3º Trimestre/2023
Subsídio para a Lição 06
Texto
Base: RUTE 4:7-12
“E
tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o
guardar” (Gn.2:15).
RUTE
4:
7.Havia, pois, já de muito tempo este costume em
Israel, quanto à remissão e contrato, para confirmar todo negócio, que o homem
descalçava o sapato e o dava ao seu próximo; e isto era por
testemunho em Israel.
8.Disse, pois, o remidor a Boaz: Toma-a
para ti. E descalçou o sapato.
9.Então, Boaz disse aos anciãos e a
todo o povo: Sois, hoje, testemunhas de que tomei tudo quanto foi de
Elimeleque, e de Quiliom, e de Malom da mão de Noemi;
10.e de que também tomo por mulher a
Rute, a moabita, que foi mulher de Malom, para suscitar o nome do
falecido sobre a sua herdade, para que o nome do falecido não seja
desarraigado dentre seus irmãos e da porta do seu lugar; disto sois hoje
testemunhas.
11.E todo o povo que estava na
porta e os anciãos disseram: Somos testemunhas; o Senhor faça
a esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a Leia, que
ambas edificaram a casa de Israel; e há-te já valorosamente em Efrata e faze-te nome
afamado em Belém.
12.E seja a tua casa como a casa de
Perez (que Tamar teve de Judá), da semente que o Senhor te der desta
moça.
INTRODUÇÃO
Trataremos nesta Lição da
“desconstrução da masculinidade Bíblica”. É um tema importante, pois a definição de masculinidade
tem sido desvirtuada pelo "progressismo" sociocultural. É fato que a
masculinidade está ameaçada em nossos dias; há um processo
presente na sociedade pós-moderna de desconstrução da masculinidade tal como é
apresentada na Bíblia. Os homens hodiernos têm sido ensinados a não assumirem a sua função e
responsabilidades sociais quando orientados desde a infância – na escola e até
mesmo em casa – de que tais coisas hoje em dia são relativas, descontruindo
assim o modelo bíblico de homem. No entanto, é na Bíblia Sagrada – o manual do
Criador – onde buscamos os ensinos para uma possível compreensão da
Masculinidade. De acordo com a Palavra de Deus, a masculinidade
bíblica leva em conta a criação divina, a constituição biológica e o papel
estabelecido por Deus para o homem cristão.
Vivemos uma época em que a luta contra os princípios e valores
estabelecidos tem se intensificado. Há uma desvalorização e até mesmo desprezo
pelos padrões e por todo tipo de tradição. O "Progressismo" cultural,
via de regra, está combatendo diretamente a tradição bíblica como, por exemplo,
o casamento, o princípio da autoridade, a criação e disciplina de filhos. Mas
nós sabemos, pelas Escrituras Sagradas, que o homem em seu estado de
pecaminosidade, deseja mesmo libertar-se dos padrões impostos por Deus; o
salmista já trata desse desejo quando diz: “Por que as nações se enfurecem
tanto? Por que perdem seu tempo com planos inúteis? Os reis da terra se
preparam para a batalha; os governantes conspiram juntos, contra o Senhor e
contra seu ungido. Vamos quebrar estas correntes, eles dizem. Vamos nos
libertar da escravidão!"(Salmos 2:1-3-NVT).
Na verdade, tudo isto que está acontecendo, até mesmo as coisas que em
outro tempo eram inimagináveis, e que temos acompanhado nos últimos tempos,
sempre estiveram no coração corrupto do ser humano pós-queda (Jr.17:9). Por
isso, Deus orienta o seu povo para que viva e haja com sabedoria, "não
removendo os marcos ou limites antigos que foram postos pelos seus pais"
(Pv.22:28). Como nós reagiríamos se alguém mudasse de lugar as coisas onde nós
as pusemos? Aquilo que culturalmente ou socialmente precisa ser mudado deve ser
conforme a Palavra dAquele que criou e estabeleceu todas as coisas; porém,
aquilo que precisa ser conservado o deve ser também em observância a Palavra de
Deus, e não segundo o desejo do coração do ser humano. As coisas devem estar onde
Deus quer que elas estejam.
