3º Trimestre/2018
Texto Base: Levítico 7:11-21
“Portanto,
ofereçamos sempre, por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos
lábios que confessam o seu nome”(Hb.13:15).
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo do Livro de Levítico estudaremos nesta Aula
a respeito das Ofertas Pacíficas (ou ofertas de paz). Das cinco ofertas
prescritas no Livro de Levítico, a mais excelente em voluntariedade era a Pacífica.
Esta oferta denotava que o ofertante estava em comunhão com Deus; caso contrário,
não lhe seria permitido comer a carne do animal. Aliás, era a única oferta da
qual o ofertante podia comer. O sacrifício pacifico era efetuado diante de
Deus, no sentido de o ofertante ter comunhão com Ele, expressar gratidão
(Lv.7:11-15; 22:29) ou fazer um voto (Lv.7:16). Para o ofertante, envolvia um
compromisso com o concerto e celebrava a paz e a reconciliação entre Deus e o
adorador. Essa oferta também prenunciava a paz e a comunhão que o crente da
Nova Aliança teria com Deus e com os irmãos na fé, tendo por base a morte de
Cristo na cruz (cf. Cl.1:20); 1João 1:3); prenunciava ainda a nossa comunhão
plena, quando todos nos assentarmos com Deus no seu reino eterno (Sl.22:26;
Lc.14:15; Ap.19:6-9).
I. A EXCELÊNCIA DA OFERTA PACÍFICA
As Ofertas Pacíficas eram excelentes pelo fato de serem voluntárias.
Conforme veremos a seguir, a Oferta Pacifica ou oferta de paz tinha um caráter
voluntário por parte do ofertante e era movido pelo seu desejo em apresentar
gratidão a Deus por algum motivo especial. Primeiramente, o adorador devia
resolver o problema do pecado (com a oferta pelo pecado); em seguida, o
adorador se entregava plenamente a Deus (com o holocausto e a oblação); após,
estabelecia-se a paz ou comunhão entre o Senhor, o sacerdote e o adorador.
1. Oferta Pacífica. Era uma oferta de comunhão. Era oferecida quando o adorador se
conscientizava das ternas misericórdias de Deus e de sua fidelidade ao
concerto, sentindo-se obrigado a ofertar. Seu traço característico residia no
fato de a maior parte do corpo do animal sacrificado ser comida pelo ofertante
e seus convidados em um banquete de camaradagem entre Deus e o homem. O
adorador oferecia um bode ou cordeiro macho ou fêmea. Era a única oferta da
qual o ofertante podia comer. Enquanto compartilhava a refeição com o sacerdote
e às vezes com outros adoradores, era como se Deus fosse o anfitrião da mesma,
comungando com todos os presentes.
A Oferta Pacífica tipificava a comunhão entre Deus e o homem, tornada
possível por meio do Senhor Jesus. Ela apontava para Aquele que “é a nossa paz”
(Ef.2:14), e que “fez a paz pelo sangue da sua cruz” (Cl.1:20). O sacrifício de
Cristo desfez a inimizade entre Deus e o homem e possibilitou a comunhão com
Deus (Ef.2:14-16). O Sacrifício Pacífico em um aspecto era muito semelhante à
Ceia do Senhor.
A Oferta Pacifica poderia ser de gado (Lv.3:1), ovelha (Lv.3:6) ou cabra
(Lv.3:12). Não havia prescrição sobre sexo e idade do animal. Porém, o animal
não podia ter defeito (Lv.3:6). O ofertante tinha de impor a mão sobre a cabeça
da sua oferta (Lv.3:2,8,13), matar o animal e apresentar ao sacerdote os
pedaços e a gordura a serem oferecidos. Em seguida, o sacerdote oficiante os
queimava no altar. A porção apresentada era o manjar da oferta queimada ao Senhor
(Lv.3:11), de cheiro suave (Lv.3:16). Segundo Dennis F. Kinlaw, não é necessário ver nestas palavras referências
a alimentar Deus, como ocorria entre as nações vizinhas de Israel. O Deus de
Israel não dependia dos adoradores. Ele almejava comunhão com eles e queria que
pensassem que esta oferta de paz era comida de comunhão.
