3º Trimestre/2021
Texto Base: 2 Reis 17:1-14,17-20,29
“Vinde, e tornemos para o SENHOR, porque ele despedaçou e nos sarará,
fez a ferida e a ligará”(Os.6:1)
V.P.: “Deus sempre adverte seu povo sobre os perigos da idolatria e suas
terríveis consequências’.
2 Reis 17:
1.No ano
duodécimo de Acaz, rei de Judá, começou a reinar Oseias, filho de Elá, e reinou
sobre Israel, em Samaria, nove anos.
2.E fez o que
era mal aos olhos do Senhor; contudo, não como os reis de Israel que foram
antes dele.
3.Contra ele
subiu Salmaneser, rei da Assíria; e Oseias ficou sendo servo dele e dava-lhe
presentes.
4.Porém o rei da Assíria achou em Oseias conspiração, porque enviara
mensageiros a Sô, rei do Egito, e não pagava presentes ao rei da Assíria cada
ano, como dantes; então, o rei da Assíria o encerrou e aprisionou na casa do
cárcere.
5.Porque o rei
da Assíria subiu por toda a terra, e veio até Samaria, e a cercou três anos.
6.No ano nono
de Oseias, o rei da Assíria tomou a Samaria, e transportou a Israel para a
Assíria, e fê-los habitar em Hala e em Habor, junto ao rio Gozã, e nas cidades
dos medos.
7.E sucedeu
assim por os filhos de Israel pecarem contra o Senhor, seu Deus, que os fizera
subir da terra do Egito, de debaixo da mão de Faraó, rei do Egito; e temeram a
outros deuses.
8.E andaram nos estatutos das nações que o Senhor lançara fora de diante dos
filhos de Israel e nos costumes dos reis de Israel.
9.E os filhos
de Israel fizeram secretamente coisas que não eram retas, contra o Senhor, seu
Deus; e edificaram altos em todas as suas cidades, desde a torre dos atalaias
até à cidade forte.
10.E levantaram estátuas e imagens do bosque, em todos os altos outeiros e
debaixo de todas as árvores verdes.
11.E queimaram
ali incenso em todos os altos, como as nações que o Senhor transportara de
diante deles; e fizeram coisas ruins, para provocarem à ira o Senhor.
12.E serviram
os ídolos, dos quais o Senhor lhes dissera: Não fareis estas coisas.
13.E o Senhor
protestou a Israel e a Judá, pelo ministério de todos os profetas e de todos os
videntes, dizendo: Convertei-vos de vossos maus caminhos e guardai os meus
mandamentos e os meus estatutos, conforme toda a Lei que ordenei a vossos pais
e que eu vos enviei pelo ministério de meus servos, os profetas.
14.Porém não
deram ouvidos; antes, endureceram a sua cerviz, como a cerviz de seus pais, que
não creram no Senhor, seu Deus.
17.Também
fizeram passar pelo fogo a seus filhos e suas filhas, e deram-se a
adivinhações, e criam em agouros; e venderam-se para fazer o que era mal aos
olhos do Senhor, para o provocarem à ira.
18.Pelo que o
Senhor muito se indignou contra Israel e os tirou de diante da sua face; nada
mais ficou, senão a tribo de Judá.
19.Até Judá não
guardou os mandamentos do Senhor, seu Deus; antes, andaram nos estatutos que
Israel fizera.
20.Pelo que o
Senhor rejeitou a toda semente de Israel, e os oprimiu, e os deu nas mãos dos
despojadores, até que os tirou de diante da sua presença.
29.Porém cada
nação fez os seus deuses, e os puseram nas casas dos altos que os samaritanos
fizeram, cada nação nas suas cidades, nas quais habitavam.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula
trataremos de uma das mais dolorosas punições de Deus sobre o povo de Israel: o
cativeiro Assírio. Assim profetizou Amós: "Assim diz o Senhor: ... Israel
certamente será levado cativo" (Amós 7:17). As palavras proferidas
contra as tribos apóstatas foram literalmente cumpridas. O cativeiro de
Israel ocorreu no reinado do rei Oséias - “No ano nono de Oséias, o rei da
Assíria tomou a Samaria, e transportou a Israel para a Assíria, e fê-los
habitar em Hala e em Habor, junto ao rio Gozã, e nas cidades dos medos”
(2Rs.17:6).