I. A MASCULINIDADE BÍBLICA
1. A criação divina do ser humano
O ser humano é considerado a coroa da Criação. Enquanto os demais seres
foram criados tão somente pela palavra do Senhor, o homem foi objeto de cuidado
especial, tendo Deus deixado bem claro que o ser humano seria um ser diferente,
pois seria feito à imagem e semelhança de Deus e que, além disso, seria
constituído como superior em relação aos demais. Nenhuma teoria da evolução
humana do reino animal, qualquer que seja a sua versão, é compatível com essa
declaração bíblica. Está escrito em Gênesis 1:26-28: “E disse Deus: Façamos o
homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do
mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo
réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem
de Deus o criou; macho e fêmea os criou”. Veja que, ao criar o ser humano, Deus
o definiu pelo sexo: “macho e fêmea”, homem e mulher. Essa
diferenciação visa ao complemento mútuo na união conjugal e ao desempenho dos
papéis divinamente designados a cada um.
Nenhuma outra criatura foi feita como o ser humano. Os peixes, as aves e
todos os outros animais foram produzidos “segundo a sua espécie”
(Gn.1:21,24,25), mas ao criar o ser humano, Deus o fez olhando para si mesmo,
isto é, olhando a sua própria imagem e semelhança (Gn.1:26). Portanto, a
expressão “imagem de Deus” é usada unicamente com referência aos seres humanos
e, assim, os separa das demais criaturas. Enquanto as demais criaturas são
criadas segundo as suas espécies (Gn1:21,24,25), o ser humano é feito à imagem
de Deus. Segundo o teólogo James Montgomery Boice, a expressão “à imagem de
Deus” significa que o homem tem personalidade (conhecimento, sentimento e
vontade), moralidade (liberdade e responsabilidade) e espiritualidade (feito
para ter comunhão com Deus).
O homem foi criado a imagem e semelhança de Deus no sentido espiritual,
porém, após o pecado de Adão, o pecado manchou esta imagem divina no homem, e
com isto alguns traços da imagem de Deus no homem foram perdendo o valor; isto
é melhor compreendido ao ver o pecado crescendo, e os valores morais perdendo o
valor, e ver que o homem após o pecado tem uma facilidade muito grande de não
cumprir suas palavras, de desrespeitar o próximo, e desobedecer ao seu Criador
Será que os homens de nossos dias ainda são a imagem e semelhança de
Deus? A resposta é não, pois somente a obra expiatória de Cristo poderá
recuperar a imagem de Deus no homem, mediante o arrependimento dos pecados;
quando o homem recebe o amor de Cristo, o Apostolo São Paulo afirma que o homem
passa a ser uma nova criatura(2Co.5:17). A palavra nova criatura quer dizer que
a primeira criação já não mais existe, a imagem do pecado que restou de Adão
deixa de existir, e assim em Cristo o homem passa a ser novamente a imagem de
Deus, pois tudo se faz novo.
2. Características da masculinidade
Várias são as características da função
do homem na história, segundo a sua constituição biológica, reveladas nas Escrituras
Sagradas; dentre elas se destacam o homem como protetor e provedor. Ao criar o
homem, Deus lhe confiou duas tarefas primárias e essenciais: cultivar e guardar
– “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o
cultivar e o guardar” (Gn.2:15). O trabalho é dom de Deus, e não castigo pelo
pecado; na verdade, é uma ordenança divina antes e depois da Queda.
Os verbos “cultivar” e “guardar”
abrangem todo tipo de atividade humana; no Eden, devia cultivar o jardim, como
um agricultor, e guardar o jardim, como um vigilante. O pr. Douglas Baptista
afirma que estes “dois termos resumem o mandado divino para o comportamento
masculino. Significa que as funções de provedor e protetor são próprias da
natureza do homem”. Na verdade, o homem é apenas um Mordomo ou administrador
das coisas criadas por Deus, dentre elas está a família, que deve ser feita de
forma inteligente, racional e sábia.
Quanto ao exercício da Mordomia da
Família, pelo casamento, o homem, no uso de seu papel de protetor e provedor,
deve proteger sua família, bem como prover-lhes uma vida digna (Ef.5:28-30).
Ele deve assumir diante de Deus vários deveres. Cito apenas quatro:
a) O dever de prover as necessidades
materiais. No exercício da Mordomia da família, é
um dever do homem prover as necessidades materiais para sua família. Foi
ao homem que Deus disse: “No suor do teu rosto comerás o teu pão...” (Gn.3:19).
