2° Trimestre/2022
Texto Base: Mateus 5:27-32
“Assim não são mais
dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem”
(Mt.19:6).
Mateus 5:
27.Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério.
28.Eu, porém, vos digo que qualquer que atentar numa mulher para a
cobiçar já em seu coração cometeu adultério com ela.
29.Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o
para longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo
o teu corpo seja lançado no inferno.
30.E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe
de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que todo o teu
corpo seja lançado no inferno.
31.Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, que lhe dê carta de
desquite.
32.Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser
por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério; e qualquer que casar
com a repudiada comete adultério.
INTRODUÇÃO
Dando continuidade ao estudo sobre o Sermão do Monte, vamos estudar
nesta Aula a respeito do caráter vitalício do casamento. O casamento é a mais
básica e influente unidade social no mundo. Gênesis 2:18-24 revela que o
casamento nasceu no coração de Deus quando não havia ainda legisladores, leis, Estado
ou Igreja. Deus não somente criou o casamento, também o abençoou (Gn1:28). O
casamento, portanto, nasceu no Céu, e não na terra; nasceu no coração de Deus,
e não no coração do homem; é expressão do amor de Deus, e não fruto da
lucubração humana. Tendo sido, portanto, criado por Deus, o casamento deve ser para
sempre; é uma união permanente; ninguém tem autoridade para separar o que Deus
uniu. Marido e mulher devem estar juntos na alegria e na tristeza, na saúde e
na doença, na prosperidade e na adversidade; só a morte pode separá-los
(Rm.7:2; 1Co.7:39). “...Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem”
(Mt.19:6).
I. A CONDENAÇÃO DO ADULTÉRIO
1. Definição de
adultério
Segundo o dicionário Wycliffe, adultério é a relação sexual entre uma pessoa
casada e outra que não é seu cônjuge. Geralmente o adultério era perdoado nas culturas
pagãs, particularmente quanto a parte do homem que, embora fosse casado, não
era acusado de adultério a não ser que coabitasse com a esposa de outro homem
ou com uma virgem que estivesse noiva. O adultério é estritamente proibido
tanto no Antigo Testamento (o sétimo mandamento, Ex.20:14; Dt.5:18; punível sob
a lei com morte por apedrejamento, Lv.20:10; Dt.22:22ss.) quanto no Novo Testamento
(Rm.13:9; Gl.5:19; Tg.2:11). O Senhor Jesus estendeu a culpa pelo adultério da mesma
forma como fez para outros mandamentos, incluindo o propósito ou o desejo de cometer
o próprio ato em si (Mt.5:28).
Na Bíblia Sagrada, o termo adultério (em hebraico na’aph e em grego moicheia)
é muitas vezes utilizado como uma metáfora para representar a idolatria ou
apostasia da nação de Israel e do povo comprometido com Deus. Exemplos disso
podem ser encontrados em Jeremias 3:8,9; Ezequiel 23:26,43; Oseias 2:2-13;
Mateus 12:39; Tiago 4:4. Esse uso está baseado na analogia do relacionamento entre
Deus e o seu povo, que é semelhante ao relacionamento entre o marido e a sua esposa,
uma característica comum tanto do Antigo Testamento (Jr.2:2; 3:14; 13:27; Os.8:9)
como do Novo Testamento (João 3:29; Ap.19:8,9; 21:2,9). O casamento, que envolve
ao mesmo tempo um pacto legal e um vínculo de amor, representa um símbolo muito
adequado do relacionamento entre Cristo e a sua Igreja (Ef.5:25-27).