Desde a divisão
da nação em dois reinos, o povo entrou em decadência política, social,
econômica e religiosa. No reino do Norte, nunca houve um rei que temesse ao
Senhor e levasse o povo a adorar ao único Deus verdadeiro. A idolatria imperou
desde o início desse reino. Devido à forte idolatria, a injustiça social e a
degradação moral do povo de Israel (reino do Norte), Deus suscitou nações
poderosas para punir o povo, e uma dessas nações foi a impiedosa Assíria. Esta
nação foi governada por vários déspotas que não media nenhum esforço para
aniquilar brutal e impiedosamente qualquer nação que não se rendesse, de forma
incondicional, aos seus ditames. Muitos governantes cruéis levantaram-se nesse
império, como, por exemplo, Tiglate-Pileser (2Cr.28:20).
Depois foi
longânimo e piedoso, tentando corrigir o seu povo; foram cerca de 210 anos de
tentativas para corrigir o povo, todas frustradas. Os profetas, nesse período,
fizeram um trabalho intenso e exaustivo; passaram ali os mais poderosos homens
de Deus, como Elias e Eliseu, mensageiros estes de maior credibilidade divina,
que nos causam admiração até os dias de hoje.
Nove dinastias
atuaram no reino do Norte, ou seja, 9 famílias se revezaram no poder. Essa
sucessão de famílias no poder, com 19 reis ao todo, envolveram sete
assassinatos pela conquista do poder; portanto, das nove famílias, sete foram
destituídas por esse modo. Esse modo de sucessão, por si só já denuncia
que Deus não estava aprovando o que eles faziam.
Alguns dos reis
do Norte foram tão maus que nem sequer faziam ao menos um sucessor da família
no trono; isso ocorreu com maior intensidade no final do Reino do Norte – nos
reinados de Salum, Menaem, Pecaías, Peca e Oséias -, denunciando que tudo
estava indo para uma situação muito ruim e que o fim se aproximava. Os reis
fizeram o que não era permitido por Deus, eles insistiram o tempo todo em
promover a idolatria.
O Reino do
Norte insistiu contra Deus durante todos os reinados dos 19 reis. Por fim,
chegou a uma situação insustentável, e eles se separaram definitivamente de
Deus, daquele que os podia proteger, e a saga desse reino terminou em completa
ruína. Oséias foi o último rei de Israel. No seu governo, o reino foi varrido
para sempre. Em 722 a.C., depois de 210 anos de idolatria, de rebeldia
espiritual e de corrupção moral, Deus decretou a queda final e o cativeiro, sem
volta, do Reino do Norte.
I. SAMARIA É CERCADA PELO REI DA
ASSÍRIA
1. Israel sob o reinado de Jeroboão II
Jeroboão
II foi o 13º rei de Israel, sucedendo a seu pai Jeoás, e
foi o penúltimo rei da casa de Jeú. Conforme 2Reis 14:23, ele
reinou durante 41 anos (destes 41 anos, onze foram junto com seu pai como corregente).
No seu reinado, Jeroboão II venceu os arameus e reconquistou da Síria
os antigos territórios de Israel e também estendeu Israel até seus
primeiros limites, desde a "entrada de Hamate" até o "mar da
Planície" (2Rs.14:26-28). Durante este período da história, muitos
profetas – tais como Oseias, Amós, Jonas, Miqueias e Isaias – começaram a reunir
suas mensagens e a escrevê-las sob a direção de Deus.
No reinado de
Jeroboão II, o profeta Jonas, filho do profeta Amitai, exerceu seu
ministério trazendo uma mensagem de restituição dos territórios de Israel
anteriormente perdidos (2Rs.14:25).
