2º Trimestre/2022
Texto Base: Mateus 5:33-37
“Seja, porém, o vosso
falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna”
(Mt.5:37).
Mateus 5:
33.Outrossim,
ouvistes o que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás teus
juramentos ao Senhor.
34.Eu,
porém, vos digo que, de maneira nenhuma, jureis nem pelo céu, porque é o trono
de Deus,
35.nem
pela terra, porque é o escabelo de seus pés, nem por Jerusalém, porque é a
cidade do grande Rei,
36.nem
jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.
37.Seja,
porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de
procedência maligna.
INTRODUÇÃO
Dando
continuidade ao estudo sobre o Sermão do Monte, trataremos nesta Aula a
respeito do cuidado que devemos ter com as palavras proferidas. O mesmo cuidado
que temos de ter com o nosso comportamento ético e moral, devemos ter com a
emissão de nossas palavras. No Sermão do Monte, Jesus ensinou que os seus discípulos
deveriam ser sinceros, transparentes e honestos em seu falar, e evitassem
juramentos com intuito de com eles esconder a verdade. Jesus condenou o uso
indiscriminado, leviano ou evasivo do juramento, que prevalecia entre os
judeus. Em seu Reino, a honestidade de seus súditos elimina o uso dos
juramentos (Mt.5:37; Tg.5:12). Integridade nas palavras é melhor do que volumes
intensos de juramentos. Jesus deixou claro que o nosso falar deve ser “Sim,
sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna” (Mt.5:37).
I. NÃO DEVEMOS JURAR NEM PELOS CÉUS NEM PELA TERRA
1. A Lei
do Juramento
Segundo
o Dicionário Wycliffe, Juramento é um recurso por palavra ou ato para confirmar
a verdade da declaração de uma pessoa ou o cumprimento de uma promessa (Gn.21:23,30;
31:53; G1.1:20; Hb.6:16). Em Israel, os juramentos desempenharam um papel
importante em tribunais legais (Ex.22:11; Lv.6:2-5) e em transações nacionais
(1Rs.18:10; 2Rs.11:4; Ez.17:16), bem como em assuntos domésticos e religiosos
(Gn.24:37; Jz.1:5; 1Rs.2:43; Ed.10:5).
A
lei mosaica enfatiza a natureza obrigatória dos juramentos (Nm.30:2), e decreta
o castigo ao perjurador, aquele que faz um juramento falso (Dt.19:16-19; 1Tm.1:10).
O falso juramento de uma testemunha ou uma falsa afirmação com relação a uma
promessa ou a alguma coisa encontrada exigia uma oferta pelo pecado (Lv.5:1-6;
6:2-6). A lei mosaica leva muito a sério os juramentos (Ex.20:7; Lv.19:2; Zc.8:16,17)
e proibi o juramento por deuses falsos (Js.23:7; Jr.12:16; Am.8:14).
Os
juramentos eram comumente feitos levantando-se a mão (Gn.14:22; Ez.20:5ss., Hb.3:18;
6:13; 7:21; Ap.10:5), e em casos excepcionais colocando-se a mão debaixo da
“coxa” ou do escroto daquele a quem o juramento era prestado (Gn.24:2ss.; 47:29);
este era um modo solene de significar que, se o juramento fosse violado, a descendência
da pessoa vingaria o ato de deslealdade.
Às
vezes, os juramentos eram prestados diante do altar (1Rs.8:31; 2Cr.6:22). Os
solenes juramentos de aliança eram frequentemente acompanhados por algum ato sétuplo
[quantidade sete vezes maior
que outra] (Gn.21:27-30),
ou dividindo-se um animal em duas partes e passando entre as duas partes (Gn.15:8-18).
Várias
fórmulas de juramentos eram usadas, tais como: “Deus é testemunha entre mim e
ti” (Gn.31:50), ou mais comumente, “vive o Senhor...” ou “tão certo como vive o
Senhor” (Jz.8:19; Rt.3:13; Jr.38:16). Geralmente a penalidade invocada pela violação
era apenas sugerida (Rt.1:17; 2Sm.3:9; 2Rs.6:31), mas, às vezes, ela era
expressa (Jr.29:22).