Atualmente, o mundo vê o adultério como algo normal, natural e até
esperado no casamento (uma pesquisa feita no Brasil demonstrou que dois terços
das pessoas esperam ser traídas por seu cônjuge e entendem ser isto natural e
compreensível). Entretanto, o adultério é abominável aos olhos de Deus, tanto
que seu alcance foi ampliado por Jesus no sermão do monte (Mt.5:27-30). Sua
prática é considerada loucura pela Palavra de Deus (Pv.6:32-35). Com certeza,
não há prática que cause tantos males e denigra tanto o caráter de alguém senão
o adultério, que, além de destruir a família, célula-mãe da sociedade, dá
péssimo exemplo aos filhos que, sem o exemplo dos pais, perdem o referencial do
certo e do errado, sendo, a partir de então, alvos fáceis do inimigo de nossas
almas. Na Bíblia, o adultério é a figura da infidelidade, da própria perdição,
tamanho o mal que representa. A Bíblia afirma que o próprio Deus é quem julgará
os adúlteros (Hb.13:4).
2. A posição de
Jesus quanto ao adultério
Depois de tratar do sexto mandamento, Jesus volta sua atenção, agora,
para o sétimo mandamento. Disse Ele no Sermão do Monte: “Ouvistes que foi dito:
Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com
intenção impura, no coração, já adulterou com ela” (Mt.5:27,28 –ARA). Segundo
Hernandes Dias Lopes, os rabinos limitavam o adultério apenas à infidelidade sexual.
Jesus, porém, amplia o significado desse pecado para o olhar lascivo e o
coração impuro. Embora os homens não possam julgar o olhar adúltero e o coração
impuro, Deus, que sonda os corações, condena a intenção como se pecado
consumado fosse. Não basta ir à cama do adultério para quebrar o sétimo
mandamento, basta ter a intenção de arrastar para cama a pessoa ilicitamente
desejada. Warren Wiersbe afirma que o desejo e a prática não são idênticos,
mas, em termos espirituais, são equivalentes. O ‘olhar’ (Mt.5:28) que Jesus
menciona não é apenas casual e de relance; antes, é um olhar fixo e demorado,
com propósitos lascivos. Portanto, o homem descrito por Jesus olha para a mulher
com o propósito de alimentar seus apetites sexuais interiores, como um substituto
para o ato sexual em si. Não é uma situação acidental, mas um ato planejado.
Há uma luta constante entre o espírito e a carne. O velho homem está
sempre querendo erguer sua fronte para nos arrastar para o pecado. Como lidar
com os pecados da impureza? Jesus adota um tratamento radical, e não gradual –
“Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para
longe de ti, pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que todo o teu
corpo seja lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a
e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca
do que todo o teu corpo seja lançado no inferno” (Mt.5:29,30). É claro que Ele
não defende a amputação física do olho direito nem da mão direita, mas a amputação
moral, uma cirurgia espiritual. Jesus não está ordenando a mutilação do corpo,
mas o controle do corpo para não se render ao pecado. Não se deve fazer concessão
ao pecado.
3. Os males
do adultério
A infidelidade conjugal destrói casamentos e famílias, trazendo grandes
prejuízos sociais, econômicos, emocionais e espirituais. O pior de tudo, afasta
a pessoa de Deus. Segundo o sábio bíblico, “O que adultera com uma mulher está
fora de si; só mesmo quem quer arruinar-se é que pratica tal coisa” (Pv.6:32). Contudo,
ainda que alguns tenham ciência das consequências devastadoras desse ato, pouco
se faz com o objetivo de evitá-lo, e não são poucos os que “flertam com o inimigo
ao lado”. Veja algumas consequências, dentre muitas:
a) Perda da comunhão familiar. Quando um cônjuge
adultera causa terrível transtorno à sua família: Em primeiro lugar, atinge o
cônjuge; em segundo lugar, os demais membros da família, principalmente os
filhos, que ficam confusos e perplexos por saber que o pai ou a mãe foi infiel,
traindo a confiança matrimonial e dos filhos. O adultério mina o edifício da
família em sua base, que é a confiança do esposo na esposa, e dos filhos nos
pais. Em quem confiar, se os pais traem um ao outro? O resultado dessa quebra
de confiança é a tristeza, a decepção e a revolta dos filhos. Muitos, não tendo
estrutura espiritual e emocional, enveredam por caminhos perigosos,
envolvendo-se com drogas, bebida e prostituição. Quem pratica a infidelidade
conjugal está edificando sua casa sobre a areia (Mt.7:26).