Antes de
Jeroboão II o povo estava em grande miséria (2Reis 14:26), mas o texto diz que
“viu o Senhor a miséria de Israel”. Deus, por sua grande misericórdia, usou
Jeroboão II para socorrer Israel (2Reis 14:27). Nesse período, o povo de Israel
atingiu grande prosperidade material (Amós 6:4-6; Os.12:8). Mas, o período da
prosperidade de Israel foi também um período de corrupção espiritual, moral e
social. Além de Jonas, o profeta Amós falou a seu respeito condenando a atitude
do povo de confiar nas suas próprias riquezas (Amós 6:1,2). O livro de
Oseias também relata uma série de profecias a respeito do reinado de Jeroboão
II em Israel (cf. Oseias 1:1).
A prosperidade
dominou o coração do povo e trocou o Senhor, que o tirou da miséria, pelo deus
Mamon (dinheiro). Jesus adverte: “Nenhum servo pode servir a dois senhores,
porque ou há de aborrecer a um e amar ao outro ou se há de chegar a um e
desprezar ao outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Lc.16:13). E o apóstolo
Paulo exorta: “Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e
nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas
dores” (1Tm.6:10). “O caminho do êxito material sem Deus é escorregadio. A
riqueza sem a graça de Deus é pedra de tropeço, e não ponte de passagem. O êxito
material é bom, mas só como o preliminar necessário para coisas melhores”.
Jeroboão II foi,
efetivamente, o último rei forte de Israel; dos outros seis que se seguiram, só
Menaém morreu de morte natural, os outros tomaram o trono assassinando quem o
ocupava na ocasião - Salum matou Zacarias depois de um reinado de apenas um ano
e meio; Menaém matou Salum após um reinado de apenas um mês; Peca matou
Pecaías, filho de Menaém; e Oseias, o último deles, por sua vez, matou o rei Peca.
A lealdade ao
trono praticamente não existia mais; as conspirações eram abundantes. Havia
surtos de anarquia, e as condições tornaram-se deploráveis (Os.4:1,2; 7:1,7;
8:4; 9:15). A nação agitava-se em desordem ao redor do trono degradado e
vacilante. Nesse tempo de instabilidade, a nação ora corria atrás de alianças
com o Egito, ora bandeava para os lados da Assíria (Os.7:11), pagando-lhes
tributos, até que finalmente perdeu sua independência e autonomia nacional,
tornando-se vassalo da Assíria.
2. A traição do rei Oséias
Oséias foi o
último rei de Israel, da última dinastia. Ele se voltou contra o rei da Assíria
e disse que não ia mais cumprir as determinações impostas pelo rei da Assíria.
Ele fez isso confiando no rei do Egito e não em Deus. Por causa disso, ele e o
povo sofreram consequências amargas. Diz assim o texto sagrado: “Contra ele
subiu Salmaneser, rei da Assíria; e Oseias ficou sendo servo dele e dava-lhe
presentes. Porém o rei da Assíria achou em Oseias conspiração, porque enviara
mensageiros a Sô, rei do Egito, e não pagava presentes ao rei da Assíria cada
ano, como dantes; então, o rei da Assíria o encerrou e aprisionou na casa do
cárcere” (2Reis 17:3,4).
Salmanseser, provavelmente,
é o mesmo Salmaneser V, que se tornou rei da Assíria depois de Tiglate-Pileser
(727-722 a.C.). Este tinha determinado pesados tributos a Israel, e quando
Salmaneser V assumiu o reino, continuou a exigir pesados tributos do rei de
Israel. Porém, Oséias conspirou com o rei do Egito contra a Assíria e deixou de
pagar o tributo (2Reis 17:4). A partir daí, Israel não teria mais chances de
negociação; só lhe restaria a guerra e a consequente deportação. O rei da
Assíria (Salmaneser ou Sargão, seu sucessor) o prendeu, subiu a Samaria e a
sitiou por três anos e transportou parte do povo para o cativeiro (2Rs.17:5,6).
