2º Trimestre/2020
Texto Base: Efésios 6:10-20
“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para
que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef.6:11).
Efésios 6:
10.No
demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder.
11.Revesti-vos
de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas
ciladas do diabo;
12.porque
não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra
as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
13.Portanto,
tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo
feito tudo, ficar firmes.
14.Estai,
pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a
couraça da justiça,
15.e
calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
16.tomando
sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados
do maligno.
17.Tomai
também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus,
18.orando
em todo tempo com toda oração e súplica no Espírito e vigiando nisso com toda
perseverança e súplica por todos os santos
19.e
por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra com
confiança, para fazer notório o mistério do evangelho,
20.pelo
qual sou embaixador em cadeias; para que possa falar dele livremente, como me
convém falar.
INTRODUÇÃO
Com
esta Aula concluímos os estudos da Epístola aos Efésios. Tenho certeza de que
fomos ricamente abençoados com todo o conteúdo estudado. Nesta última Aula do
trimestre trataremos da “Batalha espiritual e as armas do crente”. A Igreja,
desde o seu nascedouro no Pentecostes, está em uma luta renhida, luta esta que
não é física, mas espiritual; em Efésios 6:13-20, o apóstolo usa a metáfora da
armadura romana para mostrar a realidade dessa guerra. Embora Paulo estivesse
preso em Roma, por instigação dos judeus, por determinação das autoridades
romanas, na antessala do martírio, escreve dizendo que nossa batalha não era
contra os seus algozes que o prenderam e que o mantinha preso, mas era contra
forças demoníacas, contra batalhões de anjos caídos, contra espíritos maus,
demônios, sob a liderança de Satanás, que pertinaz procura impedir que o Plano
de Deus se concretize. Embora não possamos vê-los, estamos cercados
constantemente por seres espirituais malignos; mesmo sendo verdade que eles não
podem habitar num crente verdadeiro, podem oprimi-lo e molestá-lo.
Neste
estudo vamos conhecer as armas que Deus tem colocado à nossa disposição para
lutarmos contra o nosso arqui-inimigo e seus asseclas. O apóstolo usou os
instrumentos bélicos como metáfora de uma realidade que todos nós conhecemos.
Na armadura de Deus o crente tem tudo o que é necessário para suportar os
ataques de Satanás e suas hostes. Portanto, há uma batalha espiritual e, para
enfrentá-la, precisamos estar bem preparados com as armas espirituais. Devemos
estar prontos, e armados, a fim de lutarmos e vencermos essa guerra.
I.
O PREPARO ESPIRITUAL DO CRENTE PARA A BATALHA
A
guerra espiritual não é uma ficção. O fato de o nosso inimigo ser invisível não
quer dizer que é irreal. Os demônios existem de fato, mas não passam de um
inconveniente diante do poder de Jesus Cristo; são entidades destituídas de
poder quando estão na presença do Senhor Jesus (Mc.1:23-26; 3:11). No entanto,
nós seres humanos não podemos desafiá-los com nossas próprias forças; para
enfrentá-los e vencê-los não podemos usar armas convencionais; precisamos da
ajuda divina; precisamos de armas espirituais poderosas em Deus para desbaratar
o inimigo; precisamos estar na dependência de Deus.
“Porque as
armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para
destruição das Fortalezas” (2Co.10:4).
Apresentamos
duas verdades a serem consideradas nesta batalha contra as hostes espirituais
do mal:
1. Precisamos
estar fortalecidos no poder de Deus (Ef.6:10)
"Finalmente, fortalecei-vos no Senhor e na
força do seu poder".