b) Perda da comunhão
com Deus. O adultério é pecado gravíssimo aos olhos de Deus, o Criador do
casamento, do lar e da família. Ele divide a família, afasta o cônjuge da
presença de Deus e impede as bênçãos divinas. O rei Davi mais do que ninguém
sentiu na pele e na alma a tragédia desse pecado. Deus, o Senhor de toda a
justiça, reprovou o ato de Davi (2Sm.11:27), perdoou-o por se arrepender
profundamente do ato impensado e precipitado, mas não o livrou das inevitáveis
e trágicas consequências. Muitas pessoas passam a vida inteira chorando por uma
decisão errada feita apenas num instante; pagam um alto preço por uma
desobediência; choram amargamente por tomar uma direção errada na vida. Cuidado
com o pecado, pois ele pode levar você mais longe do que você quer ir.
c) Morte espiritual. O adultério leva à
morte espiritual, às vezes até à morte física. O mais perigoso é a morte
eterna, ou seja, o afastamento eterno de Deus; é a pior consequência da
infidelidade conjugal. Alguns minutos de prazer ilícito podem levar um homem,
ou uma mulher, para o inferno - “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras,
nem os adúlteros...herdarão o Reino de Deus” (1Co.6:10). É necessário estar
alerta para as ciladas do inimigo. O sábio Salomão, usado por Deus, exortou e
advertiu quanto aos perigos do adultério. Sua palavra era a Palavra de Deus
convocando seus filhos à vigilância contra a infidelidade conjugal. Ele verberou
contra a prática pecaminosa, reconhecendo que "os lábios da mulher estranha
destilam favos de mel, e o seu paladar é mais macio do que o azeite"
(Pv.5:3). No início, são "favos de mel", que depois, podem
transformar-se em "favos de fel". Pense nisso!
II. O QUE REGE O CORAÇÃO REGERÁ O CORPO
1. O que procede do
coração
Em Mateus 5:27,28 Jesus deixa claro que, no Reino de Deus, o adultério
não é somente o ato físico em si, mas a intenção compulsiva, o desejo exacerbado
de praticar o adultério quando se olha para uma mulher. Em Mateus 15:19,20
Jesus afirma que a contaminação não vem de fora, mas procede de dentro, emana
do coração. O coração é a fonte dos sentimentos, aspirações, pensamentos e ações
dos homens. Essa fonte é, também, a fonte de toda contaminação moral e espiritual.
Hernandes Dias Lopes afirma que o coração é o laboratório onde o pecado é
processado. O coração é a fonte poluidora da vida. A solução é um novo coração.
A pessoa que tem um novo coração, coração transformado, tem um viver totalmente
diferente, visto que seu coração é regido pela Palavra de Deus (Cl.3:16).
2. O homem é o que
pensa
James Allen, em seu livro “Você é aquilo que você pensa”, afirma que “um
homem é literalmente aquilo que ele pensa, sendo seu caráter a soma completa de
todos os seus pensamentos. Assim como a planta brota, e não poderia existir sem
a semente, da mesma forma cada ato de um homem brota das sementes ocultas do
pensamento, e não poderia ter aparecido sem elas. Isso se aplica igualmente àqueles
atos chamados "espontâneos" e "não premeditados", assim
como aqueles que são deliberadamente executados.
O ato é o florescer do pensamento, e alegria e sofrimento são seus
frutos; deste modo um homem colhe o fruto doce ou amargo de sua própria seara”.
Isso combina com a afirmação do apóstolo Paulo aos gálatas: “o homem colherá
aquilo que semear” (Gl.6:7). Concordo com o pr. Osiel Gomes, quando afirma que
o que semeia o pensamento da cobiça, desejando outra mulher, não demorará para
que concretize isso na prática. A cobiça é algo que começa no coração, é como
uma pequena semente plantada que vai gerar o fruto do pecado. O apóstolo Tiago
exorta: “cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e
seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o
pecado, uma vez consumado, gera a morte” (Tiago 1:14,15).
