2° Trimestre/2022
Texto Base: Mateus 7:1-6
“Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai
é misericordioso (Lc.6:36).
Mateus 7:
1.Não julgueis, para que não sejais julgados,
2.porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida
com que tiverdes medido vos hão de medir a vós.
3.E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão e não
vês a trave que está no teu olho?
4.Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho,
estando uma trave no teu?
5.Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então, cuidarás em
tirar o argueiro do olho do teu irmão.
6.Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas
pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem.
INTRODUÇÃO
Nesta Aula trataremos de um novo tema proferido por Jesus no Sermão do
Monte: o complexo tema do julgamento. Jesus condena o julgamento temerário
(Mt.7:1-15), mas também incentiva o julgamento daqueles que desprezam a mensagem
de Deus e atacam os mensageiros (Mt.7:6). Jesus condena o hábito de fazer crítica
ferina e dura, e não o exercício da faculdade crítica pela qual os homens podem
fazer, e se espera que façam, em ocasiões especificas, juízos de valor,
escolhendo entre diferentes programas e planos de ação.
Segundo William Macdonald, o mandamento de não julgarmos os outros
inclui as seguintes áreas: não deveríamos julgar motivos, pois só Deus os pode
ver; não deveríamos julgar pelas aparências (João 7:24; Tg.2:1-4); não
deveríamos julgar aqueles que têm escrúpulos conscienciosos sobre assuntos que
julgam não estarem certos ou errados (Rm.14:1-5); não deveríamos julgar o
serviço de outro cristão (1Co.4:1-5) e; não deveríamos julgar um companheiro cristão
falando mal dele (Tg.4:11,12). Em suma, Jesus foi enfático ao declarar: “Não
julgueis, e não sereis julgados” (Lc.6:37). Somente o Senhor, que é conhecedor
de todas as coisas, tem autoridade para julgar suas criaturas. Deus é o justo
juiz e todo julgamento no campo espiritual pertence somente a Ele (2Tm.4:8).
I. NÃO DEVEMOS JULGAR O OUTRO
1. Aprendendo a se
relacionar com os outros
Cristianismo é pleno relacionamento - vertical e horizontal; ou seja, é
Deus se relacionando conosco e nós nos relacionando uns com os outros. Apesar
das diferenças que temos, pois somos indivíduos com personalidades diferentes,
daí a dificuldade nos relacionamentos, sujeitos a enfrentar conflitos entre nós
(1Co.1:11,12), devemos sim, com a ajuda do Espírito Santo, nos esforçar a aprender
se relacionar uns com os outros. Apesar de sermos muitos, formamos um só corpo (1Co.12:12).
E a principal característica desse corpo é a unidade. Todos os que creem em
Cristo fazem parte do mesmo corpo, da mesma família, do mesmo rebanho. Essa
unidade não é organizacional nem denominacional, mas espiritual. Nós
confessamos o mesmo Senhor (1Co.12:1-3), dependemos do mesmo Deus (1Co.12:4-6),
ministramos no mesmo Corpo (1Co.12:7-11), e experimentamos o mesmo batismo
(1Co.12:13).
O corpo embora uno tem uma grande diversidade de membros – “Porque
também o corpo não é um só membro, mas muitos” (1Co.12:14). O que torna o corpo
bonito e funcional é o fato de ele ter seus membros harmoniosamente
distribuídos e todos trabalhando juntos para o bem comum. Se eu cortasse o meu braço
e o colocasse numa cadeira ao lado, ele seria meu braço ainda; só que que não
valeria nada para o corpo; esse braço só tem valor se tiver ligado ao corpo; fora
do corpo ele não tem valor, é inútil. Se eu cortasse minha mão e a colocasse
numa cadeira, no outro lado da sala, ela ainda seria minha mão, mas não teria
mais utilidade porque estaria separada dos outros membros do corpo. Da mesma
maneira, o apóstolo Paulo está dizendo que somos uma unidade. O membro tem
valor na medida em que está inserido no corpo e na proporção em que ele
trabalha para o bem comum do corpo.
