JESUS E OS QUATRO EVANGELHOS
Texto Básico: João 1:1-19)
“Lâmpada para os meus pés é a tua
Palavra, e luz para os meus caminhos”(Sl 119:105)
INTRODUÇÃO
Quatro Evangelhos: Mateus,
Marcos, Lucas e João. Eles descrevem a vida terrena do Senhor Jesus e o seu
glorioso ministério entre os homens. Portanto, Jesus é o Homem principal e a
razão de ser destes Evangelhos. Não há nenhum livro escrito que se compare com
este compêndio, pois nunca houve homem como Jesus, cuja história estes livros
relatam.
Os quatro evangelistas,
escrevendo dos seus pontos de vista distintos, cooperam em nos apresentar um
retrato abrangente, suficiente e comovente de Jesus como Messias de Israel e
Salvador do mundo(Evangelho segundo Mateus); Servo do Senhor e Amigo de
pecadores(Evangelho segundo Marcos); Filho de Deus e Filho do homem(Evangelho
segundo Lucas). O objetivo explícito do quarto Evangelho(Evangelho segundo
João) é igualmente aplicável ao dos outros três: “Mas este foram escritos para
que vocês creiam que Jesus é o Cristo,o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em
seu nome”(João 20:31).
I.
UM EVANGELHO EM QUATRO NARRAÇÕES
Quatro Evangelhos, mas um só objetivo; quatro evangelhos,
mas harmoniosos entre si; quatro livros, mas um único Evangelho, o Evangelho de
Jesus Cristo. Somente estes quatro Evangelhos receberam reconhecimento por
cristãos ortodoxos por quase dois mil anos. Vários hereges escreveram livros
que chamavam de evangelhos, mas se tratava de veículos grosseiros para promover
alguma heresia, como o gnosticismo.
Muitos, especialmente pessoas do
meio artístico, apreciam o paralelo proposto entre os quatro evangelhos e os
quatro símbolos de Ezequiel e de Apocalipse: o leão, o boi(ou bezerro), o homem
e a águia. Eles, porém, têm sido comparados com os evangelhos de formas bem
variadas por diferentes cristãos. Se há algum valor nesses atributos, como são
chamados na arte, o Leão se enquadra melhor em Mateus, “O
Evangelho real do Leão de Judá”. O Boi, como animal de carga,
enquadra-se bem em Marcos, “O Evangelho do Servo”. O Homem
é definitivamente a figura chave de Lucas, “O Evangelho do Filho do
Homem”. A Águia é um atributo de João como um emblema
de sua sublime visão espiritual.
1. O
valor dos quatro relatos. Por que quatro evangelhos? Por
que não cinco, para harmonizar com os cinco livros de Moisés e formar um
Pentateuco Cristão? Ou por que não apenas um longo Evangelho, omitindo todas as
repetições, permitindo a inclusão de outros milagres e parábolas?
Provavelmente, a melhor explicação para a existência dos quatro evangelhos é
que o Espírito Santo procura alcançar quatro grupos diferentes de pessoas –
quatro grupos antigos que ainda hoje mantém correlação.
De fato,
várias tentativas para “harmonizar” ou agrupar os quatro evangelhos remontam a
Taciano, no século II, em sua obra Diatessaron(palavra grega para “por
meio de quatro). Irineu teorizou que havia quatro evangelhos para harmonizar
com os quatro cantos do mundo e os quatro ventos, visto que quatro é o numero
da universalidade.
Originalmente, os quatro
evangelhos são endereçados a grupos diferentes de leitores. Isso leva a ênfases
diferenciadas na apresentação de Jesus:
Mateus é o
Evangelho mais judaico. As citações do Antigo Testamento, os discursos
detalhados, a genealogia de Jesus e o tom semítico em geral são observados até
mesmo por um leitor iniciante.
Marcos,
provavelmente escrevendo da própria capital imperial, almeja alcançar os
romanos, e também milhões de pessoas similares que gostam mais de ação que
reflexão. Seu Evangelho, portanto, é mais extenso em milagres e menos em
parábolas e não precisa de nenhuma genealogia, pois qual romano se preocuparia
com genealogias judaicas de um Servo atuante?
Lucas é
obviamente o Evangelho para gregos e muitos romanos que amavam a literatura e a
arte gregas e competiam com elas. Tais pessoas amam a beleza, a humanidade, o
estilo cultural e a excelência literária. Dr. Lucas supre a todos esses. Um
francês certa feita disse: Lucas é “o livro mais bonito do mundo” (Ernest
Renan).