O homem é o responsável pelo sustento material da família, mas isto não
significa que a mulher não possa auxiliar nessa tarefa. Nada impede que
uma mulher se desenvolva, que estude e que se forme, que trabalhe para ajudar a
família, e que faça a Obra do Senhor, desde que estas atitudes não desfigurem o
propósito de Deus de dar ao homem uma “adjutora” - para que o homem não
estivesse só. “Adjutora” é uma auxiliadora, é alguém que Deus colocou junto do
homem para ajudá-lo.
b) O dever de prover as necessidades
afetivas. Biblicamente, o casamento deve ter como
pilar principal o amor; do contrário, não haverá como suprir as necessidades
afetivas do cônjuge. A “masculinidade bíblica” enaltece o amor e o cuidado em
relação à mulher e que “o machismo” a inferioriza e a desonra. Nesse aspecto, a
Bíblia ensina ao homem a honrar a mulher com toda a dignidade (1Pd.3:7).
O homem fiel e virtuoso tem o dever de
amar sua esposa, de suprir suas necessidades afetivas; é o que a Palavra de
Deus ensina: “Vós maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a
Igreja, e a si mesmo se entregou por ela. Assim devem os maridos amar a suas próprias
mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si
mesmo” (Ef.5:25,28). Foi o próprio Adão quem declarou: “...esta é agora
osso dos meus ossos, e carne da minha carne...”. Nesta declaração está
implícito o seu reconhecimento de que a mulher não é um simples objeto, mas que
é uma pessoa semelhante a ele - uma pessoa com sentimentos, com emoções, com
vontade própria; uma pessoa capaz de amar e com necessidade de ser amada. Portanto,
suprir as necessidades afetivas do cônjuge é uma obrigação no exercício da
Mordomia da Família.
c) O dever de prover as necessidades
sexuais. No casamento, suprir a esposa com bens
materiais como, por exemplo, casa, carro, roupas, alimento, dinheiro, não é o
bastante; ela necessita também de afeto e de sexo. Isso deve ser aplicado,
também, ao marido. Foi o que Paulo ensinou com outas palavras: “O marido
pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher, ao marido. A
mulher não tem poder sobre o seu corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma
maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher.
Não vos defraudeis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo,
para vos aplicardes à oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás
vos não tente pela vossa incontinência” (1Co.7:3-5).
d) O dever de proteger a família. Deus
formou o homem e lhe incumbiu de liderar e proteger sua esposa e família.
Porém, nestes tempos pós-modernos em que há uma desconstrução da masculinidade
bíblica, o homem não tem cumprido este papel essencial. A Bíblia diz que a
mulher, por ser mais frágil do que o homem, deve ser protegida e honrada por
ele - “Da mesma forma, vocês,
maridos, honrem sua esposa. Sejam compreensivos no convívio com ela, pois,
ainda que seja mais frágil que vocês, ela é igualmente participante da dádiva
de nova vida concedida por Deus. Tratem-na de maneira correta, para que nada
atrapalhe suas orações” (1Pd.3:7). Esta talvez tenha sido a segunda
mensagem que Deus quis transmitir quando formou a mulher de uma costela do
homem (Gn.2:21,22). A costela foi tirada de sob o braço do homem; braço,
na Bíblia, é símbolo de força, de proteção – isto significa a necessidade de a
mulher ser protegida, como vaso mais fraco. Assim, o homem precisa
transmitir confiança e segurança para que sua mulher possa viver tranquila ao
seu lado. Se o homem não for a “cabeça” (Ef.5:23), não haverá segurança no seu
lar e ele estará falhando como Mordomo da Família.
3. A liderança masculina
Uma das maneiras de o homem refletir a
imagem de Deus é pela liderança. Depois que Deus disse: “façamos o homem à
nossa imagem”, Ele acrescentou: “Tenha domínio...”. Deus ordenou que tanto o
homem quanto a mulher tivessem domínio (Gn.1:27). Tanto o homem quanto a mulher
receberam a habilidade e a autoridade de liderar, respeitando o espaço de cada
um estabelecido por Deus. Não receberam ordem de governar um ao outro, mas de
governar as criaturas da terra (Gn.1:28). Mas a História mostra como homens e
mulheres perverteram os seus papéis recebidos de Deus, tentando governar um ao
outro. Todos nós devemos servir uns aos outros nas áreas de nossos talentos e
do propósito (Gn.1:29,30). Deus criou todas as coisas para um propósito. Nosso
propósito geral é liderar, mas cada um de nós deve perguntar a Deus: “qual é o
meu propósito específico?”. A liderança de cada pessoa é mais bem exercida na
área do seu talento (Gn.1:31). Quando descobrimos os nossos talentos,
naturalmente lideramos naquelas áreas onde somos mais produtivos, intuitivos, sentimo-nos
mais confortáveis, exercemos mais influência e nos sentimos mais satisfeitos.