O texto não
informa que fim Oséias levou; ele simplesmente desapareceu em um cárcere
assírio e deixou Samaria sem governante em seus últimos dias. A queda final de
Israel ocorreu em 722 a.C.
3. A advertência dos profetas
O Senhor advertiu
severamente a Israel, por meio dos seus profetas, principalmente Oseias e Amós.
O povo tinha conhecimento daquilo que lhe poderia sobrevir, se eles
permanecessem com suas práticas pagãs, desprezando o culto de adoração ao Deus
único e verdadeiro; o povo ignorou os avisos de Deus e mergulhou na idolatria, no
sincretismo religioso e nas injustiças sociais. Sob o reinado de Jeroboão II,
os ricos exploravam os mais pobres; enquanto os mais abastados viviam na
extravagância, os pobres eram vilipendiados e permaneciam na miséria. Essas
injustiças fizeram com que os profetas Amós e Oséias formalizassem graves
denúncias (Am.5:6-9; Os.7:11-14)).
Tanto Amós
quanto Oséias falam de um povo vivendo afundado na depravação - luxo, orgia,
imoralidade, injustiça, violência e fraude de todas as formas era o dia-a-dia
do povo (Amós 2:6-8; 3:9; 5:11-13; 6:4-7). Assim escreveu Oseias: “não há
verdade nem benignidade nem conhecimento de Deus na terra. Só prevalecem o
perfurar, e o mentir, e o matar, e o furtar, e o adulterar, e há homicídios
sobre homicídios” (Os.4:1,2). Agora, diante de Deus, Israel se igualava às
nações pagãs que Deus mandou destruir nos dias de Josué. O país tornara-se
desprezível, com obsessão exagerada pelo materialismo. Havia rejeitado seu propósito
original: honrar a Deus e ser uma luz para o mundo.
Os profetas
Amós e Oseias, que ministraram a Israel durante o reinado de Jeroboão II,
perceberam claramente que a prosperidade que vicejava durante esse reinado
contribuiu para o liberalismo espiritual, a degeneração moral, a injustiça
social e a apostasia da religião, e eles predisseram em termos bem claros a
ruina iminente de Israel, ruína esta que se cumpriu cerca de vinte e oito anos
depois. Os profetas falaram insistentemente e continuamente, mas Israel não
queria escutar. Por isso, o Senhor fez com que Israel fosse “transportado da
sua terra à Assíria” (2Reis 17:23) para nunca mais voltar.
II. OS PECADOS DO POVO E SUA QUEDA
1. O terrível pecado da idolatria
Idolatria é
prestar culto e adoração a algo ou a um ser que não seja exclusivamente o Deus
único e verdadeiro – o Todo Poderoso Senhor, Criador dos céus e da Terra. O
mandamento dEle é claro: “Eu sou o Senhor, teu Deus...Não terás outros deuses
diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do
que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor, teu Deus, sou
Deus zeloso...” (Êx.20:2-5). Vinculada à proibição de servir outros deuses,
havia a ordem de destruir todos os ídolos e quebrar todas as imagens de nações
pagãs na terra de Canaã (Êx.23:24: 34:13: Dt.7:4,5; 12:2,3).
Desde que o
reino de Israel foi dividido, o reino do Norte se inclinou intensamente à
idolatria. Por que a idolatria era tão fascinante aos israelitas? Há
vários fatores implícitos (adaptado da Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD,
pág. 446):
a) “As nações
pagãs que circundavam Israel criam que a adoração a vários deuses era superior
à adoração a um único Deus. Noutras palavras: quanto mais deuses, melhor. O
povo de Deus sofria influência dessas nações e constantemente as imitava, ao
invés de obedecer ao mandamento de Deus, no sentido de se manter santo e
separado delas.