A Oferta Pacifica era feita por meio de sacrifícios de animais (cf. Lv.3),
porém, Levítico 7:11-18 esclarece que essa oferta vinha acompanhada de certos
tipos de bolos (ou pães) apresentados nos versículos 12 e 13. O ofertante
deveria trazer um bolo por oferta a ser entregue ao sacerdote oficiante
(Lv.7:14).
A carne do sacrifício de ação de graças tinha de ser consumida no mesmo
dia (Lv.7:15), ao passo que a carne da oferta por voto e da oferta voluntária
poderiam ser consumidas naquele dia e no dia seguinte (Lv.7:16). O que sobrasse
após o segundo dia deveria ser queimado (Lv.7:17). Comer as sobras no terceiro
dia era coisa abominável, e o indivíduo que fizesse isso não seria aceito, isto
é, seria excomungado da comunidade, ou seus privilégios como participantes do
povo de Deus seriam revogados. Isso nos mostra que a comunhão com Deus deve ser
sempre renovada e não pode ficar muito longe da obra do altar.
Para nós, povo de Deus da Nova Aliança, leva-nos a conscientizarmos de
que a Ceia do Senhor deve sempre ser repetida em espaço curto de tempo, porque
o povo não pode ficar muito tempo longe da cruz. A Ceia do Senhor é o símbolo
da nossa união com Cristo; ela expressa a nossa “comunhão” (gr. koinonia) com
Cristo e de nossa participação nos benefícios oriundos da sua morte sacrifical,
e ao mesmo tempo expressa a nossa “comunhão” com os demais membros do Corpo de
Cristo (1Co.10:16,17).
2. Objetivo das Ofertas Pacíficas. O objetivo das Ofertas Pacíficas no Livro de Levítico era fazer com que
a pessoa apresentasse voluntariamente um ato de gratidão a Deus, aprofundando
assim, a comunhão dele com o Criador; também, levar o ofertante à
conscientização de que tudo quanto o ser humano recebe vem do Senhor, porque
dEle é a terra e a sua plenitude (Êx.19:5; Lv.25:23; Sl.24:1). De maneira
coletiva, esse ato significava a ratificação da comunhão da nação de Israel com
Deus.
3. Tipos de ofertas pacíficas. Os sacrifícios pacíficos (ofertas de paz) tinham três variedades:
ofertas de ação de graças (louvores - Lv.7:12), ofertas votivas (Lv.7:16) e
ofertas voluntárias (Lv.7:29). A oferta de paz é a única oferta na qual o
adorador tem permissão de participar.
a) Ação de graças (Lv.7:12) – “Se o oferecer por oferta de
louvores, com o sacrifício de louvores, oferecerá bolos asmos amassados com
azeite e coscorões asmos amassados com azeite; e os bolos amassados com azeite
serão fritos, de flor de farinha”.
Este tipo de oferta era oferecido por benefícios recebidos de Deus. Ao
aproximar-se do Senhor, com tal oferta, o crente da Antiga Aliança
manifestava-lhe, em palavras e gestos, que o seu único almejo era agradecê-lo
por todos os benefícios recebidos (Sl.103:1,2). O Salmo 107:22 fala de tal
sacrifício feito depois da libertação de situações de perigo.
Mediante a gratidão, a comunhão com Deus era fortalecida e renovada. Hoje,
conhecemos comumente a expressão "culto de ação de graças"; este ato
tem como raiz bíblica a apresentação das ofertas pacificas; a ideia é expressar
gratidão, alegria por muitos benefícios feitos pelo Senhor. É a oportunidade de
viver devocionalmente o aprofundamento de nossa fé em Cristo. É o desejo de
Deus que sejamos gratos pelo que Ele é e por tudo que tem feito por nós, oferecendo
nossas vidas como sacrifício vivo, santo e agradável (Rm.12:1).
