segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Aula 10 – OFERTAS PACÍFICAS PARA UM DEUS DE PAZ - Subsídio


3º Trimestre/2018
Texto Base: Levítico 7:11-21

 “Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome”(Hb.13:15).

INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo do Livro de Levítico estudaremos nesta Aula a respeito das Ofertas Pacíficas (ou ofertas de paz). Das cinco ofertas prescritas no Livro de Levítico, a mais excelente em voluntariedade era a Pacífica. Esta oferta denotava que o ofertante estava em comunhão com Deus; caso contrário, não lhe seria permitido comer a carne do animal. Aliás, era a única oferta da qual o ofertante podia comer. O sacrifício pacifico era efetuado diante de Deus, no sentido de o ofertante ter comunhão com Ele, expressar gratidão (Lv.7:11-15; 22:29) ou fazer um voto (Lv.7:16). Para o ofertante, envolvia um compromisso com o concerto e celebrava a paz e a reconciliação entre Deus e o adorador. Essa oferta também prenunciava a paz e a comunhão que o crente da Nova Aliança teria com Deus e com os irmãos na fé, tendo por base a morte de Cristo na cruz (cf. Cl.1:20); 1João 1:3); prenunciava ainda a nossa comunhão plena, quando todos nos assentarmos com Deus no seu reino eterno (Sl.22:26; Lc.14:15; Ap.19:6-9).
I. A EXCELÊNCIA DA OFERTA PACÍFICA
As Ofertas Pacíficas eram excelentes pelo fato de serem voluntárias. Conforme veremos a seguir, a Oferta Pacifica ou oferta de paz tinha um caráter voluntário por parte do ofertante e era movido pelo seu desejo em apresentar gratidão a Deus por algum motivo especial. Primeiramente, o adorador devia resolver o problema do pecado (com a oferta pelo pecado); em seguida, o adorador se entregava plenamente a Deus (com o holocausto e a oblação); após, estabelecia-se a paz ou comunhão entre o Senhor, o sacerdote e o adorador.
1. Oferta Pacífica. Era uma oferta de comunhão. Era oferecida quando o adorador se conscientizava das ternas misericórdias de Deus e de sua fidelidade ao concerto, sentindo-se obrigado a ofertar. Seu traço característico residia no fato de a maior parte do corpo do animal sacrificado ser comida pelo ofertante e seus convidados em um banquete de camaradagem entre Deus e o homem. O adorador oferecia um bode ou cordeiro macho ou fêmea. Era a única oferta da qual o ofertante podia comer. Enquanto compartilhava a refeição com o sacerdote e às vezes com outros adoradores, era como se Deus fosse o anfitrião da mesma, comungando com todos os presentes.
A Oferta Pacífica tipificava a comunhão entre Deus e o homem, tornada possível por meio do Senhor Jesus. Ela apontava para Aquele que “é a nossa paz” (Ef.2:14), e que “fez a paz pelo sangue da sua cruz” (Cl.1:20). O sacrifício de Cristo desfez a inimizade entre Deus e o homem e possibilitou a comunhão com Deus (Ef.2:14-16). O Sacrifício Pacífico em um aspecto era muito semelhante à Ceia do Senhor.
A Oferta Pacifica poderia ser de gado (Lv.3:1), ovelha (Lv.3:6) ou cabra (Lv.3:12). Não havia prescrição sobre sexo e idade do animal. Porém, o animal não podia ter defeito (Lv.3:6). O ofertante tinha de impor a mão sobre a cabeça da sua oferta (Lv.3:2,8,13), matar o animal e apresentar ao sacerdote os pedaços e a gordura a serem oferecidos. Em seguida, o sacerdote oficiante os queimava no altar. A porção apresentada era o manjar da oferta queimada ao Senhor (Lv.3:11), de cheiro suave (Lv.3:16). Segundo Dennis F. Kinlaw, não é necessário ver nestas palavras referências a alimentar Deus, como ocorria entre as nações vizinhas de Israel. O Deus de Israel não dependia dos adoradores. Ele almejava comunhão com eles e queria que pensassem que esta oferta de paz era comida de comunhão.