Não
podemos entrar nesse campo de batalha fiados em nossa própria força. Precisamos
ser revestidos com poder. Sem autoridade espiritual seremos humilhados nessa
peleja. Não basta falar de poder, é preciso experimentá-lo. A igreja
contemporânea está parecida com os discípulos de Cristo no sopé do monte da
transfiguração (Lc.9:40). Estamos sem poder porque perdemos muitas vezes o foco
com discussões inócuas, enquanto deveríamos orar, jejuar, crer e fazer a obra
de Deus na força do seu poder (Mc.9:14). Concordo com Hernandes Dias Lopes
quando afirma que, “hoje, a igreja tem extensão, mas não tem profundidade; tem
influência política, mas não tem autoridade moral; tem poder econômico, mas
está vazia de poder espiritual. Estamos precisando de poder, de uma capacitação
especial do Espírito de Deus. Não falamos de um desempenho diante dos homens;
não falamos de um poder cosmético que tem brilho, mas não calor; que tem
aparência, mas não substância. Precisamos de um batismo de fogo, e não de fogo
estranho; precisamos de uma obra do Céu, e não dos embustes da Terra”.
2. Precisamos
estar vigilantes em toda oração e súplica (Ef.6:18)
“orando em todo tempo com toda oração e súplica no
Espírito e vigiando nisso com toda perseverança e súplica por todos os santos”.
Ser vigilante é ficar de prontidão para o combate; é não dormir
em meio à luta, como os discípulos de Jesus dormiram no Getsêmani. Vigiar é não
brincar com o pecado, é fugir da tentação, é não ficar flertando com situações
sedutoras. O diabo não usa as suas "ciladas" contra o incrédulo,
contra o não cristão, ele escala seus demônios mais terríveis para atacar os
filhos de Deus.
A oração é a
energia
que capacita o soldado crente a usar a armadura e brandir a Espada do Espírito.
Não podemos lutar nessa guerra com nossas próprias forças, no nosso próprio
poder. Moisés orou, e Josué brandiu a espada contra Amaleque. Oração
e ação caminham juntas (Ex.17:8-16). A oração é o poder para a vitória.
Em Efésios
6:18,
Paulo fala sobre seis elementos importantes a respeito da oração (Adaptado do livro Efésios – a Igreja, a
noiva gloriosa. Rev. Hernandes Dias Lopes).
a) O tempo da
oração (Ef.6:18) - "Orando em todo tempo".
Isso quer dizer que devemos estar em constante comunhão com Deus. Não é correto
dizer: "Senhor, vimos agora à tua presença", porque o crente jamais
tem licença para sair da presença do Senhor. O crente deve orar sempre, porque
ele está sempre exposto ao ataque do inimigo.
b) A natureza
da oração (Ef.6:18) - "Com toda oração e
súplica". Isto é mais do que um tipo de oração. Devemos usar
súplica, intercessão e ação de graças. O crente que ora apenas pedindo coisas
está perdendo o real sentido da oração, que é se manter em intimidade com Deus,
deleitando-se nEle.
c) A esfera da
oração (Ef.6:18) - "no Espírito".
Isto quer dizer que essa oração precisa ser motivada e assistida pelo Espírito
(Rm.8:26,27). Não é oração feita no monte ou em línguas, mas no Espírito. O
Espírito assiste-nos em nossa fraqueza, porque não sabemos orar como convém. O
Espírito é como o fogo que faz o incenso da oração subir como aroma suave
diante de Deus. Diz o apóstolo Paulo: “E
da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não
sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por
nós com gemidos inexprimíveis” (Rm.8:26).
d) A vigilância
da oração (Ef.6:18) - "e vigiando nisso." Devemos orar de “olhos”
abertos. Devemos orar e vigiar. Devemos fazer como Neemias: "Nós, porém, oramos ao nosso Deus; e
colocamos guardas para proteger-nos de dia e de noite" (Ne.4:9). Orar
e vigiar é o segredo da vitória sobre o mundo (Mc.13:33), a carne (Mc.14:38) e
o diabo (Ef.6:18). Porque Pedro dormiu no Getsêmani, e não orou nem vigiou, ele
foi derrotado (Mc.14:29-31,67-72).
e) A
perseverança da oração (Ef.6:18) - "com toda perseverança".
A igreja primitiva orou com perseverança (At.1:14; 2:42; 6:4), e também devemos
orar da mesma forma (Rm.12:12). Robert Law disse: "A oração não é para
fazer a vontade do homem no céu, mas para fazer a vontade de Deus na
terra".
II.
CONHECENDO O CAMPO DA BATALHA ESPIRITUAL
1. As
astutas ciladas do Diabo
“Revesti-vos de toda a
armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do
diabo” (Ef.6:11).