Espiritualmente, estaríamos bem mais pobres no nosso
apreço pelo Senhor Jesus e pelo seu ministério sem a ênfase singular do doutor
Lucas. O amor do Senhor e a oferta de Salvação para todos, não somente para os
judeus, seu interesse especial por indivíduos, sim, e até pelos pobres e
rejeitados são salientados. Lucas também concede ênfase intensa ao louvor
(dando-nos exemplos dos consagrados “hinos” cristãos em Lucas 1 e 2), à oração
e ao Espírito Santo.
João, é o
Evangelho universal, com algo para todos. É evangelístico (João 20:30-31), mas
também apreciado por pensadores cristãos pela profundidade. Talvez essa seja a
chave: João é para a “terceira raça” – nome dado pelos pagãos aos cristãos
primitivos, pois não eram nem judeus nem gentios.
O Evangelho de João contém o versículo
mais conhecido do Novo Testamento: João 3:16, que Martinho Lutero chama de “o
Evangelho em poucas palavras”.
Se o Evangelho de João fosse o único livro no Novo
Testamento, mesmo assim proporcionaria alimento sólido (e leite) da Palavra
para uma vida inteira de estudo e meditação.
2. Características
principais das quatro narrativas. Vejamos algumas características
que se destacam nos quatro evangelhos:
a) Os relatos dos Evangelhos são seletivos. Quem
compara os quatro evangelhos do Novo Testamento percebe logo que os primeiros
três são surpreendentemente semelhantes. Por isso são chamados de sinópticos. O
quarto evangelho(segundo João) segue o seu próprio estilo de apresentação.
Todavia, há uma característica comum entre eles: os seus relatos são seletivos,
ou seja, não são listas exclusivas de tudo quanto Jesus disse e fez. Conforme
observou João: “Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e, se cada
uma das quais fosse escrita, cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os
livros que se escrevessem” (João 21:25).
“Dentre a multidão de eventos ocorridos durante a vida
terrena de Cristo, cada autor sagrado, guiado pelo Espírito Santo, escolheu
somente certos detalhes para serem incluídos em sua narrativa. Para
exemplificar, a infância e a juventude de Jesus são passadas em silêncio,
excetuando-se os treze versículos que Lucas devotou à esse período. A semana da
Paixão, por outro lado, é descrita com grandes detalhes por todos os quatro
escritores. Mateus, Marcos e Lucas incluíram muita matéria em comum. Mas João
incluiu muitas coisas que nenhum dos outros três registraram. Todos esses fatos
demonstram a seletividade das narrativas dos evangelhos”(Panorama
do Novo Testamento – ICI, São Paulo, 2008).
b) Os sinópticos e João são distintos nos seguintes
aspectos:
b.1) No esboço: Os
sinópticos têm uma estrutura simples nos seus evangelhos. Após o batismo de
Jesus são relatados os fatos ocorridos na Galiléia. Depois segue um relato de
extensões variadas sobre a viagem de Jesus a Jerusalém. Na terceira parte é
contado o que se passou em Jerusalém. Essa mesma estrutura pode ser observada,
por exemplo, nas seguintes passagens de Marcos: 1:14; 8:27; 10:1,32.
Em contraposição a isso o
evangelho de João descreve várias peregrinações de Jesus da Galiléia a
Jerusalém. A razão era, na regra, a comemoração das festividades judaicas de
que Jesus participava com os seus discípulos em Jerusalém. Desses dados do
evangelho de João se consegue calcular o tempo do ministério público de Jesus:
em torno de três anos. A movimentação de Jesus entre a Galiléia e Jerusalém
pode ser observada nos seguintes textos: João 2:1,13; 3:22; 3:2,4-6; 5:1; 6:1;
7:1,10; 10.40; 11:7,54; 12:1,12.
b.2) Na escolha dos temas. Os
sinópticos relatam uma quantidade significativa dos atos de Jesus, entre eles
muitos milagres, principalmente curas. Em contraposição a isso o
evangelho de João só contém sete relatos sobre atos de Jesus sendo que
nenhuma expulsão de demônios. Três desses fatos são contados também pelos
sinópticos: a purificação do templo, a cura do servo de um oficial do rei e a
multiplicação dos pães para cinco mil pessoas.
b.3) Na apresentação dos
adversários de Jesus. Os
sinópticos descrevem os adversários de Jesus com as suas características e
tarefas diferenciadas: fariseus e escribas, saduceus e sacerdotes. Na
comparação com isso sobressai o fato de que no evangelho de João os
oponentes de Jesus são denominados judeus. Se isso quer dizer o povo judeu
todo, ou a liderança ou um grupo específico do povo, só pode ser descoberto
pelo contexto.