A Oferta Pacifica era feita por meio de sacrifícios de animais (cf. Lv.3), porém, Levítico 7:11-18 esclarece que essa oferta vinha acompanhada de certos tipos de bolos (ou pães) apresentados nos versículos 12 e 13. O ofertante deveria trazer um bolo por oferta a ser entregue ao sacerdote oficiante (Lv.7:14).
A carne do sacrifício de ação de graças tinha de ser consumida no mesmo dia (Lv.7:15), ao passo que a carne da oferta por voto e da oferta voluntária poderiam ser consumidas naquele dia e no dia seguinte (Lv.7:16). O que sobrasse após o segundo dia deveria ser queimado (Lv.7:17). Comer as sobras no terceiro dia era coisa abominável, e o indivíduo que fizesse isso não seria aceito, isto é, seria excomungado da comunidade, ou seus privilégios como participantes do povo de Deus seriam revogados. Isso nos mostra que a comunhão com Deus deve ser sempre renovada e não pode ficar muito longe da obra do altar.
Para nós, povo de Deus da Nova Aliança, leva-nos a conscientizarmos de que a Ceia do Senhor deve sempre ser repetida em espaço curto de tempo, porque o povo não pode ficar muito tempo longe da cruz. A Ceia do Senhor é o símbolo da nossa união com Cristo; ela expressa a nossa “comunhão” (gr. koinonia) com Cristo e de nossa participação nos benefícios oriundos da sua morte sacrifical, e ao mesmo tempo expressa a nossa “comunhão” com os demais membros do Corpo de Cristo (1Co.10:16,17).
2. Objetivo das Ofertas Pacíficas. O objetivo das Ofertas Pacíficas no Livro de Levítico era fazer com que a pessoa apresentasse voluntariamente um ato de gratidão a Deus, aprofundando assim, a comunhão dele com o Criador; também, levar o ofertante à conscientização de que tudo quanto o ser humano recebe vem do Senhor, porque dEle é a terra e a sua plenitude (Êx.19:5; Lv.25:23; Sl.24:1). De maneira coletiva, esse ato significava a ratificação da comunhão da nação de Israel com Deus.
3. Tipos de ofertas pacíficas. Os sacrifícios pacíficos (ofertas de paz) tinham três variedades: ofertas de ação de graças (louvores - Lv.7:12), ofertas votivas (Lv.7:16) e ofertas voluntárias (Lv.7:29). A oferta de paz é a única oferta na qual o adorador tem permissão de participar.
a) Ação de graças (Lv.7:12) – “Se o oferecer por oferta de louvores, com o sacrifício de louvores, oferecerá bolos asmos amassados com azeite e coscorões asmos amassados com azeite; e os bolos amassados com azeite serão fritos, de flor de farinha”.
Este tipo de oferta era oferecido por benefícios recebidos de Deus. Ao aproximar-se do Senhor, com tal oferta, o crente da Antiga Aliança manifestava-lhe, em palavras e gestos, que o seu único almejo era agradecê-lo por todos os benefícios recebidos (Sl.103:1,2). O Salmo 107:22 fala de tal sacrifício feito depois da libertação de situações de perigo.
Mediante a gratidão, a comunhão com Deus era fortalecida e renovada. Hoje, conhecemos comumente a expressão "culto de ação de graças"; este ato tem como raiz bíblica a apresentação das ofertas pacificas; a ideia é expressar gratidão, alegria por muitos benefícios feitos pelo Senhor. É a oportunidade de viver devocionalmente o aprofundamento de nossa fé em Cristo. É o desejo de Deus que sejamos gratos pelo que Ele é e por tudo que tem feito por nós, oferecendo nossas vidas como sacrifício vivo, santo e agradável (Rm.12:1).