O corpo precisa das diversas funções dos membros para sobreviver
(1Co.12:15-19). Um membro serve ao outro e todos trabalham em harmonia para o
benefício e edificação do corpo. Imagine que você esteja com fome caminhando
pela estrada e vê uma mangueira cheia de mangas maduras, mangas vermelhas,
mangas cheirosas. O seu olho vê a manga, no entanto, não basta o olho ver; você
tem de usar a mão para pegar; você tem de usar a boca e os dentes para morder e
mastigar; você tem de usar a língua para movimentar; você tem de usar o esôfago
para engolir; você tem de usar o estômago para triturar; você tem de usar o
fígado para jogar a biles ali; você precisa de toda uma máquina funcionando
para que aquela manga possa nutrir você e atender à sua necessidade.
Assim, também, é a Igreja; ela é um Corpo e nós precisamos ajudar uns
aos outros. Na Igreja precisamos aprender a ter empatia, a sofrer com os que
sofrem e alegrar-se com os que se alegram. Disse o apóstolo Paulo: “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um
deles é honrado, com ele todos se regozijam” (1Co.12:26). Não estamos num
campeonato dentro da Igreja disputando quem é o mais talentoso, o mais dotado,
o mais espiritual. Somos uma família. Somos um Corpo. Devemos celebrar as
vitórias uns dos outros e chorar as tristezas uns dos outros.
2. Ninguém deve ser
julgado?
Foi Jesus quem disse: “Não julgueis...” (Mt.7:1). Todavia, Jesus não
está nos ensinando a ser cristãos sem discernimento. Nunca foi sua intenção que
abandonássemos as faculdades críticas ou discernimento. O Novo Testamento
contém muitos exemplos de julgamentos legítimos da condição, da conduta ou do
ensinamento de outros. Além disso, há várias áreas em que se ordena ao cristão
tomar uma decisão, para discernir entre o bom e o mau ou entre o bom e o melhor
ou entre o joio e o trigo. Veja alguns exemplos:
a) Quando surgem
contendas entre cristãos, elas devem ser acertadas na Igreja Local perante
membros que podem decidir a questão (1Co.6:1-8).
b) A Igreja Local deve
julgar pecados sérios dos membros e tomar as devidas providências (Mt.18:17;
1C.5:9-13).
c) Os cristãos têm de
julgar os ensinamentos doutrinários dos ensinadores e pregadores através da
Palavra de Deus (Mt.7:15-20; 1Co.14:29; 1João 4:1).
d) Os cristãos têm de
discernir se os outros realmente são cristãos a fim de obedecer à ordem de
Paulo em 2Corintios 6:14 – “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos;
porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que
comunhão, da luz com as trevas?”.
e) Os membros da Igreja
precisam julgar quais homens têm as qualidades necessárias para serem líderes
(1Tm.3:1-13).
f) Temos de discernir
quais pessoas são desordeiras, covardes, fracas etc., e tratá-las de acordo com
as instruções da Bíblia (por exemplo: 1Ts.5:14 - “Exortamos-vos, também,
irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os
fracos e sejais longânimos para com todos”).
Portanto, como disse Charles Spurgeon, “não devemos julgar, mas não devemos
agir sem julgamento”.
3. O julgamento
defendido por Jesus
O julgamento defendido por Jesus é aquele que é feito com amor. Ele deu
uma ordem expressa: “não julgueis...” (Mt.7:1a), mas, aqui, Jesus se refere à
atitude condenável de julgar sem amor, a qual ocorre com especial facilidade
pelas costas do próximo. E qual é em geral o motivo do julgamento frio e da
condenação pelas costas? É a satisfação malévola secreta com a desgraça do
próximo. Não temos conhecimento suficiente para julgar imparcialmente nem temos
poder para condenar. Esse julgamento subjetivo, temerário e tendencioso não
deve ser praticado pelos seguidores de Jesus. O que Ele espera é que
julgamentos de valor sejam feitos, que o certo e o errado sejam identificados,
e que o digno e o indigno sejam discernidos. O cristão deve ver a falta do
irmão de forma que tal pessoa seja trazida a uma correção gentil, mas firme (cf.