Com relação à Liderança na Família,
Deus reservou ao homem a liderança do lar. Na Bíblia, Deus é a cabeça de
Cristo; Cristo é a cabeça do homem; e o homem é a cabeça da família (1Co.11:3).
O movimento feminista, de viés neomarxista, considera esse modelo um sistema
machista opressor para com a mulher. Ao contrário dessa falácia, o apóstolo
Paulo revela que o homem deve liderar a sua casa do mesmo modo que Cristo
lidera a Igreja. Ao detalhar o papel do marido, Paulo escreveu: “Maridos, amai
vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por
ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água
pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem
ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim também os maridos
devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se
ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e dela
cuida, como também Cristo o faz com a Igreja” (Ef.5:25-29).
No Lar, o marido nunca deve usar sua
liderança para sufocar a esposa nem para impedi-la de se expressar. O conceito
de autoridade nas Escrituras não tem que ver com poder, domínio e opressão. A
liderança do marido não é uma permissão para agir com autoritarismo, mas uma
oportunidade para servir com amor. A ênfase de Paulo não está na autoridade do
marido, mas em seu amor (Ef.5:25,28,33). O marido deve amar sua mulher como ao
próprio corpo. O amor de Cristo pela Igreja foi proposital, sacrificial,
santificador, altruísta, abnegado e perseverante. O amor não é egoísta, mas
devotado à pessoa amada. O amor visa o bem da pessoa amada. O amor busca a
perfeição da pessoa amada. O amor visa a felicidade plena com a pessoa amada.
Enfim, contrariamente ao que muitos
ensinam, a liderança no Lar não se dá debaixo de poder e controle. Paulo pede
para que as pessoas tenham uma mútua submissão (Ef.5:21) e pede aos maridos
para que sejam imitadores de Cristo (Ef.5:23-25). E como Cristo conduz sua
Igreja? Ele forneceu recursos, ensinou, chorou, curou e se sacrificou por sua
Igreja, morrendo na cruz. Uma liderança espiritual significa em assumir
responsabilidades para manter saudáveis os relacionamentos e para poder
desenvolvê-los.
II. A EROSÃO DA MASCULINIDADE
1. Apologia à homossexualidade
A Bíblia condena de forma contundente a
prática homossexual (cf. Levítico 18:22 e 20:13; Romanos
1:26-27; 1Coríntios 6:9). Portanto, a apologia à homossexualidade e qualquer teologia
como, por exemplo, a “teologia de gênero”, que dê amparo e normalize tal
atitude deve ser refutado pela Igreja de Cristo.
Nestes tempos pós-modernos, a
“ideologia de gênero” faz contínuas investidas de legitimação da
homossexualidade. Defende que a sexualidade de uma pessoa não é
determinada pelo seu componente biológico e genético, mas sim pelo modo como
ela se considera a si mesma. Defende que o ser humano nasce sem sexualidade
psicológica definida. A diferenciação sexual do corpo seria apenas um acidente
anatômico que “convencionalmente” é apresentado como masculino ou feminino. Ou
seja, nossa “suposta” identidade sexual é, para tal teoria, uma mera imposição
do ambiente em que fomos educados. Essa concepção invalida a criação divina da
raça humana como ser binário “masculino” e “feminino” (Gn.1:27).
A ideologia de gênero afirma ainda que
as diferenças entre homem e mulher, além das evidentes implicações anatômicas
não correspondem a uma natureza fixa, mas são produtos de uma cultura, de um
país ou de uma época. Ensina que não existem diferenças biológicas entre homens
e mulheres. Assim sendo, legitima propostas estranhas como o banheiro unissex
para meninos e meninas nas escolas e universidades. Incentiva a sexualidade antinatural
(Rm.1:26,27), e isto tem causada uma crise gritante no comportamento masculino
no tempo presente (1Co.6:10).
Dentro do conteúdo doutrinário da
ideologia de gênero é forte o argumento que os dois sexos – masculino e
feminino – são considerados construções culturais e sociais, de modo que,
embora existindo um sexo biológico, cada pessoa tem o direito de escolher o seu
sexo social (gênero) quando quiser. Seus adeptos e defensores querem ensinar às
crianças que elas, socialmente falando, não são homens ou mulheres, mas podem escolher
qualquer opção sexual que quiserem. Para esses defensores, quando a criança
nasce ela não deve ser considerada do sexo masculino ou feminino, mas somente
uma pessoa do gênero humano, que depois fará a escolha do seu próprio
sexo. Só que este ato contraria não somente a realidade biológica, mas,
sobretudo, a Lei divina. Ninguém nasce homem ou mulher por mero acaso, mas em
virtude dos inescrutáveis desígnios da divina providência (Salmos 139:14-16;
Jr.1:5).