Na
época de Jesus, ou até mesmo antes disso, os juramentos eram feitos pela vida
da pessoa a quem estava sendo dirigido (1Sm.1:26; 17:55; 2Sm.11:11), pela própria
cabeça (Mt.5:36), por Jerusalém (Mt.5:35), pelo Templo ou por suas diferentes
partes (Mt.23:16-22), pela terra ou pelo céu (Mt.5:34ss.), pelo trono de Deus
(Mt.5:34), ou pelo próprio Deus (Jz.8:19; 1Rs.18:15). O Senhor Jesus Cristo,
porém, condenou o uso indiscriminado, leviano ou evasivo desses tipos de juramentos
que prevaleciam entre os judeus (Mt.5:33-37; 23:16-22). Ele ensinou que os
homens deveriam ser transparentes e honestos em seu falar, para que os
juramentos entre eles se tornassem desnecessários (Mt.5:34-37). Em seu reino, a
honestidade e a sinceridade de seus súditos eliminam o uso dos juramentos (cf.
Tg.5:12).
2. O
propósito da Lei do Juramento
No
Antigo Testamento, o propósito do juramento era trazer à verdade um pacto
firmado entre as partes, que não podia ser quebrado, porque Deus era a
principal testemunha do juramento de que a pessoa estava falando a verdade;
jurar falso pelo nome de Deus era profanar o nome de Deus (Lv.19:12). Segundo o
pr. Osiel Gomes, “tratava-se de um apelo solene que o adorador fazia a Deus,
tendo consciência de que Ele era o grande Juiz Onisciente e Onipotente, dono de
tudo, que esquadrinhava os corações de todos os homens (1Cr.28:9; Jr.17:10) e
que revelava o íntimo de cada um, a verdade e a sinceridade presentes no espírito
do homem”.
No
Antigo Testamento, os termos juramento e aliança são sempre usados como
sinônimos. Uma aliança era, em sua essência, um juramento, um acordo solene.
Deus confirmou a aliança Mosaica através de um juramento mencionado em
Deuteronômio 29:12ss - O juramento “que o Senhor, teu Deus, hoje faz contigo”
(cf. Dt.32:40; Ez.16:8; Nm.10:29). As partes que faziam a aliança deveriam se
tornar como os mortos, de maneira que não poderiam mais mudar de ideia e revogá-la,
assim como os mortos também não poderiam fazer (Gn.15:8-18; Hb.9:16,17). Assim,
o sangue dos animais substitutos sacrificados era espargido na cerimônia de ratificação
da aliança, para representar a "morte” das partes (Ex.24:3-8).
Nas
Escrituras Sagradas os juramentos são de dois tipos: aqueles feitos por Deus e
aqueles feitos pelos homens. Os juramentos feitos por Deus são afirmações
solenes para seu povo, afirmações da aliança da absoluta verdade de sua Palavra
(Nm.23:19) a fim de que possam depositar uma confiança implícita em sua palavra
(Is.45:20-24). Suas promessas confirmadas por juramento foram feitas aos
patriarcas (Gn.50:24; Sl.105:9-11), à nação de Israel (Dt.29:10-13), à dinastia
davídica (Sl.89:35-37,49), e ao Sacerdote-Rei messiânico (Sl.110:1-4; Hb.7:15-22).
O fiador de todas as promessas divinas é o Senhor Jesus Cristo, em quem elas
encontram o seu cumprimento (2Co.1:19ss.). Um juramento feito pelos homens era
um recurso solene a Deus para confirmar a veracidade de suas palavras,
carregando a implicação expressa de castigo em caso de falha em dizer a verdade
ou cumprir a promessa.