O apóstolo Paulo ensina-nos a oferecer, de forma contínua, ação de graças
a Deus – “Em tudo daí graças” (1Ts.5:18). A gratidão é uma virtude cristã
maravilhosa, mas o fator significativo acerca deste mandamento é a expressão
“em tudo”, que quer dizer, “em todas as circunstâncias” (NTLH; confira, também,
Ef.5:20). Estas passagens abrangem a alegria e a tristeza, a doença e a saúde,
o ganho e a perda. Como bem diz o hino: “Se nesta vida você perdeu tudo, menos
a fé, então você não perdeu nada”. A fé em Deus faz a diferença (Rm.8:28). Se
agirmos assim, jamais perderemos a comunhão com Deus e com a Igreja de Cristo –
“E a paz de Deus, para a qual também
fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos”
(Cl.3:15).
b) Voto (Lv.7:16) – “E, se o sacrifício da sua
oferta for voto ou oferta voluntária, no dia em que oferecer o seu sacrifício,
se comerá; e o que dele ficar também se comerá no dia seguinte”.
A oferta por voto era oferecida em cumprimento a uma promessa feita a
Deus em troca de algum favor especial solicitado em oração. Nos momentos de
angústia, ou proteção durante uma viagem perigosa, os filhos de Israel faziam
votos ao Senhor, prometendo-lhe ofertas pacíficas (Gn.28:20; 1Sm.1:11;
2Sm.15:7,8). Foi isso que aconteceu com Jacó, quando fez um voto ao
Senhor na ocasião que fugia de seu irmão Esaú (Gn.28:20,21); com Ana,
quando em meio a angustia por não gerar filhos, fez um voto ao Senhor
(1Sm.1:11); com Davi, rei de Israel. Pelo que observamos nos Salmos,
Davi foi o homem que, em todo o Israel, mais sacrifícios pacíficos apresentou
ao Senhor (Sl.22:25; 56:12; 61:5,8). Ele era apaixonado pelo Senhor. Aliás, os
seus cânticos já são, em si mesmos, um sacrifício de louvor e paz ao Deus de
Israel. Todas estas pessoas que se colocaram em compromisso com Deus tiveram
seus anseios atendidos e, assim, tiveram uma experiência de fé que aprofundou a
comunhão deles com o Senhor Jeová.
Não há nada mais sublime e vivificador que as nossas experiências diretas
com Deus. Quando fazemos votos e Deus nos responde, isto nos marca
profundamente. Seja por meio de um milagre, como a cura de enfermidades,
livramentos físicos; ou por meio de pequenas intervenções em fatos corriqueiros;
enfim, viver tais experiências fortalece a nossa fé, faz com que tenhamos mais
gratidão e demonstra o quanto nosso Deus é tão pessoal para nós.
Quando coisas extraordinárias da parte de Deus acontecem, resta-nos
manifestar um "espírito" de gratidão e comunhão. Esse reconhecimento
faz parte de nossa consagração incondicional, de nossa disposição em louvar ao
Senhor de todo o nosso coração por meio de um estilo de vida que mostre que
somos verdadeiros adoradores (João 4:23).
Como já disse acima, nesse tipo de oferta, o sacrifício poderia ser
comido tanto no mesmo dia quanto no dia seguinte (Lv.7:15,16); porém, no
terceiro dia, nada podia ser ingerido. O que sobrasse após o segundo dia
deveria ser queimado (Lv.7:17).
c) Oferta voluntária (Lv.7:16). “E, se o sacrifício da sua
oferta for voto ou oferta voluntária...”. Tendo em vista que era uma oferta
voluntária, aceitava-se (excluindo aves) qualquer animal limpo de ambos os
sexos. Espargia-se o sangue sobre o altar e se queimava a gordura e os rins.
Assim Deus recebia o que se considerava a melhor parte e a mais saborosa. O
peito do animal era levantado e movido pelo sacerdote diante do Senhor em sinal
de que lhe era dedicado. Depois os sacerdotes tomavam o peito e a espádua
direita (coxa direita –ARA) como sua porção. O restante do animal sacrificado
era comido em um banquete dentro do recinto do tabernáculo no mesmo dia. Aquele
que oferecia o sacrifício convidava outros para o banquete - especialmente o
levita, o pobre, o órfão e a viúva -, desse modo convertendo-o em uma
verdadeira refeição de amor e comunhão (Dt.12:6,7,17,18). Esse procedimento
lembra-nos da Ceia do Senhor.