b) “Os deuses
pagãos das nações vizinhas de Israel não requeriam o tipo de obediência que o
Deus de Israel requeria. Por exemplo, muitas das religiões pagãs incluíam
imoralidade sexual religiosa no seu culto, tendo para isso prostitutas
cultuais. Essa prática, sem dúvida, atraía muitos em Israel. Deus, por sua vez,
requeria que o seu povo obedecesse aos altos padrões morais da sua lei, sem o
que, não haveria comunhão com Ele.
c) Eles
acreditavam que “os deuses da fertilidade prometiam o nascimento de filhos; os
deuses do tempo (sol, lua, chuva etc.) prometiam as condições apropriadas para
colheitas abundantes; e os deuses da guerra prometiam proteção dos inimigos e
vitórias nas batalhas. A promessa de tais benefícios fascinava os israelitas; por
isso, muitos se dispunham a servir aos ídolos”.
O apóstolo
Paulo exortou dizendo que oferecer cultos a ídolos é sacrificar aos próprios
demônios (1Co.10:19.20) - “Mas que digo? Que o sacrificado ao ídolo é alguma
coisa? Ou que o ídolo é alguma coisa? Antes digo que as coisas que eles
sacrificam, sacrificam-nas a demônios, e não a Deus. E não quero que sejais
participantes com os demônios. Não podeis beber do cálice do Senhor e do cálice
de demônios; não podeis participar da mesa do Senhor e da mesa de
demônios”.
Deus
utilizou-se de um meio prático muito estranho para ilustrar o relacionamento da
infiel nação de Israel com Deus; Ele pediu que o profeta Oseias se casasse com
uma mulher e tivesse filhos com ela (Os.1:2). O nome dessa mulher era Gômer;
ela representaria a nação de Israel. Depois de casada com Oséias, Gômer
tornou-se adúltera e mais tarde uma prostituta. Os capítulos 1 a 3 de Oséias
retratam de forma gráfica a infidelidade conjugal de Gômer – ela entregou-se a
seus amantes; ela abandonou o marido e foi viver uma vida dissoluta. Deus quis
mostrar que a prostituta (Israel) deixou seu marido (Deus) para se
deleitar com seus amantes (Egito e Assíria) e ainda pagava para estar com eles.
O povo de Israel pecara contra Deus, como uma mulher adúltera trai o seu
marido. O castigo certamente viria para os que viviam em completa indiferença
ao Senhor e aos seus semelhantes.
Hoje, a
idolatria manifesta-se de várias formas: aparece abertamente nas falsas
religiões mundiais, bem como na feitiçaria, no satanismo e noutras formas de
ocultismo. A idolatria está presente sempre que as pessoas dão lugar à cobiça e
ao materialismo, ao invés de confiarem somente em Deus. Infelizmente, ela
ocorre também dentro da Igreja, quando seus membros acreditam que, a um só
tempo, poderão servir a Deus, desfrutar da experiência da salvação e as bênçãos
divinas, e também participar das práticas imorais e ímpias do mundo. Quando
infringimos os mandamentos de Deus e temos total consciência daquilo que
praticamos, o pecado interrompe nosso relacionamento com Ele até que nos
arrependamos e retornemos a Ele.
2. Outras causas do cativeiro
Deus, através
dos profetas, apresentou uma forte acusação de desobediência contra Israel. Os
líderes religiosos haviam falhado em trazer o povo de volta a Deus e o ritual
da prostituição substituira sua legitima adoração. A nação decaíra moral e
espiritualmente, e infringiu as leis que Deus lhes dera.
Israel
abandonou o Deus verdadeiro para curvar-se diante de Baal. A santidade foi substituída
pela galopante corrupção moral. A religião sincrética perverteu o culto divino.
A apostasia induziu o povo a cair nas teias da mais degradante imoralidade. A
sociedade sucumbiu política, moral e espiritualmente.
O profeta Oseias
denunciou os líderes do povo, a saber, os sacerdotes, os profetas e os reis (Os.4:13,14).
Os príncipes, amantes da riqueza e do luxo, viviam desenfreados no pecado. Os
sacerdotes, que deveriam ensinar a verdade ao povo, tornaram-se bandidos
truculentos e cheios de avareza. A situação era tão grave que até os sacerdotes
fizeram um conluio com os governantes para extorquir o povo (Os.6:9,10). Deus
fez um juramento dizendo que jamais se esqueceria das maldades de Israel
(Am.8:4-7).