b.4) Na forma da narrativa. Os
evangelhos sinópticos contêm muitos relatos breves da vida de Jesus que
frequentemente culminam com uma declaração marcante de Jesus. Os protagonistas
da situação só são apresentados até o ponto em que contribuem para o objetivo
da declaração do relato. O leitor não descobre nada mais sobre outros aspectos
das suas vidas. Em contraposição a isso, o evangelho de João traz
relatos detalhados de acontecimentos da vida de Jesus, como por exemplo o
diálogo com a mulher Samaritana(João 4), a cura do cego de nascença (João 9) ou
a ressurreição de Lázaro (João 11).
b.5) Na apresentação dos
discursos de Jesus. Os quatro evangelhos contêm
discursos de Jesus mais ou menos abrangentes. Nos sinópticos eles consistem em
frases curtas e fáceis de serem guardadas. Trata-se na verdade de uma coletânea
de declarações ou citações dos discursos de Jesus e não de discursos completos.
No evangelho de João isso é diferente. Lá encontramos discursos que
levam à reflexão e meditação. O leitor consegue se imaginar na posição do
orador. Compare por exemplo Lucas 15:1-7 com João 10.
Nota-se também que nos sinópticos
o estilo de oratória é direto, objetivo e linear, correspondendo assim ao
pensamento grego. Já nos discursos de Jesus em João o desenvolvimento das
ideias se dá em círculos, trabalhando com constantes repetições. Isso não quer
dizer que sejam meras repetições. O que acontece é que um pensamento é repetido
em outro nível para que possa ser melhor interiorizado. Para entender isso melhor
é preciso pensar em uma espiral. É assim que se falava no dia-a-dia no oriente.
b.6) Na autodenominação de
Jesus. Quando Jesus fala de si mesmo nos evangelhos
sinópticos ele usa um título incomum. Ele se denomina Filho do Homem, ou Homem.
O Filho do Homem é o conceito-chave para a compreensão de Jesus nos sinópticos.
No Evangelho de João, também, se fala do Filho do Homem. No entanto, mais
importantes são as autodenominações Filho de Deus, ou Filho. O quarto
Evangelho nos proporciona uma visão especial sobre o relacionamento único
entre Deus e Jesus.
Em um
sentido bem real, esses não são quatro “evangelhos”, mas um único Evangelho
- uma história das Boas Novas sobre o
Filho de Deus que veio salvar pecadores.
II.
LUGARES ONDE JESUS VIVEU E MINISTROU
1. A terra da Palestina no
Novo Testamento. A Palestina estava dividida em 5
principais regiões: Galiléia;
Samaria; Decápolis; Judéia e Peréia. Veja o
mapa de Israel no tempo de Jesus.
Por exiguidade de espaço neste
subsídio, vamos apenas comentar as mais destacadas no ministério de Jesus:
Galiléia, Samaria e Judéia. Antes, porém, quero fazer algumas considerações a
cerca do termo Palestina.
a) O termo Palestina. Este termo é raramente usado no Antigo Testamento, e quando é usado, refere-se especificamente à área costeira a sudoeste de Israel ocupada pelos filisteus. É a tradução da palavra hebraica “Pilisheth”. O termo nunca é usado para se referir a toda a área de Israel. Antes que Israel se estabelecesse na terra, seria geralmente correto dizer que a área costeira a sudoeste era denominada Filístia (o Caminho dos Filisteus, ou Palestina), enquanto que as áreas centrais mais altas eram denominadas Canaã. Tanto os cananeus quanto os filisteus haviam desaparecido como povos distintos pela época do cativeiro de Judá em Babilônia (586 a.C.), e já não mais existem.
No Novo Testamento, o termo
Palestina não é usado nenhuma vez. O termo Israel é essencialmente usado para
se referir ao povo de Israel, em vez de se referir à Terra. Contudo, em pelo
menos duas passagens, Israel é usado para se referir à Terra: “...um anjo do
Senhor apareceu em sonho a José, no Egito, e disse-lhe: Dispõe-te, toma o
menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já morreram os que
atentavam contra a vida do menino. Dispôs-se ele, tomou o menino e sua mãe e
regressou para a terra de Israel” (Mt 2:20-21); “Quando, porém, vos perseguirem
numa cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de
percorrer as cidades de Israel, até que venha o Filho do Homem” (Mt 10:23).
A primeira passagem aconteceu
quando José, Maria e Jesus retornaram do Egito para Israel; e a segunda refere-se
à proclamação do Evangelho por toda a Terra de Israel. O anjo que falou a José,
Mateus e Jesus usam o termo Israel com referência à Terra Santa, embora esse
termo não fosse reconhecido pelas autoridades romanas naquela época.