A Ideologia de Gênero é diabólica, por
isso, jamais pode ser aceita como algo normal e necessário. Dentro de nós há
uma identidade e, com ela, o plano criador de Deus, que não pode ser alterado
por nenhuma ideologia.
2. Responsabilidade negligenciada
Em virtude do processo de desconstrução
da masculinidade nestes tempos pós-modernos, o modelo bíblico estabelecido ao
homem como provedor e protetor tem sido negligenciado e até mesmo abandonado. Historicamente,
a sociedade tendia a atribuir aos homens o papel de provedores financeiros,
enquanto as mulheres eram responsáveis pelo cuidado dos filhos e das tarefas
domésticas. No entanto, nas últimas décadas, houve uma mudança gradual em
direção à desconstrução desses papéis costumeiros e tradicionais.
Uma coisa positiva há nesta nova
cultura de responsabilidade, é que hoje em dia, muitos casais compartilham as
responsabilidades financeiras e domésticas de forma igualitária. As mulheres
estão cada vez mais inseridas no mercado de trabalho e alcançando posições de
destaque em diversas áreas. Ao mesmo tempo, muitos homens estão buscando um
envolvimento mais ativo nas tarefas domésticas e no cuidado dos filhos.
Essa mudança reflete uma compreensão
crescente de que a responsabilidade de sustentar a família e cuidar do lar não
deve ser exclusivamente atribuída aos homens. Os casais estão encontrando
maneiras de equilibrar as demandas profissionais e pessoais, dividindo as
tarefas de acordo com as habilidades, preferências e circunstâncias individuais
de cada membro do casal. Este novo modelo é muito bom! Dar à mulher a
oportunidade de compartilhar o provimento do lar, antes exclusivo do homem; é
altamente benéfico e revolucionário para a família.
No entanto, isto trouxe uma mudança
enorme no comportamento do caráter do homem no que tange à sua responsabilidade
como provedor, e afetou sobremodo a sua liderança no lar. Um homem ficou mais
descuidado, relaxado! Isto tem induzido ao argumento de que ele não é mais o
responsável absoluto pela proteção e sustento do lar. Como bem diz o pr.
Douglas Baptista, “a identidade masculina, que deveria estar associada à
virilidade, à capacidade de prover e proteger a família, é substituída por
indivíduos de duplo ânimo, vacilantes e inconsequentes (Tg.1:8). Uma parcela é
incapaz de sustentar a sua própria casa, não pelo desemprego, mas pela aversão
ao trabalho (Pv.21:25). Os efeitos desse comportamento resultam em inúmeros
casos de desajustes familiares e divórcio”.
3. Crise de liderança
As mudanças sociais, culturais e
econômicas têm afetado a noção tradicional de masculinidade e, consequentemente,
gerado desafios para alguns homens em relação ao exercício da liderança. A evolução
dos papéis de gênero e a luta por igualdade têm desafiado as antigas noções de
poder e dominação associadas à masculinidade. Hoje, a liderança não é exclusivamente
uma qualidade masculina. Agora, tanto homens quanto mulheres têm habilidades e
potencial para exercer liderança em diferentes contextos e situações. Isto tem
estimulado a irresponsabilidade masculina no seu dever de marido, pai, provedor,
provedor e líder.
Além disso, mudanças no mercado de
trabalho, como a automação e a globalização, têm impactado a estrutura
tradicional do emprego, levando a uma maior precariedade e incerteza nas
carreiras profissionais. Isso tem afetado a autoestima e a confiança de alguns
homens em sua capacidade de exercer liderança ou prover sustento para suas
famílias.
Com relação ao aspecto eclesiástico,
estamos realmente vivendo uma crise de liderança. Hoje, há uma grande carência
de líderes com o coração na obra de Deus, líderes que tenham verdadeiro desejo
de servir a Cristo e honrá-lo através de suas vidas, líderes que possuam um
claro compromisso com o senhorio e com a pureza da sã doutrina. São poucos os líderes que desejam pagar
o preço da liderança, pois liderança é trabalho, é preocupação, é exaustão, é
responsabilidade.