O apóstolo Paulo ensina-nos a oferecer, de forma contínua, ação de graças a Deus – “Em tudo daí graças” (1Ts.5:18). A gratidão é uma virtude cristã maravilhosa, mas o fator significativo acerca deste mandamento é a expressão “em tudo”, que quer dizer, “em todas as circunstâncias” (NTLH; confira, também, Ef.5:20). Estas passagens abrangem a alegria e a tristeza, a doença e a saúde, o ganho e a perda. Como bem diz o hino: “Se nesta vida você perdeu tudo, menos a fé, então você não perdeu nada”. A fé em Deus faz a diferença (Rm.8:28). Se agirmos assim, jamais perderemos a comunhão com Deus e com a Igreja de Cristo – “E a paz de Deus, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em vossos corações; e sede agradecidos” (Cl.3:15).
b) Voto (Lv.7:16) – “E, se o sacrifício da sua oferta for voto ou oferta voluntária, no dia em que oferecer o seu sacrifício, se comerá; e o que dele ficar também se comerá no dia seguinte”.
A oferta por voto era oferecida em cumprimento a uma promessa feita a Deus em troca de algum favor especial solicitado em oração. Nos momentos de angústia, ou proteção durante uma viagem perigosa, os filhos de Israel faziam votos ao Senhor, prometendo-lhe ofertas pacíficas (Gn.28:20; 1Sm.1:11; 2Sm.15:7,8). Foi isso que aconteceu com Jacó, quando fez um voto ao Senhor na ocasião que fugia de seu irmão Esaú (Gn.28:20,21); com Ana, quando em meio a angustia por não gerar filhos, fez um voto ao Senhor (1Sm.1:11); com Davi, rei de Israel. Pelo que observamos nos Salmos, Davi foi o homem que, em todo o Israel, mais sacrifícios pacíficos apresentou ao Senhor (Sl.22:25; 56:12; 61:5,8). Ele era apaixonado pelo Senhor. Aliás, os seus cânticos já são, em si mesmos, um sacrifício de louvor e paz ao Deus de Israel. Todas estas pessoas que se colocaram em compromisso com Deus tiveram seus anseios atendidos e, assim, tiveram uma experiência de fé que aprofundou a comunhão deles com o Senhor Jeová.
Não há nada mais sublime e vivificador que as nossas experiências diretas com Deus. Quando fazemos votos e Deus nos responde, isto nos marca profundamente. Seja por meio de um milagre, como a cura de enfermidades, livramentos físicos; ou por meio de pequenas intervenções em fatos corriqueiros; enfim, viver tais experiências fortalece a nossa fé, faz com que tenhamos mais gratidão e demonstra o quanto nosso Deus é tão pessoal para nós.
Quando coisas extraordinárias da parte de Deus acontecem, resta-nos manifestar um "espírito" de gratidão e comunhão. Esse reconhecimento faz parte de nossa consagração incondicional, de nossa disposição em louvar ao Senhor de todo o nosso coração por meio de um estilo de vida que mostre que somos verdadeiros adoradores (João 4:23).
Como já disse acima, nesse tipo de oferta, o sacrifício poderia ser comido tanto no mesmo dia quanto no dia seguinte (Lv.7:15,16); porém, no terceiro dia, nada podia ser ingerido. O que sobrasse após o segundo dia deveria ser queimado (Lv.7:17).
c) Oferta voluntária (Lv.7:16). “E, se o sacrifício da sua oferta for voto ou oferta voluntária...”. Tendo em vista que era uma oferta voluntária, aceitava-se (excluindo aves) qualquer animal limpo de ambos os sexos. Espargia-se o sangue sobre o altar e se queimava a gordura e os rins. Assim Deus recebia o que se considerava a melhor parte e a mais saborosa. O peito do animal era levantado e movido pelo sacerdote diante do Senhor em sinal de que lhe era dedicado. Depois os sacerdotes tomavam o peito e a espádua direita (coxa direita –ARA) como sua porção. O restante do animal sacrificado era comido em um banquete dentro do recinto do tabernáculo no mesmo dia. Aquele que oferecia o sacrifício convidava outros para o banquete - especialmente o levita, o pobre, o órfão e a viúva -, desse modo convertendo-o em uma verdadeira refeição de amor e comunhão (Dt.12:6,7,17,18). Esse procedimento lembra-nos da Ceia do Senhor.