3. Não
jureis nem pelo Céu nem pela Terra
No
Antigo Testamento, os judeus, desde que circunstâncias especiais o tornassem
oportuno, recorriam ao juramento (cf. Gn.21:23s; 31:53; Js.2:12; Lv.19:13;
Jr.12:16). Jurar em nome de Deus significava que Ele era uma testemunha e que a
pessoa estava falando a verdade. A Lei Mosaica continha várias proibições
quanto ao jurar “falso” em nome de Deus (Lv.19:12; Nm.30:2; Dt.23:21).
Mas,
nos últimos séculos antes de Cristo, o nome de Deus era raramente pronunciado
pelos israelitas, temerosos de profanar o tetragrama sagrado (YHWH). Por isso,
nas fórmulas de juramento, substituíam o nome de Deus por expressões equivalentes,
como “juro pelo céu, pelo Templo, pelo altar, pela Aliança, pela cabeça” (cf.
Mt.5:34-36; Mt.23:16-22). Os judeus pensavam que, agindo assim, não precisa
cumprir o juramento proferido. Com isto, o juramento vinha a ser meio de
enganar o próximo. Além do mais, os fariseus estipularam amplo catálogo de
circunstâncias que podiam tornar nulo um juramento; reservavam, porém, a si o
direito de avaliar em cada caso as razões da respectiva nulidade. Com isto se
lhes abria vasto campo para sutilezas casuísticas e tramas ardilosas mais ou
menos hediondas.
No
sermão do Monte, porém, Jesus condenou este tipo de hipocrisia dos judeus.
Segundo o seu ensino, era desnecessário tentar evitar jurar em nome de Deus
meramente substituindo seu nome por outro substantivo. Aliás, Ele proibiu qualquer
forma de juramento em conversações do dia-a-dia. Exortou assim o Senhor: “Seja,
porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não, porque o que passa disso é de
procedência maligna”. Jurar pelo céu é jurar pelo trono de Deus. Jurar pela
terra é jurar pelo estrado de seus pés (Is.66:1). Jurar por Jerusalém é jurar
pela cidade do grande Deus (Sl.48:3). Até mesmo jurar pela própria cabeça
envolve Deus, pois ele é o criador de tudo. Enfim, para o cristão, jurar é
desnecessário; o “sim” deve significar “sim” e o “não” deve significar “não”.
Não há circunstâncias em que é correto o cristão mentir; suas palavras devem
ter o peso da Verdade.
Essa
exortação de Jesus também proíbe qualquer ofuscamento da verdade ou engano; porém,
não proíbe fazer juramento num tribunal de justiça. Jesus mesmo testificou sob
juramento perante o sumo sacerdote (Mt.26:63). Paulo também fez juramento com o
propósito de chamar Deus como sua testemunha de que o que estava escrevendo era
verdadeira (2Co.1:23; Gl.1:20).
II. NOSSAS PALAVRAS DEVEM SER “SIM” E “NÃO”
1. Como
deve ser o nosso falar
Jesus,
em seu Sermão do Monte, exortou que o nosso falar deve ser “Sim, sim; não, não,
porque o que passa disso é de procedência maligna” (Mt.5:37). Jesus foi bem
categórico quando afirma que pelas palavras alguém pode ser justificado ou
condenado (Mt.12:37), o que nos impele a ter cuidado no nosso falar. O apóstolo
Tiago também corrobora com essa mesma afirmação de Jesus: “Mas, sobretudo, meus
irmãos, não jureis nem pelo céu nem pela terra, nem façais qualquer outro
juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim e não, não, para que não
caiais em condenação” (Tiago 5:12).
Ninguém
ignore os efeitos das palavras - elas nos animam ou nos deixam arrasados; elas
nos levam ao arrependimento ou ao pecado; elas nos fazem aceitar o que é certo
ou nos levam a admitir o que é errado. Tiago 3:6 diz que a língua “é um fogo”;
as nossas palavras podem incendiar a nossa vida, destruir tudo o que
construímos ao longo de nossa existência. Quantos ideais de vida e projetos não
têm sido destruídos por causa de palavras mal ditas! Quantos casamentos já não
se acabaram por causa de palavras ofensivas! Quantos já não se desviaram e
abandonaram a igreja por causa de palavras ditas precipitadamente por aqueles
que deveriam amparar!