O
diabo é mais perigoso em sua astúcia do que em sua ferocidade; ele usa ciladas,
armadilhas e ardis; ele age dissimuladamente como uma serpente; ele disfarça-se; ele transfigura-se em anjo de luz;
ele usa voz mansa; ele usa diversas máscaras; ele tenta enganar as pessoas
levando-as a duvidar da Palavra de Deus, exaltando o homem ao apogeu da glória.
Ele também age assustadoramente como um leão, ele ruge para assustar; ele sabe agir de maneira a angariar para si
vantagens e a não se deixar enganar; ele é hábil para fazer maldades; ele e seus asseclas ameaçam e intimidam as pessoas
com o propósito de destruí-las; eles atacam com fúria no dia mau. Eles também
agem com diversidade de métodos; eles estudam cada pessoa para saber o lado
certo e o momento certo para atacá-la. Sanção, Davi, Pedro foram derrubados
porque o diabo variou seus métodos. O Inimigo age dissimuladamente como uma
serpente.
Precisamos, pois, estar atentos para identificar as
ciladas do inimigo; do contrário, sofreremos sérios danos. William Hendriksen, escrevendo sobre essas ciladas do diabo,
afirmou:
“Alguns destes manhosos ardis e malignos
estratagemas são: confundir a mentira com a verdade de forma a parecer
plausíveis (Gn.3:4,5,22); citar erroneamente as Escrituras (Mt.4:6);
disfarçar-se em anjo de luz (2Co.11:4) e induzir seus "ministros" a
fazerem o mesmo, aparentando ser apóstolos de Cristo (2Co.11:13); arremedar a
Deus (2Ts.2:1-4,9); reforçar a crença humana de que ele não existe (At.20:22);
entrar em lugar onde não se esperava que entrasse (Mt.24:15; 2Ts.2:4); e, acima
de tudo, prometer ao homem que por meio das más ações pode-se chegar a obter o
bem” (Lc.4:6,7).
2. O
conflito contra o reino das trevas
Os
cristãos não estão em uma campanha militar terrena – nossa batalha não é contra
carne e sangue. Afirma o apóstolo Paulo: “porque não temos que lutar contra carne
e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os
príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos
lugares celestiais” (Ef.6:12).
Observe
que o nosso inimigo é invisível e poderoso, e o campo de batalha não é mundo
material, e sim espiritual; e a luta se dá tanto na área individual quanto na
área coletiva da Igreja (1Pd.5:8,9).
Note
que essa guerra não é contra filósofos ateus, líderes, pregadores e mestre
religiosos mentirosos, praticantes de cultos que negam a Cristo ou governadores
desleais. Não. A batalha é contra forças demoníacas, contra batalhões de anjos
caídos, contra espíritos maus que tem imenso poder. Embora não possamos vê-los,
estamos cercados constantemente por seres espirituais malignos. Mesmo sendo
verdade que não podem habitar num crente verdadeiro, eles podem oprimi-lo e
molestá-lo. O crente não deve se preocupar continuamente com o demonismo,
tampouco dever viver com medo de demônios. Na armadura de Deus ele tem tudo o
que é necessário para suportar os seus ataques.
O
principal objetivo desse inimigo é derrotar a Igreja de Cristo. Quando cremos
em Cristo, esses seres se tornam nossos inimigos e tentam tudo o que for
possível para nos afastar do Senhor e levar-nos de volta ao pecado. Embora
tenhamos a vitória garantida, devemos nos engajar nesta luta até a volta de
Cristo, porque Satanás está pelejando constantemente contra aqueles que estão
do lado do Senhor. Precisamos do poder sobrenatural do Senhor Jesus Cristo para
vencermos Satanás, e Deus nos deu o precioso Espírito Santo, que está dentro de
cada um de nós, bem como a sua armadura, que está sobre cada um de nós. Quando
nos sentirmos desencorajados, lembremos das palavras de Jesus a Pedro: “sobre
esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela” (Mt.16:18).