Fica claro, então, que a Bíblia
nunca usa o termo Palestina para se referir à Terra Santa como um todo, e que
os mapas bíblicos que se referem à Palestina no Antigo e no Novo Testamento
são, na melhor das hipóteses, imprecisos, e, na pior das hipóteses, são uma
negação consciente do nome bíblico de Israel.
b) Origem do termo “Palestina”. Como foi
que o mundo e a Igreja adotaram o hábito de chamar a terra de Israel de
“Palestina”? Quando Tito destruiu Jerusalém no ano 70 d.C., o governo romano
cunhou uma moeda com a inscrição Iudea Capta, querendo dizer “a Judéia
foi capturada”. O termo “Palestina” nunca foi usado nas designações romanas
antigas.
Foi apenas quando os romanos
aniquilaram a segunda revolta dos judeus contra Roma, liderada por Bar Kochba,
em 135 d.C., que o imperador Adriano aplicou o termo “Palestina” à Terra de
Israel. Adriano, como muitos ditadores de seu tempo, percebeu o poder da
propaganda política dos termos e dos símbolos. Ele substituiu os santuários do
Templo Judeu e do Sepulcro de Cristo em Jerusalém por templos a deidades pagãs.
Ele mudou o nome de Jerusalém para Aelia Capitolina, e mudou o nome de
Israel e da Judéia para Palestina. A escolha do termo Palestina por Adriano foi
proposital, não acidental. Ele tomou o nome dos antigos inimigos de Israel, os
filisteus, latinizou o termo para Palestina, e aplicou-o à Terra de Israel. Ele
esperava apagar o nome de Israel de todas as memórias. Desse modo, o termo
“Palestina”, da forma que foi aplicado à Terra de Israel, foi inventado pelo
inveterado inimigo da Bíblia e do povo judeu, o imperador Adriano.
É interessante observar que os
filisteus originais não eram, de forma nenhuma, do Oriente Médio. Eram povos
europeus do Mar Adriático próximo à Grécia. Deve ter dado prazer a Adriano usar
esse termo helenista para a terra dos judeus. De qualquer modo, o termo
original “palestinos” não tem absolutamente nada a ver com os árabes.
2. GALILÉIA E JUDÉIA.
2.1) GALILÉIA. O nome
regional da parte norte de Israel, que foi a cena da meninice de Cristo e do
princípio de seu ministério. Segundo o “Novo Dicionário da Bíblia”, a
Galiléia consistia essencialmente de um planalto, cercado por todos os lados,
menos ao norte, por planícies – as terras costeiras, a planície de Esdrelom e o
vale do Jordão. De fato, trata-se do extremo sul das montanhas do Líbano, sendo
que a terra se divide em dois níveis diferentes do norte para o sul,
atravessando toda a área. O nível mais alto formava a Galiléia Superior,
quase inteiramente a 1.000 metros acima do nível do mar; no Novo Testamento era
uma área coberta de florestas e esparsamente habitada. O nível mais baixo
formava a Galiléia Inferior, entre 500 e 700 metros acima do
nível do mar, porém caindo de forma impressionante até mais de 200 metros
abaixo do nível do mar, no lago da Galiléia.
É a área da Galiléia
Inferior que se refere a maioria das narrativas contidas nos
evangelhos. Bem regada por ribeiros que fluíam das montanhas do norte, e
possuindo consideráveis extensões de terras férteis nas bacias de pedra
calcárea entre suas colinas, era uma área densa e prosperamente povoada.
Exportava azeite de oliveira e cereais, além de peixes apanhado no seu famoso
lago.
Essa, portanto, foi a região em
que Cristo cresceu – Em Nazaré, nas colinas de pedra calcárea da Galiléia
Inferior. Graças à sua posição, era atravessada por diversas rotas
principais do império romano, e portanto, estava longe de ser uma região rural
e atrasada. Sua agricultura, pesca e comércio proveram para Cristo Sua base
cultura, e são refletidos em Suas parábolas e em Seu ensinamento.
A Galiléia proveu os principais discípulos de Cristo, e seu
denso crivo de povoados formou o primeiro campo missionário dos mesmos.
a) Cidades Importantes da Galiléia:
· Corazim - Cidade Impertinente (Mt 11:21).
·
Cafarnaum -
Jesus cura um endemoninhado (Mc 1:23-28); Jesus cura um paralítico na cama (Lc 17:26); Jesus paga tributo (Mt 17:24).
· Caná - Jesus
principia os seus sinais e maravilhas – transforma água em vinho por oacisão de
uma casamneto (João 2:1-11).
· Nazaré - Primeira rejeição (Lc 4:16-30); Segunda
rejeição (Mt 13:54-58; Mc 6:1-6).