Observe:
Aarão e seus filhos alimentavam-se do "peito" e da "espádua direita" (leia atentamente Lv.7:28-36). Todos os membros da família sacerdotal, em comunhão com o seu líder, tinham a sua própria porção da Oferta Pacífica. Na Nova Aliança, todos os verdadeiros crentes, constituídos, pela graça, sacerdotes para Deus, podem alimentar-se das afeições e da força da verdadeira Oferta Pacífica; podem fruir a feliz certeza de terem o Seu coração amantíssimo e o Seu ombro poderoso para os confortar e suster continuamente.
- “O peito" e "a espádua" são emblemáticos do amor e poder – afeição e força.
- Há força e beleza no versículo 31: "... o peito será de Arão e de seus filhos". É privilégio de todos os verdadeiros crentes alimentarem-se das afeições de Cristo - do amor imutável desse coração que bate com amor imortal e imutável por eles.
SUBSÍDIO DIDÁTICO
A título de informação, apresentamos no quadro a seguir, os cinco tipos de sacrifícios levíticos, apresentados individualmente pelos israelitas.
SACRIFÍCIO
ELEMENTOS
PROPÓSITO
TIPOLOGIA
Holocausto (ofertas queimadas – Lv.1; 6:8-13; 8:18-21; 16:24).
Bode, carneiro, boi, pombinho (para os pobres); totalmente queimado, sem defeito.
Ato voluntário de adoração; expiação pelos pecados involuntários em geral; expressão de devoção; compromisso e completa entrega a Deus.
Cristo, nosso sacrifício perfeito, que se entrega voluntariamente (Mt.27:35,36; Ef.5:2; Hb.7:26; 9:14; 1João 2:6).
Oblação (ofertas de cereais – Lv.2; 6:14-23).
Grão, flor de farinha, azeite de oliveira, incenso, bolo assado, sal; sem fermento nem mel; acompanhava a oferta queimada (holocausto) e a oferta de comunhão.
Ato voluntário de adoração; reconhecimento da bondade e das provisões de Deus; devoção a Deus.
Destaca-se aqui a perfeita humanidade de Cristo, ressalta-se a entrega de sua vida (1João 2:6).
Ofertas pacificas (oferta de Comunhão – Lv.3; 7:11-34).
Qualquer animal sem defeito tomado do rebanho de gado ou ovelhas; variedade de bolos.
Ato voluntário de adoração; ação de graças e comunhão (incluía uma comida de toda a comunidade).
Cristo, mediante a cruz, restaurou a comunhão do crente com Deus. Ele é nossa paz.
Oferta pelo pecado (Lv.4:1 – 5:13; 6:24-30; 12:6-8; 14:12-14).

1. Para o sumo sacerdote e a congregação: um bezerro.
2. Para os líderes: um bode.
3. Para qualquer pessoa do povo: uma cabra ou um cordeiro.
4. Para os pobres: duas rolas ou dois pombinhos.
5. Para os muitos pobres: a décima parte de um efa de flor de farinha.
Para expiação de pecado específico e involuntário; confissão de pecado; perdão de pecado; limpeza da imundícia.
Cristo padeceu “fora da porta” (Hb.13:10-13).
Ofertas pela culpa (Sacrifício de restituição – Lv.5:14 – 6:7; 7:16); 14.12-18.
Cordeiro ou ovelha sem defeito.
Para expiação de pecados involuntários que requeriam restituição; Era também requerida quando houvesse cura da lepra, pois Deus era privado de um adorador enquanto a pessoa estivesse doente; fazer restituição; acrescentar 20%.
Cristo, mediante seu sacrifício, pagou a culpa dos pecados atuais dos crentes (Rm.3:24-26; Gl.3:13; Hb.9:22).