Mt.8:15-17).
Qual, então, a justificativa para não julgarmos sem amor? Jesus disse: “…para
que não sejais julgados” (Mt.7:1b). Quem julga, será julgado. Quem se assenta
na cadeira do juiz, assentar-se-á no banco dos réus. A seta que você lança
contra o outro volta-se contra você. Robertson acredita que Jesus esteja aqui
citando um provérbio semelhante a: “quem tem telhado de vidro não joga pedra no
telhado dos outros”.
II. DEVEMOS PRIMEIRAMENTE OLHAR PARA NÓS MESMOS
1. Cuidado com o
juízo exagerado sobre os outros
Há um grande erro que costumeiramente é cometido pelos cristãos: expor
os pecados cometidos por alguém e estabelecer sobre ele um julgamento muitas
vezes sem nenhum critério justo. É mais fácil enxergar um cisco no olho do
irmão do que uma tábua em nossos próprios olhos. Somos complacentes com nós
mesmos e implacáveis com os outros. Somos rasos demais para ver nossos erros e
profundos demais para enxergar os erros dos outros. Devemos ter discernimento
não para ver com lentes de aumento os pecados dos outros, mas devemos ter clara
visão para socorrermos o nosso irmão e seu desconforto. Os fariseus julgavam e
criticavam os outros para exaltar a si mesmos (Lc.18:9-14), mas os cristãos
devem julgar a si mesmos para ajudar a exaltar os outros. Alguém disse que “nada
divide a igreja com mais rapidez do que a ação daqueles que julgam duramente
seus irmãos”.
Muitas vezes quando a pessoa é apressada demais para apontar o dedo nas
feridas de alguém é porque essa pessoa tem alguma coisa errada consigo mesmo.
Foi o que aconteceu com Davi com relação ao seu pecado de adultério e homicídio.
Para confrontar Davi com seu pecado, Deus mandou Natã, um profeta (2Sm.12:1-14);
ele narra a parábola do camponês pobre que perdeu sua única ovelha por causa da
maldade do vizinho rico. Davi ficou bravo, e demandou um castigo duro ao ladrão.
Falou que este homem teria que pagar quatro vezes o valor da ovelha, e que
seria morto pelo crime (2Sm.12:5,6). É comum alguém que pecou e não tratou de
forma devida o seu pecado projetar um sentimento de "justiça" e uma
falsa santidade perante os outros. Ele exige dos outros aquilo que ele mesmo
não fez. Cobra santidade, requer compromisso, exige dedicação, no entanto, nega
com a sua prática a eficácia desses valores. Mas Natã, com divina autoridade,
disse a Davi: “Tu és este homem"(2Sm.12:7). O profeta Natã declarou que
Davi era culpado de desprezar “a palavra do Senhor” e de desprezar o próprio
Deus (2Sm.12:9,10). “Desprezar” significa tratar com menosprezo, fazer pouco
caso. Portanto, mediante seus atos, Davi estava declarando que Deus não era tão
importante, nem digno de amor e consagração. Foi fácil para Davi enxergar o
pecado do outro e considerado horrível, mas ele não pensou no seu, ou seja, não
reparou a trave que estava nos seus olhos (Mt.7:3).
Semelhantemente, na Igreja Local de hoje, há crentes que procuram falhas
nos outros e os sentenciam, mas ignoram ou fazem vista grossa em relação aos
seus próprios pecados, que, por vezes, são mais graves do que as que outra
pessoa está cometendo. Precisamos, pois, ter cuidado com o juízo exagerado sobre
alguém.