A
fala é uma carta endereçada, mas que quando aberta libera não somente as palavras
e frases que contém, mas também toda uma significação que vai muito além disso.
Se uma mesma expressão pode assumir diferentes significados ao mudarmos apenas
a entonação da voz, o que dizer de conteúdos inteiros que são ditos em momentos
impróprios ou com uma força desnecessária. Devemos usar sempre a metáfora que
diz que os ouvidos dos outros são como uma xícara de rara porcelana, e nossas
palavras são o chá que vamos ali cuidadosamente verter; não podemos nem quebrar
a xícara, nem colocar quantidade insuficiente de chá e nem transbordar o
conteúdo com uma fala excessivamente turbulenta.
Portanto,
pense antes de falar. Há um ditado popular que diz: “Em boca fechada não entre
mosquito”. Falar sem pensar é consumada tolice. Responder antes de ouvir é
estultícia. Proferir palavras torpes e desandar a boca para espalhar impropérios
e maldades é perversidade sem tamanho. Esse não pode ser o caminho do justo.
Uma pessoa que teme a Deus reflete antes de falar, sabe o que falar e como
falar. Sua língua não é fonte de maldades, mas canal de bênção para as pessoas.
Diz o sábio: “O coração do justo medita o que há de responder, mas a boca dos
ímpios derrama em abundância coisas más” (Pv.15:28). Atentemos para exortação de
Tiago: “Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto
para ouvir, tardio para falar...” (Tiago 1:19).
2. O sim e
o não na vida de Paulo
Os
caminhos do cristão nem sempre são uma linha reta; há altos e baixos, montes e planícies.
Nem sempre o sim é sim, e o não é não. Mas, isto não quer dizer que o seu
caráter é tortuoso. Não. Um exemplo emblemático é o de Paulo, registrado por
ele em 2Corintios 1:12-24. Ele fez planos de visitar os irmãos da Igreja de
Corinto, porém, por diversas vezes, foi impedido e as coisas não saíram como ele
havia planejado. Mas os crentes de Corinto não entenderam o não cumprimento do “sim”
de Paulo. Acusaram-no de falta de integridade e falta de constância. Puseram em
dúvida suas reais motivações. Lançaram sobre ele pesados e levianos libelos
acusatórios, denegrindo sua pessoa e seu ministério.
Paulo
tinha prometido visitar a Igreja em sua passagem pela Macedônia e passar com
eles o inverno (1Co.16:5,6). Mas, Paulo declara sua intenção de antecipar sua
viagem e passar primeiro em Corinto, antes de ir à Macedônia (2Co.1:15,16), daí
voltar a Corinto e de lá ser enviado à Judéia. A igreja de Corinto, porém, não entendeu
as circunstâncias que levaram Paulo a alterar o seu roteiro. Os críticos acusaram
Paulo de ter agido com leviandade e ter deliberado segundo a carne ao mudar os
planos de sua viagem a Corinto. Eles atacaram Paulo, dizendo que ele não estava
sendo íntegro em suas palavras (2Co.1:17,18). Os críticos o acusaram de ser o
tipo de homem que diz sim e não ao mesmo tempo. Diziam que ele fazia promessa
frívolas com intenções enganosas. No entendimento desses críticos, Paulo dizia
ou escrevia uma coisa, mas, na verdade, queria dizer outra! Seu sim era não, e
seu não era sim. Essas acusações o deixaram muito triste. Porém, Paulo estava
com a consciência limpa. A reputação de seu caráter não estava na posição que ocupava,
mas na qualidade de vida que vivia. Ele não dependia de elogios humanos nem se
desanimava com as críticas. Ele tinha o testemunho de sua consciência de que
vivia de forma santa e sincera no mundo e diante da Igreja, não por força da
sabedoria humana, mas estribado na graça de Deus.