Fonte: Bíblia de Estudo Pentecostal
II. A OFERTA PACÍFICA NA HISTÓRIA SAGRADA
Neste tópico, veremos três exemplos de pessoas que fizeram votos ao Senhor, e foram plenamente atendidas: Jacó, Ana e Davi.
1. Jacó, filho de Isaque. Após a experiência sobrenatural da visão da escada, Jacó passou a ver as coisas numa perspectiva espiritual de um novo relacionamento com Deus e fez-lhe um voto, dizendo: "... se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer e vestes para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR será o meu Deus” (Gn.28:20,21).
Aqui, o texto trata de um voto, ou uma obrigação que Jacó assumiu com Deus. Na Bíblia, um voto é geralmente uma oração em que o indivíduo se compromete a fazer alguma coisa quando Deus atende suas orações. Isso era realizado principalmente em tempos de intensa necessidade ou perigo. A prática era baseada no princípio da reciprocidade: um favor recebido requer uma expressão de gratidão; a pessoa que recebe algo, por meio de sua oferta, transforma-se em doadora. Isso não era uma tentativa de barganhar com Deus, mas o desejo de ter intimidade e relacionamento com Ele. Deus é considerado alguém com quem se pode conversar e pedir um favor, e alguém para quem se pode fazer uma promessa de retribuir Sua bondade. As pessoas sabiam que Deus podia escolher não conceder a petição, o que tornava desnecessário o cumprimento do voto.
Jacó, em seu voto, pediu a presença divina para protegê-lo e para retornar a salvo. Se isso lhe fosse concedido, o Senhor seria o seu Deus. Observe que Deus já havia prometido a Jacó, em sonho, o que ele estava pedindo, e muito mais. Deus já havia prometido que lhe daria o lugar em que estava dormindo, que multiplicaria seus descendentes, que todos os povos seriam abençoados por meio dele e que estaria com ele para protegê-lo (Gn.28:13-15). Então, por que Jacó não confiou nas promessas de Deus sem recorrer à “garantia” do voto? Talvez porque Jacó ainda não tinha maturidade espiritual plena, ou seja, ele ainda não tinha um compromisso total com o Senhor.
O voto de Jacó foi uma experiência que o levou a assumir um compromisso pessoal com o plano de Deus para ele e seus descendentes. Deus lida conosco de acordo com nossa condição espiritual e, se desejarmos, Ele pacientemente nos conduz a um relacionamento mais profundo e pessoal com Ele como nosso Redentor.
No voto, ele disse: “Então o Senhor será o meu Deus” (Gn.28:21). Vendo esta atitude de Jacó, Deus Se identificou como “o Deus de seu pai, Abraão, e o Deus de Isaque” (Gn.28:13). Ele ainda não era o Deus de Jacó; foi Seu cuidado providencial que resultou na conversão desse patriarca. Deus o abençoou tão abundantemente enquanto trabalhava para Labão que ele disse: “Foi assim que Deus tirou os rebanhos de seu pai e os deu a mim” (Gn.31:9). O Senhor também protegeu a Jacó em seus negócios com Labão (Gn.31:22-24) e durante seu encontro com Esaú (Gn.33:1-5).
Finalmente, o Senhor enviou Jacó de volta à terra de Canaã com a promessa de Sua presença (Gn.31:3). Nesse momento da história, Jacó escolhe o Senhor como seu Deus; o Senhor agora era o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Este já não era mais Jacó, e sim Israel (Gn.32:24-30). Em Canaã, ele construiu um altar e adorou ao Senhor (Gn.33:20). A partir daí o patriarca tornou-se um fiel e zeloso adorador (Gn.35:1-3).
2. Ana, mãe de Samuel. O ser humano não tem como escapar da angústia. Somos frágeis e essa fragilidade nos coloca frente a frente com a angústia quando somos ameaçados. E nesse caso não tem heróis. Todos nos sentimos angustiados muitas vezes.