2. A inconsistência
dos que possuem espírito de crítica
Jesus condena o hábito de criticar os outros, sendo nós mesmos faltosos.
O crente deve primeiramente submeter-se ao justo padrão de Deus, antes de
pensar em examinar e influenciar a conduta de outros cristãos (Mt.7:3-5).
Um espírito crítico e arbitrário difere radicalmente do amor. A condição
especial dos crentes junto à Cristo não lhes dá licença para tomar o lugar de
Deus como juiz. Aqueles que julgam dessa maneira encontrar-se-ão igualmente
julgados por Deus. Como Deus tem misericórdia dos misericordiosos (Mt.5:7) e
perdoa aqueles que perdoam (Mt.6:14,15), Ele condenará os que condenam – “porque
com o juízo com que julgardes sereis julgados e com a medida com que tiverdes
medido vos hão de medir a vós” (Mt.7:2). Jesus disse que era inaceitável que alguém
desculpasse os próprios pecados, e, ao mesmo tempo, condenasse os outros por um
comportamento semelhante.
Quando perceber algum erro em alguém, seu primeiro impulso pode ser
enfrentar ou rejeitar essa pessoa; mas, primeiro pergunte a si mesmo se o conhecimento
desse erro não está espelhando a sua própria vida. Seu esforço para ajudar será
em vão se essa pessoa puder apontar o mesmo erro em você. Utilize o seu próprio
remédio antes de pedir que alguém o utilize.
Os escribas e fariseus eram peritos em julgar os outros, eram
autoconfiantes e justos aos seus próprios olhos (Lc.18:9); por isso, foram
duramente repreendidos pelo Senhor Jesus. Certa feita, eles trouxeram junto a
Jesus uma mulher que tinha sido pegue em pleno ato de adultério, segundo a versão
deles. Jesus percebeu logo que aquilo era uma farsa, uma imensa hipocrisia. Jesus
conhecia os pensamentos deles, sabia do plano abominável deles. Ele poderia ter
exposto esses acusadores à execração. Podia ter denunciado o segredo do coração
deles, mas apenas lhes disse: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o
primeiro que atire pedra contra ela” (João 8:7). A derrota dos acusadores foi patentíssima.
Acusados pela consciência, retiraram-se, começando a debandada pelos mais
velhos, que evidentemente idearam o plano, seguindo-se os mais moços, até o
último. Jesus chama de hipócrita aquele que vê transgressões pequenas na vida
dos outros e não consegue enxergar os grandes pecados em sua própria vida
(Mt.7:5). Portanto, antes de tratar os pecados dos outros, precisamos enfrentar
a nós mesmos.
3. O que fazer para
não julgarmos precipitadamente os outros?
Segundo o Pr. Osiel Gomes, em seu livro “Os valores do Reino de Deus”, para
não julgamos os outros de modo precipitado, basta que atentemos para as
palavras de Cristo em Mateus 7:3-5:
“E por que reparas tu
no argueiro que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu
olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando
uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e, então,
cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão. Não deis aos cães as coisas
santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e,
voltando-se, vos despedacem”.
Se colocarmos estas exortações de Jesus em prática, não julgaremos os
outros precipitadamente. Jesus nos leva à conscientização de que temos em
nossas vidas muitos pecados - alguns são como argueiros (palha, resíduos de
cereais) ou estilhaços, outros como trave (ou tábua). A primeira coisa a fazer
com esses pecados é tratá-los antes de tratarmos os outros.
Todavia, precisamos entender que em momento algum Jesus está dizendo que
não devemos nos preocupar em corrigir ninguém, pois em Tiago 5:19,20 somos
incentivados a corrigir os faltosos; porém, ele nos lembra de que não devemos
nos precipitar em nosso julgamento em relação a outras pessoas, condenando-as; devemos
estar cientes dos nossos pecados e, como espirituais que somos, o tratamento
deve ser criterioso e com amor (Gl.6:1).