3. As
Agências das potestades do ar
Paulo
identifica as forças do mal que militam contra a Igreja como “principados,
potestades, príncipes das trevas deste século e hostes espirituais da maldade”
(Ef.6:12). Eles são demônios, e são numerosos. Não podemos vencer esse terrível
exército do mal sozinhos nem com nossas próprias armas.
Os
demônios são anjos caídos que se juntaram a satanás em sua rebelião e, dessa
forma, se tornaram maus e pervertidos. A descrição revela as características
desses inimigos, bem como a sua esfera de atuação:
Ø
“Principados” - Esses são poderes cósmicos
ou demônios, mencionados em Ef.1:21. A despeito de serem poderosos, o poder
deles é limitado. Eles são invisíveis (nos lugares celestiais).
Ø
“Potestades” – refere-se àqueles poderes
espirituais que aspiram conquistar o mundo. A essência do caráter deles é a
maldade (das trevas) e atualmente governam os sistemas deste mundo (Mt.4:8,9;
1João 5:19).
Ø
“As hostes espirituais da maldade, nos
lugares celestiais” – é uma expressão que se refere às
moradas dos demônios (possivelmente, o chamado segundo céu – Ef.6:2), a partir
dos quais eles controlam a vida das pessoas. Essas regiões celestiais não podem
ser vistas com olhos carnais; é um céu onde se encontra tudo o que é espiritual;
é também onde os anjos de Deus travam as batalhas espirituais com Satanás e
seus demônios (Dn.10:1-13; Ap.12:7); é o lugar onde se encontram os anjos e os
demônios os quais não podemos ver com olhos humanos; é onde Satanás e seus
demônios planejam as suas estratégias para derrubar os crentes e destruir o
povo de Deus.
Aqui
está, portanto, um exército de forças espirituais agrupadas contra nós,
exigindo que usemos a armadora completa de Deus. Esses são seres reais e
poderosos, não meras fantasias. Os crentes não devem subestimá-los. Os efésios
haviam praticado magia negra e feitiçaria (Atos 19:19) e estavam bem a par do
poder das trevas.
Portanto, o diabo, mesmo não sendo
onipresente, onisciente e onipotente, tem seus agentes espalhados por toda
parte, e esses seres caídos estão a seu serviço para guerrear contra o povo de
Deus. O diabo e seus demônios rodeiam a terra e passeiam por ela (Jó 1:7). Eles
investigam nossa vida, buscando uma oportunidade para nos atacar (1Pd.5:8).
Esse inimigo não dorme, não tira férias nem descansa. Esse inimigo tem um
variado arsenal. Ele usa "ciladas", “dardos inflamados” (Ef.6:16).
Para cada pessoa ele usa uma estratégia diferente. Ele ousa mudar os métodos.
Como
foi dito no item anterior, enfrentamos um poderoso exército cujo objetivo é
derrotar a Igreja de Cristo. Quando cremos em Cristo, os seres satânicos
tornam-se nossos inimigos e usam todos os truques para nos afastar dEle e nos
levar de volta ao pecado. Embora nós, os crentes, tenhamos certeza da vitória,
devemos nos engajar na luta até que Cristo retorne, porque Satanás luta
constantemente contra todos que estão ao lado de Deus.
III.
AS ARMAS ESPIRITUAIS INDISPENSÁVEIS AO CRENTE
1. A
armadura completa de Deus
Quando nos tornamos
cristãos e participantes do Reino dos céus, pela fé em Cristo, iniciamos uma
verdadeira batalha espiritual. Desta feita, como bem diz o rev. Hernandes Dias
Lopes, a vida cristã não é uma colônia de férias, não vivemos numa redoma de
vidro nem numa estufa espiritual; ao contrário, vivemos num campo minado pelo
inimigo, uma arena de lutas renhidas, de combates sem trégua; há uma luta
mundial, supra terrena, espiritual e contínua. Não há acordo de paz nessa
guerra.
Nessa guerra, só existem
duas categorias: aqueles que estão alistados no exército de Deus e aqueles que
pertencem ao exército de Satanás. Para lutar nessa guerra é preciso armadura
completa de Deus. Paulo exorta os crentes em Cristo da seguinte maneira: “Revesti-vos de toda a armadura de
Deus...” (Ef.6:11), pois há uma batalha, não contra sangue e
carne, mas contra o império do diabo (Ef.6:11-13).