Observe:
Aarão e seus filhos alimentavam-se do "peito" e da
"espádua direita" (leia atentamente Lv.7:28-36). Todos os membros da
família sacerdotal, em comunhão com o seu líder, tinham a sua própria porção da
Oferta Pacífica. Na Nova Aliança, todos os verdadeiros crentes, constituídos,
pela graça, sacerdotes para Deus, podem alimentar-se das afeições e da força da
verdadeira Oferta Pacífica; podem fruir a feliz certeza de terem o Seu coração
amantíssimo e o Seu ombro poderoso para os confortar e suster continuamente.
- “O peito" e "a espádua" são emblemáticos do amor e poder
– afeição e força.
- Há força e beleza no versículo 31: "...
o peito será de Arão e de seus filhos". É privilégio de todos os
verdadeiros crentes alimentarem-se das afeições de Cristo - do amor imutável
desse coração que bate com amor imortal e imutável por eles.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
A título de informação, apresentamos no quadro
a seguir, os cinco tipos de sacrifícios levíticos, apresentados individualmente
pelos israelitas.
SACRIFÍCIO
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ELEMENTOS
|
PROPÓSITO
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TIPOLOGIA
|
Holocausto (ofertas
queimadas – Lv.1; 6:8-13; 8:18-21; 16:24).
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Bode, carneiro, boi, pombinho (para os
pobres); totalmente queimado, sem defeito.
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Ato voluntário de adoração; expiação pelos
pecados involuntários em geral; expressão de devoção; compromisso e completa
entrega a Deus.
|
Cristo, nosso sacrifício perfeito, que se
entrega voluntariamente (Mt.27:35,36; Ef.5:2; Hb.7:26; 9:14; 1João 2:6).
|
Oblação (ofertas
de cereais – Lv.2; 6:14-23).
|
Grão, flor de farinha, azeite de oliveira,
incenso, bolo assado, sal; sem fermento nem mel; acompanhava a oferta
queimada (holocausto) e a oferta de comunhão.
|
Ato voluntário de adoração; reconhecimento
da bondade e das provisões de Deus; devoção a Deus.
|
Destaca-se aqui a perfeita humanidade de
Cristo, ressalta-se a entrega de sua vida (1João 2:6).
|
Ofertas
pacificas (oferta de Comunhão – Lv.3; 7:11-34).
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Qualquer animal sem defeito tomado do
rebanho de gado ou ovelhas; variedade de bolos.
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Ato voluntário de adoração; ação de graças e
comunhão (incluía uma comida de toda a comunidade).
|
Cristo, mediante a cruz, restaurou a
comunhão do crente com Deus. Ele é nossa paz.
|
Oferta pelo
pecado (Lv.4:1 – 5:13; 6:24-30; 12:6-8; 14:12-14).
|
1. Para o sumo sacerdote e a congregação: um
bezerro.
2. Para os líderes: um bode. 3. Para qualquer pessoa do povo: uma cabra ou um cordeiro. 4. Para os pobres: duas rolas ou dois pombinhos. 5. Para os muitos pobres: a décima parte de um efa de flor de farinha. |
Para expiação de pecado específico e
involuntário; confissão de pecado; perdão de pecado; limpeza da imundícia.
|
Cristo padeceu “fora da porta” (Hb.13:10-13).
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Ofertas
pela culpa (Sacrifício de restituição – Lv.5:14 – 6:7; 7:16); 14.12-18.
|
Cordeiro ou ovelha sem defeito.
|
Para expiação de pecados involuntários que
requeriam restituição; Era também requerida quando houvesse cura da lepra,
pois Deus era privado de um adorador enquanto a pessoa estivesse doente;
fazer restituição; acrescentar 20%.
|
Cristo, mediante seu sacrifício, pagou a
culpa dos pecados atuais dos crentes (Rm.3:24-26; Gl.3:13; Hb.9:22).
|
Fonte: Bíblia de Estudo Pentecostal
|
II. A OFERTA PACÍFICA NA HISTÓRIA SAGRADA
Neste tópico, veremos três exemplos de pessoas que fizeram votos ao
Senhor, e foram plenamente atendidas: Jacó, Ana e Davi.