O profeta Oseias
também zombou da superficialidade do povo – pessoas beijando imagens de bezerros
(Os.13:2), adorando produtos de seus próprios artesãos (Os.8:6). Enfim, condenou
a selvageria dos idólatras e infiéis – o sacrifício perverso de criancinhas
(Os.5:2). As coisas iam de mal a pior, até que o profeta exclamou: “não há
verdade, nem amor, nem conhecimento de Deus. O que só prevalece é perjurar,
mentir, matar, furtar e adulterar, e há arrombamento e homicídios sobre homicídios“(Os.4:1,2).
Estes e outros
pecados foram as causas principais de Deus permitir que o povo de Israel fosse
levado ao cativeiro. A paciência de Deus esgotou-se e Ele permitiu que os
assírios destruíssem a capital do reino do Norte (Samaria) e removeu dali as
dez tribos (2Rs.17:6-18). O reino de Israel foi dominado pela Assíria em
722 a.C. Os séculos correram, e hoje ainda assistimos a esse mesmo desvio
religioso denunciado por Oséias.
III. OS ESTRANGEIROS OCUPAM SAMARIA
1. A mistura de gente e o sincretismo
Repetindo, Oséias
foi o último rei de Israel. No seu governo, o reino foi varrido para sempre.
Mas nesse tempo de tristeza e angústia Deus ainda foi misericordioso, deu ao
povo outra oportunidade para abandonar a idolatria. O rei Ezequias, no terceiro
ano do reinado de Oséias, começou a reinar sobre Judá; ele instituiu
importantes reformas nas cerimônias do Templo em Jerusalém; instituiu novamente
a Páscoa, e para esta festa foram convidadas todas as tribos – do reino do Sul
e do Norte (ler 2Cr.30:5-9). E os correios enviados por Ezequias levaram a
mensagem por todo o reino do Norte - "de cidade em cidade, pela terra de
Efraim e Manassés até Zebulom".
Israel devia
ter reconhecido neste convite um apelo ao arrependimento e voltado a Deus. Mas
eles rejeitaram o convite ao arrependimento, não quiseram evitar o Juízo de
Deus. Aliás, trataram os mensageiros reais de Judá com indiferença, e até mesmo
com desdém - "Riram-se e zombaram deles" (2Cr.30:10). Poucos
atenderam o convite: "Alguns de Aser, e de Manassés, e de Zebulom..."
(2Cr.30:10-13).
Cerca de dois
anos mais tarde, Samaria foi invadida pela Assíria, sob o comando de Salmaneser
V (filho de Tiglate-Pileser). Oséias foi preso e Samaria foi sitiada por três
anos, antes de finalmente sucumbir em 722 a.C. (2Rs.17:3-6). E no cerco,
multidões pereceram miseravelmente de fome e de enfermidades bem como pela
espada. Caiu a cidade com a nação, e o humilhado remanescente das dez tribos
foi levado cativo e espalhado entre as províncias do domínio assírio. Em seu
lugar foram colocados outros povos, dando origem ao povo “samaritano”
(2Rs.17:24-41); era a política usual do rei da Assíria aos povos conquistados;
o objetivo era misturar as nacionalidades para evitar possíveis rebeliões e
enfraquecer as províncias. Essa mistura de gente fez com que o povo de Israel,
que restou em Samaria junto aos deportados de outras nações, tornasse a
religião israelita ainda mais sincrética. Por causa desse sincretismo
religioso, o novo povo de Samaria passou a ser inimigo dos judeus, do reino do
Sul (cf. João 4:9).