· Naim - Jesus ressuscita o filho da viúva (Lc
7:11-17).
· Magdala - Cidade
natal de Maria Madalena (Lc 8:2).
· Gadara - Libertação de dois endemoninhados e
afogamento dos porcos gadarenos (Mt 8:28-34).
b) Outros acontecimentos
importante, no ministério de Jesus, na região da Galiléia:
- Jesus é ungido pela mulher
pecadora (Lc 7:36-50).
- É determinada a missão dos doze
(Mt 9:35-38).
- Morte de João Batista (Mt 14:1-12).
- Jesus prediz a sua morte e
ressurreição (Mc 9:30-32).
2.2)
JUDÉIA. O termo Judeia refere-se, em primeiro lugar, à área da
Palestina a sul de Samaria ocupado pela antiga Judá; em segundo lugar, a toda a
terra dos judeus com várias fronteiras. No Novo Testamento, a Judeia refere-se
geralmente à área sul de Samaria (cf. Mt 2.15; Mc 3:7, 8; At 9:31; etc.),
embora, às vezes, possa abranger algo mais. Por exemplo, vemos Herodes, que
reinou sobre toda a Palestina, ser apelidado de “rei da Judeia” (Lc 1:5).
“No distrito da Judéia estavam
localizadas as cidades de Belém, onde Jesus nasceu, e Jerusalém, cenário de
muitos dos mais cruciais acontecimentos da Sua vida. Perto de Jerusalém ficava
a aldeia de Betânia, lar de Maria, Marta e Lázaro, o qual Jesus ressuscitou dos
mortos (João 11:1,32-44). Não muitos quilômetros dali ficava Jericó, onde Jesus
curou o cego (Marcos 10:46-52). Durante o Seu ministério, Jesus fez diferentes
viagens a Jerusalém e às aldeias próximas. Esteve presente nas grandes
festividades judaicas anuais, celebradas em Jerusalém. Foi em Jerusalém que
Jesus foi julgado, crucificado e sepultado (Lucas 22-23). Após a Sua
ressurreição Jesus apareceu a dois dos Seus seguidores, no caminho para Emaús,
a cerca de onze quilômetros de Jerusalém (Lucas 24:13-27). Posteriormente,
Jesus instruiu os Seus discípulos acerca do seu futuro ministério,
conduzindo-os na direção de Betânia. Foi então que Ele foi arrebatado para o
céu, desaparecendo diante das suas vistas. E os discípulos regressaram a
Jerusalém para esperar pela prometida descida do Espírito Santo (Lucas
24:36-53)”(Panorama do Novo Testamento – ICI, São Paulo, 2008).
3. SAMARIA, DECÁPOLIS E OUTRAS CIDADES.
a) SAMARIA. “Samaria
é o nome histórico e bíblico de uma região montanhosa do Oriente Médio, constituída pelo antigo reino de Israel, situado em torno de sua antiga
capital, Samaria, e rival do vizinho reino do sul, o reino de Judá. Atualmente situa-se entre os
territórios da Cisjordânia e de Israel. A cidade de Samaria foi tomada pelos assírios em aproximadamente 722 a.C.
A província da Samaria compreendia primeiramente todo o
território ocupado pelas dez tribos revoltadas, as quais se reuniram sob o
governo de Jeroboão. Estendia-se desde Betel até Dã, e desde o mar Mediterrâneo
até à Síria e Amom. Este território foi diminuído pela inclusão das tribos de
Simeão e Dã no reino de Judá - pelas conquistas de Hazael (2Rs 10:32), de Pul e
Tiglate-Pileser (2Rs 15:29 - 1Cr 5:26), e finalmente pelas vitórias de
Salmaneser (2Rs 17:5,6).
Depois deste último foi Samaria
terra de completa desolação (2Rs 17:23-21:13), sendo depois repovoada por
estrangeiros durante os anos do cativeiro (2Rs 17:24 - Ed 4:10).
A cidade de Samaria, capital das
dez tribos, era uma praça forte, semelhante à de Jerusalém. Estava situada a
meio caminho do Jordão ao Mediterrâneo, ao oriente da planície de Sarom, no
alto de um monte oblongo, alcantilado de uma parte, e facilmente protegido pela
outra.
Foi edificada por Omri, rei de
Israel, que comprou o monte de Samaria a Semer por dois talentos de prata (1Rs
16:24). os reis empreenderam muitas obras na cidade de Samaria para a tornarem
forte, bela, e rica. Acabe construiu uma casa de marfim (1Rs 22:39) - e o
profeta Amós descreve a cidade como sendo a sede do luxo e efeminação (Am 3:15
– 4:1,2).