Paulo
toma Deus como sua fiel testemunha e explica o motivo pelo qual não tinha ido
logo fazer essa visita, que era para poupar os irmãos (2Co.1:23). Ele disse que
Deus, que conhecia o seu coração, sabia do seu verdadeiro sentimento e da
grande vontade de ir visitá-los, e declarou a todos que sua vida era de
simplicidade e sinceridade, tanto diante da Igreja como do mundo (2Co.1:12). Os
homens podiam ver suas ações, mas Deus via suas intenções. O juiz da sua consciência
era Deus, e não os homens. Nesse sólido fundamento estava seu descanso.
3. O que
passar disso é uma procedência maligna
Diante
da acusação de que Paulo estava sendo leviano e deliberando segundo a carne,
falando uma coisa e fazendo outra (2Co.1:17), Paulo confronta a própria incoerência
dos crentes de Corinto evocando a fidelidade de Deus (2Co.1:18); em vez de
defender a si mesmo, Paulo remete os coríntios à fidelidade de Deus. Não há duplicidade
em Deus, suas promessas são cumpridas. O sim de Deus não é não; nem o não de
Deus é sim. Assim como Deus é fiel em suas palavras, Paulo também foi fiel em
sua palavra à Igreja.
Nossas
palavras também devem ser coerentes, sinceras e verdadeiras. O Senhor Jesus nos
instrui a ser claros e sinceros no que dizemos - “seja, porém, a tua palavra: sim,
sim; não, não. O que disto passar vem do maligno” (Mt.5:37). Deus é coerente em
seu ser e verdadeiro em suas palavras. Aqui estava o modelo que Paulo seguia, e
devemos também agir assim, ou seja, sendo verdadeiros e transparentes em todos
os nossos relacionamentos. Caso contrário, poderemos ser pessoas de mal caráter,
passando a divulgar rumores, fofocas e a ter segundas intenções. ou seja,
daremos lugar a situações de procedência maligna.
III. HONESTIDADE COM NOSSAS PALAVRAS
1. A
palavra honestidade
Honestidade é
a obediência incondicional às regras morais existentes; é uma
característica de uma pessoa que é decente, que é honrada, que é moralmente
irrepreensível. No princípio da Igreja os cristãos eram ensinados a andar em
honestidade. O apóstolo Pedro ensinava: “Amados, peço-vos, como a peregrinos e
forasteiros, que vos abstenhais das concupiscências carnais, que combatem
contra a alma, tendo o vosso viver honesto entre os gentios...” (1Pd.2:11-12).
Exorta o apóstolo Paulo: “Andemos honestamente, como de dia, não em
glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades...” (Rm.13:13).
Uma
das piores queixas que se pode ouvir acerca de uma pessoa, principalmente de um
cristão, é que suas palavras não se coadunam com a sua conduta. Como pode um crente
em Cristo falar sobre honestidade e ser desonesto? Os crentes precisam ter
caráter impoluto, vida irrepreensível e conduta ilibada. Vários homens de Deus
citados na Bíblia foram destacados pela manifestação do seu caráter; dentre eles
citamos o apóstolo Paulo. Certa feita, ele estava incumbido de entregar à
Igreja de Jerusalém uma grande oferta coletada entre os cristãos da Macedônia,
e ele teve o cuidado de lidar com isto com grande zelo, transparência e honestidade.
Ele mesmo escreveu sobre isto: “pois o que nos preocupa é procedermos
honestamente, não só perante o Senhor, como também diante dos homens” (2Co.8:21).
Paulo era íntegro e prudente. Ele cuidava da sua piedade e da sua reputação.
Ele não apenas agia com transparência diante de Deus, mas também com lisura
diante dos homens. Ele não deixou brecha para suspeitas nem deu motivos para
acusações levianas. Paulo reconhecia a importância não somente de ser honesto,
mas também de parecer honesto diante dos homens, pois desconsiderar a opinião
pública é na verdade uma grande tolice.