1. Jacó, filho de Isaque. Após a experiência sobrenatural da visão da escada, Jacó passou a ver as
coisas numa perspectiva espiritual de um novo relacionamento com Deus e fez-lhe
um voto, dizendo: "... se Deus for
comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes
para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR será o meu Deus”
(Gn.28:20,21).
Aqui, o texto trata de um voto, ou uma obrigação que Jacó assumiu com
Deus. Na Bíblia, um voto é geralmente uma oração em que o indivíduo se
compromete a fazer alguma coisa quando Deus atende suas orações. Isso era
realizado principalmente em tempos de intensa necessidade ou perigo. A prática
era baseada no princípio da reciprocidade: um favor recebido requer uma
expressão de gratidão; a pessoa que recebe algo, por meio de sua oferta,
transforma-se em doadora. Isso não era uma tentativa de barganhar com Deus, mas
o desejo de ter intimidade e relacionamento com Ele. Deus é considerado alguém
com quem se pode conversar e pedir um favor, e alguém para quem se pode fazer
uma promessa de retribuir Sua bondade. As pessoas sabiam que Deus podia
escolher não conceder a petição, o que tornava desnecessário o cumprimento do
voto.
Jacó, em seu voto, pediu a presença divina para protegê-lo e para
retornar a salvo. Se isso lhe fosse concedido, o Senhor seria o seu Deus.
Observe que Deus já havia prometido a Jacó, em sonho, o que ele estava pedindo,
e muito mais. Deus já havia prometido que lhe daria o lugar em que estava
dormindo, que multiplicaria seus descendentes, que todos os povos seriam
abençoados por meio dele e que estaria com ele para protegê-lo
(Gn.28:13-15). Então, por que Jacó não confiou nas promessas de Deus sem
recorrer à “garantia” do voto? Talvez porque Jacó ainda não tinha maturidade
espiritual plena, ou seja, ele ainda não tinha um compromisso total com o
Senhor.
O voto de Jacó foi uma experiência que o levou a assumir um compromisso pessoal
com o plano de Deus para ele e seus descendentes. Deus lida conosco de acordo
com nossa condição espiritual e, se desejarmos, Ele pacientemente nos conduz a
um relacionamento mais profundo e pessoal com Ele como nosso Redentor.
No voto, ele disse: “Então o Senhor
será o meu Deus” (Gn.28:21). Vendo esta atitude de Jacó, Deus Se
identificou como “o Deus de seu pai, Abraão, e o Deus de Isaque” (Gn.28:13).
Ele ainda não era o Deus de Jacó; foi Seu cuidado providencial que resultou na
conversão desse patriarca. Deus o abençoou tão abundantemente enquanto
trabalhava para Labão que ele disse: “Foi assim que Deus tirou os rebanhos de
seu pai e os deu a mim” (Gn.31:9). O Senhor também protegeu a Jacó em seus
negócios com Labão (Gn.31:22-24) e durante seu encontro com Esaú (Gn.33:1-5).
Finalmente, o Senhor enviou Jacó de volta à terra de Canaã com a promessa
de Sua presença (Gn.31:3). Nesse momento da história, Jacó escolhe o Senhor
como seu Deus; o Senhor agora era o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Este já não era
mais Jacó, e sim Israel (Gn.32:24-30). Em Canaã, ele construiu um altar e
adorou ao Senhor (Gn.33:20). A partir daí o patriarca tornou-se um fiel e
zeloso adorador (Gn.35:1-3).
2. Ana, mãe de Samuel. O ser humano não tem como escapar da angústia. Somos frágeis e essa
fragilidade nos coloca frente a frente com a angústia quando somos ameaçados. E
nesse caso não tem heróis. Todos nos sentimos angustiados muitas vezes.