A Bíblia diz que Ana, mãe de Samuel, orava no Templo com espírito angustiado, a ponto de Eli, o Sacerdote, pensar que a mesma estivesse embriagada. Ela orava somente com o movimento dos lábios por muito tempo. Isso chamou a atenção de Eli. Mas, Ana não havia bebido nada, estava sóbria. O problema dela era ter um filho, porém, era estéril e não podia conceber do ponto de vista humano. E naquela época isso era visto como uma maldição. Por isso, essa pobre mulher vai à presença de Deus em angústia de espirito. Atribulada, Ana fez este voto ao Senhor: “Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao SENHOR o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha” (1Sm.1:11). O Senhor atendeu a oração de Ana, e lhe deu um filho a quem deu o nome de Samuel, que foi uma grande bênção para Israel; ele ocupou uma tríplice missão: juiz, profeta e sacerdote. Depois disso, Deus abriu a madre de Ana e a mesma teve mais filhos (cf.1Sm.2:5). Os momentos da alma em aflição ficaram para trás. Ana cumpriu o seu voto: entregou o menino Samuel ao Senhor, cumprindo a ordenança quanto ao sacrifício pacífico (1Sm.1:24-28).
É válido dizer que o mesmo Deus de ontem é o Deus de hoje. Nem sempre Ele livra da angústia, mas livra na angústia. Ele não é somente o Deus da previsão, mas da provisão. Não é somente o Deus da previdência, mas da providência. Ele não age antes, mas também não se atrasa. Ele sempre diz: Eu estou aqui, conte comigo. Devemos, sim, confiar em Deus, seja qual for a nossa angústia, a tribulação – “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia” (Sl.46:1). Ele, certamente, está conosco nos problemas e nas angústias (Sl.91:15). “O SENHOR dos Exércitos está conosco; o Deus de Jacó é o nosso refúgio” (Sl.46:11). Creia nisso!
3. Davi, rei de Israel. Davi, o grande rei de Israel, o ascendente do Messias, é conhecido como o “homem segundo o coração de Deus” (1Sm.13:14). Ser segundo o coração de Deus é ter, sobretudo, humildade de espírito; não é por acaso que o Senhor Jesus põe esta característica em primeiro lugar ao elencar as qualidades dos seus discípulos (Mt.5:3). Davi também é um exemplo a ser seguido no que toca à prontidão para o arrependimento. Nas vezes em que ele pecou (pois não há homem que não peque - 1Rs.8:46; 2Cr.6:36), vemo-lo profundamente arrependido e pronto a confessar o seu pecado. Assim ocorreu, seja no episódio da revelação de seu adultério e homicídio por intermédio de Natã, seja no episódio do recenseamento do povo de Israel. Davi não resistiu ao chamado divino para o arrependimento, humilhando-se e confessando publicamente a sua falta. Além do mais, vemos que, após o arrependimento, Davi não mais voltou a praticar aqueles atos, demonstrando ter, realmente, mudado de mentalidade, modificado a sua conduta, e prontamente fazendo aquilo que o Senhor Jesus diria à mulher adúltera: “vá e não peques mais” (João 8:11).
Davi era um homem apaixonado pelo Senhor; é um exemplo a ser seguido no que toca à prontidão para cumprir o seu voto - “O meu louvor virá de ti na grande congregação; pagarei os meus votos perante os que o temem” (Sl.22:25). Concordo com o Pr. Claudionor de Andrade, quando diz que “tem-se a impressão de que ele andava de sacrifício em sacrifício e de voto em voto. Eis porque, ao pecar duplamente contra Deus, centuplicadamente viu-se no pó e na cinza. Para o homem segundo o coração de Jeová, mais valia um sacrifício de louvor do que mil pelo pecado”.
III. A OFERTA PACÍFICA NA VIDA DIÁRIA
Continuamente devemos oferecer a Deus ofertas pacíficas. Há três maneiras de apresentarmos ao Senhor, continuadamente, nossos sacrifícios pacíficos: consagrando-nos a nós mesmos, perseverando nos sacrifícios de louvores e adorando a Deus em todo o tempo -Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça” (Ec.9:8).