Paulo
mostrou grande zelo em administrar com honestidade os recursos arrecadados na
Igreja. É preciso ter coração puro e mãos limpas para lidar com dinheiro. Quer saber
se alguém é honesto ou não, dê a essa pessoa a função de lidar com dinheiro. Há
muitos obreiros que são desqualificados no ministério porque não lidam com transparência
na área financeira. Judas Iscariotes, embora apóstolo de Cristo, era ladrão
(João 12:6); sua maneira desonesta de lidar com o dinheiro o levou a vender
Jesus por míseras trinta moedas de prata. Muitos pastores e líderes, ainda hoje,
perdem o ministério porque não administram com transparência e honestidade o
dinheiro que arrecadam na Igreja.
A
Bíblia cita outros personagens em cujo caráter era evidente a honestidade. Citamos,
por exemplo: Jó, que foi descrito como um homem honesto (Jó 1:8); Centurião
Cornélio, citado como um homem reto, honesto (Atos 10:22). Enfim, a honestidade
é um dos elementos que jamais deve ser prescindido do seguidor de Cristo durante
toda a sua jornada cristã, em todas as áreas de sua atuação – no mundo secular ou
no orbe da Igreja Local.
2. É
possível ser honesto com nossas palavras neste mundo?
Honestidade
é uma qualidade basilar do caráter do seguidor de Cristo; logo, é preciso que
esta qualidade esteja em evidência no salvo em Cristo. Ser sal e luz exige que
sejamos honestos com nossas palavras neste mundo. O apostolo Paulo diz que
devemos resplandecer como luzeiros no mundo (Fp.2:15); essa luz inclui o que o cristão
diz e faz, ou seja, o seu testemunho verbal e as suas boas obras. Como diz o
pr. Osiel Gomes, “o verdadeiro discípulo de Cristo, que faz parte do seu Reino,
é honesto em suas palavras, íntegro no seu caráter, e jamais usa de
meias-verdades, através das quais grandes mentiras têm sido ditas, sendo
influenciados pelo pai da mentira, o Diabo”.
um
certo filósofo, por nome Smith, disse que “a mentira é útil para a sociedade,
que o mundo seria um caos se todos falassem a verdade, e que é normal mentir”. O
crente autêntico jamais pode concordar com esta tese de Smith. A mentira jamais
foi ou será útil à sociedade, muito pelo contrário, ela é uma praga que destrói
a sociedade. Muitas desgraças foram praticadas, e são ainda praticadas, por
causa da mentira. As guerras são causadas na mentira. Os adultérios que causam
a destruição de famílias inteiras são enraizados na mentira. Enfim, quase toda
sorte de transtorno, desequilíbrio para o semelhante, provém da mentira. O
mundo é um caos por causa da mentira. Insegurança, medo, dor, ansiedade, doença
e fome, tudo tem a sua raiz na mentira, no “não ser semelhante a Deus”, pois Deus
fez o homem para ser sua imagem e semelhança.
O
homem mentiroso tem o diabo por seu pai, como disse Jesus aos religiosos de sua
época (João 8:44) - “vós tendes por pai ao diabo e quereis satisfazer os
desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio e não se firmou na
verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe
é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”.
Para
o homem com a sua natureza pecaminosa, isto é, no estado de pecado em que se
encontra, é natural mentir; assim como para o cachorro é natural latir, porque
é próprio dos cachorros. Deus não criou o homem para mentir, por isso,
não é normal mentir. O homem mente porque ele caiu do seu estado em que foi
criado. No salmo 62:4, falando dos ímpios, o salmista diz: “...na mentira se
comprazem, de boca bendizem, porém no interior maldizem”. No salmo 119:163, o
salmista diz: “abomino e detesto a mentira, porém amo a tua lei”. Podemos dizer
estas palavras do salmista, com convicção? O profeta Isaias, profetizando
contra os habitantes de Jerusalém, homens ímpios, reproduz o que eles diziam: “...porque
por nosso refúgio temos a mentira” (Is.28:15). À época de Isaias, o povo se
refugiava na mentira. a mentira virou um padrão cultural.