A Bíblia diz que Ana, mãe de Samuel, orava no Templo com espírito
angustiado, a ponto de Eli, o Sacerdote, pensar que a mesma estivesse
embriagada. Ela orava somente com o movimento dos lábios por muito tempo. Isso
chamou a atenção de Eli. Mas, Ana não havia bebido nada, estava sóbria. O
problema dela era ter um filho, porém, era estéril e não podia conceber do
ponto de vista humano. E naquela época isso era visto como uma maldição. Por
isso, essa pobre mulher vai à presença de Deus em angústia de espirito.
Atribulada, Ana fez este voto ao Senhor: “Senhor dos Exércitos! Se benignamente
atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te
não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao SENHOR o darei por
todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha” (1Sm.1:11).
O Senhor atendeu a oração de Ana, e lhe deu um filho a quem deu o nome de
Samuel, que foi uma grande bênção para Israel; ele ocupou uma tríplice missão: juiz,
profeta e sacerdote. Depois disso, Deus abriu a madre de Ana e a mesma teve
mais filhos (cf.1Sm.2:5). Os momentos da alma em aflição ficaram para trás. Ana
cumpriu o seu voto: entregou o menino Samuel ao Senhor, cumprindo a ordenança
quanto ao sacrifício pacífico (1Sm.1:24-28).
É válido dizer que o mesmo Deus de ontem é o Deus de hoje. Nem sempre Ele
livra da angústia, mas livra na angústia. Ele não é somente o Deus da previsão,
mas da provisão. Não é somente o Deus da previdência, mas da providência. Ele
não age antes, mas também não se atrasa. Ele sempre diz: Eu estou aqui, conte
comigo. Devemos, sim, confiar em Deus, seja qual for a nossa angústia, a
tribulação – “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na
angústia” (Sl.46:1). Ele, certamente, está conosco nos problemas e nas
angústias (Sl.91:15). “O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o
nosso refúgio” (Sl.46:11). Creia nisso!
3. Davi, rei de Israel. Davi, o grande rei de Israel, o ascendente do Messias, é conhecido como
o “homem segundo o coração de Deus” (1Sm.13:14). Ser segundo o coração de Deus
é ter, sobretudo, humildade de espírito; não é por acaso que o Senhor Jesus põe
esta característica em primeiro lugar ao elencar as qualidades dos seus
discípulos (Mt.5:3). Davi também é um exemplo a ser seguido no que toca à
prontidão para o arrependimento. Nas vezes em que ele pecou (pois não há homem
que não peque - 1Rs.8:46; 2Cr.6:36), vemo-lo profundamente arrependido e pronto
a confessar o seu pecado. Assim ocorreu, seja no episódio da revelação de seu
adultério e homicídio por intermédio de Natã, seja no episódio do recenseamento
do povo de Israel. Davi não resistiu ao chamado divino para o arrependimento,
humilhando-se e confessando publicamente a sua falta. Além do mais, vemos que,
após o arrependimento, Davi não mais voltou a praticar aqueles atos,
demonstrando ter, realmente, mudado de mentalidade, modificado a sua conduta, e
prontamente fazendo aquilo que o Senhor Jesus diria à mulher adúltera: “vá e
não peques mais” (João 8:11).
Davi era um homem apaixonado pelo Senhor; é um exemplo a ser seguido no
que toca à prontidão para cumprir o seu voto - “O meu louvor virá de ti na
grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem” (Sl.22:25).
Concordo com o Pr. Claudionor de Andrade, quando diz que “tem-se a impressão de
que ele andava de sacrifício em sacrifício e de voto em voto. Eis porque, ao pecar
duplamente contra Deus, centuplicadamente viu-se no pó e na cinza. Para o homem
segundo o coração de Jeová, mais valia um sacrifício de louvor do que mil pelo
pecado”.
III. A OFERTA PACÍFICA NA VIDA DIÁRIA
Continuamente devemos oferecer a Deus ofertas pacíficas. Há três maneiras
de apresentarmos ao Senhor, continuadamente, nossos sacrifícios pacíficos:
consagrando-nos a nós mesmos, perseverando nos sacrifícios de louvores e
adorando a Deus em todo o tempo - “Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a
tua cabeça” (Ec.9:8).