1. Consagração incondicional. O melhor sacrifício que um crente pode oferecer ao Senhor é apresentar a si mesmo a Deus. Exorta o apóstolo Paulo: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm.12:1).
O termo “apresenteis”, neste versículo, significa “apresenteis de uma vez por todas”. Paulo ordena uma entrega definitiva do corpo ao Senhor, como os noivos se entregam um ao outro na cerimônia de casamento. Esse sacrifico é descrito como “vivo” em contraste com os sacrifícios antigos cuja vida era tirada antes de ser apresentada sobre o altar; como “santo”, isto é, consagrado, separado e reservado para o serviço de Deus; e “agradável” a Deus”, como o ascender em sua presença da oferta aromática de outrora oferecida no ritual levítico.
A sociedade contemporânea idolatra o corpo. As academias de ginástica estão lotadas. Muitas pessoas gastam rios de dinheiro em cosméticos, cultivam a beleza e também a força. Entretanto, a Palavra de Deus nos ensina não cultuar o corpo, mas cultuar a Deus por intermédio do corpo.
Glorificamos a Deus em nosso corpo quando contemplamos o que é santo, quando nossos ouvidos se deleitam no que é puro, quando nossas mãos praticam o que é reto, quando nossos pés caminham por veredas de justiça. Paulo diz que a oferta do nosso corpo a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável é nosso culto racional. A palavra, no original grego, carrega a ideia de razoável, lógico e sensato. Trata-se, portanto, de um culto oferecido de mente e coração, culto espiritual em oposição a culto cerimonial.
- “...por sacrifício vivo...”. Antes da nossa conversão oferecíamos os membros do nosso corpo ao pecado (Rm.6:12-14); agora, oferecemos nosso corpo como sacrifício vivo a Deus. Não oferecemos mais um cordeiro morto no altar, mas nosso corpo vivo.
Como pode o corpo tornar-se um sacrifício? Deixe que o olho não veja nada mau, e ele se tomará um sacrifício; permita que a língua não diga nada vergonhoso, e ela se tornará uma oferta; deixe que a mão não faça nada ilegal, e ela se tornará uma oferta em holocausto. Que possamos produzir frutos para Deus com as nossas mãos, com os nossos pés, com a nossa boca e com todos os nossos outros membros.
2. Sacrifícios de louvores. Os crentes em Cristo Jesus não fazem mais sacrifícios de animais nem purificações de sangue. Essa época já passou. Oferecemos hoje sacrifícios de louvor. Está escrito: “Portanto, ofereçamos sempre, por ele, a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o seu nome” (Hb.13:15).
O Rev. Hernandes Dias Lopes, citando Olyott, afirma:
O cristianismo não é uma religião de formas e cerimônias, ofertas e liturgias, sacerdotes e mistérios, ordens de faça isso e não faça aquilo, altares e velas, paramentos e placas, incensos e crucifixos, santos, ícones, sinos, sacrifícios ou qualquer outra coisa semelhante. Uma religião que dê atenção a essas coisas não é cristianismo, pois tal doutrina consiste no dom da graça de Deus no coração.
Nossos sacrifícios agora são espirituais. Nós os oferecemos sempre a Deus por intermédio de Cristo. Que sacrifícios são esses? O sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome. Esse sacrifício não é apenas música, mas sobretudo louvor, apesar das circunstâncias. Por isso, devem estar em nossos lábios sempre, ou seja, de forma ultracircunstancial. As Escrituras dizem que a alegria do SENHOR é a nossa força (Ne.8:10). Paulo exorta que devemos nos alegrar sempre no Senhor (Fp.4:4).
Esses sacrifícios de louvor são endereçados a Deus, e não aos homens. São endereçados por intermédio de Cristo, e não mediante algum outro mediador (1Tm.2:5). Esses sacrifícios são, acima de tudo, o testemunho ousado, mesmo em face do perigo, do nome de Jesus, o nome que está acima de todo nome. Enquanto somos atacados do lado de fora, empunhamos a espada do Espírito, abrindo nossos lábios num sacrifício de louvor, confessando o nome de Cristo. Portanto, quando cumprimos a vontade divina, apesar das circunstâncias adversas que nos cercam, oferecemos-lhe o mais excelente sacrifício de louvor.