O Senhor Jesus ensinou que é do coração carnal do “velho homem” que
provêm os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos
testemunhos e blasfêmias (Mt.15:19), não sendo, pois, novidade alguma que uma
sociedade em que há o predomínio da carne exista a prevalência do perjurar, do
mentir, do matar, do furtar, do adulterar, de homicídios sobre homicídios
(Os.4:2). Quando há o domínio da natureza pecaminosa, tem-se uma inimizade
contra Deus (Rm.8:7). Paulo afirma que “andar segundo a carne” é “inclinar-se
para as coisas da carne” e “a inclinação da carne é morte” (Rm.8:7), e “os que
estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm.8:8).
A natureza pecaminosa, portanto, faz com que prevaleça o pecado, pois é disto
que o coração pecaminoso do homem está repleto. A solução é revestir-se do novo
homem interior produzido por Cristo para jamais cometer os atos pecaminosos por
meio do corpo (Ef.4:24; Rm.6:12,13). A identidade do salvo se tem precisamente
pelas obras que pratica, pelo fruto que produz. Paulo disse aos filipenses que
os sinceros e os que não geram escândalo são os que são “cheios de frutos de
justiça” (Fp.1:10,11), frutos estes que são resultado de sua comunhão com Jesus
Cristo para glória e louvor de Deus.
3. Sujeitando o
corpo ao Espírito Santo
Só há uma maneira para o crente vencer a batalha interior: viver na
dependência do Espírito Santo. Disse o apóstolo Paulo: “Andai no Espírito e
jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl.5:16). A “carne” representa o
que somos por nascimento natural, e o Espírito”, o que nos tornamos pelo novo
nascimento, o nascimento do Espírito. A natureza carnal tem desejos ardentes
que nos arrastam para longe de Deus, pois os impulsos da carne são inimizade contra
Deus. Os desejos da carne levam à morte. A única maneira de triunfar sobre os
apetites das coisas proibidas é andar no Espírito. A carne tem uma inclusão
para aquilo que é sujo. Somente pelo Espírito de Deus podemos caminhar em santidade.
Se alimentarmos a carne, fazendo provisão para ela, fracassaremos irremediavelmente.
Porém, se andarmos no Espírito, jamais satisfaremos esses apetites desenfreados
da carne.
O apostolo Paulo afirma que há uma batalha no interior do ser humano – “porque
a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são
opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer”
(Gl.5:17). Fomos salvos da condenação e do poder do pecado, mas não ainda da
presença do pecado. No campo do nosso coração ainda se trava uma guerra sem pausa,
o conflito permanente entre a carne e o Espírito; eles são opostos entre si.
Alimentar, portanto, a carne é ultrajar, entristecer e apagar o Espírito, e o
apóstolo Paulo exorta: “não apagueis o Espírito” (1Ts.5:198). Precisamos sujeitar
nossa vontade ao Espírito em vez de entregar o comando da nossa vida à carne.
III. A INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO
1. O casamento na
perspectiva bíblica
O casamento é um dos mais gloriosos retratos do relacionamento entre
Cristo e sua Igreja (Ef.5:22-33). Cristo ama a sua Igreja, alimenta-a com Sua Palavra,
purifica-a com o Seu sangue, e dela cuida através da Sua abundante providência.
O amor de Cristo pela Igreja é perseverante (João 13:1), sacrificial (Ef.5:25),
santificador (Ef.5:26), proposital (Ef.5:27), intenso (Ef.5:28) e afetuoso
(Ef.5:29). O relacionamento de Cristo com a sua Igreja é o sublime exemplo que
todos os maridos devem seguir. A maioria dos terapeutas no campo da saúde
mental concorda que o amor é a maior necessidade do ser humano. James Mallory
diz que o marido deve expressar o seu acendrado carinho pela esposa usando os
sete A’s do amor: Acessibilidade, Assertividade, Afeto, Atenção, Abertura, Aperfeiçoamento
e Aventura.