2. Jesus e os samaritanos
Os judeus
odiavam os samaritanos porque haviam deixado de ser judeus “puros”. Aqueles que
viviam no reino do Sul achavam que os judeus do Norte haviam traído o seu povo
e sua nação através do casamento com estrangeiros. E esse ódio continuava a
persistir através dos anos, até Jesus chegar. Este nunca odiou os samaritanos;
pelo contrário, os contemplava com muito amor. Jesus não tinha razões para
viver segundo as restrições impostas pela cultura judaica; ele quebrou
paradigmas de religiosidade e espiritualidade ao se relacionar de forma amável
e acolhedora com os samaritanos.
Certa feita,
Ele teve um diálogo com uma mulher samaritana à beira do poço de Jacó, ao meio-dia.
Esta mulher, além de ser samaritana, tinha uma reputação desagradável entre o
seu povo - era conhecida por estar vivendo em pecado (João 4:18); por isso, ela
ia tirar água do poço num horário pouco frequentado. Duas vezes por dia – de manhã
e ao anoitecer -, as mulheres iam retirar água; no entanto, aquela samaritana
foi ao meio-dia, provavelmente para evitar encontrar-se com pessoas que
conheciam sua má reputação.
Nenhum judeu
responsável conversaria com uma mulher sob tais circunstâncias. Mas Jesus o
fez. Ele levou àquela mulher uma extraordinária mensagem sobre a fonte e a água
pura que podiam saciar a sede espiritual dela para sempre (João 4:13,14). As
boas novas são endereçadas a todas as pessoas, a despeito da etnia, posição
social, cultural ou pecados anteriormente cometidos. Jesus transpôs barreiras
para compartilhar as Boas Novas; e nós, que o seguimos, devemos fazer o mesmo. O
Evangelho da salvação deve ser compartilhado em qualquer tempo e lugar.
Outro exemplo
bastante ilustrativo é o diálogo que Jesus teve com o certo doutor da Lei de
Moisés sobre o próximo; este perguntou a Jesus: “Quem é o meu próximo?”
(Lc.10:29). Jesus, para explicar aquele doutor da Lei quem é o próximo, Ele
contou uma parábola na qual estava inserida uma pessoa de Samaria, para
contrastar a religiosidade excessiva dos líderes religiosos judeus com a
natural espiritualidade de um samaritano. Jesus disse a aquele doutor: “Descia
um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o
despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto” (Lc.10:30). A
estrada de Jerusalém para Jericó era reconhecidamente perigosa porque passava
por regiões rochosas e desérticas, com muitos esconderijos para salteadores.
Nesta parábola
foram envolvidos outros três tipos de pessoas, que também viajavam sozinhos em
direção a Jericó. O primeiro que desceu foi um sacerdote que servia no Templo, o
qual provavelmente oferecia sacríficos. O outro personagem foi um levita, que
também servia no templo. Estes dois religiosos viram o homem caído ali, mas
“passaram de largo” sem ajudá-lo (Lc.10:31,32). O homem na estrada, que fora
assaltado e espancado, pode ter parecido morto, de modo que eles não quiseram arriscar-se
a ficar impuros, pois isso os deixaria incapacitados para a adoração. Seja o
que for, eles deliberadamente se recusaram a ajudar o colega judeu.
A próxima
pessoa que passou por ali foi um samaritano, rejeitado e marginalizado pelos
judeus (Lc.1033-35).
Como já disse,
os judeus odiavam os samaritanos, e quando Jesus introduziu na parábola este
samaritano, certamente os ouvintes judeus não esperavam que ele ajudasse a um
homem judeu. Mas com muitos detalhes, Jesus descreveu tudo o que o samaritano
fez por este homem. Este samaritano é retratado como entendendo o que significa
ajudar a alguém em necessidade; o que é ser um próximo, independentemente das
tensões raciais e culturais.
Tendo concluído
a parábola, Jesus perguntou ao doutor da lei quem tinha sido o próximo do homem
ferido. O doutor da lei não teve escolha, senão responder que fora “o que usou
de misericórdia para com ele”; ele quis dizer que o samaritano tinha sido o
verdadeiro “próximo”. Jesus disse que o doutor da lei tinha respondido
corretamente e deveria ir e fazer da mesma maneira.