Os que procuram julgar os outros sem primeiramente atentar para a sua
vida agem como hipócritas, querendo curar as outras pessoas quando elas mesmas
estão enfermas. Jesus quer que o crítico tire a trave do seu próprio olho para
poder enxergar melhor. Somente depois disso, vendo seus próprios erros, suas
fraquezas humanas, procure tirar o pequeno cisco do olho do próximo.
III. E SE FÔSSEMOS JULGADOS PELA SEVERIDADE DE DEUS
1. Deus é
severo?
Se Deus fosse severo, Ele tinha colocado o homem e a mulher no Inferno
para sempre por ter pecado deliberadamente contra Deus (Rm.3:23). Deus é bom
(Mc.10:18), e a prova disso é o fato de Ele ter enviado o seu amado Filho,
Jesus Cristo, para morrer por toda a humanidade perdida e inimiga de Deus (Joao
3:16). Contudo, Ele é o justo juiz, e sente indignação todos os dias (Sl.7:11).
Para aqueles que vivem na prática deliberada do pecado e não atentam
para o sacrifício de Jesus na cruz do calvário, há uma mensagem contundente do
profeta Jeremias: “Mas o Senhor é verdadeiramente Deus; ele é o Deus vivo e o
Rei eterno; do seu furor treme a terra, e as nações não podem suportar a sua
indignação” (Jr.10:10). Um Dia, perante o Grande Trono Branco, o justo Juiz
julgará todos aqueles que pecaram deliberadamente contra Ele por não se arrependeram
dos seus vis pecados; serão julgados e jogados no Lago de fogo e enxofre, onde estarão
por toda a eternidade (Ap.20:11-15). Deus é amor (1João 4:8), mas também é fogo
consumidor (Hb.12:29).
2. Como Deus nos
julga?
Estamos no período da graça, portanto, não devemos esperar algum
julgamento de Deus, aqui e agora, por infrações cometidas, sejam elas as mais
absurdas. Um Dia, porém, tudo que fizermos por meio do corpo, bem ou mal, prestaremos
conta com Deus, mediante um julgamento. Precisamos entender que a vida é uma
semeadura, colhemos o que plantamos. Aqueles que plantam o mal colherá o mal.
Aqueles que semeiam vento colherão tempestade. Aqueles que semeiam na carne, da
carne colherão corrupção. O que fazemos aqui determinará nosso destino amanhã.
Querer fazer o mal e receber o bem é zombar de Deus, e de Deus ninguém zomba
(Gl.6:7).
Precisamos entender que Deus é justo, estabeleceu um governo moral no mundo
e disponibilizou suas leis para serem praticados. Quando essas leis são
quebradas, haverá consequências e sanções que serão tratadas no tempo certo. Na
Bíblia inteira, Deus é visto como Justo Juiz. Ele pronunciou juízos, nos tempos
antigos, contra Israel, e também contra as nações. No fim dos tempos não vai
ser diferente. Todo ser humano devia se preocupar com esse momento, pois fora
da Salvação em Cristo, indubitavelmente, enfrentará esse momento que,
infelizmente, nele só haverá um veredicto: a condenação eterna (Ap.20:15). Este
é o chamado “Julgamento Final” ou “Juízo Final” ou, ainda, o “Juízo do Trono
Branco”, que terá lugar depois do término do reino milenial de Cristo. Logo
após os rebeldes serem devorados pelo fogo do céu que cairá sobre os exércitos
que estarão a cercar a cidade santa de Deus, terá findado a história humana. O
tempo deixará de existir e Deus chamará à sua presença todos os seres humanos
que foram criados e que ainda não tinham sido julgados até então, ou seja, todo
ser humano que não pertence nem à Igreja nem ao Israel salvo nem ao grupo dos
mártires da Grande Tribulação, que já terão sido julgados. Estes “outros homens”
são os que serão levados a julgamento neste último grande tribunal da história.