Ainda, na perspectiva bíblica, o casamento deve ser:
a) Heterossexual. O relacionamento
conjugal só é possível entre um homem e uma mulher, entre um macho e uma fêmea
biológicos. Deus criou o homem e a mulher, macho e fêmea (Gn.1:27).
Consequentemente, o chamado casamento homossexual não é considerado casamento à
luz da Palavra de Deus nem à luz das ciências biológicas e, aqui no Brasil, a
Constituição Federal, em seu artigo 226 § 3º, diz que “Para efeito da
proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”.
b) Monogâmico. A monogamia é o padrão
de Deus para o casamento. Deus não criou duas mulheres para um homem nem dois
homens para uma mulher (Gn.2:24). Tanto a poligamia (um homem com várias mulheres)
quanto a poliandria (uma mulher com vários homens), estão fora do padrão de
Deus para o casamento. O propósito absoluto de Deus para a raça humana em
relação ao casamento sempre foi e sempre será a monogamia. Jesus deixou isso meridianamente
claro em Mateus 19:4-6.
c) Monossomático. A Bíblia diz: “Por
isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só
carne” (Gn.2:24). O próprio Cristo falou dessa singularidade do casamento, expressando
que os cônjuges não são mais dois, mas uma só carne (Mt.19:6). Adão e Eva antes
do casamento eram duas pessoas distintas, mas se tornaram um; eles passaram a
ser uma só carne. Por isso, a esposa dever ser amada pelo marido como ele ama o
seu próprio corpo. O marido deve amar a esposa como ama a si mesmo, ou seja,
como ama o seu próprio corpo. Assim, em Gênesis 2:24 tornar-se uma só carne
significa tornar-se uma só pessoa. Muito embora a expressão “uma só carne”
signifique mais do que uma união física, a união básica do casamento é a união física.
Se um homem e uma mulher pudessem se tornar um só espírito através do
casamento, então a morte não poderia dissolver esse laço, pois o espírito nunca
morre. O conceito de casamento eterno é uma heresia. Ao contrário do que ensinam
os mórmons, que acreditam em um casamento celestial, para toda a eternidade, a
Bíblia é enfática ao afirmar que o casamento é apenas uma instituição terrena.
O casamento é para o tempo presente, e não para a eternidade. O apóstolo Paulo
diz que o casamento entre um homem e uma mulher termina com a morte (Rm.7:2,3;
1 Co.7:39). Jesus, como supremo intérprete das Escrituras, deixou esse assunto
meridianamente claro ao afirmar: “Porque, na ressurreição, nem se casam, nem se
dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu” (Mt.22:30).
2. O que fazer para
que o casamento seja para sempre?
Para que o casamento dure até o final da vida, é preciso que, pelo
menos, cinco coisas acontecem:
a) os cônjuges devem viver segundo os princípios de Deus. A Palavra de Deus
tem princípios claros e definidos tanto para o marido como para a esposa. Os
que buscam a felicidade não a encontram, mas o que vivem segundo os princípios de
Deus são felizes.
b) Os cônjuges devem conhecer suas funções e papéis na vida a dois, no lar. Isto precisa
ocorrer porque onde não há ordem, reina a anarquia, mas onde cada um conhece
seu papel e o exerce sob a direção e bênção de Deus, há paz e felicidade. É impossível
encontrar a felicidade no casamento sem compreender o que a Bíblia diz sobre os
papéis específicos do marido e da esposa no casamento. Na vida a dois há
obrigações distintas e específicas a serem cumpridas (1Co.7:3).
c) No relacionamento conjugal é preciso dar mais e pedir menos, ouvir
mais e falar menos, compreender mais e censurar menos. O segredo para se ter
um casamento perene e feliz está mais em ser a pessoa certa do que em procurar
a pessoa certa. A felicidade no casamento não é automática, ela precisa ser
conquistada passo a passo. Hernandes Dias Lopes afirma que o casamento deve ser
a antessala do céu e não o porão do inferno, um largo horizonte de liberdade e não
um apertado calabouço, um lindo sonho de alegria e não um pesadelo marcado pelo
desespero.
d) No relacionamento conjugal a vida a dois deve ser construída em amor
incondicional, perseverante, santificador, sacrificial, guerreiro e romântico. Hoje, muitos casais
fazem juras de amor diante do altar e amanhã acusações amargas na barra do tribunal.