Como na época do profeta Ezequiel, Deus
está à procura de líderes - “Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e
se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a
destruísse; mas a ninguém achei” (Ez.22:30). Nessa época havia uma grave crise
de liderança. Jerusalém estava imersa na corrupção, fraudes, mentiras,
opressão, extorsão, imoralidade, injustiça e violência (Ez.22:2-13). E Deus
buscou um líder segundo o seu coração para reverter essa situação crítica
(Ez.22:30). Estamos, hoje, vivendo essa síndrome da época de Ezequiel, e Deus busca
esse tipo de homem na atualidade para suprir a carência de liderança no meio do
povo de Deus.
III. BOAZ: SÍMBOLO BÍBLICO DE MASCULINIDADE
1. Modelo de generosidade
A Bíblia apresenta um homem por nome
Boaz, que viveu no período de juízes, como símbolo de masculinidade. Ele foi um
homem íntegro, respeitoso, líder exemplar e um modelo de generosidade a ser
seguido; seu nome significa “nele há força”. Era um homem influente e grande
fazendeiro. Ele era parente de Elimeleque, o falecido esposo de Noemi (Rt.2:1).
Quando a fome chegou a Belém,
Elimeleque, Noemi e seus dois filhos, Malom e Quiliom, fugiram para Moabe. O
dilema é que Moabe não era um lugar seguro para a família de Elimeleque; ao
contrário, era um lugar de sofrimento, doença, pobreza e morte. Eles saíram
movidos pela visão humana, e não guiados pela fé. Como Ló, buscaram segurança,
e não a vontade de Deus; buscaram novos horizontes, e não a direção do céu. As
alternativas do mundo podem nos jogar na cova da morte. Quando a crise chega,
quando há falta de pão na Casa do Pão, a solução não é abandonar a Igreja,
buscar novos rumos, novas teologias, novas experiências e novos modismos. Não.
Nessas horas, o que a Igreja precisa fazer é se humilhar diante de Deus; o que
ela precisa é buscar o Pão Vivo do Céu, Jesus.
Elimeleque e seus filhos morreram em
Moabe. Eles perderam a vida buscando a sobrevivência; eles encontraram a morte,
em vez de segurança; eles encontraram a sepultura, em vez de um lar; eles, no
afã de evitarem a fome em Belém, encontraram a morte em Moabe. Onde eles
pensaram que preservaria a vida, a perderam. Só escapou Noemi, e ela teve que
voltar a Belém com a sua nora Rute, que era moabita (Rt.1:16-19,22), e que
também ficou viúva.
Noemi voltou para Belém e lá, ela e Rute,
encontraram pão, abrigo e proteção. Rute saiu de Moabe, lugar de morte, e
encontrou a vida e um futuro glorioso em Belém. Mas, no início, as coisas foram
difíceis. O recomeço sempre é um desafio a enfrentar. Para elas sobreviverem,
Rute precisou trabalhar no campo de Boaz (Rt.2:3,5,6), que a tratou com
generosidade (Rt.2:11,12), com ternura (Rt.2:8), a protegeu para não ser
molestada (Rt.2:9), a alimentou (Rt.2:14) e ordenou que fosse favorecida na
colheita (Rt.2:15,16). O que para Rute foi uma mera coincidência em um conjunto
de circunstâncias não planejadas, foi parte do cuidado gracioso de Deus.
Boaz sabia tudo sobre Rute antes de ela
encontrar-se com ele (Rt.2:11). Ele serviu Rute graciosamente, e toda as suas
necessidades foram supridas (Rt.2:14). Ele garantiu a Rute proteção para o
presente e prosperidade para o futuro (Rt.2:15,16). Não foi a sorte que
conduziu Rute aos campos de Boaz, mas uma agenda traçada no Céu. A agenda de
Deus prevalece sobre os planos humanos. Por trás dos aparentes acasos dos
encontros comuns do dia-a-dia, Deus expressa o Seu cuidado e a Sua determinação
providencial. Os passos de Rute foram guiados pelo Senhor.
A dramática história dessas duas viúvas
pobres é transformada em apenas um dia. Um fato novo surgiu, e a página da dor
foi virada para sempre. Deus está com as rédeas da História em Suas mãos e Ele
pode intervir na nossa vida e transformar tragédias em triunfo. Em apenas um
dia, todo um passado de dor pode se converter num lindo episódio de graça e
amor.
2. Modelo de responsabilidade
Noemi preparou Rute para se aproximar
de Boaz para ser seu parente remidor. Então, instruída pela sogra, Rute foi à
eira durante a noite, a fim de persuadir Boaz a se tornar o parente remidor. Pela
lei, uma viúva sem filhos só poderia ser resgatada pelo casamento com um
parente próximo do falecido (Dt.25:5,6; Rt.4:9,10). O parente resgatador era o
único que podia resgatar, mas não tinha a obrigação de fazê-lo. Boaz consentiu
com a proposta de Rute, e enviou-a de volta para casa com um presente de seis
medidas de cevada.