3. O exemplo da justiça
de Deus na vida de Davi
A vida de Davi como homem comum foi dividida em dois períodos: antes e
depois do pecado de adultério com Bate-Seba, esposa de Urias. Antes, um homem
segundo o coração de Deus – obediente, valente, vitorioso, temente ao Senhor –
o Senhor era com ele; depois (durante 25 anos), um homem deprimido - moral,
emocional e espiritualmente; perseguido e vulnerável. Após pecar, Davi ouviu um
dos mais duros julgamentos pronunciados pelo profeta Natã (2Sm.12:10-14). O
julgamento atingia não somente sua vida pessoal, mas também toda a sua
existência, incluindo o reino e a família dele. Embora Davi tenha se
arrependido dos seus pecados e recebido o perdão da parte de Deus, as consequências
desse pecado não foram eliminadas por Deus. Semelhantemente, um crente que
venha a cometer pecados terríveis, pode receber, através da tristeza segundo
Deus e o arrependimento sincero, a graça e o perdão da parte de Deus. Mas, a restauração
do nosso relacionamento com Deus não significa que escaparemos do castigo
temporal, nem que ficaremos isentos das consequências dos pecados específicos (cf.
2Sm.12:10,11,14).
O adultério com Bate-Seba, o planejamento e a covarde execução de seu esposo,
Urias, estão entre os pecados mais condenáveis e repulsivos já narrados na
história bíblica. Uma vez concebido, o pecado fez com que o "homem segundo
o coração de Deus" passasse da vitória para o tormento. O rei Davi mais do
que ninguém sentiu na pele e na alma a tragédia desse pecado. Deus, o Senhor de
toda a justiça, reprovou o ato de Davi (2Sm.11:27), perdoou-o por se arrepender
profundamente do ato impensado e precipitado, mas não o livrou das inevitáveis
e trágicas consequências.
Muitas pessoas passam a vida inteira chorando por uma decisão errada
feita apenas num instante. Pagam um alto preço por uma desobediência. Choram
amargamente por tomar uma direção errada na vida. Portanto, cuidado com o
pecado, pois ele pode levar você mais longe do que você quer ir. O pecado promete
prazer e paga com o desgosto; levanta a bandeira da vida, mas seu salário é a morte;
tem um aroma sedutor, mas ao fim cheira a enxofre. Só os loucos zombam do
pecado.
A maneira correta de lidarmos com o pecado é nos arrependermos dele e,
com toda a sinceridade, buscarmos em Deus o perdão, a graça e a misericórdia (Sl.51;
Hb.4:16; 7:25), e nos dispormos a aceitar, sem amargura nem rebelião, o castigo
divino pelo nosso pecado. Davi tanto reconheceu quanto confessou seus pecados
terríveis; voltou-se para Deus e aceitou a Sua justiça com humildade (2Sm.12:9-13,20;16:5-12;24:10-25;
Sl.51).
CONCLUSÃO
A ordem de Jesus é contundente: “não julgueis” (Mt.7:1), e devemos obedecer
a essa ordem. Todavia, isso não tem a finalidade de encobrir o comportamento errado
dos outros, e sim um chamado para discernirmos nossos erros e nossas
motivações, em vez de mostrar um comportamento negativo para com os outros. Assim
sendo, não é correto tomar a posição de juiz contra alguém e muito menos julgar
uma pessoa apenas por sua aparência exterior. Precisamos ter cuidado quando for
feita uma avaliação a respeito das atitudes de alguém; se precisar realmente ser
feita, é bom que se faça à luz da Palavra de Deus, sem precipitação, de modo
criterioso, sensato e lúcido, e confiar em Deus como o supremos Juiz
(1Co.4:3-5).
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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).
Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.
Pr. Hernandes Dias Lopes. Mateus – Jesus, o Rei dos reis.
Pr. Osiel Gomes. Os Valores do
Reino de Deus – A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. CPAD.
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