Temos louvado a Deus pela bondosa provisão divina, suprindo nossas necessidades materiais? Temos rendido louvores a Deus pelos nossos líderes espirituais, pastores, presbíteros, diáconos, professores de Escola Bíblica Dominical, que nos ensinam fielmente as Escrituras? Temos oferecido a Deus sacrifícios de louvor, por Jesus Cristo, seu amado Filho, por sua morte salvífica, seu cuidado e seu futuro plano para nós? Tudo isso, e muito mais, deveria inspirar nossa adoração e ações de graças.
3. Adoração contínua. Devemos louvar e adorar a Deus em todas as circunstâncias, porque por maiores que sejam as nossas lutas, por mais cruéis que estejam as nossas batalhas, o louvor será sempre uma arma de guerra.
Paulo e Silas estavam encarcerados em Filipos, mas ainda assim eles louvavam a Deus. De tal forma cantaram, que o seu louvor a Deus veio a abalar os alicerces da prisão (At.16:25-31). E as cadeias se romperam, o carcereiro foi salvo e toda a sua família. Eles ofereceram um sacrifico sincero e dedicado que, além de pacífico, era profundamente redentor:
Por volta da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus, e os demais companheiros de prisão escutavam. De repente, sobreveio tamanho terremoto, que sacudiu os alicerces da prisão; abriram-se todas as portas, e soltaram-se as cadeias de todos” (At.16:25,26).
Não se intimide com suas aflições, antes, vença-as pela fé, pelo constante louvor que deve fluir de seu coração, em oferta suave ao Senhor. E os que estiverem ao seu redor conhecerão o seu Deus, aquele que transforma vidas e delas faz brotar o louvor como sublime forma de expressão de amor. Quando tudo parecer contrário, quando as circunstâncias lhe apresentarem um quadro de desolação, ainda assim, louve a Deus.
O apóstolo recomenda-nos a louvar e adorar continuamente a Deus (Ef.5:19; Cl.3:16).
“Falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração” (Ef.5:19).
“A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl.3:16).
Tem você cantado hinos de louvor ao Senhor? Temos adorado ao Senhor de forma contínua?
CONCLUSÃO
Nesta Aula vimos que a Oferta Pacífica tinha como objetivo aprofundar a comunhão de Israel com o seu Deus. Ao aproximar-se de Jeová, com tal oferta, o crente do Antigo Testamento manifestava-lhe, em palavras e gestos, que o seu único almejo era agradecê-lo por todos os benefícios recebidos (Sl.103:1,2). Visto que o sacrifício pertencia ao Senhor, Deus era quem oferecia o banquete; o ofertante e os convidados eram os hóspedes. Adoramos a Deus com ofertas pacíficas quando nos apresentamos diante dEle com o propósito de render-lhe graças por todas as bênçãos recebidas. Com tal atitude, honramos ao Senhor com um culto racional, agradável e vivo. Apresentemo-nos, pois, continuamente diante do Senhor com ofertas voluntárias, para que a nossa vida seja um sacrifício pacífico ao Deus Único e Verdadeiro (Rm.12:1).
----------
Luciano de Paula Lourenço
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William Macdonald.
Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Revista Ensinador Cristão – nº 75. CPAD.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Bacon.
C.H. Mackintosh. Estudo sobre o Livro de Levítico.
Pr. Claudionor de Andrade. Adoração, Santificação e Serviço – Os princípios de Deus para sua Igreja em Levítico. CPAD.
Paul Hoff – O Pentateuco. Ed. Vida.
Comentário Bíblico Beacon. CPAD.
Victor P. Hamilton - Manual do Pentateuco. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Hebreus. A Superioridade de Cristo.
Lopes, Hernandes Dias. Romanos. O evangelho segundo Paulo. Hagnos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário