a eutanásia seja ela passiva ou ativa.
- Nas questões de ordem moral nos deparamos com a violação do Sexto
Mandamento: "Não matarás" (Êx.20:13). E quando a Eutanásia é
consentida pelo paciente, surge o problema do suicídio, que é
auto-homicídio, que é pecado.
Percebe-se que por detrás da ideia de que se pode abreviar a morte de
alguém por “motivos piedosos”, está a velha artimanha satânica de indução do
homem a ser deus. É a mesma história contada a Eva no jardim, segundo a qual o
homem poderia ser igual a Deus, conhecendo o bem e o mal (Gn.3:5). A defesa da Eutanásia
esconde um desejo do homem de ser senhor de sua vida, como se isto fosse
possível dentro da ordem estabelecida pelo verdadeiro Senhor dos senhores, o
único e Soberano Deus.
Portanto, todo e qualquer cristão verdadeiro, cumpridor da Palavra de
Deus, abominará a Eutanásia, reconhecendo nela mais uma manifestação de
rebeldia contra Deus.
III. A VIDA HUMANA PERTENCE A DEUS
Conforme a Bíblia Sagrada, a vida é um bem inalienável, pertence
exclusivamente a Deus. Está escrito: “O Senhor é o que tira a vida e a dá...”(1Sm.2:6);
diz mais: “...eu mato e eu faço viver; eu firo e eu saro; e ninguém há que
escape da minha mão”(Dt.32:39). A vida pertence a Deus por direito de criação –
“E criou Deus o homem à sua imagem...e soprou em suas narinas o fôlego de
vida...”(Gn.1:27; 2:7).
1. A Fonte originária da vida. A Bíblia nos informa que a fonte originária da vida é o próprio Deus, o
Criador de todas as coisas. Deus não criou somente a matéria, mas criou também
toda a espécie de seres vivos, bem como o ser humano (Gn.1:21-27; João 1:3; Cl.1:16).
Diz o Gênesis: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus
narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn.2:7). Depois
que o homem estava formado, pelo processo especial da combinação das
substâncias que há na terra, o Criador lhe soprou o fôlego da vida, dando início,
assim, a vida humana.
O homem foi criado a partir do pó da terra para demonstrar que é parte da
natureza. Ele é a síntese da criação terrena. Recebeu o fôlego de vida
diretamente de Deus. O homem interior (alma e espírito), considerada a parte
imaterial do homem é sinal da sua relação especial e peculiar para com o seu
Criador. A alma é considerada a sede dos sentimentos, do entendimento e vontade
– é a marca da individualidade de cada ser humano; já o espírito é a sede da
consciência da existência de uma relação de dependência do homem em relação a
Deus, é a ligação do homem com o seu Criador.
Deus criou o homem com o propósito de torná-lo a criatura mais feliz da
Terra. A felicidade do homem depende da sua comunhão com Deus. Ele deseja que o
homem seja feliz e, por isso, elaborou o plano da salvação.
O ser humano é a coroa da criação. Esta condição do homem, de ser a
“coroa da criação terrena”, é a principal razão de ser dotado de uma dignidade
ímpar, que deve ser reconhecida por todos os seres humanos e cujo ataque é o
principal objetivo do inimigo de nossas almas. Portanto, o Deus vivo é a fonte
originária da vida e só Ele tem autoridade exclusiva para concedê-la ou tirá-la
(1Sm.2:6).
2. O Caráter sagrado da vida. A vida humana é sagrada e inviolável em cada momento da sua existência
porque a sua origem é divina. Desde o seio materno, o homem pertence a Deus que
tudo perscruta e conhece, que o vê quando ainda é um pequeno embrião informe, e
que nele entrevê o adulto de amanhã.
O que a Bíblia ensina sobre a vida?
· Que o homem foi criado por Deus. Embora a ciência e a filosofia procurem a origem da vida em fontes
obscuras e complexas, a verdade bíblica é uma só: Deus criou o homem – “E
formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego
da vida e o homem foi feito alma vivente”(Gn.2:7). Esta é a única verdade, quer
a ciência e a filosofia queira ou não.