1. Consagração incondicional. O melhor sacrifício que um crente pode oferecer ao Senhor é apresentar a
si mesmo a Deus. Exorta o apóstolo Paulo: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas
misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo
e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm.12:1).
O termo “apresenteis”,
neste versículo, significa “apresenteis de uma vez por todas”. Paulo ordena uma
entrega definitiva do corpo ao Senhor, como os noivos se entregam um ao outro
na cerimônia de casamento. Esse sacrifico é descrito como “vivo” em contraste
com os sacrifícios antigos cuja vida era tirada antes de ser apresentada sobre
o altar; como “santo”, isto é, consagrado, separado e reservado para o serviço
de Deus; e “agradável” a Deus”, como o ascender em sua presença da oferta
aromática de outrora oferecida no ritual levítico.
A sociedade contemporânea idolatra o corpo. As academias de ginástica
estão lotadas. Muitas pessoas gastam rios de dinheiro em cosméticos, cultivam a
beleza e também a força. Entretanto, a Palavra de Deus nos ensina não cultuar o
corpo, mas cultuar a Deus por intermédio do corpo.
Glorificamos a Deus em nosso corpo quando contemplamos o que é santo,
quando nossos ouvidos se deleitam no que é puro, quando nossas mãos praticam o
que é reto, quando nossos pés caminham por veredas de justiça. Paulo diz que a
oferta do nosso corpo a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável é nosso
culto racional. A palavra, no original grego, carrega a ideia de razoável,
lógico e sensato. Trata-se, portanto, de um culto oferecido de mente e coração,
culto espiritual em oposição a culto cerimonial.
- “...por sacrifício vivo...”. Antes da nossa conversão oferecíamos os
membros do nosso corpo ao pecado (Rm.6:12-14); agora, oferecemos nosso corpo
como sacrifício vivo a Deus. Não oferecemos mais um cordeiro morto no altar,
mas nosso corpo vivo.
Como pode o
corpo tornar-se um sacrifício? Deixe que o olho não veja nada mau, e ele se tomará um sacrifício;
permita que a língua não diga nada vergonhoso, e ela se tornará uma oferta;
deixe que a mão não faça nada ilegal, e ela se tornará uma oferta em
holocausto. Que possamos produzir frutos para Deus com as nossas mãos, com os
nossos pés, com a nossa boca e com todos os nossos outros membros.
2. Sacrifícios de louvores. Os crentes em Cristo Jesus não fazem mais sacrifícios de animais nem
purificações de sangue. Essa época já passou. Oferecemos hoje sacrifícios de
louvor. Está escrito: “Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a Deus sacrifício
de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hb.13:15).
O Rev. Hernandes Dias Lopes, citando Olyott, afirma:
O cristianismo não é uma religião de formas e
cerimônias, ofertas e liturgias, sacerdotes e mistérios, ordens de faça isso e
não faça aquilo, altares e velas, paramentos e placas, incensos e crucifixos,
santos, ícones, sinos, sacrifícios ou qualquer outra coisa semelhante. Uma
religião que dê atenção a essas coisas não é cristianismo, pois tal doutrina
consiste no dom da graça de Deus no coração.
Nossos sacrifícios agora
são espirituais. Nós os oferecemos sempre a Deus por intermédio de Cristo. Que
sacrifícios são esses? O sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que
confessam o seu nome. Esse sacrifício não é apenas música, mas sobretudo
louvor, apesar das circunstâncias. Por isso, devem estar em nossos lábios
sempre, ou seja, de forma ultracircunstancial. As Escrituras dizem que a
alegria do SENHOR é a nossa força (Ne.8:10). Paulo exorta que devemos nos
alegrar sempre no Senhor (Fp.4:4).
Esses sacrifícios de louvor são endereçados a Deus, e não aos homens. São
endereçados por intermédio de Cristo, e não mediante algum outro mediador (1Tm.2:5).
Esses sacrifícios são, acima de tudo, o testemunho ousado, mesmo em face do
perigo, do nome de Jesus, o nome que está acima de todo nome. Enquanto somos
atacados do lado de fora, empunhamos a espada do Espírito, abrindo nossos
lábios num sacrifício de louvor, confessando o nome de
Cristo. Portanto, quando
cumprimos a vontade divina, apesar das circunstâncias adversas que nos cercam,
oferecemos-lhe o mais excelente sacrifício de louvor.