O viajante
samaritano e o judeu estavam separados pela distância e pela herança
espiritual, mas o samaritano tinha amado seu próximo muito mais do que os líderes
religiosos do homem ferido. Jesus ensinou que o amor é demonstrado pelos atos,
que não deve ser limitado por quem o recebe, e que as vezes tem um custo
elevado.
CONCLUSÃO
Resumindo o que
estudamos aqui, 2Rs.17:7-41 revela as razões teológicas e morais por que Deus
levou a efeito a ruína do seu povo redimido segundo o concerto e o removeu de
diante da sua face:
- Os
israelitas esqueceram-se do amor e da graça de Deus, manifestos na sua
redenção do Egito (2Rs.17:7).
- Serviam
aos deuses dos povos pagãos em derredor, imaginando que obteriam sucesso, bem-estar
e orientação (2Rs.17:7,12,17).
- Adotaram
os costumes e modos de vida do mundo ímpio (2Rs.17: 8-11,15-17).
- Rejeitaram
os profetas de Deus com sua mensagem de retidão (2Rs.17:13-15).
- Rebelaram-se
abertamente contra a revelação escrita de Deus e seu concerto (Rs.17:13-16).
- Entregaram-se
ao espiritismo e a todos os tipos de imoralidade (2Rs.17:9,15-17).
- Israel
andou nos estatutos das nações ímpias - “E andaram nos estatutos das
nações que o SENHOR lançara fora de diante dos filhos de Israel e nos
costumes dos reis de Israel” (2Rs.17:8).
Por causa de
todos estes pecados, Deus decretou a queda final e o cativeiro de Israel. E Ele
avisara através do profeta Amós: "Assim diz o Senhor: ... Israel
certamente será levado cativo" (Amós 7:17).
Segundo o pr.
Hernandes Dias Lopes, “Israel em vez de ser luz para as nações, as imitou, O
profeta Oséias declara: “Efraim se mistura com os povos, é um pão que não foi
virado” (Os.7:8). Em vez de Israel ser um influenciador, foi influenciado. Em
vez de ensinar o conhecimento de Deus aos povos, adorou seus deuses falsos. Em
vez de ser exemplo para as nações, corrompeu-se com e como essas nações. Em vez
de voltar-se para Deus, correu atrás de alianças com aqueles que haveriam de
destruí-lo. Era como um pão que não foi virado: cru de um lado e queimado do
outro. Uns demasiadamente ricos, outros demasiadamente pobres; uns quentes
demais na política, outros frios demais na religião”.
Conformar-se
com o modo mundano de viver é um dos grandes perigos que o povo de Deus
enfrenta em cada geração e cultura. A nós, povo de Deus da Nova Aliança, o
Espírito Santo adverte: “E não vos conformeis com este mundo, mas
transformai-vos pela renovação do vosso entendimento” (Rm.12:2).
O cativeiro de
Israel, reino do Norte, foi um juízo direto do Céu. Os assírios foram meramente
o instrumento de que Deus se serviu para realizar o seu propósito. Por
intermédio de Isaías, que começou a profetizar pouco antes da queda de Samaria,
o Senhor se referiu aos assírios como "a vara da minha ira". Disse
Ele: "A minha indignação é como bordão nas suas mãos" (Is.10:5).
Essa mensagem
adverte a todo o povo de Deus da Nova Aliança (1Co.10:1-23) - Deus removerá do
seu reino todos aqueles que deixarem de permanecer fiéis na sua Palavra e no
seu amor. Os resultados de abandonar a Deus são o castigo, a ruína, o sofrimento
e a rejeição final (cf.Ap.2:5; 3:15,16). Pense nisso!
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Luciano de Paula Lourenço –
EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular
(Antigo Testamento).
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Comentário Bíblico Beaccon – volume 2.
Roy
B.Zuck. A Teologia do Antigo Testamento.
Pr.
Hernandes Dias Lopes. Oséias – O amor de Deus em ação.
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