Não há espaço para
descansar, pois a luta é renhida e contínua. Daí se compreende porque Jesus
insistiu tantas vezes para seus discípulos: “Vigiai e orai”. É bom entender que
a vitória de um dia, não garante a vitória para o dia seguinte.
Mas, o que significa revestir-se “de toda a armadura de Deus”? Significa
o crente se
“fortalecer no Senhor e na força do seu poder” (Ef.6:10). Logo, a armadura de
Deus é Cristo e de tudo aquilo que Ele conquistou para nós, a saber, o poder
que vem dEle. Portanto, a “armadura de Deus” pode ser definida como um conjunto
de armas que forma uma vestimenta de guerra, cujo objetivo é servir de
blindagem para um soldado no campo de batalha.
Estar revestido de toda armadura de Deus, portanto, é estar revestido do
próprio Cristo (Rm.13:14). O que devemos fazer é tomar posse dessa armadura que
é Cristo, o Senhor.
“Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que
possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (Ef.6:13).
Observe que Paulo exorta a Igreja a tomar “toda a
armadura de Deus “para poder resistir no dia mau” (Ef.6:13). O "dia
mau" é o dia de duras provas, os momentos mais críticos da vida, quando o
diabo e seus subordinados sinistros nos assaltam com grande intensidade. O
"dia mau" refere-se àqueles dias críticos de tentação ou de constante
assalto satânico que todos os filhos de Deus conhecem; nesses dias, somos
subitamente assaltados, sem nenhum aviso, sem nenhum sinal de tempestade.
Portanto, nestes últimos
dias da Igreja aqui na Terra, precisamos nos revestir de toda a armadura de
Deus, para que estejamos firmes contra as astutas ciladas do diabo. Observe que é necessário que o crente seja completamente
revestido com a armadura; uma ou duas peças não bastam; nada menos que todo o
equipamento que Deus fornece servirá para nos manter invulneráveis. O diabo tem
muitas estratégias – desânimo, frustração, desordem, falhas morais, divisão e
erros doutrinários; ele conhece o nosso ponto fraco e o ataca. Se não conseguir
nos vencer de uma maneira, tentará de outra.
2. As
armas indispensáveis de defesa
O
apóstolo Paulo listou cinco armas de defesa imprescindíveis para entrarmos na
peleja contra o inimigo.
a) A Verdade - como cinto (Ef.6:14a) – “Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade...”.
A “Verdade”, aqui, é como fosse um cinto. O cinto era uma das peças mais
importante da armadura do soldado romano; ele cobria toda a parte do abdome;
era o suporte do restante da armadura; tudo era suportado pelo cinto.
Não é de estranhar que Paulo começa dizendo que a “Verdade” é o “cinto”
da amadura de Deus. É desta realidade que nós partimos: da Verdade do Evangelho
que Deus revelou. E como isso nos protege contra Satanás? A arma maior de
satanás é o erro religioso. Uma vez que você conhece a “Verdade”, que você se
apoderou da Verdade do evangelho em Cristo Jesus, então você está em condição
de se defender das mentiras, das heresias, do erro religioso que é apresentado
por Satanás, às vezes de forma muita atrativa, através de homens preparados
para ludibriar os incautos, e até mesmo pessoas cristãs com grande experiência
no caminho. Mas, aquele que conhece a “Verdade”, satanás não tem o poder de
derrubá-lo. Esta “Verdade” é a porta de entrada para a maturidade cristã - “Conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará” (João 8:32). Então, a “Verdade” é como um cinto; é o primeiro
equipamento da armadura de Deus.
Como me aproprio dessa “Verdade”? Como e quando vou obedecer a essa ordem
- “cingi-vos da verdade”? Todo dia enchendo a nossa cabeça com essa
Verdade: meditando na “Verdade”, que é Cristo; meditando nas grandes promessas
do Evangelho; crendo nessas coisas; deleitando-se nas verdades espirituais.