Boaz prontificou-se resgatar a
propriedade de Noemi e casar-se com Rute, mas ele estava ciente de que o
direito era de um parente mais próximo que ele (Rt.3:12,13), e esse parente
deveria declinar de seu direito para que Boaz pudesse se casar com Rute. Assim,
movido pelo senso de responsabilidade, liderança e honra, Boaz levou o caso aos
anciãos (Rt.4:1,2). Então, na presença de dez anciãos da cidade, foi oferecido
ao parente mais próximo de Noemi a oportunidade de redimir o terreno que
pertencia a Elimeleque – o falecido patriarca da família – e se casar com Rute
(Rt.4:4,5). Mas esse parente desistiu de seu direito, o que possibilitou Boaz,
voluntariamente, assumir o seu lugar e seguir o costume do casamento levirato (Dt.25:5-10;
Rt.4:6,9,10).
Ao adquirir a propriedade e tomar Rute
por mulher, Boaz tornou-se o provedor e protetor daquela família (Rt.4:13-16).
Ele cumpriu os requisitos legais de casar-se com Rute e suscitou descendência à
família de Elimeleque. Desta união conjugal nasceu uma criança por nome Obede,
que significa “servo”. Com o nascimento de Obede, a amargura de Noemi foi
amenizada e seus descendentes incluem Davi, o rei de Israel, e Jesus, o Rei dos
reis (Rt.4:22; Mt.1:5,6,16). Desta forma, Rute entrou tanto na linhagem real
quanto na linhagem de Jesus (Rt.4:22, Mt.1:5,6,16).
Por ter sido o remidor, Boaz é considerado
um tipo de Cristo, o Redentor. Rute, por sua vez, é um tipo da Igreja, a
redimida (Rt.4:8,10). O Filho de Deus é o Redentor não apenas de uma família
pobre, mas de todos os pecadores que confiam na Sua graça. Ele é o rico Remidor
que se fez pobre para nos fazer ricos e herdeiros das Suas insondáveis riquezas
(2Co.8:9). Cristo nos remiu, pagou a nossa dívida e nos comprou para Ele. Agora
somos Sua propriedade exclusiva. Pertencemos a Ele, e Ele, a nós. Sua provisão
nos pertence. Suas riquezas são nossa herança.
Boaz, portanto, é símbolo de
masculinidade enquanto marido, pai e líder exemplar. E não somente isto; ele
também apresenta outras qualidades especiais que merecem destaques aqui (adaptado
do Livro “Rute”, do pr. Hernandes Dias Lopes):
a)
Boaz foi um homem que ofereceu graça (Rt.2:8,10). Quando
Rute saiu naquela manhã para respigar nos campos, estava procurando alguém que
lhe mostrasse graça (Rt.2:2,10,13). A graça é o favor concedido a alguém que
não o merece e que não tem como obtê-lo por seu esforço. Como mulher, viúva
pobre e estrangeira, Rute não poderia reivindicar coisa alguma a quem quer que
fosse. O canal dessa graça foi Boaz. Graça significa que Deus dá o primeiro
passo a fim de nos socorrer, não porque mereçamos, mas porque Ele nos ama e nos
quer para si.
b)
Boaz foi um homem que ofereceu provisão (Rt.2:9). Ele
não apenas permitiu que Rute colhesse em seu campo, mas ofereceu a ela a mesma
provisão dada aos trabalhadores. Ela passou a ter liberdade de beber da sua
água e desfrutar a companhia das suas servas. Jesus partilhou conosco as riquezas
de Sua misericórdia e do Seu amor (Ef.2:4), as riquezas da Sua graça (cf. com Ef.2:7),
as riquezas da Sua sabedoria e de seu conhecimento (cf. com Rm.11:33), as
riquezas da Sua glória (cf. com Fp.4:19) e, além de tudo isso, Suas insondáveis
riquezas (cf. com Ef.3:8). Nós, "estrangeiros" indignos, somos
membros da família de Deus e temos toda a Sua herança à nossa disposição.
c)
Boaz foi um homem que ofereceu proteção (Rt.2:9).
Boaz tomou medidas para proteger Rute de abordagens constrangedoras e inconvenientes
dos segadores. Ela estava sob seus cuidados e proteção. Ninguém podia tocar em
Rute. Assim, também, Deus é o nosso protetor. Ele é o nosso escudo e o nosso
Defensor. Somos a menina-dos-olhos de Deus, Sua propriedade exclusiva. Ele nos
cerca por todos os lados e nos protege de todo o mal.
d)
Boaz foi um homem que ofereceu consolação (Rt.2:13).