O
apóstolo Paulo escrevendo aos cristãos de Éfeso diz em sua carta: “deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu
próximo...” (Ef.4:25). João descrevendo os santos que hão de herdar o reino
de Deus diz: “não se achou mentira na sua boca” (Ap.14:5). E ainda no livro de Apocalipse
encontramos o seguinte registro: “quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos,
aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e
a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e
enxofre, a saber, a segunda morte” (Ap.21:8).
Portanto,
se somos filhos de Deus, seguidores de Jesus Cristo, devemos ser honestos em
tudo, e nosso falar deve ser sim, sim; não, não. O que passar disto está fora
do campo da honestidade.
3. Dando testemunho
Uma
pessoa que vive em desonestidade, dando mau testemunho, não tem paz; seu
coração é um mar revolto que lança de si lodo e lama. Para justificar um erro,
comete outros erros. Para livrar-se de uma mentira, precisa articular outras
tantas. O desonesto enrola-se num cipoal e não consegue livrar-se de suas próprias
armadilhas. Diz-nos o Salmo 42:7: “Um abismo chama outro abismo...”; isto
faz-nos entender que quando alguém é dominado pelo poder do pecado, há uma
sucessão de pecados impulsionados após aquele, e a pessoa se perde nesse
caminho tortuoso e cheio de bifurcações. A solução é arrepender-se, confessar o
pecado e mudar de conduta.
Diferente
é a vida do honesto - ele anda na luz, sua conduta é irrepreensível, seu
proceder é digno, e seu caminho é reto. Ele procura ser honesto no que fala,
mantendo-se longe da falsidade e da mentira, conservando a verdade no coração e
na conduta, pois esse é o seu objetivo maior (3João 4). O honesto tem a consciência
limpa, o coração puro e as mãos incontaminadas; seu passado é limpo, sua vida é
um legado, e seu futuro é um exemplo a ser imitado. Enfim, o cristão honesto dá
bom testemunho. Somos realmente assim? Se não somos, então é bom pensar em
andar no trilho, pois para sermos sal da terra e luz do mundo, refletindo a luz
de Cristo, é imprescindível que sejamos honestos em tudo que expressamos e
fazemos.
CONCLUSÃO
Ser
um cristão honesto significa ser uma pessoa confiável, que tem zelo pelo seu
nome e pela sua palavra. A Bíblia Sagrada ensina que um bom nome é considerado
algo muito precioso – “Mais digno de ser escolhido é o bom nome do que as
muitas riquezas...” (Pv.22:1). E pensar que existem pessoas que não se importam
com a dignidade de seu nome, permitindo, inclusive, que ele seja atirado na
“lama” das trapaças! Para viver como salvo é preciso viver em honestidade. Uma
pessoa honesta não explora o seu próximo, mas conduz seus negócios temendo no
Senhor (Sl.112:1-5).
Paulo
ensinou os irmãos a procurarem as coisas honestas: “A ninguém torneis mal por
mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens” (Rm.12:17). Até
certos anos atrás, todos gostavam de negociar com os cristãos, de vender para os
cristãos, de fazer e de dar serviços para um cristão. Cristão era confiável. É
preciso que o cristão mantenha esse padrão. Para sermos considerados verdadeiros
seguidores de Cristo é necessário sermos honestos em tudo, em especial em nossas
palavras. Crente que vive como salvo não aceita seu nome na sarjeta; ele
aprendeu com Jesus e cumpre a sua palavra no sentido de que seu falar é “sim,
sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna” (Mt.5:37).
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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular
(Antigo e Novo Testamento).
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação
Pessoal. CPAD.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Mateus – Jesus, o Rei dos reis.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Gotas de Sabedoria para a alma.
Pr. Ricardo Oliveira César. Um guia para viver bem – Estudos no Livro de
Provérbios.
Dicionário Wycliffe.
Obrigado irmão Luciano, seu auxílio tem sido muitíssimo útil para os professores da ebd. Deus continue te abençoando, dando graça e sabedoria.
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