Desta maneira, estaremos cingindo os nossos lombos com a Verdade. Fazendo
assim, essa “Verdade” se torna o “cinto” que protege o nosso “abdômen”, de onde
estão ligados os outros equipamentos da armadura de Deus.
b) Couraça da Justiça (Ef.6:14) – “...e vestida a couraça da justiça”. A couraça era uma
armadura defensiva em forma de um manto de ferro feito de couro, tiras de metal
ou escamas de bronze (1Sm.17:5). Sua função era proteger o pescoço, o peito, os
ombros, o abdome e as costas. Dependendo da época e da civilização, a couraça
chegava até à coxa.
No soldado romano, a couraça cobria o peito dele, era firmado no cinto,
no qual ele estava cingido, e era proteção para órgãos vitais. Geralmente, era
proteção contra os golpes que poderiam ser fatais.
Esta peça da armadura é um símbolo da justiça que o crente tem em Cristo
(2Co.5:21), como também o caráter justo que o crente exerce em sua vida diária
(Ef.4:24). Ela representa a vida devota e santa do crente, ou seja, a retidão
moral.
O apóstolo Paulo usa a couraça como metáfora para ilustrar a defesa
espiritual como "couraça da justiça".
“Justiça”, aqui, não é um atributo ético, mas é a justiça de Deus pela fé em
Cristo Jesus; é a justiça com a qual Deus justifica pecadores como nós; é a
justificação, que funciona como uma couraça. Paulo compara a justiça de Deus em
Cristo Jesus, ou a justificação, a uma couraça, e essa comparação é muita
perfeita, porque uma vez que você foi justificado em Cristo, diariamente você
tem que se lembrar disso. Eis uma declaração do próprio Paulo, em Romanos
8:31-33:
“Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra
nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por
todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Quem intentará
acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica”.
Sem a justiça de Cristo e a santidade pessoal não há defesa contra as
acusações de Satanás (Zc.3:1-3). Satanás é o acusador, mas sua acusação não
prospera por causa da justiça de Cristo imputada a nós (Rm.8:34). Mas nossa
justiça posicional em Cristo, sem uma justiça prática na vida diária, apenas dá
a Satanás oportunidade para nos atacar.
c) Paz do Evangelho - como sapato - “e calçados os pés na preparação do evangelho da paz”
(Ef.6:15). O calçado do soldado romano era uma semibota entrelaçada de um
solado de couro duro, que tinha como objetivo evitar os objetos pontiagudos que
os inimigos jogavam no campo de batalha. Acontecia que, às vezes, o soldado
corria descalço e os inimigos jogavam objetos pontiagudos e aquilo feria os pés
do soldado prejudicando a sua eficácia na batalha. Para que ele pudesse correr
no campo de batalha com segurança e com firmeza ao encontro do inimigo ou se
defender, ele precisava estar calçado e protegido.
Se quisermos ficar firmes e de pé na luta, precisamos estar calçados com
o Evangelho (que nos dá paz com Deus e com o próximo); precisamos ter pés
velozes para anunciar o evangelho da paz aos perdidos (Is.52:7). O diabo
declara guerra para destruir os homens, mas nós somos embaixadores do evangelho
da paz (2Co.5:18-20).
d) A Fé em Cristo - como escudo - “tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar
todos os dardos inflamados do Maligno” (Ef.6:16). O “escudo” que Paulo se
refere aqui é um escudo quadrado, muito popular nos filmes de hollywood, quando
em momentos de conflito os soldados se juntam e forma uma grande proteção
contra flechas, lanças, etc. Esse escudo media 1,60m de altura por 70cm de
largura. Ele protegia todo o corpo do soldado. Era feito de madeira e coberto
por um couro curtido. Quando os soldados lutavam emparelhados, formavam como
que uma parede contra o adversário. Uma das armas mais terríveis eram os dardos
de fogo porque não apenas feriam, mas também incendiavam. Curtis Vaughan diz
que “esses dardos de fogo eram flechas untadas com breu ou com outro material
combustível e acesas imediatamente antes de ser lançadas contra o adversário.
Não só feriam, como também queimavam” (VAUGHAN, Curtis. Efésios).