Temos louvado a Deus pela bondosa provisão divina, suprindo nossas
necessidades materiais? Temos rendido louvores a Deus pelos nossos líderes
espirituais, pastores, presbíteros, diáconos, professores de Escola Bíblica
Dominical, que nos ensinam fielmente as Escrituras? Temos oferecido a Deus
sacrifícios de louvor, por Jesus Cristo, seu amado Filho, por sua morte salvífica,
seu cuidado e seu futuro plano para nós? Tudo isso, e muito mais, deveria
inspirar nossa adoração e ações de graças.
3. Adoração contínua. Devemos louvar e adorar a Deus em todas as circunstâncias, porque por
maiores que sejam as nossas lutas, por mais cruéis que estejam as nossas
batalhas, o louvor será sempre uma arma de guerra.
Paulo e Silas estavam encarcerados em Filipos, mas ainda assim eles
louvavam a Deus. De tal forma cantaram, que o seu louvor a Deus veio a abalar
os alicerces da prisão (At.16:25-31). E as cadeias se romperam, o carcereiro
foi salvo e toda a sua família. Eles ofereceram um sacrifico sincero e dedicado
que, além de pacífico, era profundamente redentor:
“Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus,
e os demais companheiros de prisão escutavam. De repente, sobreveio tamanho
terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão; abriram-se todas as portas, e
soltaram-se as cadeias de todos”
(At.16:25,26).
Não se intimide com suas aflições, antes, vença-as pela fé, pelo
constante louvor que deve fluir de seu coração, em oferta suave ao Senhor. E os
que estiverem ao seu redor conhecerão o seu Deus, aquele que transforma vidas e
delas faz brotar o louvor como sublime forma de expressão de amor. Quando tudo parecer
contrário, quando as circunstâncias lhe apresentarem um quadro de desolação,
ainda assim, louve a Deus.
O apóstolo recomenda-nos a louvar e adorar continuamente a Deus (Ef.5:19;
Cl.3:16).
“Falando entre vós com salmos, e hinos, e
cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração”
(Ef.5:19).
“A palavra de Cristo habite em vós
abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos
outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em
vosso coração” (Cl.3:16).
Tem você cantado hinos de louvor ao Senhor? Temos adorado ao Senhor de
forma contínua?
CONCLUSÃO
Nesta Aula vimos que a Oferta Pacífica tinha como objetivo aprofundar a
comunhão de Israel com o seu Deus. Ao aproximar-se de Jeová, com tal oferta, o
crente do Antigo Testamento manifestava-lhe, em palavras e gestos, que o seu
único almejo era agradecê-lo por todos os benefícios recebidos (Sl.103:1,2). Visto
que o sacrifício pertencia ao Senhor, Deus era quem oferecia o banquete; o ofertante
e os convidados eram os hóspedes. Adoramos a Deus com ofertas pacíficas quando
nos apresentamos diante dEle com o propósito de render-lhe graças por todas as
bênçãos recebidas. Com tal atitude, honramos ao Senhor com um culto racional,
agradável e vivo. Apresentemo-nos, pois, continuamente diante do Senhor com
ofertas voluntárias, para que a nossa vida seja um sacrifício pacífico ao Deus
Único e Verdadeiro (Rm.12:1).
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Luciano de Paula Lourenço
Disponível no
Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de estudo
– Aplicação Pessoal.
Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário
Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Revista
Ensinador Cristão – nº 75. CPAD.
Comentário
Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do
Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário
Bíblico Bacon.
C.H. Mackintosh.
Estudo sobre o Livro de Levítico.
Pr. Claudionor
de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua
Igreja em Levítico. CPAD.
Paul
Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Comentário
Bíblico Beacon. CPAD.
Victor P.
Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Rev. Hernandes
Dias Lopes. Hebreus. A Superioridade de Cristo.
Lopes, Hernandes Dias.
Romanos. O evangelho segundo Paulo. Hagnos.
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