O verdadeiro amor supera as crises e não naufraga durante as tempestades. Os
rios não podem afogá-lo nem a morte cobri-lo com uma pá de cal. O amor é mais
forte que a morte. O amor jamais acaba. O verdadeiro amor santifica a relação. Quando
existe amor entre os cônjuges, o relacionamento torna a outra pessoa mais pura,
mais feliz, mais cheia de vida, mais próxima de Deus. Onde há brigas,
contendas, mágoas, sofrimento e choro ali não está presente o verdadeiro amor.
O verdadeiro amor não é possessivo nem manipulador. Ninguém pode ser realmente
feliz vivendo no cabresto, sob vigilância e controle do cônjuge. Onde não há
liberdade, não há amor. A esposa precisa ter liberdade para expressar seus
pensamentos, sentimentos e desejos sem censura ou medo. O marido precisa descobrir
métodos criativos para expressar seu amor pela esposa. Sua meta deve ser agradá-la
e satisfazê-la.
e) No relacionamento conjugal a prática sexual deve ser ativa,
respeitosa e sem sonegação. No casamento, o sexo é imprescindível; é uma maneira
pela qual se dá o ajustamento do casal, pois é uma das principais expressões do
amor conjugal. Com efeito, é através do sexo que um cônjuge se entrega ao
outro, que um cônjuge procura agradar ao outro; é uma das expressões pelas
quais se traduz a união do casal (“e serão ambos uma carne” – Gn.2:24). O amor
conjugal não se confunde com o sexo, como propala erroneamente o mundo imerso
no pecado, mas tem uma de suas expressões no sexo. O sexo praticado no modelo
bíblico revela o verdadeiro amor, pois não é egoísta, tanto que diz a Bíblia
Sagrada que o corpo do cônjuge está sob o domínio do outro (1Co.7:4). Portanto,
a sonegação do sexo ao cônjuge é uma retenção indevida. A ordem bíblica é clara:
“não vos priveis um do outro”. Negar-se a atender o cônjuge sexualmente é tirar
dele o que lhe é de direito, é proibir que ele usufrua os benefícios daquilo
que lhe foi garantido. Deixar de atender sexualmente ao cônjuge é desobedecer a
uma ordem bíblica, é ir de encontro ao preceito de Deus, é estar na contramão
do mandamento do Senhor.
Portanto, o casal que deseja que seu casamento dure até que a morte os separe,
deve atender os quesitos acima.
3. Casamento: uma
união indissolúvel
O relacionamento mais importante na sociedade é o relacionamento entre
marido e mulher, por isso é que o homem deve deixar pai e mãe para unir-se a
sua mulher; e os dois não devem ficar juntos apenas até surgirem os primeiros problemas,
ou até que um seja rude com o outro, ou até surgirem sérias dificuldades na
vida conjugal. No projeto de Deus o casamento é indissolúvel. O relacionamento
dos filhos com os pais é temporário e deve ser rompido no momento certa, mas o
relacionamento do marido com a esposa é permanente e jamais deve ser quebrado.
O casamento é uma aliança firmada, diante de Deus, entre um homem e uma
mulher. Quando alguém entra numa aliança, assume um inescapável compromisso. A
Bíblia fala que Deus fez uma aliança conosco, e essa aliança é um vínculo
inquebrável com Deus. Deus não quebra aliança e não nos permite quebrá-la também.
Quando alguém que está em aliança com Deus, desobedece e não aceita as
condições estipuladas por esta aliança, a consequência é a maldição, mas Deus
não quebra Sua aliança.
O casamento é, portanto, uma aliança estipulada por Deus. "...o
Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual
tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança" (Ml.2:14).
E é por isto que Ele odeia o divórcio (Ml.2:16). No livro de Provérbios (2:17),
Deus adverte contra a adúltera que lisonjeia com palavras, que "deixa o
amigo da sua mocidade e se esquece da aliança com Deus". Note bem, ao
deixar o homem com quem ela se casou, é acusada de quebrar sua aliança. O casamento
é uma aliança, e por isto não podemos tratá-lo a nosso próprio gosto.
O casamento é a pedra fundamental da sociedade humana; é a célula-mãe da
sociedade; dele depende todas as outras instituições; até mesma a Igreja está
estribada no casamento. A Igreja é um reflexo das famílias que a compõem. O
casamento, além de ser a pedra angular da sociedade e a base fundamental da
Igreja em particular, também desempenha um papel decisivo na vida humana.
Precisamos entender, portanto, que no Reino de Deus o casamento deve ser
indissolúvel. Em Mt.19:6 Jesus afirma que "... "aquilo que Deus
ajuntou não separe o homem". A única razão para o divórcio, segundo
informou Jesus, é o adultério (Mt.19:9), e isto para proteger a parte inocente,
e não para dar às pessoas uma maneira fácil de sair de um relacionamento
desagradável. Fora do adultério, o casamento só pode ser dissolvido em honra
somente pela morte (Rm.7:2; 1Co.7:39). Divórcio é o atestado do pecado humano;
é uma coisa horrenda aos olhos de Deus. Deus odeia o divórcio (Ml.2:16).
CONCLUSÃO
É verdade que o casamento é para sempre, mas a sua perenidade depende de
um relacionamento firmado pelo amor mútuo entre o marido e a esposa, tendo como
principal elemento entre os dois, o Espírito Santo. Está escrito que “um cordão
de três dobras não se rompe com facilidade” (Ec.4:12). Sem dúvida as forças
do mal investem contra o casamento, tentando levá-lo ao rompimento da aliança
conjugal; porém, quando um casal se liga a Deus, há um tremendo fortalecimento
dos laços que unem este casal. E como fazer para ter esta "terceira
dobra" no casamento? A resposta é simples: tem que convidar Jesus! Note o
detalhe no relato de João 2.2: “Jesus e seus discípulos também haviam sido
convidados para o casamento”. Se o casal tiver uma ligação verdadeira com
Jesus, segundo Eclesiastes 4, terá pelo menos quatro vantagens:
a). Os dois prosperarão trabalhando juntos (Ec.4:9) – “porque maior é a
recompensa do trabalho de duas pessoas”. A bênção do Senhor sobre esse
casamento produzirá unidade e os cônjuges trabalharão juntos em prol dos
objetivos que definirão com a sabedoria de Deus. Não haverá competição, mas sim
cooperação entre o casal.
b) O casal se cuidará melhor (Ec.4:10) – “se um cair, o amigo pode ajudá-lo a
levantar-se”. O cônjuge terá a bênção de contar com o carinho e o cuidado do outro
cônjuge. Um casamento abençoado por Deus tem esta harmonia. Um cuida do outro,
com carinho e zelo.
c) O cônjuge terá sua alma aquecida (Ec.4:11) – “e se dois
dormirem juntos, vão manter-se aquecidos”. Todas as pessoas têm necessidade de
afeto, carinho e atenção. Com a bênção do Senhor, tais carências serão supridas.
d) Os dois serão fortes (Ec.4:12) - “mas os dois conseguem defender-se”.
Jesus disse no Sermão da Montanha sobre os "ventos fortes" que sopram
contra a casa. Fundamentados nos princípios do Senhor, os cônjuges serão fortes
para resistir e vencer.
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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico
e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico
popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento –
Aplicação Pessoal. CPAD.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Mateus –
Jesus, o Rei dos reis.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Casamento,
Divórcio e Novo Casamento.
Dicionário Wycliffe.
Elinaldo
Renovato. A Família Cristã e os ataques do inimigo. CPAD.
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