O diabo lança dardos de fogo em nosso coração e mente: mentiras,
pensamentos blasfemos, pensamentos de vingança, dúvidas, murmurações e ardentes
desejos de pecar. Se não apagarmos esses dardos pela fé, eles acendem fogo em
nosso interior e nós desobedecemos a Deus. Na aljava do diabo há toda espécie
de dardos ardentes. Alguns dardos inflamam a dúvida, outros a lascívia, a
cobiça, a vaidade e a inveja.
e) Capacete da Salvação - “Tomai também o capacete da salvação...” (Ef.6:17). O
capacete do soldado romano era feito de couro e peças de metal para proteger a
cabeça, parte superimportante do corpo do soldado; se ele fosse ferido na
cabeça, já ficava impossibilitado de atuar no conflito.
Satanás ataca a mente. Essa foi a estratégia pela qual ele derrotou Eva.
Essa peça da armadura fala de uma mente controlada por Deus. Infelizmente,
muitos crentes dão pouco valor à mente, à razão, ao conhecimento, à sabedoria.
Quando Deus controla nossa mente, Satanás não pode levar o crente a fracassar.
O crente que estuda a Bíblia e está firmado na Palavra de Deus não cede às
propostas sedutoras do diabo facilmente.
3. A
imprescindível arma ofensiva
Finalmente, a sexta armadura que deve fazer parte do conjunto para o
crente ficar bem protegido do inimigo é a Palavra de Deus, como a Espada do Espírito
- “Tomai também... a espada do Espírito,
que é a palavra de Deus” (Ef.6:18).
Havia dois tipos de espada que eram usados pelo soldado romano: uma
espada comprida, que não é a que Paulo menciona aqui; e uma espada curta, que
era levada na cintura, que os soldados usavam para defesa e ataque em uma luta
corpo a corpo.
Observe que a Espada do Espírito é arma de ataque. Vencemos os ataques do
diabo e triunfamos sobre ele por meio da Palavra; é pela Palavra que os cativos
são libertos. A Palavra é poderosa, viva e eficaz. Moisés quis libertar os
israelitas do Egito com a espada do homem carnal e fracassou, mas quando usou a
Espada do Espírito o povo foi liberto. Pedro quis defender a Cristo com a
espada humana e fracassou, mas quando brandiu a Espada do Espírito, multidões
se renderam a Cristo (Atos 2:41).
Cristo venceu Satanás no deserto usando a Espada do Espírito. As viagens
de Paulo, pregando o evangelho, plantando igrejas e arrancando vidas da
potestade de Satanás para Deus é uma descrição eloquente de como ele usou a
Espada do Espírito.
Precisamos conhecer bem a Palavra de Deus. A Bíblia nos afasta do pecado
ou o pecado nos afasta da Bíblia. Infelizmente, há multidões de crentes mais
comprometidos com as mídias sociais do que com a Palavra de Deus. Isso é
lamentável!
CONCLUSÃO
Amados irmãos e amigos,
nossa luta contra o diabo e suas hostes continuará até que ele seja lançado no
lago de fogo. Enquanto vivermos aqui, teremos luta. Aqui não é lugar de
descanso, mas de guerra. Viver é lutar. Nessa peleja não existe o cessar-fogo;
não existe trégua; não existem acordos de paz. Depois de uma vitória, não
devemos arriar as armas, pois não há momento mais vulnerável na vida de um
indivíduo do que depois de uma grande vitória. O segredo da vitória é estar
revestidos “de toda a armadura de Deus, para que possais
estar firmes contra as astutas ciladas do diabo” (Ef.6:11).
Deus
vos abençoe e vos guarde, e que Ele levante o Seu rosto sobre todos nós e nos
dê a Sua preciosa Paz.
No
próximo trimestre reprisaremos todos estes subsídios, haja vista que as Lições
serão as mesmas deste trimestre, conforme nota da CPAD. Irei apresentar todos
estes subsídios, mas em forma de vídeos-slides, que serão publicados aqui neste
blog e no YouTube. Até lá, então!
------------
Luciano de
Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) -
William Macdonald.
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Pr. Douglas Baptista. A Igreja Eleita.
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