A vida de Acabe e a sua morte, e
também o culto a Baal, acham-se relacionados com a cidade de Samaria (1Rs
16:32-22:38 - 2Rs 10:1 a 28 - 2Cr 18). Foi ali que, o profeta Eliseu exerceu o
seu ministério (2Rs 5 – 6:1 a 20-7). Por duas vezes foi cercada a cidade de
Samaria, mas sem resultado, pelos sírios (1Rs 20:1 a 34 - 2Rs 6:24-7:20), sendo
tomada mais tarde, depois de um cerco de três anos.
Nos tempos do Novo Testamento, a
província de Samaria estava situada entre a Judéia e a Galiléia (Lc 17:11). Foi
atravessada por Jesus Cristo (João 4:4 a 43), e, em parte, muito cedo recebeu a
luz do Evangelho (At 8:5 a 25) ”(fonte: Wikipedia.org).
O povo da região costeira da Samaria era descendente das
dez tribos do reino do norte, ou Israel, que se tinham misturado por casamento
com gentios. Tinham edificado o seu próprio templo, no Monte Gerizim. Embora já
não existisse nos dias de Jesus, o seu sítio era considerado sagrado.
Os samaritanos, conforme eram
chamados os habitantes de raça mista dessa região, eram desprezados
pelos judeus da Palestina. Muitos judeus nem sequer cruzavam a Samaria nas suas
viagens. Jesus, porem, por muitas vezes ministrou aos habitantes desse
distrito. No seu notável diálogo com a mulher samaritana no poço de Sicar, Ele
não permitiu que a controvérsia entre os judeus e os samaritanos se tornasse o
principal ponto de discussão. Pelo contrário, chamou a atenção para Si mesmo,
como o Messias (João 4:1-42)(Panorama do Novo Testamento – ICI, São Paulo,
2008).
b) DECÁPOLIS. A
nordeste da Galileia estavam os distritos de Decápolis e Basã. Decápolis era
uma associação de cidades gregas (Decápolis significa “dez cidades”) fundadas
por Alexandre o Grande. Jesus visitou essa área (Marcos 7:31-35). Ele ministrou
em Gadara (também chamada Gergesa ou Gerasa), onde curou um endemoninhado (Mc
5:1-20; Lc 8:26-39). Também esteve na cidade de Cesareia de Filipe (Mt
16:13-20).
c) PEREIA. Quase
todos os habitantes de Peréia eram judeus, embora ali também vivessem gentios.
Com frequência, a Peréia é referida nas páginas do Novo Testamento como a terra
além do Jordão. A caminho de Jerusalém pela última vez, Jesus atravessou
essa região, ensinando nas suas vilas e cidades (Mc 10:1-45; Mt 19:1-20:28)
(Panorama do Novo Testamento – ICI, São Paulo, 2008).
III. OS ENSINAMENTOS DE JESUS.
Lucas, ao sintetizar
o ministério terreno de Jesus, no início do livro de Atos dos Apóstolos, disse
que Jesus, na Terra, veio “fazer e ensinar” (At:1:1), numa outra prova
bíblica de que o ensino foi um dos pilares de todo o ministério terreno de
Cristo. Foi Ele quem ordenou aos discípulos: "Ide,
ensinai todas as nações [...] ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos
tenho mandado" (Mt 28:19, 20).
Ao contemplarmos o ministério de
ensino de Jesus, vemos quão grande importância o Senhor deu ao ensino,
importância esta que não temos visto em nossas igrejas locais, em que as
Escolas Bíblicas Dominicais, via de regra, são reuniões pouco frequentadas e as
mais prejudicadas pelas atividades cotidianas. Ao vermos que Jesus, uma vez no
templo, procurou aproximar-se dos doutores e que a única atividade que
desempenhou antes de Sua unção pelo Espírito foi o ensino, como podemos nos
conformar com a atual letargia que vive a Igreja no ensino das Escrituras? Que
Deus tenha misericórdia de nós e que busquemos ter a Jesus como Mestre único de
nossas vidas.
Linhas gerais dos
ensinamentos de Jesus.
Jesus foi o maior professor que já viveu. No
entanto ele era muito mais que isso. Como Filho de Deus, os seus ensinamentos
eram a verdade. Sua missão era instruir aos outros como conhecer a Deus. Sua mensagem
principal era que Deus queria nos amar e nos conhecer. Ele ensinava enquanto
andava com os seus seguidores. Ele ensinou de um barco, de um monte, de uma
casa e do templo. Ele ensinava em sermões, mas ele preferia usar uma história
ou uma parábola.
a) Pilares do
Ministério de Jesus: Pregação e ensino. Ao retornar
da tentação no deserto, Jesus iniciou seus ensinos nas sinagogas (Lc 4:15). Ao
mesmo tempo em que começava a pregar (Mt 4:17; Mc 1:15), também começou a
ensinar. Pregação e ensino são os dois pilares indispensáveis do ministério de
Jesus e devem ser o da Igreja até a volta do Senhor.
b) Jesus só começou o
seu ministério de ensino após ser ungido pelo Espírito Santo no seu batismo. Embora Jesus fosse a própria Palavra e, como tal, não houvesse
quem pudesse trazer a revelação completa de Deus, a transmissão deste
conhecimento, que é o ensino propriamente dito, somente foi possível porque
Jesus, enquanto homem, como já o sabemos, havia sido ungido pelo Espírito Santo
no seu batismo.
Jesus nos deixa bem
claro em seu ministério, o ensino da Palavra exige, em primeiro lugar, a unção
do Espírito de Deus. O que o povo de Nazaré admirou no ensino de Jesus não foi
tanto o fato de ter achado, com facilidade, a passagem no livro de Isaías (o
maior de todos os rolos das Escrituras hebraicas), mas, sim, o fato de que, em
sua exposição, havia “palavras de graça que saíam de sua boca”
(Lc.4:22).
c) O tema dos ensinos
de Jesus era um só: a Palavra de Deus (João 12:47-50). O ensino de Jesus é, em primeiro lugar, o ensino da Palavra de
Deus. Sempre encontramos Jesus ensinando o que havia nas Escrituras, o que
estava escrito por determinação de Deus. O ensino de Jesus é das “coisas de
cima”, é algo que está centrado exclusivamente na Bíblia. Afinal de contas, são
as Escrituras que testificam a respeito dEle (João 5:39).
d) Jesus ensinava com
Inteligência Espiritual. Jesus dava às Escrituras o sentido
divino, porque o Espírito de Deus nEle estava. As palavras que saíam de sua
boca eram “palavras de graça”, ou seja, palavras que vinham com poder,
como resultado de uma intimidade entre Deus e o ensinador. É neste ponto que se
revela a inteligência de Jesus, uma inteligência que, seguindo os padrões
atuais dos estudiosos, poderiam denominar de “inteligência espiritual”.
e) Jesus ensinava com
“autoridade”(Mt 7:29). Jesus apresentava um poderoso fator que
distinguia o seu ensino de todos os outros mestres de seu tempo: ensinava
com autoridade.
O que causava
admiração nas pessoas não era o que Jesus ensinava, pois a maioria dos seus
ensinos já era do conhecimento do povo, mas o fato de que
Ele, ao contrário dos escribas e fariseus, tinha um testemunho de vida
condizente com o que ensinava. Jesus vivia o que ensinava, o grande diferencial
entre seu ensino e o dos demais mestres, daí porque seu ensino tinha
“autoridade”.
Uma das grandes
características dos ensinos religiosos dos dias de Jesus era, precisamente, a
dissintonia entre o que era falado e o que era vivido. A maior crítica que
Jesus fez aos fariseus, tidos e havidos como os “mais santos” do período era o
fato de que ensinavam mas não viviam o que ensinavam (Mt.23:3,4). Jesus, ao
contrário, primeiro praticou para depois ensinar (At 1:1) e, por isso, seu
ensino tinha autoridade. Só Ele cumpriu a Lei(Mt 23:8,10).
f) O ensino de Jesus
era acessível a todo povo. Ao contrário dos “sabichões” dos
nossos dias, não queria demonstrar conhecimento, mas tinha por missão fazer com
que Deus fosse compreendido pelo povo. Para tanto, tinha de se fazer entendido
pelo povo, povo que, no mais das vezes, era iletrado e sem qualquer
escolaridade (ainda que os judeus, em comparação com os demais povos, estavam
acima da média daquela época).
Utilizando-se de
circunstâncias da vida de seus ouvintes, permitia-lhes enxergar as “coisas de
cima”, as realidades espirituais que, se fossem ensinadas em sua profundidade e
dificuldade, estariam acima da capacidade de qualquer doutor, como Jesus deixou
claro em seu diálogo com o “mestre de Israel” Nicodemos (João 3:9-12).
Conquanto, e neste diálogo isto fica bem claro, Jesus estivesse, em termos
intelectuais, acima de qualquer letrado, de qualquer intelectual da época, fez
questão de se fazer entender pelos mais simples e pequeninos, a quem o
Espírito, aliás, se revelou antes que aos sábios e entendidos (Mt 11:25).
g) Jesus ensinava por
Parábolas. Parábola é usada
como método de ensino para revelar verdades desconhecidas com base em verdades
e fatos conhecidos. Eram histórias retiradas do cotidiano, do dia-a-dia dos seus
contemporâneos, cuja profundidade é mostrada com elementos absolutamente
triviais e simples. Elas são uma das mais eloquentes demonstrações da
“simplicidade que há em Cristo” (2Co 11:3). Nunca Jesus fez uso
de história fantasiosas, de coisas complexas, de enigmas que exigissem
capacidade invulgar para decifra-los. Usava figuras, ou pessoas que todo povo
conhecia, tal como a figura de um Semeador que saiu a semear; da Semente que
caiu na boa ou na terra ruim; de um Pastor que perdeu uma ovelha; de um Filho
que abandonou a casa de seu pai; de uma Moeda perdida por uma mulher; de um
vestido novo que não podia ser remendado com pano velho; de um Pescador jogando
sua rede para pescar; de um Construtor que construiu sua casa sobre a areia;
dezenas de historias e de figuras sobejamente conhecidas. Ao contemplarmos as
parábolas de Jesus, devemos sempre lembrar que o ministério do ensino na Igreja
deve ser exercido com simplicidade, pois não será a complicação, a erudição
excessiva que conferirá profundidade ao ensino, e as parábolas são a prova
disto.
CONCLUSÃO
Sem Jesus Cristo os quatro Evangelhos seriam
apenas um compêndio histórico de fatos. Não teriam o poder transformador que ao
longo dos tempos tem demonstrado na vida de milhões de pessoas. Jesus é o tema principal deste compêndio. Os
seus ensinos nele contidos influenciam sobremaneira o caráter das pessoas e
modificam o comportamento do mais vil pecador, transformando-o numa nova
criatura. Portanto, ler e estudar, de forma devocional, este compêndio da Palavra de Deus é mais lucrativo para a
vida do ser humano do que o acúmulo de todo conhecimento existente nos livros
seculares, pois a Palavra de Deus é viva e eficaz e luz que mostra o caminho
certo a seguir rumo à Formosa Jerusalém Celestial.
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Elaboração: Luciano de Paula Lourenço – Prof.
EBD – Assembléia de Deus – Ministério Bela Vista. Disponível
no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação
Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia –
J.D.DOUGLAS.
Panorama do Novo Testamento – ICI, São
Paulo, 2008).
William Macdonald – Comentário
Bíblico popular (Novo Testamento).
Comentário Bíblico NVI – EDITORA
VIDA.
Ev. e Dr. Caramuru Afonso Francisco - O Ministério de Ensino de Jesus.
Paz seja convosco!
ResponderExcluirAgradecido sou pelo seu esforço contínuo em oferecer o melhor para o reino de Deus. Muito obrigado por mais esses subsídios que disponibiliza para nós da ADMBV.
Confesso que ainda não me adaptei com esse modelo e nem o povo também.
Contudo não se faça a minha vontade e sim a de Deus. Se Ele permitiu, que assim seja.
Um abraço!
Prezado irmão Anderson, obrigado pela tua presença neste blog!
ExcluirNão é fácil se dedicar a elaboração de dois subsídios. Com certeza haverá hiatos nas elaborações, principalmente naqueles referentes a "EDUCAÇÃO CONTINUADA"; vai depender do grau de complexidade e de conhecimento sobre o tema proposto. A prioridade neste blog é convergida às lições da CPAD.
As lições da "EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA" têm maior conotação acadêmica,ou seja, estão mais voltada para o intelecto - conhecimento secular(pelos menos neste bloco de lições que ora estudamos), enquanto as lições da CAPD são mais doutrinárias – voltadas mais para o aspecto espiritual. É minha impressão, a priori.
Luciano Lourenço
Paz de Cristo amado professor!
ExcluirConcordo com esta sua observação. Por isso agradeço por mas esta sua ajuda p/ nós. Estarei divulgando estes seus novos subsídios que por sinal são excelentes.
Até o presente momento foi o único subsídio sobre esta nova revista que encontrei.
Ir. Adriano
Irmão Adriano, obrigada pela tua consideração! Sua presença aqui é um autógrafo!
ExcluirDeus continue te abençoando cada vez mais!
Luciano
Obrigado Luciano,
ResponderExcluirTenho em Curitiba,continuadamente observado suas publicações...
Continue firme e forte!
Deus na sua infinita misericórdia de Recompense.
Atenciosamente
Renaldo Gomes
Prezado irmão Renaldo, obrigado pela tua presença neste blog. Obrigado por acompanhar as publicações aqui realizads. Deus muito te abençoe!
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