Rute reconheceu o tratamento amoroso de Boaz. Ele demonstrou graça a ela,
dando-lhe conforto e falando-lhe ao coração. Rute não tinha necessidade apenas
de pão, mas também de significado. Na verdade, ela estava mais carente de
consolo do que de alimento. E Boaz abriu-lhe não apenas as portas da provisão,
mas, sobretudo, os celeiros do seu coração e a abundância do seu amor.
e)
Boaz foi um homem que ofereceu comunhão (Rt.2:14).
Rute foi convidada para assentar-se à mesa com Boaz, para comer pão com ele.
Isso é um gesto de profunda intimidade e comunhão. Assentar-se à mesa e comer
pão é uma expressão de amizade, intimidade e comunhão. Foi esse o gesto que
marcou a celebração da Ceia do Senhor no cenáculo com Seus discípulos. Hoje
temos livre acesso à presença do Pai por meio de Jesus. O véu do templo foi
rasgado, e podemos, então, entrar na sala do trono pelo novo e vivo caminho.
Agora, temos plena comunhão com aquele que nos amou e se entregou por nós.
f)
Boaz foi um homem que transcendeu em atos de bondade (Rt.2:15.16). Ele
não somente ofereceu a Rute seu campo, sua proteção, sua provisão, sua
companhia, sua consolação, mas também deu ordens a seus trabalhadores que
deixassem porções especiais para Rute recolher. Ele foi além do esperado, além
do exigido pela lei. Boaz foi um homem que excedeu em sua generosidade. Assim
também Deus nos trata. Ele é o Deus de toda a graça, de roda a consolação. Suas
bênçãos são incontáveis, Seu amor incomensurável, Suas misericórdias não têm
fim.
CONCLUSÃO
Vimos nesta Lição que a masculinidade
bíblica é um conjunto de atributos e funções inerentes ao homem; ela provém da
criação divina e que suas características passam pela provisão e proteção da
família. Mas, infelizmente, esta masculinidade tem sofrido erosão, e isto tem a
ver com a expansão do ativismo feminista, da ideologia de gênero e com a
negligência da responsabilidade masculina. O mundo hoje, em todas as camadas
sociais, carece de lideranças masculinas conforme Deus estabeleceu no princípio;
carece de homem como Boaz, que apresentava uma imagem de masculinidade responsável
e equilibrada enquanto provedor, marido, pai e líder. Portanto, a masculinidade
bíblica exige o autocontrole e firmeza de caráter no encargo de suas tarefas.
Nesse aspecto, a sociedade, a família e a igreja esperam por homens que honrem
a sua masculinidade e exerçam o papel que Deus os vocacionou a desempenharem.
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Luciano
de Paula Lourenço – EBD/IEADTC
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e
Grego. CPAD
William Macdonald. Comentário Bíblico popular
(Antigo e Novo Testamento).
Pr. Douglas Baptista. A IGREJA DE CRISTO E O
IMPÉRIO DO MAL. CPAD.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Rute. Uma perfeita
história de amor.
Rev. Hernandes Dias Lopes. Gênesis. O
livro das origens.
A palavra de Deus NÃO afirma que o homem têm autoridade sobre a vida de sua esposa, e nem manda o homem liderar sua mulher, mas a palavra de Deus ordena o homem AMAR sua esposa, os homens cristãos trocaram o verbo AMAR pelo verbo LIDERAR. Nosso Deus não dá autoridade ao homem de governar, controlar e oprimir a vida da esposa, nem um cônjuge têm o direito de coagir ou se impor sobre o outro, pois ambos são uma só carne. O termo "cabeça" na nossa cultura é tido como autoridade, mas no original da palvra KEPHALĒ significa ponto de origem. Não é como muitos ensinam por aí, que o homem é o dono da esposa e este deve mantê-la na linha, de forma alguma!
ResponderExcluirDeus elegeu o homem como cabeça para ser protetor e cuidador de sua família, isso é ser cabeça, ser cabeça não é ser ditador de regras e agir como sultão em casa. Ser cabeça é ser como Cristo, e Cristo não oprimi, Cristo liberta, quem aprisiona é satanás, Cristo incentiva nossos sonhos e nos ama de forma incondicional.
Esse é o exemplo máximo de 'liderança' que Cristo ensinou, servir ao invés de ser servido.