· Que a vida humana é sagrada. O sopro que conferiu vida ao homem saiu de dentro de Deus. Tudo o que
sai de Deus, sai santificado, porque Deus é Santo. Assim, apenas a vida humana
foi santificada.
· Que a vida do homem é um bem inalienável. A vida pertence a Deus – “Do Senhor é a terra
e a sua plenitude; o mundo e aqueles que nele habitam”(Sl.24:1); “...pois ele
mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas”(Atos 17:25).
Desta feita, ninguém pode dizer que a “vida é minha, eu faço dela o que
quero”. Biblicamente, a vida pertence a
Deus. Deus criou, santificou e abençoou a vida humana. Ele é, pois, o Criador,
o Doador e o Senhor da vida. Só Ele pode tirá-la (1Sm.2:6). Ao homem Ele
ordenou: “Não Matarás”.
O Pós-Modernismo ignora o que diz a Palavra de Deus, defendendo, em todo
o mundo, a legalização da intervenção do homem, quer para selecionar quem pode
nascer, quer para determinar quem deve morrer. Entretanto, exterminar a vida,
em qualquer circunstância, é uma afronta ao Príncipe da Vida (At.3:15).
A vida é sagrada desde a concepção até o seu derradeiro dia. No caso de
alguma enfermidade, o ser humano tem o direito de receber tratamento adequado
tanto na busca da cura como no alívio de suas dores. Buscar a morte como alívio
para o sofrimento é decisão condenada nas Escrituras. Jó, por exemplo, embora
sofrendo dores terríveis, reconheceu o caráter sagrado da vida e não aceitou a
sugestão de sua esposa em amaldiçoar a Deus e morrer (Jó 2:9). Ninguém pode
dizer: “a vida é minha; eu faço dela o que eu quiser”. Não! Não pode! A vida
pertence a Deus por direito de criação – “E criou Deus o homem à sua imagem...
e soprou em seus narizes o fôlego de vida...” (Gn.1:27; 2:7).
Desta forma, a vida que pensamos ser nossa, na verdade ela é apenas uma
concessão; a propriedade é de Deus. Portanto, mesmo que uma pessoa seja
portadora de uma doença incurável e esteja em estado terminal, enquanto nela
houver vida, ela está sob o domínio de Deus, pois, segundo a Bíblia, Deus é
quem controla o tempo, conforme está escrito: “Tudo tem o seu tempo determinado
[...] há tempo de nascer e tempo de morrer...” (Ec.3:1,2). É, pois, Deus quem
determina o tempo de morrer - “O Senhor é o que tira a vida...” (1Sm.2:6). Esta é a verdade bíblica, e ninguém pode
desativá-la.
CONCLUSÃO
A vida humana tem sua origem em Deus, logo é sagrada durante toda a sua
existência. A Pena de Morte existe como um castigo divino aos maus, mas cabe à
Igreja divulgar a vida e defendê-la a todo custo. Que as nossas palavras sejam
iguais às de Cristo, a quem devemos imitar: palavras de vida eterna (João
6:68). A Eutanásia é conhecida como homicídio piedoso, porém a Bíblia não faz
diferença entre homicídio piedoso e homicídio maldoso. O que ela diz é: “Não
matarás” (Êx.20:13). Quanto ao homicida, a Bíblia diz: “...quanto aos tímidos...e
aos homicidas...a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a
segunda morte” (Ap.21:8). Portanto, o homem, constituído ou não de autoridade,
não pode tirar a vida de ninguém. O poder absoluto sobre a vida e a morte
pertence a Deus.
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Luciano de Paula
Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências
Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 74. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. O Cristão e a Pena de Morte.
PortalEBD_2002.
Ev. Caramuru Afonso Francisco. O Cristão, a Eutanásia e o Homicídio.
PortalEBD_2002.
Pr. Elinaldo Renovato de Lima. Refletindo sobre o cristão e a pena de
morte. 2002.
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